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Cap 3 A construção da ordem

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Capítulo 3:
→ Unificação ideológica da elite brasileira: consequência da educação superior.
Causas: -
1) formação jurídica homogênea,
2)- concentração especial: Coimbra e 4 capitais brasileiras (Rio de Janeiro, Salvador, Recife e São 
Paulo); estreitamento de laços pessoais entre os alunos.
→ Histórico da Universidade de Coimbra:
- 1290: surge em Lisboa
- 1308: muda-se para Coimbra. Influência francesa e italiana. Foco no Direito Romano. Influência 
da Universidade de Bolonha.
- 1384: retorno a Lisboa. Dom João I (João das Regras): consolidação da monarquia portuguesa.
- 1537: retorno a Coimbra. Controle jesuítico, isolamento intelectual.
- 1599 – Ratio Studiorum – reforma no ensino. Consequência do Consílio de Trento, defesa 
contra o racionalismo cartesiano.
- 1759: expulsão dos jesuítas de Portugal.
- 1772 – reforma. Ênfase nas ciências físicas e matemáticas. Iluminismo português.
- Novo surto de fortalecimento do poder estatal. Tentativa de aprofundamento da exploração de 
recursos naturais das colônias para sanar a crise econômica em Portugal. Educação como critério 
para o fortalecimento do país.
→ Verney. Base do Iluminismo português. Reformismo e pedagogismo cristão e católico.
- Proibição dos livros de Rousseau e Voltaire.
→ Reformas de Pombal produziram cientistas naturalistas no Brasil, como Manuel Câmara, José 
Bonifácio, Azeredo Coutinho (autor do Seminário de Olinda, grande referência do clero nordestino 
brasileiro)
→ 1777. Morte de Dom José I. Pombal deixa o governo. Início da contrarreforma, a Viradeira. 
Retorno à antiga predominância do Direito sobre as ciências naturais.
→ Outras instituições importantes para o Brasil:
- Real Academia Marinha, Colégio dos Nobres. Ênfase nas ciências exatas, na arte militar.
- Educação brasileira estava entregue aos jesuítas e era financiada pelo imposto “subsídio literário”.
→ Política sistemática portuguesa de não permitir o desenvolvimento de ensino superior nas 
colônias.
- Espanha era influenciada pelo federalismo Habsburgo. Portugal, influenciado pelo 
centralismo Bourbon..
- América espanhola já contava com 23 universidades. As primeiras são de 1551. 
Predominantemente foram criadas por objetivos religiosos. Filiações institucionais religiosas: 
jesuítas, dominicanos, agostinianos, franciscanos.
- Consequências do modelo espanhol: 1) distribuição de elites intelectuais autônomas; 2) 
Predominância religiosa, peso menor ao direito.
- Portugal: restrição e elitização da educação superior. Maior concentração de estudantes em relação
à população: Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro. Déficit do Rio Grande do Sul pode explicar a 
vocação separatista do estado.
- Coimbra: concentração de estudantes e laços de amizade escolar contribuíram para a unidade do 
país, coibindo o impulso separatista e autonomista. Políticos que fizeram sua formação no Brasil 
tendiam a se preocupar menos com a unidade nacional.
→ 1808: Chegada da Corte. Criação das Real Academia dos Guarda-Marinhas e Academia Real 
Militar (1808 e 1810).
- Criação das Escolas de Medicina em RJ e Salvador (1813 e 1815). Academia de Belas Artes em 
1820. Criação dos cursos de direito em 1827, iniciados em 1828 em São Paulo e Olinda 
(transferência para Recife em 1854). Escola de Farmácia (1839) e Escola de Minas (1876) em Ouro
Preto. Em 1858 a engenharia civil foi retirada da Academia Militar e transferida para a Escola 
Central, que tornou-se a Escola Politécnica em 1874.
- Colégio Pedro II foi criado em 1838.
- Universidades cobravam anuidades. Escola Naval era gratuita, mas havia exigências de enxovais.
- Escola Militar, Escola de Minas e Politécnica eram gratuitas. Ofereciam bolsas e soldos para 
alunos pobres. Alguns políticos se beneficiaram disso, como o Visconde do Rio Branco, ex-aluno da
Academia Militar.
- Escola Militar: centro de oposição intelectual. Ensino técnico e positivista, gerando contraste 
de carreiras e opiniões. Os militares deram prosseguimento ao espírito pombalino, militar e técnico 
matemático, engenheiros para construir estradas... Não foi à toa que o Império acabou com um 
golpe militar.
- Academia militar oferecia ciências independentes, como matemática e engenharia. Formação de 
oficiais doutores. Oposição intelectual e política mais vigorosa com a adoção do positivismo desde 
1850.
→ Custos de direito no Brasil: imagem e semelhança de Coimbra.
- Abandono do Direito Romano em favor do mercantil, marítimo e economia política.
- Os grandes códigos legais do Império foram redigidos pela geração de Coimbra: o Código 
Criminal, o Código Comercial, além da Constituição e suas reformas.
→ Uso dos dados pelo autor:
- Direito civil e canônico foram registrados apenas como Direito.
- Ciências físicas e naturais, matemática, engenharia e filosofia foram agrupadas como Ciências 
Exatas.
- Quando alguém tinha mais de um diploma, foi dada preferência para aquele que mais contribuiu 
para sua socialização política. À formação do Direito foi dada preferência sobre as demais.
- Os que não terminaram sua educação superior são computados enquanto possuindo tal educação.
- Quando alguém começou a educação superior em algum lugar e terminou em outro, considerou-se
o último.
- Todos os padres foram considerados como possuindo estudos eclesiásticos, a não ser que tivessem 
outro tipo de estudos, como direito canônico.
→ Níveis de educação superior dos políticos (ministros, senadores) beirando os 80%. Uma ilha de 
letrados num mar de analfabetos. Grande contraste em relação ao resto da população.
- Educação era a marca distintiva da elite política.
- Independência marcou um corte radical de gerações: aquela formada em Coimbra, outra formada 
em São Paulo e Olinda/Recife. A primeira desapareceu dos ministérios em 1853, foi importante 
durante a fase de consolidação política do sistema imperial. Transferência para a geração brasileira 
a partir da Conciliação (1853).
- Senadores, que eram vitalícios, possuíram maior peso da geração de Coimbra até mais tarde 
(1871). Durante a Regência houve grande número de Senadores que não eram formados em direito, 
devido à entrada de padres no Senado, liderados por Feijó.
- Associação de estudantes brasileiros em Coimbra: a Jardineira.
- Disputas regionalistas: criação de universidades em pares: norte/sul. Medicina: Salvador/RJ. 
Direito: Olinda e Recife/SP. Sul foi compensado mais tarde, com escolas de Farmácia e Engenharia 
em Minas e Escola Militar no RS.
- Estrita supervisão das escolas superiores pelo governo central, sobretudo as de direito. 
Diretores e professores eram nomeados pelo ministro do Império, programas e manuais eram 
aprovados pelo Parlamento.
- O ensino em Recife era menos rigoroso. Transferências dos alunos que não gostavam do Saldanha 
(piada!!, dos alunos vagabundos mesmo).
- Formação de grupos de amizade. Discussões na política entre velhos amigos de infância. Efeito 
homogeneizador. Reforçado ainda pela predominância da formação jurídica. Nos períodos iniciais 
tamb´wm havia significativo número de políticos formados em ciências exatas. Mas em direito era 
ainda maior.
- Homogeneidade ideológica e de treinamento para a construção do poder no Brasil.
- Coimbra evitou contato com o iluminismo francês. Após a Viradeira Coimbra volta a se isolar do 
resto da Europa, como testemunhou Bernardo Pereira de Vasconcelos.
- Contraste com o radicalismo dos que estudaram na França ou no Brasil. Esses tinham mais 
contato com o Iluminismo francês.
- Radicais: padres, médicos e maçons (!!! ???).
- Maiores influências ideológicas do Direito no Brasil: Bentham e Victor Cousin.
- 1870: surgimento de novas correntes europeias: positivismo e evolucionismo. Destruição da 
sólida homogeneidade. Divisão do ensino jurídico em ciências jurídicas (magistrados e advogados) 
e ciências sociais (diplomatas, administradores e políticos).
- Excesso da oferta de bacharéis em direito. Desenvolvimento econômicoaumentou a necessidade 
de advogados, enquanto no início dominavam os magistrados.
- Excesso de bacharéis formou uma busca desesperada por emprego público, reforçando o caráter 
clientelístico da burocracia imperial (PT no império?).
- Bacharéis que não exerciam a profissão: desperdício de braços e recursos, descontentamento e 
suas consequências.
→ Comparação com a educação na Inglaterra: lá também foi um forte fator de coesão e 
treinamento, mas com características distintas. Lá eram aristocratas, homogeneidade social. Aqui 
a homogeneidade era de transmissão de uma ideologia particular.
- Inglaterra: maior importância social. Brasil: intelectual.
- Inglaterra: formação do caráter, estilo de vida aristocrático, esporte, disciplina e comando. 
Matérias não eram diretamente vinculadas às tarefas de governo e administração. Serviço público 
era um hobby, não fonte de rendas.
- Brasil: elite menos homogênea socialmente. Estado mais ativo relativamente à atuação de grupos 
sociais. Educação como fator de coesão e treinamento. Maior competição pelo Estado. 
Necessidade de outros fatores, que não a educação, para manter a elite coesa.

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