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Resumo Aristóteles Justiça como Virtude

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Aristóteles: Justiça como Virtude ("areté"), de Eduardo Bittar e Guilherme Almeida.
Justiça e Ética 
Em Aristóteles o tema da justiça é desenvolvido na sua teoria do saber prático. Isso significa que não se limita as investigações éticas e especulações como em Platão. Segundo Aristóteles não é o conhecimento da justiça que torna o homem mais justo (como era com o filósofo em Platão), e sim a prática. O acesso à verdade conceitual (não é verdade absoluta) seria adquirido através da prática e da educação ética.
A ideia de Aristóteles era traçar normas suficientes e adequadas para orientar as atividades da polis. O bem de todos é igual ao bem de cada um. Não há sacrifícios de esfera particular na busca do bem.
 Aristóteles considera o homem como um animal político por natureza. Dessa forma o homem só se realiza em sociedade. A política é a própria vida em sociedade. A injustiça pressupõe a sociabilidade.
No estudo da ética não se aplicam leis fixas: as definições devem, portanto, fornecer margem de variabilidade. Os conceitos são, então, relativos, segundo o exame de cada caso particular. A compreensão do justo se da em cada caso particular, segundo uma dimensão individual e aplicando o justo meio ("mesótes").
Justiça como virtude
Toda virtude é um justo meio, ou seja, uma condição equilibrada, situada equidistante de dois extremos viciosos ou por excesso, ou por defeito. A justiça é o meio termo entre a injustiça por carência e a injustiça por excesso. É uma exceção, pois os dois extremos constituem um único vício. A justiça é a virtude das virtudes.
Ser justo é praticar reiteradamente atos voluntários de justiça. A prática da ética é o caminho para a felicidade (noção humana e, portanto, realizável). A educação ética é o hábito ("ethos") do comportamento ético é o que leva ao comportamento virtuoso e consequentemente a felicidade. Virtudes e vícios só são adquiridos pelo hábito. A virtude não é natural ao homem e deve ser conquistada pela habitual prática, já que o homem pode se orientar pela razão, suprimindo instintos em busca da felicidade.
Justiça ≠ Virtude -> É justo o homem que age na legalidade. É virtuoso o homem que, por disposição de caráter, orienta-se segundo o que é bom, sem a necessidade de leis. 
O injusto pode ser o transgressor da lei ou o que quer levar vantagens.
LUCRO = INJUSTIÇA
Ato injusto ≠ injustiça -> Para alguém ser injusto não basta simplesmente praticar ato injusto, é necessária a consciência do ato, a voluntariedade. Nesse sentido, podem ser realizados os seguintes atos injustos de modo involuntário:
1) Desgraça: Não havia como prever
2) Erro: Era previsível
3) Injusto: O resultado não foi querido, mas o agente deixou que ele acontecesse (culpa consciente).
Acepções acerca do justo e do injusto
Para Aristóteles a justiça se concebe de várias maneiras (termo plurívoco) e com muitos sentidos.
A justiça total ("justiça lato sensu") é a virtude de observância da lei, do que é legítimo, da observância do que é regra social de caráter vinculativo e conduz ao bem da comunidade. (qualquer virtude). Se justo legal é quem orienta sua ação de acordo com a legalidade (legislação) cabe ao legislador a prudência legislativa ("namotnesia") buscando o melhor para a comunidade e visando o bem comum.
O justo particular é um tipo de justo, dentro do justo total, e consiste na justiça entre particulares. Por sua vez, ele se subdivide em duas outras formas de justiça: a justiça particular distributiva e a justiça particular corretiva.
A ação do justo particular distributivo é entendida como a ação do governante dirigida ao governado (honras, cargos, impostos, deveres, direitos). A injustiça aqui consiste no recebimento de uma quantia menor ou maior do que lhe seria devido por cada súdito ("conferir a cada um o que é seu"). Aristóteles introduz a ideia de ''mérito'', e considera que cada sociedade avalia os que merecem mais de uma forma diferente. Na democracia é pela liberdade, na oligarquia é pela riqueza e na aristocracia seria pela virtude. É injusto quando pessoas iguais recebem quantias desiguais ou pessoas desiguais recebem quantias iguais. A justiça particular distributiva busca a igualdade geométrica, proporcional, material. A igualdade na distribuição busca a manutenção do equilíbrio.
A justiça particular corretiva, por outro lado, é marcada pela coordenação, ou seja, diferente da primeira, ocorre entre iguais, sem a hierarquia governante/governados. Esta pretende o reestabelecimento do equilíbrio rompido, buscando a igualdade aritmética (formal) através ao retorno das partes ao status quo anterior a injustiça. Essa forma de justiça se vincula a ideia de igualdade perfeita/absoluta e não observa a questão do "mérito". Não há relatividade. O juiz, para Aristóteles é o mediador de todo o processo de aplicação da justiça corretiva.
A justiça particular corretiva se subdivide ainda em justiça particular corretiva comutativa e justiça particular corretiva reparativa. A primeira é a realização perfeita das interações voluntárias, aplicável em casos de transações contratuais como compra e venda, locação, empréstimo, deposito e etc., onde prevalece a liberdade de vinculação e de estipulação do teor vinculativo. A injustiça ocorre quando o contrato não é cumprido de maneira correta. 
Aristóteles diferencia a justiça da reciprocidade, diz que a justiça deve substituir qualquer outro valor e por isso não caberia a reciprocidade da lei de Talião.
A justiça particular corretiva reparativa cumpre função primordial no âmbito das interações involuntárias. A esse conceito também a aplicável a ideia de igualdade aritmética: é a necessária medida de restituição das condições anteriores, ou seja, é a própria decisão/solução de um juiz de uma injustiça particular, que pretende reprimir a conduta lesiva fazendo com que a perda sofrida seja reparada, quando possível.
Aristóteles também fala de justiça política e justiça doméstica.
A justiça política é a aplicada na polis, apenas aos cidadãos, que organiza a vida comunitária através de leis e que busca a plena realização das potencialidades humanas, a autossuficiência e a felicidade, através da divisão de atividades segundo as aptidões. Sobre a vida na polis, Aristóteles considera que nem todos que são indispensáveis para a composição da cidade devem participar do processo deliberativo político (os não cidadãos: mulheres, estrangeiros, menores e escravos).
Não pode haver vontade na injustiça é sempre involuntário. Ninguém sofre porque quer, o sofrimento é sempre imposto, sem a possibilidade de escolha. Nesse sentido não se pode cometer injustiça contra si mesmo. Quem sofre a injustiça do suicida é a sociedade.
Os filhos dos cidadãos assim como os escravos estão de tal maneira próximos ao pai-senhor que são concebidos como parte do mesmo. Por isso atitudes contra esses, embora possam parecer injustiças, não o são dentro do conceito de justiça política, mas podem ser dentro do conceito de justiça doméstica.
A justiça domestica, portanto, têm esses três tipos: para com o filho, para com o escravo e para com a mulher. A mulher tem maior liberdade entre os três, não sendo de todo subordinada ao homem. Para ambos se aplicam regras necessárias a organização do lar, gerencia dos negócios familiares e educação dos filhos. Aristóteles considera que as regras políticas são a evolução, a ampliação das regras domésticas.
Dentro da justiça política, Aristóteles fala de justiça legal e justiça natural.
A justiça natural não depende, para sua existência, de qualquer decisão, ato de positividade, opinião ou conceito. É naturalmente "não-indiferente". São noções e princípios comuns fundamentos na própria natureza racional do homem. A justiça legal consiste nas prescrições vigentes, consideram que o que é posto, uma vez positivado, deixa de se tornar algo indiferente e torna-se necessário. A lei possui força não natural, fundada na convenção. A justiça convencional pode mudar o tratamento de acordo com a localização. Ambas as justiças estãosujeitas a mutabilidade, embora a justiça natural seja "menos" mutável. É a justiça natural o princípio e causa de todo movimento realizado pela justiça legal; o justo legal deve ser construído com base no justo natural. Essa seria a legislação perfeita.
Equidade e Justiça
Equidade e justiça são conceitos diferentes apesar de se confundirem principalmente no uso. A equidade é melhor e mais desejável que a justiça. A equidade é no texto definida como a correção dos rigores da lei, que são injustas não por erro, mas por condição natural, uma vez que descreve conteúdos genéricos, sem diferenciar variações que surgem no caso concreto. A equidade busca superar a impossibilidade de existir uma legislação muito detalhista que englobe todos os casos possíveis. Equidade é a medida corretiva da justiça legal.
Amizade e Justiça
Para Aristóteles amizade e justiça são conceitos muito ligados, uma vez que é a amizade que mantém a coesão social, é a base do agir ético. É elemento importante para a reciprocidade inerente ao convívio social. A amizade condiciona a existência da própria justiça, porque a justiça é relacional. A amizade é desprovida de todo interesse e de toda vontade de prejudicar. O grau de justiça está mais presente onde maior a proximidade e a afeição da amizade.
Aristóteles ≠ Hobbes -> Para Aristóteles os homens são amigos por natureza. Ideia de comum, horizontal, se aproxima da filosofia radical do Andytias.
As formas degeneradas de governo (monarquia, tirania e timocracia) conduzem a uma supressão da amizade, onde o patriarca reina de modo a verter toda a parte de benefícios exclusivamente para si e para os seus.

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