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Cardiologi... ANATOMIA E FISIOLOGIA CARDÍACAS- Câmaras e Valvas Cardíacas� Artérias Coronárias� Sistema Cardiovascular� Anatomia○ Hemodinâmica� Bases da Eletrofisiologia� O Coração como Bomba� Fisiologia○ Assunto da Revisão:- Câmaras e Valvas Cardíacas- O coração tem quatro câmaras, os átrios direito e esquerdo, e os ventrículos direito e esquerdo. O sangue venoso é drenado, chegando ao coração através das veias cavas superior e inferior, este sangue entra no átrio direito, que é separado do ventrículo direito por uma valva atrioventircular, chamada Tricúspide. Durante a sístole (contração) do átrio direito (AD), o sangue é impulsionado para o Ventrículo Direito (VD), passando pela valva tricúspide. Na sístole ventricular direita o sangue é ejetado para as artérias pulmonares, passando pela valva pulmonar, que separa o VD da artéria pulmonar. O sangue segue seu caminho até os pulmões onde ocorre a hematose, eliminando o CO2 e absorve o O2. AD AE VEVD Valva Tricúspide Valva Mitral Valva Pulmonar Valva Aórtica Esse sangue, agora com alta saturação de O2, seguem em direção ao Átrio Esquerdo (AE) através de quatro veias, as Veias Pulmonares. O AE é separado do Ventrículo Esquerdo (VE) por outra valva atrioventricular, chamada de Valva Mitral (Bicúspide). O sangue oxigenado passa do AE para o VE através da valva mitral. O VE se contrai (sístole ventricular) e impulsiona o sangue para a Artéria Aorta, que por sua vez é separada do VE pela Valva Aórtica. As valvas que contém as cordoalhas e os músculos papilares são Tricúspide e Mitral, as valvas pulmonar e aórtica não tem estas cordoalhas. Em algumas situações pode haver prolapso das valvas. O prolapso é a deslocação de um órgão, no caso a valva, para outro local. A valva se desloca do seu local e invade a área do átrio. Artérias Coronárias- As artérias coronárias são aquelas que nutrem o próprio coração, sendo de muita importância. As coronárias são os primeiros ramos da Aorta e suprem o miocárdio e o epicárdio, se estendem sobre a superfície do coração e ramificam-se em vasos menores. As coronárias nascem no seio coronário aórtico, uma do lado direito e outra do lado esquerdo, formando a Artéria Coronária Direita e a Artéria Coronária Esquerda. A coronária esquerda (CE) é curta, normalmente, logo se bifurca formando a artéria coronária Descendente Anterior (DA), descendo na região do septo interventricular em direção ao ápice do Aula 02/08/2013 quarta-feira, 31 de julho de 2013 10:49 Página 1 de Cardiologia Descendente Anterior (DA), descendo na região do septo interventricular em direção ao ápice do coração, e outra que circunda o coração, que é chamada de Coronária Circunflexa (CX). A Artéria Coronária Direita segue o sulco coronário irrigando a margem direita do coração descendo em direção ao ápice, mas não alcançando-o, logo na sua origem emite um ramo para irrigar o nó sinotrial (SA), na junção dos septos e parede das quatro câmaras cardíacas dá origem ao ramo que irriga o nó Átrioventricular (NAV). O trajeto destas coronárias são importantes, pois irrigam regiões distintas do coração, a obstrução de uma delas vai indicar um determinado local de isquemia ou de infarto. Desta forma a coronária DA irriga a parede anterior, a parede septal e região apical do coração. A coronária CX irriga a parede lateral do VE. A coronária direita (CD) irriga a parede inferior, parede posterior e o VD. Acaso se diga que os infartos inferiores cursam, comumente, com infarto do ventrículo direito, sabendo da localização das coronárias e de suas áreas de irrigação, já se sabe qual artéria coronária está acometida por alguma obstrução. Da mesma forma que existe a coronária DA, se tem um ramo Descendente Posterior (DP) que é ramo da CD. Diz-se que o domínio do sistema arterial coronário é definido pela artéria que dá origem ao ramo interventricular posterior, desta forma a CD é a que tem a dominância de irrigação do coração, sendo a artéria que irriga o coração até a parede posterior. Mas em 15% dos casos o ramos DP pode vir da CX. Quando se fala em um paciente com síndrome coronariana aguda (ex. infarto), é porque uma das coronárias está interrompida, impedindo que o sangue chegue a determinada região. Se o paciente tem um infarto não se deve fazer volume, porque com o infarto o coração não está funcionando corretamente, se aumentar o volume no paciente, este irá para o pulmão, ocasionando um edema pulmonar e uma insuficiência respiratória. Se o estudante entende que a principal parede do coração é a parede anterior, a septal e a apical, logicamente, o infarto mais perigoso é aquele que acomete a coronária DA.Desta forma, infarto relacionados com a DA são os de piores prognósticos em relação a CX e a CD. O sistema de condução do coração tem origem no nó sinusal, próximo a desembocadura da veia cava superior (VCS), no átrio direito, depois o impulso passa pelo nó AV e segue pelo Feixe de His, passando por dois ramos condutores o feixe direito e outro esquerdo. Sabendo-se desta informação fica claro que a coronária que irriga o nó SA é a CD, uma obstrução na origem da CD ocasionará uma diminuição da FC, pois a irrigação do nó AV estará prejudicada. Assim, podemos tomar como verdadeira a informação que o infarto que mais se associa e tem indicação de implante de marca-passo é o infarto da CD. O infarto que se associa a maior massa do miocárdio é o originado pela coronária DA, pois é a que irriga a maior quantidade de músculos, o que também resulta em um pior prognóstico. Se o infarto estiver relacionado a CE o prognóstico é muito pior, na maioria das vezes fatal. A análise das coronárias é realizada pela técnica da Arteriografia (ou Angiografia). Sistema Cardiovascular- O sistema cardiovascular pode ser pensado em um sistema em série ou em um sistema em paralelo. Se tomarmos o trajeto sanguíneo que vai das cavas, passando pelo AD e VD, artéria pulmonar, Pulmões, veias pulmonares, AE, VE e Aorta, temos que é um sistema em série, com um vaso atrás do outro, as circulações periféricas é que têm sistemas em paralelo. Seguindo este raciocínio e em tese, não deveria haver nenhuma forma de o sangue que está no VD chegar ao VE se não fosse passando pelo pulmão. Isto não acontece quando temos, por exemplo uma Comunicação Interventricular (CIV), passando a Página 2 de Cardiologia Isto não acontece quando temos, por exemplo uma Comunicação Interventricular (CIV), passando a existir um sistema em paralelo, pois tanto o sangue está indo para o pulmão como está passando diretamente do VE para o VD. Estruturas dos Vasos Sanguíneos○ De forma geral, os vasos são dotados de três túnicas, chamadas de: Endotélio (mais interna - apenas uma camada de células endoteliais), Média (intermediária - rica em fibras musculares lisas), e Adventícia (mais externa - rica em fibras elásticas e colágeno). A estrutura de um capilar é diferente, como é uma estrutura microscópica, tem apenas uma camada, o Endotélio, isto facilita a difusão com os tecidos. Já as arteríolas, que são vasos intermediários entre as artérias e os capilares, são ricos em musculatura lisa. Se há uma contração de todas arteríolas (vasoconstrição), a passagem periférica do sangue estará fechada fazendo com que a Pressão Arterial (PA) e a Resistência Vascular Periférica (RVP) aumente. Os defeitos das valvas se dividem em Estenose e Insuficiência. A Estenose é quando a valva não abre corretamente. A Insuficiência é quando a valva não se fecha corretamente. A pós-carga são todas as forças que se opõem a força de ejeção do coração, dificultando a saída do sangue do coração. A RVP é uma destas forças. Se existe um paciente com estenose aórtica, o sangue terá dificuldade de sair do VE, o que aumentará a pós-carga, masisto não quer dizer que a RVP esteja aumentada, neste caso estará normal. Assim, apesar da RVP contribuir para o aumento ou diminuição da pós-carga, estas não são a mesma coisa, onde a pós-carga é a soma de todas as forças que se opõem a ejeção do ventrículo esquerdo e a RVP é a principal destas forças. Quando acontece do sangue sair da circulação venosa, alcançar a circulação sistêmica, sem passar pelo pulmão, teremos um Shunt (atalho). Ou seja, é um caminho alternativo que o sangue percorre, saindo do leito venoso, indo até a parte sistêmica, sem passar pelos pulmões. Também acontecendo no caminho inverso. O shunt acontece do leito venoso para o arterial, como do leito arterial para o venoso. Se houver um Shunt, onde o sangue venoso passa para o arterial, o paciente apresentará cianose (coloração azulada da pele decorrente do excesso de hemoglobina não saturada ou reduzida, que não tem oxigênio), pois o sangue está caminhando para circulação sistêmica sem estar devidamente oxigenado. Mas devemos lembrar que nem todo Shunt leva a uma cianose, pois se o shunt for do leito arterial para o leito venoso, não haverá cianose. A CIV e a CIA são cardiopatias não cianogênicas, pois o desvio de sangue se dá do arterial para o venoso, onde o coração esquerdo tem mais força de ejeção do que o direito, fazendo com que o sangue seja impulsionado para o lado venoso nestas cardiopatias. Assim como a Persistência do Canal Arterial (PCA) também é não cianogênica. Página 3 de Cardiologia forças que se opõem a ejeção do ventrículo esquerdo e a RVP é a principal destas forças. Em última análise a RVP é derivada da contração da musculatura lisa das milhares de arteríolas existente no organismo. Na comparação da artéria com a veia, verificamos que a artéria tem a camada média com mais músculo liso do que a veia. Isto resulta que o sangue consegue ser depositado em maior quantidade na veia do que nas artérias, pois a complacência da veia é maior do que a da artéria, ou seja, com uma menor pressão há um aumento maior de volume. Note que a Aorta também tem complacência, pois no momento que o coração se contrai a aorta deverá receber o volume de sangue ejetado. Esta propriedade elástica da aorta é importante porque evita que a pressão sanguínea aumente demasiadamente. Se não houvesse esta elasticidade da aorta a pressão sanguínea levaria muito. Isto acontece em paciente idosos, onde geralmente apresentam pressão sistólica bastante elevada devido a elasticidade da aorta nestes paciente ser menor, apresentando endurecimento e calcificação. Quando se fala que a PA de um paciente está em 120/80 mmHg, quer dizer que é a medida da pressão sanguínea na Aorta, não é no ventrículo. Hemodinâmica- Volume Minuto Cardíaco (ou Débito Cardíaco): o débito cardíaco quer dizer o volume de sangue ejetado pelo coração a cada minuto, veja que não é a medida a cada batimento, mas ao somatório de todos os batimentos em um minuto. ○ O Débito Cardíaco (DC) pode ser calculado multiplicando o volume sistólico (VS), ejetado pelo ventrículo esquerdo, pela frequência cardíaca (FC). Está relação não leva em conta o peso do paciente, o DC diz quantos ml de sangue foram bombeados pelo coração em determinado tempo. DC = VS x FC Ex.: se o volume sistólico do paciente é de 80 ml e a frequência cardíaca está em 100 bpm, o débito cardíaco será de 8000 ml ou 8L de sangue. Pressão Arterial (PA): a pressão arterial é o produto do débito cardíaco (DC) pela resistência vascular periférica (RVP). ○ PA = DC x RVP Mas o DC já foi visto acima é o VS x FC, desta forma a PA pode ser medida da seguinte forma: PA = (VS x FC) x RVP Sabendo-se disso, podemos chegar a conclusão de que se um paciente estiver com a PA elevada, pelo menos uma das variáveis (VS, FC, RVP) estará elevada. Ex. 1: em um paciente hipertenso a FC = 60 bpm (normal), o VS = 70 ml (normal), isto traz uma certeza de que o paciente tem a PA elevado porque a RVP está elevada. Quando um paciente apresentar palidez e pele fria é sinal que a RVP está aumentada. Assim, se a RVP estiver diminuída o sangue chegará na periferia, deixando-a corada e quente, mas se a RVP estiver aumentada o sangue diminui na periferia e o paciente apresenta palidez e pele fria. Ex. 2: um paciente acidentado apresenta palidez e pele fria (RVP ↑), FC = 120 bpm (elevada) e a PA = 60/20 mmHg. Sabendo que o a PA é o produto do VS com FC e a RVP, se a FC e a RVP estão aumentadas, mas o produto está reduzido, ou seja, a PA está reduzida, quer dizer que o VS está diminuído, perdendo volemia. Geralmente os pacientes hipertensos crônicos, permanecem nesta condição devido ao aumento inadequado da RVP. Página 4 de Cardiologia inadequado da RVP. Lembrar que a RVP é a soma de todas as contrações que as arteríolas realizam na periferia, se os vasos antes de chegar na periferia são fechados, diminuindo o fluxo de sangue para esta região, a pele apresentará palidez e frieza, pois o sangue é quente e não está chegando na periferia. Por outro lado, se a pele é quente e avermelhada (corada) é sinal que o sangue está chegando na periferia, isto significa que a RVP está diminuída. Desta forma, se a pele estiver quente a RVP está diminuída, se a pele está fria a RVP está aumentada. Pressão Arterial Média (PAM): nas medidas das pressões temos a pressão sistólica e da pressão diastólica. No ciclo cardíaco o coração passa mais tempo na diástole, como há esta diferença entre a sístole e a diástole, a PAM não pode ser apenas a média aritmética simples. Como o coração passou mais tempo na diástole, a PAM tende a ser mais próxima da pressão diastólica do que com a sistólica. ○ A PAM é calculada pela soma da pressão arterial diastólica (PAD) com 1/3 da pressão diferencial, ou da diferença entre pressão arterial sistólica com a pressão arterial diastólica (PAS - PAD), obtendo a seguinte forma: PAM = PAD + 1/3 (PAS - PAD) Ex. 1: no caso da PA = 120/90 mmHg a PAM será de: PAM = 90 + 1/3 (120 - 90) => PAM = 90 + 1/3 (30) => PAM = 90 + 10 => PAM = 100 mmHg Algumas literaturas apresentam que a PAM é a soma da PAD com 1/4 da diferencial, mas em nosso estudo utilizaremos 1/3 da diferencial. Fração de Ejeção (Fej): representa a função sistólica, ou seja, o quanto de sangue foi ejetado para fora do ventrículo, após o final da diástole. O seja, se no final da diástole o ventrículo recebeu 100 ml de sangue, a quantidade que ele conseguir ejetar para fora do coração será a fração de ejeção (Fej). Para que a função sistólica do coração esteja normal é necessário que a Fej seja de no mínimo 50%, se estiver abaixo deste limite é sinal que o coração não está funcionando corretamente. ○ Fej = (VDf - VSf) / VDf Ex. 1: vamos supor que um paciente no final da diástole tinha 100 ml no ventrículo e depois, com o final da sístole tinha apenas 70 ml, isto quer dizer que a Fej foi de 30% de sangue ejetado. Fej = (100 - 70) / 100 => Fej = 30 / 100 => Fej = 30% Se a função sistólica estiver normal, quer dizer que a fração de ejeção também está normal. A ferramenta indicada para medir a Fej é o Ecocardiograma, sendo uma das principais informações que o ecocardiograma traz para o médico. O paciente que infarta tem uma diminuição na sua fração de ejeção, pois a função sistólica está comprometida, onde alguma parte da parede ventricular deixou de funcionar, prejudicando a ejeção do sangue. Geralmente, o costume popular afirma que o coração é fraco, isto quer dizer que a Fej está diminuída. Ex. 2: o paciente tem um VDf = 200 ml e o VSf = 120 ml. Podemos encontrar a Fej da seguinte forma: Fej = (200 - 120) / 200 => Fej = 80 / 200 => Fej = 0,4 ou 40% (função sistólica diminuída) Regra dos 5 (em mmHg): está regra foi definida para facilitar a identificação das medidas de pressão nascavidades cardíacas e nas artérias pulmonar e aorta, onde foi definido que a média destas pressões seriam múltiplos de 5, conforme visualizamos abaixo: ○ Página 5 de Cardiologia AD = 5 VD = 25 / 5 Pulmonar (AP)A. = 25 / 10 AE = 10 VE = 125 / 10 Aorta (AO)A. = 125 / 85 A medida da pressão na artéria aorta é a medida da PA. Ou seja, a PA não é a medida da pressão no VE, mas a pressão na artéria aorta. AD = 5 VD = 26 / 4 AP = 26 / 10 AE = 22 VE = 125 / 9 AO = 125 / 86 Ex. 1: com os dados obtidos na tabela abaixo, sabe-se que o paciente tem uma doença em um das valvas cardíacas, pergunta-se: Qual é a Valva? Qual é a doença? Da análise dos dados da tabela verificamos que o AE está com a pressão elevada, isto quer dizer que o sangue está tendo dificuldade de passar para o VE, encontrando resistência. A valva de comunicação entre estas duas cavidades é a Mitral, desta forma a valva acometida é a Mitral. Como o sangue esta encontrando uma dificuldade de passar para o ventrículo, a valva mitral não está abrindo corretamente, lembrando que a estenose valvar é a dificuldade de abertura das valvas, podemos concluir que há uma Estenose Mitral. Bases da Eletrofisiologia- O automatismo celular é a capacidade que uma célula tem de se despolarizar sem ser estimula por nenhuma outra célula. Devemos lembrar que para que uma célula miocárdica seja estimulada é necessário haja um aumento no potencial para que possa despolarizar, isto geralmente é realizado por um estímulo. As células do Nó Sinusal e Atrioventricular são dotadas de automatismo, sempre há autodespolarização. As células que comandam o sistema de condução do coração são as do Nó Sinusal, isto acontece porque a freqüência de disparo deste é maior do que as outras células (55 - 100 disparos por minuto). O Nó Atrioventricular (NAV) também tem automatismo, sendo que a frequência de disparo é menor (40 - 60), as outras células (feixe de HIS-Purking) também tem automatismo, sendo que a frequência de disparo é ainda menor. Se um paciente sofre um infarto, onde a artéria que nutre o nó sinusal está ocluida, o coração não pára de bater, o batimento continua de forma irregular, isto acontece porque as células do NAV também tem automatismo assumindo o ritmo do coração, certamente o ritmo cairá, mas o coração não vai parar de bater. Mesmo se houver oclusão da artéria que irriga as células do nó sinusal e NAV o coração também não vai parar de bater, pois as demais células também tem automatismo, embora em um ritmo menor. Página 6 de Cardiologia No sistema de condução, o impulso sai no do sinusal, passa pelos átrios, chega ao NAV, que transmite o impulso para o feixe de His, depois para as fibras de Purking, estas fibras de Purking se dividem em dois ramos, o direito e o esquerdo. O ramo esquerdo tem uma velocidade de condução maior do que o ramo direito, isto acontece porque o ramo esquerdo tem que estimular uma maior massa do coração, que fica no ventrículo esquerdo, como a sístole tem que terminar junto do lado direito e esquerdo, há necessidade do ramo esquerdo ter uma maior velocidade de condução. No traçado ao lado verificamos as ondas que aparecem em um Eletrocardiograma (ECG), estas ondas são representadas pela: Onda P, Complexo QRS e Onda T. A Onda P representa a despolarização dos átrios, o Complexo QRS representa a despolarização dos ventrículos, já a Onda T representa a repolarização ventricular. Note que a onda que representa a repolarização dos átrios não aparece, isto acontece porque tanto a repolarização atrial como o despolarização dos ventrículos acontecem no mesmo instante, como a corrente dos ventrículos é maior, o traçado do ECG só apresenta o Complexo QRS. Ainda no traçado do ECG identificamos alguns Segmentos e Intervalos. Os segmentos são linhas retas, já os intervalos englobam pelo menos uma reta e uma onda. O Complexo QRS é composto por três ondas, a primeira é a onda Q, sendo negativa e onde começa o Complexo QRS; temos a onda R, sendo a parte positiva; e depois a onda S que é a outra parte negativa que sucede a onda R. Se no Complexo QRS a parte negativa antecede a parte positiva (onda R) teremos a onda Q, se a parte negativa sucede a onda R teremos a Onda S. No Complexo toda onda para cima (positiva) será onda R. Se uma onda Q é visível no ECG está informando que existe um infarto naquele local representado. Em regra geral, normalmente, no ECG em algumas derivações, não é para existir a onda Q. Ou seja, a onda Q significa infarto. Se o infarto foi na região da Descendente Anterior (DA), foi esta que ficou obstruída, se aconteceu na região da CD, foi esta que ficou obstruída, na mesma forma na região da CX. Se houver obstrução da CE, como já visto, é incompatível com a vida, pois afetará a região da DA e CX, comprometendo quase toda função ventricular esquerda. Dentre os Segmentos temos: - Segmento PR que vai do final da onda P até o início do Complexo QRS; - e o Segmento ST que vai do final do QRS até o início da onda T. Quando o coração tiver passando por eventos isquêmicos (Síndromes Coronarianas Agudas) a alteração no traçado do ECG estará representada no Segmento ST, ficando supra ou infra nivelado com o eixo. Onda Q patológica Segmento ST isquêmico Lembrando que um infarto (fase antiga) é identificado pela presença da onda Q em algumas derivações e o desnivelamento do Segmento ST significa evento isquêmico (fase aguda). O Coração como Bomba- O fluxo sanguíneo mantém uma relação direta com o diâmetro do vaso sanguíneo. Se o vaso estiver com o diâmetro aumentado o fluxo irá aumentar, se o vaso diminui seu diâmetro o fluxo irá diminuir. Página 7 de Cardiologia No quadro ao lado, devemos prestar a tenção no traçado da pressão aórtica, pressão ventricular, pressão atrial e o ECG. Observe a relação entre o QRS com a pressão ventricular e na pressão aórtica. Quando o ventrículo está em diástole a pressão aórtica está em 85 mmHg, a pressão atrial esquerda na diástole é de 10 mmHg. Quando aparece a Onda P e o segmento PR no ECG, o ventrículo não está contraído, a partir do momento que o ventrículo se contrai (QRS) a pressão ventricular começa a subir mas a pressão aórtica ainda não sobe, pois neste momento a valva aórtica está fechada, este período é denominado de Contração Isovolumétrica. Note que quando a pressão ventricular supera a pressão aórtica, esta começa a se elevar, passando ao período de ejeção. Após o período de ejeção começa o período da diástole ventricular, sem que tenha alteração no volume, este período é conhecido como Relaxamento Isovolumétrico. Quando o volume começa a se alterar no período da diástole, teremos o enchimento ventricular. Uma outra maneira muito usada de analisar o ciclo cardíaco é fazer a relação gráfica entre volume e pressão. A pressão é colocada nas ordenas e o volume nas abscissas. Tal representação verificamos na figura ao lado, com dados obtidos a partir das variações observadas no ventrículo esquerdo. A curva é cíclica e, portanto, permite uma análise a partir de qualquer ponto. Tomemos, por exemplo, o momento (A) em que, mantido o volume, a pressão despenca, o que corresponde ao relaxamento isovolumétrico; ainda não há abertura da valva mitral (B). A partir da abertura da valva mitral, o volume aumenta gradativamente até que, iniciando-se a sístole (C), começa a contração isovolumétrica; na qual, como explica o próprio nome, o volume não varia, embora a pressão esteja em franca ascenção, até que a valva aórtica (D) se abra e agora rapidamente o volume começa a decair, pois o sangue está sendo impulsionado para a aorta. 70 100 Nos períodos de contração e relaxamento isovolumétrico, todas as valvas (Mitral e aórtica) estão fechadas, por isto que é isovolumétrica,pois não está saindo ou entrando sangue no ventrículo esquerdo. Da análise do gráfico acima podemos obter a medida da Fração de Ejeção (Fej). A ponto (C) no gráfico representa a VDf, o ponto (A) representa a VSf. Desta forma, temos que VDf = 100 e VSf = 70, aplicando a fórmula de Fej = (VDf - VSf) / VDf teremos: Fej = (100 - 70) / 100 => Fej = 30 / 100 => Fej = 0,30 ou 30% Neste caso a função sistólica ventricular está comprometida, pois Fej está menor que 50%. O tratamento para um paciente que está com a função sistólica comprometida pode ser realizado com administração de Adrenalina ou Digitálicos, que vai melhorar o inotropismo cardíaco (força de contração da fibra muscular cardíaca). Com isto haverá uma melhora na ejeção sanguínea. Outra forma alternativa de melhorar a função sistólica do paciente é aumentar a volemia (soro), desde que a PA esteja baixa, onde a VDf aumentaria, como a força de contração continuaria a mesma o VSf ficaria o mesmo, onde a Fej estaria melhorada. Com o aumento do volume no paciente, fez com que Página 8 de Cardiologia ficaria o mesmo, onde a Fej estaria melhorada. Com o aumento do volume no paciente, fez com que houvesse um aumento na fibra muscular cardíaca do paciente, quanto maior a fibra, melhor a força de contração, atendendo aos Mecanismos de Frank-Starling. Nesta alternativa tem que se atentar para a PA, pois a sua elevação está diretamente relacionada com o volume sanguíneo (VS). Com esta técnica pode-se provocar um edema agudo de pulmão. Por isto que não se pode aumentar a volemia de um paciente com insuficiência cardíaca. A lei de Frank-Starling diz que quanto maior o tamanho da fibra maior a força de contração. Quanto maior o tamanho do sarcômero, até determinado limite, maior a força de contração. Página 9 de Cardiologia Cardiologi... SEMIOLOGIA CARDIORESPIRATÓRIA- Dor Torácica○ A dor torácica não é o mesmo que dor cardíaca, pois pode ter origem no coração e em outros órgãos ou estruturas como a pleura, o esôfago, a aorta, o mediastino, o estômago e na própria parede torácica. A dor relacionada ao coração e à aorta compreende a de origem isquêmica, e não isquêmica (pericárdica, a aórtica e Valvular). Na avaliação semiológica da dor precordial, todas as características são importantes: localização, irradiação, caráter, intensidade, duração, frequência, fatores desencadeantes ou agravantes, fatores atenuantes e sintomas concomitantes, os quais podem vir antes, durante ou depois da dor. Sintomatologia- Dor Isquêmica: está relacionada com a hipóxia celular, provocando a isquemia miocárdica. A causa mais comum de isquemia miocárdica é a aterosclerose coronária, assumindo características especiais na angina do peito e no infarto do miocárdio. � A localização típica é retroesternal, pode ser restrita a uma pequena área ou ocupar toda região precordial. Se a dor for nas articulações condroesternais que piora à palpação caracteriza a osteocondrite (síndrome de Tietze). O paciente ao descrever a dor isquêmica cerra os punhos e pressiona contra o peito (sinal de Levine). A dor pode irradiar, estando relacionada a sua intensidade, podendo dirigir-se para os pavilhões auriculares, maxilar inferior, nuca, região cervical, membros superiores, ombro, região epigástrica e região interescapulovertebral. Uma grande dor precordial, que se irradia para as costas pode ser uma dor de dissecção aguda de aorta, pode ser de outras causas, mas deve-se descarta a dissecção aguda de aorta. Aula 09/08/2013 sexta-feira, 9 de agosto de 2013 21:48 Página 10 de Cardiologia mas deve-se descarta a dissecção aguda de aorta. A dor anginosa é quase sempre do tipo constritiva, em aperto, para descrevê-la o paciente leva a mão fechada ao peito, dizendo que a dor é em aperto, peso, queimação, sufocação e até sensação de nó na garganta. A dor de angina de peito tem duração curta, em geral de 2 a 4 minutos, raramente ultrapassando 10 minutos. Isto porque sua origem é apenas hipóxia miocárdica, sem alteração necrobióticas. Na angina instável pode durar 20 minutos, pois já há alterações histológicas. No infarto a dor pode durar mais de 20 minutos ou até horas. Na angina estável o paciente relata que a dor só aparece as esforços. A intensidade varia de acordo com o grau de comprometimento isquêmico, sendo classificada em leve (sensação de peso ou desconforto), moderada (incomoda bastante e agrava com atividade física) e intensa (grande sofrimento, o paciente fica o mais quieto possível, acompanha-se de sudorese, palidez, angústia e sensação de morte iminente). A dor da angina de peito pode ser desencadeada pelo exercício físico ou condições que aumentam o trabalho cardíaco (emoções, taquicardia, frio, após refeições copiosa). No infarto a dor se inicia geralmente com o paciente em repouso. Se a dor torácica estiver relacionada a mudanças de decúbito ou movimento do pescoço, pode ter origem cervical ou dorsal. Se estiver relacionada a deglutição é causada por espasmos esofágico ou esofagite. Se a dor se agrava com a tosse pode ser devida à pericardite, pleurite ou compressão de uma raiz nervosa. Na dor cardíaca há alívio quando o paciente fica de repouso ou quando faz uso de dilatadores coronários (nitratos - desaparece em 3-4 minutos). Na pericardite aguda pode aliviar ou cessar quando o paciente inclina o tórax para frente ou o comprime com um travesseiro. A eructação ou eliminação de gases pode aliviar o quadro anginoso. Os nitratos fazem uma vasodilatação das artérias coronárias e das veias do corpo, como vasodilata as veias vai diminuir a pré-carga cardíaca. Dor Aórtica: os aneurismas de aorta geralmente não provocam dor, mas a dissecção aguda da aorta determina quadro doloroso de início súbito, muito intensa, do tipo lancinante, de localização retroesternal ou face anterior do tórax, com irradiação para as costas, pescoço, região interescapular e ombros. O paciente fica inquieto tentando obter algum alívio. � Dor Pericárdica: origina-se pela inflamação do pericárdio e é mais aguda que a angina de peito, localiza-se na região retroesternal junto a reborda esternal esquerda e irradia-se para o pescoço e as costas, do tipo constritiva, peso, opressão, queimação, tendo grande intensidade, costuma ser contínua e durar várias horas, não tem relação com exercício físico, agrava-se com a respiração, decúbito dorsal, deglutição e movimento do tronco. Aliviando quando inclina o tórax para frente ou em posição genupeitoral. � Dor de origem Psicogênica: Geralmente aparece em indivíduos com ansiedade e/ou depressão, limita-se à região da ponta do coração, costuma ser surda, e por várias horas, agravando nas contrariedades ou emoções desagradáveis. Não tem relação com exercício, pode vir acompanhada de palpitação, dispnéia suspirosa, dormências, astenia, instabilidade emocional e depressão. Alivia no repouso, analgésicos, tranqüilizantes e placebos. � Caso 1 Paciente homem, 49 anos, tabagista de longa data, é admitido na emergência com queixa de dor retroesternal1 intensa3, em aperto2, se irradia para o MSE4, aparece aos esforços6, dura até 5 minutos5. e melhora com o repouso7. Além da dor refere também náuseas e sudorese8. Aspectos da dor a identificar: Localização1, caráter2, intensidade3, irradiação4, duração5, fator desencadeante6, fator atenuante7, sintomas associados8. Quadro típico de Dor Isquêmica. Caso 2 Página 11 de Cardiologia Caso 2 Mulher, 32 anos, chega ao seu consultório relatando dor recente início (4 horas), intensa, em pontada que ela localiza com precisão numa pequena área da região inframamária direita que não se irradia. A paciente vem apresentando tosse há 1 semana que faz piorar a dor. Aspectos da dor a identificar: Localização, caráter, intensidade, irradiação, duração, fator desencadeante,fator atenuante, sintomas associados. O fato da mulher ser jovem e a dor já durar 4 horas já nos leva a pensar em outro tipo de dor, fora a isquêmica. A intensidade, embora seja grande, mas tem um caráter em pontada, na dor isquêmica a dor é em aperto. Tem uma localização precisa, na dor isquêmica o paciente não consegue dizer precisamente onde se localiza a dor. A paciente não alega irradiação da dor. Todo quadro clínico vai contra uma dor de origem isquêmica. As hipóteses diagnósticas podem ser variadas, como uma dor muscular, inflamação na pleura, uma pneumonia em início, mas a característica isquêmica fica afastada. Caso 3 Homem, 50 anos, obeso, é tabagista e faz uso regular de bebidas alcoólicas. Refere dor epigástrica e retroesternal em queimação que aparece sempre que ele se deita ou ingere líquidos em abundâncias às refeições. Aspectos da dor a identificar: localização, caráter, fator desencadeante. Já pelos dados iniciais (homem, obeso e tabagista) já nos remete a prováveis problemas de origem isquêmicas, mas as características da dor (epigástrica e retroesternal em queimação ao deitar ou após as refeições) remete mais a uma dor gástrica. Apesar de ter sinais e sintomas de dor gástrica, tem que se descartar qualquer problema cardíaco, pois é um paciente de risco. Dispnéia○ Definição: sensação consciente e desagradável do ato de respirar.� Sinônimos (usados pelos pacientes): “cansaço”, “canseira”, “falta de ar”, “fôlego curto”, “fadiga “e “respiração difícil”. � Pode ser: - objetiva (percebida pelo médico com aceleração dos movimentos respiratórios, uso da musculatura acessória) ou - subjetiva (não percebida pelo médico mas o paciente relata). � Atenção: dispnéia em paciente com lesão cardíaca significa congestão pulmonar. Se o coração não funciona normalmente, haverá um aumento das pressões dentro do coração, dificultando o fluxo sanguíneo para o átrio esquerdo, impedindo que o sangue do pulmão entre nas veias pulmonares, consequentemente o paciente terá congestão pulmonar. Desta forma, se o paciente cardíaco tem dispnéia significa que o paciente tem congestão pulmonar. O tratamento de um paciente que tem dispnéia por insuficiência cardíaca é realizado com administração de diurético, pois quando se elimina parte da volemia do paciente, vai ajudar a reabsorção do líquido retido no pulmão. Causas que levam a dispnéia:� ATMOSFÉRICAS --------> Ar Rarefeito (grandes altitudes) OBSTRUTIVAS --------> Edema de Glote (alérgico) Página 12 de Cardiologia PARENQUIMATOSAS --------> Pneumonia (dificulta a hematose) PLEURAIS --------> Derrame Pleural DIAFRAGMÁTICAS --------> Paralisia do diafragma (respiração dificultada) CARDÍACAS --------> IC SIST. NERV. CENTRAL --------> Psicogênica Dispnéia de Esforço: é a dificuldade respirar que só aparece aos esforços (Pequenos, Médios e Grandes). □ Dispnéia de Decúbito (ou Ortopnéia): só aparece logo quando o paciente se deita, pois há um aumento do retorno venoso proveniente dos MMII e do leito esplênico, aumentando o fluxo no coração e no pulmão. Quando muito intensa leva o paciente a sentar-se na beira do leito (ortopnéia), com as pernas pendentes. □ Dispnéia Paroxística Noturna: também é uma dispnéia de decúbito, mas não aparece assim que o paciente se deita, aparecendo 2 ou 3 horas depois do paciente começar a dormir, se acordando com falta de ar. Decorre dos mesmos fenômenos da Ortopnéia, sendo que em uma intensidade menor. Nas crises mais graves, além da dispnéia intensa, surgem tosse com expectoração espumosa, branca ou rosada, cianose, sibilos e estertores, caracterizando o edema agudo do pulmão. □ Dispnéia Periódica (Cheyne-Stokes): caracteriza-se por períodos de apnéia (15 a 30 segundos), seguidos de movimentos respiratórios, superficiais a princípio, mas que vão se tornando mais profundos, até um máximo, depois, vão diminuindo de amplitude até uma nova apnéia. Isto pode ser derivado do sistema nervoso central (AVE, hipertensão intracraniana, ...) e por causas cardiogênicas (IC grave) □ Trepopnéia: dificuldade de respirar quando o paciente fica em decúbito lateral. Um paciente quando tem um derrame pleural de um lado, quando se deita do lado não acometido, sente dificuldade de respirar, pois não consegue expandir o lado bom. □ Tipos:� CLASSE I: Pacientes com doença cardíaca, porém sem limitação da atividade física. A atividade física ordinária não provoca dispnéia, fadiga exagerada, palpitação nem angina do peito. □ Classificação das Cardiopatias de Acordo com a Capacidade Funcional do Coração (NYHA)� CLASSE II: Pacientes com doença cardíaca e que apresentam alguma limitação às atividades físicas. Estes pacientes sentem-se bem em repouso, mas a atividade física comum provoca dispnéia, fadiga, palpitação ou angina do peito. □ CLASSE III: Pacientes com doença cardíaca e que apresentam acentuada limitação nas atividade físicas (aos pequenos esforços). Eles se sentem bem em repouso, porém pequenos esforços provocam dispnéia, fadiga, palpitação ou angina do peito. □ CLASSE IV: Pacientes com doença cardíaca e que têm incapacidade para exercer qualquer atividade física (dispnéia ao repouso). Os sintomas de dispnéia, fadiga, palpitação o angina do peito existem mesmo em repouso e se acentuam com qualquer atividade. □ Quanto maior a classe funcional pior o prognóstico do paciente. Caso 4 Homem, 42 anos, agricultor, sem fatores de risco para doença cardiovascular, chega ao seu consultório queixando-se de “fôlego curto”. Inicialmente o desconforto era desencadeado pelas atividades do campo, mas atualmente ele se queixa desse cansaço até para pentear o cabelo, tomar banho e se vestir. Relata que teve um irmão que faleceu aos 30 anos vítima da doença do “barbeiro”. Página 13 de Cardiologia A queixa do paciente tem dados significativos e importantes, indicando uma dispnéia de esforço, muito comum na insuficiência ventricular esquerda, mas pode aparecer em outras cardiopatias. Como é um agricultor que mora na zona rural e tem antecedentes familiares, o paciente pode estar com a doença de Chagas (coração dilatado e Fej deprimida < 50%). Caso 5 Mulher, 47 anos, portadora de hipotireoidismo sem controle adequado, chega à emergência com queixa de “fadiga” que piorou na última semana. À ausculta pulmonar revelou murmúrio vesicular diminuído no hemitórax esquerdo. Tanto no Hipo quanto no Hipertireoidismo a Pressão Arterial tende a aumentar. No hipotireiodismo há uma diminuição da FC, em contrapartida há um aumento maior na RVP, traduzindo como elevação da PA. (PA = (VS x FC) x RVP) Como o MV está diminuído indica que pode ser um derrame pleural. Estatisticamente, os pacientes com hipotireoidismo cursam com derrame pleural. Neste caso a dispnéia é de causa pulmonar. Com o Rx veio a confirmar a hipótese diagnóstica. A insuficiência cardíaca pode levar a um derrame pleural, mais frequente do lado direito, podendo ser bilateral, muito raramente será encontrado somente a esquerda. Desta forma, se o derrame pleural estiver só a esquerda pode-se pensar em outra causa que não seja insuficiência cardíaca. Edema○ O edema é uma manifestação clínica que pode traduzir várias patologias, é o resultado de do amento do líquido intersticial, proveniente do plasma sanguíneo. Pode ser identificado pelo sinal de cacifo, onde a pele edemaciada torna-se lisa e brilhante se o edema for recente, ou adquire aspecto de "casca de laranja" se o edema for de longa duração. O mecanismo do edema envolve o desequilíbrio nas forças de Starling (pressão oncótica das proteínas, pressão hidrostática, osmolaridade intra e extravascular). Em condições normais estas forças vivem e equilíbrio. Em condições normais a pressão hidrostática tendea expulsar água e eletrólitos do interior da luz capilar; a pressão oncótica das proteínas circulantes se põe a hidrostática determinando a retenção de líquidos no interior dos vasos; temos ainda a permeabilidade capilar, que se comporta como membrana semipermeável, onde passa água e eletrólitos, mas não passa proteínas. Se organismo tiver um problema onde houver perda de proteína a pressão oncótica está diminuída, fazendo com que haja extravasamento do líquido para o interstício, promovendo o edema. Na extremidade arterial do capilar, a pressão hidrostática é maior do que a pressão oncótica, de modo que o líquido intravascular passa para o espaço intersticial. Em contrapartida, na extremidade venosa do capilar, sendo a pressão hidrostática menor que a pressão oncótica, ocorre a reabsorção de líquido do espaço intersticial para o intravascular. Este balanço das forças faz com que haja circulação de líquido do tecido intersticial em torno dos capilares. Outro fator importante para gênese do edema cardíaco é a ativação do sistema Renina- Angiotensina-Aldosternoa (SRAA), que vai determinar a retenção de sódio e a eliminação de potássio. Um dos fatores para ativação do SRAA é a queda da pressão, onde células especializadas começam a produzir Renina (enzima) que converte o Angiotensinogênio (produzido no fígado) em Angiotensina I (Ang I), que sofre a ação da enzima conversora de angiotensina (ECA) localizada nos pulmões e rins para formar a Angiotensina II (Ang II). A Ang II é a responsável pelos efeitos deste sistema, onde atua na vasoconstrição de todos os vasos, aumentando a RVP, e atua na formação da Aldosterona (suprarenal - mineralocorticóide), que absorve sódio, que aumenta a hipertonia intravascular, à qual são sensíveis os osmoreceptores hipotalâmicos, que, por sua vez, provocam a Página 14 de Cardiologia intravascular, à qual são sensíveis os osmoreceptores hipotalâmicos, que, por sua vez, provocam a produção de ADH, responsável pela retenção de água pelos rins para aumentar o volume sanguíneo. Se o SRAA estiver desregulado uma das consequências é a hipertensão arterial e o edema. Localizado:□ Generalizado:□ Classificação do Edema� Nefrológicas: insuficiência renal, síndrome nefrótica, síndrome nefrítica□ Hepáticas: Cirrose, Insuficiência Hepática que causa a diminuição da pressão oncótica, consequentemente, vai liberar mais líquido dos vasos. □ Cardíacas: Insuficiência Cardíaca□ Nutricionais: desnutrição□ Miscelânea: Medicamentosa / Alérgica / Menstrual□ Causas do Edema� Os exames que podem ser solicitados para investigar o edema são: função hepática (albumina, TGO, TGP), função renal (uréia e Creatinina), função cardíaca (ECG). Podendo nortear as hipóteses diagnósticas, devendo principalmente se basear na história clínica. Caso 6 Mulher, 38 anos, é admitida à emergência com edema bilateral nos membros inferiores, aumento do volume abdominal (ascite) e edema facial. Exames laboratoriais revelaram proteinúria maciça. A paciente está com anasarca, a proteinúria maciça releva a perda excessiva de proteínas pela urina, fazendo com que a pressão oncótica cai e a paciente apresente edema, pois o líquido sairá do vaso para o tecido subcutâneo. Caso 7 Mulher, 42 anos, hipertensa controlada em uso de anlodipino (bloqueador dos canais de cálcio) 10mg/dia retorna ao consultório de seu clínico queixando-se de edema nos membros inferiores. O bloqueador de canais de cálcio promove uma diminuição da FC, sendo utilizado como antiarrítmico e anti-hipertensivo, como este medicamento bloqueia os canais de cálcio da periferia, os vasos também relaxam, reduzindo a RVP, consequentemente reduzindo a PA, como relaxam os vasos favorece a saída de líquido do vaso, podendo provocar edema. O medicamento anlodipino é essencialmente anti-hipertensivo. Um dos efeitos colaterais dos bloqueadores de cálcio é o desenvolvimento de edemas nos membros inferiores. Tosse○ Definição: inspiração rápida e profunda, seguida de fechamento da glote, contração do músculos expiratórios e expiração forçada. Mecanismo: estimulação de receptores nas vias aéreas >>> via aferente (bulbo) >>> via eferente (laríngeo inferior e frênico) do bulbo à glote e aos músculos expiratórios. Pode ser: produtiva (com secreção) ou seca. Afecções Laringo-Traqueo-Brônquicas: Asma, Faringite, Pleurite, CA de Pulmão, EP...□ Cardíacas: IC, EMi. As causas cardíacas podem provocar a tosse, pois pode ocasionar a congestão pulmonar, por isso, é sempre acompanhada de dispnéia. Geralmente é uma tosse seca. □ Refluxo Gastro-Esofágico:□ Nutricionais: □ Causas da Tosse� Cianose○ A cianose é a coloração azulada da pele e das mucosas, devido ao aumento da hemoglobina reduzida no sangue capilar - > 5 g / 100ml (normal até 2,6 g / 100 ml). Os pacientes intensamente anêmicos nunca apresentarão cianose, porque não haveria hemoglobina reduzida suficiente para Página 15 de Cardiologia anêmicos nunca apresentarão cianose, porque não haveria hemoglobina reduzida suficiente para produzir cianose, mesmo que a tensão de oxigênio sanguíneo permanecesse relativamente alta. Pacientes com policitemia, aumento exagerado de hemácias, pode ter cianose com mais facilidade. Para se ter cianose é necessário ter pelo menos 5g de hemoglobina reduzida (não oxigenada), nos pacientes anêmicos isto é muito difícil acontecer, pois será necessário que quase toda hemoglobina fique reduzida, pois nestes pacientes a quantidade de hemoglobina já é baixa. Pode ser: Localizada ou Generalizada Diminuição na tensão de O2: grandes altitudes.� Transtorno da ventilação pulmonar: obstrução das vias aéreas, asma brônquica� Transtorno da difusão: aumento na espessura da membrana alveolocapilar (fibrose pulmonar, congestão pulmonar, pneumonia) � Transtorno na perfusão: embolia pulmonar, cardiopatia congênita, IVD� Curto circuito (shunt) da direita para esquerda: Tetralogia de Fallot (T4F)� CENTRAL: está no centro do corpo (coração e pulmão)□ Ocorre ou por perda exagerada de O2 na periferia ou por diminuição do calibre dos vasos na microcirculação. � A pele do paciente nesses casos sempre está FRIA.� Exemplos: IC (estase venosa) e baixas temperaturas.� PERIFÉRICA: aparece em áreas distais (MMII)□ Nesse caso os mecanismos central e periférico estão associados.� Exemplo clássico: Insuficiência Cardíaca (IC). Existe congestão pulmão que através da má difusão gera uma cianose CENTRAL e a estase venosa gera uma cianose PERIFÉRICA. � MISTA□ Decorre de alterações bioquímicas que impedem a fixação do oxigênio.� A presença de meta-hemoglobina é um exemplo clássico.� Esta alteração surge pela inalação ou ingestão de substâncias tóxicas que contêm nitritos, fenacetina, sulfanilamida, anilinas. � POR ALTERAÇÃO DA Hb: é bastante rara□ Classificação:� Baqueteamento digital:○ Existe uma relação entre cianose e os dedos em baqueta de tambor, onde a queda de saturação na periferia favorece a proliferação do tecido sub-ungueal, apesar de não ser completamente aceita. A combinação de baqueteamento é frequente em cardiopatias congênitas e em doenças pulmonares (fibrose pulmonar, T4F, enfisema, etc). Quando aparece baqueteamento sem cianose, pensar em ENDOCARDITE. Caso 8 Página 16 de Cardiologia Caso 8 Uma criança de 1 ano e 3 meses é trazida ao seu consultório devido à coloração azulada da pele. Segundo a mãe a criança tem isso desde que nasceu. A criança apresenta ainda adinamia e retardo do crescimento. A cianose não é causada por CIA, CIV e PCA, pois elas são acianogênicas, onde a passagem do sangue se dá do arterial para o venoso. A cardiopatia cianogênica mais comum é a Tetralogia de Fallot. A cardiopatia congênita mais frequente é a CIV. Síncope○ Síncope é a perda súbita e transitória da consciência e do tônusmuscular postural. Neurocardiogênica (neuromediada/reflexo): vaso-vagal □ Obstrutiva (obstrução da VSVE: Estenose Aortica, CMPh, etc)� Arrítmica (TV, FV, bradicardias, etc)� Cardiogênica: diminui o fluxo sanguíneo cerebral (bradicardia [FC < 30 a 40bpm], taquicardia [FC > 150 bpm]). □ Causas:� Caso 9 Uma adolescente de 16 anos vai ajudar sua amiga que acaba de sofrer um ferimento com um prego, mas ao ver a lesão ensangüentada, perde subitamente a consciência, cai e apresenta um TCE tendo que ser levada à emergência. Este não é um caso de síncope cardiogênica, sendo um reflexo vaso-vagal. Página 17 de Cardiologia Cardiologi... ATEROSCLEROSE E DISLIPIDEMIA- Definição: "A aterosclerose é um processo dinâmico, evolutivo por múltiplos fatores de agressão endotelial . O termo “fatores de risco” foi usado pela primeira vez pelo estudo de Framingham em 1963 para determinar aqueles atributos que estatisticamente contribuiram para o desenvolvimento de DAC." A aterosclerose deve ser entendida como uma doença degenerativa, progressiva, aonde componentes trombóticos e inflamatórios têm papel importante no endotélio arterial. As manifestações de aterosclerose representam a principal causa de morbidade e mortalidade da sociedade moderna. Os mecanismos fisiopatológicos básicos do processo aterosclerótico que levam a Doença Arterial Coronariana (DAC), tem sido estudados desde a metade do século XIX. Relação negativa DAC x HDL-C => ↓ DAC□ Relação Positiva DAC x LDL-C => ↑ DAC□ MRFIT - Multiple Risk Factor Intervetion Trial iniciado em 1986 durou 6 anos, sendo acompanhados 360.000 pacientes, comprovou que a relação entre a DAC e o aumento do HDL-C era negativa, onde os pacientes tiveram menos DAC ; e que a relação entre DAC e o aumento do LDL-C era positiva, onde os pacientes tiveram mais DAC. � Fatores de risco, DAC, e o beneficio redução da Hipertrigliceridemia.□ PROCAM – Prospective Cardiovascular Munster Study- 1989-1991, demonstrou que a redução da Hipertrigliceridemia trazia benefícios, diminuindo os fatores de riscos para DAC. � Relação da DAC x MORTALIDADE □ Estudos de sete países em 1990 mostrraram uma relação entre a DAC e a mortalidade� Estudos Clínicos e Observacionais começaram a ser realizados por Framingham Study em 1948 outros estudos posteriores também se desenvolveram: Recentemente foram introduzidos conceitos de ateroinflamação (aumentando a disfunção endotelial), e aterotrombose (caracteriza histologicamente a interrupção da integridade da placa). Ressalte-se que a disfunção endotelial é o mecanismo mais importante da causa na aterosclerose. 60 anos○ Histórico: Lípides Aterosclerose Últimos 15 anos○ BOGALUSA HS, PDAY 1 – Carater evolutivo desde a infancia e relação entre Fatores de Risco e aterosclerose: 2 - Beneficio das Estatinas para aumentar o HDL e diminuir o LDL 3 – Estabelecimento da relação de fatores de risco como fator causal 4.A - Prevenção Primária: Estudos como HPS - WOSCOPS -AFCAPS/TEXCAPS comprovaram que o tratamento antes das complicações da DAC (prevenção primária) melhora a história natural da doença, aumentando a sobrevida do homem. 4.B - Prevenção Secundária: estudos 4S -CARE - LIPID 4 - Redução de eventos cardiovasculares Nos últimos 15 houve um marco na história das intervenções e prevenção na DAC: Aula 10/08/2013 - Sandra sábado, 10 de agosto de 2013 15:17 Página 18 de Cardiologia 4.B - Prevenção Secundária: estudos 4S -CARE - LIPID Objetivo: estudar extensão, prevalência e topografia das lesões ateroscleróticas.○ Conclusão: poucas doenças tem um período de incubação tão longo quanto a aterosclerose, que começa a afetar as artérias desde a segunda e terceira década de vida. ○ Neste estudo foram realizadas 2.876 autópsias de Aorta de jovens americanos entre 15 e 35 anos de idade que tiveram morte por motivos não cardíacos. Realizando um Mapa de Prevalência de Estrias Gordurosas e Lesões na Aorta Abdominal. Aterosclerose precoce em Aorta Abdominal Também foram analisadas as coronárias direitas destes jovens americanos, sendo registrado que havia uma similar progressão das lesões afetando estas artérias, onde um em cada seis adolescentes americanos tem espessamento anormal das artérias coronárias. Aterosclerose precoce em Coronária Direita Estudo PDAY: PATHOLOGY DETERMINANTS OF ATEROSCLEROSIS IN YOUTH STUDY (PDAY) A Evolução, os Costumes e os Fatores de Riscos A aterosclerose tornou-se epidêmica pelos hábitos de vida e alimentares entre os povos, adotando uma alimentação rica em gorduras saturadas e uma diminuição das atividades físicas. Com os estudos realizados ficou entendido que o papel do colesterol no desenvolvimento da cardiopatia aterosclerótica isquêmica está bem determinado em evidências: - Clínicas; - Epidemiológicas; - Genéticas; - Patológicas; - Animais de laboratório. Página 19 de Cardiologia Assegurando a seguinte verdade: "Altos níveis de colesterol apresentam uma relação causal com a doença ateroscletórica e o aumento de risco de cardiopatia isquêmica." Endotélio: O endotélio tem contato direto com o sangue, uma das funções deste endotélio é impedir que o sangue coagule em sua parede, para isto produz em sua superfície o Heparan Sulfato que vai estimular da Antitrombina III, ainda em sua camada basal existe a laminina e fibronectina que evita o espessamento mais complexo da camada íntima. Desta forma o endotélio tem uma função importante que é manter o equilíbrio nesta homeostase vascular. Equilíbrio trombótico endotelial – funções anticoagulantes e pró-fibrinoliticas da célula endotelial. Na camada superficial do endotélio vascular existem mecanismos que vivem em equilíbrio, alguns deles são mecanismos pró-coagulantes (PAi, Fator tecidual, vWf) e outros mecanismos anticoagulantes (PGI2, Trombomodulina, Heparan Sulfato, t-PA). Evolução esquemática da placa de Aterosclerose A formação da placa aterosclerótica inicia-se com a agressão ao endotélio vascular devida a diversos fatores de risco como elevação de lipoproteínas aterogênicas (LDL, IDL, VLDL, remanescentes de quilomícrons), hipertensão arterial ou tabagismo. Como conseqüência, a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade da íntima às lipoproteínas plasmáticas favorecendo a retenção das mesmas no espaço subendotelial. Retidas, as partículas de LDL sofrem oxidação, causando a exposição de diversos neo- epítopos, tornando-as imunogênicas. O depósito de lipoproteínas na parede arterial, processo-chave no Página 20 de Cardiologia epítopos, tornando-as imunogênicas. O depósito de lipoproteínas na parede arterial, processo-chave no início da aterogênese, ocorre de maneira proporcional à concentração dessas lipoproteínas no plasma. Além do aumento da permeabilidade às lipoproteínas, outra manifestação da disfunção endotelial é o surgimento de moléculas de adesão leucocitária na superfície endotelial, processo estimulado pela presença de LDL oxidada. As moléculas de adesão são responsáveis pela atração de monócitos e linfócitos para a parede arterial. Induzidos por proteínas quimiotáticas, os monócitos migram para o espaço subendotelial onde se diferenciam em macrófagos, que por sua vez captam as LDL oxidadas. Os macrófagos repletos de lípides são chamados células espumosas e são o principal componente das estrias gordurosas, lesões macroscópicas iniciais da aterosclerose. Alguns mediadores da inflamação estimulam a migração e proliferação das células musculares lisas da camada média arterial. Estas, ao migrarem para a íntima, passam a produzir não só citocinas e fatores de crescimento, como também matriz extracelular que formará parte da capa fibrosa da placa aterosclerótica. A placa aterosclerótica plenamente desenvolvida é constituída por elementos celulares, componentesda matriz extracelular e núcleo lipídico. Estes elementos formam na placa aterosclerótica, o núcleo lipídico, rico em colesterol e a capa fibrosa, rica em colágeno. As placas estáveis caracterizam-se por predomínio de colágeno, organizado em capa fibrosa espessa, escassas células inflamatórias e núcleo lipídico de proporções menores. As instáveis apresentam atividade inflamatória intensa, especialmente nas suas bordas laterais, com grande atividade proteolítica, núcleo lipídico proeminente e capa fibrótica tênue. A ruptura desta capa expõe material lipídico altamente trombogênico, levando à formação de um trombo sobrejacente. Este processo, também conhecido por aterotrombose, é um dos principais determinantes das manifestações clínicas da aterosclerose. A concentração de lipoproteínas no sangue, juntamente com outros fatores como tabagismo e HAS, promovem maior facilidade na formação da placa aterosclerótica. O foco da lesão tem base hidrodinâmicas, com predileção por partes proximais das ramificações das artérias. Página 21 de Cardiologia Assim, a placa aterosclerótica consiste no depósito de colesterol, resíduos celulares, células musculares lisas e outras substâncias no endotélio de artérias de médio e grande porte. À medida que a placa aumenta, produz espessamentos no interior das artérias levando ao estreitamento destas e consequentemente à obstrução do livre fluxo da corrente sanguínea. Todavia, os danos mais graves ocorrem quando as artérias se tornam frágeis e rompem. Ao romperem são libertados coágulos de sangue (trombo) que se dispersam por todo o corpo através da corrente sanguínea, podendo bloquear qualquer outro vaso sanguíneo (embolia). Estes coágulos ao bloquearem um vaso sanguíneo que irriga o coração ou o cérebro provocam respectivamente, um ataque cardíaco ou um AVE. DESENVOLVIMENTO DA PLACA ATEROSCLERÓTICA 1. Agressão ao endotélio 2. Disfunção endotelial 3. Aprisionamento do LDL colesterol 4. Expressão das moléculas de adesão 5. Migração de leucócitos para o subendotélio 6. Diferenciação dos monócitos (macrófagos) 7. Formação da célula espumosa 8. Formação da estria gordurosa Mecanismo da Aterogênese- Fase 1 - Adesão celular. As células endoteliais sob influência da dislipidemia e outros fatores de risco começam a expressar moléculas de adesão. Após uma fase de rolamento mediada por moléculas de adesão chamadas Selectinas, interagem com monócitos e células inflamatórias, os monócitos passam para uma fase de adesão firme. Imunoglobulinas VCAM-1 no endotélio _ Integrinas na superfície do monócito = Molécula de Adesão Vascular Fase 2 - Início da Aterogênese - Migração Celular. Após a fase de Rolamento e adesão firme, os monócitos migram para a íntima sob a influência de Fatores Quimiotáticos produzidos na região subendotelial. A MCP-1 Quimiocina, expressa em todos os estágios da aterosclerose, promove o recrutamento dos monócitos. Os linfócitos são predominantemente recrutados para a íntima por outro grupo de Quimiocinas. (MCP-1 – Proteína quimitatica do monócito). Fase 3 - A formação das células espumosas. Após o fenômeno migratório, monócitos diferenciam-se em macrófagos por ação das citocinas locais,como o M-CSF. Os macrófagos então incorporam as lipoproteínas modificadas que se acumulam na íntima através dos receptores Scavengers, que permitem a internalizarão excessiva de lDL oxidado. Este processo dá origem as células espumosas. (M CSF – Fator estimulador de colônias de macrófagos) Fase 4 – A estria gordurosa. Na intimidade da parede arterial os macrófagos ativados se replicam sob a ação de citocinas, como o M-CSF. A presença dos macrófagos transformados em células espumosas na íntima vascular caracteriza uma lesão aterosclerótica precursora conhecida como estria gordurosa. (M CSF – Fator estimulador de colônias de macrófagos) Página 22 de Cardiologia Fase 5 - O envolvimento de outras células inflamatórias na aterogênese. Além dos monócitos, os linfócitos podem acumular- se nas lesões ateroscleróticas onde desempenham importantes papeis. Moléculas de adesão como o VCAM-1 e ICM-1, também participam do recrutamento de linfócitos para a intima. Mastócitos e mais raramente polimorfonucleares, parecem estar envolvidos na evolução do ateroma. T – Linf. T. B – Linfocito B. PMN – Polimorfonucleares. Doença Arterial Coronariana- A DAC tem como principal causa a placa aterosclerótica, que se inicia com uma disfunção endotelial, permitindo a entrada do LDL na camada íntima da artéria, que por processos orgânicos vão evoluindo até formar a placa. Alguns fatores podem influenciar e ajudar na formação da placa, como o Tabagismo, fatores genéticos, agentes infecciosos, HAS. O HDL normal ou alto irá proteger e impedir a formação da placa aterosclerótica. Um aumento de 1mg de HDL no sangue protege 100 vezes mais do que a diminuição de 1mg do LDL. Desta forma, o HDL é um fator protetor do endotélio e o LDL é o grande vilão, sendo o principal fator para formação da placa ateromatosa e por consequência da DAC. Placa Instável- Enquanto a placa de ateroma está contida pela capa fibrosa, sua progressão é lenta, mas se houver uma ruptura da estrutura que a envolve, passa-se para uma placa instável, quando se passa a formação e organização do trombo, podendo chegar a ocluir todo o vaso, provocando uma isquemia no local que seria irrigado pela artéria obstruída. Quilomícrons – De origem intestinal, são as maiores e menos densas e ricas em triglicérides.○ VLDL – Lipoproteínas de muito baixa densidade, de origem hepática, ricas em triglicérides, embora com menor concentração que nos quilomícrons e com densidade pouco maior. ○ IDL – Lipoproteínas de densidade intermediária que derivam do catabolismo das VLDL, apresentando maior densidade e menor concentração de triglicérides. ○ LDL – Lipoproteínas de baixa densidade, derivam do catabolismo das VLDL e IDL apresentam maior concentração de colesterol. ○ HDL – Lipoproteínas de alta densidade produzidas no fígado, no intestino ou diretamente na circulação, a partir do catabolismo de quilomícrons, VLDL e IDL. ○ Classificação das lipoproteínas de acordo com a densidade:- Hipercolesterolemia Isolada (aumento do colesterol-T e/o LDL-C)○ Hipertrigliceridemia Isolada○ Hiperlipidemia Mista○ Diminuição Isolada do HDL-C ou associada a aumento de TG ou LDL-C○ CLASSIFICAÇÃO DAS DISLIPIDEMIAS Hipercolesterolemia isolada Hipertrigliceridemia isolada Dislipidemia mista Hipoalfalipoproteinemia isolada ou associada Classificação das Dislipidemias de acordo com dados laboratoriais:- Na decisão terapêutica e na escolha do fármaco mais apropriado, precisamos identificar o tipo de dislipidemia, e, no caso de hipoalfalipoproteinemia (HDL-c baixo) associada a hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, ou ambas, ou qual o distúrbio predominante. Hipercolesterolemia Isolada:○ As drogas mais efetivas para a redução do LDL-C são as Vastatinas. Entretanto, em algumas situações, como mulheres em idade fértil ou intolerância às vastatinas, as Resinas podem ser utilizadas. Página 23 de Cardiologia utilizadas. Novas resinas, muito mais bem toleradas e mais efetivas, brevemente estarão disponíveis no mercado e ampliarão as indicações atuais (quando são considerados apenas a colestiramina e o colestipol). O emprego de vastatinas e resinas tem sido indicado nas dislipidemias mais graves, como na presença de hipercolesterolemia de base genética. Em geral, utiliza-se a maior dose tolerada das vastatinas mais potentes em associação à colestiramina (única resina disponível em nosso meio). Entretanto estudos preliminares com um inibidor da absorção do colesterol (Ezetimibe) mostraram excelente tolerabilidade e eficácia comparável à obtida com dose máxima das vastatinas disponíveis,quando associada a doses baixas destas vastatinas. HIPERCOLESTEROLEMIA ISOLADA Vastatinas Resinas Vastatinas + resinas Tratamento da Hipertrigliceridemia:○ Classificação TG (MG/dL) Estratégia Terapêutica Limítrofe alto* 150 - 199 ↓peso, ↑ atividade física Alto* 200 - 499 ↓ peso,↑ atividade física, considerar tratamento com droga para alcançar os níveis-alvo de não-HDL-c‡ Muito alto+ > 500 Grande restrição de gorduras, ↓ peso, ↑atividade física, ácido nicotínico ou fibrato * A intervenção de maior prioridade é o alcance do LDL-C-alvo. + A intervenção tem como objetivo primário a redução do risco de pancreatite por meio da redução dos triglicérides, sendo o próximo objetivo o LDL-C. ‡ Para alcançar o alvo não-HDL-C (30 mg/dL acima do LDL-C-alvo), intensificar a terapia com uma droga redutora de LDL-c, ácido nicotínico, ou fibrato. Tratamento para HDL-C baixo:○ HDL-C baixo: < 40 mg/dL (não há um valor-alvo a ser atingido, além do HDL-C ≥ 40 mg/dL). Todos os indivíduos com HDL-C baixo: alcançar o LDL-C-alvo; então ↓peso, ↑atividade física (se uma síndrome metabólica estiver presente). � Aqueles com TG 200-499 mg/dL: alcançar um colesterol não-HDL-C-alvo* como prioridade secundária. � Aqueles com TG < 200 mg/dL: considerar drogas para elevação do HDL-C (fibratos, ácidos nicotínico). � * Não-HDL-C-alvo é fixado como 30 mg/dL acima do LDL-c-alvo. Alvos de terapia: O HDL alto protege muito mais do que um LDL abaixo. Triglicérides elevados: TG entre 200 e 800 mg/dL Página 24 de Cardiologia Triglicérides elevados: TG entre 200 e 800 mg/dL Colesterol (total e LDL-C) normal HDL- C normal ou diminuído Colesterol (total ou LDL) aumentado Diferencial entre tipo I, IV e V Diagnóstico diferencial e tratamento da dislipidemia IIB Com quilomícrons: tipo I ou V Sem quilomícrons: tipo IV Tratamento Mudanças de hábitos de vida. Medicamentos: fibratos, ácido nicotínico, ácido Graxos ômega três, estatinas. Associações de medicamentos Efeitos da Atividade Física Regular na bolização de lípides:○ ↑ HDL-colesterol ↓ HDL-colesterol ↓ Massa de gordura ↓ Relação LDL/HDL-colesterol ↓ BMI ↓ Apoliproteína B ↓ Leptina ↓ Triglicérides ↑ Lipase protéica ↓ Proteína-C reativa (US) Importância do HDL-C:- O HDL-C abaixo de 40 mg/dl é um fator de risco tão importante quanto níveis elevados de LDL-C. Níveis de HDL-C acima de 60 mg/dl são um fator protetor para doença coronariana. A razão de LDL-C / HDL-C > 5 marca um risco maior de eventos coronarianos Estudos VA-HIT mostrou que a elevação do HDL-C levou a diminuição dos riscos de DAC em Homens portadores de DAC, HDL-C < 40 mg/dl e DM com níveis de LDL-C semelhantes aos dos estudos CARE e LIPID. Correlações de HDL-C com PA, obesidade, PCR mostram sua atividade protetora. Novos avanços em pesquisas mostram um lado pró-inflamatório do HDL-C, que vai determinar novos horizontes terapêuticos, ligados a Apolipoproteínas. Página 25 de Cardiologia horizontes terapêuticos, ligados a Apolipoproteínas. Apesar do Colesterol Total ser um fator independente para DAC, não é o melhor indicador para DAC. Isto porque é constituinte de todas as lipoproteínas: VLDL, LDL, HDL. Idade: quanto mais velho a pessoa maior as chances de ser acometido por uma DAC.□ Sexo: as mulheres mais jovens tem menor risco de DAC quando comparado aos homens, pois os níveis de estrógenos é fator protetor, mas aos 65 anos de idade o risco se iguala, pois a mulher já não tem o fator estrógeno como proteção. □ Antecedentes Familiares: só se atentar para os familiares de primeiro grau (mãe, pai e irmãos) que tiveram problemas cardiovasculares. □ Genética:□ Fatores Predisponentes:� Tabagismo: É fator de risco independente. Deve ser combatido de forma agressiva. Métodos com abordagem cognitivo-comportamental são úteis e devem ser sempre utilizados, são considerados medicamentos de primeira linha. □ A farmacoterapia pode ser utilizada como apoio em situações bem definidas. Os adesivos, de mascar e a bupropíona as gomas Dieta Aterogênica:□ Consumo de álcool:□ Atividade Física:□ Comportamentos de modificação do risco:� Dislipidemias: são os distúrbios das frações do colesterol, como o HDL baixo e LDL alto e triglicerídeos alto. □ Hipertensão:□ Obesidade: ligado ao acúmulo de triglicerídeos□ Diabetes: valores de glícose acima de 100mg/dL □ Síndrome Metabólica:□ Fatores de Risco Metabólicos:� Marcadores de doença: Pontuação de cálcio, resultados de cateterização, resultados de teste de esforço, hipertrofia do ventrículo esquerdo ao ecocardiograma, antecedentes pessoais de doença vascular (infarto do miocárdio ou AVE prévio, angina, doença vascular periférica), estado inflamatório. � Fatores de Risco:○ O estudo VA-HIT mostra que o HDL-C é um preditor de eventos independente: quanto mais alto o nível de HDL-C menor o risco de eventos cardiovasculares, em homens portadores de DAC, HDL-C menor que 40mg/dL (HDL < 40mg/dL) e Diabetes Mellitus (DM) com níveis de LDL-C semelhantes aos dos estudos CARE e LIPID. Estratificação de Risco de DAC- Determinação do perfil lipídico em jejum○ Avaliação dos fatores de risco principais○ Classificação do risco: Os principais componentes da estratificação do risco coronariano são os seguintes: Página 26 de Cardiologia Presença de aterosclerose clínica – alto risco� Detecção do diabetes melito – alto risco (a detecção de DM já eleva para alto risco de DAC, pois a glicose é aterogênica) � Classificação do risco:○ Uso de escores de Framingham (alto, médio e baixo riscos)○ Hábitos de vida inadequados� Novos marcadores de risco� Determinação da presença de síndrome metabólica:○ Julgamento clínico○ Avaliação do Peso Corporal- IMC = PESO = KG / M2 (ALTURA)2 1 - Grau de Adiposidade (Peso) – IMC (Índice de Quetelet). Não quantifica gordura corporal, apenas relação Peso X Altura. Graus de I a V (leve, discreta, moderada, importante, grave). Escore de Risco de Framingham- Framingham Heart Study iniciou-se como população aparentemente sem doenças, portanto as suas conclusões dizem respeito à prevenção primária, não se aplicando a pacientes com doença coronariana diagnosticada. Este escore mede o risco de uma pessoa apresentar angina, infarto do miocárdio ou morrer de doença cardíaca em 10 anos. O risco é considerado baixo quando o escore é inferior a 10%, intermediário quando está entre 10 e 20% e alto quando é superior a 20%. Ressalte-se que se o paciente é portador de diabetes já se torna um paciente de alto risco. O Framingham Heart Study foi o pioneiro entre as grandes coortes começando em 1948 e ainda em atividade. Atualmente são seguidos os fi lhos dos participantes originais de Framingham. O estudo está na terceira geração de pesquisadores. Apesar de antigo, os dados de Framingham continuam trazendo novas informações como os escores para os vários tipos de doença vascular muito utilizados em epidemiologia e na prática clínica. Excluindo-se os óbitos mal definidos, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 40% da mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil. Nas regiões mais ricas do Brasil predomina a mortalidade por doença isquêmica coronariana em relação ao acidente vascular cerebral. Nas regiões mais pobres acontece o contrário. Em relação aos Estados Unidos e alguns países da Europa o nosso perfil de mortalidade difere em função do número mais elevado de acidentes vasculares cerebrais em relação à doença coronariana e a mortalidade precoce (abaixo dos 65 anos) ainda bastante comum no Brasil. A hipertensão arterial, o tabagismo, o diabetes e a dislipidemia são fatores de risco principais para DAC. Mas o papel dos fatores varia de país para país. No Brasil,o peso da hipertensão é muito grande em virtude do alto consumo de sal, que veio da nossa herança portuguesa. Em países como os Estados Unidos, o peso da hipercolesterolemia é muito maior em relação à hipertensão. O aumento do índice de massa corpórea nas últimas décadas no Brasil mostra o aumento da prevalência de obesidade fator de risco fundamental para a hipertensão arterial e o diabetes. Em relação ao tabagismo, houve nos últimos anos uma redução importante da sua prevalência. O escore de Framingham utiliza as seguintes informações dos pacientes: - Sexo; - Idade; - Colesterol Total; - HDL; - Pressão Arterial Sistólica; - Tabagismo e Diabetes. Note que este escore não contempla o LDL. Neste escore existem duas variáveis dicotômicas (Sim ou Não) e se referem a presença de tabagismo ou diabetes. Síndrome Metabólica- A síndrome metabólica e o processo inflamatório são dois indicadores de risco elevado de doença coronariana. O diagnóstico de síndrome metabólica é feito pela presença de pelo menos três dos cinco critérios abaixo: Página 27 de Cardiologia Obesidade abdominal (cintura > 102 cm em homens e 88 cm em mulheres)○ Triglicérides ≥ 150 mg/dL○ HDL-c < 40 mg/dL nos homens e < 50 mg/dL nas mulheres○ Pressão arterial ≥ 130/85 mmHg○ Glicemia ≥ 110 mg/dL○ critérios abaixo: Reconhecer o risco de DAC individual (Escore de Framingham)○ Reconhecer a Dislipidemia.○ Considerar a Síndrome Metabólica.○ Mudança de estilo de vida.○ Reeducação alimentar.○ Atividade Física.○ Intervenção multifatorial.○ Farmacoterapia (Estatinas, Ezetimiba)○ Tratamento- Página 28 de Cardiologia Cardiologi... PULSO ARTERIAL- A palpação do pulso arterial fornece algumas informações importantes, podendo sugerir o tipo de doença que o paciente apresenta, para isto se observa a forma e o contorno do pulso, parece ser difícil, mas com o treino é possível percebê-lo. Frequência de pulso○ Amplitude (força)○ Contorno○ As Informações obtidas no pulso arterial são: O pulso arterial é uma onda mecânica transmitida pela ejeção ventricular, sendo melhor percebida nas artérias carótida e radial. Ao se palpar o pulso carotídeo podemos verificar um padrão como na figura abaixo, geralmente como uma onda única e cheia, a pequena incisura pode não ser percebida. Filiforme: é um pulso muito fraco, quase não se sente o pulso durante a palpação, típico de paciente chocado, hipotenso, choque hipovolêmico. � Martelo d´água: onda apiculada e curta, encontrado em pacientes com insuficiência aórtica grave. � Bisferiens ou bífido: o pulso tem 2 picos sistólicos, presente na cardiopatia hipertrófica, na insuficiência aórtica grave ou dupla lesão aórtica com predomínio da regurgitação. � Parvus et tardus: é um pulso de amplitude diminuída, típico da estenose aórtica ou em pacientes com insuficiência cardíaca. � Alternante: momentos tem uma onda forte, outros uma onda fraca, ou seja, batimentos rítmicos, com intensidade variante, característicos de pacientes com insuficiência cardíaca grave, com grave comprometimento da função ventricular esquerda. � Paradoxal: quando o paciente inspira o pulso desaparece, o paradoxo que existe é que se o coração for auscultado ainda continuará batendo, mas o pulso na inspiração não será sentido, acontece principalmente no tamponamento cardíaco. � Tipos:○ EXAME FÍSICO DO CORAÇÃO- Abaulamentos� Ictus cordis (LHC no 5º EI): choque da ponta do coração com a parede torácica, mas fácil de visualizar em pessoas magras. Se localiza no 5º EIC na LHC Esquerda, ou seja, no foco mitral. Se o ictus cordis estiver desviado para a esquerda é sinal que o coração hipertrofiou. � Observe:○ Inspeção e palpação: geralmente são realizadas de forma simultâneas, poucos dados são obtidos com a inspeção e a palpação de um paciente cardíaco, mas pode-se perceber a presença de batimentos ou de movimentos, na palpação pode-se perceber o frêmito (percepção tátil do sopro cardíaco). - Aula 23/08/2013 sexta-feira, 23 de agosto de 2013 20:57 Página 29 de Cardiologia Se o ictus cordis estiver desviado para a esquerda é sinal que o coração hipertrofiou. Batimentos ou movimentos� Frêmito: percepção tátil do sopro cardíaco� Obs.: geralmente o fluxo sanguíneo é laminar, ou seja, sem gerar barulho, quando aparece uma turbulência aparecerá um som, este som se chama Sopro. Desta forma o Sopro é a expressão esteto-acústica de uma turbulência. Um fator que pode gerar uma turbulência no coração é a placa de ateroma na aorta. Ausculta Cardíaca:- A ausculta cardíaca em pacientes cardiopatas é de grande significado. Diafragma (alta frequência), os sopros cardíacos geralmente são de alta frequência□ Campânula (baixa frequência), as bulhas cardíacas geralmente são de baixa frequência, por isto são melhor auscultado com a campânula. □ O estetoscópio: existe duas partes que são utilizada para auscultar, onde cada uma tem uma indicação para melhor auscultar os sons emitidos. � Ambiente de ausculta:� Posição do paciente:� Semiotécnica:○ Aórtico: auscultado no 2o EIC na linha paraesternal direita � Pulmonar: auscultado no 2o EIC na linha paraesternal esquerda � Tricúspide: auscultado ao lado esquerdo do apêndice xifóide � Mitral: auscultado no 5o EIC na LHC esquerda.� Focos:○ Entre o foco pulmonar e o foco tricúspide existe o foco Aórtico Acessório. O Sopro Inocente pode ser auscultado na região do Mesocárdio. O objetivo da ausculta é localizar e determinar as Bulhas, o Ritmo, a Frequência e os Sopros. Bulhas Normais:○ A primeira bulha (B1) é produzida pelo fechamento da valva mitral e da valva tricúspide. Na representação acima, B1 fica logo após o complexo QRS. A segunda bulha (B2) é formada pelo fechamento das valvas aórtica e pulmonar, na representação B2 fica logo após a onda T, que é o omento que o coração está relaxando. É bom lembrar que o fenômeno elétrico sempre precede o fenômeno mecânico, por isto as bulhas são representadas após os eventos elétricos no ECG. B1 é representada pelo TUM e B2 representado pelo TÁ. Note que B1 é ligeiramente mais demorado que B2. A primeira coisa que se deve fazer na ausculta cardíaca do paciente é localizar o TUM-TÁ, pois a partir deste sons é que se sabe o momento da sístole ou da diástole. A bulha B1 deve coincidir com a pulsação do pulso carotídeo, o pulso radial deve ser evitado, pois Página 30 de Cardiologia A bulha B1 deve coincidir com a pulsação do pulso carotídeo, o pulso radial deve ser evitado, pois pela distância e trajeto o pulso pode chegar um pouco mais tarde que a bulha B1 confundindo a identificação. Produzida pelo fechamento da mitral e tricúspide. □ Coincide com o ictus cordis e com o pulso carotídeo. □ Mais intensa no foco mitral□ B1:� Produzida pelo fechamento das valvas aórtica e pulmonar. □ O componente aórtico é auscultado em todo precórdio. □ O componente pulmonar é restrito ao foco pulmonar. □ Em condições normais A2 precede P2□ B2:� Sabemos que o componente B1 é produzido pelo fechamento da mitral e tricúspide, nossa audição só consegue escutar apenas um som, mas na verdade existem dois sons quase que conjuntos, onde o fechamento da mitral acontece um pouco antes do fechamento da tricúspide, isto tem uma explicação, pois o Ramo Esquerdo é mais rápido que o direito, fazendo com que a valva mitral (esquerda) feche um pouco antes que a tricúspide (direita). Desdobramentos Fisiológicos de B2○ A segunda bulha cardíaca compreende dois componentes: o Aórtico (A2) e o Pulmonar (P2); cada um deles deve ser separadamente procurado, identificado e analisado durante a ausculta. O desdobramento de B2 é percebido quando o paciente inspira. No momento da inspiração a pressão intratorácica fica menor, uma pressão menor
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