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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DA UFBA DEO - DEPARTAMENTO DE ESTUDOS ORGANIZACIONAIS ADMF52 – HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DO ADMINISTRADOR PROF. Drª. IVONE FREIRE COSTA Marketing Político Felipe Andrade Jaqueline Correia Lucas Dantas Salvador, Bahia. 22 de março de 2013. 2 Sumário página Marketing político 3 Onde o voto é marketing 3 Marketing político x marketing eleitoral 4 O mercado eleitoral 4 Comunicação 5 Pesquisas eleitorais 5 Assessorias de marketing e propaganda 6 O planejamento da campanha 6 Relacionamento do candidato x imprensa e o jornalismo 7 Boca de urna 7 Análise crítica e conclusão 8 Referências bibliográficas 9 3 Marketing Político O marketing transformou-se em um instrumento indispensável para a sobrevivência dos empresários e de suas instituições. Segundo Philip Kotler, marketing é “a atividade humana dirigida à satisfação das necessidades e desejos através de um processo de troca” (KOTLER, 1980, p.31). Toda campanha eleitoral necessita de uma série de criadores, onde cada passo é uma nova criação, pois a criação nasce do confronto. Opor-se a seu cliente é uma necessidade profissional. Apesar de cercados por assessores e pessoas que andam próximo do candidato, ainda existem muitos políticos que não conseguem compreender a importância e a dimensão do marketing político, e nem mesmo se perguntar qual produto está oferecendo e que ideia está transmitindo aos seus eleitores. Em marketing político, a comunicação é como uma droga. Em doses adequadas é medicamento, em doses elevadas é veneno fatal. É necessário comunicar, mas pior do que não fazer publicidade é fazê-la em demasia. Tomar a palavra a todo o momento banaliza a imagem do político. É preciso saber o momento certo e falar com muita moderação. O segredo da boa comunicação está nos detalhes que empregamos a ela e na moderação que aplicamos em nós mesmos. A principal meta de todo candidato político é influir na formação da opinião pública, “no afã de se conseguir penetrá-la e conquistá-la” (KUNTZ, 1998, p. 119) As campanhas eleitorais vitoriosas devem ser multidisciplinares, envolvendo uma série de profissionais de diversas áreas. Não existe mais espaço para as campanhas de improviso, feitas apenas na base da intuição de acordos políticos. Onde o voto é marketing Segundo Valdir Silva1, o voto é influenciado por três componentes distintos: 1) ideológico; 2) político e 3) eleitoral. O voto político é firmado de forma direta, numa relação pessoal entre candidato e eleitor. Em cidades pequenas esse fator é grande e chega a 80% da motivação dos votos. O voto ideológico influencia apenas uma pequena parcela dos eleitores. O discurso de esquerda, de direita, do socialismo ou liberalismo afeta pouco mais de 5% do eleitorado, atingindo o máximo de 10% no mercado nacional. O voto eleitoral representa o esforço concentrado de conquista do eleitor, o campo de atuação do marketing político. Sua influência cresce com o tamanho do universo eleitoral e chega a atingir até 70% das decisões de voto. 1 Valdir Silva é bacharel em marketing pela Universidade Católica de Petrópolis, especialista em Recrutamento e Seleção de Talentos e Propaganda e Marketing pela Universidade Estácio de Sá. Foi apresentador do Programa de TV “De Olho no Marketing” e gerente regional do Senac Rio, além de consultor em diversas organizações nacionais e multinacionais. 4 Marketing político x marketing eleitoral O marketing político diz respeito à formação da imagem do candidato a longo prazo. É utilizado por pessoas e políticos que desejam projetar-se publicamente. Já o marketing eleitoral é de curto prazo. As estratégias e as táticas de comunicação são montadas em cima de um ambiente vivo, já existente e em andamento, e não de um ambiente criado. O mercado eleitoral O mercado eleitoral é composto por dois agentes básicos: candidato e eleitores. O candidato deseja do eleitor informação e voto, para poder criar programas de atuação política e para chegar ao poder e desenvolver o seu programa. Ao candidato cabe fazer a escolha dos elementos que formarão sua equipe e administrando o inter-relacionamento da sua campanha. O candidato deve sempre contribuir na campanha com suas experiências e sugestão. Por outro lado o eleitor deseja do candidato uma boa comunicação e o cumprimento das promessas e dos favores. Um dos problemas clássicos da ciência política é estudar e determinar o padrão de comportamento dos eleitores. No Brasil, através de alguns estudos realizados sobre o comportamento do eleitor, chegou-se a um consenso de que existem três leis fundamentais de posicionamento do eleitor. Para Manhanelli (1988) são elas: Lei da Indiferença: Onde o eleitor, quando entra na cabine eleitoral põe fim a um difícil processo de tomada de decisão. No universo da lei da indiferença estão os indecisos e os indiferentes, que não notam, ou fazem força para não notar o que se passa ao seu redor. Lei da Procrastinação: Representa o máximo adiamento. A lei da procrastinação diz que a grande maioria dos eleitores deixa para decidir em quem votar no último momento. Lei da efemeridade: durante as campanhas eleitorais, as pesquisas demonstram as oscilações que existem na opinião do eleitorado, mostrando o quanto muda a intenção de voto. Qualquer acontecimento, fala ou ação do candidato pode influir na decisão final. O estudos dessas leis trouxe uma importante contribuição para o marketing político, e demonstra o quanto é importante identificar o eleitor e procurar suas necessidades, anseios, desejos e, então, pautar o candidato dentro dessas expectativas. Compreende-se que o candidato é o elo entre as causas de interesse público e o eleitor. É a primeira vitrine dos partidos, com suas ideologias, estratégias de marketing e seus ideais. Os fatores que compõem um candidato são: potencial próprio, entrosamento, fatores internos e externos de pressão. Potencial próprio é a capacidade de liderança do candidato, e leva em consideração suas habilidades e competências, seu discurso, comunicação e carisma. 5 Um dos fatores mais importantes é o de entrosamento. “O entrosamento exige humildade e vontade de acertar, de fazer o melhor possível, tanto por parte da assessoria de marketing político quanto do candidato, (...) cada qual disposto a reconhecer suas próprias limitações e a respeitar a capacidade profissional de cada um, (...) trocando os “estrelismos” e as “jogadas” individuais pela consciência de que numa campanha eleitoral é vital que se preserve o espírito de equipe” (KUNTZ, 1998, p. 19) Os fatores internos de pressão abordam o grupo político (partido) e o grupo de financiamento e os fatores externos de pressão, os eleitores e adversários políticos. Comunicação A comunicação é a parte fundamental do marketing político. O candidato precisa transmitir para o eleitor seus ideias, e isso só é possível através da comunicação. Durante todo o dia, as pessoas estão sujeitas a milhões de informações e estímulos. É claro que elas não conseguem processar e reter todas essas informações. O que acontece é que a mente simplifica o que é recebido, aceitando apenas aquilo que interessa. A arte de se fazer ouvir, de se comunicar e persuadir estão na identificação do caminho mais rápido para a mente. Cada veículo tem uma linguagem muito específica, mas quando se trata detelevisão, a linguagem se aproxima bastante do cotidiano das pessoas, de forma simples e direta. No mundo moderno, o candidato que pretenda desenvolver uma campanha eficaz, precisa direcioná-la para grandes populações (massa eleitoral) e tentar conquistar ao máximo cada grupo, independente de faixa etária, classe social, sexo ou gostos pessoais. Quanto mais pessoas e quanto maior a cidade, maiores serão os desafios de usar os meios de comunicação para atingir o maior número de eleitores. “Os principais veículos de comunicação de massa servem como instrumentos de veiculação de ideias, propostas, entretenimento e informações de qualquer natureza e atingem grandes faixas populacionais” (KUNTZ, 1998, p.136). Pesquisas eleitorais Um ditado de Maquiavel que diz “a realidade é como é, não como gostaríamos que ela fosse”, resume muito bem a importância da pesquisa na vida do candidato e mais ainda na vida do eleitor. A pesquisa é o principal instrumento à disposição de um candidato para a elaboração de suas estratégias de campanha. De nada adianta ter uma equipe bem qualificada se o candidato não puder contar, como ponto de partida, com informações confiáveis. A partir de uma pesquisa, avalia-se o perfil de um eleitorado, com intuito de disponibilizar ao cliente dados sobre suas preferências, demandas, atitudes e aspirações. Os resultados de uma pesquisa auxiliam muitos eleitores na tomada de decisões políticas. Os fatores de maior relevância em uma pesquisa são a imagem do candidato, sua trajetória política, seu carisma e empatia com o eleitor, seu programa de governo, 6 sua principal meta de governo, a sua profissão, seu partido político, seus apoiadores e o grupo social em que está inserido ou se identifica. Um dos principais erros cometidos por candidatos, segundo Kuntz (1998), é aproveitar a pesquisa para transformá-la em meio promocional. Embora a tática seja eficaz, “pesquisa é pesquisa, e não se deve misturá-la ou confundi-la com promoção pessoal de candidatos”. Assessorias de marketing e propaganda Com o estudo da comunicação no marketing político, as assessorias de marketing e propaganda ganham papel de destaque durante a campanha. É dever da assessoria de marketing político conhecer profundamente as atividades que cercam o desenvolvimento de uma campanha eleitoral, não somente quanto aos aspectos promocionais e necessidades de comunicação, mas também às ligadas à área operacional e política da campanha. O profissional de marketing político funciona como um diretor de marketing, tendo obrigatoriamente a visão do cliente e funcionando como elo entre a agência e o candidato, oferendo suporte técnico quanto às informações a que deva ter acesso para desenvolver sua atividade. Toda a parte visual da campanha, criação e redação, bem como a produção de filmes, jingles, materiais audiovisuais e outros serviços que exijam alto grau de conhecimento e orientação técnica são de responsabilidade da assessoria de propaganda. O planejamento da campanha O planejamento constitui a parte vital da campanha, visando alcançar a melhor forma para o desempenho de uma ação e atingir seu objetivo definido. “Assim, deve- se ligar estreitamente planejamento e estratégia de uma campanha, pois se aquele se fizer separadamente, poderá, ao seu término, estar incompatível com a estratégia prevista na campanha.” (KUNTZ, 1998, p.51). Após a definição de uma meta, pode-se subdividir o planejamento da campanha em sete etapas: avaliação, previsão, busca de soluções, orçamento, adequação dos meios e recursos, programação dos fornecimentos e recebimentos e divisão do plano de ação em etapas. As três primeiras etapas, avaliação, previsão e busca de soluções, caracterizam-se pelo levantamento de todos os dados possíveis com relação à campanha, formulando hipóteses, acrescentando e suprimindo elementos no sentido de prever problemas, para só então encontrar soluções para esse problemas. A solução de um problema é a base para a determinação da estratégia de ação. A etapa do orçamento define quais o materiais e serviços a serem empregados na campanha, como faixas, adesivos, comitês, custos de apoio, transporte etc. Adequação dos meios e recursos, programação dos fornecimentos e recebimentos e divisão do plano de ação em etapas são as etapas mais complexas do 7 planejamento. Estão relacionadas com a somatória de todos os itens que constituem o orçamento, fazendo um balanço de todos os recursos disponíveis a curto, médio e longo prazos. Feito isso, a próxima etapa (programação dos fornecimentos e recebimentos) planeja a entrada e saída de materiais da campanha, para evitar estrangulamentos decorrentes de uma programação falha. Por último, a divisão do plano de ação em etapas: fazer o desdobramento do objetivo original em vários objetivos parciais, como por exemplo, ter como objetivo a eleição com 10.000 votos (objetivo original) e a conquista de x votos na região A, aumentar a penetração no segmento Z do eleitorado e diminuir a influência do candidato P (objetivos parciais, paralelos ao objetivo original). Relacionamento do candidato x imprensa e o jornalismo “Muitas das queixas de candidatos e políticos, em relação ao tratamento que recebem da imprensa, devem-se ao desconhecimento por parte destes de uma regrinha importante do jornalismo: “A notícia tem que atender, primeiro, ao interesse do leitor; segundo, às conveniências do veículo, e somente após satisfeitas estas duas condições é que esta pode atender ao candidato”. (KUNTZ, 1998, p.161). Candidatos políticos reclamam que trechos de entrevistas são distorcidos e omitidos, embora o objetivo não seja obrigatoriamente o de prejudicar o entrevistado. Para evitar alguns desses problemas, os candidatos devem preparar-se melhor antes de suas entrevistas, além de montar uma boa equipe que tenha a finalidade de relacionar com a imprensa: a assessoria de imprensa. “A imprensa tem o poder de influir na formação da consciência coletiva e no direcionamento dessas tendências, assim como detonar e, de certa forma e em determinadas circunstâncias, manipular as mobilizações de massa.” (KUNTZ, 1998, p.148) A assessoria de imprensa tem a função de preparar o candidato para que possa ganhar espaço nos veículos de comunicação, além do êxito no contato com jornalistas e formadores de opinião. O assessor de imprensa deve ser vista como uma fonte fidedigna e capaz de respeitar a ética profissional, redigindo e administrando releases e transformando notícias em fatos, a fim de promover o candidato. O jornalismo tem algumas vantagens que merecem destaque no âmbito do marketing político. Levando-se em consideração os custos, a propaganda em TV, rádio ou mídia impressa tem um custo mais elevado que uma página ocupada por uma entrevista. Uma manchete jornalística envolvendo o candidato chama mais a atenção do eleitor do que um anúncio no jornal. Essa é uma das vantagens do jornalismo: o custo. A credibilidade é outra vantagem do jornalismo, por se revelar mais eficaz que a propaganda, pois aceita maiores índices de aceitação ou assimilação. Boca de urna “No jargão político, boca de urna é o conjunto de atividades a serem desenvolvidas pelos candidatos, destinadas a cobrir promocionalmente o encerramento das campanhas eleitorais, no afã de conquistar os votos do eleitorado 8 indefinido ou indeciso”. (KUNTZ, 1998, p.219). A boca de urna é considerado crime eleitoral segundo o artigo 39, §5, II, da Lei nº 9.504/97 e quem é pego praticando boca de urna leva de seis meses a um ano de prisão, com alternativa de prestação de serviços à comunidadepelo mesmo período, além de ter que pagar multa que pode variar de 5.300 a 15.960 reais. Para muitos candidatos, a boca de urna é a “última cartada” que cada candidato tem para influir no resultado das eleições, a “chave de ouro” da campanha. Análise crítica e conclusão Nas eleições de 1998, o Brasil obteve um auge de ''marketismo'' político (relação forte do profissional de marketing e o político). Junto com essa nova fase, surgiram aspectos diferentes de se fazer uma campanha procurando mostrar o que era conveniente apenas para o candidato vencer em sua campanha. Perdeu-se a noção do senso e respeito com quem está atrás da televisão, tentando escolher o próximo caminho de seu país. Surgindo assim, o estereótipo do ''marketólogo'' onde alguém manipula o eleitorado, não hesitando quando o assunto é baixaria e polêmicas, com propostas que não vai cumprir e que na maioria das vezes apresentando o candidato como algo que ele não é. Um exemplo disso é um candidato que distribui beijos em crianças carentes, em bairros de baixa renda, no período de eleição e quando eleitos nunca voltam ao mesmo lugar. Por trás de toda e qualquer manobra estão os ''marketólogos'', que são na verdade os “falsificadores da verdade”. O Brasil hoje em dia ocupa o 69° posição no ranking de países mais corruptos no mundo, segundo a ONG Transparência Internacional. Esse é o reflexo de desvio de recursos públicos que deveriam ser destinados à aplicação na saúde, na educação, na Previdência e em programas sociais e de infraestrutura que, entretanto, são desviados para financiar campanhas eleitorais, corromper funcionários públicos ou mesmo para contas bancárias pessoais no exterior, deixando a cidade em dívidas com o banco central. Vários outros casos polêmicos envolvendo políticos são detectados todos os anos e muitas vezes ocultados pela mídia da população. A corrupção é um mal que pode matar, pois, o dinheiro que é desviado poderia ser usado para uma criança que precisa de água tratada para beber em sua cidade, mas, o dinheiro para a implantação do projeto não chega. O raciocínio demonstra que os agentes públicos corruptos podem provocar tantas mortes quanto ditadores que a história da civilização ocidental nos apresentou. No entanto, são muita vezes aceitos nas altas escalas sociais como homens de valor e importantes. A característica "abstrata" do fenômeno da corrupção e a hipocrisia social contribuem para a postura passiva da sociedade. É preciso que o eleitor vote consciente e, acima de tudo, em pessoas honestas (coisa rara) e de verdade no olhar, é um dever cívico e moral, ao qual devem estar atentos os eleitores cidadãos. 9 Referências Bibliográficas FIGUEIREDO, Rubens. Marketing Político e Persuasão Eleitoral. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer, 2000. KOTLER, Philip. Marketing: edição compacta. São Paulo: Atlas, 1980. KUNTZ, Ronald. Marketing político: manual de campanha eleitoral. São Paulo: Global, 1998. 7ª ed. MANHANELLI, Carlos A. Estratégias eleitorais: marketing político. São Paulo. Summus,1988. www.institutobrasilverdade.com.br http://pt.wikipedia.org/wiki/Corrupção_no_Brasil http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Marketing%20politico.htm
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