Buscar

Argamassa de revestimento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Desempenho de revestimentos de argamassa com 
Areias recicladas produzidas em canteiro de obras 
 
 
Elaine Cristina da Rocha Silva (1) 
Alex Jussileno Viana Bezerra (2) 
Cláudia Flaviana Cavalcante da Silva (3) 
Leonardo Fagundes Rosemback Miranda (4) 
 
(1) Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: elaine.rochas@hotmail.com. 
(2) Instituto Federal do Ceará. Email: alexleno@ifce.edu.br. 
(3) Universidade Federal de Pernambuco. Email: claudiafsc@hotmail.com. 
(4) Universidade Federal do Paraná. Email: lfrmiranda@ig.com.br. 
 
RESUMO 
A produção de revestimentos de argamassa com areia reciclada pode ser uma 
alternativa viável tecnicamente, além de minimizar o impacto ambiental associado ao 
volume de resíduos gerados nos canteiros. O objetivo deste trabalho é avaliar o 
desempenho de revestimentos de argamassa feitos com areias recicladas 
produzidas em um canteiro de obras da cidade de Recife/PE, seguindo 
procedimento racional de dosagem e controle tecnológico proposto por Miranda 
(2009) (6). Como resultados, o agregado reciclado com Dmáx igual a 4,8 mm permitiu 
maior aproveitamento do RCD gerado em comparação com o Dmáx 1,2 mm. Os 
parâmetros utilizados para controle não comprometeram a logística no canteiro nem 
a eficiência dos resultados. O trabalho confirmou a viabilidade da metodologia 
racional proposta (6) para a dosagem e controle de revestimentos de argamassa com 
areia reciclada em obra, em função da possibilidade de execução do controle 
tecnológico proposto e da obtenção de revestimentos com bom desempenho. 
Palavras-chave: areia reciclada, canteiro de obra, argamassa, emboço. 
 
 
 
 
Performance of plasterings with reclycled sands produced 
in construction site 
 
ABSTRACT 
The production of plastering with recycled sand can be a technically viable 
alternative, also minimizing the environmental impact associated with the volume of 
waste generated at construction sites. The aim of this study is evaluate the 
performance of plasterings of mortar with recycled sands produced at construction 
site of Recife city, following rational dosage procedure and technological control 
proposed by Miranda (2009). As result, the recycled aggregate with maximum size of 
4.8 mm allowed a better use of CDW generated compared with the maximum size 
1.2 mm. The parameters used to control did not affect the logistic or efficiency of the 
results. The study confirmed the viability of the rational methodology proposed to 
dosage and controlling of plasterings with recycled sand on site, according with 
possibility execution of proposed technological control and obtaining of plasterings 
with good performance. 
Keywords: recycled sand, construction site, mortar, plastering. 
 
1. INTRODUÇÃO 
Diante dos problemas ambientais gerados pela grande quantidade de resíduos 
de construção e demolição (RCD), tem-se observado um crescente interesse do 
setor técnico-científico no estudo da reciclagem desses materiais, devido a 
construção civil gerar de 50 a 70% do volume total de sólidos urbanos, com o 
agravante da destinação inadequada, na maioria das vezes (1). 
Entre as dificuldades existentes para a reciclagem do RCD estão sua elevada 
heterogeneidade e a presença de contaminantes, principalmente na fração miúda, e 
que podem inviabilizar sua aplicabilidade (2). 
Outro problema está no fato das areias recicladas apresentarem, em geral, um 
teor de finos < 0,075 mm e uma absorção de água elevados, o que influencia nas 
propriedades no estado fresco (consistência e retenção de água) e endurecido 
(resistência mecânica e retração por secagem) das argamassas, bem como no 
 
 
 
desempenho dos revestimentos, principalmente quanto ao surgimento de fissuras, 
permeabilidade e aderência ao substrato (3). 
Estes problemas foram sentidos na década de 90 pela construção civil, quando 
se iniciou a prática de instalar moinhos argamasseiras nos canteiros de obras para 
produção de argamassas de assentamento e revestimento com areia reciclada 
produzida no próprio canteiro. Entretanto, a falta de conhecimento técnico sobre este 
tipo de areia, a inexistência de controle de qualidade e o uso de procedimentos 
empíricos de dosagem fizeram com que diversas patologias se manifestassem nos 
revestimentos, principalmente pulverulência superficial e fissuração mapeada, 
resultando no abandono desta prática. 
Em trabalhos internacionais, a resistência à aderência(4), (5) , e a retração por 
secagem(6) foram alguns enfoques dados às argamassas de revestimento 
produzidas com areia reciclada. No Brasil, os estudos foram mais direcionados para 
o comportamento mecânico e o desempenho das argamassas (2), (3), levando a um 
melhor conhecimento do potencial do RCD. 
Em 2007, um dos autores deste trabalho iniciou um projeto de pesquisa cujo 
objetivo era desenvolver um procedimento para a reciclagem de RCD no próprio 
canteiro de obras e a utilização da areia reciclada na produção de argamassas para 
assentamento de alvenaria, contrapisos e revestimento de paredes, utilizando um 
procedimento racional de dosagem e controle de qualidade, inclusive com 
proposição de propriedades a serem controladas e limites de especificação. Tal 
metodologia foi desenvolvida com base nos resultados apresentados em (3), (4), (5) e 
em parceria com construtoras da cidade do Recife e com o apoio financeiro do 
CNPq, cujos resultados estão apresentados no relatório final do projeto (6). Em 
resumo, a metodologia proposta se baseia num procedimento racional de dosagem 
e controle de qualidade. A dosagem é realizada em função do teor total de finos < 
0,075 mm e do consumo de cimento das argamassas. O controle tecnológico foi 
definido em função de correlações entre propriedades dos agregados, argamassas e 
revestimentos, propondo-se valores máximos e mínimos de variação para cada 
propriedade. 
Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar o desempenho de revestimentos de 
argamassa feitos com areias recicladas produzidas em um canteiro de obras da 
 
 
 
cidade de Recife/PE, seguindo o procedimento racional de dosagem e controle 
tecnológico proposto por Miranda (2009) (6). 
 
2. MATERIAIS E MÉTODOS 
2.1 Materiais utilizados 
A argamassa foi composta pelos seguintes materiais: 
- cimento portland do tipo CP II-Z-32, empregado no canteiro de obra de uma 
construtora, localizada em Recife; 
- areia fina natural, de origem quartzosa, oriunda da própria obra; 
- areia reciclada proveniente da reciclagem de RCD do próprio canteiro, 
originados das fases de alvenaria e revestimento (7); 
- cal CH I, da marca Cal Leve, utilizada na obra e conforme a NBR 7175/92; 
- a água utilizada foi a mesma consumida pela obra, que é uma água potável, 
distribuída pelo sistema de abastecimento de água da cidade do Recife. 
 
2.2 Seleção das amostras de areia reciclada 
A areia reciclada foi obtida a partir da moagem do resíduo gerado, num período 
de três semanas, num canteiro de obra de Recife, sendo o material de cada semana 
representado por um ciclo. A obra estava numa fase de elevada geração de 
resíduos cerâmicos e de argamassa. Os resíduos foram coletados nos pavimentos 
de geração, ensacados e levados por meio do guincho ao pavimento em que se 
encontrava instalado o moinho. 
As amostras de RCD passaram previamente por um processo de triagem que 
consistia de simples averiguação visual e retirada de materiais provenientes de 
classe B, tais como, madeira, vidro, metais e plásticos, não sendo contabilizado de 
outras classes. Na seqüência, o RCD foi triturado em moinho de martelo (Figura 1a), 
contabilizando uma produtividade de 12 kg/min (RCD moído), peneirando nas 
peneiras de abertura de 1,2 mm e 4,8 mm. O agregado reciclado com Dmáx igual a 
4,8mm permitiu aproveitamento de quase 100% do RCD gerado, levando a definir 
esta dimensão paraser utilizada na produção das argamassas. 
 
 
 
 
 
Figura 1: a) Moinho. b) Moinho envolto com caixa de madeira. c) Areia reciclada. 
 
Para amenizar a poeira gerada durante o procedimento de moagem do 
resíduo, o moinho foi protegido por uma caixa de madeira, conforme se observa na 
Figura 1b. A Figura 1c apresenta a areia proveniente da moagem pronta para 
peneiramento na fração desejada. 
As areias recicladas de cada ciclo foram caracterizadas, na própria obra, 
quanto ao teor de finos < 0,075 mm e absorção de água (Tabela 1). 
 
Tabela 1: Resultados de caracterização das amostras de areia. 
Amostra Absorção de água 
(%) 
Teor de finos < 0,075 
mm (%) 
Ciclo 1 4,4 16,7 
Ciclo 2 5,0 17,9 
Ciclo 3 5,0 16,1 
REF (obra) 0,4 3,3 
 
2.3 Dosagem das argamassas de revestimento 
Para a definição do traço das argamassas tomou-se por base o consumo de 
cimento e a densidade de massa fresca, conforme sugerido por Miranda (2009) (6) 
para argamassas de emboço, e em função do teor total de finos com variação de 20 
a 25% (2). 
Foram confeccionadas uma argamassa de referência com areia natural e 
outras argamassas com amostras de areia reciclada produzidas em cada ciclo. Na 
Tabela 2 estão apresentados os traços para a produção das argamassas de 
revestimento. As relações a/c total foram definidas de forma a se obter uma 
argamassa trabalhável em obra, com abatimento no tronco de cone de 120 ± 10 
mm. 
 
 
 
 
 
Tabela 2: Dosagem das argamassas de revestimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A argamassa de referência foi produzida no traço 1:0,4:6,08, em massa. 
Apesar dela ter um consumo de cimento superior em relação às argamassas com 
areia reciclada, foi utilizada aqui por ser o traço produzido na obra e por apresentar 
um teor de finos < 0,075 mm dentro do intervalo proposto por Miranda (2009)(6). 
As argamassas recicladas foram produzidas em traço 1:8 (cimento:agregado), 
em massa, pois, a partir de testes iniciais, foi observado que esta proporção 
resultaria em uma argamassa com consumo de cimento entre 160 e 170 kg/m3, 
conforme proposto por Miranda (2009)(6) para revestimentos internos. 
O diâmetro máximo e o módulo de finura médio das areias recicladas são 4,8 
mm e 2,4 mm, respectivamente. Na Figura 2 são apresentadas as curvas 
granulométricas das areias recicladas. 
 
2.4 Execução dos painéis de revestimento 
Foram executados painéis de argamassa com área de, aproximadamente, 1,5 
m2 e espessura média de 15 mm, aplicados sobre substratos com e sem chapisco e 
em ambiente interno para evitar a interferência de outros fatores numa possível 
fissuração. O processo de produção das argamassas recicladas foi em betoneira, 
respeitando a ordem padronizada estabelecida pelo procedimento experimental 
adotado: 1) areia reciclada + areia natural + parte da água sem comprometer a 
trabalhabilidade (mistura por 2,0 min); 2) descanso da mistura (5 min); 3) mistura + 
cimento (1,5 min). Portanto, para cada ciclo foram produzidos 2 painéis: 1 com 
chapisco, e 1 sem chapisco. 
Ciclo Traço (massa) 
Dmáx 
(mm) 
Teor de 
areia 
reciclada 
(%) 
Teor total 
de finos < 
0,075 mm 
(%) 
Relação 
a/c total 
1º 
1:8 4,8 
75 23,0 1,97 
100 26,0 2,68 
2° 75 23,8 2,35 100 27,0 2,56 
3° 75 22,6 2,20 100 25,5 2,30 
REF 
(obra) 1:0,4:6,08 2,4 0 21,4 1,30 
 
 
 
 
Figura 2: Curvas granulométricas das areias recicladas. 
 
2.5 Ensaios mecânicos e de desempenho 
Foram moldados 3 corpos de prova 4x4x16 cm para ensaios de resistência a 
compressão e à tração na flexão, para cada ciclo de amostra. Estes corpos de 
prova, após 28 dias de cura, sendo 7 dias submersos, 14 dias em ambiente 
climatizado, e mais 7 dias em estufa à temperatura de 100ºC, foram rompidos 
conforme a NBR 13279. Este procedimento de cura foi adotado para garantir que 
todos os corpos de prova estivessem secos no momento da ruptura. Uma cura seca 
ao ar poderia fazer com que os corpos de prova apresentassem diferentes teores de 
umidade influenciando nos resultados. Além disso, este processo de cura já foi 
utilizado em outros trabalhos (2),(3), possibilitando uma futura comparação. 
A análise de desempenho consistiu no acompanhamento da fissuração dos 
painéis até estabilização e ensaio de resistência de aderência à tração, aos 28 dias. 
 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
A Tabela 3 apresenta um resumo dos resultados das principais propriedades 
obtidas no estado fresco e endurecido com as argamassas utilizando areia reciclada. 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 3: Resultado dos ensaios de caracterização das argamassas. 
Ciclo 
Proporção 
de 
mistura 
Teor de areia 
reciclada no 
total de 
agregado (%) 
Teor 
total de 
finos < 
0,075 
mm (%) 
a/c 
total 
Consumo 
de 
cimento 
(kg/m³) 
Dens. 
fresca 
(kg/m³) 
Resist. 
à 
compr. 
(MPa) 
Resist. 
à 
tração 
(MPa) 
1º 
1:8 75 22,97 1,97 174 1870 6,6 1,0 
1:8 100 25,96 2,68 163 1846 4,3 0,6 
2° 
1:8 75 23,79 2,35 170 1873 3,6 0,6 
1:8 100 27,05 2,56 167 1859 2,9 0,5 
3° 1:8 75 22,60 2,20 175 1907 5,2 1,1 1:8 100 25,46 2,30 170 1853 4,3 0,8 
REF 
(obra) 1:0,4:6,08 0 21,4 1,30 229 2011 11,3 1,9 
 
A Figura 3 mostra que as argamassas produzidas nas 3 semanas no canteiro 
de obra, para um mesmo teor de areia reciclada no total de agregados, 
apresentaram uma baixa variação do teor total de finos < 0,075 mm, uma vez que o 
traço das argamassas permaneceu constante e que teor de finos das areias 
recicladas também não variou significativamente. Isto porque a natureza do RCD 
também apresentou baixa variabilidade neste período. 
O resultado de resistência à compressão (Figura 4) indica que 4 das 6 
argamassas com areias recicladas incluem-se no intervalo, entre as faixas, sugerido 
por Miranda (2009) (6), de 4 e 7 MPa. Todas apresentaram resistência à tração na 
flexão mínima de 0,5 MPa. As argamassas que apresentaram resistência à 
compressão < 4 MPa foram as do 2º ciclo. 
Apesar da metodologia (6) sugerir limite de 23% para o teor total de finos, houve 
amostras com teores superiores e que apresentaram resistências compatíveis 
(Figuras 5 e 6), o que indica uma margem de segurança da metodologia proposta. A 
amostra do ciclo 2 apresentou valores de resistência à compressão abaixo do limite 
inferior, indicando que outros fatores podem ter interferido na resistência, como 
problemas durante a moldagem, cura ou transporte dos corpos de prova, já que 
estes foram preparados no próprio canteiro. 
 
 
 
 
 
Figura 3: Teor total de finos < 0,075 mm da argamassa em função do ciclo de 
geração do resíduo. 
 
 
Figura 4: Resistência à compressão em função do teor de areia reciclada, com os 
limites inferiores e superiores propostos por Miranda (2009)(6). 
 
Para a areia natural, os valores de resistência à compressão e à tração na 
flexão foram bem superiores devido ao elevado teor de cimento e baixa relação 
água/cimento. 
 
 
 
 
Figura 6: Resistência à compressão em função da densidade de massa fresca, com 
os limites superior e inferior propostos por Miranda (2009)(6). 
 
Para o intervalo de resistência indicado na Figura 6, observa-se pequena 
variação para a densidade de massa fresca para as argamassas recicladas, entre 
1846 e 1907 kg/m³, indicando homogeneidade entre as amostras de areia reciclada 
geradas nos ciclos de produção da obra. Resultado semelhante foi obtido também 
para o consumo de cimento por m3, que variou entre 162 a 176 kg/m³, corroborando 
com a mesma metodologia que faz inferência ao mínimo de 160 kg/m³ para 
argamassas com areia reciclada. 
Os parâmetros de dosagem estabelecidos, densidade fresca e consumo de 
cimento por m3, foram coerentes, pois se correlacionaram com a resistência àcompressão, indicando que o controle dos insumos é possível e imprescindível nos 
canteiros. 
A Figura 7 indica que também a relação a/c é dependente do teor total de finos 
< 0,075 mm da argamassa, o que confirma ainda mais a importãncia desta 
propriedade no controle do desempenho das argamassas e revestimentos. 
Limite superior 
Limite inferior 
 
 
 
 
Figura 7: Correlação entre a relação a/c total e o teor total de finos < 0,075 mm 
da argamassa. 
 
Os resultados de aderência e fissuração das argamassas, com e sem 
chapisco, estão apresentados na Tabela 4. 
 
Tabela 4: Resumo dos resultados de aderência e fissuração. 
Ciclo % areia 
reciclada Chapisco 
Fissuras Aderência (MPa) Qte cm/m2 
1 
75 Não 1 11 0,06 
75 Sim 0 0 0,21 
100 Sim 0 0 0,09 
2 
75 Não 15 169 0,10 
75 Sim 0 0 0,14 
100 Não 3 20 0,06 
3 75 não 10 90 0,05 
75 sim 1 14 0,1 
Ref 0 não 0 0 - 0 sim 0 0 - 
 
Observa-se que os resultados de aderência com chapisco ficaram melhores 
que sem chapisco, mas ainda aquém do limite de 0,20 MPa estabelecido por norma. 
Além disso, pouca diferença se observa na aderência quando se reduz o teor de 
areia reciclada de 100% para 75%. Assim, como alternativas para melhorar estes 
resultados, tem-se a redução do teor de areia reciclada para 50%, como encontrado 
por Miranda (2009)(7), o uso de chapisco no substrato e o aumento do consumo de 
cimento das argamassas (para redução da relação a/c). 
R² = 0,6642
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
2,8
21 22 23 24 25 26 27 28
R
el
aç
ão
 
a/
c
Teor total de finos < 0,075 mm (%)
 
 
 
Quanto à fissuração, observa-se também um efeito positivo do uso do chapisco 
onde em apenas um dos painéis chapiscados apareceu uma pequena fissuração, 
mas ainda dentro de limites aceitáveis. Para os painéis sem chapisco, apenas dois 
apresentaram uma fissuração excessiva, cujo resultado ruim não parece estar 
relacionado com nenhuma das propriedades dos agregados ou das argamassas no 
estado fresco e endurecido aqui analisadas, podendo ter sofrido influência de fatores 
externos. 
A argamassa de referência, apesar de maior consumo de cimento, não 
apresentou fissuras com o teor total de finos < 0,075 utilizado, conforme proposto 
por Miranda (2000)(2). 
Em análise visual os painéis não apresentaram pulverulência superficial, nem 
som oco observado com o toque e ainda acabamento em boas condições. 
 
4. CONCLUSÕES 
O trabalho confirmou a viabilidade da metodologia racional proposta(6) para a 
dosagem e controle de revestimentos de argamassa com areia reciclada em obra. 
Apesar de tal metodologia ter sido desenvolvida utilizando areias recicladas 
com diâmetro máximo de 1,2 mm, sugere-se que, sempre que possível, tal 
dimensão seja ampliada para até 4,8 mm, pois reduz-se o risco de fissuração e a 
necessidade de peneiramento da areia reciclada. 
Os parâmetros utilizados para produção das argamassas com areia reciclada 
não comprometeram a logística no canteiro nem a eficiência dos resultados. 
Confirmou-se que a variabilidade entre as amostras de uma mesma fase é 
pequena(7), levando a uma distribuição granulométrica, teor de finos e consumos de 
cimentos semelhantes. 
Ressalvas para os valores de resistência de aderência à tração estarem abaixo 
do estabelecido por norma, apesar de valores representativos para as resistências à 
compressão e à tração na flexão. Redução do teor de areia reciclada para 50%, uso 
de chapisco e redução da relação a/c são alternativas para melhorar a aderência. 
Assim, o controle tecnológico proposto para a produção de argamassas com 
areia reciclada mostrou-se viável, permitindo a redução de perdas de materiais, a 
obtenção de revestimentos mais econômicos e com desempenhos aceitáveis. 
 
 
 
5. AGRADECIMENTOS 
Ao CNPq pelo apoio financeiro, à Universidade Federal de Pernambuco, à 
Pernambuco Construtora pela parceria, e ao ITEP (Instituto de Pesquisas 
Tecnológicas de Pernambuco) pelo apoio nos ensaios mecânicos. 
 
6. REFERÊNCIAS 
 1. FARIAS, R.S.; LIMA, F.B.; VIEIRA, G.L.; BARBOZA, A.S.R.; GOMES, 
P.C.C. Análise de propriedades de resistência à compressão e módulo de 
elasticidade em prismas de blocos de concreto produzidos com agregados 
reciclados de resíduos de construção e demolição. In: 47º Congresso Brasileiro do 
Concreto, 2005. Olinda – PE. 
2. MIRANDA, L.F.R. Estudo de fatores que influem na fissuração de 
revestimentos de argamassa com entulho reciclado. São Paulo, 2000, 172p. 
Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. 
3. MIRANDA, L.F.R. Contribuição ao desenvolvimento da produção e controle 
de argamassas de revestimento com areia reciclada lavada de resíduos Classe A da 
construção civil. São Paulo, 2005. 441p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da 
Universidade de São Paulo. 
4. MORICONI, G., CORINALDESI, V., ANTONUCCI, R., Environmentally-
friendly mortars: a way to improve bond between mortar and brick. Materials and 
Structures, 36 (264), 2003, p.702-708. 
5 MORICONI, G., CORINALDESI, V., ANTONUCCI, R., Environmentally-
friendly mortars: a way to improve bond between mortar and brick. Materials and 
Structures, 36 (264), 2003, p.702-708. 
6 MESBAH, H.A.; BUYLE-BODIN, F. Efficiency of polypropylene and metallic 
fibers on control of shrinkage and cracking of recycled aggregate mortars. 
Construction and Buildings Materials, 13. p.439-447.1999. 
7. SELMO, S.M.S. Dosagem de argamassas de cimento Portland e cal para 
revestimento externo de fachadas dos edifícios. São Paulo, 1989. 202p. Dissertação 
(Mestrado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. 
8. BARROS, M.M.S.B. Recomendações para a produção de contrapisos para 
edifícios. São Paulo, 1995. – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. 
 
 
 
9. MIRANDA, L.F.R. Metodologia para a reciclagem de resíduos de construção 
classe A em canteiros de obras. Relatório Final de Pesquisa. Projeto CNPq 
Universal 481743/2007-3. 2009. 
10. SILVA, E.C.R. et al. Propriedades de agregados reciclados produzidos a 
partir de RCD gerado em canteiros de obras de Recife/PE para uso em argamassas. 
In: Simpósio Brasileiro De Tecnologia Das Argamassas, V.8, Curitiba, 2009. Anais... 
Porto Alegre: ANTAC, 2009.

Outros materiais