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Dano moral na esfera bancária

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FELLIPE PINHO DE GODOY 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DANO MORAL NA ESFERA BANCÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ji-Paraná 
2008 
 
 
FELLIPE PINHO DE GODOY 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DANO MORAL NA ESFERA BANCÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação 
de Monografia Jurídica do CEULJI/ULBRA, como parte dos 
requisitos para a obtenção do título de Bacharel em Direito, sob 
a orientação do professor Neri Cezimbra Lopes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ji-Paraná 
2008
 
 
 
 
 
 
1 
Godoy, Fellipe Pinho de 
G588d 
2008 
Dano moral na esfera bancária / Fellipe Pinho de Godoy ; 
orientador, Neri Cezimbra Lopes. --- Ji-Paraná, 2008 
 53 f. ; 30 cm 
 
 Trabalho de conclusão do Curso de Direito (graduação) --- 
Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná, 2008 
 Bibliografia 
 
 
 1. Direito civil. 2. Direito financeiro. 3. Defesa do consumidor - 
Legislação. 4. Bancos. 5. Instituições financeiras. 6. Instituições 
de crédito. 7. Indenização. 8. Danos (Direito) I.Lopes, Neri 
Cezimbra. II. Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná. 
III.Título. 
 
CDU 347.734 
 
Bibliotecária: Marlene da Silva Modesto Deguchi CRB 11/601 
 
 
 
 
FELLIPE PINHO DE GODOY 
 
 
 
 
 
 
 
 
DANO MORAL NA ESFERA BANCÁRIA 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação de Monografia Jurídica 
do CEULJI/ULBRA, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharel em 
Direito, sob a orientação do professor Neri Cezimbra Lopes. 
 
 
AVALIADORES 
 
 
 
 
Marlete Maria da Cruz – 10,00 
1º Avaliador – CEULJI Nota 
 
 
 
Mônica Sotero Bueno Aires – 10,00 
2º Avaliador – CEULJI Nota 
 
 
 
Neri Cezimbra Lopes – 10,00 
3º Avaliador – CEULJI Nota 
 
 
 
____________________ 
Média 
 
 
Ji-Paraná 
2008 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
Atualmente, com o desenvolvimento da economia capitalista, é evidente a necessidade das 
instituições financeiras para a sociedade. Independente de classe social, toda a população 
depende, direta ou indiretamente, dos serviços dos bancos para o desenvolvimento de suas 
atividades econômicas, seja de caráter empresário, seja trabalhista. Atentas a essa 
necessidade, as instituições financeiras empenham-se no sentido de maximizar resultados em 
suas agências, de forma a alcançar lucros espetaculares comparados ao de outros setores da 
economia. 
Ao buscar essa maximização de resultados, os bancos acabam por não alcançar qualidade nos 
serviços prestados, violando, muitas vezes, os dispositivos legais de defesa do consumidor, 
causando aborrecimentos e violações aos direitos individuais do público atendido. 
O Código de Defesa do Consumidor, apesar de divergências, considera os bancos como 
fornecedores, e seus serviços prestados aos usuários como relação de consumo. Ao fazer tal 
definição, o CDC institui políticas de proteção ao cliente bancário, por se tratar de parte 
hipossuficiente na relação comercial. Isso implica, muitas vezes, na aplicação da 
responsabilidade objetiva ou na inversão do ônus da prova em ações contra tais 
estabelecimentos. 
Quando ocorre qualquer violação aos direitos individuais dos clientes ou usuários dos bancos, 
além de prejuízo material, pode-se observar, em algumas situações, a violação à honra do 
indivíduo, tanto de maneira objetiva, quanto subjetiva. Tal violação inflige dor no indivíduo, 
encerrando-se o ato em situação característica da ocorrência do instituto do dano moral. 
 
 
Muito foi discutido, durante algum tempo, sobre a possibilidade de se indenizar o dano moral. 
Por se tratar de ofensa não patrimonial, alguns autores defendiam a impossibilidade de sua 
reparação, porém, o atual entendimento é o de que apesar de não poder ser reparado, o dano 
moral deve ser compensado, tanto como forma de trazer meios de superação da dor pela 
vítima, quanto como forma de punição do autor da violação, de modo a desestimular a 
reincidência. 
Ao se analisar os casos de ocorrência de dano moral nas relações com instituições financeiras, 
observamos que, jurisprudencialmente, vêm sido amplamente aplicadas as medidas de 
proteção ao consumidor, seja pela responsabilização objetiva, seja pela inversão do ônus da 
prova, uma vez que, ao prestar o serviço em larga escala, a instituição financeira assume o 
risco de defeitos daí decorrentes, devendo responder pelo resultado. 
 
Palavras-chave: dano moral, banco, Código de Defesa do Consumidor, indenização, 
instituições financeiras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
Today, with the development of capitalist economy, it is clear the need for financial 
institutions to society. Regardless of social class, the entire population depends, directly or 
indirectly, services of banks for the development of their economic activities, whether in 
nature entrepreneur, is labor. Given this need, financial institutions committed themselves to 
maximize results in its agencies in order to achieve spectacular profits compared to other 
sectors of the economy. 
When searching the maximization of results, the banks will ultimately not achieve quality in 
services in violation, many times, the legal provisions for consumer protection, causing 
hassles and violations of individual rights of the public attended. 
The Consumer Defense Code, despite differences, considers the banks and suppliers, and their 
services to users as the consumption process. By doing this definition, the CDC establishing 
policies to protect customer banking, because it is part hyposuficient in the commercial 
relationship. This implies, often in the application of strict liability or the reversal of the onus 
probandi in actions against such establishments. 
When any violation of the rights of individual users or customers of banks, in addition to 
material damage, we can observe, in some situations, rape the honor of the individual, both of 
objective way, as subjective. This violation inflicts pain on the individual, closing up the act 
in a situation characteristic of the occurrence of the Office of moral damage. 
Much was discussed, for a time, on the possibility to repair the moral damage. This is not 
harm property, some authors defended the impossibility of their repair, however, the current 
 
 
understanding is that although it cannot be repaired, the moral should be compensated, both as 
a way to bring means of overcoming the pain by the victim, as a form of punishment, of the 
violation in order to discourage a recurrence. 
When analyzing the occurrence of cases of moral damage in relations with financial 
institutions, observed that, jurisprudencely, have been widely implemented measures to 
protect the consumer, either by the accountability aims, is the reversal of the burden of proof, 
since the provide the service on a large scale, the financial institution takes the risk of defects 
arising there from, must answer for the result. 
 
Keywords: moral damage, bank, Consumer Defense Code, indemnity, financial institutions. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8 
1. O DANO MORAL NA HISTÓRIA ................................................................................ 9 
2. DANO MORAL............................................................................................................ 13 
2.1. Prova do Dano Moral .........................................................................................18 
2.2. Nexo de Causalidade ......................................................................................... 19 
2.3. Legitimidade Ativa Para Requerer Indenização .................................................. 20 
3. O DANO MORAL DA PESSOA JURÍDICA ............................................................... 23 
4. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E AS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS 26 
5. O DANO MORAL NA ESFERA BANCÁRIA ............................................................. 31 
5.1. Inscrição indevida nos órgãos de restrição de crédito ......................................... 33 
5.2. Cheque devolvido indevidamente ...................................................................... 34 
5.3. Pagamento de cheque com erro grosseiro/falsificado/falta de conferência de 
assinatura ...................................................................................................................... 36 
5.4. Demora no atendimento na fila .......................................................................... 37 
5.5. Manutenção no cadastro de inadimplentes após quitação do débito .................... 38 
5.6. Constrangimento por detector de metais em porta giratória ................................ 39 
5.7. Trauma psicológico decorrente de roubo em agência ......................................... 40 
5.8. Débito em conta corrente sem expressa autorização ........................................... 41 
5.9. Abertura de conta com documentos falsos.......................................................... 42 
 
 
6. QUANTUM INDENIZATÓRIO DO DANO MORAL .................................................. 43 
CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 49 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 51 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Com o desenvolvimento das atividades dos bancos na sociedade moderna, tais 
estabelecimentos passaram a incorporar a seu público maior fatia da população, trazendo 
também maior quantidade de produtos e serviços oferecidos. Com esse aumento considerável 
na quantidade de transações bancárias, têm-se, conseqüentemente, maior quantidade de 
questionamentos quanto a defeitos nos negócios jurídicos. Tais questionamentos, geralmente, 
encerram-se nos tribunais, como podemos perceber diante da quantidade de sentenças e 
acórdãos publicados todos os dias envolvendo instituições bancárias. 
Dentre as ações ajuizadas relacionadas ao tema, chama-nos atenção as que envolvem 
dano moral, tanto por sua complexidade, quanto por sua amplitude. Uma vez que qualquer um 
de nós pode ser vítima deste tipo de violação por parte destes estabelecimentos, é interessante 
o desenvolvimento de pesquisa no sentido de se esclarecer como funciona a definição da 
ocorrência do dano nestas relações de consumo. 
O trabalho visa estudar o instituto do dano moral, desde as antigas civilizações com o 
fim de, através de pesquisa doutrinária e jurisprudencial, vislumbrar as ocasiões onde ocorre, 
nas relações com instituições financeiras, os requisitos para a responsabilização civil. 
Pretende-se também analisar a possibilidade de se aplicar a Lei n. 8.078/1990 
(Código de Defesa do Consumidor) aos negócios jurídicos firmados com instituições 
financeiras, e até que ponto estes negócios podem ser considerados relações de consumo. 
Por fim, será abordada a forma de fixação das indenizações nestas situações e os 
critérios utilizados pelo magistrado para a definição do quantum indenizatório. 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. O DANO MORAL NA HISTÓRIA 
Apesar de alcançar recentemente uma previsão explícita no ordenamento jurídico 
brasileiro, há precedentes do dano moral desde as primeiras formas de positivação do Direito. 
No Direito Romano, por exemplo, principalmente nos delitos privados, a chamada actio 
garantia os direitos do ofendido. 
Antes mesmo do período clássico do Direito Romano, pode-se observar a reparação 
do dano, inclusive moral, através da interpretatio dos jurisconsultos entre 754 a.C. e 126 a.C.. 
Porém, antes de adentrar no estudo do dano moral no Direito Romano, torna-se 
interessante a análise dos precedentes deste instituto em outras culturas pré-clássicas. 
O dano moral, ainda que de forma muito primitiva, já constava no Código de 
Hamurabi, surgido na Mesopotâmia. Tal codificação tinha como princípio a garantia do 
oprimido, o mais fraco, e nesse ponto Hamurabi, rei da Babilônia, também conhecido por 
Kamo Rabi, mostrava preocupação para com os lesados, destinando-lhe reparação exatamente 
equivalente. Era a regra “olho por olho, dente por dente”, a forma de reparação do dano 
causado. 
Referido código também definia outra modalidade de reparação do dano, com 
pagamento em pecúnia, trazendo nos primórdios a idéia da compensação da dor, denunciando 
um começo da idéia de que resultou modernamente a chamada teoria de compensação 
econômica, satisfatória dos danos extra patrimoniais, posto que lançado o dano de ordem 
moral, não era mais possível repor ao lesado o status quo ante, e sim lhe compensar a dor. 
10 
 
Existiu na Índia antiga um personagem mítico. Manu (Manu Vaivasvata), que era 
muitíssimo respeitado pelos brâmanes (membros da mais alta das castas hindus, a dos homens 
livres), motivo por que sua obra legislativa era de significativa importância, tendo sido 
denominada: O Código de Manu. Sua figura, para muitos, permanece lendária. 
O Código de Manu demonstrou profundo e indiscutível avanço em relação ao de 
Hamurabi, visto que tratava a reparabilidade do dano em pecúnia, muito diferente deste que 
ainda trazia a lesão reparada por outra lesão de igual valor. 
Na Grécia, a Odisséia de Homero pinta os gritos retumbantes de Hefesto, o marido 
enganado, que surpreendera no próprio leito a infiel Afrodite e o formoso Ares, e provocou 
uma assembléia de deuses, que, atendendo aos reclamos do traído, decretaram, a seu favor, o 
pagamento por Ares, de pesada multa, manifestando assim claramente um caso de reparação 
de danos morais resultante de adultério. 
A Lei das XII Tábuas, primeira codificação das Leis Romanas, consolida entre os 
delitos privados os fatos ilícitos contra a pessoa, a iniura, em 455 a. C., regulamentando a 
vingança privada. 
O ius civile contemplava três figuras delituosas: 
- membrum ruptum: previa a pena de Talião para o delito de mutilação de um 
membro do corpo, devendo o autor do delito sofrer mutilação idêntica à da vítima, 
permitindo, porém, à vítima optar pela reparação pecuniária; 
- fractum: diz respeito à quebra ou fratura de ossos e, por tratar-se de delito menos 
grave, previa a substituição da pena de Talião por pena pecuniária, que era de 300 asses 
quando trabalhadores livres e 150 asses quando a vítima era escravo; 
- iniura: abrangia outras ofensas corporais, tais como tapas, beliscões, etc., tratando 
de atos com violência leve. Era punida com pena pecuniária de 25 asses. 
Mas foi com a adoção do ius honoratium (criações do Pretor Peregrino visando 
regular situações não previstas no ius civile) que o antigo conceito de lesão física foi 
11 
 
abandonado, passando a abranger também a personalidade moral, surgindo então, 
efetivamente, o instituto do dano moral. 
A partir de então foi instituída a actio injuriarum aestimatoria, que deixava a 
ressarcibilidade a critério do Pretor nos casos de ofensa física e à personalidade. A 
condenação era, obrigatoriamente, pecuniária, proibindo-se a aplicação da pena de Talião 
nestes casos. 
Observa-se que, apesar de não alcançar um refinamento no sentido de fixar 
princípiosa respeito da matéria, o Direito Romano dá início à reparabilidade dos danos 
morais, porém, a condenação pecuniária sempre apresentou caráter de multa, pena, sem 
caracterizar seu efeito reparatório. 
No Brasil, o conceito de dano moral antecede a carta magna de 1988, como se pode 
observar no Código Brasileiro de Telecomunicações, Lei n. 4.117, de 27 agosto de 1962: 
Art. 81. Independentemente da ação penal, o ofendido pela calúnia, difamação ou 
injúria cometida por meio de radiodifusão, poderá demandar, no Juízo Cível, a 
reparação do dano moral, respondendo por êste solidáriamente, o ofensor, a 
concessionária ou permissionária, quando culpada por ação ou omissão, e quem quer 
que, favorecido pelo crime, haja de qualquer modo contribuído para êle. 
Da mesma forma na Lei n. 5.250, de 09 de fevereiro de 1967 (Lei de Imprensa): 
Art. 49. Aquêle que no exercício da liberdade de manifestação de pensamento e de 
informação, com dolo ou culpa, viola direito, ou causa prejuízo a outrem, fica 
obrigado a reparar: 
I - os danos morais e materiais, nos casos previstos no art. 16, números II e IV, no 
art. 18 e de calúnia, difamação ou injúrias; 
Porém, foi com o advento da Constituição Federal de 1988 que o dano moral teve 
suas raízes fixadas no ordenamento jurídico brasileiro. 
A Constituição Federal de 1988 veio pôr uma pá de cal na resistência à reparação do 
dano moral. O art. 5º, nº X, dispôs: "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a 
honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano 
material ou moral decorrente de sua violação". Destarte, o argumento baseado na 
ausência de um princípio geral desaparece. E assim, a reparação do dano moral 
integra-se definitivamente em nosso direito positivo. É de acrescer que a 
12 
 
enumeração é meramente exemplificativa, sendo lícito à jurisprudência e à lei 
ordinária aditar outros casos.1 
Novo avanço na previsão legal dos danos morais foi observado quando da criação do 
Código Civil de 2002, que prevê o instituto de forma explícita em seu artigo 186 ao trazer a 
expressão “ainda que exclusivamente moral”, positivando também o entendimento da 
autonomia dos danos morais em relação aos materiais. 
 
 
1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9.ed. Rio de Janeiro, Forense: 1998, p. 48. 
13 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. DANO MORAL 
O dano moral, embora já amplamente admitido anteriormente à Constituição de 
1988, veio ter sua efetivação em nosso ordenamento jurídico após sua previsão expressa no 
texto Constitucional: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação.”2 
Anteriormente à Carta Magna de 1988, o tema da reparação do dano moral ainda se 
prestava a controvérsias, uma vez que a jurisprudência dominante ainda vinculava-se ao 
posicionamento de que a dor não tem preço, não podendo então ser indenizada. No campo 
doutrinário, já havia o entendimento majoritário no sentido da reparação do dano moral, e 
poucas eram as manifestações dissonantes. 
Mais recentemente, com o advento do Novo Código Civil, tornou-se clara a 
obrigação de indenizar por danos causados, inclusive morais: “Art. 186. Aquele que, por ação 
ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, 
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”3 
Nas palavras de Yussef Sahid Cahali: 
 
2 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Art. 5º, X. 
Disponível em < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em 20 maio 
2008. 
3 BRASIL. Código Civil. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Brasília, DF: Senado. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm>. Acesso em 10 mar. 2008. 
14 
 
O instituto atinge agora a sua maturidade e afirma sua relevância, esmaecida de vez 
a relutância daqueles juízes e doutrinadores então vinculados ao equivocado 
preconceito de não ser possível compensar a dor moral com dinheiro.4 
Uma vez integrado ao ordenamento jurídico, faz-se necessário estabelecer a 
definição de dano moral para possibilitar a decidibilidade do caso concreto. Temos dano 
moral como sendo aquele que traz como conseqüência ofensa à honra, ao afeto, à liberdade, à 
profissão, ao respeito, à psique, à saúde, ao nome, ao crédito, ao bem estar e à vida, sem 
necessidade de ocorrência de prejuízo econômico. 
É toda e qualquer ofensa ou violação que não venha a ferir os bens patrimoniais, mas 
aos princípios de ordem moral, tal como coloca Sílvio de Salvo Venosa: 
Dano moral é o prejuízo que afeta o ânimo psíquico, moral e intelectual da vítima. 
Sua atuação é dentro dos direitos da personalidade. Nesse campo, o prejuízo transita 
pelo imponderável, daí por que aumentam as dificuldades de se estabelecer a justa 
recompensa pelo dano.5 
No mesmo sentido: 
Tudo aquilo que molesta gravemente a alma humana, ferindo-lhe gravemente os 
valores fundamentais inerentes à sua personalidade ou reconhecidos pela sociedade 
em que está integrado, qualifica-se, em linha de princípio, como dano moral; não há 
como enumerá-los exaustivamente, evidenciando-se na dor, na angústia, no 
sofrimento, na tristeza pela ausência de um ente querido falecido; no desprestígio, na 
desconsideração social, no descrédito à reputação, na humilhação pública, no 
devassamento da privacidade; no desequilíbrio da normalidade psíquica, nos 
traumatismos emocionais, na depressão ou no desgaste psicológico, nas situações de 
constrangimento moral.6 
No que tange aos danos de maneira geral, podemos classificá-los em duas categorias: 
a categoria dos danos patrimoniais, de um lado, e dos danos extra patrimoniais, ou morais, de 
outro. 
Trata-se de categorias autônomas, uma vez que a existência de dano moral independe 
da violação patrimonial e o dano material pode ocorrer ainda que não tenha havido abalo de 
ordem moral ao indivíduo. 
 
4 CAHALI, Yussef Sahid. Dano Moral. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 19. 
5 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. 8.ed. São Paulo, Atlas: 2008. 4 v, p. 41. 
6 CAHALI, Yussef Sahid. Dano Moral. 3.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005, p. 22-23. 
15 
 
Por se tratar de ofensa a bens não materiais, observa-se a ocorrência de dano moral 
em situações onde não há prejuízo econômico, sendo possível, no entanto, sua ocorrência 
concomitantemente a danos patrimoniais. Neste sentido: “São cumuláveis as indenizações por 
dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.”7 
Nas palavras de Caio Mário da Silva Pereira: 
Para aceitar a reparabilidade do dano moral é preciso convencer-se de que são 
ressarcíveis bens jurídicos sem valor estimável financeiramente em si mesmos, pelo 
só fato de serem ofendidos pelo comportamento antijurídico do agente. 
[...] 
Admitir, todavia, que somente cabe reparação moral quando há um dano material é 
um desvio de perspectiva. Quem sustenta que o dano moral é indenizável somente 
quando e na medida em que atinge o patrimônio está, em verdade, recusando a 
indenização do dano moral. 
[...] 
Não cabe, por outro lado, considerar que são incompatíveis os pedidos, de reparação 
patrimonial e indenização por dano moral. O fato gerador pode ser o mesmo, porém 
o efeito pode ser múltiplo. A morte de uma pessoa fundamenta a indenização por 
dano material na medida em que se avalia o que perdem pecuniariamente os seus 
dependentes. Ao mesmo tempo justifica a reparação por dano moral quando se tem 
em vista a dor, o sofrimento querepresenta para os seus parentes ou aliados a 
eliminação violenta e injusta do ente querido, independentemente de que a sua falta 
atinge a economia dos familiares e dependentes.8 
Há também situações em que o dano moral deriva de um dano patrimonial sofrido, 
sem perder sua característica de autonomia. Nestes casos observamos ofensa mediata a bem 
não patrimonial, decorrente de ofensa imediata ao patrimônio do ofendido. 
Interessante salientar que a indenização do dano moral não visa reparar o dano 
sofrido, mas sim compensar de alguma forma a dor. Apesar de ser pecuniária, a indenização 
tem como função proporcionar regalias para que o ofendido possa superar os momentos de 
dor que sofreu. 
Encontra-se aí o argumento para a teoria negativista quanto à reparabilidade dos 
danos morais. Uma vez que a função da reparação é retorno às condições observadas 
anteriormente ao dano, ainda que proporcione forma de compensação ao ofendido, a 
indenização por danos morais não alcança a recuperação dos bens violados. 
 
7 Súmula 37, CORTE ESPECIAL, julgado em 12.03.1992, DJ 17.03.1992 p. 3172, REPDJ 19.03.1992 p. 3201. 
8 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9.ed. Rio de Janeiro, Forense: 1998, p. 45. 
16 
 
Porém, o ordenamento jurídico não pode, de maneira alguma, ignorar uma violação a 
direito individual. Sendo necessária a indenização, de alguma forma, ao ofendido, tanto como 
meio de compensação, tanto como meio de evitar novas violações por parte do agente. 
Com isso, a natureza jurídica da indenização por dano moral desdobra-se em duas 
necessidades: a compensação e a prevenção. A obrigação pecuniária de indenizar, em sua face 
compensatória tem a função de proporcionar ao ofendido, realidade o mais próximo possível 
da observada anteriormente ao fato, enquanto que, em sua face preventiva, a indenização 
fundamenta-se na teoria do desestímulo, ou seja, impõe ao ofensor verdadeira punição pelo 
ato praticado, visando evitar que o mesmo repita sua conduta de violação. 
Neste sentido: 
O fundamento da reparabilidade pelo dano moral está em que, a par do patrimônio 
em sentido técnico, o indivíduo é titular de direitos integrantes de sua personalidade, 
não podendo conformar- se a ordem jurídica em que sejam impunemente atingidos. 
[...] 
Quando se cuida do dano moral, o fulcro do conceito ressarcitório acha-se deslocado 
para a convergência de duas forças: "caráter punitivo" para que o causador do dano, 
pelo fato da condenação, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o "caráter 
compensatório" para a vítima, que receberá uma soma que lhe proporcione prazeres 
como contrapartida do mal sofrido.9 
Tal desdobramento deriva de duas correntes de pensamento que convergiram para o 
atual entendimento com relação ao tema. 
Desde os primórdios do Direito Romano já havia previsão de punição para condutas 
que violassem direitos não patrimoniais do indivíduo, como forma de evitar que o autor 
reincidisse em sua conduta ofensiva, além de desestimular conduta similar por parte de outro 
ente da sociedade. O que corresponde à teoria do desestímulo, amplamente difundida no 
direito francês. 
Por outro lado, temos a corrente que defende a reparação do dano moral de forma 
meramente ressarcitória, deixando ao direito penal a competência para a punição e 
desestímulo do ato lesivo. 
 
9 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9.ed. Rio de Janeiro, Forense: 1998, p. 45. 
17 
 
Atualmente, apesar de não haver previsão explícita em nosso Código Civil, já vem 
sido aplicada a indenização por dano moral tanto com o fim de compensar o ofendido, quanto 
de punir o ofensor. Para suprir tal ausência de previsão legal, foi elaborado o Projeto de Lei n. 
2496 pelo Deputado Vital do Rêgo Filho propondo as seguintes alterações no Código de 
Defesa do Consumidor: 
Art. 1º O art. 6º da Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990, passa a vigorar 
acrescido do seguinte parágrafo único: 
‘Art. 6º ........................................................................................................................... 
........................................................................................................................................ 
Parágrafo único. A fixação do valor devido a título de efetiva reparação de danos 
morais atenderá, cumulativamente, à função punitiva e à função compensatória da 
indenização.’10 
Na justificativa do projeto, o Deputado afirma: 
[...] a doutrina e a jurisprudência estabeleceram que o montante da indenização 
moral deve ser arbitrado judicialmente, em cada caso concreto, a partir da 
convergência de duas dimensões: o caráter punitivo, para que o causador do dano, 
pelo fato da condenação, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o caráter 
compensatório, para que a vítima receba uma soma que lhe proporcione satisfação 
em contrapartida ao mal sofrido.11 
Tal proposta encontra-se aguardando votação no Senado Federal, porém, já sofreu 
algumas alterações no sentido de se incluir graduações de dano moral com o fim de 
determinar o quantum a ser arbitrado como indenização. Como tal previsão vai de encontro 
aos fundamentos do instituto do dano moral, não há muitas chances de que seja aprovado o 
projeto. 
Quanto à fixação de critérios objetivos para se determinar a ocorrência e dimensão 
dos danos morais, há grande discussão doutrinária. Enquanto que alguns autores defendem tal 
fixação como forma de se evitar inúmeras arbitrariedades que ocorrem em julgamentos deste 
tipo, outros são categóricos ao sustentar a opinião de não fixação, uma vez que, por se tratar 
de violação não patrimonial, torna-se impossível definir um padrão, por variar de pessoa para 
pessoa o grau de ofensa e dor que determinado ato implica. 
 
10 BRASIL. Projeto de Lei n. 2496, de 2007. Acrescenta parágrafo único ao art. 6º da Lei n. 8.078, de 11 de 
setembro de 1990, "que dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências", para estabelecer que a 
reparação de danos morais deve atender cumulativamente à função punitiva e à função compensatória da 
indenização. Brasília, DF. Câmara dos Deputados, 2007. Disponível em 
<http://www.camara.gov.br/sileg/MontarIntegra.asp?CodTeor=526414>. Acesso em 15 maio 2008. 
11 Idem, ibidem. 
18 
 
 
2.1. Prova do Dano Moral 
 
Objeto de inúmeras discussões é a necessidade de prova dos danos de maneira geral. 
Quanto aos danos morais, não é diferente, convergindo a moderna doutrina de 
responsabilidade civil na classificação dos danos morais da seguinte forma: 
a) Dano moral provado ou dano moral subjetivo – constituindo regra geral é aquele 
que necessita ser comprovado pelo autor da demanda, ônus que lhe cabe. 
b) Dano moral objetivo ou presumido – não necessita de prova, como nos casos de 
abalo de crédito, protesto indevido de títulos, perda de órgão do corpo ou de pessoa da 
família. Caracteriza-se pela inversão do onus probandi. 
Quanto a essa classificação, houve uma reviravolta na doutrina e na jurisprudência. 
Primeiramente, entendia-se que o dano moral seria em regra, presumido. Mas, diante de 
abusividades e exageros cometidos na prática, passou-se a defender a necessidade da sua 
prova, em regra. Isso também pela consciência jurisprudencial de que o dano moral não se 
confundiria com os meros aborrecimentos suportados por alguém no seu dia a dia. 
No entanto, atualmente, a tendência jurisprudencial é de ampliar os casos envolvendo 
a desnecessidade de prova do dano moral, em defesa à proteção da dignidade da pessoa 
humana, prevista na Constituição Federal em seu artigo 1º, inciso III, em casos onde ficaclara 
a hipossuficiência do ofendido. 
De qualquer forma, visando afastar o enriquecimento sem causa, dotando a 
responsabilidade civil de uma função social importante, entendemos que se deve 
considerar como regra a necessidade de prova, presumindo-se o dano moral em 
alguns casos.12 
 
 
12 TARTUCE, Flávio. Questões controvertidas quanto à reparação por danos morais. Aspectos doutrinários 
e visão jurisprudencial. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 876, 26 nov. 2005. Disponível em: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7586>. Acesso em: 15 maio 2008. 
19 
 
2.2. Nexo de Causalidade 
 
Em regra a caracterização da ocorrência dos danos morais depende da prova do nexo 
de causalidade entre o fato gerador do dano e suas conseqüências nocivas à moral do 
ofendido. 
Não basta que o agente haja procedido contra direito, isto é, não se define a 
responsabilidade pelo fato de cometer um "erro de conduta", não basta que a vítima 
sofra um "dano", que é o elemento objetivo do dever de indenizar, pois se não 
houver um prejuízo a conduta antijurídica não gera obrigação ressarcitória. É 
necessário se estabeleça uma relação de causalidade entre a injuridicidade da ação e 
o mal causado.13 
O nexo causal é o liame que une a conduta do agente ao dano, sendo elemento 
indispensável para o ressarcimento do dano. Mesmo nos casos de responsabilidade objetiva, 
onde a culpa é dispensada, não é dispensada a prova do nexo de causalidade, para que se 
possa constatar o ato como causa do dano. 
Fundamentalmente, são três as principais teorias que tentam explicar o nexo de 
causalidade: 
A teoria da equivalência das condições, elaborada pelo jurista alemão Von Buri na 
segunda metade do século XIX, não diferencia os antecedentes do resultado danoso, de forma 
que tudo aquilo que concorra para o evento, será considerado causa, é o pensamento adotado 
pelo Código Penal ainda em vigor. 
A segunda teoria é a da causalidade adequada. Esta teoria, desenvolvida a partir das 
idéias do filósofo alemão Von Kries, posto não seja isenta de críticas, é mais refinada do que a 
anterior, por não apresentar algumas de suas inconveniências. 
Para os adeptos desta teoria, não se poderia considerar causa toda e qualquer 
condição que haja contribuído para a efetivação do resultado, conforme sustentado pela teoria 
da equivalência, mas sim, segundo um juízo de probabilidade, apenas o antecedente 
abstratamente idôneo à produção do efeito danoso. 
 
13 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9.ed. Rio de Janeiro, Forense: 1998, p. 64. 
20 
 
A última vertente doutrinária é a teoria da causalidade direta ou imediata, também 
denominada teoria da interrupção do nexo causal, menos radical do que as anteriores, foi 
desenvolvida, no Brasil, pelo Professor Agostinho Alvim, em sua clássica obra Da 
Inexecução das Obrigações e suas Conseqüências. 
Causa, para esta teoria, seria apenas o antecedente fático que, ligado por um vínculo 
de necessariedade ao resultado danoso, determinasse este último como uma conseqüência sua, 
direta e imediata. 
 
2.3. Legitimidade Ativa Para Requerer Indenização 
 
Grande questão ao se observar o dano moral é constatar sua amplitude, ou seja, a 
quem o fato lesivo alcança de forma a causar prejuízo indenizável? Afinal de contas, o fato 
lesivo, muitas vezes, vem a causar prejuízo não só à vítima direta da lesão, mas também a 
terceiros, como, por exemplo, no caso de indenização por morte, onde os familiares, por conta 
da dor sofrida pela perda do parente, podem requerer indenização por danos morais. 
Onde a questão se complica é no caso da morte da vítima. Impõe-se verificar a 
titularidade do direito à indenização. O princípio geral define-se com a resposta à 
indagação: quem é a pessoa diretamente atingida? 
O primeiro na ordem dos prejudicados é o cônjuge supérstite, seja por um motivo de 
natureza econômica, seja por uma razão de ordem afetiva. 
[...] 
Aos parentes, obviamente, assiste o direito de pleitear a indenização. Mas a 
expressão "parentes" é muito vaga e imprecisa. Melhor seria substituí-la por "os 
herdeiros". O que deve, em princípio, orientar a legitimação ativa é a ordem de 
vocação hereditária. Os filhos, como diretamente prejudicados, são os titulares natos 
para a ação. Em seguida os ascendentes, e em último lugar os colaterais. Ajuizado o 
pedido pelo cônjuge e pelos filhos (devidamente representados, se menores) não há 
mister demonstrar o prejuízo, uma vez que o só fato da morte induz a presunção do 
dano. O mesmo se não dirá dos ascendentes e dos colaterais cuja legitimatio para a 
ação indenizatória depende da demonstração de que a perda do parente causou-lhes 
prejuízo.14 
Quanto à pessoa atingida, o dano moral pode ser assim classificado: 
 
14 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9.ed. Rio de Janeiro, Forense: 1998, p. 264. 
21 
 
a) Dano moral direto – aquele que atinge a própria pessoa, a sua honra subjetiva ou 
objetiva. 
b) Dano moral indireto ou "dano em ricochete"- aquele que atinge a pessoa de forma 
reflexa, como no caso de morte de uma pessoa da família. Em tais casos, terão legitimidade 
para promover a ação indenizatória os lesados indiretos. 
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AO ARTIGO 535, II, 
DO CPC NÃO CARACTERIZADA.. AÇÃO REPARATÓRIA. DANOS MORAIS. 
LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO VIÚVO. PREJUDICADO 
INDIRETO. DANO POR VIA REFLEXA. I - Dirimida a controvérsia de forma 
objetiva e fundamentada, não fica o órgão julgador obrigado a apreciar, um a um, os 
questionamentos suscitados pelo embargante, mormente se notório seu propósito de 
infringência do julgado. II – Em se tratando de ação reparatória, não só a vítima de 
um fato danoso que sofreu a sua ação direta pode experimentar prejuízo moral. 
Também aqueles que, de forma reflexa, sentem os efeitos do dano padecido pela 
vítima imediata, amargando prejuízos, na condição de prejudicados indiretos. Nesse 
sentido, reconhece-se a legitimidade ativa do viúvo para propor ação por danos 
morais, em virtude de ter a empresa ré negado cobertura ao tratamento médico-
hospitalar de sua esposa, que veio a falecer, hipótese em que postula o autor, em 
nome próprio, ressarcimento pela repercussão do fato na sua esfera pessoal, pelo 
sofrimento, dor, angústia que individualmente experimentou. Recurso especial não 
conhecido.15 
No mesmo sentido, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: 
REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS. ACIDENTE DE CONSUMO. QUEIJO 
PARMESÃO RALADO. PRODUTO IMPRÓPRIO AO CONSUMO. DANOS À 
SAÚDE DA NETA DA AUTORA. ATENDIMENTO DE URGÊNCIA. AFLIÇÃO 
E ANGÚSTIA A JUSTIFICAR A CONDENAÇÃO POR DANOS MORAIS. 1. 
Embora o acidente de consumo não tenha atingido diretamente a autora, apresenta 
ela legitimidade pela sensação de angústia e aflição gerada pelo dano à saúde de sua 
neta. Dano por ricochete. 2. Comprovada, não só a impropriedade do produto para o 
consumo, o que afeto à responsabilidade do Fabricante, como também a sua má 
conservação, o que alcança a esfera de responsabilidade do comerciante, respondem 
ambos pelos danos provocados no acidente de consumo. 3. Uma vez procedida à 
inversão do ônus da prova e havendo fotografias a indicar a existência de mancha 
esverdeada no queijo parmesão ralado vendido, o que evidencia estivesse 
contaminado, cumpria às rés comprovar que outro tipo de alimento ingerido pela 
neta da autora poderia também causar-lhe a asperigirose broncopulmonar alérgica 
que a acometeu. 4. A alegação de que pudesse a enfermidade ter causa outra que não 
a ingestão do produto também se mostra passível de prova, o que poderia ser feito 
através da apresentação de laudotécnico e não o foi. 5. No que tange à existência do 
dano moral, o mesmo se presume em face da situação aflitiva gerada, tendo a 
 
15 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Terceira Turma. Recurso Especial n. 530602. Relator: Ministro Castro 
Filho. Brasília, DF, 29 de outubro de 2003. Disponível em 
<http://www.stj.gov.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=dano+moral+indireto&&b=ACOR&p=true&t=&l=1
0&i=3>. Acesso em 10 maio 2008. 
22 
 
indenização sido fixada com prudência e moderação. Sentença confirmada por seus 
próprios fundamentos. Recurso improvido.16 
 
 
16 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Primeira Turma Recursal Cível. Apelação 
Cível n. 71000964320. Relator: Desembargador Ricardo Torres Hermann. Porto Alegre, 26 de outubro de 2006. 
Disponível em <http://www.tj.rs.gov.br/site_php/jprud2/ementa.php>. Acesso em 10 maio 2008. 
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. O DANO MORAL DA PESSOA JURÍDICA 
Até o advento do Novo Código Civil, houve muita discussão, tanto doutrinária 
quanto jurisprudencial, com relação à possibilidade de ser, a pessoa jurídica, sujeito passivo 
de dano moral. 
Tal discussão baseava-se na negação de direitos de personalidade às pessoas jurídicas 
por se tratar de fruto de ficção legal, sem gozar de existência natural. O entendimento é de que 
a pessoa jurídica não é suscetível a sofrimentos de natureza psíquica. 
Nesta linha de raciocínio, pode a pessoa jurídica ter sua honra objetiva violada, 
porém, não há o que se falar em indenização por dano moral, mas sim em dano material 
decorrente da violação, pois apesar de não experimentar o sofrimento ou angústia 
características do dano imaterial, as pessoas jurídicas podem ter seu patrimônio ou 
rendimentos comprometidos por conta de sua imagem junto ao mercado. 
Nas palavras de Sílvio de Salvo Venosa: 
Em princípio, toda ofensa ao nome ou renome de uma pessoa jurídica representa-lhe 
um abalo econômico. Não há como admitir dor psíquica da pessoa jurídica, senão 
abalo financeiro da entidade e moral dos membros que a compõem.17 
Porém, o próprio doutrinador finaliza: 
Nem por isso, porém, deixará de ser reparado um dano de natureza moral contra a 
pessoa jurídica: apenas que, a nosso ver, esse dano moral sempre terá reflexo 
 
17 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Responsabilidade Civil. 8.ed. São Paulo, Atlas: 2008. 4 v, p. 44. 
24 
 
patrimonial. Será sempre economicamente apreciável, por exemplo, o abalo 
mercadológico que sofre uma empresa acusada injustamente, por exemplo, de 
vender produtos roubados ou falsificados.18 
Desta forma, ainda que a pessoa jurídica não apresente os direitos de personalidade 
referentes à sua honra subjetiva, nem seja suscetível de dor, ela pode ter sua honra objetiva 
lesada, fazendo jus a indenização, uma vez que a imagem da empresa é elemento 
determinante para a viabilidade de suas atividades econômicas. 
Outra questão de extrema relevância é a das pessoas jurídicas sem fins lucrativos. A 
justificativa de que todo dano reflete-se de maneira econômica na pessoa jurídica exclui da 
proteção as associações e demais empresas que não visam lucro. Neste caso, embora ocorrido 
dano, não haveria possibilidade de reparação. 
Porém, acertadamente, tanto a doutrina como a jurisprudência têm se mostrado 
receptíveis à idéia do dano extra-patrimonial das pessoas jurídicas, garantindo a proteção 
difusa dos direitos de personalidade, inclusive para as pessoas não naturais. 
Com o Código Civil de 2002, observou-se uma previsão legal para a defesa dos 
direitos de personalidade das pessoas jurídicas. O artigo 52 do diploma legal estabelece que: 
“Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.” 
Importante analisar a ressalva feita pelo doutrinado ao dizer “no que couber”. Tal 
ressalva deve-se à não aceitação da existência de honra subjetiva da pessoa jurídica, por 
tratar-se tal instituto do sentimento interior da pessoa. 
RESPONSABILIDADE CIVIL. PESSOA JURÍDICA. HONRA OBJETIVA. 
DANO MORAL. OFENSA DA SUA REPUTAÇÃO PERANTE TERCEIROS. 
INOCORRÊNCIA. RESCISÃO CONTRATUAL. EMISSÃO DE FATURAS COM 
VALOR A MAIS. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO NÃO-PROVIDO. O ônus da 
prova incumbe ao autor quanto aos fatos constitutivos de seu direito. Inteligência do 
art. 333, I, do CPC. O dano moral contra pessoa jurídica somente é possível quando 
afeta sua honra objetiva, ou seja, sua reputação perante terceiros. A emissão de 
faturas telefônicas com valor a mais, por si só, não é capaz de gerar dano moral à 
pessoa jurídica ou possibilitar a rescisão contratual.19 
 
18 Idem, Ibidem. 
19 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia. Apelação Cível n. 100.001.2005.020895-0. Apelante: 
Associação de Praças da Policia Militar do Estado de Rondonia - APPM/RO. Apelado: 14 Brasil Telecom 
25 
 
Ainda antes da previsão pelo Código Civil, já pudemos vislumbrar julgados 
reconhecendo a possibilidade do dano extra-patrimonial das pessoas jurídicas: “A pessoa 
jurídica pode sofrer dano moral.”20 
 
 
Celular S/A. Relator: Desembargador Miguel Monico Neto. Porto Velho, 1 de agosto de 2007. Disponível em 
<http://www.tj.ro.gov.br>. Acesso em 10 maio 2008. 
20 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula 227. Segunda Seção. Brasília, DF, 08 de setembro de 1999. DJ 
20.10.1999 p. 49. 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E AS INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS 
A questão relativa à responsabilidade civil dos bancos e instituições financeiras em 
geral sofreu sensíveis modificações em razão do notável desenvolvimento, modernização e 
diversificação dessa atividade em nosso País. 
Na realidade, o banco moderno não se restringe a recolher as economias monetárias 
dos que lhas confiam, para emprestá-las, através do mútuo de dinheiro, aos seus 
clientes, como ocorria no passado. 
Atualmente, o conceito de banco foi substituído ou complementado pelo de 
instituição financeira, ou até de conglomerado financeiro, cuja função no mercado é 
o exercício do crédito sob as suas novas e sofisticadas formas, das quais o 
recebimento de depósitos em dinheiro e sua aplicação é uma das mais antigas, mas 
não a única. 
[...] 
É, portanto, o exercício técnico e profissional do crédito, que tanto pode ser de 
dinheiro, quanto de outra natureza (o de assinatura, p. ex., através do aceite cambial 
ou do aval), que caracteriza a instituição financeira, e o estabelecimento de crédito, 
hoje intensamente empolgados pelos chamados serviços bancários.21 
Não é novidade o fato de que a atividade das instituições financeiras é regrada por 
normas específicas, estabelecidas na Lei n. 4.595, de 31.12.64, e a fiscalização de suas 
operações e da sua correção contábil compete ao Banco Central do Brasil, com competência 
para editar normas complementares de regulamentação, com força de lei para as instituições 
sob sua égide. 
A responsabilidade civil das instituições bancárias, seja contratual ou aquiliana, não 
encontra previsão e regulamentação expressa em sua legislação específica, sendo resolvidas 
as questões suscitadas a respeito à luz da doutrina e da jurisprudência. 
 
21 WALD, Arnoldo. O Novo Direito Monetário. 2. Ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, pág. 186. 
27 
 
Essa ausência de regulamentação foi amenizada com o advento do Código de Defesa 
do Consumidor (Lei 8.078, de 11 de setembrode 1990), que equiparou a prestação de 
serviços bancários de natureza onerosa às relações de consumo. 
O §2º do art. 3º do CDC conceitua serviço como “qualquer atividade fornecida no 
mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de 
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.” 
Porém, apesar da existência de abalizada jurisprudência afirmando que a previsão 
legal do CDC não comporta exceções, há várias atividades desenvolvidas pelas instituições 
financeiras que não são abrangidas pela incidência de tal estatuto. 
Como exemplo, podemos citar as operações de remessa internacional de valores, de 
lançamentos de títulos, ações, bônus ou debêntures em mercados estrangeiros, além daquelas 
que não se enquadram na definição de serviço estabelecida pelo Código de Defesa do 
Consumidor, seja por sua gratuidade, seja pelo fato de não ter como objetivo o consumidor 
final. 
Ainda que não sofra incidência dos dispositivos do CDC, há responsabilidade dos 
bancos em tais relações jurídicas, uma vez que há responsabilidade contratual, além da 
legislação específica existente. 
Tal discussão a respeito da aplicação do CDC culminou com o ingresso da Ação 
Direta de Inconstitucionalidade 2591 pela Confederação Nacional do Sistema Financeiro 
(CONSIF) que congrega a Federação Nacional dos Bancos, a Federação Nacional das 
Empresas Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, a Federação Interestadual das 
Instituições de Crédito, Financiamento e Investimentos, e a Federação Nacional das Empresas 
de Seguros Privados e Capitalização em 26 de dezembro de 2001. 
Na ADIn, a CONSIF visa a não aplicação do disposto no §2º, art. 3º do CDC às 
atividades desenvolvidas pelas instituições financeiras por ser incompatível com o texto do 
art. 192 caput e incisos II e IV da Constituição Federal. 
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o 
desenvolvimento equilibrado do País e a servir aos interesses da coletividade, será 
regulado em lei complementar, que disporá, inclusive, sobre: 
28 
 
[...] 
II – autorização e funcionamento dos estabelecimentos de seguro, previdência e 
capitalização, bem como do órgão oficial fiscalizador e do órgão oficial 
ressegurador; 
[...] 
IV – a organização, o funcionamento e as atribuições do banco central e demais 
instituições financeiras públicas e privadas;22 
Tal questionamento é fundamentado no fato de que o dispositivo constitucional 
determina que a regulamentação do Sistema Financeiro Nacional se dará por meio de lei 
complementar e que o Código de Defesa do Consumidor não pode ser aplicado aos entes que 
compõem o Sistema Financeiro Nacional, por se tratar de lei ordinária. 
Afirma-se na petição inicial da Ação Direta de Inconstitucionalidade: 
A Lei nº 8.078/90 é inconstitucional ao criar novos e maiores encargos e obrigações 
financeiras, sendo lei ordinária, quando a Constituição Federal exige, textualmente, 
lei complementar. 
A expressão impugnada viola o princípio da razoabilidade, sede material do devido 
processo legal (art. 5º, LIV, da Constituição Federal), já que se manifesta como meio 
legislativo inadequado para regular tal matéria por não observar as peculiaridades 
das atividades desenvolvidas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro 
Nacional a justificar a impossibilidade de se equipará-las às atividades de 
consumo.23 
O Sistema Financeiro Nacional é composto pelos seguintes órgãos, subordinados ao 
Ministério da Fazenda: 
- Conselho Monetário Nacional; 
- Conselho Nacional de Seguros Privados; 
- Conselho de Gestão da Previdência Complementar; 
- Conselho de Controle de Atividades Financeiras. 
 
22 Texto à época do ingresso da ADIn 2591, antes da alteração determinada pela Emenda Constitucional n. 40 de 
2003 que, entre outras disposições, revoga os incisos II e IV e dá nova redação ao caput do referido artigo: 
“art.192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma a promover o desenvolvimento equilibrado do País 
e a servir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de 
crédito, será regulado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital 
estrangeiro nas instituições que o integram.” 
23 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Declaratória de Inconstitucionalidade n. 2591, de 26 de 
dezembro de 2001. Brasília, DF. Petição Inicial, p. 1. 
29 
 
Ao Conselho Monetário Nacional estão subordinados o Banco Central do Brasil e as 
demais instituições financeiras, incluindo-se o Banco do Brasil e o Banco Nacional do 
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sendo, portanto, os bancos, entes integrantes 
do Sistema Financeiro Nacional. 
Ao questionar a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, o autor da ADIn 
afirma que a regulamentação dos serviços prestados pelas instituições financeiras deve ser 
feita pelo Conselho Monetário Nacional, tendo suas deliberações baixadas pelo Banco Central 
do Brasil, sob forma de resoluções, que, para as instituições financeiras, têm força de lei, e a 
legislação atinente ao assunto deve ter caráter complementar, uma vez que há previsão na 
Constituição Federal de legislação específica para regulamentar a atividade financeira no país. 
Apesar da justificativa, a ADIn foi julgada improcedente. Houve 09 votos pela 
improcedência e dois pela procedência parcial. Os votos vencidos entendiam pela procedência 
parcial para excluir a regulação dos juros da incidência do CDC. 
A ação continha pedido de liminar. A CONSIF justificou tal pedido no fato de o STJ 
estar decidindo, a cada dia que passava, mais a favor do consumidor e contra as instituições 
financeiras, comprometendo injustamente o patrimônio dos bancos, que sofriam pesadas 
condenações fundamentadas em legislação inconstitucional. 
O STJ entendeu que a incidência do Código de Defesa do Consumidor não altera a 
organização do Sistema Financeiro Nacional, apenas regula as relações entre os bancos e seus 
clientes, de forma que não viola o disposto no texto constitucional por tratar-se de Lei 
Ordinária. 
Tal pensamento é defendido também por vários doutrinadores, como, por exemplo, 
Márcio Mello Casado: 
Contudo, o CDC não regula o sistema financeiro nacional. Ele trata da relação entre 
esse sistema financeiro e os consumidores, o que é bem diferente. Pensar o contrário 
é dizer que não há lei alguma no país que se aplique aos bancos.O Código de 
Processo Civil não é lei complementar e diz como os bancos podem ou não executar 
os seus clientes. Seria inconstitucional? Evidente que não. Ele trata da forma como 
30 
 
os membros do sistema financeiro nacional podem cobrar judicialmente os seus 
créditos.24 
 
 
 
24 CASADO, Márcio Mello. Proteção do Consumidor de Crédito Bancário e Financiamento. 2.ed. 
São Paulo, Revista dos Tribunais: 2006, p. 78. 
31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5. O DANO MORAL NA ESFERA BANCÁRIA 
É extremamente numerosa a quantidade de ações de indenização por danos morais 
pleiteadas em face de instituições bancárias em nosso país. Isto se deve principalmente ao fato 
de estas instituições, muitas vezes, por conta de sua metodologia de trabalho voltada à 
produtividade e lucratividade máxima, não oferecer ao público o tratamento desejável, 
causando transtornos de imensa variedade a seus clientes e usuários. 
Em regra, a responsabilidade civil é fundada na culpa, respondendo, portanto, os 
bancos, para com as pessoas lesadas, clientes ou não, desde que existente culpa no suporte 
fático, atribuível a quem estiver presentando ou mesmo representando oestabelecimento 
bancário. 
Assim considerando, a teoria da responsabilidade subjetiva erige em pressuposto da 
obrigação de indenizar, ou de reparar o dano, o comportamento culposo do agente, 
ou simplesmente a sua culpa, abrangendo no seu contexto a culpa propriamente dita 
e o dolo do agente.25 
Tal responsabilização depende da culpa do agente, porém, em alguns casos observa-
se a inversão do onus probandi, com a presunção de culpa. Nestes casos, cabe ao ofensor 
afastar, através de material probatório, sua culpa na lesão. 
Além dessa responsabilidade subjetiva, há casos em que ocorre a responsabilização 
independentemente de análise de qualquer conduta culposa do agente ou causador do dano, 
respondendo a instituição financeira pelo dano causado, ainda que não estejam presentes 
 
25 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9.ed. Rio de Janeiro, Forense: 1998, p. 29. 
32 
 
imprudência, negligência ou imperícia por parte do ofensor. Tal responsabilização dá-se em 
casos onde a lesão é gerada em situação criada por quem explora atividade que, por sua 
própria natureza, expõe o ofendido ao risco desse dano. Ou, nas palavras de Vilson Rodrigues 
Alves: 
A afirmação generalizada é de que essa responsabilidade civil dos bancos, sem 
culpa, justifica-se pelo risco criado no exercício das atividades inerentes às suas 
operações. 
[...] 
Com efeito, como os bancos praticam as operações, por exemplo, com cheques, e 
como esses títulos não se compatibilizam com exames detidos, minuciosos e 
detalhados de cada um dos incontáveis cheques operacionalizados, esses 
estabelecimentos assumem o risco do pagamento ruim por seus prepostos. 
Não significa isso que se condicione a responsabilidade civil dos bancos à culpa de 
seus prepostos. 
O que se afirma é que ela se lastreia no risco, adrede assumido, o que, está óbvio, 
não afasta exercício de pretensão irradiada de direito regressivo contra o preposto 
culpado.26 
No entanto, há de se aplicar a responsabilização independente de culpa com certa 
cautela, de modo a evitar a banalização do instituto e transformar a exceção em regra. Hoje, 
há entendimentos diversos, porém, tanto a doutrina quanto a jurisprudência tem caminhado no 
sentido de aplicar a responsabilidade objetiva ou subjetiva de acordo com as circunstâncias do 
caso concreto, utilizando-se dos princípios da hermenêutica, de forma a não violar o princípio 
do devido processo legal. 
No que tange à legitimidade passiva da ação de indenização, é relevante observar a 
responsabilidade do banco pelos atos de seus funcionários, uma vez que o Código Civil é 
claro ao dispor em seu artigo 932: “São também responsáveis pela reparação civil: [...] III – o 
empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do 
trabalho que lhes competir, ou em razão dele”. 
Neste sentido: 
Responsável é o banco pelos atos de seus funcionários, danosos ao cliente (como um 
débito indevidamente feito em sua conta ou o lançamento de ordem de crédito em 
conta de terceiro) porque, na qualidade de preponente responde a instituição pelos 
 
26 ALVES, Vilson Rodrigues. Responsabilidade Civil dos Estabelecimentos Bancários. 2.ed. Campinas: 
Bookseller, 1999. 1 v, p. 94-95. 
33 
 
atos do preposto, independentemente de apuração de culpa in vigilando ou in 
eligendo.27 
Cabe acrescentar que, apesar da própria natureza dos negócios jurídicos celebrados 
com bancos gerarem incontáveis controvérsias, o ordenamento jurídico tem sabiamente se 
posicionado de modo a evitar a instauração da chamada indústria do dano moral, tanto na 
aplicação de responsabilidade objetiva ou subjetiva, quanto na fixação do quantum destas 
indenizações. 
Uma vez que os serviços bancários são extremamente necessários em nossa 
sociedade de consumo atual, a inumerável quantidade de transações efetuadas todos os dias 
acaba por gerar diversas situações onde se vislumbra a ocorrência de dano não patrimonial 
por parte dos bancos. Porém, algumas situações, dada a quantidade de ações ajuizadas, 
merecem especial destaque ao se analisar o assunto. 
 
5.1. Inscrição indevida nos órgãos de restrição de crédito 
 
É talvez a mais comum causa de dano moral por parte das instituições financeiras. 
Para a análise de crédito, os bancos se utilizam de informações disponibilizadas em cadastros 
particulares de maus pagadores, Serasa ou SPC28, por exemplo, além de cadastros públicos de 
devedores, como por exemplo, o CADIN. 
Por tratarem com um imenso número de clientes, as instituições bancárias, muitas 
vezes, realizam inscrições indevidas nestes cadastros. Seja por erros de digitação, seja por 
erros na constatação de inadimplemento das obrigações dos clientes. 
Nestes casos, entende a jurisprudência que independe de culpa a responsabilização 
do banco, uma vez que a própria natureza de suas operações gera o risco destas inscrições 
indevidas, logo, aplica-se nestes casos a responsabilidade objetiva. 
 
27 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9.ed. Rio de Janeiro, Forense: 1998, p. 147. 
28 Serviço de Proteção ao Crédito. 
34 
 
Neste sentido temos: 
APELAÇÃO CÍVEL. DANOS MORAIS. PROVAS DOCUMENTAIS 
SUFICIENTES. DÍVIDA QUITADA. INCLUSÃO INDEVIDA NO BANCO DE 
DADOS DO SPC DANO MORAL EVIDENCIADO. Verificada a quitação da 
dívida perante à administradora de consórcio, e havendo a inscrição indevida em 
cadastros restritivos, é devida a indenização a título de danos morais. Os prejuízos 
decorrentes do protesto indevido de títulos de crédito e da inscrição indevida do 
nome em cadastro negativo de crédito não carecem de prova.29 
 
5.2. Cheque devolvido indevidamente 
 
A compensação de cheques está estritamente condicionada à observância de todos os 
aspectos legais que fazem do instrumento um título de crédito. Caso algum destes requisitos 
não esteja presente, deve haver a devolução do documento, com a indicação, no verso, do 
motivo da devolução. 
A indicação é feita por meio de uma tabela com códigos padronizados pelo Banco 
Central. As indicações são agrupadas em grupos, de acordo com a natureza da devolução da 
seguinte forma: 
Cheque sem fundos: 
· motivo 11 - cheque sem fundos na primeira apresentação; 
· motivo 12 - cheque sem fundos na segunda apresentação; 
· motivo 13 - conta encerrada; 
· motivo 14 - prática espúria. 
 
Impedimento ao pagamento: 
· motivo 20 - folha de cheque cancelada por solicitação do correntista; 
· motivo 21 - contra-ordem (ou revogação) ou oposição (ou sustação) ao 
pagamento solicitada pelo emitente ou pelo beneficiário; 
· motivo 22 - divergência ou insuficiência de assinatura; 
· motivo 23 - cheques emitidos por entidades e órgãos da administração 
pública federal direta e indireta, em desacordo com os requisitos constantes 
do artigo 74, 2º, do decreto-lei nº 200, de 25.2.67; 
· motivo 24 - bloqueio judicial ou determinação do Banco Central; 
· motivo 25 - cancelamento de talonário pelo banco sacado; 
· motivo 26 - inoperância temporária de transporte; 
 
29 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia. Primeira Câmara Cível. Apelação Cível n. 
100.001.2003.010483-0. Apelante: Trescinco Administradora e Consórcio S/C Ltda. Apelado: Francisco Ronne 
Von Gomes. Relator: Desembargador Kiyochi Mori. Porto Velho, 7 de fevereiro de 2006. Disponível em 
<http://www.tj.ro.gov.br>. Acesso em 10 maio 2008. 
35 
 
· motivo 27 - feriado municipal não previsto; 
· motivo 28 - contra-ordem (ou revogação) ou oposição (ou sustação), 
motivada por furto ou roubo, com apresentação do registroda ocorrência 
policial; 
· motivo 29 - cheque bloqueado por falta de confirmação do recebimento do 
talão de cheques pelo correntista; 
· motivo 30 - furto ou roubo de malotes. 
 
Cheque com irregularidade: 
· motivo 31 - erro formal (sem data de emissão, mês grafado numericamente, 
sem assinatura, sem valor por extenso); 
· motivo 32 - ausência ou irregularidade na aplicação do carimbo de 
compensação; 
· motivo 33 - divergência de endosso; 
· motivo 34 - cheque apresentado por estabelecimento bancário que não o 
indicado no cruzamento em preto, sem o endosso-mandato; 
· motivo 35 - cheque falsificado, emitido sem controle ou responsabilidade 
do banco, ou ainda com adulteração da praça sacada; 
· motivo 36 - cheque emitido com mais de um endosso; 
· motivo 37 - registro inconsistente - compensação eletrônica. 
· Apresentação indevida: 
· motivo 40 - moeda inválida; 
· motivo 41 - cheque apresentado a banco que não o sacado; 
· motivo 42 - cheque não compensável na sessão ou sistema de compensação 
em que apresentado; 
· motivo 43 - cheque devolvido anteriormente pelos motivos 21, 22, 23, 24, 
31 e 34, não passível de reapresentação em virtude de persistir o motivo da 
devolução; 
· motivo 44 - cheque prescrito (fora do prazo); 
· motivo 45 - cheque emitido por entidade obrigada a realizar movimentação 
e utilização de recursos financeiros do tesouro nacional mediante ordem 
bancária; 
· motivo 46 - CR - Comunicação de Remessa, quando o cheque 
correspondente não for entregue ao banco sacado nos prazos estabelecidos; 
· motivo 47 - CR - Comunicação de Remessa com ausência ou inconsistência 
de dados obrigatórios referentes ao cheque correspondente; 
· motivo 48 - cheque de valor superior a R$ 100,00 (cem reais), emitido sem 
a identificação do beneficiário, acaso encaminhado ao SCCOP, devendo ser 
devolvido a qualquer tempo; 
· motivo 49 - remessa nula, caracterizada pela reapresentação de cheque 
devolvido pelos motivos 12, 13, 14, 20, 25, 28, 30, 35, 43, 44 e 45, 
podendo a sua devolução ocorrer a qualquer tempo. 
 
Motivos criados pela circular 3.226/2004: 
· motivo 71 - inadimplemento contratual da cooperativa de crédito no acordo 
de compensação. 
· motivo 72 - contrato de compensação encerrado.30 
Os cheques devolvidos pelos motivos 11, 12 e 13, estão sujeitos à inclusão do nome 
do emitente no Cadastro de Emitentes de Cheque sem Fundos, CCF, restringindo seu crédito 
junto a outras instituições. 
 
30 BANCO CENTRAL DO BRASIL. FAQ – Cheques, Devolução de cheques. Disponível em 
<http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/servicos6.asp#4>. Acesso em 10 maio 2008. 
36 
 
Ocorre que, em algumas ocasiões, devido à quantidade demasiada de cheques que 
passam todos os dias pelo serviço de compensação, o cheque pode ser devolvido com 
indicação de motivo não condizente com o instrumento. Caso tal devolução venha a causar 
qualquer tipo de constrangimento ou ofensa à honra do cliente, através de inclusão de seu 
nome em órgãos restritivos de crédito, este faz jus a indenização por danos morais. 
CONTA CORRENTE. CHEQUES. DEVOLUÇÃO INDEVIDA. DANO MORAL. 
Caracterizado ato ilícito representado pela devolução indevida de cheque por motivo 
de insuficiência de fundos, impõe-se a condenação do responsável a pagar danos 
morais.31 
 
5.3. Pagamento de cheque com erro grosseiro/falsificado/falta de conferência 
de assinatura 
 
Dada a imensa quantidade de cheques que todos os dias passam pelo sistema de 
compensação dos bancos, é impossível ater-se à conferência minuciosa de cada instrumento. 
Dessa forma, ao prestar tal tipo de serviço, o banco assume os riscos decorrentes, devendo ser 
responsabilizado no caso de defeito. 
As causas mais comuns de dano moral quanto à compensação de cheques dizem 
respeito a adulteração de valores e assinatura divergente da do cliente. Nestes casos, ainda que 
o banco não tenha concorrido para a adulteração ou falsificação do documento, responde 
objetivamente. 
Neste sentido: 
INDENIZAÇÃO. DANO MATERIAL E MORAL. CHEQUE ADULTERADO. 
COMPENSAÇÃO ERRÔNEA. SERVIÇO DEFEITUOSO. Responde pelos danos 
 
31 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia. Apelação Cível n. 100.001.2006.014051-7. Apelante: 
Banco do Brasil S/A. Apelado: Daniella Ribeiro Sá dos Santos. Relator: Desembargador Marcos Alaor Diniz 
Grangeia. Porto Velho, 12 de setembro de 2007. Disponível em <http://www.tj.ro.gov.br>. Acesso em 10 maio 
2008. 
37 
 
gerados pela sua conduta a instituição financeira que compensa cheque adulterado e 
com assinatura falsa, uma vez que tal ato caracteriza serviço defeituoso.32 
 
5.4. Demora no atendimento na fila 
 
Por conta da variedade de serviços prestados pelas instituições financeiras e da 
necessidade atual em se manter conta de depósitos, a quantidade de pessoas que freqüenta 
diariamente os bancos é enorme. A cada dia, com a expansão da base de clientes por parte do 
banco, maior é o fluxo de pessoas em suas agências, porém, a quantidade de funcionários 
disponibilizados para prestar atendimento a estas pessoas nem sempre aumenta na mesma 
proporção, o que resulta em filas e mais filas. 
Muitos municípios, tentando impedir que os cidadãos estejam sujeitos a demasiada 
espera em filas nos bancos, criaram leis limitando o tempo máximo que a instituição 
financeira pode fazer com que seus clientes esperem por atendimento. No entanto, 
dificilmente há a obediência de tais disposições, sendo crítica a situação em determinadas 
épocas do mês. 
Caso se sinta lesada por esta espera além dos limites aceitáveis, a pessoa, usuária de 
serviços bancários pode requerer indenização por danos morais, em face do aborrecimento a 
que foi submetida ao ter de esperar, às vezes, por horas para ser atendida. Porém, os tribunais 
têm sido relutantes em conceder tais indenizações, sob o argumento de, nestes casos, ocorrer 
mero aborrecimento, sem a violação dos direitos de personalidade ou da honra objetiva ou 
subjetiva da pessoa. 
Neste sentido: 
PREPARO RECURSAL. RECOLHIMENTO A MENOR. JULGAMENTO 
ANTECIPADO DA LIDE. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. 
NÃO-PREENCHIMENTO DOS PRESSUPOSTOS CARACTERIZADORES DO 
DANO MORAL. MERO ABORRECIMENTO. A diferença ínfima entre o valor 
 
32 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia. Apelação Cível n. 100.014.2006.001654-3. Apelante: 
Banco Bradesco S/A. Apelado: Paulo Valdir de Moura. Relator: Desembargador Gabriel Marques de Carvalho. 
Porto Velho, 29 de janeiro de 2008. Disponível em <http://www.tj.ro.gov.br>. Acesso em 10 maio 2008. 
38 
 
recolhido e o devido a título de preparo recursal não configura a deserção. 
Dispensada a prova pela própria parte, não lhe é lícito sustentar o cerceamento de 
defesa pelo julgamento antecipado da lide. A mera espera em fila bancária não é 
apta a ensejar um decreto condenatório, não podendo contratempos do dia-a-dia ser 
elevados a dano moral.33 
Nas palavras de Flávio Tartuce: 
Inicialmente, tanto doutrina e jurisprudência sinalizam para o fato de que o dano 
moral suportado por alguém não se confunde com os meros transtornos ou 
aborrecimentos que o cidadão sofre no dia-a-dia. Isso, sob pena de colocar em 
descrédito a própria concepção da responsabilidade civil. Cabe ao juiz, analisando o 
caso concreto e diante da sua experiência apontar se a reparação imaterial é cabível 
ou não.34 
 
5.5. Manutenção no cadastro de inadimplentes após quitação do débito 
 
Como meio de garantir o pagamento de seus créditos, os bancos utilizam os serviços 
prestados por empresas que mantém cadastros de maus pagadores, tais como SERASA. Ao 
realizarqualquer operação de crédito, é feira consulta ao banco de dados e, caso seja 
constatada alguma pendência em nome do cliente, o crédito pode ser indeferido, face histórico 
de não pagamento. 
Quando um cliente atrasa o reembolso de operações de crédito, a instituição bancária 
providencia sua inclusão em tais bancos de dados, de modo a inibir a concessão de crédito a 
esta pessoa. Após a quitação do valor em atraso, tal cadastro no banco de dados deve ser 
apagado, de modo que o cliente não fique prejudicado por pendência já resolvida junto ao 
banco. 
Muitas vezes ocorre que, mesmo após o pagamento, o banco não efetua a baixa da 
inscrição junto aos órgãos restritivos de crédito, causando constrangimento ao cliente no 
 
33 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia. Primeira Câmara Cível. Apelação Cível n. 
100.001.2005.015009-9. Apelante: Arão Falcão da Silva. Apelado: Banco do Brasil S/A. Relator: 
Desembargador Kiyochi Mori. Porto Velho, 11 de julho de 2006. Disponível em <http://www.tj.ro.gov.br>. 
Acesso em 10 maio 2008. 
34 TARTUCE, Flávio. Questões controvertidas quanto à reparação por danos morais. Aspectos doutrinários e 
visão jurisprudencial. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 876, 26 nov. 2005. Disponível em: 
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7586>. Acesso em: 15 maio 2008. 
39 
 
momento de nova tomada de crédito, seja na mesma instituição, seja em qualquer outro 
estabelecimento comercial. 
Nestes casos, faz jus, o cliente, a reparação dos danos sofridos: 
 
5.6. Constrangimento por detector de metais em porta giratória 
 
Outra questão rotineira nas instituições bancárias é quanto à porta giratória com 
detector de metais. Esse equipamento, já faz algum tempo, tornou-se comum nestas 
instituições, chegando a tornar-se, de alguma forma, símbolo de banco. 
O detector de metais visa impedir que pessoas adentrem as instalações do banco 
portando algum tipo de arma que possa oferecer risco aos clientes, usuários e funcionários. 
Por tratar-se de detector de metais, o equipamento sinaliza a presença de certa quantidade de 
metal, impedindo automaticamente a entrada da pessoa que se encontra na porta giratória. 
Ocorre que, muitas vezes, o fato de estar portando metal não quer dizer que o 
cidadão esteja em posse de uma arma. Há ocasiões em que chaves, cintos e outros objetos são 
detectados pelo equipamento. Nestes casos, geralmente, o indivíduo é orientado a depositar 
seus objetos metálicos em local pré-indicado e retirá-los após novo exame pelo equipamento. 
Em alguns casos, próteses utilizadas por deficientes físicos acionam o travamento do 
dispositivo detector. Nestas circunstâncias, muitas vezes, não há como o portador da prótese 
separá-la de seu corpo sem que haja certo constrangimento. Nestes casos, caso seja exigida 
esta conduta para a entrada no prédio, pode ocorrer violação à honra do indivíduo, tanto 
subjetiva, pelo aborrecimento, quanto subjetiva, pelo constrangimento junto aos presentes. 
A jurisprudência tem se mostrado favorável à defesa da honra destas pessoas, de 
modo que já há vários julgados neste sentido. Como por exemplo: 
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. BANCO. 
PORTA GIRATÓRIA. VEDAÇÃO DE ACESSO AO INTERIOR DA AGÊNCIA. 
DANO IN RE IPSA. CRITÉRIOS QUANTIFICADORES. Não se pode negar o 
40 
 
constrangimento pelo qual passa qualquer pessoa que, injustificadamente barrada na 
porta de um banco, vê-se impedida de entrar na agência. O fato de ter sido atendida 
no lado de fora do estabelecimento bancário, tendo-lhe sido pago o cheque que 
portava, demonstra que não havia razão para ser a requerente barrada. Alegação de 
que a autora estava portando objeto de metal desprovida de prova. Ônus da prova 
que era do banco. Exegese do art. 6º, inc. VIII, do CDC. Dano moral que se 
caracteriza como in re ipsa, bastando ao ofendido a prova do fato e o nexo de 
causalidade entre o fato e o resultado danoso. Ainda que o grau de insegurança em 
que vive a sociedade moderna, principalmente a brasileira, faça com que certas 
situações tenham que ser aceitas como necessárias à vida cotidiana, isso não autoriza 
o cometimento de excessos, os quais devem ser reprimidos. Dano moral fixado em 
sessenta salários mínimos, atendidos os critérios quantificadores do dano 
extrapatrimonial.35 
 
5.7. Trauma psicológico decorrente de roubo em agência 
 
É inegável a responsabilidade da instituição financeira pelos acontecimentos 
ocorridos dentro de suas dependências. Qualquer tipo de ameaça a que se veja exposto um 
cliente ou usuário dentro do banco deve ter como conseqüência a responsabilização da 
instituição, desde que cause algum tipo de dano. 
Nestes casos é possível a aplicação da responsabilidade objetiva, uma vez que, ao 
movimentar grandes valores, a própria atividade bancária, por natureza, gera um grande risco. 
Tal risco deve ser assumido pela empresa que recebe seus lucros, independente de concorrer 
para o fato, de modo a propiciar condições adequadas de segurança tanto para seus 
funcionários, instalações e patrimônio, quanto para clientes e usuários que acessam suas 
dependências. 
Neste sentido: 
BANCO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ASSALTO. LESÃO CORPORAL. 
DANO MORAL. REDUÇÃO. As instituição bancárias tem o dever de garantir ao 
público em geral segurança nas suas dependências, devendo indenizar os danos 
morais e materiais suportados pelas pessoas que foram vítimas de assalto. O dano 
moral, ao ser fixado, deve ser razoável e proporcional à lesão sofrida pela vítima a 
 
35 BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Nona Câmara Cível. Apelação cível n. 
70006195234. Apelante: Marli Irene Malinski Coelho. Apelado: Banco do Brasil S/A. Relator: Des. Adão Sergio 
do Nascimento Cassiano. Porto Alegre, 15 de setembro de 2004. Disponível em < 
http://www.tj.rs.gov.br/site_php/consulta/download/exibe_documento.php?codigo=494300&ano=2004>. Acesso 
em 26 maio 2008. 
41 
 
fim de que não seja ínfimo a reparar o dano e tampouco cause enriquecimento 
indevido.36 
 
5.8. Débito em conta corrente sem expressa autorização 
 
Uma vez que se trata de contrato de depósito, os valores existentes em contas 
correntes só podem sofrer débitos com a autorização expressa do titular. Quando há algum 
débito sem tal autorização, pode o cliente requerer o ressarcimento dos valores. Quando, por 
conta de débito sem autorização, ocorre a devolução de cheques por insuficiência de saldo, ou 
qualquer outro prejuízo não econômico, temos caracterizada a ocorrência de dano moral. 
Neste sentido tem se posicionado a jurisprudência: 
INDENIZAÇÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. 
PARTE LEGÍTIMA. ASSINATURAS DE REVISTAS E TV A CABO. 
DESCONTOS INDEVIDOS NA CONTA CORRENTE. DEVOLUÇÃO DE 
CHEQUES. AUTORIZAÇÃO DE DÉBITO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. 
DANO MORAL. ATO ILÍCITO. VALOR. FIXAÇÃO. OBSERVÂNCIA DOS 
PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. É parte 
legítima para figurar no pólo passivo da demanda a instituição financeira que efetua 
descontos indevidos na conta do cliente, causando abalo moral. Inquestionável a 
existência de responsabilidade do banco-apelante por eventual prejuízo suportado 
por cliente seu, uma vez que praticou conduta abusiva ao efetuar descontos 
indevidos em sua conta corrente, sem a respectiva autorização, e, conseqüentemente, 
a devolução de cheque por insuficiência de fundos. A fixação do valor da 
indenização por danos morais deve ter por base os princípios da razoabilidade e da 
proporcionalidade, levando-se em consideração ainda a finalidade de compensar o 
ofendido pelo constrangimento indevido que lhe foi imposto, mas de forma a não 
gerar enriquecimento

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