Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1. Resumo: Sequeˆncias e Se´ries Aqui, entramos num vilarejo matema´tico, comum e intermitente, o infinito. Forc¸osamente, enxergaremos apenas aquilo que se acha, que se acredita, que, poucamente, desconfia- mos. Um vilarejo de terra inso´lita, entretanto, doce... aquele amargor, pesado e ranc¸oso, que, a princ´ıpio, impregna-nos os olhos...e´ apenas o relance daquilo que vemos e detestamos...e´ o paladar de quem regurgita, mas nunca deixa-se deleitar pelo sabor do verdadeiro... Talvez, muito talvez, a maioria de no´s enxergue a matema´tica com os olhos distantes. Eu a via assim. Mas, quando nos debruc¸amos, e nos rendemos aos seus encantamentos, a feia face, que vislumbramos por entre o ve´u teˆnue da ignoraˆncia, torna-se terna, infinita, inebriante.... Os modos grosseiros, que idealiza´vamos, apresentam-se os mais sutis e delicados... Apo´s o espantamento, apo´s o que se acostuma,...as janelas se abrem. As portas escancaram-se. O encantamento, que, outrora, fora furtivo e intoca´vel, espreitava-nos, agora, o rosto. Debruc¸a-se, enfim, na janela e nos acena. A partir dali, ja´ na˜o ha´ apenas contentamento... a partir dali, a matema´tica impregnou-nos as veias...e ja´ na˜o ha´ sangue inco´lume... 2. Sequeˆncias Uma sequeˆncia, denotada por an, n ∈ N, e´, a grosso modo, uma disposic¸a˜o qualquer de nu´meros. Ex- plicando, de um modo matematicamente mais correto, uma sequeˆncia e´ uma func¸a˜o cujo o domı´nio e´ um subconjunto infinito dos nu´meros naturais e cuja imagem e´ um subconjunto dos nu´meros reais. Muitas vezes, o estudo do comportamento da sequeˆncia confunde-se com o estudo do comportamento de func¸o˜es e o seu limite tendendo ao infinito. Rotineiramente, e´ poss´ıvel, dada uma sequeˆncia an, n ∈ N, escrever a lei de formac¸a˜o da sequeˆncia a partir de uma func¸a˜o f(x) = f : R+ −→ R, tal que f(n) = an, n ∈ N. Nos casos em que isso e´ poss´ıvel, o estudo do comportamento da se´rie quando n tende ao infinito, reduz-se ao estudo do comportamento da func¸a˜o f(x) quando x ∈ R tende ao infinito. Note que na˜o ha´ necessidade de que f(n) = an para todo n ∈ N, mas e´ fundamental que isto ocorra para todos os n ≥ N , para algum N ∈ N. Como no caso do limite de func¸o˜es reais, dizemos que a sequeˆncia an, n ∈ N, converge quando n tende ao infinito se an tende a um certo valor L ∈ R. Nos casos em que an na˜o tende a nenhum valor quando n tende ao infinito ou, ainda, que an tende ao infinito quando n tende ao infinito, dizemos que a sequeˆncia an diverge. So´ um comenta´rio, se an tende ao infinito (positivo ou negativo) quando n vai para o infinito, dizemos que an diverge para o infinito (positivo ou negativo). Temos alguns resultados importantes: (1) Se dada uma sequeˆncia an, n ∈ N, pudermos encontrar uma func¸a˜o f(x), tal que f(n) = an para todo n ≥ N com N ∈ N, enta˜o se lim x−→∞ f(x) = L implica que limn−→∞ an = L. Dessa forma, estudar o comportamento de an quando n tende ao infinito, reduz-se em estudar o comportamento de f(x) quando x tende ao infinito. E podemos usar todo ferramental que conhece- mos (inclusive L’Hospital) para encontrar o limite de f(x) quando x −→∞. (2) Temos que lim n−→∞ an = 0 se, e somente se, limn−→∞ |an| = 0, no qual |an| representa o mo´dulo da sequeˆncia an. (3) Teorema do Confronto (ou Sandu´ıche-´ıche-´ıche). Sejam treˆs sequeˆncias an, bn e cn satisfazendo an ≤ bn ≤ cn e se lim n−→∞ an = L e limn−→∞ cn = L, enta˜o temos que limn−→∞ bn = L. Dizemos que uma sequeˆncia an e´ mono´tona se ela for crescente ou decrescente. Uma sequeˆncia an sera´ crescente se an < an+1 para todo n ∈ N. Uma sequeˆncia an sera´ decrescente se an > an+1 para todo n ∈ N. Dizemos tambe´m que uma sequeˆncia e´ limitada superiormente se existe um M ∈ R tal que an ≤ M para todo n ∈ N. Dizemos que uma sequeˆncia e´ limitada inferiormente se existe um m ∈ R tal que an ≥ m para todo n ∈ N. Sob tais aspectos temos os seguintes resultados: (1) Uma sequeˆncia an crescente e limitada superiormente e´ convergente. (2) Uma sequeˆncia an decrescente e limitada inferiormente e´ convergente. Uma observac¸a˜o relevante aqui e´ que para a demonstrac¸a˜o que uma sequeˆncia e´ crescente ou decrescente e´ poss´ıvel, em muitos casos, encontrar a func¸a˜o f(x) tal que f(n) = an, para n ∈ N. Note, que, novamente, 1 2 aqui nestes resultados na˜o ha´ necessidade que a func¸a˜o seja mono´tona para todo n ∈ N, mas que o seja para todo n ≥ N para algum N ∈ N. Observac¸a˜o NUNCA derive a func¸a˜o an diretamente. Isto estara´ errado. Para poder utilizar derivadas voceˆ devera´ obter uma func¸a˜o f(x) com x ∈ R a partir da func¸a˜o an. Apo´s isso, sim, voceˆ podera´ deri- var. Antes disso, na˜o. Se derivar a func¸a˜o com an, diretamente, sinto muito, muito mesmo...mas na˜o vou considerar NADA...nem o choro. 3. Se´ries Seja a sequeˆncia de termos an, n ∈ N. A se´rie representa a soma de todos esses termos, i.e., represen- tamos a se´rie como ∞∑ i=1 an. Uma se´rie pode convergir, quando assume um determinado valor, ou divergir, quando vai para∞ ou −∞ ou ainda quando na˜o tende para nenhum valor espec´ıfico. 3.0.1. Crite´rios de Convergeˆncia. (1) Teste da Divergeˆncia para o termo geral. Este teste e´ o mais simples de todos. Se tivermos uma se´rie ∞∑ i=1 an ela so´ ira´ convergir se lim n−→∞ an = 0. Portanto, se o limite da sequeˆncia na˜o for para zero a se´rie COM CERTEZA divergira´. Note, entretanto, que o fato de lim n−→∞ an = 0 na˜o garante, imediatamente, que a se´rie converge. E´ necessa´rio apelar para outros crite´rios (mais abaixo). (2) Crite´rio da Integral. Este crite´rio sera´ u´til se pudermos definir a partir do termo geral an da se´rie∞∑ i=1 an uma func¸a˜o f = f(x) : R+ −→ R+, de modo que an = f(n) para todo n ∈ N com f(x) tendo as seguintes propriedades: • f(x) e´ sempre positiva. • f(x) e´ decrescente. Sob tais condic¸o˜es, o crite´rio da integral reduz-se: • Se ∫∞ 1 f(x)dx (no sentido da integral impro´pria) existir e for finita enta˜o ∞∑ i=1 an converge. • Se ∫∞ 1 f(x)dx (no sentido da integral impro´pria) for infinita enta˜o ∞∑ i=1 an diverge. (3) Crite´rio da Comparac¸a˜o. O t´ıtulo do crite´rio e´ bem sugestivo. Note aqui, que iremos comparar duas se´ries de termos positivos ∞∑ i=1 an e ∞∑ i=1 bn (an e bn positivos para todo n ∈ N. Tal crite´rio sera´ usado, em geral, quando queremos provar a convergeˆncia ou divergeˆncia de uma se´rie e ja´ “desconfiamos”, a priori, que a se´rie converge ou diverge. Tal teste e´ resumido pela seguinte forma: • Se an ≤ bn para um certo n ≥ N , no qual este N grande e´ qualquer nu´mero natural, e se soubermos que ∞∑ i=1 bn converge, enta˜o, teremos tambe´m que ∞∑ i=1 an converge. • Se an ≤ bn para um certo n ≥ N , no qual este N grande e´ qualquer nu´mero natural, e se soubermos que ∞∑ i=1 an diverge, enta˜o, teremos tambe´m que ∞∑ i=1 bn diverge. Uma observac¸a˜o va´lida do teste da comparac¸a˜o e´ que os termos das se´ries na˜o precisam ser com- para´veis para todo n ∈ N, mas devem ser compara´veis a partir de um certo N ∈ N. Isto deve-se ao fato de que e´, demasiadamente importante, o comportamento da se´rie para termos tendendo ao infinito. Lembre-se, o importante e´ o comportamento da se´rie para n tendendo ao infinito. So´ mais uma vez: ”Lembre-se, o importante e´ o comportamento da se´rie para n tendendo ao infinito”. :-) Sob tal ide´ia podemos tambe´m definir o seguinte crite´rio, tambe´m de comparac¸a˜o, muito u´til quando temos uma divisa˜o de polinoˆmios como termos da se´rie (abaixo)...E Lembre-se... :-). (4) Crite´rio da Comparac¸a˜o-2. O Crite´rio neste caso, resume-se: 3 Seja ∞∑ i=1 an e ∞∑ i=1 bn se´ries de termos positivos, enta˜o tais que: lim n−→∞ an bn = L > 0, L ∈ R, enta˜o ou ambas as se´ries, ∞∑ i=1 an e ∞∑ i=1 bn, convergem ou ambas asse´ries divergem. (5) Crite´rio da se´rie alternada. Uma se´rie alternada e´ uma se´rie da forma ∞∑ i=1 an, no qual os termos sucessivos va˜o trocando de sinal, ou seja, seguem-se termos positivos, apo´s negativos, depois positivos, negativos...infinitamente. Este crite´rio e´ bastante simples e e´ escrito como: Seja ∞∑ i=1 an uma se´rie alternada satisfazendo as seguintes propriedades: • |an+1| < |an|, aqui | · | representa o mo´dulo, ou seja, o mo´dulo dos termos e´ decrescente; • lim n−→∞ |an| = 0 ou, equivalentemente, limn−→∞ an = 0; enta˜o a se´rie ∞∑ i=1 an converge. (6) Crite´rio da se´rie absolutamente convergente. Uma se´rie ∞∑ i=1 an, qualquer, sera´ dita absolu- tamente convergente se esta´ se´rie convergir em mo´dulo. Para se´rie apenas de termos positivos se a se´rie convergir ela convergira´ em mo´dulo e portanto sera´ absolutamente convergente, mas para se´ries que podem ter termos positivos e negativos tal definic¸a˜o e´ bastante importante. Sob tais aspectos, podemos enunciar o seguinte resultado importante: Se a se´rie ∞∑ i=1 an for absolutamente convergente, enta˜o ela sera´ convergente. Uma se´rie ∞∑ i=1 an que e´ convergente, mas na˜o e´ absolutamente convergente e´ dita ser condi- cionalmente convergente. Um exemplo t´ıpico de se´rie condicionalmente convergente, mas na˜o absolutamente convergente e´ a se´rie alternada ∞∑ i=1 (−1)n n . Utilizando-se o teste da se´rie alternada, e´ poss´ıvel verificar, facilmente (e muito facilmente, ta˜o facilmente que o professor, qualquer que seja, teria vergonha de colocar uma coisa dessas na prova...eu teria... :-)) que tal se´rie converge. Entre- tanto, tomando o mo´dulo dessa se´rie, o que seria ∞∑ i=1 1 n , a se´rie tornar-se-ia (portugueˆs mode on) uma se´rie harmoˆnica. E todo mundo sabe (todo mundo MESMO???) que tal se´rie diverge. Portanto, ela sera´ apenas condicionalmente convergente. (7) Crite´rio da raza˜o Este crite´rio e´ fundamentalmente u´til quando estamos trabalhando com tipos de se´ries: • Se´ries contendo fatoriais (neste caso sa˜o muito u´teis). • Se´ries contendo poteˆncias n-e´simas. O Crite´rio da raza˜o pode ser escrito como: Seja ∞∑ i=1 an uma se´rie, enta˜o temos 3 possibilidades: • Se lim n−→∞ ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣ = L com L < 1. Enta˜o a se´rie ∞∑ i=1 an converge absolutamente. • Se lim n−→∞ ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣ = L com L > 1. Enta˜o a se´rie diverge. • Se lim n−→∞ ∣∣∣∣an+1an ∣∣∣∣ = L com L = 1. Enta˜o nada podemos afirmar. 4 (8) Crite´rio da raiz Este crite´rio e´ fundamentalmente u´til quando estamos trabalhando com se´ries envolvendo poteˆncias n-e´simas. Seja ∞∑ i=1 an uma se´rie, enta˜o temos 3 possibilidades: • Se lim n−→∞ n √ |an| = L com L < 1. Enta˜o a se´rie ∞∑ i=1 an converge absolutamente. • Se lim n−→∞ n √ |an| = L com L > 1. Enta˜o a se´rie diverge. • Se lim n−→∞ n √ |an| = L com L = 1. Enta˜o nada podemos afirmar. 4. Algumas observac¸o˜es e exemplos (1) A se´rie geome´trica n∑ i=1 a1r n−1 converge se r < 1, com soma dada por S = a1 1− r e diverge se r ≥ 1. (2) A se´rie n∑ i=1 1 np converge se p > 1 e diverge se p ≤ 1 (pode ser provado pelo crite´rio da integral). Exemplos: • n∑ i=1 n− 1 2n+ 1 . Teste para a divergeˆncia. · n∑ i=1 √ n3 + 1 3n3 + 4n2 + 2 . Teste da Comparac¸a˜o. • n∑ i=1 ne−n 2 . Teste da integral. · n∑ i=1 (−1)n n 3 n4 + 1 . Se´rie alternada. • n∑ i=1 2n n! . Teste da raza˜o. · n∑ i=1 1 2 + 3n . Teste da comparac¸a˜o. 5. Exerc´ıcios . Teste a divergeˆncia ou a convergeˆncia das se´ries 1)− ∞∑ n=1 n− 1 n2 + n , 2)− ∞∑ n=1 (−1)n−1 n− 1 n2 + n , 3)− ∞∑ n=1 (−3)n+1 23n , 4)− ∞∑ n=1 1 n √ ln(n) , 5)− ∞∑ n=1 n2 en , 6)− ∞∑ n=1 (−1)n+1 n ln(n) , 7)− ∞∑ n=1 n2 − 1 n2 + n , 8)− ∞∑ n=1 1 n2 + n , 9)− ∞∑ n=1 ( 3n 1 + 8n )n , 10)− ∞∑ n=1 2nn! (n+ 2)! , 11)− ∞∑ n=1 n2 en3 , 12)− ∞∑ n=1 (−1)n+1 n n2 + 25 , 13)− ∞∑ n=1 3nn2 n! , 14)− ∞∑ n=1 sen(n), 15)− ∞∑ n=1 n! 2 · 5 · 8 · · · (3n+ 2) , 16)− ∞∑ n=1 n2 + 1 n3 + 1 , 17)− ∞∑ n=1 (−1)n 21/n , 18)− ∞∑ n=2 (−1)n−1√ n− 1 , 19)− ∞∑ n=1 (−1)n ln(n)√ n , 20)− ∞∑ n=1 n+ 5 5n , 21)− ∞∑ n=1 (−2)2n nn , 22)− ∞∑ n=1 √ n2 − 1 n3 + 2n2 + 5 , 23)− ∞∑ n=1 tg(1/n), 24)− ∞∑ n=1 cos(n/2) n2 + 4n , 25)− ∞∑ n=1 n! en2 , 26)− ∞∑ n=1 n2 + 1 5n , 27)− ∞∑ n=1 ( n ln(n) (n+ 1)3 ) , 28)− ∞∑ n=1 e1/n n2 , 29)− ∞∑ n=1 tg−1n n √ n , 30)− ∞∑ n=1 (−1)n √ n n+ 5 , 31)− ∞∑ n=1 5n 3n + 4n , 32)− ∞∑ n=1 (2n)n n2n , 33)− ∞∑ n=1 sen(1/n)√ n , 34)− ∞∑ n=1 1 n+ ncos2(n) , 35)− ∞∑ n=1 ( n n+ 1 )n2 , 36)− ∞∑ n=1 1 ln(n)ln(n) , 37)− ∞∑ n=1 ( n √ 2− 1 )n , 38)− ∞∑ n=1 ( n √ 2− 1 ) ,
Compartilhar