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Crítica Jurídica - Pressupostos doutrinários

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1 
 
 
Texto Completo Disponível em: 
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E-mail: contato@jurismestre.com.br 
 
 
Tema 4. Crítica Jurídica: pressupostos doutrinários. 
 
Pablo Jiménez Serrano* 
 
Conteúdo: 1. Crítica Jurídica. 1.1 Características das teorias críticas. 1.2 A teoria crítica no 
pensamento jurídico contemporâneo. 2. Contribuição científico-metodológica. 3. Repercussão no 
Direito Moderno. 
 
1 Teoria Crítica. 
 
A teoria crítica (crítica construtiva ou construtivismo crítico) considera-se uma das 
correntes que objetiva a teorização do Direito a partir da sua perspectiva ou finalidade. 
 
A teoria crítica, em verdade, nos coloca um problema de existência. Diz-se de “questões 
existenciais de grande significado para o homem e que não podem ser resolvidas com mera lógica 
(...) Isso porque uma coisa é a lógica, digamos, científica, a lógica da representação intelectiva que 
envolve os critérios de verdade e falsidade, outra, é o saber da prudência, da vontade dirigida por 
valores da dignidade humana, da praxis humanista. Assim, a lógica do racional deve ceder lugar à 
lógica do razoável, que é a lógica do sentimento, do afeto, da busca dos valores”.1 
 
E aqui se situa o pensar crítico: as razões do Direito têm de ser ampliadas. Ele, o Direito 
não pode ser visto como um mero instrumento coercitivo. 
 
De fato, a introdução dos elementos éticos dentro do Direito trousse importantes mudanças 
no pensamento jusfilosófico contemporâneo. 
 
1.1 Características das teorias críticas. 
 
Construtivismo crítico se assenta na correlação existente entre ciência e pensamento 
sistemático do Direito. 
 
Diz-se de uma correlação que surge no século XVII, período em que o conceito “sistema” 
tornou-se comum e necessário no intuito de considerar uma área de conhecimento humano como 
ciência. 
 
Contudo, o conceito “sistema” significou-se como um nexus veritatum, que tinha como 
pressuposto o formalismo dedutivo, por meio do qual procurava-se encontrar o fundamento da 
conexão entre pensamento e realidade. Tratava-se de um pressuposto da continuidade do real que 
outorgava certa certeza ao conhecimento cientifico. 
 
Diz-se que o conceito sistema é a maior contribuição do chamado jusnaturalismo moderno 
(Direito Racional) ao direito europeu. Assim, a jurisprudência européia, que até então era mais 
uma ciência de exegese e de interpretação de textos singulares, passa a receber um caráter lógico-
 
* Doutor em Direito. Professor e pesquisador do Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA. 
1 CAFFÉ ALVES, Alaôr. As raízes sociais da Filosofia do Direito: uma visão crítica. In, O que é a filosofia do direito? 
Barueri, SP: Manole, 2004, p. 86-87. 
 
 
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 demonstrativo de um sistema fechado, cuja estrutura dominou e domina até hoje os códigos e os 
compêndios jurídicos.2 
 
Numa teoria que deveria legitimar-se perante a razão, mediante a exatidão matemática e a 
concatenação de suas proposições, o Direito conquista uma dignidade metodológica toda especial. 
A redução das proposições a relações lógicas é pressuposto obvio da formulação de “leis naturais”, 
universalmente válidas, a que se agrega o postulado antropológico, que vê no homem não um 
cidadão da Cidade de Deus ou (como no século XIX) do mundo histórico, mas um ser natural, um 
elemento de um mundo concebível segundo leis naturais.3 
 
A partir de princípios fundamentais se desenvolve uma sistemática jurídica característica, 
mediante a conjugação da dedução racional e da observação empírica, cujas bases já se encontram, 
sem duvida, no dualismo cartesiano do método analítico e sistemático. Através disso, é 
estabelecida uma relação imediata com a própria realidade social, ao mesmo tempo que não se 
confundem os limites entre uma teoria do dever social e o matéria colhido pela própria realidade 
social. 4 
 
A idéia de sistema tornaria os princípios do direito natural em premissa absolutas e 
hipotéticas. As primeiras obrigam independentemente das instituições estabelecidas pelo próprio 
homem. As segundas, as pressupõem, dotando certa variabilidade e flexibilidade, possibilitando ao 
direito natural moderno uma espécie de adequação à evolução temporal. Assim, a teoria jurídica 
passa a ser um construído sistemático da razão e, em nome da própria razão, um instrumento de 
crítica da realidade. Dessa teoria surgem duas contribuições importantes: a) o método sistemático 
conforme o rigor lógico da dedução; b) o sentido crítico-avaliativo do direito posto em nome de 
padrões éticos contidos nos princípios reconhecidos pela razão. 5 
 
1.2 A teoria crítica no pensamento jurídico contemporâneo. 
 
A corrente crítica (crítica jurídica) pode ser considerada uma perspectiva que orienta o 
estudo do Direito com base na sua concepção instrumental. O Direito assim, e visto como 
instrumento de transformação social e independente de qualquer ideologia de grupos e classes. 
 
Contudo a corrente crítica parte do pressuposto de que o Direito é um instrumento para a 
realização da Justiça. 
 
Destarte, a crítica jurídica opõe-se ao dogmatismo na ciência do Direito que, como 
estudado, objetiva uma postura acrítica e passiva na construção do conhecimento jurídico, devido à 
preponderância outorgada às afirmações das autoridades por meio das quais procura-se apresentar 
como indiscutível, acabado e perfeitamente adequado os conceitos e dogmas. 
 
2. Contribuição científico-metodológica. 
 
 
2 FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. A ciência do direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1980, p. 24-25. 
3 FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. A ciência do direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1980, p. 26. 
4 FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. A ciência do direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1980, p. 26. 
5 FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. A ciência do direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1980, p. 26. 
 
 
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 O construtivismo crítico nos convida a pensar o Direito a partir de valores e princípios, 
considerados humanos e universais, tais são: Justiça, cidadania, democracia, dignidade, 
responsabilidade, desenvolvimento, ética, consciência. 
 
É uma perspectiva que coopera na construção de uma abordagem funcionalista do Direito. 
 
Vê-se, assim, que o pensamento jurídico contemporâneo, de tipo “pós-analítico” ou “pós-
positivista”, apesar de não representar uma escola unitária, considera-se uma orientação 
“construtivista” que supera o marco de um conhecimento válido e que objetiva um Direito a 
serviço da construção social ativa e de interesse coletivo. 
 
Trata-se de uma concepção que não nega a utilidade do direito positivo, mas que realça a 
importância de um direito natural necessário e moderno que procura satisfazer o ideal de unidade e 
sistematização do Direito. 
O pensar crítico supera a mera descrição da ordem jurídica positiva (dogmática) e, 
auxiliando-se das concepções filosófico-moralista, políticas, psicológica e sociológica investiga, de 
forma valorativa, os fundamentos do direito. 
 
3. Repercussão no Direito Moderno. 
 
O estudo do Direito com base na perspectiva crítica fornecer aos graduando e profissionais 
a compreensão abrangente do fenômeno jurídico. 
 
Assim, o estudo do Direito sob o ponto de vista de outras áreas do saber humano, a saber, 
Sociologia, Filosófica (Ética), Política, Psicologia etc. permite uma abordagem investigativa com 
enfoques humanísticos, característica própria das ciências sociais. 
 
Substituem-se, assim, as certezas dogmáticas, no universo jurídico, pela perspectiva 
humana (humanística) enecessária. 
 
 
Questões 
 
1. O que é Crítica Jurídica? 
 
2. Destaque as características das teorias críticas. 
 
3. Destaque a repercussão das teorias críticas no pensamento jurídico contemporâneo. 
 
Bibliografia Recomendada: 
 
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução de Roberto Raposo. 10ª ed. Rio de Janeiro: 
Forense Universitária, 2005. 
 
BOBBIO, Norberto. Teoria Geral do Direito. São Paulo. Editora Martins Fontes. 
 
CARNELUTTI, F. Teoria geral do direito. São Paulo: Lejus, 1999. 
CHAUÍ, Marilena, Convite à Filosofia, São Paulo, Ática, 1999. 
 
 
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FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: Técnica, Decisão, Dominação. 
4. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 
 
FLORES CUNHA, Regina Maria E. Crítica ao modelo de ensino jurídico comum a todos os 
operadores do Direito - artigo: http://www.femargs.com.br/revista01_regina.html, acesso 15-04-
2008. 
 
GUERRA FILHO, Willis Santiago. Autopoiese do Direito na Sociedade Pós-Moderna: Introdução 
a uma Teoria Social Sistêmica. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1997. 
 
GUSMAO, Paulo Dourado de. Introdução ao Estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 2010. 
 
________. Filosofia do Direito. Rio de Janeiro: Forense, 1994, p, 02-04. 
 
KELSEN, Hans. Teoria geral do direito e do estado. Tradução de Luís Carlos Borges. São Paulo: 
Martins Fontes, 2000. 
 
________. Teoria Geral das Normas. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 1986, p 509. 
 
LARENZ, Karl. Metodologia da Ciência do Direito, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2a 
edição. Tradução de José Lamego, 1983. 
 
MACHADO, Hugo de Brito. Introdução ao Estudo do Direito. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 
 
MONTORO, Andre Franco. Dados preliminares de lógica jurídica. Edição Restrita, São Paulo, 
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 1976. 
 
NADER, Paulo. Filosofia do Direito. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995, p 28-30. 
 
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 23. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003. 
 
PLATÃO. A República (Πολιτεία), livro 7. São Paulo: Martins Editora, 2009. 
 
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
 
REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 
 
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para um novo senso comum: a ciência, o direito e a política na 
transição paradigmática - 3ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

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