Buscar

DIREITO CIVIL II - Obrigações

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO CIVIL II
A obrigação pode transferir-se ativa (crédito) ou passivamente (débito), segundo as normas estabelecidas pela legislação vigente. Existem 3 modalidades de transmissão:
a) Cessão de crédito
b) Cessão de débito
c) Cessão de contrato
I - CESSÃO DE CRÉDITO: 
Consiste em um negocio jurídico por meio do qual o credor (cedente) transmite total ou parcialmente o seu crédito a um terceiro (cessionário), mantendo-se a relação obrigacional primitiva com o mesmo devedor (cedido).
Em geral, é negocio jurídico oneroso, pactuado com propósito lucrativo, embora nada obste uma transmissão gratuita de crédito.
Todavia, a doutrina também reconhece a cessão judicial, realizada por meio de uma decisão do juiz, e a cessão legal, operada por força de lei.
Vale destacar que é desnecessário consentimento prévio do devedor para que ocorra a cessão, ou seja, o sujeito passivo não tem o direito de impedir a transmissão do crédito, porém a sua notificação é exigida para que o negócio produza os efeitos desejados.
A obrigação não é extinta, o que ocorre é apenas a transmissão da qualidade creditória a um terceiro
.
Ex: A emprestou 500 contos a B, pelo prazo de 3 anos, tendo a divida sido afiançada por C. Passado 1 ano, o mutuante tem inesperadamente necessidade de dinheiro. Como não pode ainda exigir a restituição da quantia mutuada, vendo o crédito por 4200 contos a D, que não hesita em adquirir pela confiança que deposita na solvabilidade do fiador.
A cessão de crédito está positivada no art. 286 do Código Civil de 2002: 
	
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar no instrumento da obrigação.
Dessa analise, conclui-se que a cessão de crédito só pode ocorrer em 2 hipóteses:
1- se a natureza da obrigação for incompatível com a cessão;
2- se houver vedação legal;
3- se houve cláusula contratual proibitiva;
Porém, nem toda obrigação admite transmissibilidade creditória, como ocorre nos casos do direito de alimentos: o menor/alimentado não pode "negociar" com um terceiro e ceder o crédito que tenha em face do seu pai/alimentante. Da mesma forma não se admite a cessão de direitos da personalidade: como a honra, o nome, a intimidade, etc.
Também não poderá haver cessão se existir proibição legal. É o caso previsto no art. 520 CC, que proíbe a cessão do direito de preferência a um terceiro. Da mesma forma, o art. 1749 proíbe que o tutor seja cessionário de um direito contra o tutelado.
Para valer frente a terceiros, nos termos do art. 288 CC, a cessão de crédito deverá constar de instrumento público, ou, se for elaborada por instrumento particular, deverá revestir-se das solenidades previstas no parágrafo 1º do art. 654 CC.
Transmitido o crédito, os acessórios e garantias da divida também serão cedidos, se não houver estipulação expressa em sentido contrário, em virtude do princípio de que o acessório segue o principal.
É importante ressaltar a notificação do devedor, para que a cessão tenha eficácia jurídica.
O devedor não precisa AUTORIZAR a cessão. Mas, isso não quer dizer que ele não deva ser notificado a respeito do ato, até para saber que, a partir daquela comunicação, não pagará mais a divida ao credor primitivo (cedente) e sim ao novo (cessionário).
Para tais razões, o CC-02 prevê em seu art. 290 que:
	Art. 290. A cessão de crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
Ex: Se A cede o seu crédito a B, deverá, como condição sine qua non para a eficácia jurídica do ato de transmissão, notificar o devedor C para que tome ciência da cessão.
Não havendo notificação, a cessão não gerará o efeito jurídico pretendido e o devedor não estará obrigado a pagar ao novo credor (cessionário).
II - CESSÃO DE DÉBITO OU ASSUNÇÃO DE DÍVIDA
Consiste em um negócio jurídico por meio do qual o devedor, com o expresso consentimento do credor, transmite a um terceiro a sua obrigação. 
Obviamente, como haverá alteração subjetiva na relação-base, e ao se considerar que o patrimônio do devedor é a garantia da satisfação do crédito, o credor deverá anuir expressamente, para que a cessão seja considerada válida e eficaz.
Não se admite que essa anuência possa ser tácita, pois, como a própria satisfação de seu crédito é que está em jogo, o credor deve consentir expressamente, sendo essa a regra geral a ser seguida.
	
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava.
Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consista na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
A importância do consentimento do credor é tão grande que o silêncio é qualificado como recusa.
Para que seja válida, além dos pressupostos gerais do negócio jurídico, a cessão de débito deverá observar os seguintes requisitos:
a) a presença de uma relação jurídica obrigacional juridicamente válida;
b) a substituição do devedor, mantendo-se a relação jurídica originária;
c) a anuência expressa do credor.
Quanto aos meios de substituição, a assunção de divida poderá se dar por duas formas:
Por delegação: decorre de negócio jurídico pactuado entre o devedor originário e o terceiro, com a devida anuência do credor. Devedor-cedente: delegante/ terceiro-cessionário: delegado/ credor: delegatário;
2- Por expromissão: hipótese em que o terceiro assume a obrigação, independentemente do consentimento do devedor primitivo. 
III - CESSÃO DE CONTRATO OU DE POSIÇÃO CONTRATUAL
Diferentemente do que ocorre na cessão de crédito ou de débito, neste caso, o cedente transfere a sua própria posição contratual (compreendendo créditos e débitos) a um terceiro (cessionário), que passará a substituí-lo na relação jurídica originária. 
Quando a esse assunto, existem 2 doutrinas:
a) Teoria atomística: Diz que, a cessão da posição contratual não seria mais do que um plexo de cessões múltiplas - de crédito e débito -, conjugados.
b) Teoria unitária: Para essa teoria, a cessão de contrato opera a transferência da posição contratual como um todo, sem que se possa identificar a fragmentação dos elementos jurídicos componentes da posição contratual.
Para que seja considerada válida, a cessão de contrato deverá observar os seguintes requisitos:
1- a celebração de um negócio jurídico entre cedente e cessionário;
2- integralidade da cessão;
3- a anuência expressa da outra parte (cedido).
Por óbvio, existem obrigações de natureza personalíssima que não admitem cessão. Por ex: Se eu contrato a feitura de uma obra com um determinado artista famoso, este não poderá ceder a sua posição contratual para outro artista. A natureza dessa obrigação impede a cessão contratual.
Não havendo cláusula proibitiva, a cessão de posição contratual é possível, desde que haja expressado consentimento da outra parte. Não havendo esse consentimento, o cedente continuará obrigado à satisfação do crédito.

Outros materiais