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Resenha Crítica " Sedução no Discurso O Poder da Linguagem nos Tribunais de Júri" Gabriel Chalita

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Centro Universitário de João Pessoa
Curso de Direito – Português Jurídico 
Turma J
Williane Alencar Pinho.
CHALITA, Gabriel. A sedução no discurso: o poder da linguagem nos tribunais do júri. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004, 168 p.
Resultado de uma tese de doutorado em Comunicação e Semiótica, o livro abrange os principais aspectos da linguagem nos discursos jurídicos de advogados e promotores de justiça, publicado pela primeira vez em 1998, tem como objetivo auxiliar e contribuir para com os novos operadores de direito na linguagem jurídica. Composta por 168 páginas, a obra de sete capítulos recorre à sedução, a análise retórica, discurso, linguística e oratória forense. 
Os filmes Tempo de matar, Filadélfia, Questão de honra e Assassinato em primeiro grau são usados pelo autor para embasar sua análise sobre a sedução, e o papel dela como ferramenta importante na argumentação dos oradores de acusação e defesa. 
O livro inicia-se com o autor esclarecendo o código de ética profissional dos advogados, no qual se pode entender que emoções não são permitidas em sua área, contudo Chalita defende a ideia que “o discurso do sedutor não se fundamenta puramente em argumentos lógicos; recorre a artifícios retóricos e alegóricos a fim de envolver e comover”¹. O autor também explica ao decorrer do capítulo sobre a persuasão e o convencimento. Chalita ainda cita uma obra de William Diehl, intitulada Primal fear, no qual se faz uma demonstração do poder do discurso em um diálogo em que o advogado envolve o júri.
No mesmo capítulo Chalita menciona a obra de Manuel Puig, O beijo da mulher aranha, onde Molina e Valentin, personagens da trama, desenvolvem diálogos em que a sedução pode ser notada. A estratégia de Molina, no caso um dos detentos, é seduzir seu companheiro de cela criando para ele outro universo, incitando-o então a adentrar em seu mundo. Chalita destaca também o estimulo dos sentidos, a sonoridade das palavras, a linguagem implícita, o conhecimento do universo pessoal do receptor e explica sobre a linguagem kitsch.
No segundo capítulo Chalita apresenta de forma dinâmica quatro filmes norte-americanos, citados anteriormente, nos quais ele evidencia exemplos da sedução em tribunais de júri. Reforçando sua tese em Tempo de matar, a história de uma garota negra de dez anos, vítima de um trágico e brutal acontecimento, se vê nas mãos da justiça e de uma discussão racial. Seu pai angustiado e certo de que não haveria punição para os agressores de sua filha, visita seu amigo advogado, Jack, e decide por executar os dois jovens.
O advogado de defesa utiliza da sedução para convencer o júri de que seu cliente deveria ser absolvido, para que assim a justiça fosse prevalecida. Ao se pronunciar, Jack usou do artificio da imaginação e da narrativa para estimular os jurados em uma crescente empatia, deixando de lado os argumentos lógicos e levando em consideração a emoção e o sentimento de justiça. “O advogado Jack Brigance desfechou a conclusão, que apanhou o júri desprevenido e o confundiu. E, confundindo-o, seduziu-o e manipulou-o.” 
Ainda no segundo capítulo, Chalita faz a analise do filme Filadélfia, a história de Andrew Beckett, que por ser soro positivo enfrenta questões preconceituosas. O promissor advogado é demitido por alegação de incompetência. Decidido, Andrew, contrata outro advogado, Joe Miller, para defendê-lo dessa falsa acusação. Joe utiliza da sedução para enfrentar um júri, e conhecendo suas fraquezas usa-as a seu favor para vencer a causa. 
Em seguida, no terceiro capítulo, o autor, para melhor entendimento do leitor, narra um caso brasileiro. No qual o advogado de defesa desempenha um papel decisivo ao usar a sedução para convencer que seu cliente era inocente. “O advogado foi hábil, carregava nas emoções quando entendeu ser preciso. Confrontou a promotora quando lhe pareceu correto, adoçou a voz em certos momentos, endureceu o tom em outros.” 
No quarto capítulo, Chalita dá ênfase na importância da palavra nos tribunais de júri, como a retórica fora elaborada e como renasceu em sua grandeza de sentidos. O autor também explica sobre a linguagem do silêncio e como a mesma pode seduzir se bem aproveitada, linguagem corporal e o motivo que devemos observá-la para um incremento em nosso discurso. “Seduzir o júri é utilizar de todos os recursos para fazer com que cada jurado se reporte a situação fática que resultou no cometimento da violência.”
No quinto capítulo o autor ressalta os condicionantes no discurso jurídico, logo destaca a ideia de que nenhum advogado deve ser emotivo, entretanto, este discorda com essa falsa colocação, a sedução em um dos seus mais fortes pontos exige da empatia, e defende a ideia que por mais objetivo que o Direito seja a sensibilidade também deve ser usada. Chalita também esclarece o fato de que a forma como o orador fala, veste e se comporta influência os jurados. O autor deixa claro que objeto de estudo do livro é a forma de linguagem em todas suas variantes. 
No sexto capítulo Chalita explica a respeito do júri brasileiro, ele relata como é formado e decidido o sistema, sobre como é feito a composição de jurados, o autor também baseia o júri britânico e francês. Chalita também levanta a questão da sedução, segundo ele na sedução é preciso falar exatamente o que os jurados anseiam em ouvir, e no que eles precisam escutar. 
Enfim, no sétimo e último capítulo, Chalita conclui de maneira precisa e suscita que a sedução, pode ser usada, para o bem ou para o mal, mas independente dos fins, ela terá caráter decisivo na escolha dos jurados, o autor exemplifica o caso de uma mulher acusada de homicídio, e a decisão do júri se balanceia conforme o discurso da defesa e da acusação.
O livro tem uma linguagem simples e de fácil interpretação. Todavia, o uso de quatro filmes e um caso brasileiro o alongou deliberadamente, acredito que apenas dois filmes e o caso fundamentaria toda a sua narrativa. 
Entretanto, essas observações em nada diminuem o valor e a utilidade tratada no livro de Chalita, que consegue atingir seu ápice no sétimo capítulo, onde é empregada a sedução, a beleza da retórica, a perspicácia de cada individuo em seu oficio. Parece-me oportuno acrescentar que a obra consegue com maestria atingir seu objetivo que no caso é auxiliar os juristas, e utilizar o poder da sedução na linguagem no júri.
Referências:
CHALITA, Gabriel. A sedução no discurso. São Paulo: Saraiva, 2004.

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