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As três velocidades do Direito Penal e o Direito Penal do Inimigo

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As três velocidades do Direito Penal e o Direito Penal do Inimigo
Seguindo a teoria liderada pelo Professor Silva Sanches e também adotada e defendida pelo Professor Kennedy Barreto, os quais dentre outros defendem o heterogeneidade do direito penal, por esta razão existe um sistema de diferenciação entre os sistemas das garantias e penalidades. A uma diferenciação da ação do estado ou abrangência entre estados pelo direito penal quando este impõe suas intenções punitivas.
A este ritmo deu-se o nome de Velocidades do Direito Penal, e nos dias atuais, no que tange sua abrangência, temos quatro velocidades existentes e que iremos explaná-las a seguir:
Comecemos a análise pela velocidade um, as quais encerram as características do cumprimento do devido processo legal, atinentes a penas privativas de liberdade e as garantias constitucionais mantendo respeito aos preceitos iluministas. O foco desta velocidade é tratar do direito penal do cidadão, visando o total cumprimento dos preceitos dos direitos fundamentais.
Passando a analisar a velocidade dois percebemos grandes alterações atinentes às penas que são alternativas em substituição das privativas de liberdade, a qual podemos citar a Lei de crimes ambientais Lei 9605/98 em seus artigos 8 a 13 em que admite o recolhimento domiciliar como pena alternativa. Portanto, faz-se óbvio a existência de penas não privativas à liberdade e de medidas alternativas, mostrando assim uma perceptível flexibilidade nas medidas punitivas do Estado.
A velocidade três está diretamente atrelada ao Direito Penal do Inimigo, o qual é defendido pelo doutrinador Gunther Jakobs e baseado em três fundamentos; a antecipação da punição do inimigo, desproporcionalidade das penas, suspensão de garantias e criação de medidas gravosas contra crimes de alto repúdio social, assim, cria-se dois panoramas de visão; um do cidadão, que ao infringir a lei penal, tornar-se-á alvo desta e o inimigo, que é considerado uma ameaça ao Estado, tendo assim um tratamento diferenciado. Para efeitos de punição do inimigo, as medidas punitivas podem ser encontradas na Lei dos crimes hediondos Lei 8.072 de 1990, que hodiernamente aumentou a pena de vários delitos, estabeleceu o cumprimento da pena em regime integralmente fechado, e suprimiu a liberdade provisória. Um importante fato que proporcionou grande amparo na teoria de Jakobs foram os atentados ao WTC (World Trade Center) em 11 de setembro de 2001, o qual evidenciou a figura do inimigo do estado. O grupo especial da Policia Militar do Rio de Janeiro BOPE mostra nitidamente a ação da terceira velocidade do direito penal em técnicas de tortura, e abordagens extremamente enérgicas aos inimigos do estado, referindo-se a traficantes e seus adjacentes; esses e outros modelos explanam o tratamento diferenciado que encerram aos inimigos do estado.
A mais recente e oriunda da Itália, a qual vem agregando diversos seguidores na América do Sul, é a quarta e última velocidade, a qual sua finalidade encerra nos casos de punição dos crimes contra a coletividade, crimes ambientais, crimes contra chefes de estado e crimes biológicos. Nesses casos diluem-se as fronteiras e áreas de atuação do direito penal, possuindo assim uma abrangência universal e dessa forma, nomenclatura-se; Direito Penal do Autor, e neste restringe-se radicalmente preceitos iluministas. Seria então um Direito Penal do inimigo com abrangência universal, e em tese, estendendo-se até mesmo a países não signatários.
Para diferenciarmos melhor e distinguirmos precisamente a velocidade deste direito penal em comparação com o de terceira velocidade, consideremos que o segundo trata-se do Direito Penal do Inimigo do Estado, já a quarta velocidade concerne aos casos que seriam utilizados para tratarem de criminoso de guerra, como no caso do ex-ditador Iraquiano Saddam Hussein, que foi caçado, preso, torturado, contudo julgado em um tribunal simples de execução, embora pela gravidade de sua posição deveria ter sido julgado em um tribunal internacional.
Em suma, conclui-se que as divisões do direito penal em velocidades são ritmos de atividade punitiva a qual são impostas pelo estado ou estados em pactos internacionais; é mister estudar esses pontos para um melhor entendimento do direito penal bem como de sua amplitude, aja vista que um direito penal único e positivista para o cidadão, tornar-se-ia uma penalização injustamente gravosa ou demasiadamente benéfica para o criminoso irrecuperável.

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