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Apostila de Direito Comercial

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1
APOSTILA DE DIREITO COMERCIAL 
 
Esta apostila foi preparada pelo site CONCURSONET 
http://concursonet.cjb.net 
 
Visite-nos e acompanhe periodicamente nossas atualizações em Aulas, Apostilas, Simulados e Provas 
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ÍNDICE 
 
 
 
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 02 
CONCEITO DE CRIME FALIMENTAR......................................................................... 03 
NATUREZA JURÍDICA.............................................................................................. 03 
DIVISÃO DO CRIME QUANTO AO RESULTADO.......................................................... 04 
UNICIDADE DO CRIME FALIMENTAR........................................................................ 05 
CONDIÇÃO DE PROCESSABILIDADE E DE PUNIBILIDADE.......................................... 05 
TENTATIVA............................................................................................................ 06 
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME FALIMENTAR E SEUS SUJEITOS...................................... 07 
PRESCRIÇÃO.......................................................................................................... 08 
FALÊNCIA DE SOCIEDADES COMERCIAIS................................................................. 09 
CONCURSO FORMAL............................................................................................... 10 
INTERDIÇÃO DO COMÉRCIO................................................................................... 11 
REABILITAÇÃO DO FALIDO..................................................................................... 11 
SANÇÕES PENAIS................................................................................................... 13 
 
 
FASE PROCESSUAL DOS CRIMES FALIMETARES 
 
INQUÉRITO JUDICIAL.............................................................................................. 20 
CAMINHO DO INQUÉRITO JUDICIAL E SEUS PRAZOS................................................ 21 
OFERECIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA.............................................................. 22 
INQUÉRITO JUDICIAL SUMÁRIO............................................................................... 24 
CONCLUSÃO........................................................................................................... 26 
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................ 27 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
O presente trabalho é fruto de coletas de renomadas obras jurídicas que 
tratam com profundidade do assunto. 
 2
 
Presente está a doutrina, entendimentos jurisprudenciais para cada situação e 
ainda, artigos oriundos da “Internet” dos juristas e advogados falimentares mais respeitados do Brasil. 
 
Trata-se, por fim, de um trabalho cujo objetivo principal foi exaurir a matéria de 
maneira objetiva e eclética, atendendo os objetivos do corpo docente em fazer com que o aluno busque 
o conhecimento e a compreensão da matéria através das pesquisas. 
 
 
CONCEITO DE CRIME FALIMENTAR 
 
 
São crimes falimentares aqueles tipificados nos artigos 186 à 190 da Lei de 
Falências, que podem ser praticados tanto pelo devedor, quanto por terceiros, antes ou depois da 
decretação da falência. A condição de processabilidade e punibilidade depende exclusivamente da 
sentença declaratória da falência, conforme dispõe o artigo 507 do Código de Processo Penal. 
 
 
NATUREZA JURÍDICA 
 
 
Há divergências quanto à sua natureza jurídica. Alguns autores penalistas 
consideram os crimes falimentares como crimes contra a fé pública, outros sustentam que são crimes 
contra a enconomia pública, alguns defendem que são crimes contra a administração da justiça. A 
maioria considera como crimes contra o patrimônio. Os mais cautelosos vêem os crimes falimentares 
como crimes pluriobjetivos pela sua natureza complexa, ofendendo mais de um bem jurídico. 
 
Em sua monografia, o Profº Oscar Stevenson defende a tese que os crimes 
falimentares são contra o comércio, não se admitindo crimes contra o patrimônio, pois não atinge o 
patrimônio dos credores, mas sim do próprio falido. É o comércio quem recebe a ofensa imediata, por 
meio do dano dos credores. Na qualidade de estudante do assunto, ficamos com a tese supra. 
 
DIVISÃO DO CRIME QUANTO AO RESULTADO 
 
 
Os crimes falimentares podem ser também classificados como crimes de dano 
ou crimes de perigo. Primeiramente, teceremos algumas considerações, no que vem a ser crime de 
dano e crime de perigo. No primeiro, tem-se a modificação do mundo exterior que produz a perda ou a 
diminuição de um bem ou de um interesse humano, como por exemplo, o desvio de bens praticado pelo 
falido. Já no crime de perigo ocorre a alteração do mundo exterior (resultado), voluntariamente causada 
ou não impedida (ação ou omissão), contendo a potencialidade de produzir a perda ou a diminuição de 
um bem, sacrifício ou a restrição de um interesse (dano). Pode-se ilustrar o crime falimentar de perigo 
com a inexistência de escrituração regular dos negócios do falido, da qual pode decorrer a 
impossibilidade de manifestação pelo síndico, com segurança, nas declarações de crédito. 
 
 
UNICIDADE DO CRIME FALIMENTAR 
 
 3
 
O crime falimentar é crime unitário, muito embora sejam várias as infrações 
delituosas falimentares; a aplicação da pena se determina pelo evento de maior gravidade, ou seja, o 
sujeito que praticou os delitos que configuram em crimes falimentares receberá penalidade do delito 
mais grave. 
 
Por se tratar de várias infrações delituosas falimentares, o crime falimentar se 
caracteriza pela sua complexidade. O acórdão da 3ª Câmara do TJSP RT 190/99 ilustra bem a 
característica supra: “O crime falimentar é de estrutura complexa. A declaração da falência, como 
única condição de puniblidade, converte em unidade a pluralidade dos atos praticados pelo 
devedor anteriores a essa declaração.”. 
 
 
CONDIÇÃO DE PROCESSABILIDADE E DE PUNIBILIDADE 
 
 
Como já mencionado no conceito, o artigo 507 do Código de Processo Penal 
dispõe o seguinte: “a ação penal não poderá iniciar-se antes de declarada a falência e extinguir-se-
á quando reformada a sentença que a tiver decretado.”, ou seja, a sentença declaratória da falência 
é condição imprescindível para processabilidade do delito falimentar: sem a declaração judicial da 
falência, inexistirá o crime falimentar. E somente a reforma da sentença declaratória da falência extingue 
a punibilidade. 
 
Já a sentença de concordata não pode e nem serve para engendrar a 
caracterização de um ato delituoso. A conduta ilícita do comerciante no exercício de sua atividade, na 
prática de crime falimentar, é excludente do direito à impetração da concordata, seja preventiva, seja 
suspensiva. Isso reafirma o princípio de que sem falência declarada não existe a possibilidade criminal. 
 
Como sempre, no Direito há exceções, que no caso em tela, vale destacar o 
disposto no artigo 143, parágrafo único da Lei de Falências, que considera como fundamento de 
embargos à concordata a ocorrência de fato que caracterize crime falimentar. Diante disto o juiz 
poderá reconhecer a existência de tal crime, para negar a concordata preventiva. Este 
reconhecimento antecipa a decretação da falência e, com isso, cumprida a condição de punibilidade. 
 
 
TENTATIVA NO CRIME FALIMENTAR 
 
 
A tentativa ocorre quando o agente inicia execução do ato delituoso mas não 
se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade. Para que a tentativa seja punida, é preciso que o 
início da execução do crime esteja em relação de coexistência com a punibilidade do fato, se 
consumado fosse. 
 
 
 
 
Não haverá tentativa, mas sim o crime já consumado, se seu evento fordanoso. Nos crimes de dano, tomada a simples palavra no sentido material e em que este é condição 
de punibilidade, não se pode imaginar tentativa, pois ou o dano se verifica e o crime se consuma, ou 
 4
não se pode punir tal fato. A tentativa, portanto, é delito de perigo, que poderá ou não trazer prejuízos 
aos credores, quando aí o fato será consumado. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DO CRIME FALIMENTAR E SEUS SUJEITOS 
 
 
Os crimes falimentares são classificados em: próprios, impróprios, pré-
falimentares e pós-falimentares. 
 
O crimes próprios só podem ser praticados pelo próprio falido, já os 
impróprios podem ser praticados por outras pessoas que não o falido, tais como o síndico, o juiz, o 
escrivão, o gerente da empresa, o contador, o leiloeiro, e até mesmo o credor que oculte bens etc. 
 
Crimes pré-falimentares ou ante-falimentares são aqueles praticados 
anteriormente à quebra, ou seja, antes de declarada a falência. Somente o falido poderá ser sujeito 
ativo, a responsabilidade penal de outros agentes porém, poderá ocorrer na forma de participação, 
aplicando-se as regras da co-autoria. 
 
Por último, os crimes pós-falimentares, ao contrário do citado no parágrafo 
anterior, são praticados depois da declaração da falência. O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa. 
 
O sujeito passivo em princípio é o credor. O falido pode ser sujeito passivo 
desde que um terceiro pratique o ato delituoso que fira seu interesse protegido pelo direito. 
Maximilianus Führer bem definiu em sua obra “Crimes Falimentares” o sujeito passivo: “os sujeitos 
passivos são todos os titulares dos interesses protegidos envolvidos na massa, inclusive o falido, nos 
crimes pós-falimentares, quando não seja o autor, bem como o Estado, em especial nos aspectos da 
administração da justiça, da fé pública e da economia pública.”. 
 
 
PRESCRIÇÃO NO CRIME FALIMENTAR 
 
 
O artigo 199 da Lei Falimentar dispõe “que a prescrição extintiva da 
punibilidade de crime falimentar opera-se em dois anos.”. Disposição essa completada pelo parágrafo 
único: “o prazo prescricional começa a correr da data em que transitar em julgado a sentença que 
encerrar a falência ou que julgar cumprida a concordata.”. 
 
O prazo prescricional começa a correr da data em que o processo deveria 
estar encerrado, todavia, sendo o processo de falência extremamente oneroso, dificilmente se 
consegue seu encerramento no prazo legal do artigo 132, § 1º da Lei de Falências, isto é, dois anos. 
Com efeito, estendendo-se o processo de falência por anos e anos a fio, o 
prazo prescricional era, por via de conseqüência, dilatado indefinidamente. Passou-se, então, a 
sustentar liberalmente que o prazo prescricional de 2 anos dos crimes falimentares, se inicia no dia em 
que deveria estar encerrado o processo de falência, isto é, 2 anos após a sentença declaratória da 
falência, “salvo por motivos de força maior devidamente provado.”. (V. Súmula 147 do STF). 
 
 5
É também causa interruptiva da prescrição, o recebimento da denúncia de 
crime falimentar. (V. Rcrim. 122.907, RT, 468:333). 
 
Se a denúncia não for oferecida dentro de quatro anos, a contar da decretação 
da falência, ocorrerá definitivamente a prescrição do crime falimentar. (V. HC 122.600, RT, 464:327). 
 
 
FALÊNCIA DE SOCIEDADE COMERCIAL 
 
 
Em se tratando de falência de sociedade comercial, a pessoa jurídica não é punida 
criminalmente, mas o artigo 191 da Lei de Falências prevê a equiparação ao falido, para fins penais, dos 
seus representantes legais (diretores, administradores, gerentes ou liquidantes). 
 
 
 
 
CONCURSO FORMAL 
 
 
Haverá concurso formal quando um mesmo comportamento for tipificado, 
simultaneamente, como crime falimentar e não-falimentar, ou seja, a artigo 192 da Lei de Falências 
se reporta ao artigo 70 do Código Penal. Assim, o crime de duplicata simulada, que consiste em 
emissão de duplicatas frias que não correspondem a um negócio efetivo de compra e venda ou 
prestação de serviços, descontando-as em instituições financeiras ou apresentando-as como reforço de 
garantia em operações de financiamento é tipificado tanto no artigo 172 do Código Penal quanto no 
artigo 188, IV da Lei de Falências. 
 
Da mesma forma, a emissão de cheque sem provisão de fundos pelo falido tipifica 
tanto o crime de estelionato referido pelo artigo 171, § 2º, VI do Código Penal como o crime falimentar 
do artigo 187 da Lei de Falências; e a adulteração de livro mercantil é conduta tipificada como crime 
de falsificação de documento público, pelo artigo 297, § 2º, do Código Penal, e também como crime 
falimentar (Lei de Falências, artigo 188, VI). 
 
 
 
 
INTERDIÇÃO DO EXERCÍCIO DO COMÉRCIO 
 
 
Trata-se de uma penalidade acessória, constante no artigo 196 da Lei de Falências, 
ou seja, a interdição se dá a partir do dia subseqüente ao término da execução da pena privativa 
de liberdade. A interdição é temporária, e, segundo entendimento de Miranda Valverde “é o juiz quem 
fixa a sua duração que deverá ser no mínimo de 2 anos e no máximo de 10 anos.” 
 
 6
Assim, o comerciante ainda será apenado com a proibição de exercer o comércio em 
seu próprio nome podendo, entretanto, associar-se a outras pessoas para a prática mercantil, até 
mesmo na qualidade de sócio solidário. 
 
 
REABILITAÇÃO DO FALIDO 
 
 
Há a reabilitação civil e penal. Na reabilitação civil, de fato, não ocorre o crime 
falimentar e se dá através de uma sentença declaratória da extinção das obrigações. Com esta 
sentença, como dispõe o artigo 138 da Lei Falimentar, fica o falido autorizado a exercer o comércio, 
reintegrando-se em todos os poderes de disposição de seus bens e de sua atividade. 
Já a reabitlitação penal, disposta no artigo 197 da Lei de Falências constitui no 
meio de fazer cessar a interdição do comércio do devedor falido condenado por crime falimentar. Esta 
reabilitação só poderá ser concedida após o decurso de 3 ou de 5 anos, contados da data em que 
termine a execução respectivamente das penas de detenção ou de reclusão, desde que o condenado 
prove estarem extintas por sentença as suas obrigações. 
O requerimento de reabilitação do falido será endereçado ao juiz da condenação, 
acompanhado de certidão de sentença declaratória da extinção de suas obrigações. Após oitiva 
do representante do Ministério Público, o juiz prolatará a sentença. 
É cabível recurso em sentido estrito diante do indeferimento do pedido de 
reabilitação. (artigo 198, parágrafo único, Lei de Falências). 
 
 
 
SANÇÕES PENAIS 
 
Os crimes falimentares encontram-se tipificados nos artigos. 
186 a 190 da Lei de Falências. 
 
ARTIGO 186 
 
“será punido o devedor com detenção de seis meses a três anos, quando concorrer com a falência 
algum dos seguintes fatos: 
 
I. gastos pessoais, ou de família, manifestamente excessivos em relação ao seu cabedal; 
 
Denominação de cabedal, segundo Rubens Requião: “são os capitais e bens que o empresário põe à 
disposição de sua atividade. É, enfim, seu patrimônio , que juridicamente constitui a garantia de seus 
credores.”. 
 
II. despesas gerais do negócio ou da empresa injustificáveis por sua natureza ou vulto em 
relação ao capital, ao gênero do negócio, ao movimento das operações e a outras 
circunstâncias análogas; 
 
 7
Entende a 2ª Câmara do TAC/SP que “na infração prevista no artigo 186, II, não se pesquisa dolo nem 
mesmo culpa, mas apenas se constata a existência de fato que a lei considera perigoso. Concorrendo 
esse fato com a quebra, caracterizada está a infração” (RT 297/453). 
 
III. emprego de meios ruinosos para obter recursos e retardar a declaração de falência, como 
vendas, nos seis meses a ela anteriores, por menos do preço corrente, ou a sucessiva 
reforma de títulos de crédito; 
 
O empresário que deseja impedira ruína de sua empresa deve fazê-lo de boa fé, sem o intuito de 
procrastinar, beneficiando apenas alguns credores. Há jurisprudência que entende que não configura o 
delito em tela, a venda de mercadorias pelo concordatário pelo preço de custo ou inferior ao corrente na 
praça, para cumprir a concordata e impedir a falência (v. RT 416/247). E mais, a obtenção de 
empréstimos a juros elevados, destinados a reforçar o capital de giro da empresa ou a sua melhoria, 
não pode ser considerada como emprego de meio ruinoso para retardar a falência. (v. RT 335/278) – 1ª 
Câmara TACSP). Por último, não é crime, a venda nos 6 últimos meses ou a ela anteriores, se a venda 
é destinada a liquidação de mercadorias que estão “fora de moda” ou de difícil venda. 
 
IV. abuso de responsabilidade de mero favor; 
 
São “letras de favor” os atos praticados através do aceite ou emissão de títulos de créditos cambiários, 
que não tem por causa uma operação econômica, mas são fundadas apenas no crédito. O disposto 
legal visa coibir o abuso na emissão ou aceite de títulos de crédito, bem como a concessão de avais, 
endossos e de fianças. 
 
V. prejuízos vultosos em operações arriscadas, inclusive jogos na Bolsa; 
 
O risco é inerente ao negócio, mas o que não se admite são as operações levianas ou imprudentes. 
 
VI. inexistência dos livros obrigatórios ou a sua escrituração atrasada, lacunosa, defeituosa 
ou confusa; 
 
 
 
Os livros comerciais retratam a conduta e o caráter do empresário e a vida comercial da empresa. A 
inexistência de tais livros obrigatórios não é punivel, desde que não haja quebra. Embora os livros 
contábeis sejam escriturados por um profissional habilitado, não enseja que o empresário escusa-se da 
imputação delituosa. É ele, no mínimo, responsável por culpa “in elegendo” e “in vigilando”, pois deve 
cercar-se de profissionais competentes. O profissional em referência é considerado co-autor (v. RT 
241/84). 
 
VII. falta de apresentação do balanço, dentro de sessenta dias após a data fixada para o seu 
encerramento, à rubrica do juiz sob cuja jurisdição estiver seu estabelecimento 
principal.” 
 
Este inciso é norma em desuso, por muitos foi esquecida e sequer notada. Poucas empresas se dão ao 
cuidado dessa precaução cumprindo a risca a exigência legal. 
 
Parágrafo único: Fica isento da pena, nos casos dos ns. VI e VII deste artigo, o devedor que, a 
critério do juiz da falência, tiver instrução insuficiente e explorar o comércio exíguo. 
 8
 
O legislador procurou poupar os micro-empresários, cujo ramo do negócio não exige escrituração e 
outros formalidades, ou quando não há estrutura suficiente para fazê-lo. 
 
 
Como ensina Dr. Fábio Ulhoa Coelho, há quatro características comuns existentes 
no artigo em estudo: 
 
a) o agente ativo é o falido, embora possa se verificar a co-autoria envolvendo outras pessoas, 
como por exemplo, o contador do falido no crime mencionado no inciso VI); 
b) admitem a modalidade culposa, ainda que praticado com imprudência, negligência e impericia (há 
jurisprudência, em contrapartida, que considera a fraude como elemento indispensável ao tipo do 
crime referido no inciso III); 
c) são crimes ante-falimentares, ou seja, o tipo penal descreve comportamento ocorrido antes da 
decretação da falência e que, só por força desta, é considerado crime; 
d) são apenados com detenção, de 6 meses a 3 anos. 
 
ARTIGO 187 
“Será punido com reclusão, por 1 (um) a 4 (quatro) anos, o devedor que, com o fim de criar ou 
assegurar injusta vantagem para si ou para outrem, praticar, antes ou depois da falência, algum ato 
fraudulento de que resulte ou possa resultar prejuízo aos credores.”. 
 
Rubens Requião elenca em sua obra os elementos caracterizadores do delito, que 
são: 
 
a) devedor que será sempre um comerciante, outros somente lhe poderão dar concurso, o que os 
tornam co-autores; 
b) A finalidade da ação é criar ou assegurar uma vantagem que o agente tem consciência de ser 
injusta; 
 
 
c) O crime pode ser praticado pelo devedor antes ou depois da falência, mas só se configurará como 
crime falimentar desde que ele integre a falência, decorrente da sentença declaratória. Se não 
houver falência, caracterizar-se-á em crime comum; 
d) Do ato deve resultar ou criar a possibilidade de prejuízo aos credores. Nessa hipótese, 
evidentemente, é possível a tentativa. Do ato pode não resultar o prejuízo aos credores, mas 
apenas criar a possibilidade do resultado prejudicial: é a tentativa caracterizada. 
 
ARTIGO 188 
“Será punido o devedor com a mesma pena do artigo antecedente, quando com a falência concorrer 
algum dos seguintes fatos: 
I. simulação de capital para obtenção de maior crédito; 
II. pagamento antecipado de uns credores de maior crédito; 
III. desvio de bens, inclusive pela compra em nome de terceira pessoa, ainda que cônjuge ou 
parente; 
IV. simulação de despesas, de dívidas ativas ou passivas e de perdas; 
V. perdas avultadas em operações de puro acaso, como jogos de qualquer espécie; 
 9
VI. falsificação material, no todo ou em parte, da escrituração obrigatória ou não, ou alteração da 
escrituração verdadeira; 
VII. omissão, na escrituração obrigatória ou não, de lançamento que dela devia constar, ou 
lançamento falso ou diverso do que nela devia ser feito; 
VIII. destruição, inutilização ou supressão total ou parcial, dos livros obrigatórios; 
IX. ser o falido leiloeiro ou corretor.”. 
 
O artigo supratranscrito vem completar o artigo 186, no elenco dos delitos 
falimentares, diferenciando apenas na penalidade imposta. 
 
ARTIGO 189 
“Será punido com reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos: 
I. qualquer pessoa, inclusive o falido, que ocultar ou desviar bens da massa; 
II. quem quer que, por si ou interposta pessoa ou por procurador, apresentar na falência ou na 
concordata preventiva, declarações ou reclamações falsas, ou juntar a elas títulos faltos ou 
simulados; 
III. o devedor que reconhecer como verdadeiros créditos falsos ou simulados; 
IV. o síndico que der informações, pareceres ou extratos dos livros do falido inexatos ou falsos, ou 
que apresentar explicação ou relatórios contrários à verdade.”. 
 
 
O artigo em estudo, prevê os atos fraudulentos praticados pelo falido e/ou por 
terceiros que são realizados após a decretação da falência e não admitem a forma culposa. A 
penalidade para a espécie é de reclusão de 1 a 3 anos. 
 
Os artigos 188, III e 189, I, descrevem um mesmo comportamento: o desvio de bens 
da massa, cominando, porém, penas diversas. Verifica-se aqui divergências doutrinárias, onde Rubens 
Requião ensina que deve-se aplicar a pena mais leve, citando para embasamento, a obra “Instituições 
do direito comercial, vol. V, pag. 447.”. Já Fábio Ulhoa Coelho entende que para se saber a qual 
dispositivo o comportamento se encaixa, deve-se levar em conta a época em que ele se verificou. Se foi 
antes da falência, aplicar-se-á a pena do dispositivo do artigo 188, III, mas se foi após a decretação 
da quebra, será aplicada a penalidade do artigo 189, I. 
 
 
ARTIGO 190 
“Será punido com detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, o juiz, o representante do Ministério Público, o 
síndico, o perito, o avaliador, o escrivão, o oficial de justiça ou o leiloeiro que, direta ou indiretamente 
adquirir bens da massa, ou, em relação a eles, entrar em alguma especulação de lucro.”. 
 
Este artigo cuida de coibir de que o juiz, o representante do ministério público e os auxiliares da justiça 
venham a se beneficiarem, auferindo lucros com a falência que atuaram. 
 
 
 
FASE PROCESSUAL NOS CRIMES FALIMENTARES 
 
 
 10
INQUÉRITO JUDICIAL 
 
A apuração da ocorrência do crime falimentar é feita através do inquérito judicial, 
cuja alçada se encontra em poder do juiz competente para o processo de falências e concordatas. 
 
Oinício do Inquérito Judicial se dá quando o síndico apresenta em Cartório a 
exposição ou relatório, onde é analisado o comportamento do devedor, concluindo se houve 
ocorrência do crime falimentar. 
 
A exposição apresentada pelo síndico é instruída com o laudo pericial acerca da 
escrituração do falido e quaisquer outros documentos comprobatórios. Poderá ser completada, se for o 
caso, pelo requerimento de inquérito e exame de diligências, destinadas à apuração de fatos ou 
circunstâncias que possam servir de fundamento à ação penal. 
 
As primeiras vias de exposição e outros documentos formarão os autos do 
inquérito judicial e as segundas vias serão juntadas aos autos de falência. 
 
É irrelevante a apresentação do relatório do síndico dentro do prazo estipulado pelo 
artigo 103, já que é uma mera peça instrutiva. 
 
 
CAMINHO DO INQUÉRITO JUDICIAL E SEUS PRAZOS 
 
 
1. Após a entrega da exposição no Cartório, os credores habilitados terão 05 dias para requerer a 
produção de provas. 
2. Findo o prazo para a manifestação dos credores, os autos irão com vista ao representante do 
Ministério Público, no caso o Curador de Massas Falidas. A vista é concedida para que dentro de 
03 dias o Curador opine sobre a exposição do síndico. 
3. Após o pronunciamento do Curador, nos 05 dias seguintes, poderá o falido contestar as alegações 
contidas nos autos do inquérito e requerer o que entender conveniente. Segundo jurisprudência 
pacífica, esse prazo corre em cartório, independentemente de intimação ou publicação e não 
há também necessidade de intimação do advogado do falido, muito menos de terceiros 
interessados. 
4. Encerrado o prazo para a manifestação do falido, que é peremptório e contínuo, não se 
suspendendo em dias feriados e nas férias (artigo 204 da Lei de Falências), os autos serão 
imediatamente conclusos ao Juiz que, em 48 horas, deferirá ou não as provas requeridas, 
designando dia e hora para se realizarem as deferidas. 
5. Após a realização das provas deferidas pelo juiz, os autos retornam ao representante do Ministério 
Público que, em 05 dias, se entender que as provas presentes possibilitam a caracterização de 
crime falimentar, oferecerá a denúncia. Caso contrário, ou seja, se entender que não ocorreu 
crime, deverá requerer ao apensamento do inquérito judicial aos autos principais da falência. 
 
 
6. Em caso de não ter sido oferecida queixa, o juiz, se considerar improcedentes as razões invocadas 
pelo representante do Ministério Público para não oferecer denúncia, fará remessa dos autos do 
inquérito judicial ao procurador-geral, nos termos e para os fins do artigo 28 do Código de 
 11
Processo Penal. A remessa será feita pelo escrivão, no prazo de 48 horas, e o procurador-geral se 
manifestará no prazo de 05 dias, contados do recebimento dos autos (artigo 109, § 1º da Lei 
Falimentar). 
7. Diante da negativa do representante do Ministério Público em oferecer a denúncia, poderá o síndico 
ou qualquer credor, no prazo de 03 dias, oferecer queixa subsidiária. 
 
 
OFERECIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA 
 
 
A denúncia ou a queixa será sempre instruída com cópia do relatório do sindico 
e da ata da assembléia de credores, quando esta se tiver realizado (artigo 505, do Código de 
Processo Penal). 
O juiz, de oficio ou a requerimento do representante do Ministério Público, do síndico 
ou de qualquer credor, pode decretar a prisão preventiva do falido e de outras pessoas sujeitas a 
penalidade estabelecida na presente Lei. 
Recebida a denúncia os autos devem ser encaminhados ao juízo criminal, o qual 
deverá emitir despacho fundamentado do recebimento da denúncia. O despacho de recebimento da 
denúncia por crime falimentar deve ser fundamentado, como manda o artigo 109, § 2º. Se não for, há 
nulidade do processo. 
 
Consequências acarretadas com o recebimento da denúncia: 
 
a) destituição do síndico que se omitiu na exposição quando o fato criminoso decorre de simples 
inspeção dos livros do falido ou dos atos judiciais (artigo 110 da Lei Falimentar); 
b) obstará até a sentença penal definitiva, a concordata suspensiva da falência (artigo 111, Lei de 
Falências) e se o recebimento da denúncia ou queixa se der em segundo grau, o falido perde o 
direito à concordata suspensiva somente em caso de sentença condenatória definitiva (artigo 112, 
Lei de Falências). 
 
Recebida a queixa ou a denúncia, prosseguir-se-á no processo de acordo com o 
disposto nos capitulos I e III, do Titulo I, Código de Processo Penal (artigo 512). Não se faz distinção, 
portanto, se o crime imputado é apenado com reclusão ou detenção, obedecendo-se sempre o rito 
ordinário. O síndico e os credores poderão intervir como assistentes em todos os termos da ação 
intentada por queixa ou denúncia (artigo 506, Código de Processo Penal). 
A extinção das obrigações do falido com o encerramento da falência não impedem 
ou extinguem a ação penal por delito falimentar. 
A rejeição da denúncia ou queixa, no despacho que decide o inquérito judicial, não 
impede o exercício da ação penal, pelos mesmos fatos ou por fatos novos, mas, neste caso, o falido 
somente perderá o direito à concordata suspensiva na hipótese de condenação transitada em julgado 
(artigo 113, Lei Falimentar). 
 
 
INQUÉRITO JUDICIAL SUMÁRIO 
 
Tratando-se de pequenas falências, ou seja, quando o passivo for inferior a cem 
vezes o maior salário mínimo vigente no país (artigo 200 da Lei Falimentar), o Inquérito Judicial tem 
forma sumária. 
 12
Nas 48 horas seguintes à verificação e julgamento dos créditos da pequena falência, 
o síndico deve apresentar em cartório em 2 vias relatório no qual exporá sucintamente a matéria 
contida nos artigos 63, XIX, 103 e 200, § 3º da Lei de Falências. 
A segunda via do relatório será junta aos autos da falência, e com a primeira via 
e peças que a acompanham, serão formados os autos do inquérito judicial, nos quais o falido, nas 48 
horas seguintes, poderá apresentar a contestação que tiver, decorrido esse prazo, os autos serão 
imediatamente feitos com vista ao representante do Ministério Público que, no prazo de 03 dias, pedirá 
sejam apensados ao processo da falência ou oferecerá denúncia contra o falido e demais responsáveis 
(artigo 200, § 4º da Lei de Falências). 
 
 
O prazo corre em cartório mas é obrigatória a vista ao falido, como ocorre na 
hipótese do artigo 106 da Lei Falimentar. Com a promoção do representante do Ministério Público, os 
autos serão conclusos ao juiz, que, dentro de 3 dias, decidirá, observadas, no que forem aplicáveis, as 
disposições do artigo 109 do mesmo diploma legal. Não tendo havido denúncia ou rejeitada a que tiver 
sido oferecida, o devedor, nas 48 horas seguintes à sentença, pode pedir concordata, a qual os 
credores podem opor-se, em igual prazo, decidindo o juiz, em seguida (artigo 200, § 6º, Lei de 
Falências). 
 
 
 
 
CONCLUSÃO 
 
 
Dificilmente um devedor ou um falido será preso pela prática de crime falimentar; 
embora a norma jurídica esteja presente, há inúmeros subterfúrgios que o falido pode se valer para 
evitar a prisão ou até mesmo que determinada conduta seja considerada como delito praticado na 
falência. 
 
Através de pesquisas realizadas junto às Varas Criminais da Comarca de Guarulhos, 
onde o número de empresas em processo de falência é elevado, foi constatado que o quantidade de 
processos que apuram o crime falimentar é insignificante, podendo se concluir que a norma, embora 
esteja em vigor, não produz seus efeitos haja vista a não aplicabilidade quando da ocorrência do fato 
caracterizador de crime falimentar. 
 
Com a finalidade de evitar o atravancamento do processo de falência, os credores 
muitas vezes abrem mão desta tutela jurisdicional para então receberem o que tem de direito. 
 
O presente trabalho trouxe atona um assunto que geralmente não é muito abordado 
com a profundidade merecida pelos juristas, porém, para efeito de graduação, trata-se de um valioso 
instrumento que acompanhará o aluno por toda sua vida acadêmica e profissional. 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
 13
 
 
1. Comentários à Lei de Falências, Trajano de Miranda Valverde, RJ, Ed. Forense 
2. Crime de falência (Direito Penal Falimentar), Sady Cardoso de Gusmão 
3. Crimes Falimentares, Maximilianus C. A. Füher, SP, Editora RT 
4. Curso de Processo Penal, Julio Fabbrini Mirabete, SP, Editora Saraiva 
5. Direito Falimentar, Rubens Requião, SP, Editora Saraiva 
6. Direito Penal Econômico, Manoel Pedro Pimentel, SP, Editora RT 
7. Do Crime Falimentar, Oscar Stevenson, Editora Saraiva 
8. Há crimes de falência e concordata?, Gilberto Valente 
9. Manual de Direito Falimentar, J. C. Sampaio de Lacerda, RJ, Editora F. Bastos

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