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1 Técnicas de Inspeção e Patologia TC 034 Materiais de Construção III José Marques Filho José Marques Filho REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO 2 José Marques Filho Reação Álcali-Agregado (RAA) 3 AGREGADOS INERTES? Muitos minerais são instáveis em ambiente alcalino. REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO (RAA) Reação química que ocorre entre íons alcalinos presentes no concreto e alguns minerais reativos. A reação gera produtos expansivos (gel) capazes de microfissurar o concreto, causando a perda de elasticidade, resistência mecânica e durabilidade (MEHTA e MONTEIRO, 2008). José Marques Filho 4 JUSTIFICATIVAS De acordo com Hasparyk (2005), após a instalação da RAA em uma estrutura de concreto, não se conhece uma medida eficiente e ao mesmo tempo econômica para combatê-la. Apesar dos vários estudos desenvolvidos mundialmente, ainda não foi definido um método rápido e eficaz para avaliar esta reação RAA (Tiecher, 2006) . Portanto, o conhecimento dos métodos investigativos mais empregados é imprescindível para a realização de investigação e diagnóstico da RAA. José Marques Filho Mecanismo do Processo de Reação 5 Fonte: Ferraris (2000) apud Valduga (2002) Sintomas: • fissuras em forma de mapa; • descoloração do concreto; • deslocamentos estruturais; • exsudação de gel sílico-alcalino. (Paulon, 1981) José Marques Filho Tipos de RAA 6 O: • Reação álcali-sílica (RAS): reação que participam a sílica reativa dos agregados e os álcalis, na presença do hidróxido de cálcio originado pela hidratação do cimento, formando um gel expansivo (NBR 15577- 1/2008). • Reação álcali-silicato (RAS): é um tipo específico de reação álcali-sílica em que participam os álcalis e alguns tipos de silicatos presentes em certas rochas (NBR 15577-1/2008). • Reação álcali-carbonato (RAC): reação em que participam os álcalis e agregados rochosos carbonáticos, não há formação de gel expansivo e a deterioração do concreto ocorre devida à desdolomitização da rocha e o consequente enfraquecimento da ligação pasta-agregado. José Marques Filho Fatores Relevantes 7 PRINCIPAIS FATORES INTERVENIENTES : • Teor de álcalis: consumo e equivalente alcalino do cimento, agregados contaminados, fontes externas e aditivos; • Agregados: composição granulométrica e características mineralógicas (teor de agregados reativos); • Umidade: requisito para expansão, favorece a migração dos íons alcalinos; • Temperatura : catalisador; • Tensões no concreto: retarda a fissuração e reduz a expansão em direção ao carregamento; • Tempo. José Marques Filho 8 INSPEÇÃO VISUAL “IN LOCO” É o primeiro passo para a investigação de estruturas de concreto afetadas pela RAA. Quando há indícios da ocorrência da RAA, é necessário a realização uma inspeção in situ e a extração de testemunhos de concreto para ensaios laboratoriais (ALVES et. al., 1997). Verifica-se todas as manifestações patológicas visualizáveis, buscando correlacioná-las com os sintomas característicos da RAA. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 9 Métodos de Investigação José Marques Filho 10 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 11 INSPEÇÃO VISUAL EM TESTEMUNHOS DE CONCRETO – MÉTODO IDC • Índice de Deterioração do Concreto (IDC) Avalia a deterioração de concretos afetados pela RAA. • O índice IDC é determinado sobre a superfície polida de testemunhos de concreto, preparadas a partir de cortes longitudinais. • O IDC é obtido pela marcação de um quadrado de lado igual a 150 mm e Em seguida as amostras são analisadas ao microscópio estereoscópico atribuindo-se pesos para cada defeito identificado Após soma-se os pesos, obtendo-se o índice de deterioração (ID). MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA 12 I D José Marques Filho 13 ANÁLISE PETROGRÁFICA Pode ser utilizada para rocha e para concreto POSSIBILITA: • Obtenção de informações qualitativas; • Caracterização mineralógica e textura dos agregados (VIEIRA & OLIVEIRA, 1997); • Identificação de fases mineralógicas reconhecidamente instáveis (VALDUGA 2007); • Investigação de concretos afetados pela RAA. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 14 Microscópio Óptico de Luz Transmitida Fotomicrografias de poro com gel Lâminas delgadas com 30 μm de espessura MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 15 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV) E ESPECTROSCOPIA DE ENERGIA DISPERSIVA DE RAIOS X (EDS) POSSIBILITA: Investigação da morfologia através de produção de imagens com alta resolução; Caracterização dos elementos químicos dos produtos da RAA (MARUSIN, 1995). Identificação precisa dos produtos da RAA, auxiliando no diagnóstico do concreto afetado. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 16 (a) imagem e espectro de superfície de fratura, região da argamassa (ampliação 412 X) (b) percentual atômico MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 17 DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX) POSSIBILITA: determinação das fases cristalinas presentes nos materiais, ela é utilizada para obtenção de informações sobre a estrutura, composição e estado de materiais (DAL MOLIN, 2007). caracteriza a presença de silicatos amorfos, confirmando a presença de géis de RAA. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 18 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 19 MÉTODO ACELERADO DE BARRAS DE ARGAMASSA Submissão de barras de argamassa à determinadas condições e medição de expansões. NBR 15577-4/08 As barras de argamassa (2,5 x 2,5 x 28,5cm) são moldadas com uma relação água/cimento (padrão) de 0,47 e colocadas em imersão de solução alcalina (NaOH, 1N, 80 °C). As leituras de referência são realizadas aos 16 e 30 dias: Expansão < 0,19% aos 30 dias → considerado potencialmente inócuo; Expansão > 0,19% aos 30 dias → considerado potencialmente reativo; MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 20 Disposição das barras de argamassas dentro do tanque com a solução (NaOH, 1N a 80 °C) Leitura de expansão em barras de argamassa MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 21 MÉTODO ACELERADO DE BARRAS DE ARGAMASSA POSSIBILITA: Determinação do potencial reativo do agregado em análise com objetivo: 1) Preventivo/investigativo: agregado em análise e cimento padrão; 2) Mitigação: agregado reativo, cimentos e adições; 3) Reatividade residual: agregado já em reação e cimento padrão;MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 22 0.000 0.050 0.100 0.150 0.200 0.250 0.300 0.350 0.400 0.450 0.500 2 16 30 E x p a n s ã o ( % ) Tempo (dias) Média Jazida Média Barragem 0,10% Limite 0,19% MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 23 MÉTODO DE PRISMAS DE CONCRETO Submissão de prismas de concreto à determinadas condições e medição de expansões. NBR 15577-6/08 Os prismas de concreto (7,5 x 7,5 x 28,5cm) moldados em condições padronizadas são expostos em ambiente saturado com água à temperatura de 38 ºC. Leitura de referência após um anos de ensaio: Expansão < 0,04% → o agregado é considerado potencialmente inócuo; Expansão > 0,04% → o agregado é considerado potencialmente reativo; MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 24 MÉTODO DE PRISMAS DE CONCRETO POSSIBILITA: Determinação do potencial reativo do agregado em análise com objetivo: 1) Preventivo/investigativo: agregado em análise e agregado reativo; 2) Mitigação: agregado reativo, combinação de materiais cimentícios. MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 25 MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho 26 DETERMINAÇÃO DE EXPANSÃO RESIDUAL EM TESTUMUNHOS DE CONCRETO Metodologias correspondem a adaptações das normas de determinação da expansão em prismas de concreto e determinação da expansão em barras de argamassa pelo método acelerado. POSSIBILITA: determinação de expansão residual MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETOS AFETADAS PELA RAA José Marques Filho VISUALIZAÇÃO RAA 27 José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 28 Reação álcali-agregado Fissuras Posteriores ao Endurecimento Poros na argamassa revestido com produto branco (6,4 X) Microscopia Ótica As análises microscópicas petrográficas do agregado e das barras de argamassa são obtidas com auxílio do microscópio estereoscópico (amostra em superfície plana semi-polida) e complementado por análise ao microscópio polarizador de luz transmitida (em lâmina delgada). José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 29 Microscopia Ótica Poro próximo ao agregado revestido com produto branco (16,0 X) Fissuras Posteriores ao Endurecimento Reação Álcali Agregado José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 30 Microscopia Ótica Faixa quartzosa (1) no contato entre o mármore (à esquerda) e o calcário (à direita). Cristais de quartzo estirados com extinção ondulante (2), calcário arenoso (3); lente de quartzo e mármore calcítico (4) com cristais bem desenvolvidos de calcita (5) e quartzo (6). Imagem ao microscópio ótico; nicóis cruzados; aumento de 25x. 1 2 4 3 5 6 Fissuras Posteriores ao Endurecimento Reação Álcali Agregado José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 31 Microscopia Eletrônica de Varredura Poro Preenchido com Gel Gretado Botrioidal (800 X) Gel Maciço Gretado no Poro (450 X) Fissuras Posteriores ao Endurecimento Reação Álcali Agregado José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 32 Microscopia Eletrônica de Varredura Poro com Gel Maciço Próximo ao Agregado (280 X) Poro com Produto na Forma Rendada (2.200 X) Fissuras Posteriores ao Endurecimento Reação Álcali Agregado José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 33 Microscopia Eletrônica de Varredura Gel Amorfo no Poro (2.600 X) Produto Cristalizado (C) entre Agregados (A) (6.900 X) Fissuras Posteriores ao Endurecimento Reação Álcali Agregado José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 34 Fissuras Posteriores ao Endurecimento Reação Álcali Agregado José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 35 (trisulfoaluminato de cálcio) ETRINGITA DE HIDRATAÇÃO A etringita é conhecida como o primeiro hidrato a se formar quando o cimento entra em contato com a água, sendo um produto de hidratação normal de ser encontrado em concretos. Este produto é responsável pelo enrijecimento (perda de consistência) e início da pega (solidificação dada pela C3A) da pasta. MEV- 7.000X – cristais aciculares de etringita C3A (aluminato tricálcico) + CaSO4 (gesso) + H2O => C6AS3H32 Fissuras Posteriores ao Endurecimento Formação de Etringita Secundária ou Tardia José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 36 reduzir a solubilidade do C3A, caso contrário as fases aluminatos se formariam rapidamente endurecendo o concreto nas primeiras horas, evitando a praticidade de sua utilização; Aumenta a solubilidade dos silicatos (pela presença do SO4), acelerando a velocidade de hidratação da fase C3S, que contribui para o final da pega. Motivo do uso do gesso (regulador de pega): Retarda pega causada pelo C3A e acelera a pega causada pelo C3S: Fissuras Posteriores ao Endurecimento Formação de Etringita José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 37 ETRINGITA CLÁSSICA - SECUNDÁRIA: Uma outra possibilidade, de acordo com Mehta & Monteiro e Neville, é que este produto (a etringita) possa ser formado em concretos, já no estado endurecido, quando do ataque externo por sulfatos de cálcio que podem estar presentes em solos ou águas freáticas. Fissuras Posteriores ao Endurecimento Formação de Etringita José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 38 ETRINGITA CLÁSSICA - SECUNDÁRIA: Segundo Mehta & Monteiro, há uma concordância geral que as expansões no concreto relacionadas aos sulfatos são associadas à formação da etringita e apesar dos mecanismos de expansão não estarem bem definidos, acredita-se que esta expansão possa estar associada ao crescimento de seus cristais ou à adsorção de água deste produto em meio alcalino. Outro produto que também pode ser formado e causar expansões a partir de um ataque por sulfatos é a gipsita. Amostra polida - interface/poro Fissuras Posteriores ao Endurecimento Formação de Etringita José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 39 ETRINGITA SECUNDÁRIA: MEV - Finas placas de monosulfato de cálcio Concretos que utilizarem cimentos com elevados teores de C3A estão sujeitos a formação de monosulfatos. Alguns dias após a hidratação do cimento, acaba o gesso (CaSO4), fazendo com se processe a reação: C3A + etringita (fornece S) => monosulfato (fase instável) C4ASH18 Fissuras Posteriores ao Endurecimento Formação de Etringita José Marques Filho Pat olog ias em Barr age ns 40 ETRINGITA SECUNDÁRIA: MEV - Finas placas de monosulfato de cálcio Concretos que utilizarem cimentos com elevados teores de C3A estão sujeitos a formação de monosulfatos. Alguns dias após a hidratação do cimento, acaba o gesso (CaSO4), fazendo com se processe a reação: C3A + etringita (fornece S) => monosulfato (fase instável) C4ASH18 Fissuras Posteriores ao Endurecimento Formação de Etringita José Marques Filho Pat olog ias em Barr agens 41 ETRINGITA SECUNDÁRIA: O ataque pode ocorrer quando há formação de monosulfato (cimentos c/ elevados teores de C3A). O monosulfato C4ASH18 (fase instável) em presença de uma fonte externa à pasta de sulfatos (SO4 -- ) => etringita C6AS3H32 José Marques Filho 42 José Marques Filho UFPR-Universidade Federal do Paraná COPEL Participações jmarques@copel.com (41) 3331 4400 Técnicas de Inspeção e Patologia
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