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Apostila-Hidrologia_v1.31

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL 
 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL 
DISCIPLINA: HIDROLOGIA 
Professores: Marcelo Peske Hartwig, Vitor Emanuel Tavares & Luís Carlos Timm - Outubro-2007 
 
INTRODUÇÃO GERAL 
A água é uma das substâncias mais importantes da crosta terrestre. Sendo a água 
um recurso natural utilizado pelo homem em seu benefício para vários fins, como por 
exemplo o abastecimento doméstico, abastecimento industrial, produção de energia 
elétrica, irrigação, pecuária, navegação, lazer, etc, o planejamento e gerenciamento deste 
recurso é extremamente complexo, mais ainda se levado em consideração fenômenos 
naturais como cheias e estiagens. 
Desta forma, torna-se evidente a necessidade de se estabelecer em termos 
quantitativos e qualitativos a disponibilidade deste recurso natural, visando um melhor 
aproveitamento da disponibilidade hídrica de uma bacia hidrográfica. 
A Hidrologia é a ciência que se preocupa com o estudo da água e em quantificar os 
volumes de água que se encontram distribuídos pela superfície terrestre e que pode ser 
aproveitada pelo homem. 
Dentro da Hidrologia existem subdivisões do seu estudo, como descrito a seguir: 
- Hidrometeorologia – estudo dos fenômenos que afetam a hidrologia e a 
meteorologia; 
- Limnologia – estudo dos lagos; 
- Criologia – estudo relacionado com o gelo e a neve; 
- Geohidrologia – estudo das águas subterrâneas. 
Assim, o hidrólogo deverá ser capaz de responder algumas perguntas, tais como: 
- Qual a vazão máxima que se pode esperar em um vertedor de uma barragem 
ou em um bueiro de uma rodovia?; 
- Qual o volume de água armazenado necessário para garantir o fornecimento 
para irrigação durante uma seca? 
- Quais serão os efeitos dos reservatórios e diques de controle sobre as ondas 
de cheia de um rio? 
A hidrologia é o elemento básico para o melhoramento das condições de 
navegabilidade dos rios, dragagem de trechos, fechamento de braços. A hidrologia 
fornece ainda dados de níveis de cursos de água, velocidades de escoamento de água, 
arraste de sedimentos. É elemento básico para irrigação, proteção contra erosão do solo 
agrícola, recuperação de terras, planejamento de construção de barragens, entre outras 
tantas aplicações. 
 
Este texto é uma versão preliminar, 
especificamente preparado como material 
auxiliar, para as disciplinas ministradas pelo 
Setor de Recursos Hídricos do 
DER/FAEM/UFPEL. 
 2
CAPÍTULO I 
NOÇÕES DA LEGISLAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS 
1. INTRODUÇÃO 
O planejamento e dimensionamento de projetos de irrigação e drenagem, bem como 
de qualquer outro empreendimento que faça uso da água, deve levar em consideração a 
legislação que regulamenta este tipo de empreendimento. Além das normas específicas 
do setor de irrigação, devem também ser observadas as leis relativas ao uso da água em 
geral e a legislação ambiental. 
A legislação que afeta o uso da irrigação pode apresentar três níveis de abrangência: 
federal, estadual e municipal. A definição de quais as normas a serem observadas 
depende de algumas características do empreendimento pretendido, como localização, 
área afetada, vazão e volume de água a serem utilizados, entre outras. 
Atualmente, no Rio Grande do Sul, as propostas de instalação de sistemas de 
irrigação e drenagem devem ser submetidas ao órgão estadual responsável pela proteção 
ambiental (atualmente a Fundação Estadual de Proteção Ambiental - FEPAM) e ao órgão 
estadual responsável pela outorga de direitos do uso da água (atualmente o 
Departamento de Recursos Hídricos - DRH), para fins de licenciamento da atividade. 
Tanto a legislação ambiental, como a de recursos hídricos são relativamente 
recentes, estando ainda em fase de implementação e adaptação. Sendo assim, 
mudanças nos procedimentos de licenciamento são relativamente normais e freqüentes, 
exigindo constante atenção dos profissionais ligados ao setor. 
2. GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS 
A gestão de recursos hídricos é um assunto que afeta o planejamento de sistemas de 
irrigação e outros usos da água, para atividades no meio rural, de diversas formas. Para 
entender porque é necessário gerenciar corretamente o uso da água, quem é responsável 
por este gerenciamento e quais suas conseqüências, é necessário, primeiramente, 
responder algumas perguntas: 
 
 
 
 
 
 
Para responder a estas perguntas, é necessário, primeiramente, conhecer a 
legislação básica sobre o assunto, a qual inclui: 
Código de Águas de 1934; 
Lei 6.662/79 e Decreto 89.496/84 da Política Nacional de Irrigação; 
Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente; 
Constituição de 1988; 
A QUEM PERTENCE A ÁGUA 
É A ÁGUA UM BEM INESGOTÁVEL 
QUAL PROFISSIONAL É RESPONSÁVEL PELA 
GESTÃO DA ÁGUA 
? 
 3
A Constituição Estadual e a Lei 10.350/94 do Sistema Estadual de RH; 
Lei 9.433/97 do Sistema Nacional de RH. 
2.1. Código de Águas 
O Código de Águas entrou em vigor com o Decreto 24.643 de 10 de julho de 
1934, e sua execução competia ao Ministério da Agricultura. Posteriormente o 
Código foi modificado pelo Decreto-Lei 852 de 11 de novembro de 1.938, com vistas 
a adaptá-lo à constituição promulgada em 10 de novembro de 1937. 
O Código de Águas constitui um diploma fundamental para a legislação de 
recursos hídricos, trazendo em seu corpo uma série de conceitos que são bastante 
atuais, tendo sido um documento bastante avançado, principalmente se for levado 
em consideração a época em que foi concebido. Como conseqüência, apesar de 
antigo, o Código de Águas ainda está em vigor, naquilo em que não foi alterado pela 
legislação posterior, sendo que as principais alterações estão contidas na 
Constituição Federal de 1988 e na Lei 9.433, de 1997, que instituiu o Sistema 
Nacional de Recursos Hídricos (SNRH). 
Uma das diferenças fundamentais entre o Código das Águas e a moderna 
legislação de recursos hídricos, diz respeito aos direitos de propriedade. O Código de 
Águas classifica as águas em: águas públicas de uso comum ou dominicais e águas 
particulares. O domínio das águas poderia ser da União, dos Estados, dos Municípios 
e de particulares. Na constituição vigente, todo o domínio das águas foi atribuído à 
União e aos Estados. Em conseqüência, uma série de artigos do Código de Águas e 
leis e regulamentações posteriores perderam sua validade. 
O Código de Águas trata das águas pluviais como uma entidade à parte. Para 
o Código, águas pluviais são aquelas que procedem imediatamente das chuvas. 
Essas águas pertencem ao dono do prédio onde elas vierem a cair, podendo o 
mesmo dispor delas à vontade, salvo existindo direito em sentido contrário. 
Entretanto, ao dono do prédio é proibido desperdiçá-las em prejuízo dos outros 
prédios que delas se possam aproveitar. Neste caso, considerando uma distinção 
entre águas que procedem imediatamente das chuvas e águas fluentes - a estas a 
constituição da época dava o domínio à União - as primeiras seriam águas 
particulares, por não estarem enquadradas entre os bens da União, dos Estados ou 
dos Municípios. 
As prioridades para o uso da água, definidas no Código de Águas, eram o 
abastecimento e irrigação no Nordeste e a geração de energia elétrica. Isto refletia 
uma preocupação política com a Região Nordeste, bem como a predominância do 
setor energético no cenário decisivo. Até recentemente, grande parte do 
planejamento, coleta de dados e gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil cabia 
ao setor energético, mais especificamente ao Departamento Nacional de Águas e 
Energia Elétrica - DNAEE. 
Quanto ao uso das águas públicas, o Código já previa a possibilidade de 
cobrança, ao estabelecer que o uso poderia ser gratuito ou retribuído. Por outro lado, 
assegura o uso gratuito de qualquer nascente ou corrente de água, para as primeiras 
necessidadesde vida, se houver caminho público que a torne acessível. No caso de 
não haver caminho público, prevê o acesso, desde que os proprietários dos prédios 
por onde transitarem os interessados sejam indenizados dos prejuízos que lhes 
sejam causados. 
 4
A preocupação com a proteção dos recursos hídricos e o reconhecimento do 
valor da água já está presente no Código, que prevê a indenização e pagamento ao 
poder público, por parte dos usuários que poluírem as águas públicas. 
Outro ponto importante do Código é a exigência de concessão ou autorização 
administrativa, para o uso de águas públicas, a qual poderia ser dispensada, todavia, 
na hipótese de derivações insignificantes. 
2.2. Política Nacional de Irrigação 
Com o crescimento da demanda de água para irrigação, na década de 70, 
houve pressões e gestões, com vistas à criação de uma lei sobre o assunto. No final 
daquela década, em 1979, o Presidente da República sancionou a Lei 6.662 de 25 de 
junho daquele ano, que dispunha sobre a Política Nacional de Irrigação, 
posteriormente regulamentada pelo Decreto 89.496, de 1984. Essa Lei deu ao 
Ministério do Interior (MINTER) autoridade para conceder ou autorizar o uso de 
águas públicas quando o objetivo fosse irrigação ou atividades decorrentes. 
Como resultado da Lei de Irrigação, a outorga do uso de águas públicas do 
domínio da União passou a ser competência de duas instituições: o MINTER, quando 
o uso das águas fosse irrigação ou atividades decorrentes; e o DNAEE, para os 
demais usos. Posteriormente, a outorga de águas para irrigação passou a ser da 
competência do Ministério da Agricultura através da então Secretaria Nacional de 
Irrigação (SENIR). 
A Lei de Irrigação estabelecia que o uso de águas públicas, superficiais ou 
subterrâneas, para fins de irrigação ou atividades decorrentes, dependeria de prévia 
autorização ou concessão do Ministério do Interior, o que foi alterado pela legislação 
atual. 
A Lei de Irrigação e o Decreto 89.496 são omissos com relação à 
transferência do direito de derivação da água. A Lei também não explicita um prazo 
máximo para a validade das concessões e autorizações, entretanto fixa os casos em 
que o direito da derivação extingue-se. 
Entre as principais características desta legislação estão: a) o reconhecimento 
da função social da água; b) a busca do uso racional dos recursos hídricos, 
procurando atingir o maior benefício sócio-econômico; c) a preocupação com a 
integração entre os diferentes setores que fazem uso dos recursos hídricos; d) a 
orientação para o múltiplo aproveitamento da água; e) a preocupação com a 
preservação ambiental e a qualidade da água. 
Dentro do espírito da Política Nacional de Irrigação, foram realizadas algumas 
das primeiras experiências de cobrança pelo uso da água, em distritos de irrigação 
administrados pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do Rio São Francisco - 
CODEVASF. 
2.3. Política Nacional do Meio Ambiente 
Em 1972 o Brasil participou da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente, em Estocolmo. Como resultado, em 30 de outubro de 1973, através do 
Decreto no 73.030, foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA, ligada 
ao Ministério do Interior. Esta secretaria foi criada de forma que sua atuação não 
entrasse em conflito com as atribuições legais de outros ministérios. Posteriormente, 
 5
em 14 de outubro de 1975, foi publicado o Decreto-Lei no 1.413, que dispõe sobre o 
controle da poluição do meio ambiente causada por atividades industriais. 
A Política Nacional do Meio Ambiente foi estabelecida pela Lei 6.938, de 31 de 
agosto de 1981, que criou o Sistema Nacional do meio Ambiente - SISNAMA e o 
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. 
As normas sobre proteção dos recursos hídricos e qualidade de águas são 
definidas na Portaria 13, de 15 de janeiro de 1976 do Ministério do Interior, na 
Resolução n° 20 do CONAMA, de 18 de junho de1986 e nas leis estaduais n° 10.147, 
de 1o de dezembro de 1977, e n° 10.148, de 03 de dezembro de 1977. 
A Resolução no 20 do CONAMA estabeleceu uma nova classificação das 
águas do Território Nacional. Nessa classificação, o CONAMA dividiu as águas em 
águas doces, águas salinas e águas salobras, para as quais estabeleceu um total de 
nove classes, conforme sua utilização. As águas de melhor qualidade são 
classificadas como Classe Especial, sendo as demais classificadas, em ordem 
decrescente de qualidade, como águas de Classe 1 a 8. Os padrões de qualidade 
das águas, para as diversas classes, são definidas nesta Resolução, que apresenta 
uma extensa lista de características físicas e químicas. 
Nas águas de Classe Especial não são tolerados lançamentos de águas 
residuárias, domésticas e industriais, lixo e outros resíduos sólidos, substâncias 
potencialmente tóxicas, defensivos agrícolas, fertilizantes químicos e outros 
poluentes, mesmo que tratados. 
A lei da Política Nacional do Meio Ambiente estabelece alguns princípios que 
são fundamentais para a moderna gestão dos recursos naturais, como o princípio da 
prevenção e o princípio usuário-pagador (ou poluidor-pagador), a saber: 
· Princípio da prevenção: a Lei 6.938 estabelece que a Política Nacional do Meio 
Ambiente tem por objetivos a preservação, melhoria e recuperação da qualidade 
ambiental. 
· Princípio poluidor-pagador: a Lei 6.938 determina que o usuário é obrigado a contribuir 
pelo uso de recursos ambientais, enquanto o poluidor e o predador são obrigados a 
recuperar e/ou indenizar os danos causados. 
A Política Nacional do Meio Ambiente conta com uma série de instrumentos 
para sua implementação. Entre estes estão: o estudo de impacto ambiental, o 
zoneamento ambiental, os padrões de qualidade ambiental e o licenciamento de 
atividades. 
A obrigatoriedade do estudo de impacto ambiental está definida no Art. 9o da 
Lei 6.938/81, sendo que na Constituição Federal está disposto que é poder-dever do 
Poder Público exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo 
prévio de impacto ambiental, a que se deve dar publicidade. Na Constituição do 
Estado do Rio Grande do Sul a exigência do estudo de impacto ambiental é feita no 
Art. 251. 
A lei a que se refere o parágrafo anterior deve ser federal, estadual ou 
municipal, sendo que, por força constitucional, cada entidade está obrigada a 
disciplinar, em lei própria, o estudo prévio de impacto ambiental e a forma de sua 
publicidade. 
 6
Em agosto de 1997, a Secretaria de Saúde e do Meio Ambiente do RS através 
da FEPAM e a Secretaria de Obras Públicas, Saneamento e Habitação através do 
Departamento de Recursos Hídricos (DRH), com a participação do Instituto 
Riograndense do Arroz (IRGA), a Federação da Agricultura no Estado do Rio Grande 
do Sul (FARSUL), a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul 
(FEDERARROZ), a Federação de Cooperativas de Arroz do Rio Grande do Sul 
(FEARROZ) e a Federação das Cooperativas de Trigo e Soja do RS (FECOTRIGO), 
assinaram convênio, a fim de possibilitar a regularização de todos os irrigantes do RS 
e facilitar o "cadastramento ambiental" e o licenciamento ambiental. O convênio 
estabelece que ficam obrigados a realizar o cadastramento ambiental, junto à 
FEPAM, as obras hidráulicas para fins agrícolas já existentes na data de assinatura 
do convênio, em qualquer região do estado. O cadastramento deve ser feito por 
irrigantes (preferentemente os proprietários da terra), com a finalidade de que a 
FEPAM e o DRH possam conhecer o universo do passivo ambiental referente aos 
empreendimentos existentes e não licenciados ou autorizados por esses órgãos. 
Para realizar o Cadastramento Ambiental, o produtor deve preencher um 
formulário, entregá-lo na FEPAM e pagar uma taxa. O cadastramento foi uma 
solução paliativa,encontrada para regularizar a situação e consiste no 
preenchimento de um formulário. Este preenchimento, apesar de poder ser feito pelo 
próprio produtor, geralmente requer que seja preenchido por um técnico, sendo 
constituído, entre outros itens por: identificação do empreendedor, localização do 
empreendimento, classificação da obra, cultura principal, produção pecuária, 
recursos humanos disponíveis, dados da propriedade tais como área e obras, 
recursos hídricos existentes na região, e finalidade do seu uso, captação de água, 
descrição do recurso hídrico, sistema de irrigação, águas de retorno e suas 
características, caracterização ambiental (cobertura vegetal, relevo, solos, espécies 
vegetais e animais predominantes), práticas agrícolas (manejo do solo, uso de 
agroquímicos, etc.), avaliação de impactos ambientais e medidas de 
conservação/preservação empregadas na área. Também deve ser anexado um 
croqui da propriedade. Feito este cadastramento, a FEPAM emite um certificado de 
obra hidráulica decorrente de atividade agrícola. 
Quando foi implantado o sistema de cadastramento ambiental, o 
cadastramento dos irrigantes localizados nas bacias hidrográficas dos rios Negro, 
Santa Maria, Ibirapuitã, Quarai, Butui e Icamaquã, devido aos conflitos decorrentes 
do déficit de água nestas bacias e situados nas lagoas costeiras (de Torres ao Chuí), 
por serem áreas ambientalmente frágeis, permitiria que o licenciamento ambiental e a 
outorga da água fosse feito num prazo de 3 anos, a partir da data que a FEPAM 
emitisse o certificado do cadastramento. O demais irrigantes que fizessem o 
cadastramento teriam um prazo de 5 anos para apresentar a solicitação de 
licenciamento ambiental e a outorga da água. 
 
2.4. Constituição de 1988 
A Constituição Federal de 1988 estabeleceu que "Todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à 
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo para as presentes e futuras gerações". 
A constituição trata do tema "água" em várias seções. Quanto à definição da 
propriedade da água, a Constituição estabelece, como bens da União, "os lagos, rios 
 7
e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de 
um Estado, sirvam de limites com outros países ou se estendam a território 
estrangeiro ou deles provenham, bem como os terrenos marginais e as praias 
fluviais;" e "os potenciais de energia hidráulica". Estão também incluídos, como bens 
da União, o mar territorial, as praias fluviais e marítimas, os recursos naturais da 
plataforma continental, os terrenos de marinha e seus acrescidos e os terrenos 
marginais, bem como alguns tipos de ilhas. 
A Constituição define como bens dos Estados todas as demais águas 
superficiais, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma 
da lei, as decorrentes de obras da União. 
Compete à União: a) planejar e promover a defesa permanente contra as 
calamidades públicas, especialmente as secas e as inundações; b) instituir um 
sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga 
de direitos de seu uso; c) instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive 
habitação, saneamento básico e transportes urbanos. 
A constituição Federal define, claramente, a competência privativa da União 
para legislar em matéria de águas, atribuindo aos Estados competência para, em 
conjunto com a União, proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer 
de suas formas. Essas matérias, meio ambiente e poluição, têm estreita correlação 
com a preservação da qualidade das águas superficiais, subterrâneas e mesmo no 
vapor da atmosfera (problemas de chuvas ácidas já ocorrem em regiões altamente 
industriais com ar poluído). 
Também é atribuída aos Estados competência para, juntamente com a União, 
registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões do uso das águas. Esse registro de 
concessão de águas deve fazer parte do Sistema Nacional de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos, visto que não faria sentido um sistema de administração de um 
recurso sem os registros de suas concessões. Deve-se entender, então, que este 
dispositivo constitucional precisa garantir o direito de acompanhar o desenvolvimento 
do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 
A Constituição aborda a questão da irrigação como meio de redução das 
desigualdades sociais e fator de desenvolvimento. A "prioridade para o 
aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água represadas, ou 
represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas" é apontada 
como uma das formas de incentivo regional. Nas áreas referidas, a União incentivará 
a recuperação de terras áridas e irá cooperar com os pequenos e médios 
proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, de fontes de água e de 
pequena irrigação. 
Nas Disposições Transitórias está estabelecido que "Durante quinze anos, a 
União aplicará, dos recursos destinados à irrigação: I - vinte por cento na região 
Centro-Oeste; e) II - cinqüenta por cento na região Nordeste, preferencialmente no 
semiárido". 
Em síntese, a Constituição delega ao Poder Público e à sociedade o dever de 
proteger, preservar e fiscalizar a qualidade ambiental, a qual está diretamente 
relacionada à qualidade dos recursos hídricos. 
2.5. A Constituição Estadual e a Lei do Sistema Estadual de Recursos Hídricos 
 8
A Lei Nº 10.350, de 30 de dezembro de 1994, instituiu o Sistema Estadual de 
Recursos Hídricos (SERH), regulamentando o artigo 171 da Constituição do Estado 
do Rio Grande do Sul. O referido artigo determina que o SERH deve ser integrado ao 
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. 
O SERH tem por objetivos: a) a melhoria de qualidade dos recursos hídricos 
do Estado; e b) regular abastecimento de água às populações urbanas e rurais, às 
industrias e aos estabelecimentos agrícolas. 
Os objetivos acima devem ser alcançados adotando as bacias hidrográficas 
como unidades básicas de planejamento e gestão, observados os aspectos de uso e 
ocupação do solo. 
O SERH deve estabelecer os critérios de outorga de uso da água, garantindo 
o respectivo acompanhamento, fiscalização e tarifação, de modo a proteger e 
controlar a água, buscando racionalizar e compatibilizar os usos, inclusive quanto à 
construção de reservatórios, barragens e usinas hidrelétricas. 
O abastecimento das populações é definido como o uso prioritário no 
aproveitamento das águas superficiais e subterrâneas. 
Um dos pontos mais importantes da Constituição Estadual, em relação ao 
gerenciamento dos recursos hídricos, é a garantia de aplicação, na própria bacia, dos 
recursos arrecadados pelo uso da água, que deverão ser utilizados especificamente 
para a realização de intervenções destinadas à gestão dos recursos hídricos. Deve 
ser salientada a preocupação em priorizar ações preventivas, que garantam a 
conservação dos recursos hídricos e ambientais. 
Existe um esforço no sentido de compatibilizar os processos de concessão do 
licenciamento ambiental e da outorga de direitos de uso. Este esforço já aparece no 
processo de cadastramento ambiental de irrigantes, como mencionado no item 
relativo à política ambiental. 
Ao analisar os objetivos da Política Estadual de Recursos Hídricos, 
estabelecidos na Lei 10.350, pode-se destacar os seguintes pontos: 
· Promoção da harmonização entre os múltiplos usos dos recursos hídricos; 
· Assegurar o abastecimento das populações humanas; 
· Viabilizar a continuidade e desenvolvimento das atividades econômicas; 
· Combater os efeitos adversos das enchentes, estiagens e da erosão do solo; 
· Impedir a degradação e promover a melhoria de qualidade dos recursos hídricos; 
· Promover o aumento da disponibilidade de água, contemplandoas necessidades das 
gerações atuais e futuras. 
A gestão dos recursos hídricos conta com uma série de instrumentos para a 
sua implementação. Estes instrumentos são: 
· Outorga de uso: é uma autorização ou licença de uso, emitida pelo Departamento de 
Recursos Hídricos, quando o uso causar alteração quantitativa nas condições da 
água, e pelo órgão ambiental do Estado, quando se tratar de alteração qualitativa. A 
concessão de outorga está condicionada às prioridades de uso estabelecidas no 
Plano Estadual de Recursos Hídricos e no Plano de Bacia Hidrográfica. 
 9
· Cobrança pelo uso da água: é definida nos planos de Bacia Hidrográfica, levando em 
consideração as características quantitativas e qualitativas dos recursos hídricos 
disponíveis e as particularidades de cada tipo de uso, em relação a alterações nas 
referidas características. A cobrança só poderá ocorrer após a definição das 
intervenções a que serão destinados os recursos. 
· Rateio de custos: visa distribuir os custos das intervenções de uso múltiplo, ou de 
interesse comum ou coletivo, entre os possíveis beneficiários. É prevista a 
possibilidade de uso de subsídios, quando houver interesse público relevante. 
A participação da sociedade, no gerenciamento dos recursos hídricos, está 
garantida pela formação, em cada bacia hidrográfica, de um Comitê de 
Gerenciamento de Bacia Hidrográfica. Estes comitês são responsáveis pela 
organização das atividades dos agentes públicos e privados, relacionados aos 
recursos hídricos de uma forma compatível com as metas do Plano Estadual de 
Recursos Hídricos, visando a melhoria da qualidade dos corpos de água. 
Os Comitê devem apresentar a seguinte constituição: 40% de votos para 
representantes dos usuários da água, 40% de votos para representantes da 
população da bacia e 20% para os representantes dos diversos órgãos da 
administração direta federal e estadual, atuantes na região. 
A definição da composição de cada comitê deve refletir os diversos interesses 
relativos ao uso da água na bacia e o peso de cada atividade, tanto em termos 
econômicos como em termos de impacto sobre os recursos hídricos. 
Entre as diversas atribuições dos Comitês estão: 
· Encaminhar ao Departamento de Recursos Hídricos a proposta relativa à bacia 
hidrográfica, contemplando, inclusive, objetivos de qualidade, para ser incluída no 
anteprojeto de lei do Plano Estadual de Recursos Hídricos; 
· Aprovar o Plano da respectiva bacia hidrográfica e acompanhar sua implementação; 
· Propor ao órgão competente o enquadramento dos corpos de água da bacia 
hidrográfica em classes de uso e conservação; 
· Aprovar os valores a serem cobrados pelo uso da água da bacia hidrográfica; 
· Compatibilizar os interesses dos diferentes usuários da água, dirimindo, em primeira 
instância, os eventuais conflitos. 
 
2.6. Lei do Sistema Nacional de Recursos Hídricos 
A Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, instituiu a Política Nacional de 
Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos. Esta lei estabeleceu os fundamentos da Política Nacional de Recursos 
Hídricos, quais sejam: 
· A água é um bem de domínio público; 
· A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico; 
· Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo 
humano e a dessedentação de animais; 
· A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; 
 10
· A bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de 
Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos 
Hídricos; 
· A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação 
do Poder Público, dos usuários e das comunidades. 
A Lei Federal é muito semelhante à lei gaúcha de recursos hídricos, mantidas, 
naturalmente, as devidas proporções. 
A Lei Federal instituiu as Agências de Água que deverão exercer a função de 
secretaria executiva do respectivo ou respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica, 
tendo a mesma área de atuação de um ou mais Comitês de Bacia Hidrográfica. 
Entre as diversas atribuições das Agências de Água estão: 
· Manter balanço atualizado da disponibilidade de recursos hídricos em sua área de 
atuação; 
· Manter o cadastro de usuários de recursos hídricos; 
· Efetuar, mediante delegação do outorgante, a cobrança pelo uso de recursos 
hídricos; 
· Analisar e emitir pareceres sobre os projetos e obras a serem financiados com 
recursos gerados pela cobrança pelo uso de recursos hídricos e encaminhá-los à 
instituição financeira responsável pela administração desses recursos; 
· Promover os estudos necessários para a gestão dos recursos hídricos em sua área de 
atuação; 
· Elaborar o Plano de Recursos Hídricos para apreciação do respectivo Comitê de 
Bacia Hidrográfica; 
 
3. DISPONIBILIDADE DE ÁGUA E AGRICULTURA 
É a água um bem inesgotável? Esta pergunta aparece logo no início do presente 
texto e, para respondê-la, algumas considerações devem ser feitas. 
Em primeiro lugar, a disponibilidade de água deve ser avaliada sob dois aspectos: o 
da quantidade e o da qualidade. Quando a água é insuficiente para atender toda a 
demanda de seus diversos usuários, seja em termos quantitativos, seja em termos 
qualitativos, surgem os conflitos entre os usuários. Muitas vezes, estes conflitos têm no 
Poder Judiciário o seu mediador final. 
Em uma situação de conflito, nem sempre os usos que são contemplados refletem a 
melhor alternativa para a alocação da água, do ponto de vista da sociedade como um 
todo. Quando isto acontece, o desenvolvimento econômico e social não atinge os níveis 
que poderiam ser atingidos, se houvesse a correta alocação dos recursos hídricos 
disponíveis. Esta realidade torna clara a importância de um eficiente sistema de 
gerenciamento de recursos hídricos. 
A idéia de que a água é um recurso abundante e inesgotável, tem sua origem em 
uma mentalidade forjada em épocas passadas, quando as atividades humanas não 
tinham a intensidade e o poder de degradação dos recursos naturais que têm atualmente. 
A cada dia que passa, com o aumento da demanda pela água, bem como da degradação 
 11
de sua qualidade, mais claro se torna o fato de que a água é, na verdade, um recurso 
escasso e, portanto, dotado de valor econômico. 
A maioria dos especialistas prevê que a disputa pela água será, em um futuro não 
muito distante, a principal causa de conflitos regionais e internacionais. Esta crescente 
demanda pela água está fazendo com que este recurso seja considerado como “A 
commodity da virada do século”. 
O fato de que aproximadamente 75% da superfície terrestre é coberta por água, 
propicia a falsa noção de que existe grande disponibilidade de água. Entretanto, deve ser 
considerado que, do volume total de água existente no mundo, estima-se que, em termos 
aproximados, apenas 0,26% seja de água diretamente disponível para os usos atuais, 
como ilustra a tabela a seguir. 
Tabela 1: Distribuição da água no globo terrestre 
Tipo/Localização Volume (%) 
Água salgada dos mares e 
oceanos 97,5 
Água aprisionada nas 
calotas polares, geleiras e 
água subterrânea profunda 
2,24 
Água facilmente disponível 0,26 
Fonte: Shiklomanov et al., 1996, apud WMO, 1997. 
O Brasil é um dos países com a maior disponibilidade de água no mundo. Entretanto, 
isto não significa que não ocorram situações de escassez e conflito. Os problemas de 
distribuição de água no Brasil, não se restringem à ocorrência de secas no sertão 
nordestino. Na verdade, aproximadamente 75% da água disponível no Brasil, está 
localizada na Bacia Amazônica, onde se encontra apenas 5% da população brasileira, 
enquanto que os demais 25% estão distribuídos pelas demais regiões, devendo atender à 
demanda de 95% da população.No Rio Grande do Sul, que é um estado privilegiado em termo de disponibilidade de 
água, as situações de escassez e conflito estão se tornando cada vez mais freqüentes. 
Na bacia do Rio dos Sinos, por exemplo, ocorrem graves problemas de degradação da 
qualidade da água, pela poluição gerada pelas atividades industriais, o que tem 
ocasionado o aumento dos custos de tratamento da água para atendimento das 
demandas de abastecimento da população. 
Em outras regiões, como nas bacias hidrográficas dos rios Negro, Santa Maria, 
Ibirapuitã, Quarai, Butui e Icamaquã, ocorrem problemas de conflito entre o uso da água 
para a irrigação e o abastecimento da população, durante o verão. 
Na região de entorno da Estação Ecológica do Taim, nos municípios de Rio Grande e 
Santa Vitória do Palmar, existe uma disputa judicial sobre o manejo da água, envolvendo 
a preservação ambiental e a irrigação das lavouras de arroz. 
Estima-se que 95% da demanda de água existente, se deva ao uso pelo setor 
agrícola, principalmente para atender às demandas de irrigação. No Rio Grande do Sul, a 
irrigação do arroz mobiliza aproximadamente 15,5 bilhões de metros cúbicos de água, em 
cada safra, durante um período de aproximadamente 120 dias. Para que se tenha uma 
noção de grandeza sobre o que representa este volume, basta dizer que corresponde a 
30% da produção anual do Rio Nilo, ou 2,5% da produção anual do Rio Paraná. 
 12
O uso de água na irrigação se caracteriza por ser um uso consumptivo, ou seja, a 
quase totalidade da água captada é realmente consumida (na maioria das culturas), não 
retornando diretamente para a fonte de captação. Não é o caso da água utilizada para a 
geração de energia elétrica ou para o resfriamento de caldeiras. 
Um dos maiores problemas relacionados com o uso da água na irrigação, é o uso 
excessivo de água, devido ao mal dimensionamento dos sistemas. Como conseqüências, 
pode-se citar: 
- A erosão, causada pelo escoamento sobre a superfície do solo; 
- A lixiviação de nutrientes e agroquímicos, causada pela percolação do excesso de 
água para as camadas mais profundas do solo, podendo ocorrer a contaminação 
de aqüíferos; 
- O uso de estruturas hidráulicas maiores e, portanto, mais caras; 
- O consumo excessivo de energia, nas estações de bombeamento; 
Pelo exposto acima, percebe-se que, além de afetar a disponibilidade de água em 
termos quantitativos, o mal dimensionamento dos sistemas de irrigação possui efeitos 
negativos sob os pontos de vista econômico e ambiental. 
A importância da irrigação para a agricultura e sua tendência de crescimento, pode 
ser avaliada pela constatação de que, no Brasil, aproximadamente 4% da área agrícola é 
irrigada, sendo a área irrigada responsável por 16% da produção e 25% da renda gerada. 
Outro indicativo, é a lista de prioridades do Departamento de Aproveitamento 
Hidroagrícola, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e da Amazônia 
Legal, entre as quais se destacam: 
- Conscientização da importância da irrigação; 
- Promoção da agricultura irrigada; 
- Desenvolvimento tecnológico da agricultura irrigada; 
- Formação de recursos humanos; 
- Máquinas e equipamentos para a agricultura irrigada; 
- Modernização dos projetos públicos. 
 
4. ATUAÇÃO PROFISSIONAL 
Uma das perguntas feitas no início deste texto foi: "Qual profissional é responsável 
pela gestão da água?". Considerando todos os aspectos abordados, percebe-se que a 
gestão dos recursos hídricos possui desdobramentos econômicos, sociais e ambientais. 
Assim sendo, não cabe a um único profissional esta responsabilidade, mas à sociedade 
como um todo, envolvendo profissionais das mais diversas áreas. 
Em relação ao uso da água no setor agrícola, existe um espaço importante para 
profissionais que tenham formação em áreas específicas, como Hidráulica, Hidrologia, 
Irrigação, Drenagem, Saneamento Rural, Estruturas Hidráulicas, Economia e Sociologia 
Rural, Erosão e Sedimentação e Uso e Conservação de Solos. 
Para que um profissional tenha sucesso nesta área, é fundamental que esteja em 
sintonia com as tendências do setor, que incluem: 
 13
- A consideração da água como um bem escasso, dotado de valor econômico; 
- A busca constante do aumento da eficiência, com redução de custos e uso de 
recursos; 
- A preocupação com o desenvolvimento sustentável; 
- O incentivo ao desenvolvimento tecnológico; 
- A formação de assistência técnica especializada; 
- A crescente demanda por pessoal capacitado. 
 
5. CONCLUSÃO 
A crescente demanda de água, em termos quantitativos, aliada ao aumento da 
degradação dos recursos naturais, especialmente da água, resultou na geração de sérios 
conflitos entre seus múltiplos usos. Esta situação suscitou o surgimento de novos 
modelos de gerenciamento dos recursos hídricos. A Lei 9.433, de 1997, que instituiu o 
Sistema Nacional de Recursos Hídricos e a Lei 10.350, de 1994, que instituiu o Sistema 
Estadual de Recursos Hídricos, representam a concretização desta mudança no Brasil e 
no Rio Grande do Sul. 
O novo modelo de gestão se caracteriza pela consideração da água como bem 
escasso, dotado de valor econômico, pela consideração da variável ambiental e pela 
participação da sociedade no processo de tomada de decisão. 
O grande peso da agricultura no uso dos recursos hídricos, torna necessária a 
formação de profissionais com uma nova mentalidade, capacitados para atuarem com 
uma visão ampla e de longo prazo a respeito dos aspectos econômicos, sociais e 
ambientais envolvidos no uso dos recursos hídricos. 
 
6. BIBLIOGRAFIA E LEITURAS RECOMENDADAS 
Além da legislação citada: 
CÁNEPA, E.M., TAVARES, V.E.Q., PEREIRA, J.S. et al. Perspectivas de utilização de 
instrumentos econômicos na política e gestão ambiental: o caso dos recursos hídricos. 
Organizado por HAUSEN, E.C., TEIXEIRA, O.P.B., ÁLVARES, P.B.. Temas de direito 
ambiental - uma visão interdisciplinar. Porto Alegre, 2000, p.191-200. 
CHOMENKO, L. Impactos negativos do arroz irrigado nos ecossitemas e recursos hídricos In. 
Anais da XXII Reunião do Arroz Irrigado. Baln. Camboriu, Santa Catarina. 1997. 
GANEM, N. A irrigação e a lei. Brasília. Editerra Editorial Ltda. 1987. 176p. 
GRANZIERA, M. L. Direito de águas e meio ambiente. São Paulo. Ícone Ed. 1993. 136p. 
LANNA, A. E. Gerenciamento de bacia hidrográfica: conceitos, princípios e aplicações no Brasil. 
Instituto de Pesquisas Hidráulicas/UFRGS. Recursos Hídricos, Publicação 29. Porto Alegre. 
1993. 70p. 
MACHADO, P. A. Direito ambiental brasileiro. São Paulo. Helvética Editorial Ltda. 4 ed. 1992. 
606p. 
TAVARES, V.E.Q. O novo panorama da água. Enfoque Sul, Pelotas, v.1, p.16-19,1999. 
www.fepam.rs.gov.br/central/central.asp (página da FEPAM sobre Licenciamento Ambiental) 
 14
www.sema.rs.gov.br/sema/html/rechidro.htm (página da Secretaria Estadual de Meio Ambiente 
sobre o Sistema Estadual de Recursos Hídricos). 
ZAFFARONI, E. e TAVARES, V.E.Q. O licenciamento ambiental dos produtores de arroz irrigado 
no Rio Grande do Sul, Brasil. In: II ENCUENTRO DE LAS AGUAS, 1999, Montevideo. Anais 
do II Encuentro de las Aguas. Montevideo: 1999. disponível em: www.iica.org.uy/p2-8.htm ou 
www.ambiental.net/agroverde/LicenciaArrozRS.htm 
SHIKLOMANOV et al. Assessment of water resources and water availability in the world. State 
Hydrological Institute. St. Petersburg. Russia, 1996. 
WMO. The world's water: is there enough? World Meteorological Organisation. WMO-No. 857. 22p. 
1997. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO II 
O CICLO HIDROLÓGICO 
1 -INTRODUÇÃO 
 
 15
O movimento contínuo da água, passando por diferentes estados e fases, entre os 
continentes, oceanos e a atmosfera é chamado de ciclo hidrológico. 
O ciclo hidrológicoé impulsionado por energia, proveniente do sol, e pela energia 
gravitacional. 
Os processos chaves do ciclo hidrológico são: evaporação, transpiração, precipitação 
e a infiltração. Além de outros processos como a respiração e a combustão. 
A evaporação se dá pela energia fornecida pelo sol. Na atmosfera, o vapor da água 
em forma de nuvens pode ser transformado em chuva, neve ou granizo, dependendo das 
condições do clima. Essa transformação provoca o que se chama de precipitação. 
A precipitação ocorre sobre a superfície do planeta, tanto nos continentes como nos 
oceanos. 
Nos continentes, uma parte das precipitações é devolvida para a atmosfera, graças à 
evapotranspiração: processo conjunto que representa a evaporação na superfície das 
águas e do solo, transpiração dos animais e plantas. 
Outra parte acaba desaguando nos oceanos depois de percorrer os caminhos 
recortados pelos rios. 
Os oceanos, portanto, recebem água de duas fontes: das precipitações e do 
desaguamento dos rios, e perdem pela evaporação através da energia solar. 
Na atmosfera, o excesso de vapor sobre os oceanos é transportado para os 
continentes, em sentido inverso ao desaguamento. 
Toda a água que sai dos oceanos é para ele devolvida, sob a forma de precipitação 
ou de fluxos de água líquida. A quantidade total de água na Terra permanece constante. 
Todo esse processo está integrado com o desenvolvimento da biosfera e com o fluxo 
de calor e luz que vem do Sol e do interior da Terra. A forma líquida da água existe graças 
à temperatura adequada de nosso planeta, que é mantida em parte pela radiação solar e 
em parte pelo calor gerado pelas substâncias radioativas nas camadas profundas do 
nosso planeta. A atmosfera exerce um papel fundamental na manutenção da temperatura, 
através do efeito estufa. 
Os oceanos têm um papel importante na remoção do gás carbônico da atmosfera, 
controlando a sua concentração e funcionando como um mediador das suas influências. 
Essa importante função dos oceanos está sendo prejudicada pelo aumento de 
temperatura global, que faz com que o gás carbônico absorvido diluído nas águas 
oceânicas retorne a atmosfera, aumentando a concentração desses gases e, 
conseqüentemente, o efeito estufa. 
Na "contabilidade global", chove mais nos continentes que nos oceanos, e os 
oceanos evaporam mais que os continentes. 
Nos continentes, os locais onde a precipitação é abundante surgem as florestas e 
onde há escassez de precipitação, estão os desertos. Explorar a relação entre as 
características climáticas, tais como precipitação, temperatura e altitude, com os tipos de 
vegetação, faz parte da Biogeografia. 
 16
 
Figura 1 – Sistema hidrológico.(adaptado de http://www.higiservice.com.br 
- acessado em 11/05/2004). 
 
O ciclo hidrológico, em um sentido mais amplo, pode ser considerado como um 
grande sistema, ou seja, uma estrutura alimentada por uma entrada e que produz uma 
resposta. 
Por exemplo, um rio é um exemplo de sistema, ou seja, recebe as vazões que 
chegam nele (entrada), gerando além de vazões efluentes também energia (saída). 
Os sistemas hidrológicos podem se enquadrados em três categorias: 
Valores médios: relaciona-se a definição de valores médios anuais e ou mensais da 
variável hidrológica envolvida no processo (precipitação, vazão, evaporação, nível 
freático, etc...). Estes valores médios relacionam-se a grandes áreas geográficas, que 
geralmente são heterogêneas do ponto de vista climático, geográfico e topográfico. Os 
valores médios são utilizados para planejamento de recursos hídricos e definição de 
políticas gerais. 
Valores extremos: refere-se aos valores máximos ou mínimos da variável 
hidrológica. Estes valores, juntamente com critérios econômicos, permitem determinar 
dimensões de vertedores, alturas de barragens, capacidade de bombas, altura de pontes, 
volumes de reservatórios, obras e irrigação, etc...Estes valores são utilizados nas 
especificações de obras hidráulicas. 
Séries temporais: são utilizadas quando necessita-se da história completa de um 
sistema hidrológico a um dado impulso (operação de obras hidráulicas). 
2 BACIA HIDROGRÁFICA 
 
 
Bacia Hidrográfica é o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus 
afluentes e subafluentes. Essa idéia está associada à noção da 
divisores de água e características dos cursos de água, principais e secundários, 
denominados afluentes e subafluentes. Uma bacia hidrográfica evidencia a hierarquização 
dos rios, ou seja , a organização natural por ordem de menor 
que vai das partes mais altas para as mais baixas.
A bacia hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso 
d'água ou um sistema conectado de cursos d'água tal que toda a vazão efluente seja 
descarregada através de uma simples saída, no caso, os exutórios. O estudo de bacia 
hidrográfica é importante pois esta contém o conceito de integração na ciência ambiental. 
Seu uso e aplicação para estudos de problemas ambientais são fundamentais pois esta 
contém as de informações físicas, biológicas, sócio
populações que ali se estabelecem.
Figura 2 – Representação de uma bacia hidrográfica e seus componentes (
Agência Nacional de Águas) 
 
A bacia hidrográfica é delimitada por uma 
periféricas, denominada divisor de águas
na seção de saída. A seção de saída é a garganta mais baixa da linha cumeada.
O comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfic
climáticos e fisiográficos. 
Os fatores climáticos que mais afetam o comportamento hidrológico são:
- Precipitação 
- Transpiração 
- Evaporação 
Os fatores fisiográficos que mais afetam são:
- Condições geológicas e topográficas da su
- Tipo de solo 
- Uso da terra 
Bacia Hidrográfica é o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus 
afluentes e subafluentes. Essa idéia está associada à noção da existência de nascentes, 
divisores de água e características dos cursos de água, principais e secundários, 
denominados afluentes e subafluentes. Uma bacia hidrográfica evidencia a hierarquização 
dos rios, ou seja , a organização natural por ordem de menor volume para os de maior, 
que vai das partes mais altas para as mais baixas. 
A bacia hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso 
d'água ou um sistema conectado de cursos d'água tal que toda a vazão efluente seja 
vés de uma simples saída, no caso, os exutórios. O estudo de bacia 
hidrográfica é importante pois esta contém o conceito de integração na ciência ambiental. 
Seu uso e aplicação para estudos de problemas ambientais são fundamentais pois esta 
formações físicas, biológicas, sócio-econômica e inclusive cultural das 
populações que ali se estabelecem. 
 
Representação de uma bacia hidrográfica e seus componentes (
A bacia hidrográfica é delimitada por uma linha que passa pelo cume das elevações 
divisor de águas, cuja linha corta a corrente somente uma vez 
na seção de saída. A seção de saída é a garganta mais baixa da linha cumeada.
O comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica, é afetado por fatores 
Os fatores climáticos que mais afetam o comportamento hidrológico são: 
Os fatores fisiográficos que mais afetam são: 
Condições geológicas e topográficas da superfície de infiltração 
17
Bacia Hidrográfica é o conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus 
existência de nascentes, 
divisores de água e características dos cursos de água, principais e secundários, 
denominados afluentes e subafluentes. Uma bacia hidrográfica evidencia a hierarquização 
volume para os de maior, 
A bacia hidrográfica é uma área definida topograficamente, drenada por um curso 
d'água ou um sistema conectado de cursos d'água tal que toda a vazão efluente seja 
vés de uma simples saída, no caso, os exutórios. O estudo de bacia 
hidrográfica é importante pois estacontém o conceito de integração na ciência ambiental. 
Seu uso e aplicação para estudos de problemas ambientais são fundamentais pois esta 
econômica e inclusive cultural das 
Representação de uma bacia hidrográfica e seus componentes (ANA - 
linha que passa pelo cume das elevações 
, cuja linha corta a corrente somente uma vez 
na seção de saída. A seção de saída é a garganta mais baixa da linha cumeada. 
a, é afetado por fatores 
 
 18
- Características físicas da bacia 
Pode-se dizer que um dos principais objetivos da hidrologia é desenvolver relações 
físico-matemáticas que apoiadas em amostragens ou medições diretas, quantifiquem 
razoavelmente os recursos hídricos disponíveis para uso e consumo do homem nas suas 
diversas atividades. 
 
Tipos de bacia hidrográficas 
 
Bacias representativas: são típicas de uma determinada região hidrológica, ou seja, 
uma região onde exista uma certa homogeneidade do ponto de vista hidrológico. Uma 
bacia representativa deve permanecer o mais inalterada possível dentro do período de 
estudo. Os tamanhos destas bacias variam de 1 a 250 km2, podendo chegar até 1000 
km2. 
Bacias experimentais: são bacias onde a vegetação é relativamente uniforme e é 
possível alterar pelo menos uma das condições naturais para estudar o efeito sobre o 
comportamento hidrológico da bacia. Seu tamanho é limitado em 4 km2. Geralmente se 
requer que o executor da pesquisa seja proprietário ou locatário da terra. 
 
Em relação ao tamanho da bacia hidrográfica ela pode ser classificada como 
pequena ou grande. 
Bacia hidrográfica pequena – quando o efeito do escoamento superficial não 
canalizado sobre o pico de descarga é predominantemente ao efeito decorrente do 
escoamento superficial canalizado; 
Bacia hidrográfica grande – são aquelas em que o escoamento superficial não 
canalizado sobre o pico de descarga, não predomina sobre o efeito do escoamento 
superficial canalizado. 
 
Entende-se por escoamento superficial canalizado aquele que ocorre no curso 
d’água e por escoamento superficial não canalizado aquele que ocorre na superfície do 
terreno. 
 
3 BALANÇO HÍDRICO 
 
Entende-se por Balanço Hídrico como a contabilização das quantidades de água que 
entram e que saem de uma camada de solo que vai de sua superfície até uma 
determinada profundidade, durante um certo período de tempo. O volume de solo 
considerado depende da cultura em estudo, pois deve englobar seu sistema radicular. 
Assim sendo, considera-se como limite superior deste volume a superfície do solo e como 
limite inferior, a profundidade do sistema radicular da cultura. 
Se a quantidade de água que entra (Qe) neste volume de solo num período t2 – t1 for 
maior do que a quantidade de água que dele sai (Qs), durante o mesmo período, o saldo 
de água será positivo e se sair mais do que entrar, negativo. Este saldo de água no solo 
 19
é obtido pela variação do armazenamento de água (Dh) do perfil de solo durante o 
período considerado, isto é, Dh = Qe – Qs, onde Dh = h2 – h1, sendo h1 a armazenagem no 
instante t1 (início do período) e h2 a armazenagem no instante t2 (fim do período). 
O balanço hídrico é importante para um acompanhamento da quantidade de 
água armazenada no solo. Esta quantidade deve ser mantida em níveis ótimos para 
maximizar a produtividade agrícola. Assim, através do balanço hídrico, pode-se 
estabelecer critérios para a drenagem de um solo ou para irrigação. 
A quantidade de água que entra pode consistir de precipitação (P) e/ou irrigação (I). 
Portanto: 
Qe = P + I 
A quantidade de água que sai pode consistir de drenagem interna ou drenagem 
profunda (DP), da evapotranspiração (ET) e do escorrimento superficial (RO). Portanto: 
Qs = DP + ET + RO 
Numa situação onde se deseja avaliar o balanço hídrico de uma cultura agrícola, 
teríamos o que mostra a figura 3. Nessa figura, acha-se esquematizado um corte de uma 
cultura indicando os componentes do balanço hídrico. 
 
Figura 3 – Representação esquemática dos fluxos do balanço hídrico. 
 
ENTRADAS SAÍDAS 
P – precipitação ET – evapotranspiração 
I – irrigação Ro – escorrimento superficial (saída) 
O – orvalho DLo – drenagem lateral (saída) 
Ri – escorrimento superficial (entrada) DP – drenagem profunda 
DLi – drenagem lateral (entrada) 
AC – ascensão capilar 
 
Precipitação - O processo de ganho de água pelo solo realiza-se, principalmente, 
através das precipitações pluviais e pela irrigação. O solo, recebendo essa água, vai 
tendo seus poros preenchidos. Em relação às precipitações a água cedida à superfície do 
P I O ET
Ri Ro
DLi DLo
AC DP
P I O ET
Ri Ro
DLi DLo
AC DP
 20
solo é função da intensidade e da duração do fenômeno. A quantidade de água que 
infiltra no solo também é função do tipo de precipitação, sendo ainda função da textura, 
profundidade da camada impermeável e inclinação da superfície (Ometto, 1981). 
Ascensão capilar - Em períodos sem chuva pode ocorrer um gradiente de potencial 
negativo, dependendo do referencial adotado, indicando que a água entra na camada 
considerada para o balanço. Trata-se de um fluxo de água de baixo para cima, 
denominado de ascensão capilar (Reichardt, 1990). 
Esta situação ocorre somente depois que a drenagem profunda cessou e o gradiente 
matricial passa a ser negativo e de intensidade maior que o gravitacional, esta situação 
ocorre geralmente em solos com lençol freático pouco profundo. 
Estas condições de fluxo ascendente ocorrem, geralmente, em condições de solo 
com a umidade menor que a capacidade de campo. Em solos com lençol freático muito 
profundo, a ascensão capilar é desprezada em cálculos de balanço hídrico. Em situações 
especiais, como por exemplo, em várzeas, onde o lençol freático está próximo à 
superfície do solo a contribuição da ascensão capilar pode ser significativa. Em tais 
situações, a ascensão capilar pode ser considerável, chegando a igualar-se com a 
evapotranspiração. O suprimento total de água para as plantas pode se dar por esse 
processo a partir do lençol freático. 
Escorrimento superficial - Quando a água da chuva não se infiltra totalmente no 
solo, o excesso escorre por sua superfície, depositando-se em depressões. A água que 
não infiltra, escorre e forma a enxurrada e o processo denomina-se escorrimento 
superficial ou “run off”. 
Vários fatores afetam o processo de escorrimento superficial, sendo os principais a 
declividade do terreno e as características de infiltração do solo. Pode-se dizer que, em 
princípio, há enxurrada toda vez que a intensidade da chuva ultrapassar a velocidade de 
infiltração da água no solo. 
Quando a declividade do terreno é nula, mesmo que a intensidade da chuva seja 
maior que capacidade de infiltração do solo, toda a água acaba se infiltrando ou 
dependendo da umidade empoçando na superfície do solo, e o valor da enxurrada é nulo. 
Havendo declividade diferente de zero, potencialmente pode haver enxurrada. 
Evapotranspiração - A evapotranspiração constitui a transferência de água na forma 
de vapor, do sistema solo – planta para a atmosfera. Por ser a água total perdida pelo 
sistema, deve ser determinada com o maior cuidado possível, a fim de ser reposta e 
manter sempre o sistema em cultivo nas condições de máximo relacionamento com o 
meio. Sabe-se que a planta retém em torno de 1 a 2 % da água que utiliza, portanto, 
quanto maior a quantidade de água utilizada, melhor o desempenho das plantas. 
Para a ocorrência deste fenômeno, é necessária a entrada de energia para levar a 
água do estado líquido ao gasoso, sendo que esta energia provém, quase que totalmente, 
da radiação solar. 
Evaporação - A evaporação é um fenômeno físico de mudança da fase líquida para 
vapor, da água presente em condições naturais. A grande importância do processo 
resume-se noaspecto quantitativo, haja vista o grande volume de água que deixa seu 
recipiente original, seja o solo, seja a superfície livre d’água. 
É uma perda indesejável, do ponto de vista agronômico, pois é uma água que sai do 
solo sem participar das atividades biológicas da planta. As perdas por evaporação são 
importantes nos períodos em que o solo se encontra sem vegetação, quando a vegetação 
 21
é pequena (início de culturas anuais) ou quando existe área grande de solo nu entre as 
plantas (culturas perenes). Quando a cultura se desenvolve bem e cobre o solo com sua 
vegetação, a evaporação perde importância. 
Transpiração - A transpiração propriamente dita se dá na interface folha – 
atmosfera, onde ocorre a passagem do estado líquido para o de vapor. Trata-se da perda 
de água pelos estômatos e cutícula das plantas. 
A transpiração, até certo ponto, é uma perda desejável de água, pois esta água que 
passa pela planta e se perde na atmosfera, participa imprescindivelmente de suas 
atividades biológicas. Devido à diferenças de potencial total entre a água do solo e a água 
da raiz, caule e folhas, esta se move, geralmente, do solo para as raízes e destas para a 
parte aérea da planta e daí para a atmosfera. 
Em uma cultura bem estabelecida e desenvolvida, a taxa de transpiração é bem 
superior à taxa de evaporação. 
 
Fatores que afetam a evapotranspiração 
 
- Fatores meteorológicos 
 
- Radiação solar - A radiação solar torna-se um fator de considerável importância 
para fornecer as 585 cal.g-1 da água que passa do estado líquido ao de vapor. 
- Temperatura - Desde que as temperaturas do ar e da água dependem da radiação 
solar, espera-se estreita relação delas com as taxas de evapotranspiração. A temperatura 
da superfície da água governa a taxa em que as moléculas deixam e entram no ar 
envolvendo a massa aquosa. 
- Umidade do ar - A umidade do ar depende da temperatura, que age diretamente. A 
taxa de evaporação é proporcional à diferença entre as umidades real e de saturação do 
ar às temperaturas consideradas. À medida que a temperatura decresce numa mesma 
umidade absoluta do ar, haverá aumento na umidade relativa e queda na evaporação. 
- Vento - O movimento do ar, levando o ar úmido que envolve uma massa líquida até 
o ar seco, promove variação na perda de água pelas superfícies líquidas. Entretanto, sua 
influência vai até um certo valor crítico, quando outras variáveis podem atuar mais 
intensamente. O vento diminui a espessura da “camada limite” das folhas. No entanto, 
comparada à radiação solar, a velocidade do vento tem influência secundária nas taxas 
de evaporação, mas, em determinadas condições de umidade do ar, sua interferência 
tende a aumentar, à medida que a temperatura decresce. 
- Pressão Barométrica - Espera-se que um decréscimo na pressão barométrica seja 
acompanhado por um aumento na taxa de evaporação. No entanto, alterações na 
pressão barométrica são associados à mudanças em outros fenômenos meteorológicos, 
de sorte que o efeito individual da pressão é inevitavelmente mascarado. Por exemplo: as 
variações da pressão com a altitude nas áreas montanhosas são associadas a 
decréscimos da temperatura com a elevação, o que pode resultar em mais baixas taxas 
líquidas de perdas superficiais de água por evaporação com o aumento da altitude. 
 
- Fatores geográficos 
 22
 
- Qualidade da água - O aumento de 1% na salinidade da água faz decrescer em 
cerca de 1% a evaporação, devido à queda na pressão de vapor da água salinizada. O 
turvamento afeta o albedo e consequentemente o balanço de calor, tendo um efeito 
indireto. 
Profundidade, Forma e Tamanho de Massas de Água - No caso de evaporação de 
massas de água menores, como pequenos lagos, o regime de temperatura está 
estreitamente ligado ao do ar, o que não acontece com águas mais profundas, quando 
ocorrem atrasos no aquecimento e resfriamento. A evaporação de superfícies abertas de 
água decresce com o aumento da área, sendo importante na avaliação das perdas de 
água das culturas, quando se usam como referência tanques de evaporação; outros 
aspectos devem ser considerados, como a refletibilidade do tanque e do meio que o 
envolve. Para superfícies contínuas de água, há interferência na umidade relativa do ar. 
 
- Fatores de Solo 
 
- Teor de umidade - A evaporação da água do solo é meramente a evaporação dos 
filmes de água envolvendo os grânulos de solo e da água que preenche os vazios. Logo, 
o teor de umidade torna-se o fator obviamente mais direto, influindo na evaporação, 
decrescendo rapidamente com a queda da umidade do solo, devido às forças de retenção 
terem sua atuação ampliada. A primeira camada superficial (± 10 cm) tem efeito decisivo 
na evaporação da água do solo; o subsolo pode estar saturado, mas, devido à lenta 
movimentação da água, a evaporação cai drasticamente se a camada superficial estiver 
seca. O tipo de solo torna-se então primordial, com os solos argilosos tendo maior 
facilidade na condução de água, quando não saturados, que os de textura mais grosseira 
e os não estruturados. 
- Profundidade do lençol freático - É um fator importante porque, se estiver próximo 
da superfície, a evaporação irá alcançar os valores mais elevados e decrescerá tanto 
rapidamente quanto o lençol baixar. Este decréscimo é tão mais rápido quanto mais 
arenoso for o solo. 
- Coloração do solo - É um fator diretamente ligado às características reflectivas; os 
solos escuros, absorvendo mais calor que os claros, terão aumentadas suas temperaturas 
superficiais, influindo significativamente na taxa de evaporação. 
 
- Fatores da planta 
 
A presença de vegetação produz sombreamento no solo, diminuindo a temperatura, 
a incidência de ventos, podendo aumentar a umidade relativa do ar próxima do solo. 
Considerando a planta em si, a transpiração decresce com a queda dos potenciais de 
água no solo. Em qualquer hora do dia, a transpiração é afetada por fatores climáticos e 
das folhas e a absorção de água é afetada pelas raízes e pelo solo. 
Drenagem – O processo de drenagem ocorre quando o solo esta com uma 
quantidade de água em excesso no seu perfil, promovida por uma chuva ou irrigação. O 
estudo da perda de água por drenagem dependerá do tipo de cultura implantada no local 
 23
estudado, mais especificamente do seu sistema radicular. Toda a água drenada abaixo do 
sistema radicular onde esta não é mais alcançada por este sistema radicular é 
considerada como perda, pois não é aproveitada. 
Infiltração de água no solo - Embora a infiltração não faça parte dos componentes do 
balanço hídrico, é de fundamental importância que façamos uma referência sobre esse 
processo pois o mesmo interfere diretamente naqueles componentes. 
Denomina-se de infiltração o processo pelo qual a água entra no solo, sendo o 
mesmo de grande importância prática, pois sua taxa ou velocidade muitas vezes 
determina o deflúvio superficial “run off”, responsável pelo fenômeno da erosão causado 
pela água proveniente das precipitações pluviais. Assim, por determinar o balanço da 
água na zona das raízes, o conhecimento deste processo e suas relações com as 
propriedades do solo é de fundamental importância para o eficiente manejo do solo e da 
água (Reichardt, 1985). 
Durante o processo de infiltração, a água distribui-se dentro do solo, movimento este 
que não pára, mesmo cessada a infiltração e parte desta água vai percolar para 
horizontes mais profundos, caracterizando a drenagem interna. 
O processo de infiltração ocorre porque a água da chuva ou da irrigação tem 
potencial total aproximadamente nulo e a água do solo tem potencial negativo, isto é, 
tanto mais negativo quanto mais seco o solo. Estabelece-se, portanto, um gradiente de 
potencial total que é a soma do gravitacional e do matricial. No início da infiltração, 
quandoo solo ainda está relativamente seco, o gradiente é muito grande e, depois de 
longo tempo de infiltração, o gradiente total passa a ser igual ao gravitacional (1 cm de 
água/cm de solo) que é relativamente pequeno em relação ao início do processo. Por 
isso, o processo de infiltração é um processo desacelerado, isto é, rápido no início, 
decaindo com o tempo. 
 
4 PRECIPITAÇÃO – RELAÇÃO INTENSIDADE-DURAÇÃO-FREQÜÊNCIA 
 
A quantidade de chuva é expressa pela altura de água caída e acumulada sobre uma 
superfície plana e impermeável. 
Existem duas maneiras de medir chuva: 
- pontualmente com pluviômetros ou pluviógrafos; 
- radares. 
O pluviômetro é um aparelho totalizador que marca a altura de chuva total 
acumulada num dado período de tempo, sendo esta registrada por um operador que 
resida próximo da instalação do aparelho. 
O pluviômetro é um recipiente de volume suficiente para conter as maiores 
precipitações dentro do intervalo de tempo definido para a freqüência das observações 
(em geral 24 horas). 
O pluviógrafo é um aparelho que registra automaticamente as variações de 
precipitação ao longo do tempo. Podendo ser gráfico ou digital e é visitado 
periodicamente por um observador ou equipe que controla a rede de aparelhos. 
 24
Admite-se de forma geral que a interceptação da chuva deve ser feita a uma altura 
média acima da superfície do solo (entre 1,0 m e 1,5 m). O aparelho deve ficar longe de 
qualquer obstáculo que possa prejudicar a medida ou a captação da chuva (prédios, 
árvores, relevo, etc...). 
 
Figura 4 – Instalação de pluviômetro ou pluviógrafo. 
 
A chuva é caracterizada pelas seguintes grandezas: altura pluviométrica, duração, 
intensidade e freqüência. 
Altura pluviométrica (p ou r) é a espessura média da lâmina de água precipitada 
que recobriria a região atingida pela precipitação admitindo-se que essa água não 
infiltrasse, não evaporasse e nem escorresse para fora dos limites da região. A unidade 
de medição habitual é o milímetro de chuva, definido como a quantidade de precipitação 
correspondente ao volume de 1 litro por metro quadrado de superfície ou seja: 
211 m
l
mm = 
Duração (t) é o período de tempo durante o qual a precipitação ocorre. As unidades 
normalmente utilizadas são o minuto ou a hora. 
Intensidade (i) é a precipitação por unidade de tempo, obtida com a relação i=p/t, 
expressa normalmente em mm/h ou mm/min. A intensidade de uma precipitação 
apresenta variabilidade temporal, mas, para análise dos processos hidrológicos, 
geralmente são definidos intervalos de tempo nos quais é considerada constante. 
Freqüência (F) é o número de ocorrências de precipitações de mesma intensidade 
em um tempo fixo, por exemplo, uma intensidade de chuva ocorreu 5 vezes em 50 anos, 
a freqüência (F) = 5/50 = 1/10 
Freqüência de probabilidade e tempo de recorrência (tr) a precipitação é um 
fenômeno do tipo aleatório. Na análise de alturas pluviométricas (ou intensidades) 
máximas, o tr é interpretado como o número médio de anos durante o qual espera-se que 
a precipitação analisada seja igualada ou superada. O seu inverso é a probabilidade de 
um fenômeno igual ou superior ao analisado, se apresentar em ano qualquer 
(probabilidade anual). Por exemplo, uma precipitação com 1% de probabilidade de ser 
igualada ou superada num ano tem um tr = 100 anos. Na análise de precipitações 
extremas mínimas deve-se mudar a interpretação no sentido da superação ocorrer por 
D>2h
h
1,0 – 1,5 m
D>2h
h
1,0 – 1,5 m
 25
defeito (valores menores que o analisado). Neste caso tr é o inverso da probabilidade de 
não superação. 
F
tr
1
= 
5 RELAÇÃO CHUVA – VAZÃO 
 
Tempo de concentração (tc) é o tempo a partir do início da precipitação, necessário 
para que toda a bacia contribua para o escoamento superficial na seção efluente da 
mesma. 
O tempo de concentração é uma característica da bacia hidrográfica, dependendo 
principalmente da sua rugosidade e declividade superficial. 
 
Previsão de vazões máximas: 
 
Os métodos indiretos são utilizados em locais onde há ausência de registro de 
vazões observadas; tal fato é sentido, particularmente, em pequenas bacias hidrográficas. 
A ausência de dados de vazão é o caso mais comum que os engenheiros hidráulicos/ 
hidrólogos, envolvidos no dimensionamento de obras hidráulicas, enfrentam nas 
atividades do dia a dia. 
Métodos indiretos mais utilizados para estimar a vazão: 
· Método racional; 
· Método do hidrograma unitário e 
· Método do “Soil Conservation Service (SCS)”. 
Todos os métodos indiretos estimam as vazões a partir dos dados de chuva que são 
menos escassos do que os dados de vazão. 
A vazão máxima é utilizada na previsão de enchentes e nos projetos de obras 
hidráulicas, tais como: condutos, canais, bueiros, barragens, etc... 
A vazão máxima pode ser estimada com base no ajuste de uma distribuição de 
probabilidade estatística, na regionalização das vazões e na precipitação. 
Quando existem dados históricos de vazão no local de interesse e as condições da 
bacia hidrográfica não se modificarem, pode ser ajustada uma distribuição de 
probabilidade estatística. 
Quando não existem dados, ou a série é pequena, pode-se utilizar a regionalização 
de vazões máximas ou a precipitação. A regionalização permite estimar a vazão máxima 
em locais sem dados, com base em postos da região. 
A vazão máxima pode ser estimada com base na precipitação, por métodos que 
representam os principais processos da transformação da precipitação em vazão, e pelo 
método racional, que engloba todos os processos em apenas um coeficiente a saber: 
 
 
 26
Método racional: 
 
O método racional é largamente utilizado na determinação da vazão máxima de 
projeto para bacias hidrográficas pequenas de até 500 ha. 
Os princípios básicos do método racional são: 
- Considerar a duração da precipitação intensa de projeto igual ao tempo de 
concentração da bacia; 
- Adotar um único coeficiente de escorrimento superficial (C), estimado com base nas 
características da bacia hidrográfica; e 
- Não avaliar o volume da cheia e a distribuição temporal das vazões. 
O método racional considerando a duração da precipitação intensa igual ao tempo de 
concentração da bacia, admite que esta é suficientemente pequena, para que esta 
situação seja possível. 
A determinação da vazão máxima através do método racional é obtida pela seguinte 
expressão: 
360max
AIC
Q
´´
= 
Onde: 
Qmax = Vazão máxima (m3/s); 
C = Coeficiente de escorrimento superficial adimensional; 
I = Intensidade de precipitação (mm/h); 
A = Área da bacia hidrográfica (ha). 
 
O coeficiente de escorrimento superficial (C) pode ser obtido pela tabela 1, em 
função do tipo de cobertura existente na bacia hidrográfica, tipo de solo, da declividade do 
talvegue e a área da bacia hidrográfica. 
Normalmente as bacias hidrográfica apresentam mais de um tipo de cobertura 
vegetal, tipo de solo e mais de uma declividade, neste caso são feitos cálculos levando-se 
em consideração estes aspectos da seguinte maneira: por exemplo se estivermos 
calculando a vazão máxima de uma bacia hidrográfica com três tipos de coberturas 
vegetais, dois tipos de solo e cada área com uma declividade, calculamos um coeficiente 
de escorrimento superficial médio, ou seja, em função do tipo de cobertura que se tem, da 
declividade e do tipo de solo, procura-se na tabela o coeficiente C correspondente, após 
multiplica-se cada um dos coeficientes pela sua respectiva área, obtém-se três valores, 
em seguida somam-se estes três valores e divide-se pela área total da bacia e se obterá 
um novo coeficiente de escorrimento levando em consideração as diferentes 
características da bacia hidrográfica. Equacionando este sistema teríamos: 
At
ACACAC
C 332211´+´+´
= 
onde: 
 27
C1 = coeficiente de escorrimento da Área 1 da bacia, em função da declividade, tipo 
de solo e cobertura vegetal; 
C2 = coeficiente de escorrimento da Área 2 da bacia, em função da declividade, tipo 
de solo e cobertura vegetal; 
C3 = coeficiente de escorrimento da Área 3 da bacia, em função da declividade, tipo 
de solo e cobertura vegetal; 
A1 = Área 1 da bacia hidrográfica em hectare; 
A2 = Área 2 da bacia hidrográfica em hectare; 
A3 = Área 3 da bacia hidrográfica em hectare; 
At = Área total da bacia hidrográfica em hectare. 
 
Tabela 1 - Coeficiente de escoamento (c), para áreas agrícolas inferiores a 500 ha , 
em função da topografia, da cobertura e do tipo de solo. 
 Classes de Topografia e declividade 
Cobertura do 
solo 
Tipo de 
solo 
Plana 
0-2,5% 
Suavemente 
ondulada 
2,5-5% 
Ondulada 
5-10% 
Fortemente 
ondulada 
10-20% 
Amorrada 
20-40% 
Montanhosa 
40-100% 
Culturas 
anuais 
Massapé 
Arenosa 
Roxa 
0,50 
0,44 
0,40 
0,60 
0,52 
0,48 
0,68 
0,59 
0,54 
0,76 
0,66 
0,61 
0,85 
0,73 
0,67 
0,95 
0,81 
0,75 
Culturas 
Permanentes 
Massapé 
Arenosa 
Roxa 
0,40 
0,34 
0,31 
0,48 
0,41 
0,38 
0,54 
0,46 
0,43 
0,61 
0,52 
0,48 
0,67 
0,56 
0,53 
0,75 
0,64 
0,59 
Pastagens 
limpas 
Massapé 
Arenosa 
Roxa 
0,31 
0,27 
0,25 
0,38 
0,32 
0,30 
0,43 
0,37 
0,34 
0,48 
0,41 
0,38 
0,53 
0,45 
0,42 
0,59 
0,50 
0,46 
Capoeiras 
Massapé 
Arenosa 
Roxa 
0,22 
0,19 
0,17 
0,26 
0,23 
0,21 
0,29 
0,25 
0,23 
0,33 
0,28 
0,26 
0,37 
0,32 
0,29 
0,41 
0,35 
0,32 
Matas 
Massapé 
Arenosa 
Roxa 
0,15 
0,13 
0,12 
0,18 
0,15 
0,14 
0,20 
0,18 
0,16 
0,22 
0,20 
0,18 
0,25 
0,22 
0,20 
0,28 
0,24 
0,22 
 
A intensidade de precipitação (I) que também é levada em consideração no método 
racional é calculada através da seguinte equação: 
 
( )
( ) ( )
Tc
PTcTr
I TrTc
)10;60(5,054,052,0ln21,0 25,0
;
´-´´+´
= 
Onde: 
I = intensidade de chuva crítica (mm/min); 
tc = tempo de concentração (min) 
tr = tempo de recorrência (anos) 
 28
P(60;10) = precipitação com duração de 60 minutos e Tr de 10 anos. 
 
Os valores de P(60;10) podem, para os diferentes Estados do Brasil ser obtidos 
através da tabela 2, onde estão numerados os postos de observação e a cidade onde se 
encontram. 
 
Tabela 2 -Valores da precipitação (mm) com duração de 60 minutos. e tr=10 anos. 
 
ESTADO 
 
 
POST
O 
 
CIDADE 
 
(mm) 
 
 
 
 
 
 
RIO GRANDE DO SUL 
1 
7 
21 
24 
27 
35 
56 
61 
68 
71 
73 
80 
94 
96 
ALEGRETE 
BAGÉ 
CAXIAS DO SUL 
CRUZ ALTA 
ENCRUZILHADA 
IRAÍ 
PASSO FUNDO 
PORTO ALEGRE 
RIO GRANDE 
SANTA MARIA 
STª. VITÓRIADO PALMAR 
SÃO LUIZ GONZAGA 
URUGUAIANA 
VIAMÃO 
62 
49 
54 
65 
48 
56 
43 
64 
68 
62 
62 
64 
56 
37 
 
SANTA CATARINA 
14 
29 
77 
BLUMENAU 
FLORIANÓPOLIS 
SÃO FRANCISCO DO SUL 
72 
70 
65 
 
PARANÁ 
26 
37 
53 
60 
CURITIBA 
JACAREZINH 
PARANAGUÁ 
PONTA GROSSA 
68 
52 
70 
54 
 
 
 
SÃO PAULO 
6 
42 
59 
74 
75 
76 
81 
AVARÉ 
LINS 
PIRACICABA 
SANTOS-ITAPEMA 
SANTOS 
SÃO CARLOS 
SÃO SIMÃO 
64 
52 
58 
140 
84 
70 
51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2 
8 
16 
17 
34 
38 
41 
48 
49 
57 
58 
63 
64 
66 
70 
89 
95 
98 
ALTO ITATIAIA 
BANGU 
CABO FRIO 
CAMPOS 
IPANEMA 
JARDIM BOTÂNCIO 
KM 47 ROD. PRESIDENTE DUTRA 
NITERÓIO 
NOVA FIBURGO 
PETRÓPOLIS 
PINHEIRAL 
PRAÇA XV 
PRAÇA SAEMS PEÑA 
RESENDE 
SANTA CRUZ 
TERESÓPOLIS 
VASSOURAS 
VOLTA REDONDA 
60 
68 
50 
55 
72 
67 
78 
64 
60 
76 
64 
74 
60 
70 
57 
66 
58 
67 
ESPIRITO SANTO 97 VITÓRIA 56 
 9 BARBACENA 58 
 29
MINAS GERAIS 13 
55 
83 
BELO HORIZONTE 
PASSA QUATRO 
SETE LAGOAS 
62 
44 
52 
BAHIA 69 SALVADOR 60 
SERGIPE 5 ARACAJU 66 
ALAGOAS 43 MACEIÓ 55 
PERNAMBUCO 47 
50 
NAZARÉ 
OLINDA 
44 
60 
 
PARAÍBA 
40 
78 
JOÃO PESSOA 
SÃO GONÇALO 
 
50 
62 
RIO GRANDE DO NORTE 46 NATAL 56 
TER.FER.DE NORONHA 28 FERNANDO DE NORONHA 70 
CEARÁ 31 
33 
65 
FORTALEZA 
GUARAMIRANGÁ 
QUIXERAMOMBIM 
54 
54 
66 
 
PIAUI 88 TERESINA 90 
 
MARANHÃO 
10 
79 
91 
BARRA DO CORDA 
SÃO LUIZ 
TURIASSU 
70 
59 
66 
 
PARÁ 
3 
12 
84 
85 
ALTO TAPAJÓS 
BELÉM 
SOURE 
TAPERINHA 
80 
62 
86 
76 
 
 
AMAZONAS 
39 
44 
54 
92 
 
JUARETÉ 
MANAUS 
PARINTINS 
VAUPÉS 
82 
68 
80 
80 
RONDÔNIA 62 PORTO ALEGRE 72 
MATO GROSSO 25 CUIABÁ 68 
 
GOIÁS 
19 
30 
32 
CATALÃO 
FORMOSA 
GOIÂNIA 
60 
57 
70 
 
O tempo de concentração (tc) utilizado para calcular a intensidade de precipitação 
pode ser determinado através da seguinte equação: 
( ) ( ) 04,01002,005,1
16
Sp
L
tc
´´´-
´
= 
Onde: 
tc = tempo de concentração (min); 
L = desenvolvimento do talvegue (km); 
S = declividade do talvegue (m/m); 
p = relação entre a área coberta de vegetação e a área total da bacia hidrográfica. 
 
Com todos este resultados é possível calcular a vazão máxima de uma bacia 
hidrográfica de até 500 ha apenas com os dados de precipitação coletados em postos de 
observação da região. 
 
 30
6 BIBLIOGRAFIA E LITERATURA CITADA 
 
PEREIRA, A. R., ANGELOCI, L. R., SENTELHAS, P. C. Agrometeorologia: 
fundamentos e aplicações práticas. Guaíba: Agropecuária, 2002. 478p. 
DAKER, A. Água aplicada à agricultura. Água na agricultura V. 1, ed 7, Livraria 
Freitas Bastos S.A. 316p. 1987. 
FRANZ, A. F. H., ROCHEDO, P. R. C., Açudagem. – Pelotas: Ed UFPel, 1998. 
71p.:il. 
VILLELA, S. M., MATTOS, A. Hidrologia aplicada, São Paulo, McGraw-Hill do 
Brasil. 245p, 1975. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31
CAPÍTULO III 
ARMAZENAMENTO DE ÁGUA - AÇUDAGEM 
1 INTRODUÇÃO 
 
A acumulação de água torna-se necessária quando os mananciais naturais são ou se 
tornam insuficientes para atender a demanda da irrigação ou haja conveniência em elevar 
o nível da água. 
A água a acumular pode ser proveniente de córregos cuja vazão permanente é 
pequena ou ainda das chuvas. 
 
 
Figura 5 - Perfil de barragem com seus diversos componentes. 
 
Escolha do local da barragem: 
 
Nem todos os locais se prestam a um represamento ou açudagem, sendo necessário 
que detalhes topográficos, bem como a formação geológica do terreno, sejam favoráveis 
à construção da barragem e a formação do lago artificial. 
A barragem deve se localizar em um estreitamento ou garganta da bacia hidrográfica, 
a fim de reduzir seu comprimento e custo. A natureza geológica do local, obtida por 
cuidadosas sondagens, deve oferecer condições favoráveis à construção. Quando se 
trata de afloramento de rocha, deve-se optar por barragens de alvenaria, uma vez que as 
de terra não ligam bem neste material. No caso de se tratar de terrenos profundos, as 
barragens de terra têm preferência, em vista do seu baixo custo. Se o terreno for 
permeável até uma certa profundidade, torna-se necessário construir um núcleo central 
impermeável que atravesse toda a camada porosa até encontrar a camada ou rocha 
impermeável. O local a ser submerso deve ter um alargamento suficiente para um maior 
armazenamento e uma declividade pequena para se ter um maior volume com menor 
altura de barragem. Além disso, o local não deve apresentar acumulações ou 
estratificações salitrosas ou outras formações que sejam solúveis na água, tornando-a 
prejudicial à irrigação ou outros usos. 
 
 
Determinação de

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