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DIREITO PENAL V ESTATUTO DO DESARMAMENTO AULA 7 Professor Eduardo Galante BRASÍLIA 2015 1 TRÁFICO ILÍCITO E USO INDEVIDO DE SUBSTÂNCIAS ENTORPECENTES Leitura obrigatória: LEI Nº 10.826/03; Doutrina: livros de qualidade. Rogério S. Cunha por exemplo. Jurisprudência: - Súmulas STF - Súmulas STJ - Informativos STF - Informativos STJ 2 CRIMES PREVISTOS NA LEI DO DESARMAMENTO 3 DO SISTEMA NACIONAL DE ARMAS Art. 1° O Sistema Nacional de Armas - SINARM, instituído no Ministério da Justiça, no âmbito da Polícia Federal, tem circunscrição em todo o território nacional. DO REGISTRO Art. 3º É obrigatório o registro de arma de fogo no órgão competente. Parágrafo único. As armas de fogo de uso restrito serão registradas no Comando do Exército, na forma do regulamento desta Lei. CRIMES PREVISTOS NA LEI DO DESARMAMENTO 4 Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos: I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos; II - apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa; III - comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei. CRIMES PREVISTOS NA LEI DO DESARMAMENTO 5 O Decreto nº 5.123/2004 ampliou ainda mais essas exigências, sendo agora necessário que aquele que pretenda comprar arma de fogo de uso permitido tenha pelo menos 25 anos, apresente declaração de efetiva necessidade e cópia autenticada da carteira de identidade, além dos documentos comprobatórios das condições previstas no Estatuto do Desarmamento. Apenas uma observação quanto ao requisito de idade: há exceções para os membros das Forças Armadas, Polícias Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal, Civis, Polícias Militares, Corpos de Bombeiros Militares e Guardas Municipais das capitais e dos Municípios com mais de 500.000 habitantes. Atendidos os requisitos, o Sinarm expedirá autorização de compra de arma de fogo em nome do referente e para a arma indicada. CRIMES PREVISTOS NA LEI DO DESARMAMENTO 6 Essa autorização é pessoal e intransferível! A aquisição de munição também será controlada, sendo permitida apenas a compra de munição adequada à arma do proprietário, com a apresentação do certificado de registro e documento de identificação. Se uma pessoa física desejar vender sua arma a outra pessoa física, será necessária autorização do Sinarm. CRIMES PREVISTOS NA LEI DO DESARMAMENTO 7 § 1 º O SINARM expedirá autorização de compra de arma de fogo após atendidos os requisitos anteriormente estabelecidos, em nome do requerente e para a arma indicada, sendo intransferível esta autorização. § 6° A expedição da autorização a que se refere o § 1 º será concedida, ou recusada com a devida fundamentação, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, a contar da data do requerimento do interessado. Art. 5° O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. § 1 º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização do SINARM. CRIMES PREVISTOS NA LEI DO DESARMAMENTO 8 Art. 7º As armas de fogo utilizadas pelos empregados das empresas de segurança privada e de transporte de valores, constituídas na forma da lei, serão de propriedade, responsabilidade e guarda das respectivas empresas, somente podendo ser utilizadas quando em serviço, devendo essas observar as condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente; sendo o certificado de registro e a autorização de porte expedidos pela Polícia Federal em nome da empresa. Art. 8° As armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituídas devem obedecer às condições de uso e de armazenagem estabelecidas pelo órgão competente, respondendo o possuidor ou o autorizado a portar a arma pela sua guarda na forma do regulamento desta Lei. CRIMES PREVISTOS NA LEI DO DESARMAMENTO 9 Art. 9º Compete ao .Ministério da Justiça a autorização do porte de arma para os responsáveis pela segurança de cidadãos estrangeiros em visita ou sediados no Brasil e, ao Comando do Exército, nos termos do regulamento desta Lei, o registro e a concessão de porte de trânsito de arma de fogo para colecionadores, atiradores e caçadores e de representantes estrangeiros em competição internacional oficial de tiro realizada no território nacional. Art. 10. A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo o te1Titório nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do SINARM. DOS CRIMES E DAS PENAS 10 BEM JURÍDICO TUTELADO A segurança pública e a incolumidade pública, que são interesses vinculados a um corpo social, tendo a coletividade como titular, e, não, a uma pessoa isolada ou grupo isolado de pessoas. A segurança pública é bem tutelado pela CRFB/88, no seu art. 52 caput. As armas de fogo são espécies de material bélico e estão intimamente ligadas a segurança pública. A lei que instituiu o Estatuto do Desarmamento busca punir todo e qualquer comportamento irregular relacionado a arma de fogo, acessório ou munição, como a venda, transporte, fabricação, porte etc., uma vez que quase todos os crimes violentos são cometidos com armas sem autorização do Poder Público. Ex. : homicídio, roubo, latrocínio, extorsão mediante sequestro etc. DOS CRIMES E DAS PENAS 11 DECRETOS REGULAMENTADORES Decreto nº 5.123 de 12 de julho de 2004 e Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000. COMPETÊNCIA PARA PROCESSO E JULGAMENTO Em regra, a competência para o processo e para o julgamento é da justiça estadual, uma vez que o bem jurídico tutelado não diz respeito a nenhum interesse da União exclusivamente nos moldes do art. 109 da CRFB/88. O fato de haver o controle de armas pelo SINARM, órgão pertencente ao Ministério da Justiça, Poder Executivo Federal, não justifica a competência da justiça federal para o processo e para o julgamento. DOS CRIMES E DAS PENAS 12 Entretanto, em a algumas hipóteses, a competência será da justiça federal, quando a infração penal for praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da União e suas entidades autárquicas ou em presas públicas, na forma do art. 109, IV da CRFB/88. Exemplo: como no caso do delito previsto no art. 18, que trata do delito de tráfico internacional de arma de fogo por haver lesão a interesse da União Federal, no que toca ao seu exercício de fiscalização sobre a zona alfandegária. Outro exemplo é a prática de um delito previsto no Estatuto, praticado a bordo de navio ou aeronave ( art. 109, IX da CRFB/88 ) . DOS CRIMES E DAS PENAS 13 CONCEITOS ARMA DE FOGO: "Arma que a remessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmaraque, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil ." ( art. 3º, XIII do Decreto 3.665/2000). ARMA BRANCA: Chega-se ao conceito de arma branca por exclusão, tida como aquela que não é arma de fogo. A arma branca se divide em: arma própria, que é aquela produzida com finalidade específica de ataque e defesa, como punhal, lança, espada; e arma imprópria, que é produzida sem a finalidade específica de ataque ou defesa, mas pode ser utilizada para tais fins, como faca de cozinha, martelo, machado etc. DOS CRIMES E DAS PENAS 14 ARMA DE USO PERMITIDO: "Arma cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral, bem como a pessoas j u rídicas, de acordo com a legislação normativa do Exército" ( art. 3º, XVI I do Decreto 3 .665/2000). ARMA DE USO RESTRITO: "Arma que só pode ser utilizada pelas Forças Armadas, por algumas instituições de segurança, e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Exército, de acordo com legislação específica Exército." (art. 3º, XVIII, do Decreto 3.665/2000). ACESSÓRIO: "Engenho primário ou secundário que suplementa um artigo principal para possibilitar ou melhorar o seu emprego." (art. 3º, 1 do Decreto 3.665/2000). DOS CRIMES E DAS PENAS 15 COMPETÊNCIA PARA AUTORIZAR E FISCALIZAR A PRODUÇÃO E COMÉRCIO DE ARMAS DE FOGO. Compete à União, por meio do órgão SINARM, com circunscrição em todo o território nacional, autorizar e fiscalizar a produção e o comércio das armas de fogo, com fundamento no art. 21, VI da CRFB/88. NORMA PENAL EM BRANCO Os tipos penais, ao fazerem menção a arma de fogo, acessório ou munição de uso permitido ou restrito, devem ser complementados pelos Decretos 3.665/2000 e 5.123/2004. DOS CRIMES E DAS PENAS 16 DIFERENÇA ENTRE POSSE E PORTE Posse consiste em manter a arma intramuros, no interior de residência ou local de trabalho. Porte é extra muros, isso é, fora da residência ou local de trabalho. Espingarda de chumbinho. Não é considerada arma de fogo, razão pela qual o fato é atípico. Posse irregular de arma em estabelecimento militar: Competência da justiça comum para processo e julgamento, e não da justiça militar, uma vez que não se trata de crime militar por não estar previsto no Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001/69) . Posse irregular de arma em residência de terceiro: Fato atípico em relação ao delito de posse, configurando, portanto, o delito de porte previsto no art. 14 da lei . DOS CRIMES E DAS PENAS 17 DIFERENÇA ENTRE POSSE E PORTE Posse consiste em manter a arma intramuros, no interior de residência ou local de trabalho. Porte é extra muros, isso é, fora da residência ou local de trabalho. Espingarda de chumbinho. Não é considerada arma de fogo, razão pela qual o fato é atípico. Posse irregular de arma em estabelecimento militar: Competência da justiça comum para processo e julgamento, e não da justiça militar, uma vez que não se trata de crime militar por não estar previsto no Código Penal Militar (Decreto-Lei 1.001/69) . Posse irregular de arma em residência de terceiro: Fato atípico em relação ao delito de posse, configurando, portanto, o delito de porte previsto no art. 14 da lei . DOS CRIMES E DAS PENAS 18 Transporte de arma d e fogo no interior do veículo: Configura o delito de porte (art. 14), e, não, o de posse (art. 12). Transporte de arma no interior de táxi: O tipo legal de crime ora estudado (posse) exige que ela seja intramuros, isso é, no interior de residência ou no local de trabalho. Com efeito, o táxi não configura residência, nem local de trabalho, mas sim instrumento de trabalho por meio do qual o motorista exerce a sua profissão de forma regular. O seu local de trabalho é a rua, por onde o táxi trafega. Dessa forma, o transporte de arma no interior do táxi configura o delito de porte (art.14) e não posse (art. 12). O mesmo entendimento vale para caminhão. DOS CRIMES E DAS PENAS 19 PORTE O porte de arma de fogo é restrito, e é este documento que permite que o proprietário transporte a arma consigo fora de sua residência e local de trabalho. A regra geral é de que o porte de arma seja permitido apenas quando houver lei que trate do assunto. O próprio Estatuto do Desarmamento, contudo, autoriza o porte de arma de algumas pessoas em seu art. 6º. É importante que você saiba que os policiais e os militares (incluindo PMs e CBMs) não precisam cumprir os requisitos do art. 4º para adquirir arma de fogo. DOS CRIMES E DAS PENAS 20 PORTE PODEM PORTAR ARMAS DE FOGO NO TERRITÓRIO NACIONAL I - Integrantes das Forças Armadas; II - Integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da constituição federal; III - Integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes; IV - Integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, bem como dos Municípios que integrem regiões metropolitanas (§7º), quando em serviço. V - Agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. VI - Integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da constituição federal. Os órgãos mencionados são a Polícia do Senado Federal e a Polícia da Câmara dos Deputados. DOS CRIMES E DAS PENAS 21 VII - Integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias. VII - Empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas. IX - Integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, observando-se, no que couber, a legislação ambiental. X - Integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário. XI - Tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público - CNMP DOS CRIMES E DAS PENAS 22 POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Esse crime é cometido por quem possui ou mantém arma de uso permitido em sua residência ou local de trabalho de forma irregular. O STF já decidiu que a mera divergência quanto à origem da fabricação da arma não seria suficiente para caracterizar o crime em questão. DOS CRIMES E DAS PENAS 23 OMISSÃO DE CAUTELA Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato. Este tipo protege a sociedade contra acidentes decorrentes do manejo de arma de fogo por menor de idade ou pessoa com deficiência mental. É um crime culposo (negligência ou imprudência). Observe que crime se consuma com o manejo da arma pelo menor ou deficiente. Caso o acidente efetivamente ocorra, poderá haver outros crimes. DOS CRIMES E DAS PENAS 24 PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. O agente deste crime é aquele que manipula a arma de fogo ilegalmente. Não confunda este crime com o de posse irregular, pois naquele caso o agente apenas tem a posse ou guarda da arma em sua residência ou local de trabalho, enquanto neste crime o agente manipula a arma, praticando uma das condutas previstas. Mas e se a arma não estiver carregada? E se estiver danificada, de forma que não seja possível disparar? O STF mudou seu posicionamento sobre a questão, e agora entende que para que o crime de porte de arma de fogo se consume, não é necessário que a arma esteja municiada e nem apresentando regular funcionamento. DOS CRIMES E DAS PENAS 25 Hoje o STF entende que o crime de porte de arma de fogo se consuma independentemente de a arma estar municiada ou apresentando regular funcionamento. O art. 14 contém ainda um parágrafo único, que foi declarado inconstitucional pelo STF. Cuidado! Este dispositivo já foi cobrado em prova! Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente. DOS CRIMES E DAS PENAS 26 DISPARO DE ARMA DE FOGO Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. Aplica-se ao parágrafo único deste artigo o mesmo julgado explicitado na análise do artigo anterior. Este tipo penal tem o condão de proteger a integridade física das pessoas que estejam no local onde o disparo é efetuado. O crime se consuma com o disparo, e somente é punível se a conduta não se referia a outro crime. Caso essa tipificação não fosse considerada subsidiária, o crime em estudo seria praticado junto com outros crimes, em várias ocasiões. DOS CRIMES E DAS PENAS 27 POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato; II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz; III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar; IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado; V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente; e VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. DOS CRIMES E DAS PENAS 28 Este crime é mais grave que o previsto nos arts. 12 e 14. Isso é perfeitamente compreensível, pois as armas de fogo de uso restrito em geral têm um poder destrutivo muito maior que as de uso permitido. A conduta do inciso I é praticada não só por aquele que raspa a numeração da arma, mas também por quem dificulta sua identificação de qualquer outra forma (raspando o emblema do fabricante, por exemplo). O inciso II trata do crime cometido, por exemplo, por armeiro que utiliza seus conhecimentos técnicos para operar modificação na arma, de forma a tornar a arma de uso permitido tão potente quanto a de uso restrito, ou, ainda, daquele que a modifica para enganar o policial, perito ou juiz. O artefato explosivo ou incendiário mencionado pelo inciso III precisa ser algo de considerável poder destrutivo. Não há problema em transportar rojões para soltar nas festas juninas, ok? DOS CRIMES E DAS PENAS 29 COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência. DOS CRIMES E DAS PENAS 30 Este crime é próprio, pois somente pode ser cometido por quem pratica atividade comercial ou industrial. Perceba que o parágrafo único equipara algumas atividades à atividade comercial ou industrial para essas finalidades. O armeiro que exerce a atividade irregularmente, por exemplo, incorre neste crime. Para este crime, assim como para o TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO, haverá aumento de pena da metade se se a arma de fogo, acessório, ou munição for de uso proibido ou restrito. DOS CRIMES E DAS PENAS 31 TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. O Estatuto do Desarmamento agravou a pena para este crime, mas, considerando que o tráfico internacional é a atividade responsável por colocar armamento pesado nas mãos de bandidos perigosos, a pena ainda parece branda, não é verdade? Para este crime, assim como para o COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO, haverá aumento de pena da metade se se a arma de fogo, acessório, ou munição for de uso proibido ou restrito. DOS CRIMES E DAS PENAS 32 Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentadada metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito. Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6º, 7º e 8º desta Lei. Estes crimes são o PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO, DISPARTO DE ARMA DE FOGO, POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO, COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO e TRÁFICO INTERNACIONAL DE ARMA DE FOGO. As empresas mencionadas são aquelas que desenvolvem as atividades de segurança privada e transporte de valores. DOS CRIMES E DAS PENAS 33 Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. Este dispositivo foi declarado inconstitucional pelo STF por meio da ADIN 3.112- 1. Art. 23. A classificação legal, técnica e geral bem como a definição das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico serão disciplinadas em ato do chefe do Poder Executivo Federal, mediante proposta do Comando do Exército. § 1º Todas as munições comercializadas no País deverão estar acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras, gravado na caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante e do adquirente, entre outras informações definidas pelo regulamento desta Lei. DOS CRIMES E DAS PENAS 34 CABE AO COMANDO DO EXÉRCITO Propor ao Presidente da República a edição de ato normativo acerca da classificação legal, técnica e geral bem como da definição das armas de fogo e demais produtos controlados, de usos proibidos, restritos, permitidos ou obsoletos e de valor histórico. Autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação, desembaraço alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais produtos controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de colecionadores, atiradores e caçadores, com exceção das atribuições conferidas ao Sinarm pelo art. 2º. Estabelecer condições para a utilização de réplicas e simulacros de armas, destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado. Autorizar, excepcionalmente, a aquisição de armas de fogo de uso restrito. Os Comandos Militares, em geral, não estão sujeitos a essa autorização. DOS CRIMES E DAS PENAS 35 Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército. Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do regulamento desta Lei. Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. EXERCÍCIOS 36 1) Segundo entendimento do STJ e do STF o crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é de perigo concreto. Certo ou errado? Justifique. 2) A conduta de importar uma mira telescópica de uso restrito, desacompanhada do armamento, é atípica, pois a simples importação do acessório para arma de fogo não configura a prática de delito previsto no Estatuto do Desarmamento. Certo ou errado? Justifique. 3) As armas das polícias militares deverão ser registradas no Sistema Nacional de Armas. Certo ou errado? Justifique. 4) Se uma pessoa for flagrada portando um punhal que tenha mais de 12 cm e dois gumes, ela poderá responder pelo crime de porte ilegal de arma, previsto no Estatuto do Desarmamento. Certo ou errado? Justifique. 5) Segundo atual entendimento do STF e do STJ, configura crime o porte de arma de fogo desmuniciada, que se caracteriza como delito de perigo abstrato cujo objeto jurídico tutelado não é a incolumidade física, mas a segurança pública e a paz social. Certo ou errado? Justifique. EXERCÍCIOS 37 02) NÃO constitui conduta equiparada a posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito a) produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo. b) vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança ou adolescente. c) expor à venda, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar d) portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado. e) possuir, deter, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. EXERCÍCIOS 38 03 - Com relação ao Estatuto do Desarmamento, Lei no 10.826/2003, assinale a alternativa correta. a) É proibida a conduta de portar arma de fogo de uso permitido ou proibido, não se punindo, no estatuto, a conduta de portar ou possuir acessório ou munição para arma de fogo. b) O porte de arma de fogo com numeração raspada, previsto no parágrafo único, inciso IV, do artigo 16, refere-se tanto à arma de fogo de uso permitido como à arma de fogo de uso proibido/restrito. c) O artigo 16 prescreve que é proibido possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo de uso permitido sem autorização legal. d) O crime de disparo de arma de fogo, previsto no artigo 15 do estatuto, é autônomo, sendo que, na hipótese de o agente tentar matar a vítima com disparos de arma de fogo, responderá por tentativa de homicídio e pelo crime de disparo de arma de fogo em concurso material de delitos. e) A vedação à concessão de fiança prevista no parágrafo único do artigo 15 (disparo de arma de fogo) foi declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de constitucionalidade. EXERCÍCIOS 39 04) É cominada pena de detenção aos seguintes crimes da Lei no 10.826/03: a) posse de arma de fogo de uso permitido e posse de arma de fogo de uso restrito. b) disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido c) posse irregular de arma de fogo de uso permitido e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido d) posse irregular de arma de fogo de uso permitido e omissão de cautela. e) disparo de arma de fogo e omissão de cautela. EXERCÍCIOS 40 05) Sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei n o 10.826/2003), está correto afirmar que a) a posse e guarda de arma de fogo no interior da residência ou no local de trabalho é autorizada, desde que a arma de fogo seja de uso permitido. b) o Estatuto do Desarmamento só regula condutas envolvendo armas de fogo de uso permitido c) o artigo 14 do Estatuto do Desarmamento dispõe sobre o porte de arma de fogo de uso permitido e o artigo 16 da mesma lei dispõe sobre o porte de arma de fogo de uso restrito. d) o crime de disparo de arma de fogo previsto no artigo 15 do Estatuto admite tanto a conduta dolosa (disparo proposital), como culposa (disparo acidental). e) o Estatuto do Desarmamento não pune o porte ou a posse de acessório ou munição para armas de fogo.EXERCÍCIOS 41 06) A respeito da tentativa, e correto afirmar que Beltrano que efetuou disparos de arma de fogo contra Ciclano, sem contudo atingi-lo, incorre: a) No crime de homicídio consumado, visto que a intenção de Beltrano era ceifar a vida de Ciclano b) Ameaça, visto que os disparos de arma de fogo não atingiram Ciclano. c) No crime de disparo de arma de fogo em via pública. d) A conduta e atípica, visto que Ciclano não foi atingido. e) Em tentativa de homicídio. EXERCÍCIOS 42 07) A respeito do Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), assinale a alternativa correta. a) O delito de disparo de arma de fogo (art. 15) é um crime culposo. b) O crime de omissão de cautela (art. 13) se configura quando o possuidor ou proprietário deixa de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 14 (quatorze) anos se apodere de arma de fogo. c) O porte compartilhado de arma de fogo é circunstância legalmente prevista como agravante da pena. d) Para efeito de tipificação dos crimes do Estatuto do Desarmamento, as réplicas e simulacros de armas de fogo nunca se equiparam às armas de fogo. e) É constitucional a insuscetibilidade de liberdade provisória no delito de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16). EXERCÍCIOS 43 08) Segundo entendimento hoje pacificado no Superior Tribunal de Justiça, a abolitio criminis temporária prevista no estatuto do desarmamento, a) abrangeu, por certo período, aqueles que portassem armas de fogo de uso restrito. b) abrangia os crimes de porte ilegal de arma de uso permitido. c) vigorou por período maior apenas para os possuidores de arma de fogo e de munição de uso permitido d) ainda vigora para aqueles que possuírem e portarem armas de fogo de uso permitido. e) nunca alcançou os possuidores de armas de uso restrito com numeração raspada. EXERCÍCIOS 44 09) De acordo com a Lei n° 10.826/2003, Estatuto do Desarmamento, aquele que, em via pública, porta arma de fogo de uso permitido com numeração suprimida responde: a) como incurso nas penas do crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disposto no artigo 14 do referido Estatuto. b) como incurso nas penas do crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disposto no artigo 16 do referido estatuto. c) como incurso nas penas do crime de posse irregular de arma de fogo de uso permitido, disposto no artigo 12 do referido Estatuto. d) como incurso nas penas do crime de disparo de arma de fogo, disposto no artigo 15 do referido Estatuto. e) como incurso nas penas do crime de omissão de cautela, disposto no artigo 13 do referido Estatuto. EXERCÍCIOS 45 10) Assinale a alternativa que contém, segundo a Legislação brasileira em vigor, resposta jurídica adequada para a seguinte situação: Cidadão que, movido por compaixão, possuidor de licença regular para porte e valendo-se de arma de fogo devidamente registrada, realiza disparo em via pública, matando, deliberadamente, um cachorro de estimação que, há muito, agonizava com um câncer terminal pelo qual muito sofria: a) Pratica crime previsto na Lei 10.826/2003. b) Pratica, em concurso, crimes previstos nas Leis 10.826/2003 e 9.605/1998. c) Pratica crime previsto na Lei 9.605/1998. d) Não pratica qualquer crime, em razão da atipicidade dos fatos. GABARITO 46 01 – B 02 – C 03 – B 04 – D 05 – C 06 – E 07 – D 08 – C 09 – B 10 – A 47 48 49
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