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www.portantosaber.com.br 1 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 DIREITO DO TRABALHO TÉCNICO JUDICIÁRIO E ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT’s - 2015 www.portantosaber.com.br 2 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 S U M Á R I O “Quem é fiel nas coisas pequenas também será nas grandes; e quem é desonesto nas coisas pequenas também será nas grandes.” (Lucas 16,10) “E, se não forem honestos com o que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês?” (Lucas 16, 12). Regras para uso desta apostila É proibida a distribuição de arquivos protegidos por direitos autorais. Portanto, é proibida a distribuição desta apostila por qualquer meio. Ela serve apenas para uso pessoal. Denuncie: contato@portantosaber.com / portantosaber@gamail.com www.portantosaber.com www.portantosaber.com.br 3 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 CAPÍTULO I ASPECTOS GERAIS, DEFINIÇÃO DOS PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO DO TRABALHO. ASPECTOS GERAIS O Direito do Trabalho no mundo – Histórico A Revolução Industrial Surgimento da Classe Trabalhadora – Condições Desumanas de Trabalho e Vida Os Movimentos Ascendentes Movimento Ludista (1811-1812) Movimento Cartista (1837-1848) As Trade-Unions Surgimento do Direito do Trabalho no mundo O Estado Liberal domina o cenário mundial As fases históricas do processo de criação do Direito do Trabalho Primeiro período Segundo período Terceiro período Quarto período Histórico do Direito Do Trabalho no Brasil O Processo Invertido Primórdios – O Império e a Novel República Institucionalização do Direito do Trabalho PRINCÍPIOS DE DIREITO DO TRABALHO Princípio da proteção Princípio do In dubio pro operário Princípio da condição mais benéfica Principio da aplicação da norma mais favorável Princípio da hierarquia Princípio da elaboração de normas mais favoráveis Princípio da interpretação mais favorável Princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas Princípio da primazia da realidade Princípio da continuidade da relação empregatícia Outros princípios www.portantosaber.com.br 4 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 FONTES DO DIREITO DO TRABALHO CAPÍTULO II. DO CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS. Formação e conteúdo do CIT Conceito Conteúdo Morfologia do contrato individual de trabalho Prazo no CIT Contrato por prazo determinado Contrato a termo (de experiência) Procedimento na admissão - Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS Contrato de equipe CAPÍTULO II. DOS SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO STRICTU SENSU: DO EMPREGADO, E DO EMPREGADOR: CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO; DOS PODERES DO EMPREGADOR NO CONTRATO DE TRABALHO. O empregador Conceito Grupo de empresas Sucessão de empresas O poder de direção Noção Poder disciplinar Poder controlador CAPÍTULO III. DA RELAÇÃO DE TRABALHO E DA RELAÇÃO DE EMPREGO: REQUISITOS E DISTINÇÃO; RELAÇÕES DE TRABALHO LATO SENSU: TRABALHO AUTÔNOMO, TRABALHO EVENTUAL, TRABALHO TEMPORÁRIO E TRABALHO AVULSO; OUTRAS RELAÇÕES DE TRABALHO. As espécies de Trabalhadores www.portantosaber.com.br 5 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 Relação de empregado e Relação de Trabalho O empregado Conceito Aprendiz Eventual Autônomo Avulso Pequeno empreiteiro Temporário Doméstico Continuidade Empregado em Domicílio Rural Horário noturno – pecuária – lavoura Terceirizado Cooperado Diretor de companhia Cargo de confiança Empregado acionista Menor Mulher Membro da Cipa Preso Estagiário Regime de tempo parcial Servidor público e empregado público Reintegração como consequência da dispensa CAPÍTULO IV. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DAS EMPRESAS; SUCESSÃO DE EMPREGADORES E GRUPO ECONÔMICO. CAPÍTULO V. DA SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO. Normas gerais. www.portantosaber.com.br 6 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 Inspeção prévia do estabelecimento, interdição e embargo. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA. Exames médicos. Outras regras de proteção. CAPÍTULO VI. DA IDENTIFICAÇÃO PROFISSIONAL (DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL). CAPÍTULO VII. REGULAMENTAÇÃO DO TRABALHO. DA DURAÇÃO DO TRABALHO; DA JORNADA DE TRABALHO; DOS PERÍODOS DE DESCANSO; DO INTERVALO PARA REPOUSO E ALIMENTAÇÃO; DO REPOUSO SEMANAL REMUNERADO; DO TRABALHO NOTURNO E DO TRABALHO EXTRAORDINÁRIO. Duração do trabalho Jornada e horário de trabalho Jornadas de trabalho e fundamentos de suas limitações Jornada normal Jornadas diferenciadas – para mais Jornadas diferenciadas – para menos Períodos de descanso intrajornada CAPÍTULO VIII. DO SALÁRIO E DA REMUNERAÇÃO: CONCEITO E DISTINÇÕES; COMPOSIÇÃO DO SALÁRIO; MODALIDADES DE SALÁRIO; FORMAS E MEIOS DE PAGAMENTO DO SALÁRIO; 13º SALÁRIO. Conceito, tipos e peculiaridades Conceitos Salário mínimo Salário profissional Salário normativo Remuneração Sistemas de pagamento Pagamento por tempo Pagamento por produção www.portantosaber.com.br 7 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 Pagamento par tarefa Salário complessivo Maneiras de pagamento do salário Dia do pagamento Prova do pagamento Normas de proteção do salário Irredutibilidade Inalterabilidade Intangibilidade e descontos Isonomia salarial Impenhorabilidade Fixação do valor do salário Abono Horas extras e jornada de trabalho Jornada de trabalho em regime de tempo parcial e horas extras Horas extras de percurso — Horas in itinere Tempo de sobreaviso — Uso de "bip” Compensação das horas extras Adicional por trabalho noturno Adicional por insalubridade Adicional por periculosidade Adicional por trabalho penoso Adicional por transferência Décimo-terceiro salário Gratificações Gorjetas Indenização adicional Multa por atraso de pagamento das verbas rescisórias Comissões Salário-família Salário-educação Salário-maternidade Faltas ao trabalho Repouso semanal remunerado (r.s.r) e feriados CAPÍTULO IX. www.portantosaber.com.br 8 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 DAS CAUSAS DE SUSPENSÃO E DE INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO: CARACTERIZAÇÃO E DISTINÇÃO. Noções Casos de suspensão Casos de interrupção Paralisação temporária ou definitiva do trabalho em decorrência do factum principis. ou durante a interrupção Suspensão e interrupção no contrato por prazo certo CAPÍTULO X. DA CESSAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO: MODALIDADES, EFEITOS E PRINCÍPIOS APLICÁVEIS. TÉRMINO DO CONTRATO POR ATO CULPOSO DO EMPREGADO: JUSTA CAUSA; TÉRMINO DO CONTRATO DE TRABALHO POR ATO CULPOSO DO EMPREGADOR: RESCISÃO INDIRETA.Extinção do CIT Generalidades Distinções preliminares Resolução Resilição e Rescisão dos Contratos Conceito Distrato Resilição Unilateral Resilição Unilateral dos contratos por tempo indeterminado Rescisão Cessação Rescisão por ato do empregador Despedida arbitrária ou sem justa causa Empregados com garantia de emprego (estabilidade provisória) Dispensa indireta Rescisão por ato do empregado Despedida por justa causa Requisitos para caracterização da justa causa Hipóteses de justa causa www.portantosaber.com.br 9 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 Pedido de demissão Outras modalidades de extinção Culpa recíproca Acordo Aposentadoria Morte do empregado Morte do empregador Extinção da empresa Caso fortuito ou força maior Contrato por prazo certo Extinção pela ocorrência do termo final Extinção por ato do empregador, antes do termo final Extinção antecipada por justa causa do empregado Extinção antecipada por vontade do empregado Homologação e assistência ao empregado na rescisão www.portantosaber.com.br 10 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 CAPÍTULO I ASPECTOS GERAIS, DEFINIÇÃO DOS PRINCÍPIOS E FONTES DO DIREITO DO TRABALHO Direito do Trabalho no mundo - Histórico A Revolução Industrial Consistiu em um conjunto de mudanças tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo que, por sua vez, repercutiu mundialmente de modo impar tanto no âmbito econômico quanto no social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo mundo a partir do século XIX. Ao longo desse processo, que de acordo com alguns autores se registra até aos nossos dias, a era agrícola foi superada pelo surgimento da máquina que, suplantando, em qualidade e produtividade, o desempenho laboral humano, estabeleceu, inexoravelmente, nova relação entre capital e trabalho, modificação que se estendeu também às relações entre nações, propiciando o denominado fenômeno da cultura de massa, entre outros eventos. Essa transformação foi possível devido a uma combinação de fatores tais como: o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de invenções, que têm no motor a vapor, de James Watt, seu modelo emblemático. Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma evolução tecnológica, econômica e social que vinha se processando na Europa desde a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra, Escócia, Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes. O capitalismo tornou-se o sistema econômico vigente. www.portantosaber.com.br 11 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 Um motor a vapor de James Watt, o motor a vapor, alimentado principalmente com carvão, impulsionou a Revolução Industrial no Reino Unido e no mundo. O Surgimento da Classe Trabalhadora – Condições Desumanas de Trabalho e Vida. A Revolução Industrial, para o mundo de então, trouxe como consequências diretas de seu processamento, definitivas mudanças de paradigmas tanto no cenário econômico quanto no social, a saber: 1 - as fontes de trabalho e renda, então existentes e disponibilizadas para o povo: a terra, e, em menor escala, as corporações de ofício, foram substituídas pela máquina, e o parque industrial emergente; 2 - a forma de trabalhar e auferir renda da grande massa humana, pois que, sem a opção de deixar-se explorar, como servo, por um senhor feudal, foi compelida a sair, e ao mesmo tempo atraída para os grandes centros urbanos, onde se encontrava a novidade: a indústria emergente, passando de ex-servo, ou ex-artesão, à condição de empregado ou operário, sujeito a vender sua força de trabalho para o novíssimo personagem surgido no cenário mundial, que veio para ficar: o empregador industrial. Demonstrando que a sociedade é pródiga na concepção de fatos novos, e que seus desdobramentos, quando importantes para o contexto no qual foram inseridos, necessitam de regulamentação, por via do Direito, a fim de que todos deles extraiam os melhores proveitos e utlidades, ao menor custo financeiro e social possíveis, aí se encontrava o mundo diante de uma nova relação humana – trabalhador x empregador - para cujas soluções decorrentes do conflitos gerados pelos graves interesses envolvidos, não havia previsão legal, tendo ficado seu acontecer, ao sabor dos princípios aplicáveis ao Direito então vigentes que, contemplando o individualismo, e a não intervenção estatal no mercado, deixou que a lei econômica da demanda – oferta x procura - determinasse os limites das possibilidades de cada sujeito envolvido concretizar, ou não, seus anseios. Tal condição se revelou um maná para os empregadores, e um desastre para os trabalhadores. www.portantosaber.com.br 12 Direito de Trabalho Técnico Judiciário e Analista Judiciário – TRT’s - 2015 É de fundamental importância, para a compreensão do contexto então vigente que, a despeito de o mundo haver evoluído consideravelmente, em todas as áreas do conhecimento científico, inclusive no campo do Direito, a partir da fase histórica que ficou conhecida como Renascimento, aquele, tendo colhido suas principais regras e princípios na experiência social e legislativa do Direito Romano, dele não pôde se servir para regular a nova relação surgida entre trabalhador e empregador, fruto da Revolução Industrial, por uma razão singela: não havia trabalho assalariado na sociedade romana, cujo corpo social era composto predominantemente por escravos e políticos, quando muito chegou-se ao locatio conductio operarum, totalmente regulada pelo Direito Civil, cuja premissa maior é a de que há igualdade entre as partes, de tal modo que, desconhecendo por inteiro esse tipo de relação humana, não houve como regular-lhe o conteúdo, de tal sorte que, a realidade social demonstraria que o preço a ser pago pelos trabalhadores seria altíssimo. Durante o início da Revolução Industrial, os operários viviam em condições horríveis se comparadas às oferecidas aos trabalhadores do século seguinte. Muitos dos trabalhadores moravam em cortiços e se submetiam à duração do trabalho que chegava até a 80 horas por semana. O salário era irrisório, muito aquém do necessário para custear a vida digna de um único trabalhador, que dirá para suprir as necessidades de sua família; contudo, mulheres como crianças também trabalhavam, sob as mesmas condições absolutamente insatisfatórias, recebendo salários ainda menores. Os Movimentos Ascendentes Os trabalhadores, verdadeiras cobaias neste novo laboratório econômico-social, indignados com sua situação e a de suas famílias, incapazes de compreender as extensão e profundidade das modificações havidas na realidade de suas vidas, num quadro fático no qual, a despeito de trabalharem, em média, mais de 16 horas diárias, obtinham como recompensa salário absolutamente insuficiente para impedir que fossem remetidos à miséria, às doenças e à morte prematura, além de, ainda assim, sofrerem enorme dificuldade para conseguirem trabalho, dada ainflacionada oferta de mão-de-obra, a princípio, ante quadro tão aterrador, reagiram das mais diferentes formas, algumas absolutamente insanas e desproporcionais. Dentre todas as modalidades de reação, se destacam:
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