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6 - Interações entre Elementos e Fatores Climáticos (Parte 2)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO 
CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
DEPARTAMENTO DE METEOROLOGIA 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E 
FATORES CLIMÁTICOS (PARTE 2) 
 
Disciplina Climatologia 
Professor Wanderson 
 
Disposição do Relevo 
 
• Os acidentes do relevo (altitude, forma e orientação de suas 
vertentes) desempenham um importante papel no tempo e no clima 
de uma determinada região. 
 
• A orientação das linhas do 
relevo contribui eficazmente 
para determinar, por 
exemplo, a direção dos 
ventos. 
 
• Além disso, a altitude, como 
já observamos, é um 
importante fator que 
influencia as temperaturas, a 
pressão atmosférica e as 
precipitações. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
 
• A posição de relevo favorece ou dificulta os fluxos de calor e 
umidade entre áreas adjacentes. 
 
• Um sistema orográfico que se disponha latitudinalmente em uma 
região, como o Himalaia, por exemplo, irá dificultar as trocas de 
calor e umidade entre as áreas frias do interior da China e aquelas 
mais quentes da Índia. 
 
• No caso da Cordilheira dos Andes, por se dispor no sentido dos 
meridianos, não impede que as massas polares atinjam o norte da 
América do Sul e nem que as equatoriais cheguem ao sul do Brasil; 
entretanto, inibem a penetração de umidade proveniente do 
Pacífico para o interior do continente. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• Nas zonas mais carentes de energia solar (latitudes extratropicais), 
a orientação do relevo em relação ao Sol irá definir as vertentes 
mais aquecidas e mais secas, e aquelas mais frias e mais úmidas. 
 
• No Hemisfério Sul, por exemplo, as vertentes mais quentes serão 
aquelas voltadas para o Norte, pois, neste hemisfério, o Sol estará 
sempre no horizonte Norte, deixando à sombra as vertentes 
voltadas para o horizonte Sul. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• Os maciços montanhosos apresentam uma variedade de 
microclimas graças às diferentes exposições das vertentes à 
incidência dos raios solares e aos ventos dominantes. 
 
• As características paisagísticas refletem estes contrastes. 
 
• As vertentes que recebem os ventos úmidos (barlavento) são 
chuvosas e recobertas por florestas exuberantes, ao contrário das 
que se encontram em situação inversa (vertentes a sotavento) são 
mais secas e apresentam cobertura vegetal menos vasta. 
 
• A mata atlântica, que recobre a Serra do Mar, é um bom exemplo 
de floresta de encosta a barlavento. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• No nordeste do Estado de São Paulo ocorrem chuvas provocadas 
pela frequente passagem de frentes frias. 
 
• No entanto, o relevo, representado por elevadas encostas voltadas 
para o Atlântico (Serra do Mar), também ocasiona intensas chuvas 
orográficas. 
 
• Por isso, nesta região, está um dos lugares de maior pluviosidade 
do Brasil: Itapanhaú (Bertioga – SP), com 4.514 mm/ano. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
 
• Em estudos conduzidos no maciço da Tijuca (Rio de Janeiro), 
foram encontradas diferenças significativas para as duas vertentes 
no que diz respeito a parâmetros como temperatura, precipitação e 
umidade. 
 
• As encostas voltadas para o sul possuem serapilheira em média 
41,9% mais úmida que as voltadas para o norte. 
 
• A perda de umidade se dá muito mais rápido nas encostas voltadas 
para o norte, pois as voltadas para o sul retêm a umidade 1,6 vez 
mais que a norte. 
 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• A variação de umidade reflete os diferentes índices de temperatura 
destes dois tipos de encosta, já que as encostas voltadas para o 
norte são significativamente mais quentes por causa da maior 
incidência de calor que as voltadas para o sul, com 98% de 
ocorrência de temperaturas máximas naquelas encostas. 
 
• As temperaturas mínimas também ocorrem, na maioria, nas 
encostas do lado norte (86%), o que deve ser atribuído à maior 
umidade relativa nas encostas do sul em razão do maior período de 
deposição de orvalho que atua como efeito “tampão”, reduzindo as 
temperaturas extremas. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
Intervenção Antrópica 
 
• O impacto do homem no clima se faz sentir pelas várias atividades 
que ele desempenha. 
 
• Isto pode ter influência local, regional e até global sobre as 
condições climáticas, ou seja, ocorrem influências sobre o 
microclima, sobre o mesoclima ou sobre o macroclima. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• O homem pode influenciar o clima deliberadamente ou 
inadvertidamente, mas, sem dúvida, um dos maiores impactos 
antrópicos sobre o clima são as grandes cidades. 
 
• O impacto tem sido tão grande nestas áreas que o clima urbano é 
totalmente distinto, em suas características, do clima das áreas 
rurais circundantes. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• O processo de urbanização pode causar alterações sensíveis no ciclo da 
água, como aumento da precipitação; 
 
• diminuição da evapotranspiração, como consequência da redução da 
vegetação; 
 
• aumento do escoamento superficial; 
 
• diminuição da infiltração da água por causa da impermeabilização do solo; 
 
• mudanças no nível freático, podendo ocorrer sua redução ou seu 
esgotamento; 
 
• maior erosão do solo e consequente assoreamento dos corpos hídricos; 
 
• aumento da ocorrência de enchentes; 
 
• poluição das águas superficiais e subterrâneas. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• A velocidade dos ventos é menor nas cidades em virtude das 
barreiras (edificações). 
 
• Porém, em alguns casos, em razão dos “corredores urbanos” 
formados por ruas e avenidas, a velocidade dos ventos poderá ser 
maior. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• Nas cidades, observa-se maior precipitação pluvial que nos campos e áreas 
periféricas, pois as atividades humanas no meio urbano produzem maior número 
de núcleos de condensação (poluentes). 
 
• Soma-se a isto, o fato de as temperaturas serem mais altas nas cidades: as 
temperaturas mais elevadas nos centros das cidades desempenham as funções 
de um centro de baixa pressão que atrai o ar circundante. 
 
• Este ar, pelo processo de convecção alcança grande altitude, atinge a 
condensação e provoca precipitação. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• As alterações ambientais causadas por processos antrópicos 
tendem a produzir modificações em alguns elementos climáticos, 
originando fenômenos como as “ilhas de calor”, responsáveis por 
temperaturas mais elevadas na área central da cidade, além de 
pluviosidades quantitativamente maiores nas áreas urbanizadas. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• Durante um estudo realizado no período de maio de 1990 a março de 1991, foram 
instalados na cidade de Juiz de Fora seis postos pluviométricos: um no centro da 
cidade e os outros cinco em diferentes pontos da área rural do município. 
 
• Os resultados comprovaram, além do maior índice pluviométrico registrado na 
área central, um número maior de dias de chuva também no centro urbano. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• A visibilidade nas cidades, em geral, é menor que no campo. 
 
• De modo geral, há nas cidades mais partículas de pó em 
suspensão na atmosfera, resultando em nevoeiros mais densos. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORESCLIMÁTICOS 
• O desmatamento e/ou a retirada da vegetação urbana também 
pode provocar várias alterações climáticas, pois a vegetação é 
responsável pela regularidade das temperaturas, da umidade e da 
evaporação. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• É possível observar 
modificações de alguns 
elementos climáticos, 
motivadas, essencialmente, 
pela intervenção do 
elemento humano, 
notadamente nas áreas 
urbanas. 
 
• Os dados apresentados são 
resultantes da comparação 
entre as medidas de alguns 
elementos realizadas em 
áreas urbanas e outras 
realizadas em áreas rurais. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
Correntes Marítimas 
 
• Muitos aspectos dos climas marítimos e continentais que não 
podem ser explicados adequadamente pelos contrastes entre terra 
e mar, geralmente se devem às correntes oceânicas. 
 
• Ao contribuírem para a troca de energia entre pontos distantes da 
Terra, as correntes oceânicas interagem com a dinâmica das 
massas de ar, definindo áreas secas, chuvosas, quentes e frias. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• Assim como os ventos, as correntes marítimas influenciam na 
temperatura do ar, pois podem transportar ou transmitir “calor” ou 
“frio” de uma área para outra, dependendo de suas características 
e das características térmicas das áreas nas quais exercem 
influência. 
 
• Áreas costeiras banhadas por correntes frias, por exemplo, têm 
temperaturas mais baixas que outras situadas na mesma latitude, 
mas que não são afetadas por tais correntes. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• Em linhas gerais, no globo, tem-se um vasto movimento de leste para oeste na 
zona equatorial compensado por um movimento no sentido inverso na zona 
temperada, completando a circulação com um movimento em direção aos polos 
nas bordas ocidentais dos continentes e outra em direção ao equador, ao longo 
das costas orientais dos continentes. 
 
• O resultado, nas baixas latitudes, é o aquecimento das costas ocidentais dos 
continentes e o resfriamento das costas orientais. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• As causas principais das correntes marítimas são agrupadas em 
duas categorias: as intrínsecas à água do mar e as extrínsecas. 
 
• As causas intrínsecas são representadas pela temperatura e 
salinidade, fatores que alteram a densidade da água, tornando-a 
mais pesada ou mais leve. 
 
• Por outro lado, a flutuação da própria salinidade é consequência de 
causas extrínsecas, como o vento e a chuva. 
 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• Nas áreas subtropicais de alta pressão, a maior evaporação da água promove um 
aumento relativo da salinidade tornando a água mais densa. 
 
• Já nas áreas de baixa 
pressão, como a 
equatorial, a maior 
precipitação promove um 
aumento relativo da 
quantidade de água em 
relação à de sal, 
tornando a água menos 
densa, produzindo o 
movimento superficial da 
água. 
 
• A salinidade da água do 
oceano guarda estreita 
relação com o quociente 
entre a evaporação e a 
chuva e varia de uma 
maneira sistemática com 
a latitude. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• Portanto, as correntes marinhas são imensos volumes d’água que se acham em 
circulação, sendo que a conhecida Gulfstream movimenta em certos trechos muito 
mais água que todos os rios do mundo reunidos. 
 
• A velocidade das correntes é pequena, cerca de 5 cm/s, contudo, quando se trata 
da citada Corrente do Golfo, sua velocidade atinge 5 km/h. 
 
• Esta corrente é responsável pelo transporte de água quente a altas latitudes, 
amenizando o clima do norte europeu ocidental. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• As correntes quentes, que estimulam a evaporação e a condensação, produzem 
climas chuvosos, ao passo que as frias estabilizam o ar e são responsáveis por 
áreas mais secas. 
 
• As diferenças na quantidade de 
água no sistema promovem 
diferenças também na 
vegetação: a maior quantidade 
de água favorece o 
aparecimento de áreas com 
maior biodiversidade; por outro 
lado, quanto menor a 
quantidade de água, menor a 
biodiversidade. 
 
• Como exemplo, podemos citar o 
enclave fitogeográfico das 
caatingas de Macaé e Cabo Frio 
(RJ), área de ressurgência da 
corrente das Malvinas 
(Falkland), corrente fria que 
ajuda na manutenção da 
referida área de caatinga 
rodeada pela Mata Atlântica. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• As principais correntes que atuam sobre o clima brasileiro são as correntes 
quentes da Guiana e do Brasil originadas da corrente da Guiné e a corrente fria 
das Malvinas. 
 
• Esta corrente, advinda dos 
mares do sul, encontra a 
corrente do Brasil. 
 
• Forma-se então, a corrente de 
Benguela, que vai até o Golfo da 
Guiné, onde se transforma na 
corrente da Guiné. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
• Atualmente, com a contribuição das imagens de satélites 
meteorológicos e com os programas de monitoramento do ar e do 
mar em escala mundial, passou-se a compreender melhor a 
extensão da interação dos oceanos com atmosfera no controle da 
dinâmica da troposfera, responsável por eventos como o El Niño, 
entre outros. 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E FATORES CLIMÁTICOS 
Dúvidas!? 
wanderson@ufrj.br 
INTERAÇÕES ENTRE ELEMENTOS E 
FATORES CLIMÁTICOS (PARTE 2)

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