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Andressa de Melo Santos - O Realismo na Teoria das Relações Internacionais

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FACULDADE DAMAS – CADERNO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS – V.3, N.5 (2012) 
http://www.faculdadedamas.edu.br/revista/index.php/relacoesinternacionais 
 
84 
 
O REALISMO NA TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
Andressa de Melo Santos 
1. INTRODUÇÃO 
As teorias das Relações Internacionais têm como finalidade elaborar métodos, e 
conceitos, de modo a facilitar o entendimento da natureza e do funcionamento do sistema 
internacional, bem como estudar os fenômenos, atores e acontecimentos importantes que 
moldam a política mundial. 
Devido à sua grande ligação com outras disciplinas, tais como antropologia, ciência 
política, filosofia e sociologia, o estudo das Relações Internacionais tornou-se indispensável 
para uma melhor compreensão sobre o mundo. Contudo, esta é apenas uma concepção 
atual acerca deste assunto. Por muito tempo os assuntos internacionais eram vistos como 
questões que só importavam para a elite, como os diplomatas, e não diziam respeito ao 
restante da população. Hoje é fácil ter acesso a notícias internacionais e muitas delas têm 
algum impacto, mesmo que indireto e lento, sobre o nosso mundo. 
Com os tratados de paz de Westfália, em 1648, inaugurou-se o sistema moderno do 
Estado, onde se deu pela primeira vez o reconhecimento da soberania de cada Estado. No 
ano de 1998, o então secretário geral da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), 
Javier Solona, afirmou que “humanidade e democracia (foram) dois princípios especialmente 
irrelevantes à ordem original de Westfália”. Outro fator importante a ser considerado é a 
frequente alegação que a globalização está trazendo uma evolução do sistema internacional 
que vai além da soberania estabelecida nos tratados westfalianos. 
Desenvolvido a partir da contribuição de Edward Carr (1946), ao criticar o 
pensamento idealista em sua obra Vinte Anos de Crise: 1919 – 1939, e posteriormente por 
Hans Morgenthau em sua obra de 1948, Politics Among Nations. Em sua obra, Morgenthau 
estabelece os pressupostos teóricos e analíticos do realismo clássico. Mais tarde, no ano de 
1979, Kenneth Waltz publica Theories of International Politics, onde ele divulga sua teoria 
neorrealista como resposta para as deficiências do realismo clássico. 
FACULDADE DAMAS – CADERNO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS – V.3, N.5 (2012) 
http://www.faculdadedamas.edu.br/revista/index.php/relacoesinternacionais 
 
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Desse modo, esta obra terá duas abordagens principais: o realismo clássico e o 
neorrealismo. De tal forma a englobar os conceitos estabelecidos por Morgenthau, Herz e 
Waltz. A corrente realista é um dos grandes paradigmas do estudo das Relações 
Internacionais, juntamente com o liberalismo. Outras vertentes teóricas podem surgir, mas é 
importante retomar às duas que serviram de alicerce para o estudo da teoria das relações 
internacionais. 
 
2. O REALISMO CLÁSSICO 
“Existem duas características comuns a vários realistas, mas que não são 
propriamente conceitos: a primeira é a ênfase no que acontece no sistema 
internacional, o que se traduz por considerar que o que ocorre dentro dos Estados 
não é relevante para a análise das relações internacionais. É o que alguns chamam 
da imagem do Estado como uma caixa preta A segunda é um pessimismo 
pronunciado e definitivo em relação à natureza humana.” (NOGUEIRA E MESSARI, 
2005, p. 23 e 24) 
Apesar de suas vertentes, o paradigma realista apresenta algumas características 
gerais que podem ser notadas, com mais ou menos enfoque, nas teorias apresentadas. O 
realismo tem como uma de suas premissas básicas o Estado sendo cerne das Relações 
Internacionais, de tal modo a ser um ator unitário – representando uma totalidade – e 
racional – maximizando ganhos e minimizando perdas. 
Em segundo lugar, todas as obras de autores realistas consideram a anarquia do 
sistema, ou seja, percebem que não há no ambiente internacional uma autoridade suprema 
acima dos Estados. Para eles, o cenário internacional é visto tal como o estado de natureza 
de Hobbes, onde há vários Estados e cada um é unicamente responsável por sua própria 
sobrevivência. Contudo, o estado de anarquia internacional contrapõe-se ao estado de 
natureza no que se diz respeito à criação de um soberano nacional, pois os realistas 
consideram impossível o estabelecimento de um Leviatã no plano internacional. O cenário 
anárquico propõe um ambiente altamente competitivo, onde há enorme desconfiança por 
parte do Estado, que todos visam sua sobrevivência (terceira premissa, que será vista a 
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seguir) e têm a segurança como um bem de soma zero, pois a segurança de um Estado só 
pode ser atingida quando os outros Estados estão sem segurança. 
A terceira premissa realista tem a sobrevivência como o maior desejo do Estado. Ela 
deriva do conceito de anarquia, onde há ausência de Governo mundial, que engendra a 
busca pela sobrevivência no cenário internacional, visando sua permanência no sistema. Sob 
essa perspectiva, dois filósofos influenciaram decisivamente o estudo do realismo, são eles: 
Maquiavel – definindo como obrigação do príncipe a luta pela sobrevivência e qualquer 
outro objetivo só é válido se não se opor a ela – e Weber. Ambos distinguem no que Weber 
chama de ética da convicção e de ética da responsabilidade, onde a segunda é livre das 
limitações morais que ficam presas na primeira, tendo como único objetivo alcançar a 
segurança coletiva. 
O estudo do poder como elemento fundamental nas relações internacionais, é 
considerado a quarta premissa realista. Desse modo, ressalta-se que o poder do Estado não 
é definido por suas próprias capacidades, mas sim pela comparação com os demais Estados 
rivais. É notável a influência realista de Tucídides ao afirmar que o medo do concorrente se 
tornar mais poderoso é considerado a causa da guerra. Mais adiante, ao falarmos sobre a 
teoria neorrealista veremos que Waltz define o poder como um meio de garantir a 
segurança e a sobrevivência. Derivada do conceito de poder surge a balança/equilíbrio de 
poder, onde um Estado se une a uma grande potência para assegurar melhor seu interesse 
nacional. Desse modo, constata-se uma atitude política que é extrínseca ao poder, a garantia 
do interesse nacional, que a busca por esse interesse não garante que a balança fique 
equilibrada entre os vários e que inexiste um sistema unipolar no cenário internacional. 
Outrossim, faz-se importante destacar a última premissa para perceber a forma 
como essa corrente das relações internacionais avalia a política no campo internacional. A 
forma como os Estados interagem é tida como um sistema de autoajuda. Significando que 
como não há um Governo mundial, ou qualquer outra autoridade supranacional, para que 
seja assegurado o cumprimento de regras e a segurança dos Estados, os mesmos agem de 
forma autointeressada. Comportando-se, assim, de forma egoísta. É notável que tudo isso se 
deve à anarquia internacional, pois todos têm que lutar por sua sobrevivência e utilizar de 
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todos os meios que lhes são disponíveis, pois nenhum Estado pode contar com outro para 
lhe ajudar, mesmo que essa ajuda seja apenas parcial. 
 
2.1 HANS MORGENTHAU 
 
O estudo das relações internacionais tem a publicação de Politic Among Nations 
como um divisor de períodos, pré e pós Morgenthau, pois esta obra deu consistência ao 
estudo do realismo. Neste livro, ele estabelece seis princípios básicos para lidare analisar as 
Relações Internacionais. Estes são os princípios que divergem o realismo de qualquer outro 
paradigma da teoria das Relações Internacionais. São eles: 
 1º Princípio: a política, tal como a sociedade em geral, é governada por leis 
objetivas, que refletem a natureza humana; 
 2º Princípio: todo e qualquer interesse dos atores internacionais deve ser 
traduzido em sua pretensão de alcançar mais poder para si. Para Nogueira e 
Messari, Morgenthau acredita que esse segundo princípio protege o realismo de 
duas falácias: a preocupação com as motivações e com as preferências 
ideológicas; e para ele o uso da razão caracteriza a esfera política. (NOGUEIRA E 
MESSARI, 2005, p.34); 
 3º Princípio: o conceito de interesse traduzido em poder é uma categoria objetiva 
de validade universal, ou seja, é constante na história da humanidade; 
 4º Princípio: os princípios morais universais não podem ser aplicados aos atos dos 
Estados, senão filtrados e analisados a partir das circunstâncias de tempo e lugar. 
Este princípio enfatiza a ideia da separação entre moral e ação política, isto é, a 
política é dominada pelo poder e, dessa forma, quando se analisa qual a 
influência da moral e da ética na política, percebe-se que eles geralmente são 
usados como mecanismos de justificação e legitimação do Estado; 
 5º Princípio: as aspirações morais de uma nação em particular não podem ser 
identificadas com os preceitos morais que governam o mundo. Os princípios 
morais de um Estado não podem nem devem ser considerados princípios morais 
universais, expansíveis para toda a humanidade; 
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 6º Princípio: a esfera política é autônoma, ou seja, não é subordinada a nenhuma 
outra esfera, como a econômica, política ou religiosa. A compreensão do 
universo da política internacional independe da compreensão do universo 
econômico ou do direito, porque o universo político internacional tem suas 
próprias lógicas e leis. 
Assim, a partir da análise desses princípios, pode-se concluir que, para Morgenthau, a 
política visa três objetivos: manter, aumentar ou demonstrar o poder. Sendo assim, estes 
três objetivos responsáveis pela manutenção do status quo do Estado, pela manutenção ou 
pela busca do prestígio. 
 
2.2 JOHN HERZ 
 
Contemporâneo de Morgenthau, Herz define as Relações Internacionais como leis 
gerais que regem as relações dentro de determinados grupos. Questões como supremacia, 
poder e sobrevivência caracterizam não apenas as relações entre Estados, mas também 
entre gangues urbanas ou até mesmo as relações entre animais. (NOGUEIRA E MESSARI, 
2005). 
 O grande legado de Herz para as relações internacionais foi um conceito que ele 
denominou de Dilema de Segurança. Este conceito se define como quando um Estado quer 
garantir sua segurança e termina influenciando os outros Estados a ficarem contra ele. Por 
exemplo, quando um Estado X se sente ameaçado e investe em armamentos desperta medo 
nos seus rivais, fazendo com que estes também se armem contra o Estado X. Dessa forma, 
todos os Estados acabam em uma situação pior que a inicial, mesmo que o objetivo tenha 
sido aumentar a segurança, pois gera uma tensão maior entre os Estados. 
 
3. O NEORREALISMO 
 
O realismo clássico é posto em xeque na década de 1970. Quando a crise econômica 
do petróleo pôs em dúvida o Estado como cerne das Relações Internacionais. Nesse 
contexto, Kenneth Waltz publica, em 1979, seu livro Theory of International Politics. 
Ana Luisa
Realce
Ana Luisa
Realce
Ana Luisa
Realce
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Em sua obra, Waltz prega que o realismo tem a necessidade de estabelecer bases 
mais sólidas e científicas. Por esse motivo, seu realismo também pode ser chamado de 
realismo estrutural. Ele preocupou-se em explicar o porquê da continuidade e das 
repetições, não das singularidades, utilizando um modo de pensar que se propõe a explanar 
sobre a inevitabilidade da mudança para explicar a continuidade, o que se denomina de 
teoria sistêmica. 
Waltz toma a anarquia como motivo de todas as guerras existentes no sistema 
internacional, e qualquer explicação a nível estatal, seria uma resposta reducionista, pois 
desconhecem o nível estrutural, já as que focam o sistema internacional são sistêmicas. Ele 
considera que a estrutura não é só a soma das partes que a compõe, mas sim determinada 
pela forma de como as partes se posicionam e que ela constrange, limita e orienta a ação 
dos agentes através de dois mecanismos: a socialização e a competição. 
É a estrutura que estabelece os padrões do que é ou não aceitável nas tomadas de 
decisões dos agentes. A socialização produz os padrões que vão limitando e moldando o 
comportamento esperado pelos atores e a estrutura, por meio dela, induz o Estado a evitar 
certos comportamentos. 
 Da mesma maneira que a socialização faz com que os atores adotem determinado 
comportamento, a competição também trabalha nesse sentido. Os Estados competem para 
sobreviver no cenário internacional, levando-os a se comportarem de maneira racional. 
Segundo Sarfati (2005), nas Relações Internacionais a competição leva os Estados a proceder 
racionalmente, de forma que aqueles mais bem adaptados sobrevivam no sistema 
internacional. 
As estruturas políticas internacionais, para Waltz, são determinadas por três fatores: 
pelo princípio do ordenamento, pela diferenciação funcional e pela distribuição das 
capacidades. Primeiramente, situaremos o primeiro fator dentro das estruturas domésticas. 
As estruturas domésticas são definidas como hierárquicas, porque as instituições se 
relacionam entre si, mas se submetem a um poder central. O princípio de 
ordenamento estabelece quais as regras básicas dos relacionamentos entre as 
instituições do poder, colocando atribuições exclusivas aos poderes Executivo, 
Legislativo e Judiciário, de forma que todo ordenamento interno de um Estado é 
definido em torno de “quem manda em quê”. (SARFATI, 2005, p. 147) 
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Tomando o sistema internacional como anárquico e descentralizado, é o 
“sentimento” egoísta e competitivo dos atores que faz com que o sistema seja organizado 
de modo racional. O desejo por sobrevivência é um pré-requisito para a racionalidade dos 
Estados. Sob a ótica de Sarfati (2005), as mudanças no princípio de ordenamento são apenas 
as de ordem anárquica para hierárquica, e só as desse tipo são consideradas mudanças 
estruturais. 
Do ponto de vista interno, cada instituição do Estado tem seu papel delimitado como 
há também uma ligação subordinativa entre suas partes. Já no âmbito internacional, os 
Estados podem ser tidos como unidades não diferenciadas entre si, já que todos executam 
as mesmas funções, logo, o sentido da ausência de diferenciação é dado em termos 
funcionais. 
Segundo Waltz, os Estados têm a característica de serem soberanos, decidindo por si 
só como gerenciar problemas internos e externos. Desse modo, a diferença entre os atores é 
dada por variações da capacidade de executar e gerenciar determinadas funções. Na política 
internacional, essa capacidade deve ser analisada comparativamente a outros Estados. É 
essa capacidade relativa, principalmente no que se diz respeito à segurança nacional, o 
elemento central das relações entre os Estados. 
Éimportante destacar que a anarquia internacional não equivale ao caos em termos 
domésticos. Ela se assemelha com uma economia de mercado, onde não é o Governo que 
define a variação de preços nem cria ou fecha empresas. O efeito de mercado gera uma 
competição e faz com que as empresas respondam a choques exógenos, 
independentemente do Estado. 
Por fim, Waltz estabelece seu conceito de balança de poder na teoria neorrealista. 
Não difere muito da balança definida no realismo clássico, pois seus requisitos são iguais, 
ordem anárquica e desejo de sobrevivência. Mas, contraditoriamente ao que acontece no 
realismo clássico, no neorrealismo, os Estados não se balanceiam automaticamente, pois 
eles podem exibir um comportamento de grupo (bandwagon). Quando um Estado se 
caracteriza como líder todos os outros tendem a segui-lo, pois eles podem querer estar 
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próximos aos ganhadores. Na competição pela liderança, bandwagon é um importante 
componente da formação da coalizão em torno do líder. (SARFATI, 2005) 
Enquanto o sistema permanece anárquico e quando não há uma diferença de 
unidades que cause alguma mudança estrutural, há condições do sistema internacional 
permanecer estável. A anarquia, por incrível que pareça, é sinônimo de estabilidade, e ela 
está ligada à quantidade de partes do sistema, no caso, ao número de Estados. 
Por fim, o sistema bipolar, para Waltz, é o mais estável. Um sistema multipolar 
implica em vários Estados tentando entrar em acordo e impondo suas vontades, deixando o 
sistema altamente instável (distúrbio na balança de poder). 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O objetivo deste breve ensaio foi apresentar duas importantes correntes de estudo 
das teorias de relações internacionais, que estão incorporadas ao paradigma realista. Pode-
se observar que tanto o realismo clássico quanto o neorrealismo revelam um mundo hostil, 
propenso a conflitos. 
Os realistas, de modo geral, enxergam o cenário da política internacional como um 
palco propício para conflitos, já que os Estados são livres para tomarem suas próprias 
decisões, não havendo um Governo mundial. São tidos como atores racionais, que buscam 
zelar pela segurança de tal modo a garantir a sobrevivência no sistema. Independentemente 
das razões, tanto o realismo clássico quanto o neorrealismo salientam que as relações de 
poder e a lógica da autoajuda são características fundamentais das relações entre os Estados 
em um ambiente anárquico. 
No entanto, para os neorrealistas, os Estados, ao se comportarem de forma racional, 
devem levar em consideração o comportamento dos outros Estados. Desse modo, a forma 
como os Estados se relacionam influencia no comportamento de cada membro do sistema 
internacional. 
Assim, a grande diferença entre as duas vertentes do paradigma realista, está no 
nível de análise. O realismo clássico atribui os resultados das relações internacionais ao 
comportamento de cada Estado, de forma individual, enquanto o neorrealismo atribui esses 
resultados a toda estrutura do sistema, não só ao Estado. 
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
MORGENTHAU, H.J. A Política Entre As Nações: A Luta Pelo Poder e Pela Paz. Editora da 
Universidade de Brasília. Brasília. 2003. 
NOGUEIRA, João Pontes; MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais – Correntes e 
Debates. Elsevier. Rio de Janeiro. 2005. 
SARFATI, Gilberto. Teoria de Relações Internacionais. Editora Saraiva. São Paulo. 2005. 
WALTZ, Kenneth. Teoria das Relações Internacionais. Gradiva Publicações. Lisboa. 2002.

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