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ÉTICA NAS EPIDEMIAS aula 9

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ÉTICA NAS EPIDEMIAS
E
CATÁSTROFES
Alguns conceitos
Epidemia: período de incidência elevada de uma doença, acometendo, simultaneamente, um grande número de pessoas.
Pandemia: epidemia que atinge grandes populações, determinadas pelas condições facilitadas de propagação de um agente no ambiente.
Catástrofes: evento fatídico que altera a ordem regular das coisas, afetando na maioria das vezes, grande número de pessoas. O conceito de catástrofe está associado ao de desastre. Trata-se de fenômenos que afetam negativamente a vida e que, por vezes, causam mudanças permanentes na sociedade ou no Ambiente. Podem ser naturais ou provocadas.
Reflexões
Para que possamos discorrer sobre a ética no enfrentamento de grandes epidemias e catástrofes necessitamos recordar as diversas situações que ameaçaram a preservação da raça sobre o planeta.
Em aspectos que seriam relacionados exclusivamente às atividades humanas, em situações que poderiam ter sido evitadas ou mesmo abrandadas, estão incluídas as grandes epidemias, os desequilíbrios no meio ambiente causados pelos desastres ecológicos e suas consequências.
GRANDES CATÁSTROFES DA HISTÓRIA
LIGADAS À DOENÇAS
EVENTO
ÉPOCA
NUMERO DE MORTOS
PESTE NEGRA
1347 - 1351
75 MILHÕES
GRIPE ESPANHOLA
1918 - 1919
40 MILHÕES
FOME NA CHINA
1876 - 1878
13 MILHÕES
FOME NA CHINA
1333 - 1347
9 MILHÕES
FOME NA INDIA
1896 - 1901
8 MILHÕES
FOME NA UCRÂNIA
1932 - 1933
7 MILHÕES
VARÍOLA NO MÉXICO
1520 - 1521
4 MILHÕES
EPIDEMIA DE AIDS
SÉCULO XX
20 MILHÕES
Outras epidemias e catástrofes
I e II GUERRAS MUNDIAIS
Malária
Tsunami no Oceano Índico
Terremoto no Haiti
Dengue
ALGUNS EXEMPLOS
E CONSEQUÊNCIAS
Migração forçada, civis como alvo de militares…
Crescente violência regional
Alterações do meio ambiente
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Alguns exemplos...
 AIDS - trouxe controvérsias em relação aos estudos de pesquisa “duplo standard” efetuadas em países periféricos com vulnerabilidade social.
 O poder das indústrias farmacêuticas voltado às pesquisas de novos medicamentos pode estar negligenciando as necessidades epidemiológicas de países mais pobres, geralmente onde é grande a incidência de doenças tropicais. 
Reflexões
As principais catástrofes ambientais surgiram pela mão do homem e como cita Shaw, George Bernard (apud SPIGNESI, 2004, Pag. 211): “Na arte da vida, o homem nada inventa; mas na arte da morte ele supera a própria natureza e consegue produzir com as máquinas e a química toda a carnificina da praga, da pestilência e da fome”.
Reflexões
Diversos documentos internacionais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e nossa própria Constituição de 1988, determinam garantias individuais e coletivas. 
Os direitos individuais incluem a vida, a privacidade, a liberdade e a não-discriminação, entre outros. 
Estes direitos individuais podem ser suplantados pelos direitos coletivos. 
Reflexões
Assim, para garantir a saúde de uma população em risco, entendida como um bem maior, é lícito que algumas pessoas sejam mantidas em regime de quarentena, que estabelece uma clara restrição à sua liberdade (e consequentemente uma quebra de seus direitos individuais). 
A comunicação compulsória das informações de pacientes acometidos pela doença às autoridades sanitárias também se torna necessária e não caracteriza uma quebra de privacidade, pois seu objetivo exclusivo é o controle epidemiológico. 
Eticamente...
A Bioética é de fundamental importância no enfrentamento das catástrofes e epidemias, seja no campo da macrobioética, onde se avalia a preocupação com a preservação do meio ambiente, combate à fome e produção de medicamentos e vacinas, como também na estratégia de atendimento às vítimas em que tange aos tópicos relacionados a distanásia e a ortotanásia.
Eticamente...
O meio ambiente equilibrado e sadio, assim como a necessidade de desenvolver mecanismos que visem o bem-estar e a saúde da população, envidando esforços no sentido do progresso científico para a produção de vacinas e alimentos passam pelo crivo da Bioética.
Eticamente...
Envolve:
Prevenção: vacinas, contenções, outras
Vigilância: animais, níveis de água, etc, com avaliações constantes
Atendimento: Gestão das catástrofes 
Recuperação: recursos humanos e materiais
Pesquisa: vai abranger todas as etapas acima, principalmente vulnerabilidade e risco das avaliações.
O PROFISSIONAL
A atuação
Compreender a ansiedade e o pânico que normalmente acompanham a população envolvida em situações de epidemia. 
Saber que a melhor forma de tranquilizar estas pessoas é através de esclarecimentos e divulgação de informações claras, objetivas e em uma linguagem acessível ao público leigo. 
Reflexões... 
O processo de tomada de decisão em situação de carência de recursos nunca é uma tarefa fácil, podendo gerar inúmeras situações de posicionamentos frontalmente contrários. 
O importante é lembrar que a simplificação do processo pode torná-lo menos justo, enquanto que o reconhecimento da sua complexidade pode garantir esta característica fundamental de adequação ética.
 Necessidades 
 das vítimas
Serviços
disponíveis
Reflexões...
Outro importante aspecto ético a ser considerado é o da alocação de recursos de saúde, que sempre se tornam escassos em relação à demanda nestas condições: instalações sanitárias, equipamentos, medicamentos, recursos humanos especializados, precisam ter seus critérios de distribuição e priorização claramente definidos. 
 
Reflexões...
Torna-se indispensável a conjugação entre critérios individuais e coletivos, 
Critérios de priorização
Igualdade de Acesso: Este critério pode ser compreendido de diferentes modos. Edmond Cahn propõe que se nem todas as pessoas que necessitam de tratamento podem ter acesso a ele. Utiliza o argumento de que ninguém pode salvar-se à custa da vida dos outros. Este critério é denominado como sendo a igualdade de acesso real. Já James Childress, afirma que a melhor forma de atingir-se a igualdade é através das escolhas aleatórias, através de sorteios ou de filas de espera. Esta posição caracteriza a igualdade de acesso provável.
Benefício Provável: Fundamentado em dados estatísticos, este critério considera a probabilidade que cada indivíduo em particular ou um grupo de indivíduos tem em se beneficiar do recurso que está sendo disputado. 
Critérios de priorização
Efetividade: O critério orientado para o futuro, a efetividade prega que os recursos escassos devem ser alocados para aqueles pacientes que possam fazer o melhor uso para si ou para os outros, especialmente a sociedade, como, por exemplo, a priorização a agentes de saúde e demais profissionais de serviços essenciais.
 Merecimento: O critério do merecimento é voltado para o passado. Os recursos escassos devem ser alocados para aqueles pacientes que mereçam recebê-los, com base em ações, registros e eventos que já ocorreram.
Necessidade: O critério da necessidade relaciona-se às condições atuais do paciente. Este critério estabelece a prioridade aos que estão em estado de saúde mais grave, mesmo sabendo que os custos serão altos e os efeitos da intervenção médica terão pouca repercussão. 
Mitos e realidades 
sobre as catástrofes
Mito: Voluntários médicos estrangeiros, com qualquer tipo de experiência médica, são necessários. 
Realidade : 
A população local quase sempre fornece as necessidades imediatas para se salvar vidas. 
Somente os conhecimentos que não estão disponíveis no país atingido são necessários.
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2) Mito: Todo tipo de assistência é necessária, e de forma imediata!
Realidade: 
Uma resposta imediata que não é baseada numa avaliação imparcial contribui apenas para o caos.
Bens não solicitados são inapropriados, onerosos, desviam recursos escassos e, geralmente, vêm queimados e sem uma separação prévia.
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3) Mito: Epidemias e pragas são inevitáveis depois de toda catástrofe.
Realidade: 
As epidemias raramente ocorrem após uma catástrofe
Cadáveres não levam a um surto catastrófico de doenças
exóticas
A retomada apropriada dos serviços públicos de saúde asseguram a segurança pública
- Imunizações, saneamento, trituradores de lixo, qualidade da água e segurança alimentar
Observação: Desastres criminosos ou terroristas requerem considerações especiais
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4) Mito: As catástrofes salientam o que há de pior no comportamento humano.
Realidade: 
Se, por um lado, existem casos isolados de comportamento anti social, por outro, a maioria das pessoas respondem de forma espontânea e generosa
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5) Mito: A comunidade está por demais chocada e incapaz
Realidade: 
Muitos encontram novas forças
A dedicação inter-cultural para um bem comum é a resposta mais comum para as catástrofes naturais
Milhares se voluntariaram para resgatarem estranhos e vasculharem os escombros após os terremotos na Cidade do México, na Califórnia e na Turquia
A maioria dos salvamentos, primeiros socorros e transportes provém de outras casualidades e espectadores
 
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Questionamento
Por que, nesse tema abordado, nem sempre as boas intensões são suficientes?

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