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INTRODUÇÃO À SAÚDE PÚBLICA

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MÓDULO 5 
 
INTRODUÇÃO À SAÚDE PÚBLICA 
1. CONCEITOS DE SAÚDE –DOENÇA, DE SAÚDE PÚBLICA, DE SAÚDE 
COLETIVA E BASES ‘HISTÓRICAS DA SAÚDE NO MUNDO E NO BRASIL. 
 
2. CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE SAÚDE. CONCEITOS DE SAÚDE. 
 
3. REDE DE MEGA-PAÍSES 
 
4. CONFERÊNCIAS NACIONAIS DE SAÚDE. 
1. CONCEITOS DE SAÚDE-DOENÇA, DE SAÚDE PÚBLICA, DE SAÚDE 
COLETIVA E BASES HISTÓRICAS DA SAÚDE NO MUNDO E NO BRASIL 
No decorrer da história da saúde, no mundo e no Brasil, o conceito saúde-
doença foi se alterando à medida que novos conhecimentos foram sendo 
incorporados à prática médica e direcionando as políticas públicas de saúde. 
1.1. Conceitos de saúde-doença, de saúde pública, de saúde coletiva. 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm) 
permitiu a democratização da saúde ao criar, regulamentar e normatizar o 
Sistema Único de Saúde-SUS, por meio da Lei 8.080, de 19/09/1990 
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm) e da Lei 8192, de 
28/12/1990 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm) 
De acordo com o Art.196 da CF, o Estado assume sua responsabilidade 
pelas questões da saúde do país. ―Art. 196. A saúde é direito de todos e dever 
do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à 
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.‖. 
Porém, algumas premissas precisam ser (re)discutidas constantemente, 
pois vivemos numa sociedade dinâmica que requer constante renovação do 
olhar sobre o processo saúde-doença. 
Até recentemente saúde era considerada como ausência de doença. 
Atualmente o processo saúde-doença incorporou a importância da 
multicausalidade na sua conceituação, ou seja, consideram-se múltiplos os 
aspectos causais da doença e da manutenção da saúde. Incluem-se, dentre 
esses, fatores sociais, biológicos e psicológicos, que impactam, de várias 
formas, na vida do indivíduo e da sociedade. Para a Organização Mundial de 
Saúde-OMS, embora ultrapassado, o conceito de saúde é o de completo bem 
estar físico, mental e social (SEGRE; FERRAZ,1997), o que implica no direito 
à moradia, alimentação, proteção, trabalho, renda, lazer, saneamento básico, 
transporte, moradia, educação, saúde. Nesse sentido, o Estado tem a 
obrigação de proporcionar a acessibilidade a esses serviços, além de garantir 
sua qualidade, pois, historicamente, o adoecimento está vinculado a questões 
sócio-econômicas. Nesse contexto, o papel do governo torna-se imprescindível 
na manutenção da saúde da população brasileira, por meio de medidas que 
promovam a saúde, tratem da doença e da reabilitação dos indivíduos para que 
sejam úteis a si mesmos e ao meio social em que vivem, contribuindo e se 
envolvendo com as ações desenvolvidas pela saúde pública e coletiva. 
A saúde pública visa à proteção dos indivíduos a partir da promoção de 
estilos de vida saudáveis, da educação e sensibilização, entre outros fatores 
para manutenção da adequada qualidade de vida, garantida por meio de 
políticas de Estado e de investimentos nos campos da ciência para os cuidados 
voltados aos indivíduos, em ações de promoção, prevenção, assistência e 
reabilitação, relativas ao pronto atendimento, e para a população, no geral, por 
meio de ações voltadas à coletividade, como as campanhas de vacinação, 
controle de doenças, educação em saúde. A coletiva pode ser considerada 
como produto das relações sócio-econômicas, baseando-se na determinação 
social do processo saúde-doença, numa abrangência interdisciplinar, enquanto 
a que a saúde pública baseia-se nas relações causais do processo saúde–
doença. (CAMPOS, 2000) 
O termo saúde pública deve ser compreendido como a busca de resolução 
das necessidades de saúde da população, investigando riscos à saúde e seus 
determinantes, para o estabelecimento de prioridades a partir das quais se 
possa planejar e desenvolver programas e planos adequados à resolução das 
necessidades, além da gerência de recursos, garantindo maior cobertura 
populacional. Portanto,.o termo saúde pública não deve ser confundido com o 
conceito de saúde coletiva que tem maior amplitude. 
 
1.2 – Bases históricas 
As bases históricas do processo saúde-doença ajudam a compreender seu 
desenvolvimento e seu atual estágio, conforme pode ser verificado nos fatos que 
seguem. 
1.2.1-História da saúde da humanidade 
Remontando ao passado da humanidade, presume-se que, na fase nômade, 
os acampamentos eram temporários, em pequenos grupos, e a cura de alguns dos 
possíveis transtornos de saúde decorria da própria resistência da pessoa, ao 
conhecimento sobre benefícios da própria natureza, como as ervas e as folhas, e às 
crenças místicas.(UJVARI, 2008; ALBUQUERQUE, s/d). 
Há cerca de aproximadamente 10 mil anos, o humano domestica as 
plantas e os animais passando a ser gregário, o que levou a um aumento das 
aglomerações e a uma convivência, provavelmente em ambientes sem 
adequada higiene, no geral, e na manipulação dos alimentos. Esse cenário é 
propício à incidência de doenças transmissíveis, em uma época na qual não 
havia meios de cura, a não ser aquelas vindas pelas observações e 
consequentes práticas empíricas. 
Na Antiguidade Clássica, podem-se destacar as civilizações que hoje 
compõem a região do Egito, Mesopotâmia, Índia e China. Eram os sacerdotes 
que cuidavam das doenças, fazendo a intermediação entre as divindades e os 
doentes, e as primeiras escolas que ensinavam a arte de tratar os dentes 
surgiram no atual Egito. 
Nessas escolas, cerca de 3.180 a.C., o conhecimento empírico era 
complementado com o religioso, que tinha nas divindades os intercessores 
responsáveis pela cura das doenças, assim cada órgão era regido por um 
deus. Acreditava-se que o coração era o centro do sistema circulatório e que a 
função vital do corpo humano era mantida pela respiração e circulação de 
sangue. 
A varíola já em 3.000 a.C. era conhecida no Oriente e na África 
Doenças pestilenciais, como a varíola e a peste bubônica, foram 
registradas em Roma, cerca de 565 a.C., possivelmente por constituir-se como 
cidade com aglomerações e atividades comerciais crescentes, sem que esse 
crescimento fosse acompanhado de melhoria nas condições sanitárias. 
Na atual Europa, entre os séculos VII e XII, a lepra foi um flagelo que 
castigou até cerca de 5% de sua população. Quase nada se podia fazer em 
benefício dos doentes, além de afastá-los das comunidades. 
Na Idade Média, os problemas de saúde pública decorriam da 
precariedade das condições sanitárias, pois dejetos se acumulavam nos fossos 
dos castelos, ao lado das habitações, nas ruas e nas cidades, contribuindo 
para o surgimento de grande quantidade de insetos e pequenos animais 
transmissores de doenças. As imediações das igrejas eram o ponto onde os 
mortos eram enterrados, até o final do século XVIII, só posteriormente foram 
instituídos os cemitérios, em pontos mais afastados da cidade. 
Durante a Idade Média, essas condições propiciaram a expansão e 
surtos de varíola, sífilis, cólera e peste bubônica conhecida como ―peste negra,‖ 
que entre 1.347 e 1352, e 1362 e 1363, foi responsável pela morte de 
aproximadamente 25 milhões de pessoas, sendo recorrente aproximadamente 
a cada 10 anos, até o século XVIII. 
No século XV as grandes navegações levaram os europeus à conquista 
do continente americano e à dizimação de 95% da população local em virtude 
da força e das doenças que eles trouxeram, principalmente a varíola. 
No século XVIII, as cidades abrigavam contingentes humanos cada vez 
maiores, aumentando a produção de lixo e excrementos que eram deixados 
nas ruas e que, posteriormente, com a implementação de redes de esgotos nos 
bairrosmais abastados, eram levados para os rios, poluindo-os e provocando 
surtos de cólera, também consequência dos sistemas de fossas mal cuidadas. 
A busca pelas respostas às inquietações humanas foi aumentando ao 
longo dos séculos, assim como a compreensão sobre o processo saúde-
doença, e, no século XIX, o conhecimento sobre a anatomia e a fisiologia 
humana contribuiu para a descoberta de vários agentes etiológicos causadores 
de doenças transmissíveis e a forma de imunização das pessoas contra eles. 
Nessa época a preocupação com a saúde era voltada para a cura das 
doenças. 
A Inglaterra contava com dois milhões e quinhentos mil habitantes em 
1850, quando promoveu uma reforma sanitária, criando sistemas de limpeza da 
cidade que visavam à retirada de restos de fezes; de animais mortos e mesmo 
de humanos que eram deixados nas ruas ou nos pântanos; de lixo orgânico 
para compostagem e posterior adubação; limpeza de fossas e varredores de 
ruas, entre outras medidas. Também fez parte dessa reforma, a captação dos 
dejetos humanos, da camada mais favorecida da população, por meio da 
implantação das bacias sanitárias que os despejavam na rede de captação de 
esgotos, causando grandes transtornos para a saúde da população e 
surgimento de grandes epidemias de cólera, endêmica na Índia e sudeste da 
Ásia. A cólera foi estudada por John Snow,em 1854, em Londres levando-o a 
descobrir o seu modo de transmissão. (MARQUES FILHO, 2012) 
Fatores como condições precárias de saúde, trabalho, moradia, 
desnutrição contribuíram para a baixa expectativa de vida da população, que 
girava, dependendo da classe social, em torno dos 30 e 45 anos. 
As doenças pestilenciais como sarampo, cólera, febre tifoide, sífilis 
castigavam a Europa e demais países a ela interligados, do século XV até o 
século XIX , além da febre amarela, cujos registros datam de 541 e 549, a qual 
atingiu o Império Bizantino, e no século XVI foi levada às colônias 
conquistadas pelo europeu. 
A falta de conhecimento sobre a existência de microrganismos 
causadores de doenças transmissíveis levou ao desenvolvimento da teoria dos 
miasmas, que considerava os ares podres evaporados de água suja 
responsáveis pelas doenças. 
A luta de pesquisadores como Louis Pasteur, Robert Kóch, entre outros, 
contribuiu para a compreensão de que a doenças transmissíveis são causadas 
por microrganismos vivos, gerando novas formas de ataque à doença e a visão 
biologicista da doença. 
No século XX, desenvolveu-se a teoria de multicausalidade, que 
considerava a causa da doença não só microrganismos vivos, mas também a 
inter-relação de agente, hospedeiro e meio ambiente, embora ainda não se 
enfatizasse o meio socioeconômico e cultural no processo saúde-doença. Esse século 
foi assolado por pandemias como a da gripe espanhola, em 1918, considerada a maior 
epidemia da humanidade, a gripe asiática, em 1957, a gripe de Hong Kong em 1968, 
Aids a partir da década de 1980, malária, dengue ,ebola. 
No século XXI, assiste-se ao surgimento da gripe aviária, a Síndrome Aguda 
Respiratória (Sars)-H5N1, em 2003, e a gripe suína, em 2009, além do aumento de 
doenças transmissíveis como a tuberculose, por exemplo. 
A necessidade de controle sobre a ocorrência de doenças culminou na 
criação da Organização Mundial da Saúde, em 1948, que deu grande 
contribuição para a diminuição das doenças transmissíveis no mundo, por meio 
de orientações e cumprimentos de metas voltadas ao aprimoramento da saúde 
pública. 
Em relação ao Brasil, uma retomada histórica da saúde e da saúde 
pública ajudará a compreender a situação atual. 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso 
em 20/04/2014. 
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19/09/1990. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em 20/04/2014. 
BRASIL. Lei 8.142, de 28/12/1990. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm. Acesso em: 20/04/2014. 
SEGRE, Marco; FERRAZ, Flávio Carvalho. O conceito de saúde. Rev. Saúde 
Pública vol. 31 no. 5 São Paulo Oct. 1997. Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-
89101997000600016&script=sci_arttext. Acesso em: 20/04/2014. 
CAMPOS, Gastão Wagner de. Sousa. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo 
de saberes e práticas. Ciênc. saúde coletiva vol.5 no.2 Rio de Janeiro 2000. Disponível 
em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
81232000000200002&script=sci_arttext. Acesso em: 20/04/2014. 
ALBUQUERQUE, Carlos Manuel de Sousa Albuquerque; OLIVEIRA,Cristina Paula 
Ferreira. Saúde e Doença: Significações e Perspectivas em Mudança 
(http://www.ipv.pt/millenium/millenium25/25_27.htm) 
UJVARI, Stefan Cunha. A História da Humanidade Contada pelos Vírus. São Paulo: 
Editora Contexto, 2008. 
MARQUES FILHO, José. CREMSP-Conselho Regional de Medicina de São 
Paulo. História da Medicina, pg.28. Revista Ser Médico. Edição 60 - 
Julho/Agosto/Setembro de 
2012.(http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=623) 
 
1.2.2. A história da saúde e da saúde pública no Brasil. 
 
Para que se possa compreender como as políticas de saúde se 
desenvolvem, hoje, é preciso que se pondere sobre as condições que as 
estruturaram ao longo do tempo com seus vínculos político-sociais e 
econômicos. É importante destacar que os aspectos econômicos sempre foram 
centrais, em detrimento das políticas de saúde, fato que contribuiu para que os 
grandes problemas de saúde no país careçam, até hoje, de soluções 
adequadas que requerem maiores investimentos no setor, por parte das 
diferentes instâncias governamentais. 
 
Um olhar histórico sobre as questões de saúde pode ajudar a 
compreendê-las. 
 
1.2.2.1- Os períodos históricos. 
As questões de saúde no Brasil serão aqui contempladas do período de 
1500 até os dias atuais. 
 
Brasil colônia, de 1500 até o Reinado 
 
No início do século XVI, os navegantes que por aqui passavam levavam 
a ideia de que a região era muito bonita, rica em alimentos, entre outros 
atributos. Tal noção, no século XVII, foi substituída por uma realidade bem 
diferente, constituída por conflitos com os índios, doenças que vieram com os 
colonizadores, falta de recursos para tratá-las, enfim, falta de tudo que pudesse 
dar melhores condições de vida para a população que passou a residir aqui 
(BERTOLLI FILHO, 2011). 
O Brasil foi um país colonizado, basicamente, por degredados e 
aventureiros, desde o descobrimento até a instalação do império, não dispondo 
de modelo de atenção à saúde da população. Os problemas de saúde eram, 
em sua grande maioria, tratados com os recursos existentes, como ervas e 
plantas, por quem tivesse conhecimentos empíricos, como os curandeiros, 
curiosos, religiosos, entre outros. 
 
Durante o Brasil colonial, no período de 1500 a 1822, desde o início, no 
século XVI, os primeiros navegantes que aqui chegaram, tinham a impressão 
de uma natureza exuberante, rica e com nativos saudáveis. Porém, com o 
aumento crescente da relação entre império e colônia, as doenças que 
acometiam a população europeia foram introduzidas na Brasil, fazendo com 
que a visão paradisíaca fosse substituída pela realidade que impôs um quadro 
de pobreza, sujeira e peste, impactando negativamente na expectativa de vida 
da população. (BERTOLLI FILHO, 2011) 
No decorrer do século XVI, algumas medidas relativas à saúde foram 
tomadas, como a criação do Regimento do Físico Mor e do Cirurgião-mor do 
Reino, que instituíram os Comissários-delegados nas províncias e no Brasil, 
embora esses quadros tenham demorado em serem preenchidos. Isso visava 
controlar a qualidade dos alimentos. No século XVIII continua a figura do 
Físico-Mor, até1744, reformada e instituída a Junta de protomedicato que tinha 
as atribuições semelhantes do Físico–Mor, mas que intensificou tal 
fiscalização. (MS, 2014) 
Em 1543 foi criada a primeira Santa Casa de Misericórdia, no Brasil, na 
vila de Santos, e, no mesmo ano, também foram criadas as Santas Casas de 
Misericórdia na Bahia, Espírito Santos, São Paulo e Rio de Janeiro que 
funcionavam por doações e pelo setor público. (BERTOLLI FILHO, 2011) 
As doenças mais recorrentes eram a varíola, febre amarela, tuberculose 
e malária, que se disseminavam com facilidade, pois não havia saneamento 
básico, cuidados com limpeza das casas e dos espaços públicos, tampouco 
médicos que aqui se aventurassem em virtude dos baixos salários e da fama 
do país lá fora. Entendia-se que as doenças eram causadas pelos miasmas 
mórbidos, que contaminavam o meio ambiente por meio da putrefação de 
restos de animais e de vegetais jogados a céu aberto. 
Dessa forma, as doenças eram tratadas por médicos estrangeiros, para 
aqueles que pudessem pagar, e por boticários, parteiras, barbeiros, 
curandeiros, padres, enfim, por quem tivesse algum conhecimento empírico 
sobre as doenças e os métodos de cura disponíveis, além da assistência 
filantrópica prestada aos indigentes pelas Santas Casas de Misericórdia. Os 
tratamentos eram à base de purgantes e sangrias, que acabavam por piorar o 
quadro dos doentes. (BERTOLLI FILHO, 2011) 
Os boticários tornaram-se a figura mais próxima de um médico. 
Manipulavam fórmulas prescritas pelos médicos, porém muitas vezes eles 
mesmos as prescreviam. Para obter registro tinham que aprender a função 
junto a uma botica e prestar exame junto à Fisicatura para que, se aprovado, 
fosse habilitado e pudesse ter sua própria botica. 
Esse quadro de precariedade permanece até a vinda da família real ao 
Brasil, que ocorreu em 1808, cujas primeiras medidas, com relação à saúde, 
foram a criação, na Bahia, do Colégio Médico - Cirúrgico no Real Hospital 
Militar da Cidade de Salvador (Academia Médico Cirúrgica da Bahia, fundada 
em 1815) e, no mês de novembro do mesmo ano, a Escola de Cirurgia do Rio 
de Janeiro (Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, fundada em1813), 
anexa ao Real Hospital Militar. Foi criada a Imperial Academia de Medicina, no 
Rio de Janeiro, em 1829. A cidade do Rio de Janeiro passou a ser sede do 
império português, e, portanto, foco de ações que visavam ao seu 
desenvolvimento, bem como promover uma melhoria na imagem do país, como 
intencionava o imperador D. João VI. Era necessário dar suporte à nova 
estrutura de poder que se fixou na cidade do Rio de Janeiro. (BERTOLLI 
FILHO, 2011) 
Em 1808, D. João VI criou a primeira organização de saúde pública no 
Brasil. O cargo de Provedor-Mor da Saúde da Corte e do Estado do Brasil foi 
criado em 27/01/1808, que pode ser considerado precursor do Serviço de 
Saúde dos Portos, e o alvará sobre o regimento e jurisdição do Físico-Mor e 
Cirurgião-Mor foi expedido em 23/11/1808. (MS, 2014) 
Em 1822, D. João VI volta para Portugal, D.Pedro I decreta a 
independência do Brasil, e em 30/08/1828, estabelece a Municipalização dos 
Serviços de Saúde e Juntas Municipais com o papel de dar continuidade às 
funções que foram do Físico-Mor, Cirurgião-Mor e seus delegados. Cria, 
também, a Inspeção de Saúde Pública do Porto do Rio de Janeiro, vinculada 
ao Senado da Câmara, que instituiu a quarentena para as embarcações que 
carregavam indivíduos suspeitos de estarem com alguma doença. (BERTOLLI 
FILHO, 2011) 
A vacinação contra a varíola torna-se um meio compulsório de 
imunização, em 1837 (MS, 2014). E, em 1846, houve a organização do Instituto 
Vacínico do Império, pelo Decreto 464, de 17/08/1846 (MS, 2014) que 
disponibilizava vacinas contra a varíola, criadas pelo médico inglês Edward 
Jenner, em 1796, por meio de pus de bovinos infectados pelo vírus causador 
da varíola. 
Portanto, de 1808 até 1850, desenvolvia-se a saúde pública por meio 
das juntas municipais que focavam o controle de navios e o controle sanitário 
dos portos e vias de circulação das mercadorias. Na década de 1850, no Rio 
de Janeiro algumas medidas foram propostas, que obrigava o asseio local e o 
controle da entrada e saída de hóspedes nas estalagens, por meio de medidas 
como o depósito de lixo, dejetos humanos e águas sujas em vasilhames que 
seriam fornecidos e recolhidos diariamente, em vez de enterrá-los nos quintais. 
Essa, que seria uma medida adequada, não foi aprovada pela Câmara 
Municipal. (PORTAL DA SAÚDE-MS, 2014) 
Para evitar a febre amarela, propôs-se, também, jogar água nas ruas 
para evitar que os miasmas se desprendessem do solo e envenenassem o ar, 
porém as poças d’água funcionavam como criadouros de mosquitos; tiros de 
canhão para esparramar o ar e os miasmas; queima de alcatrão, em locais 
públicos, para purificar o ar; proibição de calçamento para não revolver o solo e 
expor os miasmas. Como se pode verificar, essas medidas agravavam o 
quadro de saúde da população. 
Visando limitar a propagação da febre amarela, a Igreja propôs algumas 
ações para conter o ―anjo da morte‖ enviado por Deus à cidade do Rio de 
Janeiro, que pecava ao promover festas, bailes e espetáculos. Dentre as 
ações, havia as procissões, reforma e construção de igrejas para combater a 
ira divina com relação à febre amarela. 
Cabia aos pesquisadores estabelecer o modo de transmissão das 
epidemias, que se resumia na teoria do contágio de pessoa a pessoa por 
contato físico, toque ao objeto contaminado pelo doente, respiração do mesmo 
ar e por infecção pelos miasmas. Algumas medidas foram propostas, como a 
quarentena de navios, controle dos portos, criação de hospitais fora do centro 
das cidades, visando ao isolamento do doente. Uso de charutos, pois ao 
acender o fósforo o enxofre exalado destruiria os miasmas e o fumante cuspiria 
a bílis. Hidropatia, que prescrevia tomar um copo de água a cada 10 minutos, 
uma jarra a cada 2 horas, friccionar água pelo corpo e mantê-lo úmido com 
água fria.(BERTOLLI FILHO, 2011) 
Mesmo assim as condições sanitárias das cidades eram negligenciadas 
pelas autoridades médicas e prevalecia a sujeira, águas estagnadas e 
imundas, dejetos humanos e de animais pelas ruas, praias sujas, pois estas 
eram depósitos de lixo urbano. 
Entre 1849 e 1850, apesar da preocupação com a insalubridade urbana, 
ocorre, no Rio de Janeiro, cidade que contava com cerca de 266 mil habitantes, 
um surto de febre amarela, que, por dados oficiais, provocou a morte de 4.169 
pessoas, embora estimadas cerca de 10 a 15 mil pessoas mortas. A doença 
reaparece em 1868 e novos surtos acontecem em 1873, com 
aproximadamente 3.659 mortes, e, em 186, 3.476 mortes. (BENCHIMOL, 2010) 
Na época verificou-se que a febre amarela acometia os africanos de 
forma benigna e era mais grave na população branca, daí o senso comum 
inferir que essa população pagava pelo pecado de escravizar os negros que 
eram vitimas de maus-tratos, fato esse que prejudicava a ideia de 
embranquecimento da população brasileira para melhorar a raça que teria sido 
inferiorizada pela miscigenação com os africanos. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
Entre o início do século XIX e início do século XX, o Rio de Janeiro e as 
principais cidades brasileiras eram palco de epidemias de varíola, febre 
amarela, peste bubônica, febre tifoide e cólera, que exterminaram milhares de 
pessoas. Apesar da construção de rede de esgotos, para a classe mais 
favorecida, esses eram problemáticos, pois vazavam fezes pela cidade. Os 
cortiços aumentavam e, em 1855, houve um surto de cólera, demonstrando 
que as condições sanitárias da cidade do Rio de Janeiro continuavam 
péssimas. As doenças que acometiam mais a classe pobre e os mestiços, 
como a tuberculose e a varíola, eram negligenciadas, e os recursos existentes 
visavam ao controle da febre amarela. (BENCHIMOL, 2010)A República Velha ou Primeira República, de 1889 a 1930 
 
Após o término da Monarquia, teve início o sistema republicano, no 
Brasil, a partir de 1889, e que, desde esse ano até 1930 foi chamado de 
Primeira República. Seu início se deu após a abolição da escravidão em 1888, 
e a substituição dessa mão de obra pela assalariada, composta por europeus. 
Na época, a ocorrência de epidemias era constante e dizimava um número 
considerável de pessoas, este fato inibia a vinda de imigrantes, considerados 
necessários à economia nacional, o que obrigou o governo a intervir, visando 
melhorar as condições de saúde da população, que no período de 1890 a 1900 
foi assolada por doenças pestilenciais como a varíola, a febre amarela, a febre 
tifoide, a peste bubônica e a cólera. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
Em 1892, foi criado o Serviço Sanitário Paulista de foco higienista na 
cidade de São Paulo e na de Santos, que tinha, também, a função de 
fiscalização e notificação das doenças transmissíveis, além de proibir as 
práticas de cura pela crença e senso comum, normalmente de atendimento aos 
mais pobres. No mesmo ano foram criados laboratórios voltados à confecção 
de vacinas, a pesquisas bacteriológicas e a análises clínicas que deram origem 
ao Instituto Butantã e Instituto Adolfo Lutz. Em 1903, é inaugurado o Instituto 
Pasteur. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
Em 1899 foi criado o Instituto Soroterápico de Manguinhos com o 
objetivo de produzir vacinas e soros. Nele trabalharam Carlos Chagas, 
Oswaldo Cruz, entre outros importantes pesquisadores, tornando-se Instituto 
Oswaldo Cruz, em 1908, sendo, até os dias atuais, um dos principais centros 
de pesquisa brasileiros. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
Em 1902, Emílio Ribas se deixa picar pelo mosquito Aedes aegypti e 
contrai a febre amarela, confirmando a hipótese da transmissão da doença por 
meio de um agente vivo, acabando com a ideia de a doença ser provocada por 
miasmas mórbidos. 
A partir de então criou e melhorou programas de saúde pública. Esses 
programas contaram com a contribuição de Oswaldo Cruz, que dirigiu a 
Diretoria Geral de Saúde Pública e instituiu a higiene e saúde no Brasil, bem 
como adotou o modelo das campanhas sanitárias para combate às epidemias 
urbanas e endemias rurais. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
As primeiras campanhas sanitárias tinham modelos repressivos de 
intervenção médica, o que levava a população a ter medo e não ter confiança 
nesse processo. A polícia tinha o papel de agir, mesmo que fosse com 
violência, na retirada das pessoas de suas residências para saneamento do 
meio ambiente por meio da interdição, desinfecção e derrubada das 
residências nos bairros pobres. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
 
Essas atitudes contribuíram para a revolta contra a obrigatoriedade da 
vacina contra a varíola, em 31 de outubro de 1904, e que foi reprimida à custa 
de considerável quantidade de perda de vida dos revoltosos, desgastes ao 
governo e a Oswaldo Cruz, levando-os a torná-la, posteriormente, opcional aos 
cidadãos. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
No início do século XX, predominava a ideia da eugenia, segundo a qual 
era preciso melhorar a raça brasileira, enfraquecida pela mistura entre brancos, 
negros e índios, o que seria possível com a introdução dos imigrantes brancos 
europeus. Em contrapartida havia, também, aqueles que entendiam serem 
necessárias medidas de saúde pública para reverter o quadro da doente e 
improdutiva população brasileira. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
Houve um desenvolvimento da assistência médica individual, sendo as 
classes dominantes atendidas pelos profissionais legais da medicina ―médicos 
de família‖, e o restante da população por filantropia em hospitais mantidos 
pela Igreja, ou por meio da medicina caseira. 
O Estado vai se modificando e estruturando a sociedade brasileira, 
dispensando maior atenção às questões do trabalho e aos movimentos do 
operariado e sindicatos, criando as primeiras legislações brasileiras nessas 
áreas. O modelo previdenciário dos anos 20 considerava a assistência médica 
como atribuição fundamental do sistema, com organização de serviços próprios 
de saúde que eram muito onerosos. 
Durante a República Velha, as leis trabalhistas existentes não garantiam 
assistência médica e indenizações decorrentes de acidentes do trabalho, 
sendo os trabalhadores assistidos gratuitamente por hospitais filantrópicos. 
O excedente do capital decorrente da monocultura do café permitiu o 
início da industrialização, principalmente no eixo Rio-São Paulo, e a 
consequente necessidade de mão de obra que foi se compondo, em sua 
maioria, por imigrantes italianos e portugueses. Esses imigrantes eram 
politizados e se organizaram na luta por direitos trabalhistas, chegando a 
promover greves gerais em 1917 e 1919. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
Entre os direitos adquiridos ressalta-se a Lei Elói Chaves, que 
possibilitou a criação, em 1923 do Instituto Previdenciário dos trabalhadores 
das Estradas de Ferro, e, até 1930, houve a criação e ampliação das Caixas de 
Aposentadoria e Pensões- CAPs e os institutos previdenciários, podendo ser 
consideradas embrionárias da previdência social. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
As CAPS organizavam-se por empresas, sendo a gerência e a 
manutenção feitas por comissões de representantes de empregados e patrões. 
O presidente das Caixas era nomeado pelo Presidente da República. O 
pagamento de contribuições dava a garantia de aposentadoria e assistência 
médica. 
 
O poder público apenas mediava os conflitos. Essas caixas também não 
garantiam serviços de saúde adequados, principalmente para os tuberculosos, 
e para esses nem o governo tinha algum tipo de atenção, ficando eles e os 
demais que não tinham carteiras assinadas aos cuidados de entidades 
filantrópicas, atendidos como indigentes. 
 
A era Vargas, de 1930 a 1945. 
 
A partir de 1930, até 1945, vive-se a chamada era Vargas, e a revolução 
de 1930 pôs fim à hegemonia política da classe dominante vinculada à 
exportação do café, principalmente após a crise de 1929, que contou com 
apoio das camadas médias urbanas. 
Em 1930, foi criado o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde 
Pública, pelo Decreto nº 9402, de 14 de novembro de 1930, e os serviços de 
saúde pública foram anexados a esse ministério. Em 1937, passou a se 
chamar Ministério da Educação e Saúde, em 25 de julho de 1953 torna-se o 
Ministério da Saúde.(MS, 2014) 
As políticas de Getúlio Vargas promoveram algumas melhorias no setor 
de saúde. Ele consegue maior autonomia para o Estado, anula a Constituição 
de 1891 e governa por decretos até a promulgação da nova Constituição, em 
1934. 
Getúlio Vargas institui, em 1937, a ditadura do Estado Novo, que durou 
até 1945 e permitiu centralizar a máquina governamental e bloquear as 
reivindicações sociais. 
Em 1934, é promulgada a Constituição Federal que deu ao Estado a 
responsabilidade pela assistência médica, licença remunerada à gestante 
trabalhadora, jornada de oito horas diárias. Com a criação da Consolidação das 
Leis do Trabalho-CLT, tornaram-se obrigatórios o salário mínimo, tratamento 
médico, indenizações, pagamento de horas extras e férias remuneradas, entre 
outros benefícios, àqueles que tinham carteira de trabalho assinada. Por isso, 
foi considerado um governo paternalista. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
Visando dar um caráter nacional à política de saúde, Getúlio 
desenvolveu um processo de centralização dos serviços e uniformização das 
estruturas dos departamentos estaduais de saúde, levando-os para o interior, 
expandindo numericamente os serviços de saúde. 
Entre 1938 e 1945 o Departamento Nacional de Saúde passa por uma 
reestruturação, centralização e dinamização no que diz respeito às ações de 
saúde coletiva, chegando ao auge das políticas sanitaristas campanhistas que 
visavam introduzir hábitos de higiene e desaúde na população, visando o 
saneamento das doenças. 
Os serviços não cobertos passam a ser realizados, em 1943, por meio 
do Serviço Especial de Saúde Pública – SESP. 
Em 1942, o Ministério da Educação e Saúde, em conjunto com o 
Institute of Interamerican Affairs, do Governo Norte America, por meio do 
Decreto Lei nº 4.275, de 17 de abril de 1942, organizaram o Serviço Especial 
de Saúde Pública (SESP), por meio de um convênio que previa o combate à 
malária e a oferta de assistência médico-sanitária para a população da 
Amazônia que trabalhava na extração da borracha, necessária, então, às 
atividades de Segunda Guerra Mundial. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
Durante a década de 1930, foram criados os institutos de seguridade 
social representados nos Institutos de Aposentadorias e Pensões-IAPs, que 
eram organizados por categorias profissionais favorecendo parte dos 
trabalhadores urbanos sindicalizados, como os ferroviários, empregadores do 
comércio, bancários, marítimos, estivadores e funcionários públicos, 
necessários à maquina governamental assentada na economia 
agroexportadora e na emergente industrialização do pais. A administração 
desses institutos era dependente do governo federal. 
Os IAPs tinham os conselhos administrativos formados pelos 
representantes dos empregados e empregadores que exerciam a função de 
assessoria e fiscalização. Eram dirigidos por um presidente indicado pelo 
Presidente da República. 
Inicia-se um processo de ampliação da cobertura previdenciária, definida 
enquanto seguro privilegiando os benefícios e diminuindo a prestação de 
serviços, visando aumentar as reservas financeiras cujos superávits tornam-se 
importante instrumento de acumulação nas mãos do Estado e centro de 
interesse nos investimentos que interessavam ao governo. 
Período de redemocratização e de democratização da saúde, de 1945 a 
1964 
Entre 1945 e 1964, vive-se o período de redemocratização do país. 
Getúlio Vargas é deposto, em 1945, e, em 1946, elabora-se uma Constituição 
democrática de cunho liberal. 
A partir daí até 1964, o Brasil vive o chamado ―período de 
redemocratização, promovendo eleições diretas, permitindo pluralismo político, 
liberdade da imprensa, agremiações políticas e sindicatos. Apesar dessas 
mudanças, a política populista de Vargas segue, porém sem dar resolução aos 
problemas da população. 
Começam alguns movimentos sociais exigindo melhores condições de 
vida, saúde e trabalho, como os nacionalistas, que queriam um Brasil liberto 
dos países imperialistas, na década de 1950. Entretanto, na mesma década, 
houve significativa entrada do capital estrangeiro empregado no 
desenvolvimento do país, principalmente durante o governo de Juscelino 
Kubitscheck, entre 1956 e 1961. .(BERTOLLI FILHO, 2011). 
O período de democratização da saúde, de 1945 a 1964, foi conhecido 
como o período da democracia restrita e foi marcado pelas eleições diretas 
para os principais cargos políticos, entretanto, analfabetos não votavam, os 
sindicatos eram tutelados pelo governo e o partido comunista vivia na 
ilegalidade. 
No âmbito da saúde, foi criado o Ministério da Saúde, em 1953, pela Lei 
nº 1920, de 25 de julho de 1953, regulamentada pelo Decreto nº 34.596, de 16 
de novembro de 1953, ampliando as ações na área da saúde pública. Tinha 
como missão reorganizar os serviços de saúde, mas teve atuação criticada 
quanto à redução da morbidade e mortalidade infantil, organização do 
atendimento à demanda pelos serviços médicos hospitalares precários, tudo 
isso agravado pela corrupção, que, entre outros aspectos, trocava serviços de 
saúde por votos, além da instalação de uma burocracia ineficiente. .(BERTOLLI 
FILHO, 2011). 
As verbas para saúde pública eram desviadas para o setor privado, que 
aplicou na criação de redes de clínicas e hospitais, que se incumbia de vender 
serviços de saúde à população que pudesse pagar, IAPs e governo. 
Os investimentos na área da saúde pública eram insuficientes e o Brasil 
sustentava altas taxas de mortalidade infantil, falta de educação para adoção 
de hábitos de higiene, tratamento de água e esgoto com baixa cobertura 
populacional, redundando em inadequadas condições de vida. Para melhorar 
esse quadro algumas alternativas foram propostas, como a municipalização 
dos serviços de saúde, atendendo à reivindicação da 3ª Conferência Nacional 
de Saúde, em 1963. Foi criada a Lei Orgânica da Previdência Social instituindo 
a contribuição dos trabalhadores, para a previdência social, em 8% do salário. 
.(BERTOLLI FILHO, 2011). 
 
O militarismo, de 1964 a 1980 
 
A partir de 1964 a sociedade brasileira vive dentro de um regime militar, 
que não investe em saúde e gera um aumento de epidemias como meningite e 
dengue, cuja divulgação é censurada, em virtude da repressão política e 
policial. 
Nessa fase, acontece o ―milagre brasileiro‖, o PIB chega a crescer até 
10%a, e, ao mesmo tempo, aprofunda a desigualdade na distribuição de renda 
marcada, também, pelos apertos impostos aos salários dos trabalhadores. 
O governo promoveu, em 1966, a unificação dos Institutos de 
Aposentadoria e Pensões ao Instituto Nacional de Previdência Social-INPS, 
que concentrou as contribuições previdenciárias, que equivaliam a 8% do 
salário do trabalhador com carteira de trabalho assinada, e ficou responsável 
pela gerência das aposentadorias das pensões. Trabalhadores rurais e 
trabalhadores informais não eram incluídos nesse processo. .(BERTOLLI 
FILHO, 2011). 
O INPS priorizava a prestação de serviços de saúde curativos, portanto, 
individualistas e não ações coletivas preventivas, por meio de convênios com 
hospitais do setor privado, que, em decorrência dos preços baixos pagos a 
eles, utilizavam-se de práticas ilegais promovendo falsos atendimentos com 
consequente aumento no faturamento. Como os serviços médicos eram pagos 
por unidades de serviços prestados ao setor privado, a falta de controle 
permitia a corrupção. 
Em 1970, foi criada a Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da 
Saúde (DNEES), no Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças.(MS, 
2014) 
A partir de 1975, acentua-se a crise do, então, sistema de saúde e 
previdência, colaborando, para isso, desemprego e salários baixos, que 
reduziam o recolhimento dos impostos e afetavam a receita previdenciária. 
Com a economia fraca, cresce a favelização e a consequente 
mortalidade infantil, também em decorrência de uma atenção médica curativa 
de alto custo e insuficiente cobertura populacional, além dos desvios das 
verbas da saúde para outros setores. 
Com a intenção de melhorar a qualidade de vida das populações, no 
mundo, com a reversão do quadro acima, a Organização Mundial de Saúde-
OMS, realizou a 1ª Conferência Internacional de Atenção Primária à Saúde, em 
Alma-Ata, no Cazaquistão, que contribuiu para a importância do 
desenvolvimento de sistemas de saúde enfatizando a importância da atenção 
primária, nas políticas públicas, reforçando o movimento sanitário para uma 
reorganização do sistema e comprometimento do governo com as ações 
públicas de saúde, no Brasil. 
 
A saúde no período de 1980 a 2000 
 
Em 1980, essa reorganização amplia-se com o prev-
Saúde+Conasp+AIS, no tocante à saúde individual e coletiva, maior controle 
sobre fraudes e a prestação de serviços de saúde pelas empresas privadas. Os 
movimentos populares lutam pela democratização, descentralização e 
universalização dos serviços. Em 1982, o governo aumenta a alíquota de 
contribuição e reduz os benefícios aos aposentados.(MS, 2014) 
Durante os anos de 1980 a 1990, persistiu uma situação crítica da 
saúde, no Brasil, com atenção hospitalar e curativa ineficientes, agravada por 
problemas econômicos que aumentavam a desigualdade, cujo descontrole 
expôs a população mais carente a surtos de cólera e dengue, aumento daincidência de tuberculose, doença de chagas e doenças mentais. .(BERTOLLI 
FILHO, 2011). 
Em 1986, a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 
Brasília, considerada um marco na luta pela democratização da saúde, foi 
decisiva na incorporação de seus resultados na Pré-Constituinte, em 1987, e 
na Constituinte de 1988, que aprovou um sistema único de saúde para a 
sociedade brasileira, com princípios doutrinários de universalidade, 
integralidade e equidade. 
O Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde-SUDS (Decreto nº 
94657, de 20/7/1987, incorporou os sistemas de saúde públicos e particulares, 
mediante convênios pagos por produção de serviços, que permitiam 
transferência de recursos do Instituto Nacional de Assistência Médica da 
Previdência Social-INAMPS, com sua prática individual e curativa, para os 
Estados atendendo apenas a trabalhadores informais e seus dependentes. 
O Ministério da Saúde, prestando assistência coletiva, promove ações 
de promoção de saúde e prevenção de doenças, por meio de campanhas de 
vacinação e controle de endemias. 
Em 5/10/1988, é aprovada a Constituição Federal, com a criação do 
Sistema Único de Saúde-SUS. 
Em 1990, foi Instituída a Fundação Nacional de Saúde (FNS), que incorporou a 
Fsesp e Sucam, pela Lei nº 8029, de 12/4/1990, e a Sucam , incorporou o Programa 
de Controle da Hanseníase e de outras doenças dermatológicas, pela Portaria GM/MS 
nº 873, de 27/6/1990, Programa Nacional de Imunização-PNI, Plano de Ação para 
erradicação da Poliomielite, Programa Nacional de Zoonose, Sistema de Vigilância 
Epidemiológica, Sistema de Informação sobre Mortalidade, Sistema de Laboratórios 
de Saúde Pública, e o Dados da Previdência Social - Data-Preve (Lei nº 8101, de 
6/12/1990. Em 1998, a coordenação das ações de promoção, proteção e recuperação 
da saúde relacionadas à pneumologia e dermatologia sanitária, foi transferida da 
Fundação Nacional de Saúde para a Secretaria de Políticas de Saúde, do Ministério 
da Saúde. (INDRIUNAS, s/d) 
 
Em 1990, foi instituído o SUS com seus objetivos, competências e 
atribuições, princípios e diretrizes, organização, direção e gestão, bem como foi 
criado o subsistema de atenção à saúde indígena, regulamentação dos 
serviços privados de assistência à saúde, políticas a de recursos humanos, 
financiamento, gestão financeira, planejamento e orçamento, pela Lei 8080, de 
19/9/1990. 
Em 1990, criou-se a gestão participativa do SUS, com formas de 
alocação de recursos obtidos do Fundo Nacional de Saúde, pela Lei nº 8.142, 
de 28/12/1990. 
A partir de 1992, o Brasil passa a ter governos neoliberais, que dão 
início à redução das ações do Estado, também na área social e na área da 
saúde. 
Inicia-se a edição das Normas Operacionais Básicas (NOB), visando à 
normatização e regulação das transferências dos recursos da união para os 
estados e os municípios. A NOB 01/91 teve o propósito de viabilizar o artigo 35, 
da Lei 8080 
(http://siops.datasus.gov.br/Documentacao/Resolu%C3%A7%C3%A3o%20258
_07_01_1991.pdf ), introduzindo o sistema de pagamento por produção de 
serviços aos Estados e Municípios, constantes de tabelas nacionais para 
pagamento dos prestadores privados, priorizando quantidade e não qualidade. 
A NOB 01/93, de 1993 
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1993/prt0545_20_05_1993.html), 
previa o pagamento por diferentes categorias de gestão municipal como 
incipiente, parcial, semiplena, e também diferentes critérios para repasse 
financeiro. 
Em 1993, com a criação do SUS e o comando centralizado do sistema 
ser exercido pelo Ministério da Saúde, o INAMPS é extinto. 
Em 1994, os recursos provenientes de folhas de pagamento de 
empregados e empregadores deveriam ser destinados somente ao pagamento 
do custo da Previdência Social e não para o Ministério da Saúde. O Ministério 
da Previdência não mais destinou recursos para a saúde, instalando uma crise 
financeira nesse setor, que vai se agravando com o modelo de governo 
neoliberal adotado por Fernando Henrique Cardoso, levando o governo a 
reconhecer a falta de condições de praticar uma remuneração adequada aos 
prestadores de serviços médicos e a reconhecer a existência de práticas de 
cobrança extras pelos serviços oferecidos. 
Em 1996, é aprovada a Contribuição Provisória sobre Movimentação 
Financeira-CPMF, proposta pelo Ministro da Saúde Adib Jatene, que entra em 
vigor em 1997, para atender às necessidades da área da saúde, mas que foi 
desviada para cobrir os déficits do setor econômico.(BERTOLLI FILHO, 2011) 
O governo de Fernando Henrique Cardoso privatiza empresas estatais e 
propõe, em 1997, ao Congresso Nacional, as reformas previdenciária, 
administrativa e tributária. 
O SUS enfrenta uma grande crise, em especial, com relação à falta de 
disponibilidade de leitos hospitalares. As Santas Casas de Misericórdia, até 
então, entidade filantrópica, criam seus próprios planos e passam a fazer parte 
do sistema supletivo de saúde, reduzindo, ainda mais, a quantidade de leitos 
para o SUS. Os próprios hospitais universitários reduzem o número de 
atendimentos, para enfrentar a crise financeira no setor da saúde no país, 
gerada, também, pelo baixo valor pago para os procedimentos realizados por 
hospitais que mantinham convênios com o SUS, além da demora em sua 
efetivação. 
A NOB SUS 01/96 
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1996/prt2203_05_11_1996.html) 
consolida a municipalização do SUS, revoga os modelos de gestão incipiente, 
parcial e semiplena e institui os modelos de Gestão Plena de Atenção Básica e 
Gestão Plena do Sistema Municipal que transferem determinadas 
responsabilidades de gestão a eles, como, entre outros: programação de 
serviços básicos, incluindo domiciliares e comunitários; referência e gerência 
ambulatorial, especializada e hospitalar própria e de unidades ambulatórias do 
Estado e da União; cadastramento nacional dos usuários do SUS; contratação 
de serviços e controle dos pagamentos efetuados aos prestadores de serviços; 
bem como ações de vigilância sanitária e epidemiológica. 
A NOB-SUS 01/96, que entrou em vigor em 1998, deu ampla 
contribuição ao sistema reformulando e aperfeiçoando a gestão do SUS, pois 
redefiniu as atribuições de cada esfera de governo, bem como a questão da 
direção única; redução progressiva da remuneração por produção de serviços 
e ampliação das transferências globais, fundo a fundo, baseadas em 
programações ascendentes, pactuadas e integradas feitas com base em 
valores fixos per-capita (Piso Assistencial Básico-PAB), calculado pela 
multiplicação de um valor per-capita nacional, pela população da cada 
município, com base em informação fornecidas pelo Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística-IBGE, além da possibilidade de agregação de outros 
incentivos ligados ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde - PACS, 
programa de Saúde da Família - PSF,Assistência Farmacêutica Básica, 
programa de Combate as Carências Nutricionais, ações básicas de vigilância 
epidemiológica e ambiental, embora essas não sejam acumulativas, quando 
similares; a prática do acompanhamento, controle e avaliação no SUS; 
aprofundamento dos vínculos com os usuários do SUS e seus familiares 
visando ao controle social. 
A NOB-SUS 01/96 tem na família seu foco de ação, bem como a 
construção de uma compreensão ampliada do processo saúde-doença e das 
relações profissional-paciente-família, como formas de atuação que visem 
melhorar a qualidade das intervenções que produzam melhor qualidade de vida 
para a sociedade. 
No final da década de 1990, são aprovadas as reformas administrativas 
e da previdência, em 1998 Fernando Henrique Cardoso é reeleito e, em 
decorrência da crise econômica vivida pelo Brasil e demais países em 
desenvolvimento, promove o aumento dos juros que beneficia os 
especuladoresinternacionais e resulta num ajuste fiscal responsável pela 
diminuição de verbas, num montante de R$260 milhões, para o orçamento na 
área da saúde, em 1999. Tal fato evidencia que a arrecadação da Contribuição 
Provisória sobre Movimentação Financeira-CPMF, instituída a partir de 
23/01/1997, não trouxe benefícios para a área da saúde, como era previsto. 
A lei 9656/98 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9656.htm ), sobre 
os planos e seguros de saúde, foi aprovada pelo Congresso Nacional em junho 
e regulamentada em novembro de 1998. Essa Lei visava à normatização e 
regulamentação da prestação de serviços. Para tanto introduz modelos 
diferenciados de cobertura de serviços: Plano ambulatorial; Plano Hospitalar 
sem obstetrícia; Plano Hospitalar com obstetrícia; Plano odontológico; Plano 
referência - representando a somatória dos quatro tipos de plano anteriores. 
No final da década de 1990, o Brasil vive uma grande crise cambial que 
procura enfrentar com empréstimos do Fundo Monetário Internacional-FMI, em 
nova política recessiva, que aumenta o desemprego, aumentando, também, o 
CPMF de 0,20% para 0,38. 
 
A saúde no século XXI. 
 
 Durante a década de 2010, algumas medidas foram tomadas para 
normatização das questões da saúde, no Brasil, tais como as abaixo 
mencionadas: 
Em 2001, foi aprovada a Norma Operacional de Assistência à Saúde-
NOAS-SUS 1/2001 
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2001/prt0095_26_01_2001.html) 
, visando à ampliação da responsabilidade dos municípios na atenção básica; a 
definição do processo de regionalização da assistência; criação de 
mecanismos para o fortalecimento do SUS, bem como a atualização dos 
critérios de habilitação de estados e municípios (Portaria GM/MS nº 95, de 
26/1/2001). Também, foi implantada a Agenda Nacional de Saúde, 
estabelecendo os eixos prioritários de intervenção para o ano 2001, sendo 
instrumento de orientação estratégica da Política de Saúde no Brasil, cujas 
responsabilidades foram definidas pela Portaria GM/MS nº 393, de 29/3/2001. 
 Em 2002, foi provada a Norma Operacional de Assistência à Saúde-
NOAS-SUS 01/2002 
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0373_27_02_2002.html 
), também, ampliando as responsabilidades dos municípios na atenção básica; 
estabelecendo o processo de regionalização como estratégia de hierarquização 
dos serviços de saúde e de busca de maior equidade; criando mecanismos 
para o fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema Único de Saúde e 
procedendo a atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios, 
por meio da Portaria GM/MS nº 373, de 27/2/2002. 
No mesmo ano, foi criado o Programa de Promoção da Alimentação 
Saudável em Comunidades Indígenas-PPACI, objetivando promover a 
segurança alimentar e nutricional, de forma sustentável, e consolidar as ações 
de alimentação e nutrição no âmbito da atenção básica à saúde prestada às 
populações indígenas, com enfoque na promoção da saúde e prevenção de 
doenças, por meio da Portaria GM/MS nº 2.405, de 27/12/2002. 
Em 2003, instituiu-se o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia, 
objetivando a promoção de pesquisas científico-tecnológicas que atendam às 
necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS); reconhecendo e premiando 
pesquisadores responsáveis pela condução de pesquisas básicas que podem 
ser aplicadas pelo SUS, conforme Portaria GM/MS nº 1.419, de 24/7/2003. 
Em 2004, a NOB SUS 01/96 foi regulamentada pela Portaria GM/MS nº 
1.172, de 15/6/2004, na competência da União, Estados, Municípios e Distrito 
Federal, na área de Vigilância em Saúde, definindo o sistema de 
financiamento. 
Em 2005, foi instituída a Comissão Nacional de Monitoramento e Avaliação 
da Implementação do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e 
Neonatal, conforme Portaria GM/MS nº 427, de 22/3/2005. 
Em 2006, foi aprovada a Política Nacional de Atenção Básica, visando 
estabelecer a revisão de diretrizes e normas para organização da Atenção 
Básica para o Programa de Saúde da Família-PSF e o Programa Agentes 
Comunitários-PACS, conforme Portaria GM/MS nº 648, de 28/03/2006. 
Em 2009, instituiu-se no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a 
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, conforme Portaria 
GM/MS nº 1.944, de 27/08/2009. 
 
 
 Relativamente ao financiamento da saúde, no país, a CPMF chegou a 
arrecadar, em 2006, um montante de R$ 185 bilhões, mesmo assim não houve 
melhoria no setor de saúde, o que levou ao seu fim, em 2007. 
 A melhoria no setor da economia, gerada pelos governos Fernando 
Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, permitiu maior cobertura da rede 
de água e esgoto para a população brasileira, o que impactou na queda da 
mortalidade infantil. (BERTOLLI FILHO, 2011) 
 
O Programa de Saúde da Família-PSF e o Programa de Saúde do 
Trabalhador-PST contribuíram ao ampliar a cobertura de atendimento à saúde 
da população brasileira. 
 Embora o programa brasileiro de combate a AIDS tenha reconhecimento 
mundial, doenças transmissíveis evitáveis, como tuberculose, dengue, ainda 
fazem muitas vítimas, principalmente nas regiões mais pobres e desassistidas 
do país. 
Em 2011, Dilma Rousseff toma posse do governo, em meio a um 
crescimento econômico de 7,5%, em 2010, e a perspectiva de progresso 
econômico e social, em face à descoberta de um novo campo petrolífero em 
alto mar, o pré- sal, motivo de muitos debates no Congresso Nacional, sobre a 
destinação de porcentagens dos royalties para a saúde e educação, acenando 
para a melhoria desses setores. Trata-se da Lei n 12.858, de 9 de setembro 
de 2013 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2013/Lei/L12858.htm) , que dispõe sobre a destinação de parcela 
da participação no resultado ou da compensação financeira, para as 
áreas da saúde e educação, pela exploração de petróleo e gás natural, 
com a finalidade de cumprimento da meta prevista no inciso VI do caput 
do art. 214 e no art. 196 da Constituição Federal, alterando a Lei nº 
7.990, de 28 de dezembro de 1989. 
 Devendo melhorar, ainda mais, as questões de saúde, o programa Mais 
Médico, instituído em 2013, prevê a melhoria do atendimento aos usuários do 
Sistema Único de Saúde, bem como mais investimentos em infraestrutura dos 
hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões onde 
há escassez e ausência de profissionais. Tem o propósito de enviar mais 
médicos para atuar na atenção básica de municípios mais vulneráveis 
socialmente falando, e Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), levando 
o Governo Federal a garantir mais médicos para o Brasil. Prevê, também, a 
expansão do número de vagas de medicina e de residência médica, 
possibilitando a criação de mais 40 cursos de medicina no país, em 2014, com 
2.415 novas vagas na graduação, que deverão atingir 11,5 mil vagas, em 2017, 
e 12 mil vagas para formação de especialistas, em 2020, além do 
aprimoramento da formação médica no Brasil. O programa prevê, também, que 
a partir de 1º janeiro de 2015, os alunos que ingressarem na graduação 
deverão atuar por um período de dois anos em unidades básicas e na urgência 
e emergência do SUS. 
 Atualmente o Brasil vive uma crise econômica, tendo um baixo 
crescimento do PIB, em 2013, sem perspectivas de melhorias em 2014. 
Espera-se que as atuais políticas de saúde adotadas pelo governo sejam de 
fato implantadas, proporcionando mais qualidade ao sistema de saúde para o 
povo brasileiro. 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BENCHIMOL, Jaime. Epidemias e medicina no Brasil Império (1822-1889). Pré-Univesp – No. 
5 2010 – Epidemias – Outubro de 2010. Disponível em: 
http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/657/epidemias-e-medicina-no-
brasil-imp-rio-1822-1889-.html. Acesso em: 21/04/2014 
BERTOLLI FILHO, Cláudio.História da Saúde pública no Brasil. 5 ed. São Paulo: 
Ática, 2011. 
INDRIUNAS, Luis. História da Saúde Pública no Brasil. Disponível em: 
http://pessoas.hsw.uol.com.br/historia-da-saude.htm. Acesso em 21/04/2014. 
MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNASA- Fundação Nacional de Saúde. Cronologia 
Histórica da Saúde Pública. Uma visão histórica da Saúde Brasileira. Disponível em: 
http://www.funasa.gov.br/site/museu-da-funasa/cronologia-historica-da-saude-publica/. 
Acesso em 21/04/2014. 
PORTAL DA SAÚDE. Ministério da Saúde. História da Saúde Pública. Disponível em: 
http://portal.saude.gov.br/404.html. Acesso em: 31/04/2014. 
 
 
2. CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE SAÚDE. REDE DE MEGA PAÍSES. 
CONFERÊNCIAS NAICIONAIS DE SAÚDE. 
 
Como já visto, a saúde, para a Organização Mundial de Saúde- OMS ―é 
um estado de completo bem -estar físico, mental e social e não meramente a 
ausência de doença e enfermidade‖, portanto, a promoção da saúde é um dos 
aspectos mais importantes a serem tratados sendo um ―processo que permite 
às pessoas aumentarem o controle sobre os determinantes da saúde e, através 
disso, melhorar sua saúde, sendo a participação delas essencial para sustentar 
as ações de promoção da saúde‖. 
Visando melhorar a qualidade de vida da população mundial, a OMS é 
um órgão que tem importante papel na orientação, estabelecimento de metas, 
controle de doenças, entre outras atividades. Para tanto promove conferências 
internacionais que produzem cartas sobre diretrizes voltadas para melhoria da 
qualidade de vida, que fundamentam as políticas públicas de saúde no mundo. 
 
A criação de uma agência internacional de saúde pública deu-se na 
Europa, em meados do séc. XIX, em virtude das alterações na dinâmica 
populacional, que, por causa da Revolução Industrial, promoveu um 
crescimento desordenado dos grandes centros urbanos, gerou exclusão social 
e facilitou a disseminação de doenças, antes regionalizadas, por exemplo, a 
epidemia de cólera. Em 1851, foi aprovada, pelas nações europeias, em Paris, 
a Convenção Sanitária Internacional, com o objetivo de obter maior controle 
sobre as doenças do continente europeu. 
 
Em 1909, foi criado o Escritório Internacional de Saúde Pública e, em 
1923, a Organização da Liga das Nações, órgãos estes que deram origem a 
OMS, em 07/04/1948, Dia Mundial da Saúde, que tem sede em Genebra, na 
Suíça, sendo subordinada a Organização das Nações Unidas-ONU. 
 
A OMS, além de sua sede, conta com cinco escritórios regionais: A 
Organização Pan-Americana da Saúde-OPAS; EURO: Escritório Regional para 
a Europa; AFRO: Escritório Regional para a ÁFRICA; EMRO: Escritório 
Regional para o Mediterrâneo Oriental; SEARO: Escritório Regional Para o 
Sudeste da Ásia; e WPRO: Escritório Regional para o Pacífico Ocidental. 
 
Em nível Internacional, a OMS promove conferências, recomendações e 
intenções. Em nível nacional ou regional, contribui na orientação para as 
políticas, planos de ação, programas (re)organização de serviços, mobilização 
de recursos, metodologias – práticas de saúde. E, em nível local, contribui para 
a implementação ou intervenção, necessárias para a qualidade de vida das 
diferentes sociedades humanas. 
 
O ideal da OMS é ―Oferecer a todas as pessoas o mais alto grau de 
saúde‖, para tanto, em seu início, focava as doenças infecciosas, 
principalmente a cólera e a malária. O combate conseguiu a redução de 
algumas doenças, que posteriormente voltaram a crescer, como a tuberculose, 
mas o surgimento de novas doenças como a HIV/AIDS, SARS e H1N1 
mostrou a necessidade de novas estratégias de combate. 
 
A OMS atua em sistema de cooperação com outras organizações das 
Nações Unidas, como : UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância; 
UNDP-Programa para Desenvolvimento das Nações Unidas; UNAID-Programa 
Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS; Banco Mundial; OIs-
Organizações Intergovernamentais; e ONGs-Organizações Não-
Governamentais. Estão em sua constituição as seguintes premissas: 
 
 A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e 
não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade; 
 Gozar do melhor estado de saúde que é possível atingir constitui um dos 
direitos fundamentais de todo ser humano, sem distinção de raça, de 
religião, de credo político, de condição econômica ou social; 
 A saúde de todos os povos é essencial para conseguir a paz e a 
segurança e depende da mais estreita cooperação dos indivíduos e dos 
Estados; 
 Os resultados conseguidos por cada Estado na promoção e proteção da 
saúde são de valor para todos; 
 O desigual desenvolvimento em diferentes países no que diz respeito à 
promoção de saúde e combate às doenças, especialmente contagiosas, 
constitui um perigo comum; 
 O desenvolvimento saudável da criança é de importância basilar; a 
aptidão para viver harmoniosamente num meio variável é essencial a tal 
desenvolvimento; 
 A extensão a todos os povos dos benefícios dos conhecimentos 
médicos, psicológicos e afins é essencial para atingir o mais elevado 
grau de saúde; 
 
A OMS considera que a opinião pública esclarecida e a cooperação 
ativa da parte do público são de importância capital para o 
melhoramento da saúde dos povos. Os Governos têm responsabilidade 
pela saúde dos seus povos, a qual só pode ser assumida pelo 
estabelecimento de medidas sanitárias e sociais adequadas. 
 
 O objetivo da OMS é a aquisição, por todos os povos, do nível de saúde 
mais elevado possível. Para tanto tem as seguintes funções: 
 
• Atuar como autoridade diretora e coordenadora dos trabalhos 
internacionais no domínio da saúde; 
• Promover cooperação técnica; 
• Dar assistência a governos, quando solicitada, no fortalecimento dos 
serviços da saúde; 
• Fornecer assistência técnica apropriada e, em emergência, prestar 
auxílios necessários sob a solicitação e aceitação dos governos; 
• Estimular o avanço na prevenção e controle de epidemias, endemias e 
outras doenças; 
• Promover, em cooperação com outras agências especializadas, a 
melhoria da nutrição, moradia, higiene sanitária, lazer, economia, 
condições de trabalho entre outros aspectos de higiene ambiental; 
• Promover e coordenar pesquisas de saúde pública e biomédicas; 
• Promover melhorias nos padrões de ensino e no treinamento da saúde, 
da medicina e das profissões correlatas; 
• Estimular o estabelecimento de padrões internacionais de produtos 
biológicos, farmacêuticos, similares e também padronizar procedimentos 
de diagnósticos; 
• Financiar atividades no campo da saúde mental, especialmente as que 
afetam a harmonia das relações humanas; 
• Propor convenções, acordos e regulamentos; 
• Fazer recomendações sobre nomenclaturas internacionais de doenças, 
causas de morte e práticas de saúde públicas; 
• Estabelecer e promover padrões internacionais relativos à alimentação. 
 
Dessa forma, as Conferências Internacionais de Saúde, promovidas pela 
OMS, dão base e sustentabilidade para que seus objetivos sejam alcançados. 
Têm como objetivos principais a ampliação das ações de promoção da saúde, 
bem como colaborar para as ações em saúde. Até o momento, foram 
realizadas as várias Conferências Internacionais que serão apresentadas na 
sequência. 
 
Essas conferências salientam numa questão de saúde básica e 
fundamental que é focar a saúde, em vez de só focar a doença. Esse 
paradigma representa um esforço contínuo voltado para a promoção da saúde, 
entendendo que a qualidade de vida é um processo que inclui a forma como o 
indivíduo reproduz sua existência numa sociedade estratificada em diferentes 
classessociais. 
 
Tais premissas começam a ganhar importância em 1974, quando Marc 
Lalond, Ministro da Saúde no Canadá, produz um relatório reconhecendo a 
necessidade das questões de saúde mudarem o foco da prestação de serviços 
centralizada somente na assistência médica, portanto do modelo biomédico, 
para um modelo composto por elementos biológicos, ambientais, estilo de vida. 
Além disso, chamou a atenção da responsabilidade de cada um na condução 
da própria saúde . A partir desse relatório começa a ser possível a construção 
de um novo conceito de saúde. 
(http://www.healthpromotionagency.org.uk/Healthpromotion/Health/sectio
n6a.htm ) 
 
A promoção da saúde, dentro desse novo paradigma, é discutida durante a 
30ª. Assembleia Mundial de Saúde, em 1977, que aprovou a resolução 30.43 
que estabelecia, nas décadas seguintes, como principal meta da OMS, que 
todos os povos do mundo alcançassem um nível de saúde que lhes permitisse 
ter melhores condições de vida social e econômica. Tal meta ficou conhecida 
como ―Saúde para Todos‖ no ano 2.000. 
As declarcações produzidas pelas conferências internacionais da saúde 
sempre reforçaram a necessidade de refirmar o desenvolvimento da promoção 
da saúde como forma de reduzir os problemas de saúde dos diversos países. 
Tais declarações seguem, na íntegra, 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracoesecarta_portugues.
pdf : 
 
2.1. DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA. CONFERÊNCIA INTERNACIONAL 
SOBRE CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE Alma-Ata, URSS, 6 -12 de 
setembro de 1978 
 
A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, 
reunida em Alma-Ata aos doze dias do mês de setembro de mil novecentos e 
setenta e oito, expressando a necessidade de ação urgente de todos os 
governos, de todos os que trabalham nos campos da saúde e do 
desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os 
povos do mundo, formulou a seguinte declaração: 
 
I) A Conferência enfatiza que a saúde - estado de completo bem- estar físico, 
mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é 
um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível 
possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização 
requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor 
saúde; 
 
II) A chocante desigualdade existente no estado de saúde dos povos, 
particularmente entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, assim 
como dentro dos países, é política, social e economicamente inaceitável e 
constitui, por isso, objeto da preocupação comum de todos os países; 
 
III) O desenvolvimento econômico e social baseado numa ordem econômica 
internacional é de importância fundamental para a mais plena realização da 
meta de Saúde para Todos no Ano 2000 e para a redução da lacuna existente 
entre o estado de saúde dos países em desenvolvimento e o dos 
desenvolvidos. A promoção e proteção da saúde dos povos é essencial ao 
contínuo desenvolvimento econômico e social e contribui para a melhor 
qualidade de vida e para a paz mundial; 
 
IV) É direito e dever dos povos participar individual e coletivamente no 
planejamento e na execução de seus cuidados de saúde; 
 
V) Os governos têm pela saúde de seus povos uma responsabilidade que só 
pode ser realizada mediante adequadas medidas sanitárias e sociais. Uma das 
principais metas sociais dos governos, das organizações internacionais e de 
toda a comunidade mundial, na próxima década, deve ser a de que todos os 
povos do mundo, até o ano 2000, atinjam um nível de saúde que lhes permita 
levar uma vida social e economicamente produtiva. Os cuidados primários de 
saúde constituem a chave para que essa meta seja atingida, como parte do 
desenvolvimento, no espírito da justiça social; 
 
VI) Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde 
baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem 
fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de 
indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena participação e a um 
custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu 
desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e automedicação. Fazem parte 
integrante tanto do sistema de saúde do país, como foco principal, quanto do 
desenvolvimento social e econômico global da comunidade. Representam o 
primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o 
sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais 
proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e 
constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à 
saúde. 
 
VII) Os cuidados primários de saúde: 
 
1 - Refletem, e a partir delas evoluem, as condições econômicas e as 
características socioculturais e políticas do país e de suas comunidades, e se 
baseiam na aplicação dos resultados relevantes da pesquisa social, biomédica 
e de serviços de saúde e da experiência em saúde pública; 
2 - Têm em vista os principais problemas de saúde da comunidade, 
proporcionando serviços de proteção, cura e reabilitação, conforme as 
necessidades; 
3 - Incluem pelo menos: educação, no tocante a problemas prevalecentes de 
saúde e aos métodos para sua prevenção e controle, promoção da distribuição 
de alimentos e da nutrição apropriada, previsão adequada de água e 
saneamento básico, cuidados de saúde materno-infantil, inclusive 
planejamento familiar, imunização contra as principais doenças infecciosas, 
prevenção e controle de doenças localmente endêmicas, tratamento apropriado 
de doenças e lesões comuns e fornecimento de medicamentos essenciais; 
4 - Envolvem, além do setor saúde, todos os setores e aspectos correlatos do 
desenvolvimento nacional e comunitário, mormente a agricultura, a pecuária, a 
produção de alimentos, a indústria, a educação, a habitação, as obras públicas, 
as comunicações e outros setores; 
5 - Requerem e promovem a máxima autoconfiança e participação comunitária 
e individual no planejamento, organização, operação e controle dos cuidados 
primários de saúde, fazendo o mais pleno uso possível de recursos 
disponíveis, locais, nacionais e outros, e para esse fim desenvolvem, por meio 
da educação apropriada, a capacidade de participação das comunidades. 
6 - Devem ser apoiados por sistemas de referência integrados, funcionais e 
mutuamente amparados, levando à progressiva melhoria dos cuidados gerais 
de saúde para todos e dando prioridade aos que têm mais necessidade. 
7 - Baseiam-se, nos níveis locais e de encaminhamento, nos que trabalham no 
campo da saúde, inclusive médicos, enfermeiros, parteiras, auxiliares e 
agentes comunitários, conforme seja aplicável, assim como em praticantes 
tradicionais, caso seja necessário, treinados para trabalhar, social e 
tecnicamente, ao lado da equipe de saúde e responder às necessidades 
expressas de saúde da comunidade; 
VIII) Todos os governos devem formular políticas, estratégias e planos 
nacionais de ação para lançar/sustentar os cuidados primários de saúde em 
coordenação com outros setores. Para esse fim, será necessário agir com 
vontade política, mobilizar os recursos do país e utilizar racionalmente os 
recursos externos disponíveis; 
IX) Todos os países devem cooperar, num espírito de comunidade e serviço, 
para assegurar os cuidados primários de saúde a todos os povos, uma vez que 
a consecução da saúde do povo de qualquer país interessa e beneficia 
diretamente todos os outros países. Nesse contexto, o relatório conjunto da 
OMS/UNICEF sobre cuidados primários de saúde constitui sólida base para o 
aprimoramentoadicional e a operação dos cuidados primários de saúde em 
todo o mundo. 
X) Poder-se-á atingir nível aceitável de saúde para todos os povos do mundo 
até o ano 2000 mediante o melhor e mais completo uso dos recursos mundiais, 
dos quais uma parte considerável é atualmente gasta em armamento e 
conflitos militares. Uma política legítima de independência, paz, distensão e 
desarmamento pode e deve liberar recursos adicionais, que podem ser 
destinados a fins pacíficos e, em particular, à aceleração do desenvolvimento 
social e econômico, do qual os cuidados primários de saúde, como parte 
essencial, devem receber sua parcela apropriada; 
A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde concita 
à ação internacional e nacional urgente e eficaz, para que os cuidados 
primários de saúde sejam desenvolvidos e aplicados em todo o mundo e, 
particularmente, nos países em desenvolvimento, num espírito de cooperação 
técnica e em consonância com a nova ordem econômica internacional. Exorta 
os governos, a OMS e o UNICEF, assim como outras organizações 
internacionais, entidades multilaterais e bilaterais, organizações 
governamentais, agências financeiras, todos os que trabalham no campo da 
saúde e toda a comunidade mundial a apoiar um compromisso nacional e 
internacional para com os cuidados primários de saúde e a canalizar maior 
volume de apoio técnico e financeiro para esse fim, particularmente nos países 
em desenvolvimento. A Conferência concita todos a colaborar para que os 
cuidados primários de saúde sejam introduzidos, desenvolvidos e mantidos, de 
acordo com a letra e espírito desta Declaração. 
 
 
2.2. CARTA DE OTTAWA. PRIMEIRA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL 
SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE Ottawa, novembro de 1986. 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracoesecarta_portugues.
pdf : 
 
 
A Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, 
realizada em Ottawa, Canadá, em novembro de 1986, apresenta neste 
documento sua Carta de Intenções, que seguramente contribuirá para se 
atingir Saúde para Todos no Ano 2000 e anos subsequentes. 
 
Essa Conferência foi, antes de tudo, uma resposta às crescentes 
expectativas por uma nova saúde pública, movimento que vem ocorrendo em 
todo o mundo. 
As discussões focalizaram principalmente as necessidades em saúde 
nos países industrializados, embora tenham levado em conta necessidades 
semelhantes de outras regiões do globo. As discussões foram baseadas nos 
progressos alcançados com a Declaração de Alma-Ata para os Cuidados 
Primários em Saúde , com o documento da OMS sobre Saúde Para Todos e 
com o debate ocorrido na Assembleia Mundial da Saúde sobre as ações 
necessárias para o setor. 
 
Promoção da saúde 
 
Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da 
comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, 
incluindo mais participação no controle desse processo. Para atingir um estado 
de completo bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem 
saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar 
favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso 
para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um 
conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as 
capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade 
exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na 
direção de um bem-estar global. 
 
Pré-requisitos para a saúde 
 
As condições e os recursos fundamentais para a saúde são: • paz • 
habitação • educação • alimentação • renda • ecossistema estável • recursos 
sustentáveis • justiça social e equidade 
 
O incremento nas condições de saúde requer uma base sólida nestes 
pré-requisitos básicos. 
 
Defesa de causa 
 
A saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e 
pessoal, assim como uma importante dimensão da qualidade de vida. Fatores 
políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e 
biológicos podem tanto favorecer como prejudicar a saúde. As ações de 
promoção da saúde objetivam, por meio da defesa da saúde, fazer com que as 
condições descritas sejam cada vez mais favoráveis. 
 
Capacitação 
 
Alcançar a equidade em saúde é um dos focos da promoção da saúde. 
As ações de promoção da saúde objetivam reduzir as diferenças no estado de 
saúde da população e assegurar oportunidades e recursos igualitários para 
capacitar todas as pessoas a realizar completamente seu potencial de saúde. 
Isso inclui uma base sólida: ambientes favoráveis, acesso à informação, a 
experiências e habilidades na vida, bem como oportunidades que permitam 
fazer escolhas por uma vida mais sadia. As pessoas não podem realizar 
completamente seu potencial de saúde se não forem capazes de controlar os 
fatores determinantes de sua saúde, o que se aplica igualmente a homens e a 
mulheres. 
 
Mediação 
 
Os pré-requisitos e perspectivas para a saúde não são assegurados 
somente pelo setor saúde. Mais importante, a promoção da saúde demanda 
uma ação coordenada entre todas as partes envolvidas: governo, setor saúde e 
outros setores sociais e econômicos, organizações voluntárias e não 
governamentais, autoridades locais, indústria e mídia. As pessoas, em todas as 
esferas da vida, devem envolver-se neste processo como indivíduos, famílias e 
comunidades. Os profissionais e grupos sociais, assim como o pessoal de 
saúde, têm a responsabilidade maior na mediação entre os diferentes, em 
relação à saúde, existentes na sociedade. 
 
As estratégias e programas na área da promoção da saúde devem se 
adaptar às necessidades locais e às possibilidades de cada país e região, bem 
como levar em conta as diferenças em seus sistemas sociais, culturais e 
econômicos. 
 
Significado das ações de promoção da saúde: construindo políticas 
públicas saudáveis 
 
A promoção da saúde vai além dos cuidados de saúde. Ela coloca a 
saúde na agenda de prioridades dos políticos e dirigentes em todos os níveis e 
setores, chamando-lhes a atenção para as consequências que suas decisões 
podem ocasionar no campo da saúde e a aceitarem suas responsabilidades 
políticas com a saúde. 
 
A política de promoção da saúde combina diversas abordagens 
complementares, que incluem legislação, medidas fiscais, taxações e 
mudanças organizacionais. É uma ação coordenada que aponta para a 
equidade em saúde, distribuição mais equitativa da renda e políticas sociais. As 
ações conjuntas contribuem para que haja bens e serviços mais seguros e 
saudáveis, serviços públicos saudáveis e ambientes mais limpos e 
desfrutáveis. 
A política de promoção da saúde requer a identificação e a remoção de 
obstáculos para a adoção de políticas públicas saudáveis nos setores que não 
estão diretamente ligados à saúde. O objetivo maior deve ser indicar aos 
dirigentes e políticos que as escolhas saudáveis são as mais fáceis de realizar. 
 
Criando ambientes favoráveis 
 
Nossas sociedades são complexas e inter-relacionadas. Assim a saúde 
não pode estar separada de outras metas e objetivos. As inextricáveis ligações 
entre a população e seu meio - ambiente constituem a base para uma 
abordagem socioecológica da saúde. O princípio geral orientador para o 
mundo, as nações, as regiões e até mesmo as comunidades é a necessidade 
de encorajar a ajuda recíproca – cada um a cuidar de si próprio, do outro, da 
comunidade e do meio - ambiente natural. 
 
A conservação dos recursos naturais do mundo deveria ser enfatizada 
como uma responsabilidade global. 
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