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Administrar a preservação: um desafio para alcançar a conservação de acervos bibliográficos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (UNIRIO) 
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS (CCH) 
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS PROCESSOS BIBLIOTECONÔMICOS (DEPB) 
ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA (EB) 
 
 
 
 
ANDRÉIA NASCIMENTO DA CONCEIÇÃO 
 
 
 
 
ADMINISTRAR A PRESERVAÇÃO: UM DESAFIO PARA ALCANÇAR A 
CONSERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2013
ANDRÉIA NASCIMENTO DA CONCEIÇÃO 
 
 
 
 
ADMINISTRAR A PRESERVAÇÃO: UM DESAFIO PARA ALCANÇAR A 
CONSERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Escola de Biblioteconomia 
da Universidade Federal do Estado do Rio 
de Janeiro, como requisito parcial para a 
obtenção do grau de Bacharel em 
Biblioteconomia. 
Orientadora: Profa. MSc. Marília Amaral 
Mendes Alves 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2013
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C744a CONCEIÇÃO, Andréia Nascimento da. 
 Administrar a preservação: um desafio para alcançar a 
conservação de acervos bibliográficos / Andréia Nascimento 
da Conceição. – Rio de Janeiro : [s.n], 2013. 
 88 f. : il. color. ; 30 cm. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado – 
Biblioteconomia)– Universidade Federal do Estado do Rio de 
Janeiro, Centro de Ciências Humanas e Sociais. 
Orientadora: Marília Amaral Mendes Alves, MSc. 
 
1. Política de preservação. 2. Administração da 
preservação. 3. Acervo bibliográfico. 4. Gestão de acervo. 
5. Acesso à informação. I. Alves, Marília Amaral Mendes. 
II. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. 
Bacharelado em Biblioteconomia. III. Título. 
 
 CDD 025.84 
 
 
 
ANDRÉIA NASCIMENTO DA CONCEIÇÃO 
 
 
ADMINISTRAR A APRESERVAÇÃO: UM DESAFIO PARA ALCANÇAR A 
CONSERVAÇÃO DE ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Escola de Biblioteconomia 
da Universidade Federal do Estado do Rio 
de Janeiro, como requisito parcial para a 
obtenção do grau de Bacharel em 
Biblioteconomia. 
 
 
Aprovada em: 15 de agosto de 2013. 
 
 
_________________________________________________ 
Profa.: MSc. Marília Amaral Mendes Alves (Orientadora) 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
_________________________________________________ 
Profa.: DSc. Suzete Moeda Mattos 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
_________________________________________________ 
Prof.: MSc. Fabiano Cataldo de Azevedo 
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho de conclusão do 
curso de graduação ao meu Deus 
soberano criador do céu, da terra e meu 
Senhor. Que me direcionou, sustentou, 
protegeu e me manteve em pé em meio 
às dificuldades vivenciadas durante todo o 
percurso da minha formação, sem a Sua 
ajuda eu não teria concluído a minha 
graduação. Obrigada Deus pelo Seu amor 
e cuidado dispensado sobre minha vida. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar agradeço a Deus, pois sem Ele não seria possível realizar 
meu grande sonho: a formação superior. Sou eternamente grata a Ti Senhor por 
essa oportunidade. 
Ao meu marido Paulo que vivenciou comigo todas as dificuldades e 
conquistas durante todo o meu processo de formação. 
A minha querida orientadora Professora Msc. Marília Amaral, que em meio a 
tantos alunos para tender me ajudou na execução deste trabalho final. Obrigada 
professora Marília por toda sua ajuda, apoio e compreensão, sua ajuda foi muito 
importante para mim. 
Faço um agradecimento especial a todos meus professores do curso de 
graduação da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio 
de Janeiro pelos valiosos ensinamentos durante todo o meu percurso de formação. 
Eu os admiro e respeito. 
Em particular agradeço a professora MSc. Ana Virginia Teixeira da Paz 
Pinheiro e ao Prof. Msc. Fabiano de Azevedo Cataldo por indicação de bibliografias. 
Professor Fabiano suas aulas foi uma verdadeira inspiração para execução do meu 
trabalho. 
A todas as pessoas que me ajudaram, direta ou indiretamente, na execução 
deste trabalho em especial agradeço: 
É com muito carinho e consideração que agradeço a professora Drnd. 
Marianna Zattar Barra Ribeiro pela revisão e correção da formatação do meu 
Trabalho de Conclusão de Curso. 
Agradeço enormemente a gentileza da Bárbara Mello Guimarães, funcionária 
da Biblioteca Central da UNIRIO, pela revisão e correção de todo o texto do meu 
Trabalho de Conclusão de Curso. 
A Elizabeth Supeleto pelo carinho e disposição em fazer a tradução do 
resumo. 
À equipe de conservação da Biblioteca Rodolfo Garcia da Academia Brasileira 
de Letras, os bibliotecários Julio e Renato Ramos, as técnicas de restauração Luíza 
e Mary obrigada por me receberem tão carinhosamente e disponibilizarem tempo 
para me atender. 
 
 
À equipe de conservação da Biblioteca de Ciências Biomédicas do ICICT 
FIOCRUZ, em especial a gentileza da bibliotecária chefe Marilene Fragas e do 
bibliotecário restaurador Marcelo Lima que abriram as portas dos laboratórios e dos 
armazéns para me atender e mostrar os processos de conservação e restauração. 
À equipe de conservação do Museu de Astronomia e Ciências Afins, em 
particular à Ozana Hannesch, que em meio aos seus compromissos me recebeu e 
me concedeu uma parte do seu tempo para me atender tão carinhosamente. 
Muito obrigada pela valiosa contribuição que vocês me deram para a 
realização do meu Trabalho de Conclusão de Curso. 
Por último e não menos importante agradeço aos meus familiares, parentes, 
amigas e amigos pela torcida, apoio e incentivo nos meus momentos mais difíceis. 
Agora temos mais um motivo para comemorar. Agradeço a Deus pela vida de cada 
um. Amo vocês. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“‘Todas as decisões tomadas pelo 
administrador da coleção, a partir da 
aquisição de uma obra, fazem parte do 
processo de deterioração física daquela 
obra’. Assim sendo, em cada estágio do 
processo de incorporação: tratamento 
técnico, depósito, liberação para consulta, 
manutenção e eventual exclusão do 
acervo, todo o pessoal da biblioteca, e em 
especial, aqueles diretamente envolvidos 
no planejamento e administração da 
coleção, devem ter em mente as 
implicações que suas decisões e seus 
atos podem acarretar para a preservação 
das obras.” (OGDEN, 2001, p. 18). 
 
 
 
RESUMO 
 
Instituições como bibliotecas, arquivos e museus possuem em seus acervos 
materiais bibliográficos cuja constituição é orgânica. Os maiores objetivos destas 
instituições é preservar e dar acesso aos itens do acervo. A preservação é feita por 
meio da conservação, restauração e reformatação. A preservação é um conjunto de 
medidas necessárias para a manutenção de documentos bibliográficos ou objetos, 
englobando a gestão financeira e de pessoal, gestão de armazenamento, 
desenvolvimento de políticas, técnicas e métodos de preservação para itens 
bibliográficos. A escolha do tema se deu pela importância que representa no 
gerenciamento e preservação de acervos bibliográficos. O objetivo do estudo é 
apresentar as etapas do planejamento de uma política de preservação, ponderar 
sobre o processoda administração da preservação e sua importância e identificar as 
ações globais do cotidiano por meio de entrevistas e visitas a bibliotecas 
especializadas. Verificou-se que para atingir conservação de acervos bibliográficos e 
dar acesso livre aos mesmos é necessário administrar a preservação de forma 
eficiente e eficaz, tanto dos recursos financeiros quanto humanos e os 
procedimentos de conservação, restauração e reformatação. 
 
Palavras-chave: Política de preservação. Administração da preservação. Acervo 
bibliográfico. Gestão de acervo. Acesso à informação. 
 
 
ABSTRACT 
 
Institutions such as libraries, public records and museums have in their collections 
bibliographic materials whose constitution is organic. The major objectives of these 
institutions are to preserve and provide access to items of the total access. The 
preservation is made through the conservation, restoration and reformatting. The 
preservation is a set of necessary measures for the maintenance of bibliographical 
documents or objects, encompassing the financial and personnel management, 
storage management, policy development, techniques and methods of preservation 
for bibliographic items. The choice of the theme was done because of the importance 
that it represents in the management and preservation of library collections. The 
objective of this study is to present the steps of the planning of a preserving policy, to 
ponder over the administration process of preservation and its importance and 
identify the global actions of daily life by means of interviews and visits to specialized 
libraries. It was found that to achieve conservation of bibliographic collections and 
give access it is necessary to manage the preservation efficiently and effectively, 
both of human and financial resources as the procedures for the conservation, 
restoration and reformatting. 
 
Keywords: Conservation policy. Administration of preservation. Bibliographic 
collection. Total access management. Access to information. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 Guarda-chuva protetor.............................................................................. 40 
Figura 2 O processo de planejamento..................................................................... 43 
Figura 3 Mesa/estante para livros acorrentados......................................................53 
Figura 4 Códices e incunábulos acorrentados.........................................................54 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 A conservação por meio da adequação de edifícios............................... 45 
Tabela 2 A conservação por meio do controle do ambiente.................................. 46 
Tabela 3 A conservação por meio do gerenciamento de coleções........................ 47 
Tabela 4 Observações nos edifícios nas bibliotecas visitadas................................59 
Tabela 5 Observações nos ambientes nas bibliotecas visitadas............................62 
Tabela 6 Observações sobre o gerenciamento de coleções nas bibliotecas 
visitadas.....................................................................................................64 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ABL Academia Brasileira de Letras 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
BCB Biblioteca de Ciências Biomédicas 
BRG Biblioteca Rodolfo Garcia 
COP Coordenadoria de Preservação 
FBN Fundação Biblioteca Nacional 
FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz 
Lacopd Laboratório de Conservação Preventiva de Documentos 
MAST Museu de Astronomia e Ciências Afins 
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO................................................................................................14 
2 O ACERVO BIBLIOGRÁFICO.......................................................................15 
2.1 O livro e a biblioteca.....................................................................................15 
2.2 O papel...........................................................................................................17 
3 PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO.............................19 
3.1 Conceitos básicos........................................................................................19 
3.1.1 Preservação....................................................................................................19 
3.1.2 Conservação...................................................................................................21 
3.1.3 Restauração....................................................................................................22 
3.2 Histórico da preservação.............................................................................24 
3.3 Conservar: O quê? Por quê? Como?..........................................................27 
3.3.1 O que conservar.............................................................................................27 
3.3.2 Por que conservar...........................................................................................28 
3.3.3 Como conservar..............................................................................................29 
4 POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO: PLANEJAMENTO E 
ADMINISTRAÇÃO.........................................................................................31 
4.1 Planejamento para preservação..................................................................35 
4.2 Administração da preservação....................................................................44 
5 A IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS PRESERVACIONAISTAS....................50 
6 ESTUDOS DE CASO.....................................................................................56 
6.1 Biblioteca Rodolfo Garcia............................................................................56 
6.2 Biblioteca de Ciências Biomédicas.............................................................57 
6.3 Biblioteca do Museu de Astronomia e Ciências Afins..............................57 
7 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................58 
7.1 Quanto aos edifícios.....................................................................................58 
7.2 Quanto ao meio ambiente............................................................................60 
7.3 Quanto ao acervo..........................................................................................63 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................66 
 REFERÊNCIAS..............................................................................................67 
 GLOSSÁRIO..................................................................................................74 
 ANEXO A – FORMULÁRIO PARA LEVANTAMENTO DE AMOSTRA........77 
 
 
 ANEXO B – FICHA: DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO..........................78 
 ANEXO C – FICHA: DIAGNÓSTICOS DO ACERVO E ESPAÇO FÍSICO...80 
 ANEXO D – FICHA: DIAGNÓSTICO DO ACERVO FOTOGRÁFICO...........82 
 ANEXO E – QUADRO COM LIMITES DE PROTEÇÃO DO EDIFÍFIO.........84 
 ANEXO F – FLUXO DE TRABALHO DA BRG.............................................85 
 ANEXO G – QUESTIONÁRIO.......................................................................86 
 ANEXO H – DICAS DE PRESERVAÇÃO: REGISTROS EM PAPEL..........87 
 
14 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Bibliotecas, arquivos, museus e centros de documentação são instituições 
que têm como principal missão adquirir, processar, salvaguardar, dar acesso e 
preservar a produção intelectual, seja de uma instituição, uma nação ou de um 
cidadão. Mas desde o século passado documentos têm sido perdidos, muitos em 
sua totalidade, por falta de uma política de preservação. Às vezes não se executa a 
preservação por falta de recursos financeiros, mas de acordo com alguns 
especialistas, na maioria das vezes é porfalta da capacitação técnica do 
responsável pelo acervo e do pessoal que trabalha diretamente com ele, visto que 
algumas medidas de preservação não precisam de muitos recursos financeiros. 
Por ser um tema muito complexo, muitos preferem nem entrar nesse mérito, 
concebendo a ideia de que não conseguirão alcançar tal feito. A importância de que 
deve ser dada à política de preservação é devido à falta de perenidade existente nos 
itens que formam os acervos bibliográficos. O que faz necessário ter maior atenção 
nas condições ambientais de armazenamento, na gestão do acervo e 
manuseamento dos itens. 
O objetivo geral deste trabalho é identificar o planejamento e a administração 
da preservação de acervos bibliográficos, observando-se a Biblioteca Rodolfo 
Garcia, Biblioteca de Ciências Biomédicas e a Biblioteca do MAST. 
Os objetivos específicos são apresentar as etapas do planejamento de uma 
política de preservação, ponderar sobre o processo sua administração e a 
importância de sua prática em acervos bibliográficos, além de identificar as ações 
globais do cotidiano e as intervenções direcionadas a determinados aspectos de 
conservação nas instituições visitadas. 
Inicialmente apresenta-se um breve histórico do papel, do livro e da biblioteca 
e os conceitos de preservação, conservação, restauração e reformatação. 
Para levantamento do referencial teórico, foram realizadas pesquisas a partir 
dos textos da coleção Conservação Preventivas em Bibliotecas e Arquivos, além 
disso, a presquisa foi complementada com buscas em bases de dados online e 
leitura de livros. 
A coleta de dados foi realizada por meio de questionário online ou entrevistas 
e visitas técnicas. 
15 
 
 
2 O ACERVO BIBLIOGRÁFICO 
 
O acervo bibliográfico se constitui pela “totalidade dos documentos 
conservados [...] de uma biblioteca, arquivo ou centro de documentação” (SANTOS; 
RIBEIRO, 2003, p. 10). Faria e Pericão (2008, p. 30) designam acervo bibliográfico 
como o “conjunto de livros, folhetos, etc. que uma biblioteca possui para uso dos 
leitores”. 
As características físicas e químicas do acervo bibliográfico o tornam peculiar 
quanto a sua durabilidade. A fragilidade existente neste tipo de suporte o deixa 
vulnerável, o que limita a vida útil quando não são acondicionados de forma 
adequada. 
 
2.1 O livro e a biblioteca 
 
A necessidade de comunicação foi alavanca principal para a origem da 
escrita. “Uma escrita é feita de signos. Ela é também uma inscrição: é uma marca 
deixada num suporte que se pode conservar” (HAGÈGE, 1985 apud GOMES, 2000, 
p. 11). Com origem nas paredes das cavernas, os símbolos de comunicação e os 
suportes foram evoluindo ao longo dos séculos, com evolução específica em cada 
civilização. 
 
Através dos vários tipos de suportes para a escrita como rochas, 
ossos, placas de bronze, tabuletas de argila ou cera, peças de linho, 
seda, couro, folhas de árvores, madeira, papiro, papel, [...] e outros, o 
homem tem registrado sua vida, seus costumes e deixado sua 
herança cultural (GOMES, 2000, p. 13). 
 
De acordo com Caldeira (2002), o livro existe aproximadamente há seis mil 
anos. 
 
Os sumérios guardavam suas informações em tijolo de barro. Os 
indianos faziam seus livros em folhas de palmeiras. Os maias e os 
astecas, antes do descobrimento das Américas, escreviam os livros 
em um material macio existente entre a casca das árvores e a 
madeira. Os romanos escreviam em tábuas de madeira cobertas 
com cera. Os egípcios desenvolveram a tecnologia do papiro, uma 
planta encontrada às margens do rio Nilo, suas fibras unidas em tiras 
16 
 
 
serviam como superfície resistente para a escrita hieróglifa 
(CALDEIRA, 2002). 
 
Em busca do material apropriado para escrever aliado com demanda da 
sociedade, o papel “assumiu preponderância absoluta a partir de Gutenberg” 
(OLIVEIRA, 1989, p. 188) atendendo ao grande consumo de papel para a fabricação 
de livros. 
A manufatura inicial do papel era feito com trapos de tecido e posteriormente 
passou a utilizar-se de poupa de madeira, visando à produção em larga escala. A 
grande produção de livros acarretou ao aumento considerado de bibliotecas em 
todas as sociedades. 
A palavra biblioteca é sinônima de “coleção pública ou privada de livros ou 
documentos congêneres, organizada para estudo, leitura e consulta” (FERREIRA, 
1989, p. 253), além de ser um local de guarda e organização dos suportes 
informacionais, a biblioteca tem um cunho preservacionista dos suportes para 
garantir basicamente a perpetuação das idéias, costumes, da cultura e do 
conhecimento. 
Antigamente as “obras mais valiosas [...] eram [colocadas] em bibliotecas” 
(CASTRO, 2008, p. 15) para preservá-las. As bibliotecas dessa época eram caixas. 
Com origem grega, biblioteca significa “biblión (livros) + teke (caixa, cofre, armazém 
ou depósito), denotando, consequentemente, a custódia do material” (CASTRO, 
2008, p. 15). 
Atualmente “compreende-se biblioteca, [...] em seu sentido mais amplo, como 
instituição voltada à reunião (real ou ciberespacial), organização e disseminação do 
conhecimento registrado” (MEY; SILVEIRA, 2009, p.1, grifo do autor). 
Entretanto 
 
as bibliotecas são anteriores aos livros e até aos manuscritos [...] as 
bibliotecas medievais são, na realidade, simples prolongamento das 
bibliotecas antigas, tanto na composição, quanto na organização, na 
natureza, no funcionamento [...]. mais diferença existe, 
materialmente, na própria Antiguidade, entre as bibliotecas ‘minerais’, 
compostas de tabletas de argila, e as bibliotecas ‘vegetais’ e 
‘animais’, construídas de rolos de papiro ou de pergaminho do que 
entre estas últimas e os grandes depósitos de volumen na idade 
média (MARTINS, 1996, p. 71, grifo do autor). 
 
17 
 
 
Assim, o que caracteriza as bibliotecas da Antiguidade é a sua 
constituição com tabletas de argila ou posteriormente, com rolos de 
papiro e pergaminho: o manuscrito se mantém até ao ano 300, mais 
ou menos aparecendo o codex por volta do século IV. A partir de 
1470, isto é, já no século XV, começam a aparecer o que 
chamaríamos de formatos modernos, isto é, livros modernos, com a 
folha dobrada, da mesma forma por que aparecem as primeiras 
margens (MARTINS, 1996, p. 80, grifo do autor). 
 
2.2 O papel 
 
De acordo com Rickman e Ball (2005), o papel foi inventado na China no 
século II D.C., “mas foi preciso esperar o século XII para que a confecção de papel 
chegasse à Europa, [...]. Em meados do século XV, a invenção da imprensa 
alimentou uma nova e enorme demanda” (p. 103) de produção de papel. 
Já Motta e Salgado (1971, p. 20), corroboram que “o primeiro papel conhecido 
data de 105 D.C., sendo provável a sua existência em período anterior”, pois há 
referências de Ts’ai Lun produzindo papel no século primeiro. Apesar da resistência 
inicial, o papel consegue entrar e se estabelecer “no mundo inteligente” (MOTTA; 
SALGADO, 1971, p. 23). 
 
O desejo do Homem em expressar o poder da palavra sob a forma 
de texto, levou-o a descobrir vários tipos de materiais de escrita, de 
modo a alcançar o seu objectivo (sic). Quase todos os processos e 
materiais relativos à escrita como a impressão, o fabrico de papel, o 
velino, o pergaminho, a caneta e a tinta, bem como a arte da 
encadernação, tiveram origem nos países da Ásia e do Norte de 
África (TEIJGELER, 2007, p. 71). 
 
O papel como suporte da escrita é de soberana importância para o 
desenvolvimento e sobrevivência da humanidade e para a transmissão da produção 
intelectual às gerações atuais e futuras. Independentemente do seu uso, seja para 
fins nobres ou humildes, o papel está presente em quase todas as ações da vida 
cotidiana, e diferentes faixas etárias e classes sociais o utilizam diariamente. 
Desde o seu surgimento até os dias atuais somam-sequase dois mil anos 
(SPINELLI JÚNIOR, 1997). Sua origem de processamento dá-se “a partir da 
maceração de restos de tecidos de algodão utilizados para diversos fins, até que 
ficassem reduzidos a uma massa de fibras, misturada à água e em seguida 
despejada sobre uma malha feita de bambu” (SPINELLI JÚNIOR, 1997, p. 13). 
18 
 
 
A malha era feita para obter a drenagem da água, e após as fibras dos 
tecidos repousava sobre a malha de forma entrelaçadas formando uma fina camada 
de papel. Mesmo com toda tecnologia que existe para a fabricação de papel “este 
processo básico [...] permanece intacto até os dias de hoje” (SPINELLI JÚNIOR, 
1997, p. 13). Os papéis mais fortes e duráveis são obtidos a partir das fibras longas 
de linho, algodão ou cânhamo (RICKMAN; BALL, 2005, p. 103). 
Entretanto a vida útil do papel é limitada, e por causa desta característica 
inerente ao suporte do papel, tem-se dado grande importância aos processos de 
preservação. Devido à falta de perenidade do papel, que o define como uma matéria 
orgânica e o caracteriza com uma vida útil restringida, faz-se necessário utilizar os 
recursos da conservação para preservar a forma física e o conteúdo intelectual que 
se encontra nos documentos que o utilizam o papel como suporte. 
Em 2007 Teijgeler (p. 27) afirma que “só há cerca de 30 anos é que o mundo 
da conservação do papel e do livro ganhou visibilidade”. 
19 
 
 
3 PRESERVAÇÃO, CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO 
 
Preservar, conservar ou restaurar? Quais são as diferenças e semelhanças 
fundamentais na visão dos principais teóricos da área? A seguir, são apresentados 
alguns conceitos de cada termo para melhor entendimento da função da 
preservação, da conservação e da restauração. 
 
3.1 Conceitos básicos 
 
De acordo com Hannesch (2011, p. 5), a preservação, a conservação e a 
restauração estão inseridas em “uma ciência que ainda está em formação” e estes 
“termos preservação, conservação e restauração em língua anglófona ou 
francófona, bem como a latina, ainda têm divergências no uso, o que muitas vezes 
corrobora para a dificuldade de entendimento”. 
Para esclarecimentos destes conceitos, são apresentados abaixo algumas 
definições, pois “[...] na linguagem de especialistas [...] estes termos têm usos 
próprios e seus significados vêm sendo ampliados, reduzidos e reinterpretados à 
medida que se dá o desenvolvimento da disciplina conservação” (HANNESCH, 
2011, p. 3). 
 
Hoje, preservação é uma palavra que envolve inúmeras políticas e 
opções de ação, incluindo tratamento de conservação. Preservação 
é a aquisição, organização e distribuição de recursos, a fim de 
impedir posterior deterioração ou renovar a possibilidade de 
utilização de um seleto grupo de materiais (CONWAY, 1996, p. 6 
apud SILVA, 1998). 
 
3.1.1 Preservação 
 
Em sua explanação inicial na Conferência de 1884, Boito (2008), faz uma 
chamada aos presentes para que reflitam sobre pessoas que, no passado, 
contribuíram com grandes construções e belas obras de artes. E por causa de todo 
legado deixado por grandes nomes, Boito destaca a importância da preservação dos 
bens culturais para a posteridade. 
20 
 
 
Preservação é a “função de providenciar cuidados adequados à proteção e 
manutenção do acervo bibliográfico e documental de qualquer espécie, com vista a 
manter sua forma original” (FARIA; PERICÃO, 2008, p. 594), ou seja, é um conjunto 
de medidas necessárias para a manutenção de documentos bibliográficos ou 
objetos. A preservação tem o objetivo de manter a integridade física e o conteúdo 
intelectual inserido no suporte de papel. 
As ações para preservação são, 
 
Todas as considerações gerenciais, financeiras e técnicas aplicadas 
a retardar a deterioração, que previnem danos e prolongam a vida 
útil de materiais e objetos de acervos, para assegurar sua contínua 
disponibilidade. Essas considerações incluem monitoramento e 
controle apropriado de condições ambientais; provisão adequada de 
armazenamento e proteção física; estabelecimento de políticas para 
exposições e empréstimos e procedimentos adequados de 
manuseio; provisão de tratamento de conservação, planos de 
emergência e produção e uso de reproduções (RESOURCE, [2004], 
p. 40-41). 
 
Preservar é “conservar, resguardar, defender” (FARIA; PERICÃO, 2008, p. 
594). Para Hannesch (2011, p. 3), preservar “é um termo genérico usado para 
designar um conjunto de ações necessárias para salvaguardar [...] as informações 
do documento ou acervo”. O ato de preservar engloba o planejamento de todas as 
ações necessárias para executar a conservação, ou seja, existem diferentes formas 
e meios de realizar a preservação, seja pela conservação, pela restauração ou pela 
reformatação. O principal objetivo da preservação é conservar o item para não 
precisar restaurar, mas às vezes nem sempre é possível. 
A preservação pode ser fundamentada por diferentes meios, através da 
“legislação; seleção e aquisição; identificação, organização e documentação; 
conservação; contextualização e pesquisa; disseminação acesso e uso; reprodução 
ou reformatação;” e “exposição” (HANNESCH, 2011, p. 3). 
 
A preservação pode ser entendida como o agrupamento de três tipos 
principais de atividade. O primeiro tipo concentra-se nos ambientes 
de biblioteca e nas maneiras de torná-los mais apropriados a seus 
conteúdos. O segundo incorpora esforços para estender a vida física 
de documentos através de métodos como desacidificação, 
restauração e encadernação. O terceiro tipo envolve a transferência 
e de conteúdo intelectual ou informativo de um formato ou matriz 
para outro (HAZEN, 2001, p. 8). 
21 
 
 
A preservação 
 
abrange todas as áreas de gestão e financeira, incluindo 
aprovisionamento e armazenamento, recursos humanos, políticas 
técnicas e métodos envolvidos na preservação de materiais de 
bibliotecas e arquivos e a informação neles contidos (IFLA, 2004, p. 
14). 
 
E também, 
 
Engloba todos os aspectos financeiros e de gestão incluindo a 
armazenagem em todos os seus aspectos, questão de pessoal, 
política, técnicas e métodos envolvidos na preservação de espécies 
bibliográficas e a informação que elas contenham (DUREAU; 
CLEMENTS, 1992, p. 2). 
 
É nesse contexto de significado que o trabalho de transcorrerá. 
 
3.1.2 Conservação 
 
Boito (KÜHL, 2008, p. 22-23) insistiu “que a conservação é, muitas vezes, a 
única coisa a se fazer, além de ser obrigação de todos, da sociedade e do governo, 
tomar as providências necessárias à sobrevivência do bem”. 
Para realizar a conservação é preciso ser um profissional capacitado, pois 
utiliza-se “técnicas de intervenção aplicadas aos aspectos físicos de objetos de 
museus, arquivos e bibliotecas com o intuito de se obter estabilidade química e 
física, de maneira a prolongar sua vida útil e assegurar sua disponibilidade contínua” 
(RESOURCE, [2004], p. 37). Segundo Faria e Pericão (2008, p. 192), esse conjunto 
de técnicas tem como finalidade preservar o objeto através de materiais de boa 
qualidade. 
Os materiais e produtos utilizados para realizar a conservação, normalmente, 
são produtos caros, e somente um profissional qualificado saberá aplicá-los de 
forma correta e sem provocar desperdícios na realização da preservação de um 
determinado acervo, evitando que o procedimento de conservação seja ainda mais 
oneroso para a instituição ou danoso para o item. 
 
22 
 
 
Conservar pode ser “uma ação direta ou indireta aplicada sobre um 
documento ou acervo com o objetivo de minimizar e retardar a deterioração do 
suporte e, consequentemente, de sua informação” (HANNESCH, 2011, p. 3). A ação 
de conservação indireta trabalha com o controle e monitoramento do ambiente que o 
acervo está inserido, fazendo as modificações necessárias para a boa conservação 
do acervo como umtodo. A ação direta é a conservação de um item do acervo, isto 
é, uma intervenção feita no suporte, seja a limpeza com trincha, a colagem de uma 
parte faltante de um documento até sua restauração física e estética. 
A conservação engloba a “guarda e exposição apropriadas; prevenção dos 
danos de utilização; prevenção dos sinistros ou catástrofes; monitoramento e 
controle do estado de conservação do documento ou acervo;” e “intervenção direta 
no documento” (HANNESCH, 2011, p. 3). 
Conservação é a reunião de 
 
práticas específicas implementadas para reduzir a velocidade de 
deterioração e prolongar a vida útil de um objeto intervindo 
diretamente na sua constituição física ou química. Alguns exemplos 
poderiam ser a reparação de encadernações danificadas ou a 
desacidificação do papel (IFLA, 2004, p. 12). 
 
A conservação preventiva tem o foco principal na coleção como um todo e é a 
aplicação de um “conjunto de medidas que visam o bom estado das coleções 
bibliográficas e documentais” (FARIA; PERICÃO, 2008, p. 192). 
 
3.1.3 Restauração 
 
O momento em que a restauração começou a se estabelecer como ciência foi 
a partir do Renascimento, quando floresceu um grande interesse pelas construções 
antigas. Kühl (2006, p. 10) afirma que “as noções ligadas ao restauro foram 
definindo-se e esse movimento acentuou-se com grandes transformações que 
ocorrem na Europa no século XVII”. 
Para Viollet-le-Duc, o ato de restaurar é o reestabelecimento “em um estado 
completo que pode não ter existido nunca em um dado momento” (2006, p. 29), ou 
seja, não existe restauração exata de como era antes, mas uma reconstrução, uma 
23 
 
 
reprodução ou renovação do que era antes com materiais, recursos e tecnologias 
atuais. 
Castro (2008, p. 17, grifo do autor) diz que 
 
há registros de reparos em livros de pergaminho no período medieval 
que denotam uma atividade “restauradora”. Devido ao elevado custo, 
eram freqüentes (sic) as atividades de religamentos, costuras em 
pergaminhos frágeis e enxertos em zonas perdidas. Muitas vezes, 
tais atividades eram realizadas nos scriptorium, locais em que os 
copistas e iluminadores criavam os códices manuscritos. 
 
A noção de restauro como ciência “amadureceu gradualmente no período que 
se estendeu dos séculos XV ao XVIII” (KÜHL, 2008, p. 15), estabelecendo as teorias 
sobre restauração como, 
 
o respeito pela matéria original, à ideia de reversibilidade e 
distinguibilidade, a importância da documentação e de uma 
metodologia científica, o interesse por aspectos conservativos e de 
mínima intervenção, a noção de ruptura entre o passado e presente 
(KÜHL, 2008, p. 15-16). 
 
Fundamentando-se como ações culturais, outros acontecimento hitóricos 
estão inseridos neste processo de mudança cultural, outros acontecimentos 
históricos como “o Iluminismo, as reações às destruições maciças posteriores à 
Revolução Francesa, as profundas e aceleradas transformações geradas pela 
Revolução Industrial na Grã-Bretanha” (KÜHL, 2008, p. 16). Todos esses 
movimentos culminaram na ruptura com o passado e se inicia-se uma nova forma de 
discutir a conservação e a restauração. Todo esse processo foi consolidado no 
século XIX pelos trabalhos dos principais teóricos e restauradores da época, como 
Eugène Emmanuel Viollet-le-Duc, Jonh Ruskin, Willian Morris, Raffaele Stern, 
Guiseppe Valadier (KÜHL, 2008). Eles formularam teorias e compartilharam suas 
experiências de intervenções, e a partir daí criaram-se várias vertentes, dando 
grande contribuição para a conservação preventiva. 
No século XIX, Camilo Boito se destaca como um grande restaurador e 
teórico. Ele se posicionava de forma “moderada e intermediária entre Viollet-le-Duc, 
cujos preceitos seguiu durante certo tempo, e Ruskin, sintetizando e elaborando 
24 
 
 
princípios que se encontraram na base da teoria contemporânea de restauração” 
(KÜHL, 2008, p. 9). 
Como teórico Boito contribuiu significativamente para a construção de uma 
linguagem artística da época através da “análise de seus princípios de composição 
para alcançar a verdade em relação a formas, materiais e função, lançando 
fundamentos para uma nova arquitetura” (KÜHL, 2008, p. 12-13). 
Como restaurador Boito (KÜHL, 2008, p. 13) “fundamentou seu trabalho em 
análises profundas da obra”, fazendo uso de desenhos e fotografias. Ele examinava 
todos os detalhes de uma construção, inclusive os detalhes da parte ornamental, e a 
partir da análise ele definia o projeto com as intervenções que iriam ser executadas. 
O principal objetivo da restauração é devolver a capacidade funcional, por 
meio de restituição da integridade física ou estética de um objeto ou documento. É 
por meio de “tratamentos químicos; consolidação física;” e “recomposição estética” 
(HANNECH, 2011, p. 4) que realiza-se a restauração. 
Restauros são “procedimentos que visam à recuperação de um estado 
conhecido ou presumido de materiais ou objetos, normalmente com a adição de 
material não-original” (RESOURCE, [2004], p. 41). Restauro “diz respeito às técnicas 
e critérios utilizados pelo pessoal técnico envolvido no processo de tratamento de 
espécies bibliográficas, deterioradas pelo tempo, uso ou outros factores (sic)” 
(DUREAU; CLEMENTS, 1992, p. 2). 
 
3.2 Histórico da preservação 
 
De acordo com alguns teóricos da preservação, Paul Otlet foi o primeiro a 
trabalhar com o conceito de preservação e acesso (BECK, 2006). Mas “somente 
com o advento da Sociedade da Informação este conceito é consolidado associado 
ao acesso” (BECK, 2006, p. 1) por meio do documento da UNESCO, onde destaca 
que “o acesso permanente é o objetivo da preservação” (MEMÓRIA DO MUNDO, 
2002, p. 21). 
Cabral (2002, p. 15, grifo do autor) complementa essa ideia quando afirma 
que 
 
25 
 
 
a preservação é, de certa forma, uma matéria nova no amplo leque 
das disciplinas que constituem o corpus da biblioteconomia e da 
arquivística. Sempre houve a percepção de que era indispensável 
zelar pelas coleções de documentos, mas uma intervenção 
sistemática e estruturada constitui uma atitude bastante recente. 
 
Nassif (1992, p. 17-18) destaca que em 1897 problemas relacionados com a 
conservação 
 
eram apontados e discutidos pela Library of Congress. Entretanto, 
preservação de documentos era ainda um assunto bastante 
incipiente nos Estados Unidos e assim permaneceu durante mais 
alguns anos. [...] Dois eventos ocorridos nos Estados Unidos em 
1956, foram fundamentais para o desenvolvimento do moderno 
campo da preservação, colocando-o em evidência e tornando-o 
merecedor de sérias atenções por parte de profissionais. O primeiro 
foi a publicação, em janeiro daquele ano, de um número da revista 
“Library Trends” intitulado “Conservation of Library MateriaIs”. Na 
introdução dessa publicação, [...] ressalta a necessidade de não se 
restringirem a preservação e a conservação à proteção de coleções 
de pesquisa e de materiais raros, observando que elas representam 
áreas de interesse imediato para bibliotecários que trabalham nos 
mais diversos tipos de bibliotecas e que lidam com diferentes 
categorias de documentos. O segundo acontecimento importante foi 
o estabelecimento do Council of Library Resources (CLR), 
constituído pela Fundação Ford [...]. O CLR desde o começo 
reconheceu a preservação como um problema urgente e promoveu 
investigações básicas necessárias para seu desenvolvimento, 
desencadeando uma série de estudos mais aprofundados sobre o 
tema. 
 
De acordo com Ogden (2001), o marco onde se estabeleceu a preocupação 
da conservação do papel e a busca por medidas de prevenção se deu nos Estados 
Unidos, especificamente nos depósitos das bibliotecas de pesquisa, onde constatou 
o “crescente volume de papel acidificado em deterioração” (OGDEN, 2001, p. 20). A 
partir dessa constatação,tonou-se necessário desenvolver soluções focadas para o 
resgate desses materiais deteriorados e a pesquisa sobre como combater os danos 
da deterioração foi intensificada. 
Tanto os Estados Unidos quanto Inglaterra investiram esforços para 
solucionar os problemas inerentes à deterioração dos acervos bibliográficos 
(OGDEN, 2001), e essas ações foram impulsionadas em outras sociedades quando 
aconteceu a catástrofe na cidade de Florença em 1966. 
 
26 
 
 
Essa região sofreu uma enorme inundação, causando a perda de 
milhões de documentos, fato que chamou a atenção, a nível, 
internacional, da gravidade do problema de degradação de 
documentos devido à falta de planejamento e negligência no tocante 
à preservação de acervos raros e extremamente importantes 
(NASSIF, 1992, p. 20). 
 
“É inevitável que a lembrança mais forte seja do dano ao patrimônio artístico: 
milhares de volumes, incluindo manuscritos preciosos e raros impressos, foram 
cobertos com lama dentro da Biblioteca Nacional Central” (ABOUT..., 2013). 
A inundação de Florença provocou uma profunda reflexão sobre as práticas 
preservacionistas, tanto que após essa catástrofe, várias pesquisas sobre 
conservação preventiva foram realizadas em vários países, envolvendo várias 
instituições, com o intuito de subsidiá-las com recursos informacionais sobre a 
conservação preventiva de acervo bibliográfico em caso de desastres. 
 
Realmente foi um desastre o responsável pelo nascimento da 
moderna preservação de bibliotecas. Depois que o Rio de Arno 
inundou Florença em 1966, reconheceu-se que, embora a inundação 
provavelmente não pudesse ter sido prevenida, poderia ter sido 
evitado um dano considerável se tivessem sido empregadas medidas 
preventivas apropriadas. A inundação de Florença também 
demonstrou a vontade da comunidade internacional de conservação 
para responder às necessidades de um país. Conservadores vieram 
do mundo inteiro para Florença, para ajudar no processo de 
recuperação. Esta colaboração também resultou no desenvolvimento 
de novos tratamentos de conservação. (LYALL, 2000, p.1 apud 
BECK, 2006, p. 37-38). 
 
A trajetória brasileira no campo das ações preservacionistas é explicada por 
Fonseca (2005, Apud SPINELLI JÚNIOR, 2009, p. 47-48) através de um quadro 
cronológico, o qual é apontado em três momentos 
 
considerados marcantes no desenvolvimento e na evolução dessa 
política: o primeiro dito heróico – que se inicia nos anos 1930 com o 
anteprojeto da criação do Sphan e vai até 1967, com o término da 
gestão de Rodrigo Melo Franco de Andrade; o segundo – chamado 
intermediário, que se estende de 1967 a 1979, período em que o 
Sphan luta por adaptar-se às novas demandas políticas nacionais e 
internacionais, interagindo com instituições federais que já atuavam 
no campo da preservação; e, o terceiro momento – dito moderno, 
que se refere ao período da gestão de Aloísio Magalhães (1979-
1982). 
 
27 
 
 
Defendida em 2008 a dissertação de Aloísio Arnaldo Nunes de Castro, aborda 
mais profundamente a questão do desenvolvimento da preservação no âmbito 
nacional. 
Tanto historicamente quanto atualmente a ação de preservar é destacada por 
profissionais de diversas áreas como uma importante ação na conservação dos 
bens culturais. 
 
3.3 Conservar: o quê? Por quê? Como? 
 
É de responsabilidade do gestor da preservação estabelecer diretrizes para 
prolongar a vida útil do acervo como um todo, e também “esta prioridade se impõe 
no sentido de proteger os investimentos da instituição naquele material” (OGDEN, 
2001, p. 11). O gestor precisa saber “o método mais eficiente, relativo aos custos, de 
aumentar a longevidade: o de prevenir, na maior medida possível, sua deterioração” 
(OGDEN, 2001, p. 11). 
A preservação não é um método isolado, pois ela permeia todos os processos 
cotidianos de uma biblioteca. Como exemplo de interatividade, a preservação está 
ligada com a seleção, aquisição, processamento técnico, circulação, reprodução, 
pequenos reparos, entre outros. 
Trabalhar com a preservação em todas essas áreas, é necessário uma 
retomada de consciências e da responsabilidade de cada pessoa que trabalha 
diretamente com o acervo (OGDEN, 2001). “Assim, um programa de preservação 
não deve ser visto como um elemento novo, mas antes como um componente 
integral das operações e responsabilidades cotidianas da instituição” (OGDEN, 
2001, p. 12). 
 
3.3.1 O que conservar 
 
Quando se trata de preservação de acervo, especialmente os bibliográficos, 
arquivos, bibliotecas e museus precisam analisar a necessidade de conservação do 
acervo para estabelecer o que será preservado. É a partir desta análise que podem 
estabelecer as prioridades, visto que “nem todos os materiais da biblioteca exigirão 
uma atenção especial no sentido de precisarem de ser guardados em caixas ou 
28 
 
 
necessitarem de condições ambiente específicas” (IFLA, 2004, p. 26). Esse ponto de 
vista não exclui a coleção como um todo, pelo contrário, aplica-se à conservação da 
coleção de forma completa, focando no controle ambiental do acervo e do edifício e 
conforme as necessidades pontua-se os itens que precisam de atenção especial. 
O critério de prioridade estabelecido pela política de preservação irá definir o 
tipo de intervenção que será feito no acervo, seja de coleções gerais ou obras raras 
(CASSARES, 2000). 
Outra condição para que saiba o que será conservado, é o conhecimento 
profundo da coleção e da missão da instituição e “aprende-se a conhecer as 
coleções convivendo com elas; aprende-se a conhecer os autores, os livros, as 
temáticas, lidando diretamente com eles” (CABRAL, 2005, p. 12). E esse 
conhecimento do acervo não se dá “de noite para o dia” ou “em um estalar de 
dedos”, conhecer o acervo dá condições ao bibliotecário, afim de que faça novas 
aquisições, atenda a necessidade informacional dos usuários e da instituição, 
permita identificar os serviços que estão sendo feitos e aprimorá-los caso haja 
necessidade, e lhe dê condições para viabilizar e concretizar os serviços de 
conservação (CABRAL, 2005). 
A consciência da missão da instituição dará subsídios ao bibliotecário que 
priorize o que é mais importante para a memória da instituição. 
 
3.3.2 Por que conservar 
 
Uma gestão de simples acumulação de patrimônio prejudica tanto o 
patrimônio, quanto a instituição e os recursos, os utilizadores e os profissionais 
(CABRAL, 2005). Cabral (2005, p. 9) afirma que “uma autêntica preocupação pela 
preservação e conservação deverá pôr ponto final a essa atitude passiva”. Para esta 
autora, os problemas de conservação, encontrados nas instituições, são observados 
principalmente “pelos profissionais que neles trabalham”. 
Por que conservar um patrimônio de uma instituição? Como um documento 
ou objeto se ligou a determinada instituição? A resposta a essas perguntas parece 
óbvia. Mas geralmente não é. Definir que um documento ou objeto é patrimônio, 
estabelecer a sua ligação histórica com a instituição e buscar a contribuição deste 
item para o futuro da instituição, são questões básicas que precisam ser 
29 
 
 
circunscritas para a tomada de decisão para conservação. “Porque patrimônio é 
tudo: o novo, o velho ou o antigo. Os livros, os álbuns com selos, os discos de vinil, 
os DVD’s, os cartazes, os autocolantes ou revistas” (CABRAL, 2005, p. 13). Se um 
determinado item é identificado como patrimônio da instituição, será necessário 
salvaguardá-lo por causa da vulnerabilidade que os itens têm em sua constituição, 
que normalmente são orgânicos. 
Fonseca (1997 apud HOLLÓS, 2006, p. [27]) complementa o significado de 
patrimônio afirmando que é o “resultado de uma prática característica de Estados 
Modernos, que, através de determinados agentes e com base em instrumentos 
jurídicos próprios, delimitamum conjunto de bens de caráter público”. 
A valorização do acervo nos âmbitos institucional, histórico, intrínseco e 
associativo norteia todas as ações para preservação, além de fundamentar a 
existência do acervo (LINO; HANESCH; AZEVEDO, 2007). 
A preservação é feita para garantir o acesso aos documentos pela geração 
atual e futura, e também por vezes o fim da vida útil de um item, não pode ser 
substituído por outro, quando a verba é pouca e seria inviável financeiramente a 
substituição de cada item degradado, e existem obras que não podem ser adquiridas 
por não estarem mais disponíveis no mercado (IFLA, 2004). 
 
3.3.3 Como conservar 
 
A preservação é uma atividade complexa e onerosa, tanto para estabelecer 
uma política quanto à correta execução por parte do pessoal ligado diretamente ao 
acervo e muitas vezes quanto à falta do recurso financeiro. 
A preservação integra todo o funcionamento de uma biblioteca ou uma 
instituição, “o estabelecimento de políticas é tão essencial quanto à prática das 
tarefas relacionadas a tais atividades” (NASSIF, 1992, p. 42). 
A conservação se concretizará por meio do cumprimento da política 
estabelecida na instituição, a qual deverá conter as prioridades e a forma de 
execução. Todos os colaboradores de uma biblioteca são responsáveis pela 
conservação do acervo (IFLA, 2004). O bibliotecário responsável pela preservação 
delega, treina e capacita o pessoal para que saiba como aplicar as medidas de 
conservação. 
30 
 
 
Ao estancar os agentes de deterioração, as diretrizes atingem suas partes 
intrínsecas e extrínsecas. Os fatores intrínsecos “estão ligados diretamente aos 
elementos de composição do papel tais como, tipo de fibras, tipos de encolagem, 
resíduos químicos não eliminados e partículas metálicas” (LUCCAS; SERIPIERRI, 
1995, p. 18). E os fatores extrínsecos “estão ligados diretamente a agentes físicos e 
biológicos tais como radiação ultravioleta, temperatura, umidade, poluentes 
atmosféricos, microorganismos, insetos e roedores” (LUCCAS; SERIPIERRI, 1995, 
p. 18). 
31 
 
 
4 POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO: PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO 
 
A política de preservação é o instrumento mais importante para a 
conservação do acervo bibliográfico, pois ela abrange quase todas as ações de 
funcionamento da biblioteca. A elaboração da política de preservação é feita 
mediante o planejamento prévio, que envolve o diagnóstico do acervo, do ambiente 
e dos usos. Inserida no contexto gerencial, a política de preservação abrange o 
“processo decisório, na formulação de políticas, associadas aos processos de 
produção, aquisição e retenção, objetivando o acesso continuado” (BECK, 2006, p. 
8). 
Dentre os significados de política, destaca-se: “sistema de regras respeitantes 
à direção dos negócios públicos” (AURÉLIO, 1986, p. 1358). Na esfera 
biblioteconômica, a política de preservação interfere e se insere nas demais políticas 
da biblioteca, como na de seleção e aquisição, de processamento técnico, de 
acondicionamento, de desbaste e descarte, de uso e circulação, de segurança, de 
controle do ambiente, entre outras. 
 
A política de coleção baseia-se nos estatutos institucionais que 
mencionam os objetivos que as coleções têm que atingir. As 
prioridades de aquisição estabelecidas pela política de coleção 
ajudam a direcionar o trabalho de conservação nas partes mais 
importantes das coleções (OGDEN, 2001, p. 17). 
 
Para Castro (2008, p. 27), 
 
as primeiras medidas de sistematização de normas em conservação 
de acervos bibliográficos e documentais foram impulsionadas pelas 
comunidades religiosas e pelas universidades objetivando, assim, 
preservar suas coleções dos roubos e das degradações. 
 
A política de seleção é elaborada para a aquisição de novos itens, por meio 
de compras, permutas e doações. Ela definirá qual material será incluso no acervo, 
e no contexto da preservação, e deverá atender à missão da instituição e às 
necessidades dos usuários, evitando o desperdício com gastos de verbas, tempo de 
processamento dos itens pelos profissionais e a ocupação nas prateleiras. As 
políticas de seleção e de aquisição estão diretamente ligadas com a formação e 
desenvolvimento do acervo, por isso deve-se aplicar a devida atenção a essas 
32 
 
 
políticas para que ocorra uma boa formação do acervo e seu futuro 
desenvolvimento. 
Antes do processamento das doações é preciso examinar 
 
‘os dentes dos cavalos dados’, perguntando como a coleção foi 
armazenada e checando as suas condições atuais. Um administrador 
de acervos sábio examina previamente qualquer coleção com 
cuidado, buscando sinais de esfarelamento, capas soltas ou danos 
físicos, encadernações deterioradas, mofo e infestações por insetos. 
Termos de doação devem deixar claro que a biblioteca poderá optar 
por excluir obras do acervo, não só porque estão fora de sua área de 
interesse ou são duplicatas de obras já existentes, mas também 
porque os custos para sua restauração podem superar seu valor 
intelectual para a instituição (OGDEN, 2001, p. 17). 
 
O processamento técnico é a ação de analisar e descrever o conteúdo 
intelectual de um item de forma reduzida. O objetivo principal é facilitar a 
recuperação da informação, promovendo rapidez na busca, a disseminação e a 
preservação da informação e do item catalogado. 
A forma de acondicionamento contribuirá para a conservação ou deterioração 
da estrutura física do item. A adequação dos espaços entre as prateleiras permite o 
armazenamento correto do item, evitando danos na lombada, nos cortes e nas 
capas. 
A política de desbaste e descarte especificada pela instituição contribuirá para 
a otimização dos espaços do acervo, evitando o acúmulo de materiais 
desnecessários armazenados, sendo desbastados ou descartados os itens que não 
são mais usados pelos consulentes e também os que não dizem respeito à memória 
da instituição. 
O uso correto e o monitoramento da circulação dos itens contribuem de forma 
decisiva em sua conservação. As políticas de circulação “podem servir tanto para 
maximizar o uso de materiais de grande demanda quanto para proteger volumes 
frágeis do desgaste desnecessário” (HAZEN, 2001, p. 8). Uma estatística de uso 
corrente de uma biblioteca definirá a necessidade de um eventual reparo ou 
encadernação de itens muito utilizados. 
A política de segurança é as medidas estabelecidas para a proteção da vida 
humana (funcionários e usuários), do acervo (todos os itens que formam o acervo e 
os mobiliários) e do edifício. “O maior problema para a elaboração de um programa 
33 
 
 
de segurança está na forma de se analisar a sua abrangência, pois esse trabalho 
envolve áreas distintas que têm que se unir em torno de um único objetivo” 
(ROCHA, 2007, p. 99). Esta política evita desastres naturais e os provocados pelo 
homem. 
O controle do ambiente contribui diretamente para a preservação de todo o 
acervo. O ambiente controlado proporciona a preservação em várias esferas, como 
o biológico, a temperatura, umidade, poluição, luminosidade, fogo, água. 
 
Falando de modo coloquial, é como se os estatutos lhe dissessem 
para onde você está indo; a política de coleção lhe desse os detalhes 
de como chegar lá; e a política de preservação lhe assegurasse que 
pelo menos as partes mais valiosas da bagagem não cairão aos 
pedaços pela estrada (OGDEN, 2001, p. 17). 
 
Normalmente a adequação de um ambiente favorável à conservação torna-se 
oneroso, limitando às coleções especiais. Porém há “medidas e precauções 
rudimentares que podem melhorar as condições ambiente de uma biblioteca e 
proteger as coleções” (IFLA, 2004, p. 68). 
Eis alguns exemplos apresentado pelo autor: 
 
• Utilizar sistemas de calafetagem de portas e janelas para que o edifício 
fique bem protegido; 
• Assegurar-se de queas portas e janelas estão bem ajustadas; 
• Assegurar uma boa circulação de ar através de uso apropriado de 
ventiladores e janelas; 
• Utilizar desumidificadores e humidificadores, para reduzir ou aumentar a 
umidade relativa; 
• Utilizar sistemas de isolamento para corrigir os níveis de ganho ou a perda 
de calor; 
• Utilizar filtros de radiação ultravioleta nas janelas e iluminação flurescente; 
• Utilizar filtros, persianas, portadas (de preferência na parte exterior das 
janelas, porque reduzem o aumento de calor solar) e cortinas opacas, para 
evitar a luz solar directa (sic); 
• Providenciar para que as instalações de armazenagem sejam escuras; 
34 
 
 
• Garantir a limpeza do edifício para evitar a umidade durante as estações 
chuvosas. 
Se bem planejadas e abrangentes, as políticas de acervo fornecem um ponto 
de referência vital para a tomada de decisões sobre preservação (OGDEN, 2001, p. 
18). 
A política de preservação de acervos bibliográficos “aponta para o 
desenvolvimento e implantação de planos, programas e projetos para a elaboração 
de normas de amplo espectro” (HANNESCH, 2011, p. 8). E também: 
“Ao se conceber e implementar uma política de preservação, não se pode 
perder de vista o maior objetivo da Biblioteca que é informar e socializar o saber e, 
portanto, o seu acervo existe para ser utilizado” (LINO; HANESCH; AZEVEDO, 
2007, p. 66). 
É oportuno destacar que cada instituição precisa desenvolver uma política de 
preservação de acordo com a realidade, necessidade e as possibilidades vigentes, 
tanto de recursos financeiros quanto de recursos humanos devidamente 
capacitados. Na impossibilidade de uma instituição gerir um sistema de preservação, 
pode buscar convênios com outras instituições para a realização das tarefas de 
preservação cooperada do acervo. 
Zúñiga, (2002, p. 77) resume que um programa, projeto ou política de 
preservação é importante para a instituição, pois: 
 
• Atua de forma globalizante envolvendo todo o corpo institucional, que 
passa a agir de forma mais consciente graças ao conhecimento adquirido; 
• Atribuir responsabilidades na medida em que as decisões passam a ser 
tomadas coletivamente; 
• Possibilita que as prioridades sejam decididas em conjunto baseadas no 
entendimento de toda a problemática institucional; 
• Possibilita continuidade, mesmo que haja mudança de responsável pelo 
programa; 
• Racionaliza custos otimizando o orçamento. 
 
 
 
35 
 
 
4.1 Planejamento para preservação 
 
O planejamento da preservação é o “processo pelo qual a instituição 
determina suas necessidades de preservação; revê ações em curso; identifica 
recursos para implementação e desenvolve programa específico para ação em 
preservação” (ZÚÑIGA, 2012). Logo o planejamento é o elemento mais importante 
na organização de um programa de manutenção de acervos [...]. Embora o 
planejamento tome tempo e energia (GARLICK, 2001, p. 22). 
Ao planejar um programa ou uma política de preservação é preciso ter ciência 
de que “trata-se da distribuição dos recursos disponíveis entre as atividades e 
funções mais importantes, de acordo com a ordem de prioridade na missão de uma 
instituição” (GARLICK, 2001, p. 22). Pensar a metodologia da preservação como 
administração do acervo e do ambiente, desmitifica a ideia de que o processo é 
misterioso e de que necessita de uma formação na área da química para colocá-lo 
em prática (GARLICK, 2001). 
Pode-se aplicar uma metodologia padrão para planejar a preservação de um 
acervo bibliográfico. A padronização é feita por uma equipe para estabelecer as 
prioridades que precisam ser feitas, e para isso pode-se usar de alguns instrumentos 
especializados, como manuais ou softwares, que oferecem subsídios ao 
administrador da preservação e sua equipe para avaliar em que 
 
medida os acervos se encontram em situação de risco, por conta de 
vários fatores; que partes dos acervos têm maior valor permanente; a 
disponibilidade de recursos, em termos de tempo dos funcionários, 
da perícia técnica e recursos financeiros; e a viabilidade política de 
certas ações (GARLICK, 2001, p. 7). 
 
Essas avaliações evidenciam a dimensão dos danos que estão presentes nos 
acervos, identificam os agentes causadores da deterioração, as condições do 
ambiente em que o acervo está abrigado, e de acordo com a missão da instituição, 
saber o real valor do acervo. Na etapa de avaliação, é preciso atentar para o que os 
teóricos falam sobre a individualidade de cada instituição e a presença de fatores 
deteriorantes específicos que podem degradar o acervo bibliográfico, e sempre 
variam de uma instituição para outra. 
36 
 
 
Vários tipos de estudos precisam ser feitos para obter um planejamento 
padronizado, com o intuito de aplicar as recomendações para a preservação. Todos 
os diagnósticos do acervo ou da coleção, do ambiente, do edifício e dos riscos 
geram relatórios extensos, porém a política de preservação precisa ser global e 
abrangente (IFLA, 2004). Global, porque envolve todas as áreas da biblioteca e 
abrangente, porque deverá ser de fácil leitura durante as consultas. 
“A linguagem é glamurosa (sic), mas o trabalho duro de mobilizar toda a 
instituição em torno do esforço para a preservação, não o é” (MERRILL-OLDHAM; 
REED-SCOTT, 2001, p. 13). 
Reunir as informações, formular políticas e procedimentos de manutenção e a 
organização de projetos são as três fases do planejamento. Envolvendo a 
“acumulação de conhecimentos e planejamento durante os estágios iniciais e um 
planejamento mais específico que é empreendido durante o desenvolvimento dos 
dados projetos” (GARLICK, 2001, p. 22). 
A consolidação de um grupo de trabalho em favor da preservação pode ser 
efetivada mediante a aceitação deste desafio. 
 
A fundamentação racional para se realizar um processo de 
planejamento ordenado e minucioso se baseia na premissa de que 
os participantes virão a reconhecer a gravidade da situação, irão 
adquirir novos conhecimentos e técnicas, e levar para seu trabalho 
diário e para seus colegas uma maior consciência e a dedicação 
necessárias para a implementação de um plano de ação. O processo 
estabelece um ambiente de investigação para se acolherem as 
questões de preservação e se elaborarem as respostas apropriadas 
(MERRILL-OLDHAM; REED-SCOTT, 2001, p. 14). 
 
Para Garlick (2001, p. 22) “planos bem concebidos permitem a uma instituição 
desenvolver projetos de modo coerente e sistemático, utilizar recursos limitados de 
maneira eficiente e alcançar resultados positivos através de um programa bem 
sucedido”. 
Nassif (1992, p. 23-24) apresenta a distinção de Boomgarden, que mostra as 
variáveis que influenciam diretamente na perenidade dos materiais, e são elas “a 
estrutura físico-química dos materiais das coleções; o ambiente físico em que os 
materiais estão armazenados; o manuseio e tratamento a que cada documento é 
submetido”. Ter a ciência destas variáveis possibilita o profissional da preservação a 
“planejar e administrar um programa de preservação” (NASSIF, 1992, p. 24). 
37 
 
 
Essas características evidenciam a vulnerabilidade ou a perenidade dos tipos 
de papéis produzidos nos dias atuais, e através de um controle adequado, é 
possível interromper o processo de deterioração de um acervo. 
De acordo com Nassif (1992, p. 44), as políticas, em seu sentido geral, 
expressam “a intenção da organização em relação às questões nelas colocadas e 
devem ser guias para tomadas de decisão e ação”, esta é uma importante questão 
para subsidiar a administração da preservação. Para estabelecer uma política de 
preservação em uma biblioteca, anteriormente é preciso fazer um levantamento das 
políticas existentes, seja formal ou informal (NASSIF, 1992, p. 44). 
Analisar todos os documentos e as ações executadas possibilitaráobter um 
diagnóstico da atual situação do acervo e estabelecer as prioridades do mesmo. O 
ponto chave do êxito da descrição das etapas da preservação, é a realização de um 
diagnóstico completo da instituição e da coleção, assim apontam os teóricos. O 
diagnóstico é um levantamento minucioso das condições de todos os ambientes da 
biblioteca, como o do local de armazenagem, estrutura do edifício, instalações, 
mobiliários, manuseio e circulação do acervo etc., no qual todas as condições 
precisam estar escritas de forma clara e concisa. 
Para a realização do diagnóstico, deve-se utilizar um roteiro prévio que irá 
auxiliar “na compreensão da organização como um todo [...], verificar as áreas de 
riscos e as prioridades em relação ao edifício e às coleções” (FRONER; SOUZA, 
2008, p. 4). O diagnóstico elenca vários fatores que afetam a conservação do 
acervo, evidencia os pontos fortes e fracos da instituição e através da análise indica 
o tipo de intervenção que precisa ser executado. 
 
As diretrizes para a realização de um diagnóstico de conservação 
das coleções e do edifício [...] refletem uma visão ampla do meio 
ambiente e abrangem a análise de questões administrativas e 
técnicas. O objetivo dessa abordagem é o desenvolvimento de 
soluções apropriadas e sustentáveis para problemas criados pelo 
meio ambiente que afetam as coleções. A sustentabilidade das 
soluções propostas para a melhoria das condições ambientais das 
coleções dependerá em grande parte da adoção de boas práticas de 
administração que levem em consideração as coleções, o edifício, as 
políticas organizacionais e as atividades (FRONER; SOUZA, 2008, p. 
5). 
 
38 
 
 
Froner e Souza (2008) apresentam quatro fases importantes para a equipe 
realizar um diagnóstico de conservação, são elas: preparação; coleta de 
informações durante o diagnóstico (observações e entrevistas no local); a análise 
conjunta e estratégias; e por fim a elaboração do relatório do diagnóstico. 
A fase da preparação envolve a coleta de “informações em várias áreas a fim 
de fornecer aos avaliadores das coleções e da arquitetura dados suficientes sobre a 
missão da instituição, além do edifício, coleções, funcionários e atividades” 
(FRONER; SOUZA, 2008, p. 10). Nesta fase, é o momento de estabelecer as metas 
que o diagnóstico pretende cumprir, incluindo “os problemas específicos que [...] 
está procurando resolver, as prioridades institucionais e o destino que será dado às 
informações resultantes do diagnóstico” (FRONER; SOUZA, 2008, p. 10). 
Na segunda fase do diagnóstico, apresentam-se observações na condição em 
que encontram “as coleções, e fazendo uma revisão da documentação relevante 
sobre o edifício [...], suas coleções e meio ambiente, juntamente com entrevistas 
realizadas com os funcionários” (FRONER; SOUZA, 2008, p. 10). 
Na terceira fase é a etapa em que toda a equipe se reúne e apresenta o 
resultado da pesquisa para 
 
diagnosticar as causas prováveis das áreas problemáticas atuais ou 
potenciais, determinar os possíveis inter-relacionamentos entre os 
problemas que afetam as coleções, o edifício [...] e propor estratégias 
adequadas para a instituição (FRONER; SOUZA, 2008, p. 11). 
 
E para finalizar o diagnóstico, elabora-se o relatório final e unificado, que 
deverá conter “(1) dados e análises; (2) estratégias recomendadas; (3) fases 
sugeridas para a implementação” (FRONER; SOUZA, 2008, p. 12). 
 
A obtenção de dados confiáveis sobre a condição das coleções da 
biblioteca é um componente indispensável no planejamento de 
preservação. Por causa da ampla gama de fatores tais como a idade 
dos itens; os métodos e os materiais usados na sua fabricação; as 
técnicas de processamento, o ambiente de armazenamento e ao uso 
a que os itens estiveram sujeitos; a maioria das coleções vai conter 
materiais em todas as condições, variando do intocado ao 
completamente desintegrado (MERRILL-OLDHAM; REED-SCOTT, 
2001, p. 71). 
 
 
39 
 
 
Todos esses levantamentos das 
 
condições [do acervo] oferecem informações mais detalhadas sobre 
a condição física de uma coleção [...]. Além de questões gerais [...], 
os levantamentos de condições podem responder a questões 
específicas que ajudam a projetar as necessidades operacionais de 
um programa de preservação [...]. Algumas bibliotecas de pesquisa 
realizaram levantamentos de condições junto com esforços de 
planejamento de preservação (MERRILL-OLDHAM; REED-SCOTT, 
2001, p. 74). 
 
Como ferramenta para orientar o levantamento, Merrill-Oldham e Reed-Scott 
(2001, p. 85) disponibilizam um formulário utilizado pela Biblioteca da Universidade 
de Harvard, para elaborar um relatório de amostragem, que se encontra anexo ao 
trabalho. Assim como Spinelli Júnior (1997) da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) 
também divulga em sua publicação formulários para diagnósticos, avaliações e 
propostas de tratamentos de itens, do acervo, do espaço físico e para fotografias, 
todos esses formulários de apoio estão anexos ao trabalho. 
Durante o planejamento da preservação, todas essas ações é uma 
contribuição para toda a equipe identificar as prioridades de conservação do acervo 
e balizar as ações estratégicas de intervenção necessárias no acervo e no edifício. A 
preservação ocupa-se com o controle ambiental, com o controle de segurança do 
acervo e do edifício e o controle do acervo em si. 
O controle ambiental engloba a 
 
criação e manutenção de ambiente propício à preservação, 
compreendendo controle da temperatura, da umidade relativa do ar, 
da luminosidade, bem como preservação da infestação biológica, 
procedimentos de manutenção, segurança e proteção contra fogo e 
danos por água (ARQUIVO NACIONAL, 2004, p. 47 apud CUNHA, 
2008, p. 106). 
 
Para Cabral (2005, p. 20), “ao proporcionar as melhores condições ambientais 
possíveis, está a dar-se o passo mais importante no sentido da preservação da 
nossa herança cultural”. Ou seja, para a proteção do edifício é preciso “definir limites 
físicos, identificar, delimitar e sinalizar as áreas, avaliá-las quanto aos diferentes 
níveis de proteção, estabelecer limites de proteção e aplicar medidas de defesa” 
(MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS; MUSEU VILLA-LOBOS, 2006, p. 
 
 
25). Neste documento é apresentado um quadro para 
proteção do edifício, que se encontra anexo ao trabalho.
O controle do acervo se dá pelos controles de documentação do acervo, 
reserva técnica, em exposição,
se encontra em sala de consulta, em circu
e consulta de documentos
ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS; MUSEU VILLA
estabelecimento destes parâm
dos funcionários, avaliação periódica 
ser gerado para posteriormente ser 
treinamentos. 
A preservação é ilustrad
Zúñiga (2012) e Hollós (2007) representam a imagem da seguinte forma:
 
 Fonte: Zúñiga (2012
 
Essa imagem apresenta a abrangência da preservação e a especificidade da 
conservação, da restauração e 
uma “atividade de forte cunho gerencial e administrativo destinada a minimizar a 
deterioração química ou física dos documentos e
informacional” (ZÚÑIGA, 2012).
25). Neste documento é apresentado um quadro para verificar os limites e níve
proteção do edifício, que se encontra anexo ao trabalho. 
O controle do acervo se dá pelos controles de documentação do acervo, 
reserva técnica, em exposição, em empréstimo ou em trânsito, em que
se encontra em sala de consulta, em circulação interna, pela conservação do acervo 
e consulta de documentos, pelo controle de reprodução de documentos (
ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS; MUSEU VILLA-LOBOS, 2006
estabelecimento destes parâmetros precisa ser acompanhado da
s funcionários, avaliação periódica dessas ações e por um relatório, que precisa 
posteriormente ser consultado e usado como base para
A preservação é ilustrada por Lisa Fox como um grande guarda
2007) representama imagem da seguinte forma:
Figura 1: Guarda-chuva protetor 
2012). 
Essa imagem apresenta a abrangência da preservação e a especificidade da 
restauração e da reformatação. Esta preservação 
uma “atividade de forte cunho gerencial e administrativo destinada a minimizar a 
deterioração química ou física dos documentos e evitar a perda de conteúdo 
informacional” (ZÚÑIGA, 2012). 
40 
os limites e níveis de 
O controle do acervo se dá pelos controles de documentação do acervo, em 
em empréstimo ou em trânsito, em que acervo que 
lação interna, pela conservação do acervo 
pelo controle de reprodução de documentos (MUSEU DE 
LOBOS, 2006). O 
etros precisa ser acompanhado da conscientização 
por um relatório, que precisa 
usado como base para 
por Lisa Fox como um grande guarda-chuva. 
2007) representam a imagem da seguinte forma: 
 
Essa imagem apresenta a abrangência da preservação e a especificidade da 
Esta preservação tem aspecto de 
uma “atividade de forte cunho gerencial e administrativo destinada a minimizar a 
evitar a perda de conteúdo 
41 
 
 
A conservação e a restauração são aplicações das “práticas específicas 
destinadas a diminuir o ritmo de deterioração e a prolongar a expectativa de vida de 
um objeto, através da intervenção direta na sua estrutura física e química” (ZÚÑIGA, 
2012). 
A reformatação é o processo de transferência do conteúdo intelectual para 
outro suporte, físico ou digital, por meio da cópia, fotografia, microfilmagem e 
digitalização. 
A preservação é responsável pelas atividades preventivas e interventivas “que 
se propõem a retardar a deterioração dos acervos e possibilitar o pleno acesso do 
público” (ZÚNIGA, 2002, p. 75). 
O guarda-chuva protetor visa garantir a proteção da coleção de forma 
sistemática, por meio da conservação, da restauração e da reformatação. 
É no momento do planejamento que o administrador da preservação precisa 
buscar o apoio dos superiores, que 
 
deve ser continuamente alimentado por relatórios periódicos sobre o 
progresso do planejamento e por consultas freqüentes (sic) sobre a 
aprovação das recomendações emergentes. Também é importante 
assegurar, de maneira contínua, a disponibilidade, ao menos de 
alguns dos recursos necessários, quer seja no sentido de tempo dos 
funcionários ou no sentido de poder redirecionar certas linhas 
orçamentárias ou, até mesmo, destinar dinheiro novo. É possível que 
isto signifique manter envolvidos e interessados no processo os 
níveis mais altos da administração ou da instituição matriz (OGDEN, 
2001, p. 11). 
 
Com relação aos conflitos que poderão surgir durante a elaboração da política 
de preservação, deverá ser estabelecido o foco principal da política, visto que a 
opinião pessoal não prevalecerá, mas sim “a importância de melhorar as condições 
do edifício e de suas instalações, fazendo as reformas necessárias para a 
sobrevivência das coleções” (OGDEN, 2001, p. 11). 
É grande o número de decisões para estabelecer um programa de 
preservação, “as decisões frequentemente não são fáceis de serem tomadas, e 
pode ser necessário procurar a assistência profissional de um consultor” (OGDEN, p. 
13). Decidir o tratamento de conservação que será aplicado e quem o fará, são 
deliberações que o administrador da preservação precisará assumir, e para isso, ele 
deverá “ser suficientemente informado, tanto sobre a natureza da deterioração a ser 
42 
 
 
remediada como sobre as características do material a ser tratado, e [...] ter 
conhecimento suficiente para escolher a opção mais adequada para o tratamento” 
(OGDEN, p. 13). Além disso, deverá escolhar, o profissional mais capacitado e 
qualificado para realizar a intervenção. 
Um planejamento para a preservação é um processo que evidencia as 
necessidades gerais e específicas do acervo, determina e estabelece as prioridades 
e também identifica os recursos para a implementação e execução da política. Como 
objetivo principal define o curso de ação para a preservação, tendo em vista que as 
pesquisas são o embasamento do planejamento da preservação (OGDEN, 2001). 
 
O maior obstáculo para o desenvolvimento e a administração dos 
programas de preservação é a carência, não de dinheiro, mas de 
conhecimento. As restrições financeiras são sérias e ainda se 
tornarão maiores; mas, até que a batalha da preservação chegue ao 
ponto no qual a maioria saiba o que conviria ser feito, e como deveria 
ser feito, a carência de recursos para a realização dos programas, 
em uma escala apropriada às necessidades, não chega a ser 
terrivelmente significante (DARLING, apud CONWAY, apud SILVA, 
1998). 
 
Benefícios do planejamento apresentado por Davies (2001, p. 18): 
 
• Ajuda a assegurar no longo prazo a salvaguarda do acervo. 
• Todos [...] enxergam mais claramente o que se está querendo realizar. 
• Todos que aí trabalham sabem como se encaixam nas metas e objetivos 
do museu. 
• Conduz ao uso mais eficaz dos recursos. 
• Integra todos os aspectos do funcionamento do museu em um mesmo 
processo de administração. 
• Oferece uma estrutura básica dentro da qual podem ser tomadas decisões 
estratégicas. 
• Produz um plano que atua como ponto de referência para todos os 
interessados. 
 
43 
 
 
Essas considerações ajudam no “processo de reflexão propriamente dito, 
sobre o que [a instituição] está tentando realizar e como está procurando fazê-lo” 
(DAVIES, 2001, p. 18). 
Uma síntese norteadora do planejamento é apresentada por Davies (2001, p. 
25), através de um diagrama englobando todas as áreas importantes no processo de 
planejamento, cujas setas indicam a ordem em que deve ser considerada. 
 
Figura 2 – O processo de planejamento 
 
 Fonte: Davies (2001, p. 25). 
 
Ter a clareza da missão da instituição possibilitará transcorrer de forma mais 
clara o planejamento, e todas as pessoas que estão envolvidas neste processo, 
precisam estar cientes da importância da missão da instituição. Já na fase do 
44 
 
 
diagnóstico é a fase de investigação pormenorizada da situação da instituição. 
Citados anteriormente Souza e Froner (2008) apresentam um roteiro prático para 
elaboração do diagnóstico da instituição. As metas e estratégias são elaboradas 
logo após a realização do diagnóstico, com o objetivo de suprir as necessidades 
conservação da instituição e do acervo. Com isso são elaborados os objetivos, plano 
ou política de preservação que a instituição deverá usar para conservar os itens do 
acervo. Posteriormente implanta e monitora a sua execução, sempre documentando 
para possíveis modificações e aprimoramento da política de preservação. 
 
4.2 Administração da preservação 
 
Para conseguir executar um bom programa de preservação “os objetivos e as 
prioridades [...] devem estar firmemente enfatizados no documento que afirma a 
missão institucional” (OGDEN, 2001, p. 7). 
Portanto a política de preservação ajuda a delinear as ideias fundamentais 
sobre a conservação. A elaboração e a implantação de uma política de preservação 
devem estar sob a autoridade e coordenação de bibliotecários, no papel de 
administradores, o bom exercício dessa atividade requer uma combinação de 
práticas administrativas e conhecimentos técnicos, exercidos dentro de uma 
estrutura organizacional flexível (NASSIF, 1992). 
O “administrador da preservação” deve ter acesso à informação precisa para 
o desenvolvimento dos programas de preservação, além de necessitar de tempo 
disponível para ordenar e analisar essa informação (NASSIF, 1992, p. 47). Essa 
característica do profissional da preservação possibilitará atingir os objetivos da 
política de preservação. 
Para realizar a conservação, é preciso estabelecer os padrões de 
preservação que serão realizados em determinado acervo. Isto é, delimitar e 
determinar

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