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Considerações introdutórias sobre o conceito de 
metodologia em seu significado acadêmico 
 
Jamil Rodrigues ZAMPAULO1 
 
Resumo 
Objetiva-se, neste trabalho, oferecer tecer algumas considerações, a nível introdutório, 
sobre o significado, nem sempre unívoco, do conceito de metodologia empregado no meio 
acadêmico. Dadas a amplitude e a complexidade do assunto, limitar-se-á a apontar a 
inexistência de unanimidade entre os autores com referência a conceitos como Método, 
Metodologia Científica e Metodologia de Pesquisa e Estudo de Caso, por um lado e, por 
outro, apresentar alguns argumentos que justifiquem que contribuam para uma melhor 
compreensão desse aspecto da produção científica. Sem cair num ecletismo, o que se 
propõe é uma caracterização da complexidade do processo de investigação científica sob a 
ótica metodológica com o presente estudo pois, como afirma Köche (1997:68) 
“Praticamente há tantos métodos quantos são os problemas analisados e investigadores 
existentes”! É necessário destacar que não é propósito, aqui, discutir aspectos ontológicos 
(o ser e suas manifestações, passíveis de serem investigadas) ou epistemológicos (relação 
sujeito/objeto) relacionados à metodologia. Da mesma forma, questões acerca da relação 
entre a metodologia adotada e posições subjetivas (filosóficas e ideológicas) de todo 
pesquisador não serão abordadas. Por fim, os poucos autores/obras aqui considerados 
servem apenas para justificar as afirmações acima efetuadas, pois há muitos outros autores 
e obras, mesmo que se considere apenas os publicados no vernáculo. 
 
Palavras-chave: método; metodologia; pesquisa; 
 
Introdução 
O vocábulo metodologia tanto pode ser entendido como o estudo dos métodos ou 
como um determinado procedimento para se executar algo, como uma pesquisa por 
exemplo, expresso na seguinte pergunta: qual a metodologia empregada? Neste caso, o 
termo metodologia está sendo empregado com o sentido de método. 
As dificuldades aumentam quando a idéia de método é também associada à de 
técnica. Vera (1976:9), por exemplo, afirma que “Em síntese, a metodologia somente pode 
oferecer-nos uma compreensão de certos métodos e técnicas que provaram seu valor na 
prática da pesquisa (...)”. Uma possível saída para essa indefinição é adotar a posição de 
Barros (1986:01), para quem metodologia. 
“Consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis, identificando suas 
limitações ou não ao nível das implicações de suas utilizações. A Metodologia, num 
 
1
 Professor do CEUNSP; Mestre em Administração pela UNICID, São Paulo/SP 
 
2
nível aplicado, examina e avalia as técnicas de pesquisa bem como a geração ou 
verificação de novos métodos que conduzem à captação e processamento de 
informações com vistas à resolução de problemas de investigação.” 
 
Teríamos, assim, o emprego do termo metodologia em dois momentos e acepções: 
um epistemológico (teórico, portanto), relacionado ao estudo dos métodos e outro, prático, 
relacionado às técnicas de coleta e tratamento de informações. 
Richardson (1985:29) apresenta conceituação vinculada a método em pesquisa, que, 
segundo ele 
“significa a escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação de 
fenômenos. Esses procedimentos se aproximam dos seguidos pelo método 
científico que consiste em delimitar um problema, realizar observações e interpretá-
las a partir das relações encontradas, fundamentando-se, se possível, nas teorias 
existentes.” 
 
Observa-se aqui uma concepção de método que engloba tanto os aspectos teóricos 
quanto os aspectos relacionados ao procedimento de coleta e análise das informações. 
Para Oliveira (1997:57), “O Método deriva da Metodologia e trata do conjunto de 
processos pelos quais se torna possível conhecer uma determinada realidade (..)” que “nos 
leva a identificar a forma pela qual alcançamos determinado fim ou objetivo.” Contudo, o 
mesmo autor apresenta como métodos a indução, dedução, cartesiano, fenomenológico, 
teratológico, dialético e outros, configurando uma indistinção entre o que se entende por 
método enquanto teoria (método interpretativo) e enquanto validação do argumento 
(raciocínio lógico). 
Lakatos/Marconi (1991:106) apresenta uma concepção que difere das demais até 
agora apresentadas ao afirmar que: 
“A maioria dos especialistas faz, hoje, uma distinção entre método e métodos, por 
se situarem em níveis claramente distintos, no que se refere à sua inspiração 
filosófica, ao seu grau de abstração, à sua finalidade mais ou menos explicativa, à 
sua ação nas etapas mais ou menos concretas da investigação e ao momento em que 
se situam.” 
 
Assim, método é entendido como “método de abordagem” e engloba: método 
indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo e método dialético. Por sua vez, os 
métodos de procedimento (idem:102) “Constituem etapas mais concretas da investigação, 
 
3
com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos menos 
abstratos.” Nas ciências sociais os principais métodos de procedimento seriam: histórico, 
comparativo, monográfico ou estudo de caso, estatístico, tipológico, funcionalista, 
estruturalista e etnográfico. 
Pelo exposto, observa-se que o significado emprestado à metodologia confunde-se 
ora com método, ora com técnica de coleta e análise de informações. Nas ciências sociais, 
método tanto pode ser entendido como a abordagem teórica (daí a definição de método 
interpretativo) como método de procedimento. Ainda, observa-se que não há concordância 
entre os especialistas em classificar um mesmo método como de abordagem ou de 
procedimento. 
 
Pesquisa descritiva 
Barros (1986:90) e Bervian (1983:55) são unânimes em afirmar que a pesquisa 
descritiva é “aquela em que o pesquisador observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou 
fenômenos (variáveis) sem manipulá-los.”, isto é, “o pesquisador procura descobrir com 
que freqüência um fenômeno ocorre, sua natureza, características, causas, relações e 
conexões com outros fenômenos.” 
A expressão Pesquisa Descritiva sugere, num primeiro momento, uma postura de 
distanciamento do pesquisador em relação ao objeto, permitindo-se uma maior objetividade 
porque sua ação restringe-se a registrar o que se observa, cujas informações comporão o 
“retrato” do fenômeno. Contudo, a pesquisa descritiva é um procedimento que parte de um 
ponto de vista teórico, orientando o pesquisador a o quê observar, com a finalidade de 
estabelecer relações entre aspectos de um fenômeno ou mesmo entre fenômenos. Essa é a 
visão de Gil (1987), para quem as pesquisas são classificadas em três níveis: exploratórias, 
descritivas e explicativas. Segundo ele (idem:45/6), “as pesquisas deste tipo têm como 
objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno 
ou o estabelecimento de relações entre variáveis.” São investigações que objetivam, por 
exemplo, identificar opiniões, atitudes e crenças de uma determinada população e algumas 
delas “vão além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, 
pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso, tem-se uma pesquisa 
descritiva que se aproxima da explicativa.” (o grifo é nosso). 
 
4
Nesta mesma linha de pensamento encontramos Rudio (1978:55) para quem a 
pesquisa descritiva é aquela que “procura conhecer e interpretar a realidade, sem nela 
interferir ou modificá-la.” Assim, a pesquisa descritiva objetiva conhecer a natureza de um 
fenômeno, “sua composição e os processos que o constituem ou nele se realizam.” Os 
dados coletados neste tipo de pesquisa são “analisados e interpretados e podem ser 
qualitativos, utilizando-se palavras para descrever um fenômeno, como por exemplo, num 
estudo de caso (...)” 
 
Pesquisa QualitativaA pesquisa qualitativa é típica das ciências humanas e sociais, por oposição às 
ciências naturais que empregam, quando possível, pesquisas experimentais. Dois 
pressupostos são considerados, segundo Chizzoti (1991:79), pelos cientistas que adotam a 
pesquisa qualitativa: primeiro, que as ciências humanas e sociais apresentam especificidade 
(o comportamento humano) e segundo que “A abordagem qualitativa parte do fundamento 
de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva 
entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a 
subjetividade do sujeito.”, isto é, “O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de 
significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações.”. 
 Para Richardson (1985:38) “O método qualitativo difere, em princípio, do 
quantitativo à medida que não emprega um instrumental estatístico como base do processo 
de análise de um problema. Não pretende numerar ou medir unidades ou categorias 
homogêneas.” Segundo ele há até “autores que não fazem distinção clara entre métodos 
quantitativos e qualitativos por entender que a pesquisa quantitativa é também, de certo 
modo, qualitativa.” uma vez que os dados, pelo menos numa pesquisa social, só apresentam 
sentido quando referenciados a um contexto e/ou significados atribuídos pelos indivíduos. 
 Contudo, há situações que exigem estudos com características tipicamente 
qualitativas, como por exemplo: 
• “Situações em que se evidencia a importância de uma abordagem qualitativa para efeito 
de compreender aspectos psicológicos cujos dados não podem ser coletados de modo 
completo por outros métodos devido à complexidade que encerra. Nesse sentido, temos 
estudos dirigidos à análise de atitudes, motivações, expectativas, valores, etc.” 
 
5
• Situações em que observações qualitativas são usadas como indicadores do 
funcionamento de estruturas sociais.” (idem:39). 
 
O Estudo de Caso (s) 
Duas conclusões se apresentam ao se efetuar um levantamento bibliográfico sobre o 
procedimento de pesquisa denominado de Estudo de Caso. A primeira é a sua escassez. 
Chizzotti (1991) por exemplo, para discorrer nem duas páginas sobre o assunto, recorreu a 
nove obras estrangeiras e apenas uma em português! A segunda conclusão, mais 
problemática, refere-se à inexistência de unanimidade sobre o seu conteúdo, processo e 
abrangência de suas conclusões. 
André (1984:51-54) define os estudos de caso como aqueles que “pretendem retratar o 
idiossincrático e o particular como legítimos em si mesmos (...) e que enfatiza a 
compreensão dos eventos particulares (casos).” A autora apresenta sete características ou 
princípios gerais associados aos estudos de caso: 
• “(...) buscam a descoberta ...”, estando “o pesquisador constantemente atento a 
elementos que podem emergir como importantes durante o estudo como aspectos não 
previstos ou dimensões não estabelecidas a priori.” 
• “(...) enfatizam a interpretação em contexto”. 
• “(...) procuram representar os diferentes e, às vezes, conflitantes pontos de vista 
presentes numa situação social.” 
• “(...) usam uma variedade de fontes de informação”, tanto com referência a formas 
como quanto a momentos diferentes. 
• “(...) revelam experiência vicária e permitem generalizações naturalísticas.” O leitor dos 
resultados de uma pesquisa com essas características perguntará: o que eu posso (ou 
não posso) aplicar desse caso para a minha situação? 
• “(...) procuram retratar a realidade de forma completa e profunda.” 
• “Os relatos de estudo de caso são elaborados numa linguagem e numa forma mais 
acessível do que os outros tipos de relatórios de pesquisa.” 
 
Em síntese, os estudos de caso dariam ênfase à singularidade, isto é, o fenômeno é 
estudado como único de uma realidade multidimensional e historicamente situada. 
Chizzotti (1997:102), diferentemente de André, afirma que 
 
6
“O estudo de caso é uma caracterização abrangente para designar uma diversidade 
de pesquisas que coletam e registram dados de um caso particular ou de vários 
casos a fim de organizar um relatório ordenado e crítico de uma experiência, ou 
avaliá-la analiticamente (...)”. 
 
O caso a ser estudado não é necessariamente um caso único, mas é 
 “tomado como unidade significativa do todo (...) como um marco de referência de 
complexas condições socioculturais que envolvem uma situação e tanto retrata uma 
realidade quanto revela a multiplicidade de aspectos globais, presentes em uma 
situação.” (idem:102). 
 
Por isso, o caso dever ser uma referência significativa para merecer a investigação e, 
por comparações aproximativas, apto para fazer generalização a situações similares ou 
autorizar inferências em relação ao contexto da situação analisada. Assim, quando se toma 
um conjunto de casos, este deve cobrir uma escala de variáveis que permita explicitar 
diferentes aspectos de um mesmo problema. 
Donaire (1997:9) classifica o estudo de casos como uma estratégia de pesquisa, 
podendo ser implementada tanto numa pesquisa exploratória, descritiva ou explicativa. 
Fundamentado principalmente em Yin (Case study research....), para Donaire “(...) o estudo 
de casos é um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro de seu contexto 
real, no qual as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente definidas (...).” 
podendo “incluir um único caso ou múltiplos casos.” pois a “grande maioria dos autores é 
unânime em considerar que a utilização de múltiplos casos nada mais é que uma variação 
do estudo de casos.” (idem:10). 
Um ponto importante destacado por Donaire refere-se à impossibilidade de se fazer 
uma generalização estatística a partir de estudos de múltiplos casos pois a amostra não é 
representativa de toda a população pois “seu objetivo é estabelecer muito mais uma 
generalização analítica teórica como resultado da análise de um ou mais casos (...).” 
 
Considerações finais 
É clara a falta de unanimidade entre os especialistas do assunto. Por isso, o presente 
estudo cabe ao iniciante em pesquisa acadêmica munir-se de boa leitura sobre o assunto a 
partir de textos didáticos e acadêmicos a fim de clarear o significado dos procedimentos 
adotados em sua pesquisa, qualquer que seja a modalidade empregada. Assim fazendo, é 
 
7
possível adequar da melhor maneira o objeto de estudo – o problema, as hipóteses e os 
procedimentos metodológicos – com a abordagem a ser empregada. 
Outro aspecto importante a ser levado em conta, derivado das considerações acima, 
é deixar claro para si mesmo e para o leitor o significado e a importância atribuídos aos 
aspectos metodológicos. 
 
Referência Bibliográfica 
ANDRÉ, Marli E.D.A.A. Estudo de caso: seu potencial na educação. Caderno de 
Pesquisas da FCC, Rio de Janeiro, n. 49, p. 51-54, 1984. 
 BARROS, Aidil Jesus Paes de & SOUZA, Neide Aparecida de. Fundamentos de 
Metodologia. São Paulo: McGraw-Hill, 1986. 
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McGraw-Hill, 1983. 
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez, 
1991. 
DONAIRE, Denis. A utilização do estudo de casos como método de pesquisa na área da 
administração. Rev. IMES, Santo André, n. 40, maio-agosto/1997 
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 
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KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica. 14a ed. Petrópolis: Vozes, 
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LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia 
Científica. 3a. ed. São Paulo: Atlas, 1991. 
LÜDKE, Menga & ANDRÉ, Marli E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens 
qualitativas. São Paulo: E.P.U., 1986. 
OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica. São Paulo: Pioneira, 
1997. 
RICHARDSON, Roberto Jarry. PesquisaSocial. São Paulo: Atlas, 1985. 
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. 2ª ed. Petrópolis: 
Vozes, 1979. 
SELLTIZ, JAHODA et all. Métodos de Pesquisa nas Relações Sociais, São Paulo: E. P. U., 
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VERA, Asti. Metodologia da Pesquisa Científica. 8ª ed. São Paulo: Globo, 1989.

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