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MÓDULO 5 INTRODUÇÃO À SAÚDE PÚBLICA 1. CONCEITOS DE SAÚDE –DOENÇA, DE SAÚDE PÚBLICA, DE SAÚDE COLETIVA E BASES ‘HISTÓRICAS DA SAÚDE NO MUNDO E NO BRASIL. 2. CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE SAÚDE. CONCEITOS DE SAÚDE. 3. REDE DE MEGA-PAÍSES 4. CONFERÊNCIAS NACIONAIS DE SAÚDE. 1. CONCEITOS DE SAÚDE-DOENÇA, DE SAÚDE PÚBLICA, DE SAÚDE COLETIVA E BASES HISTÓRICAS DA SAÚDE NO MUNDO E NO BRASIL No decorrer da história da saúde, no mundo e no Brasil, o conceito saúde- doença foi se alterando à medida que novos conhecimentos foram sendo incorporados à prática médica e direcionando as políticas públicas de saúde. 1.1. Conceitos de saúde-doença, de saúde pública, de saúde coletiva. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm) permitiu a democratização da saúde ao criar, regulamentar e normatizar o Sistema Único de Saúde-SUS, por meio da Lei 8.080, de 19/09/1990 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm) e da Lei 8192, de 28/12/1990 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm) De acordo com o Art.196 da CF, o Estado assume sua responsabilidade pelas questões da saúde do país. ―Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.‖. Porém, algumas premissas precisam ser (re)discutidas constantemente, pois vivemos numa sociedade dinâmica que requer constante renovação do olhar sobre o processo saúde-doença. Até recentemente saúde era considerada como ausência de doença. Atualmente o processo saúde-doença incorporou a importância da multicausalidade na sua conceituação, ou seja, consideram-se múltiplos os aspectos causais da doença e da manutenção da saúde. Incluem-se, dentre esses, fatores sociais, biológicos e psicológicos, que impactam, de várias formas, na vida do indivíduo e da sociedade. Para a Organização Mundial de Saúde-OMS, embora ultrapassado, o conceito de saúde é o de completo bem estar físico, mental e social (SEGRE; FERRAZ,1997), o que implica no direito à moradia, alimentação, proteção, trabalho, renda, lazer, saneamento básico, transporte, moradia, educação, saúde. Nesse sentido, o Estado tem a obrigação de proporcionar a acessibilidade a esses serviços, além de garantir sua qualidade, pois, historicamente, o adoecimento está vinculado a questões sócio-econômicas. Nesse contexto, o papel do governo torna-se imprescindível na manutenção da saúde da população brasileira, por meio de medidas que promovam a saúde, tratem da doença e da reabilitação dos indivíduos para que sejam úteis a si mesmos e ao meio social em que vivem, contribuindo e se envolvendo com as ações desenvolvidas pela saúde pública e coletiva. A saúde pública visa à proteção dos indivíduos a partir da promoção de estilos de vida saudáveis, da educação e sensibilização, entre outros fatores para manutenção da adequada qualidade de vida, garantida por meio de políticas de Estado e de investimentos nos campos da ciência para os cuidados voltados aos indivíduos, em ações de promoção, prevenção, assistência e reabilitação, relativas ao pronto atendimento, e para a população, no geral, por meio de ações voltadas à coletividade, como as campanhas de vacinação, controle de doenças, educação em saúde. A coletiva pode ser considerada como produto das relações sócio-econômicas, baseando-se na determinação social do processo saúde-doença, numa abrangência interdisciplinar, enquanto a que a saúde pública baseia-se nas relações causais do processo saúde– doença. (CAMPOS, 2000) O termo saúde pública deve ser compreendido como a busca de resolução das necessidades de saúde da população, investigando riscos à saúde e seus determinantes, para o estabelecimento de prioridades a partir das quais se possa planejar e desenvolver programas e planos adequados à resolução das necessidades, além da gerência de recursos, garantindo maior cobertura populacional. Portanto,.o termo saúde pública não deve ser confundido com o conceito de saúde coletiva que tem maior amplitude. 1.2 – Bases históricas As bases históricas do processo saúde-doença ajudam a compreender seu desenvolvimento e seu atual estágio, conforme pode ser verificado nos fatos que seguem. 1.2.1-História da saúde da humanidade Remontando ao passado da humanidade, presume-se que, na fase nômade, os acampamentos eram temporários, em pequenos grupos, e a cura de alguns dos possíveis transtornos de saúde decorria da própria resistência da pessoa, ao conhecimento sobre benefícios da própria natureza, como as ervas e as folhas, e às crenças místicas.(UJVARI, 2008; ALBUQUERQUE, s/d). Há cerca de aproximadamente 10 mil anos, o humano domestica as plantas e os animais passando a ser gregário, o que levou a um aumento das aglomerações e a uma convivência, provavelmente em ambientes sem adequada higiene, no geral, e na manipulação dos alimentos. Esse cenário é propício à incidência de doenças transmissíveis, em uma época na qual não havia meios de cura, a não ser aquelas vindas pelas observações e consequentes práticas empíricas. Na Antiguidade Clássica, podem-se destacar as civilizações que hoje compõem a região do Egito, Mesopotâmia, Índia e China. Eram os sacerdotes que cuidavam das doenças, fazendo a intermediação entre as divindades e os doentes, e as primeiras escolas que ensinavam a arte de tratar os dentes surgiram no atual Egito. Nessas escolas, cerca de 3.180 a.C., o conhecimento empírico era complementado com o religioso, que tinha nas divindades os intercessores responsáveis pela cura das doenças, assim cada órgão era regido por um deus. Acreditava-se que o coração era o centro do sistema circulatório e que a função vital do corpo humano era mantida pela respiração e circulação de sangue. A varíola já em 3.000 a.C. era conhecida no Oriente e na África Doenças pestilenciais, como a varíola e a peste bubônica, foram registradas em Roma, cerca de 565 a.C., possivelmente por constituir-se como cidade com aglomerações e atividades comerciais crescentes, sem que esse crescimento fosse acompanhado de melhoria nas condições sanitárias. Na atual Europa, entre os séculos VII e XII, a lepra foi um flagelo que castigou até cerca de 5% de sua população. Quase nada se podia fazer em benefício dos doentes, além de afastá-los das comunidades. Na Idade Média, os problemas de saúde pública decorriam da precariedade das condições sanitárias, pois dejetos se acumulavam nos fossos dos castelos, ao lado das habitações, nas ruas e nas cidades, contribuindo para o surgimento de grande quantidade de insetos e pequenos animais transmissores de doenças. As imediações das igrejas eram o ponto onde os mortos eram enterrados, até o final do século XVIII, só posteriormente foram instituídos os cemitérios, em pontos mais afastados da cidade. Durante a Idade Média, essas condições propiciaram a expansão e surtos de varíola, sífilis, cólera e peste bubônica conhecida como ―peste negra,‖ que entre 1.347 e 1352, e 1362 e 1363, foi responsável pela morte de aproximadamente 25 milhões de pessoas, sendo recorrente aproximadamente a cada 10 anos, até o século XVIII. No século XV as grandes navegações levaram os europeus à conquista do continente americano e à dizimação de 95% da população local em virtude da força e das doenças que eles trouxeram, principalmente a varíola. No século XVIII, as cidades abrigavam contingentes humanos cada vez maiores, aumentando a produção de lixo e excrementos que eram deixados nas ruas e que, posteriormente, com a implementação de redes de esgotos nos bairrosmais abastados, eram levados para os rios, poluindo-os e provocando surtos de cólera, também consequência dos sistemas de fossas mal cuidadas. A busca pelas respostas às inquietações humanas foi aumentando ao longo dos séculos, assim como a compreensão sobre o processo saúde- doença, e, no século XIX, o conhecimento sobre a anatomia e a fisiologia humana contribuiu para a descoberta de vários agentes etiológicos causadores de doenças transmissíveis e a forma de imunização das pessoas contra eles. Nessa época a preocupação com a saúde era voltada para a cura das doenças. A Inglaterra contava com dois milhões e quinhentos mil habitantes em 1850, quando promoveu uma reforma sanitária, criando sistemas de limpeza da cidade que visavam à retirada de restos de fezes; de animais mortos e mesmo de humanos que eram deixados nas ruas ou nos pântanos; de lixo orgânico para compostagem e posterior adubação; limpeza de fossas e varredores de ruas, entre outras medidas. Também fez parte dessa reforma, a captação dos dejetos humanos, da camada mais favorecida da população, por meio da implantação das bacias sanitárias que os despejavam na rede de captação de esgotos, causando grandes transtornos para a saúde da população e surgimento de grandes epidemias de cólera, endêmica na Índia e sudeste da Ásia. A cólera foi estudada por John Snow,em 1854, em Londres levando-o a descobrir o seu modo de transmissão. (MARQUES FILHO, 2012) Fatores como condições precárias de saúde, trabalho, moradia, desnutrição contribuíram para a baixa expectativa de vida da população, que girava, dependendo da classe social, em torno dos 30 e 45 anos. As doenças pestilenciais como sarampo, cólera, febre tifoide, sífilis castigavam a Europa e demais países a ela interligados, do século XV até o século XIX , além da febre amarela, cujos registros datam de 541 e 549, a qual atingiu o Império Bizantino, e no século XVI foi levada às colônias conquistadas pelo europeu. A falta de conhecimento sobre a existência de microrganismos causadores de doenças transmissíveis levou ao desenvolvimento da teoria dos miasmas, que considerava os ares podres evaporados de água suja responsáveis pelas doenças. A luta de pesquisadores como Louis Pasteur, Robert Kóch, entre outros, contribuiu para a compreensão de que a doenças transmissíveis são causadas por microrganismos vivos, gerando novas formas de ataque à doença e a visão biologicista da doença. No século XX, desenvolveu-se a teoria de multicausalidade, que considerava a causa da doença não só microrganismos vivos, mas também a inter-relação de agente, hospedeiro e meio ambiente, embora ainda não se enfatizasse o meio socioeconômico e cultural no processo saúde-doença. Esse século foi assolado por pandemias como a da gripe espanhola, em 1918, considerada a maior epidemia da humanidade, a gripe asiática, em 1957, a gripe de Hong Kong em 1968, Aids a partir da década de 1980, malária, dengue ,ebola. No século XXI, assiste-se ao surgimento da gripe aviária, a Síndrome Aguda Respiratória (Sars)-H5N1, em 2003, e a gripe suína, em 2009, além do aumento de doenças transmissíveis como a tuberculose, por exemplo. A necessidade de controle sobre a ocorrência de doenças culminou na criação da Organização Mundial da Saúde, em 1948, que deu grande contribuição para a diminuição das doenças transmissíveis no mundo, por meio de orientações e cumprimentos de metas voltadas ao aprimoramento da saúde pública. Em relação ao Brasil, uma retomada histórica da saúde e da saúde pública ajudará a compreender a situação atual. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em 20/04/2014. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19/09/1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm. Acesso em 20/04/2014. BRASIL. Lei 8.142, de 28/12/1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8142.htm. Acesso em: 20/04/2014. SEGRE, Marco; FERRAZ, Flávio Carvalho. O conceito de saúde. Rev. Saúde Pública vol. 31 no. 5 São Paulo Oct. 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034- 89101997000600016&script=sci_arttext. Acesso em: 20/04/2014. CAMPOS, Gastão Wagner de. Sousa. Saúde pública e saúde coletiva: campo e núcleo de saberes e práticas. Ciênc. saúde coletiva vol.5 no.2 Rio de Janeiro 2000. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413- 81232000000200002&script=sci_arttext. Acesso em: 20/04/2014. ALBUQUERQUE, Carlos Manuel de Sousa Albuquerque; OLIVEIRA,Cristina Paula Ferreira. Saúde e Doença: Significações e Perspectivas em Mudança (http://www.ipv.pt/millenium/millenium25/25_27.htm) UJVARI, Stefan Cunha. A História da Humanidade Contada pelos Vírus. São Paulo: Editora Contexto, 2008. MARQUES FILHO, José. CREMSP-Conselho Regional de Medicina de São Paulo. História da Medicina, pg.28. Revista Ser Médico. Edição 60 - Julho/Agosto/Setembro de 2012.(http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=623) 1.2.2. A história da saúde e da saúde pública no Brasil. Para que se possa compreender como as políticas de saúde se desenvolvem, hoje, é preciso que se pondere sobre as condições que as estruturaram ao longo do tempo com seus vínculos político-sociais e econômicos. É importante destacar que os aspectos econômicos sempre foram centrais, em detrimento das políticas de saúde, fato que contribuiu para que os grandes problemas de saúde no país careçam, até hoje, de soluções adequadas que requerem maiores investimentos no setor, por parte das diferentes instâncias governamentais. Um olhar histórico sobre as questões de saúde pode ajudar a compreendê-las. 1.2.2.1- Os períodos históricos. As questões de saúde no Brasil serão aqui contempladas do período de 1500 até os dias atuais. Brasil colônia, de 1500 até o Reinado No início do século XVI, os navegantes que por aqui passavam levavam a ideia de que a região era muito bonita, rica em alimentos, entre outros atributos. Tal noção, no século XVII, foi substituída por uma realidade bem diferente, constituída por conflitos com os índios, doenças que vieram com os colonizadores, falta de recursos para tratá-las, enfim, falta de tudo que pudesse dar melhores condições de vida para a população que passou a residir aqui (BERTOLLI FILHO, 2011). O Brasil foi um país colonizado, basicamente, por degredados e aventureiros, desde o descobrimento até a instalação do império, não dispondo de modelo de atenção à saúde da população. Os problemas de saúde eram, em sua grande maioria, tratados com os recursos existentes, como ervas e plantas, por quem tivesse conhecimentos empíricos, como os curandeiros, curiosos, religiosos, entre outros. Durante o Brasil colonial, no período de 1500 a 1822, desde o início, no século XVI, os primeiros navegantes que aqui chegaram, tinham a impressão de uma natureza exuberante, rica e com nativos saudáveis. Porém, com o aumento crescente da relação entre império e colônia, as doenças que acometiam a população europeia foram introduzidas na Brasil, fazendo com que a visão paradisíaca fosse substituída pela realidade que impôs um quadro de pobreza, sujeira e peste, impactando negativamente na expectativa de vida da população. (BERTOLLI FILHO, 2011) No decorrer do século XVI, algumas medidas relativas à saúde foram tomadas, como a criação do Regimento do Físico Mor e do Cirurgião-mor do Reino, que instituíram os Comissários-delegados nas províncias e no Brasil, embora esses quadros tenham demorado em serem preenchidos. Isso visava controlar a qualidade dos alimentos. No século XVIII continua a figura do Físico-Mor, até1744, reformada e instituída a Junta de protomedicato que tinha as atribuições semelhantes do Físico–Mor, mas que intensificou tal fiscalização. (MS, 2014) Em 1543 foi criada a primeira Santa Casa de Misericórdia, no Brasil, na vila de Santos, e, no mesmo ano, também foram criadas as Santas Casas de Misericórdia na Bahia, Espírito Santos, São Paulo e Rio de Janeiro que funcionavam por doações e pelo setor público. (BERTOLLI FILHO, 2011) As doenças mais recorrentes eram a varíola, febre amarela, tuberculose e malária, que se disseminavam com facilidade, pois não havia saneamento básico, cuidados com limpeza das casas e dos espaços públicos, tampouco médicos que aqui se aventurassem em virtude dos baixos salários e da fama do país lá fora. Entendia-se que as doenças eram causadas pelos miasmas mórbidos, que contaminavam o meio ambiente por meio da putrefação de restos de animais e de vegetais jogados a céu aberto. Dessa forma, as doenças eram tratadas por médicos estrangeiros, para aqueles que pudessem pagar, e por boticários, parteiras, barbeiros, curandeiros, padres, enfim, por quem tivesse algum conhecimento empírico sobre as doenças e os métodos de cura disponíveis, além da assistência filantrópica prestada aos indigentes pelas Santas Casas de Misericórdia. Os tratamentos eram à base de purgantes e sangrias, que acabavam por piorar o quadro dos doentes. (BERTOLLI FILHO, 2011) Os boticários tornaram-se a figura mais próxima de um médico. Manipulavam fórmulas prescritas pelos médicos, porém muitas vezes eles mesmos as prescreviam. Para obter registro tinham que aprender a função junto a uma botica e prestar exame junto à Fisicatura para que, se aprovado, fosse habilitado e pudesse ter sua própria botica. Esse quadro de precariedade permanece até a vinda da família real ao Brasil, que ocorreu em 1808, cujas primeiras medidas, com relação à saúde, foram a criação, na Bahia, do Colégio Médico - Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador (Academia Médico Cirúrgica da Bahia, fundada em 1815) e, no mês de novembro do mesmo ano, a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro (Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, fundada em1813), anexa ao Real Hospital Militar. Foi criada a Imperial Academia de Medicina, no Rio de Janeiro, em 1829. A cidade do Rio de Janeiro passou a ser sede do império português, e, portanto, foco de ações que visavam ao seu desenvolvimento, bem como promover uma melhoria na imagem do país, como intencionava o imperador D. João VI. Era necessário dar suporte à nova estrutura de poder que se fixou na cidade do Rio de Janeiro. (BERTOLLI FILHO, 2011) Em 1808, D. João VI criou a primeira organização de saúde pública no Brasil. O cargo de Provedor-Mor da Saúde da Corte e do Estado do Brasil foi criado em 27/01/1808, que pode ser considerado precursor do Serviço de Saúde dos Portos, e o alvará sobre o regimento e jurisdição do Físico-Mor e Cirurgião-Mor foi expedido em 23/11/1808. (MS, 2014) Em 1822, D. João VI volta para Portugal, D.Pedro I decreta a independência do Brasil, e em 30/08/1828, estabelece a Municipalização dos Serviços de Saúde e Juntas Municipais com o papel de dar continuidade às funções que foram do Físico-Mor, Cirurgião-Mor e seus delegados. Cria, também, a Inspeção de Saúde Pública do Porto do Rio de Janeiro, vinculada ao Senado da Câmara, que instituiu a quarentena para as embarcações que carregavam indivíduos suspeitos de estarem com alguma doença. (BERTOLLI FILHO, 2011) A vacinação contra a varíola torna-se um meio compulsório de imunização, em 1837 (MS, 2014). E, em 1846, houve a organização do Instituto Vacínico do Império, pelo Decreto 464, de 17/08/1846 (MS, 2014) que disponibilizava vacinas contra a varíola, criadas pelo médico inglês Edward Jenner, em 1796, por meio de pus de bovinos infectados pelo vírus causador da varíola. Portanto, de 1808 até 1850, desenvolvia-se a saúde pública por meio das juntas municipais que focavam o controle de navios e o controle sanitário dos portos e vias de circulação das mercadorias. Na década de 1850, no Rio de Janeiro algumas medidas foram propostas, que obrigava o asseio local e o controle da entrada e saída de hóspedes nas estalagens, por meio de medidas como o depósito de lixo, dejetos humanos e águas sujas em vasilhames que seriam fornecidos e recolhidos diariamente, em vez de enterrá-los nos quintais. Essa, que seria uma medida adequada, não foi aprovada pela Câmara Municipal. (PORTAL DA SAÚDE-MS, 2014) Para evitar a febre amarela, propôs-se, também, jogar água nas ruas para evitar que os miasmas se desprendessem do solo e envenenassem o ar, porém as poças d’água funcionavam como criadouros de mosquitos; tiros de canhão para esparramar o ar e os miasmas; queima de alcatrão, em locais públicos, para purificar o ar; proibição de calçamento para não revolver o solo e expor os miasmas. Como se pode verificar, essas medidas agravavam o quadro de saúde da população. Visando limitar a propagação da febre amarela, a Igreja propôs algumas ações para conter o ―anjo da morte‖ enviado por Deus à cidade do Rio de Janeiro, que pecava ao promover festas, bailes e espetáculos. Dentre as ações, havia as procissões, reforma e construção de igrejas para combater a ira divina com relação à febre amarela. Cabia aos pesquisadores estabelecer o modo de transmissão das epidemias, que se resumia na teoria do contágio de pessoa a pessoa por contato físico, toque ao objeto contaminado pelo doente, respiração do mesmo ar e por infecção pelos miasmas. Algumas medidas foram propostas, como a quarentena de navios, controle dos portos, criação de hospitais fora do centro das cidades, visando ao isolamento do doente. Uso de charutos, pois ao acender o fósforo o enxofre exalado destruiria os miasmas e o fumante cuspiria a bílis. Hidropatia, que prescrevia tomar um copo de água a cada 10 minutos, uma jarra a cada 2 horas, friccionar água pelo corpo e mantê-lo úmido com água fria.(BERTOLLI FILHO, 2011) Mesmo assim as condições sanitárias das cidades eram negligenciadas pelas autoridades médicas e prevalecia a sujeira, águas estagnadas e imundas, dejetos humanos e de animais pelas ruas, praias sujas, pois estas eram depósitos de lixo urbano. Entre 1849 e 1850, apesar da preocupação com a insalubridade urbana, ocorre, no Rio de Janeiro, cidade que contava com cerca de 266 mil habitantes, um surto de febre amarela, que, por dados oficiais, provocou a morte de 4.169 pessoas, embora estimadas cerca de 10 a 15 mil pessoas mortas. A doença reaparece em 1868 e novos surtos acontecem em 1873, com aproximadamente 3.659 mortes, e, em 186, 3.476 mortes. (BENCHIMOL, 2010) Na época verificou-se que a febre amarela acometia os africanos de forma benigna e era mais grave na população branca, daí o senso comum inferir que essa população pagava pelo pecado de escravizar os negros que eram vitimas de maus-tratos, fato esse que prejudicava a ideia de embranquecimento da população brasileira para melhorar a raça que teria sido inferiorizada pela miscigenação com os africanos. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Entre o início do século XIX e início do século XX, o Rio de Janeiro e as principais cidades brasileiras eram palco de epidemias de varíola, febre amarela, peste bubônica, febre tifoide e cólera, que exterminaram milhares de pessoas. Apesar da construção de rede de esgotos, para a classe mais favorecida, esses eram problemáticos, pois vazavam fezes pela cidade. Os cortiços aumentavam e, em 1855, houve um surto de cólera, demonstrando que as condições sanitárias da cidade do Rio de Janeiro continuavam péssimas. As doenças que acometiam mais a classe pobre e os mestiços, como a tuberculose e a varíola, eram negligenciadas, e os recursos existentes visavam ao controle da febre amarela. (BENCHIMOL, 2010)A República Velha ou Primeira República, de 1889 a 1930 Após o término da Monarquia, teve início o sistema republicano, no Brasil, a partir de 1889, e que, desde esse ano até 1930 foi chamado de Primeira República. Seu início se deu após a abolição da escravidão em 1888, e a substituição dessa mão de obra pela assalariada, composta por europeus. Na época, a ocorrência de epidemias era constante e dizimava um número considerável de pessoas, este fato inibia a vinda de imigrantes, considerados necessários à economia nacional, o que obrigou o governo a intervir, visando melhorar as condições de saúde da população, que no período de 1890 a 1900 foi assolada por doenças pestilenciais como a varíola, a febre amarela, a febre tifoide, a peste bubônica e a cólera. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Em 1892, foi criado o Serviço Sanitário Paulista de foco higienista na cidade de São Paulo e na de Santos, que tinha, também, a função de fiscalização e notificação das doenças transmissíveis, além de proibir as práticas de cura pela crença e senso comum, normalmente de atendimento aos mais pobres. No mesmo ano foram criados laboratórios voltados à confecção de vacinas, a pesquisas bacteriológicas e a análises clínicas que deram origem ao Instituto Butantã e Instituto Adolfo Lutz. Em 1903, é inaugurado o Instituto Pasteur. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Em 1899 foi criado o Instituto Soroterápico de Manguinhos com o objetivo de produzir vacinas e soros. Nele trabalharam Carlos Chagas, Oswaldo Cruz, entre outros importantes pesquisadores, tornando-se Instituto Oswaldo Cruz, em 1908, sendo, até os dias atuais, um dos principais centros de pesquisa brasileiros. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Em 1902, Emílio Ribas se deixa picar pelo mosquito Aedes aegypti e contrai a febre amarela, confirmando a hipótese da transmissão da doença por meio de um agente vivo, acabando com a ideia de a doença ser provocada por miasmas mórbidos. A partir de então criou e melhorou programas de saúde pública. Esses programas contaram com a contribuição de Oswaldo Cruz, que dirigiu a Diretoria Geral de Saúde Pública e instituiu a higiene e saúde no Brasil, bem como adotou o modelo das campanhas sanitárias para combate às epidemias urbanas e endemias rurais. .(BERTOLLI FILHO, 2011). As primeiras campanhas sanitárias tinham modelos repressivos de intervenção médica, o que levava a população a ter medo e não ter confiança nesse processo. A polícia tinha o papel de agir, mesmo que fosse com violência, na retirada das pessoas de suas residências para saneamento do meio ambiente por meio da interdição, desinfecção e derrubada das residências nos bairros pobres. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Essas atitudes contribuíram para a revolta contra a obrigatoriedade da vacina contra a varíola, em 31 de outubro de 1904, e que foi reprimida à custa de considerável quantidade de perda de vida dos revoltosos, desgastes ao governo e a Oswaldo Cruz, levando-os a torná-la, posteriormente, opcional aos cidadãos. .(BERTOLLI FILHO, 2011). No início do século XX, predominava a ideia da eugenia, segundo a qual era preciso melhorar a raça brasileira, enfraquecida pela mistura entre brancos, negros e índios, o que seria possível com a introdução dos imigrantes brancos europeus. Em contrapartida havia, também, aqueles que entendiam serem necessárias medidas de saúde pública para reverter o quadro da doente e improdutiva população brasileira. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Houve um desenvolvimento da assistência médica individual, sendo as classes dominantes atendidas pelos profissionais legais da medicina ―médicos de família‖, e o restante da população por filantropia em hospitais mantidos pela Igreja, ou por meio da medicina caseira. O Estado vai se modificando e estruturando a sociedade brasileira, dispensando maior atenção às questões do trabalho e aos movimentos do operariado e sindicatos, criando as primeiras legislações brasileiras nessas áreas. O modelo previdenciário dos anos 20 considerava a assistência médica como atribuição fundamental do sistema, com organização de serviços próprios de saúde que eram muito onerosos. Durante a República Velha, as leis trabalhistas existentes não garantiam assistência médica e indenizações decorrentes de acidentes do trabalho, sendo os trabalhadores assistidos gratuitamente por hospitais filantrópicos. O excedente do capital decorrente da monocultura do café permitiu o início da industrialização, principalmente no eixo Rio-São Paulo, e a consequente necessidade de mão de obra que foi se compondo, em sua maioria, por imigrantes italianos e portugueses. Esses imigrantes eram politizados e se organizaram na luta por direitos trabalhistas, chegando a promover greves gerais em 1917 e 1919. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Entre os direitos adquiridos ressalta-se a Lei Elói Chaves, que possibilitou a criação, em 1923 do Instituto Previdenciário dos trabalhadores das Estradas de Ferro, e, até 1930, houve a criação e ampliação das Caixas de Aposentadoria e Pensões- CAPs e os institutos previdenciários, podendo ser consideradas embrionárias da previdência social. .(BERTOLLI FILHO, 2011). As CAPS organizavam-se por empresas, sendo a gerência e a manutenção feitas por comissões de representantes de empregados e patrões. O presidente das Caixas era nomeado pelo Presidente da República. O pagamento de contribuições dava a garantia de aposentadoria e assistência médica. O poder público apenas mediava os conflitos. Essas caixas também não garantiam serviços de saúde adequados, principalmente para os tuberculosos, e para esses nem o governo tinha algum tipo de atenção, ficando eles e os demais que não tinham carteiras assinadas aos cuidados de entidades filantrópicas, atendidos como indigentes. A era Vargas, de 1930 a 1945. A partir de 1930, até 1945, vive-se a chamada era Vargas, e a revolução de 1930 pôs fim à hegemonia política da classe dominante vinculada à exportação do café, principalmente após a crise de 1929, que contou com apoio das camadas médias urbanas. Em 1930, foi criado o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, pelo Decreto nº 9402, de 14 de novembro de 1930, e os serviços de saúde pública foram anexados a esse ministério. Em 1937, passou a se chamar Ministério da Educação e Saúde, em 25 de julho de 1953 torna-se o Ministério da Saúde.(MS, 2014) As políticas de Getúlio Vargas promoveram algumas melhorias no setor de saúde. Ele consegue maior autonomia para o Estado, anula a Constituição de 1891 e governa por decretos até a promulgação da nova Constituição, em 1934. Getúlio Vargas institui, em 1937, a ditadura do Estado Novo, que durou até 1945 e permitiu centralizar a máquina governamental e bloquear as reivindicações sociais. Em 1934, é promulgada a Constituição Federal que deu ao Estado a responsabilidade pela assistência médica, licença remunerada à gestante trabalhadora, jornada de oito horas diárias. Com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT, tornaram-se obrigatórios o salário mínimo, tratamento médico, indenizações, pagamento de horas extras e férias remuneradas, entre outros benefícios, àqueles que tinham carteira de trabalho assinada. Por isso, foi considerado um governo paternalista. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Visando dar um caráter nacional à política de saúde, Getúlio desenvolveu um processo de centralização dos serviços e uniformização das estruturas dos departamentos estaduais de saúde, levando-os para o interior, expandindo numericamente os serviços de saúde. Entre 1938 e 1945 o Departamento Nacional de Saúde passa por uma reestruturação, centralização e dinamização no que diz respeito às ações de saúde coletiva, chegando ao auge das políticas sanitaristas campanhistas que visavam introduzir hábitos de higiene e desaúde na população, visando o saneamento das doenças. Os serviços não cobertos passam a ser realizados, em 1943, por meio do Serviço Especial de Saúde Pública – SESP. Em 1942, o Ministério da Educação e Saúde, em conjunto com o Institute of Interamerican Affairs, do Governo Norte America, por meio do Decreto Lei nº 4.275, de 17 de abril de 1942, organizaram o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), por meio de um convênio que previa o combate à malária e a oferta de assistência médico-sanitária para a população da Amazônia que trabalhava na extração da borracha, necessária, então, às atividades de Segunda Guerra Mundial. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Durante a década de 1930, foram criados os institutos de seguridade social representados nos Institutos de Aposentadorias e Pensões-IAPs, que eram organizados por categorias profissionais favorecendo parte dos trabalhadores urbanos sindicalizados, como os ferroviários, empregadores do comércio, bancários, marítimos, estivadores e funcionários públicos, necessários à maquina governamental assentada na economia agroexportadora e na emergente industrialização do pais. A administração desses institutos era dependente do governo federal. Os IAPs tinham os conselhos administrativos formados pelos representantes dos empregados e empregadores que exerciam a função de assessoria e fiscalização. Eram dirigidos por um presidente indicado pelo Presidente da República. Inicia-se um processo de ampliação da cobertura previdenciária, definida enquanto seguro privilegiando os benefícios e diminuindo a prestação de serviços, visando aumentar as reservas financeiras cujos superávits tornam-se importante instrumento de acumulação nas mãos do Estado e centro de interesse nos investimentos que interessavam ao governo. Período de redemocratização e de democratização da saúde, de 1945 a 1964 Entre 1945 e 1964, vive-se o período de redemocratização do país. Getúlio Vargas é deposto, em 1945, e, em 1946, elabora-se uma Constituição democrática de cunho liberal. A partir daí até 1964, o Brasil vive o chamado ―período de redemocratização, promovendo eleições diretas, permitindo pluralismo político, liberdade da imprensa, agremiações políticas e sindicatos. Apesar dessas mudanças, a política populista de Vargas segue, porém sem dar resolução aos problemas da população. Começam alguns movimentos sociais exigindo melhores condições de vida, saúde e trabalho, como os nacionalistas, que queriam um Brasil liberto dos países imperialistas, na década de 1950. Entretanto, na mesma década, houve significativa entrada do capital estrangeiro empregado no desenvolvimento do país, principalmente durante o governo de Juscelino Kubitscheck, entre 1956 e 1961. .(BERTOLLI FILHO, 2011). O período de democratização da saúde, de 1945 a 1964, foi conhecido como o período da democracia restrita e foi marcado pelas eleições diretas para os principais cargos políticos, entretanto, analfabetos não votavam, os sindicatos eram tutelados pelo governo e o partido comunista vivia na ilegalidade. No âmbito da saúde, foi criado o Ministério da Saúde, em 1953, pela Lei nº 1920, de 25 de julho de 1953, regulamentada pelo Decreto nº 34.596, de 16 de novembro de 1953, ampliando as ações na área da saúde pública. Tinha como missão reorganizar os serviços de saúde, mas teve atuação criticada quanto à redução da morbidade e mortalidade infantil, organização do atendimento à demanda pelos serviços médicos hospitalares precários, tudo isso agravado pela corrupção, que, entre outros aspectos, trocava serviços de saúde por votos, além da instalação de uma burocracia ineficiente. .(BERTOLLI FILHO, 2011). As verbas para saúde pública eram desviadas para o setor privado, que aplicou na criação de redes de clínicas e hospitais, que se incumbia de vender serviços de saúde à população que pudesse pagar, IAPs e governo. Os investimentos na área da saúde pública eram insuficientes e o Brasil sustentava altas taxas de mortalidade infantil, falta de educação para adoção de hábitos de higiene, tratamento de água e esgoto com baixa cobertura populacional, redundando em inadequadas condições de vida. Para melhorar esse quadro algumas alternativas foram propostas, como a municipalização dos serviços de saúde, atendendo à reivindicação da 3ª Conferência Nacional de Saúde, em 1963. Foi criada a Lei Orgânica da Previdência Social instituindo a contribuição dos trabalhadores, para a previdência social, em 8% do salário. .(BERTOLLI FILHO, 2011). O militarismo, de 1964 a 1980 A partir de 1964 a sociedade brasileira vive dentro de um regime militar, que não investe em saúde e gera um aumento de epidemias como meningite e dengue, cuja divulgação é censurada, em virtude da repressão política e policial. Nessa fase, acontece o ―milagre brasileiro‖, o PIB chega a crescer até 10%a, e, ao mesmo tempo, aprofunda a desigualdade na distribuição de renda marcada, também, pelos apertos impostos aos salários dos trabalhadores. O governo promoveu, em 1966, a unificação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões ao Instituto Nacional de Previdência Social-INPS, que concentrou as contribuições previdenciárias, que equivaliam a 8% do salário do trabalhador com carteira de trabalho assinada, e ficou responsável pela gerência das aposentadorias das pensões. Trabalhadores rurais e trabalhadores informais não eram incluídos nesse processo. .(BERTOLLI FILHO, 2011). O INPS priorizava a prestação de serviços de saúde curativos, portanto, individualistas e não ações coletivas preventivas, por meio de convênios com hospitais do setor privado, que, em decorrência dos preços baixos pagos a eles, utilizavam-se de práticas ilegais promovendo falsos atendimentos com consequente aumento no faturamento. Como os serviços médicos eram pagos por unidades de serviços prestados ao setor privado, a falta de controle permitia a corrupção. Em 1970, foi criada a Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde (DNEES), no Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças.(MS, 2014) A partir de 1975, acentua-se a crise do, então, sistema de saúde e previdência, colaborando, para isso, desemprego e salários baixos, que reduziam o recolhimento dos impostos e afetavam a receita previdenciária. Com a economia fraca, cresce a favelização e a consequente mortalidade infantil, também em decorrência de uma atenção médica curativa de alto custo e insuficiente cobertura populacional, além dos desvios das verbas da saúde para outros setores. Com a intenção de melhorar a qualidade de vida das populações, no mundo, com a reversão do quadro acima, a Organização Mundial de Saúde- OMS, realizou a 1ª Conferência Internacional de Atenção Primária à Saúde, em Alma-Ata, no Cazaquistão, que contribuiu para a importância do desenvolvimento de sistemas de saúde enfatizando a importância da atenção primária, nas políticas públicas, reforçando o movimento sanitário para uma reorganização do sistema e comprometimento do governo com as ações públicas de saúde, no Brasil. A saúde no período de 1980 a 2000 Em 1980, essa reorganização amplia-se com o prev- Saúde+Conasp+AIS, no tocante à saúde individual e coletiva, maior controle sobre fraudes e a prestação de serviços de saúde pelas empresas privadas. Os movimentos populares lutam pela democratização, descentralização e universalização dos serviços. Em 1982, o governo aumenta a alíquota de contribuição e reduz os benefícios aos aposentados.(MS, 2014) Durante os anos de 1980 a 1990, persistiu uma situação crítica da saúde, no Brasil, com atenção hospitalar e curativa ineficientes, agravada por problemas econômicos que aumentavam a desigualdade, cujo descontrole expôs a população mais carente a surtos de cólera e dengue, aumento daincidência de tuberculose, doença de chagas e doenças mentais. .(BERTOLLI FILHO, 2011). Em 1986, a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde, em Brasília, considerada um marco na luta pela democratização da saúde, foi decisiva na incorporação de seus resultados na Pré-Constituinte, em 1987, e na Constituinte de 1988, que aprovou um sistema único de saúde para a sociedade brasileira, com princípios doutrinários de universalidade, integralidade e equidade. O Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde-SUDS (Decreto nº 94657, de 20/7/1987, incorporou os sistemas de saúde públicos e particulares, mediante convênios pagos por produção de serviços, que permitiam transferência de recursos do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social-INAMPS, com sua prática individual e curativa, para os Estados atendendo apenas a trabalhadores informais e seus dependentes. O Ministério da Saúde, prestando assistência coletiva, promove ações de promoção de saúde e prevenção de doenças, por meio de campanhas de vacinação e controle de endemias. Em 5/10/1988, é aprovada a Constituição Federal, com a criação do Sistema Único de Saúde-SUS. Em 1990, foi Instituída a Fundação Nacional de Saúde (FNS), que incorporou a Fsesp e Sucam, pela Lei nº 8029, de 12/4/1990, e a Sucam , incorporou o Programa de Controle da Hanseníase e de outras doenças dermatológicas, pela Portaria GM/MS nº 873, de 27/6/1990, Programa Nacional de Imunização-PNI, Plano de Ação para erradicação da Poliomielite, Programa Nacional de Zoonose, Sistema de Vigilância Epidemiológica, Sistema de Informação sobre Mortalidade, Sistema de Laboratórios de Saúde Pública, e o Dados da Previdência Social - Data-Preve (Lei nº 8101, de 6/12/1990. Em 1998, a coordenação das ações de promoção, proteção e recuperação da saúde relacionadas à pneumologia e dermatologia sanitária, foi transferida da Fundação Nacional de Saúde para a Secretaria de Políticas de Saúde, do Ministério da Saúde. (INDRIUNAS, s/d) Em 1990, foi instituído o SUS com seus objetivos, competências e atribuições, princípios e diretrizes, organização, direção e gestão, bem como foi criado o subsistema de atenção à saúde indígena, regulamentação dos serviços privados de assistência à saúde, políticas a de recursos humanos, financiamento, gestão financeira, planejamento e orçamento, pela Lei 8080, de 19/9/1990. Em 1990, criou-se a gestão participativa do SUS, com formas de alocação de recursos obtidos do Fundo Nacional de Saúde, pela Lei nº 8.142, de 28/12/1990. A partir de 1992, o Brasil passa a ter governos neoliberais, que dão início à redução das ações do Estado, também na área social e na área da saúde. Inicia-se a edição das Normas Operacionais Básicas (NOB), visando à normatização e regulação das transferências dos recursos da união para os estados e os municípios. A NOB 01/91 teve o propósito de viabilizar o artigo 35, da Lei 8080 (http://siops.datasus.gov.br/Documentacao/Resolu%C3%A7%C3%A3o%20258 _07_01_1991.pdf ), introduzindo o sistema de pagamento por produção de serviços aos Estados e Municípios, constantes de tabelas nacionais para pagamento dos prestadores privados, priorizando quantidade e não qualidade. A NOB 01/93, de 1993 (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1993/prt0545_20_05_1993.html), previa o pagamento por diferentes categorias de gestão municipal como incipiente, parcial, semiplena, e também diferentes critérios para repasse financeiro. Em 1993, com a criação do SUS e o comando centralizado do sistema ser exercido pelo Ministério da Saúde, o INAMPS é extinto. Em 1994, os recursos provenientes de folhas de pagamento de empregados e empregadores deveriam ser destinados somente ao pagamento do custo da Previdência Social e não para o Ministério da Saúde. O Ministério da Previdência não mais destinou recursos para a saúde, instalando uma crise financeira nesse setor, que vai se agravando com o modelo de governo neoliberal adotado por Fernando Henrique Cardoso, levando o governo a reconhecer a falta de condições de praticar uma remuneração adequada aos prestadores de serviços médicos e a reconhecer a existência de práticas de cobrança extras pelos serviços oferecidos. Em 1996, é aprovada a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira-CPMF, proposta pelo Ministro da Saúde Adib Jatene, que entra em vigor em 1997, para atender às necessidades da área da saúde, mas que foi desviada para cobrir os déficits do setor econômico.(BERTOLLI FILHO, 2011) O governo de Fernando Henrique Cardoso privatiza empresas estatais e propõe, em 1997, ao Congresso Nacional, as reformas previdenciária, administrativa e tributária. O SUS enfrenta uma grande crise, em especial, com relação à falta de disponibilidade de leitos hospitalares. As Santas Casas de Misericórdia, até então, entidade filantrópica, criam seus próprios planos e passam a fazer parte do sistema supletivo de saúde, reduzindo, ainda mais, a quantidade de leitos para o SUS. Os próprios hospitais universitários reduzem o número de atendimentos, para enfrentar a crise financeira no setor da saúde no país, gerada, também, pelo baixo valor pago para os procedimentos realizados por hospitais que mantinham convênios com o SUS, além da demora em sua efetivação. A NOB SUS 01/96 (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1996/prt2203_05_11_1996.html) consolida a municipalização do SUS, revoga os modelos de gestão incipiente, parcial e semiplena e institui os modelos de Gestão Plena de Atenção Básica e Gestão Plena do Sistema Municipal que transferem determinadas responsabilidades de gestão a eles, como, entre outros: programação de serviços básicos, incluindo domiciliares e comunitários; referência e gerência ambulatorial, especializada e hospitalar própria e de unidades ambulatórias do Estado e da União; cadastramento nacional dos usuários do SUS; contratação de serviços e controle dos pagamentos efetuados aos prestadores de serviços; bem como ações de vigilância sanitária e epidemiológica. A NOB-SUS 01/96, que entrou em vigor em 1998, deu ampla contribuição ao sistema reformulando e aperfeiçoando a gestão do SUS, pois redefiniu as atribuições de cada esfera de governo, bem como a questão da direção única; redução progressiva da remuneração por produção de serviços e ampliação das transferências globais, fundo a fundo, baseadas em programações ascendentes, pactuadas e integradas feitas com base em valores fixos per-capita (Piso Assistencial Básico-PAB), calculado pela multiplicação de um valor per-capita nacional, pela população da cada município, com base em informação fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, além da possibilidade de agregação de outros incentivos ligados ao Programa de Agentes Comunitários de Saúde - PACS, programa de Saúde da Família - PSF,Assistência Farmacêutica Básica, programa de Combate as Carências Nutricionais, ações básicas de vigilância epidemiológica e ambiental, embora essas não sejam acumulativas, quando similares; a prática do acompanhamento, controle e avaliação no SUS; aprofundamento dos vínculos com os usuários do SUS e seus familiares visando ao controle social. A NOB-SUS 01/96 tem na família seu foco de ação, bem como a construção de uma compreensão ampliada do processo saúde-doença e das relações profissional-paciente-família, como formas de atuação que visem melhorar a qualidade das intervenções que produzam melhor qualidade de vida para a sociedade. No final da década de 1990, são aprovadas as reformas administrativas e da previdência, em 1998 Fernando Henrique Cardoso é reeleito e, em decorrência da crise econômica vivida pelo Brasil e demais países em desenvolvimento, promove o aumento dos juros que beneficia os especuladoresinternacionais e resulta num ajuste fiscal responsável pela diminuição de verbas, num montante de R$260 milhões, para o orçamento na área da saúde, em 1999. Tal fato evidencia que a arrecadação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira-CPMF, instituída a partir de 23/01/1997, não trouxe benefícios para a área da saúde, como era previsto. A lei 9656/98 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9656.htm ), sobre os planos e seguros de saúde, foi aprovada pelo Congresso Nacional em junho e regulamentada em novembro de 1998. Essa Lei visava à normatização e regulamentação da prestação de serviços. Para tanto introduz modelos diferenciados de cobertura de serviços: Plano ambulatorial; Plano Hospitalar sem obstetrícia; Plano Hospitalar com obstetrícia; Plano odontológico; Plano referência - representando a somatória dos quatro tipos de plano anteriores. No final da década de 1990, o Brasil vive uma grande crise cambial que procura enfrentar com empréstimos do Fundo Monetário Internacional-FMI, em nova política recessiva, que aumenta o desemprego, aumentando, também, o CPMF de 0,20% para 0,38. A saúde no século XXI. Durante a década de 2010, algumas medidas foram tomadas para normatização das questões da saúde, no Brasil, tais como as abaixo mencionadas: Em 2001, foi aprovada a Norma Operacional de Assistência à Saúde- NOAS-SUS 1/2001 (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2001/prt0095_26_01_2001.html) , visando à ampliação da responsabilidade dos municípios na atenção básica; a definição do processo de regionalização da assistência; criação de mecanismos para o fortalecimento do SUS, bem como a atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios (Portaria GM/MS nº 95, de 26/1/2001). Também, foi implantada a Agenda Nacional de Saúde, estabelecendo os eixos prioritários de intervenção para o ano 2001, sendo instrumento de orientação estratégica da Política de Saúde no Brasil, cujas responsabilidades foram definidas pela Portaria GM/MS nº 393, de 29/3/2001. Em 2002, foi provada a Norma Operacional de Assistência à Saúde- NOAS-SUS 01/2002 (http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2002/prt0373_27_02_2002.html ), também, ampliando as responsabilidades dos municípios na atenção básica; estabelecendo o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior equidade; criando mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema Único de Saúde e procedendo a atualização dos critérios de habilitação de estados e municípios, por meio da Portaria GM/MS nº 373, de 27/2/2002. No mesmo ano, foi criado o Programa de Promoção da Alimentação Saudável em Comunidades Indígenas-PPACI, objetivando promover a segurança alimentar e nutricional, de forma sustentável, e consolidar as ações de alimentação e nutrição no âmbito da atenção básica à saúde prestada às populações indígenas, com enfoque na promoção da saúde e prevenção de doenças, por meio da Portaria GM/MS nº 2.405, de 27/12/2002. Em 2003, instituiu-se o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia, objetivando a promoção de pesquisas científico-tecnológicas que atendam às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS); reconhecendo e premiando pesquisadores responsáveis pela condução de pesquisas básicas que podem ser aplicadas pelo SUS, conforme Portaria GM/MS nº 1.419, de 24/7/2003. Em 2004, a NOB SUS 01/96 foi regulamentada pela Portaria GM/MS nº 1.172, de 15/6/2004, na competência da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, na área de Vigilância em Saúde, definindo o sistema de financiamento. Em 2005, foi instituída a Comissão Nacional de Monitoramento e Avaliação da Implementação do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, conforme Portaria GM/MS nº 427, de 22/3/2005. Em 2006, foi aprovada a Política Nacional de Atenção Básica, visando estabelecer a revisão de diretrizes e normas para organização da Atenção Básica para o Programa de Saúde da Família-PSF e o Programa Agentes Comunitários-PACS, conforme Portaria GM/MS nº 648, de 28/03/2006. Em 2009, instituiu-se no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, conforme Portaria GM/MS nº 1.944, de 27/08/2009. Relativamente ao financiamento da saúde, no país, a CPMF chegou a arrecadar, em 2006, um montante de R$ 185 bilhões, mesmo assim não houve melhoria no setor de saúde, o que levou ao seu fim, em 2007. A melhoria no setor da economia, gerada pelos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, permitiu maior cobertura da rede de água e esgoto para a população brasileira, o que impactou na queda da mortalidade infantil. (BERTOLLI FILHO, 2011) O Programa de Saúde da Família-PSF e o Programa de Saúde do Trabalhador-PST contribuíram ao ampliar a cobertura de atendimento à saúde da população brasileira. Embora o programa brasileiro de combate a AIDS tenha reconhecimento mundial, doenças transmissíveis evitáveis, como tuberculose, dengue, ainda fazem muitas vítimas, principalmente nas regiões mais pobres e desassistidas do país. Em 2011, Dilma Rousseff toma posse do governo, em meio a um crescimento econômico de 7,5%, em 2010, e a perspectiva de progresso econômico e social, em face à descoberta de um novo campo petrolífero em alto mar, o pré- sal, motivo de muitos debates no Congresso Nacional, sobre a destinação de porcentagens dos royalties para a saúde e educação, acenando para a melhoria desses setores. Trata-se da Lei n 12.858, de 9 de setembro de 2013 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011- 2014/2013/Lei/L12858.htm) , que dispõe sobre a destinação de parcela da participação no resultado ou da compensação financeira, para as áreas da saúde e educação, pela exploração de petróleo e gás natural, com a finalidade de cumprimento da meta prevista no inciso VI do caput do art. 214 e no art. 196 da Constituição Federal, alterando a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. Devendo melhorar, ainda mais, as questões de saúde, o programa Mais Médico, instituído em 2013, prevê a melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde, bem como mais investimentos em infraestrutura dos hospitais e unidades de saúde, além de levar mais médicos para regiões onde há escassez e ausência de profissionais. Tem o propósito de enviar mais médicos para atuar na atenção básica de municípios mais vulneráveis socialmente falando, e Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), levando o Governo Federal a garantir mais médicos para o Brasil. Prevê, também, a expansão do número de vagas de medicina e de residência médica, possibilitando a criação de mais 40 cursos de medicina no país, em 2014, com 2.415 novas vagas na graduação, que deverão atingir 11,5 mil vagas, em 2017, e 12 mil vagas para formação de especialistas, em 2020, além do aprimoramento da formação médica no Brasil. O programa prevê, também, que a partir de 1º janeiro de 2015, os alunos que ingressarem na graduação deverão atuar por um período de dois anos em unidades básicas e na urgência e emergência do SUS. Atualmente o Brasil vive uma crise econômica, tendo um baixo crescimento do PIB, em 2013, sem perspectivas de melhorias em 2014. Espera-se que as atuais políticas de saúde adotadas pelo governo sejam de fato implantadas, proporcionando mais qualidade ao sistema de saúde para o povo brasileiro. REFERÊNCIAS BENCHIMOL, Jaime. Epidemias e medicina no Brasil Império (1822-1889). Pré-Univesp – No. 5 2010 – Epidemias – Outubro de 2010. Disponível em: http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/657/epidemias-e-medicina-no- brasil-imp-rio-1822-1889-.html. Acesso em: 21/04/2014 BERTOLLI FILHO, Cláudio.História da Saúde pública no Brasil. 5 ed. São Paulo: Ática, 2011. INDRIUNAS, Luis. História da Saúde Pública no Brasil. Disponível em: http://pessoas.hsw.uol.com.br/historia-da-saude.htm. Acesso em 21/04/2014. MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNASA- Fundação Nacional de Saúde. Cronologia Histórica da Saúde Pública. Uma visão histórica da Saúde Brasileira. Disponível em: http://www.funasa.gov.br/site/museu-da-funasa/cronologia-historica-da-saude-publica/. Acesso em 21/04/2014. PORTAL DA SAÚDE. Ministério da Saúde. História da Saúde Pública. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/404.html. Acesso em: 31/04/2014. 2. CONFERÊNCIAS INTERNACIONAIS DE SAÚDE. REDE DE MEGA PAÍSES. CONFERÊNCIAS NAICIONAIS DE SAÚDE. Como já visto, a saúde, para a Organização Mundial de Saúde- OMS ―é um estado de completo bem -estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença e enfermidade‖, portanto, a promoção da saúde é um dos aspectos mais importantes a serem tratados sendo um ―processo que permite às pessoas aumentarem o controle sobre os determinantes da saúde e, através disso, melhorar sua saúde, sendo a participação delas essencial para sustentar as ações de promoção da saúde‖. Visando melhorar a qualidade de vida da população mundial, a OMS é um órgão que tem importante papel na orientação, estabelecimento de metas, controle de doenças, entre outras atividades. Para tanto promove conferências internacionais que produzem cartas sobre diretrizes voltadas para melhoria da qualidade de vida, que fundamentam as políticas públicas de saúde no mundo. A criação de uma agência internacional de saúde pública deu-se na Europa, em meados do séc. XIX, em virtude das alterações na dinâmica populacional, que, por causa da Revolução Industrial, promoveu um crescimento desordenado dos grandes centros urbanos, gerou exclusão social e facilitou a disseminação de doenças, antes regionalizadas, por exemplo, a epidemia de cólera. Em 1851, foi aprovada, pelas nações europeias, em Paris, a Convenção Sanitária Internacional, com o objetivo de obter maior controle sobre as doenças do continente europeu. Em 1909, foi criado o Escritório Internacional de Saúde Pública e, em 1923, a Organização da Liga das Nações, órgãos estes que deram origem a OMS, em 07/04/1948, Dia Mundial da Saúde, que tem sede em Genebra, na Suíça, sendo subordinada a Organização das Nações Unidas-ONU. A OMS, além de sua sede, conta com cinco escritórios regionais: A Organização Pan-Americana da Saúde-OPAS; EURO: Escritório Regional para a Europa; AFRO: Escritório Regional para a ÁFRICA; EMRO: Escritório Regional para o Mediterrâneo Oriental; SEARO: Escritório Regional Para o Sudeste da Ásia; e WPRO: Escritório Regional para o Pacífico Ocidental. Em nível Internacional, a OMS promove conferências, recomendações e intenções. Em nível nacional ou regional, contribui na orientação para as políticas, planos de ação, programas (re)organização de serviços, mobilização de recursos, metodologias – práticas de saúde. E, em nível local, contribui para a implementação ou intervenção, necessárias para a qualidade de vida das diferentes sociedades humanas. O ideal da OMS é ―Oferecer a todas as pessoas o mais alto grau de saúde‖, para tanto, em seu início, focava as doenças infecciosas, principalmente a cólera e a malária. O combate conseguiu a redução de algumas doenças, que posteriormente voltaram a crescer, como a tuberculose, mas o surgimento de novas doenças como a HIV/AIDS, SARS e H1N1 mostrou a necessidade de novas estratégias de combate. A OMS atua em sistema de cooperação com outras organizações das Nações Unidas, como : UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância; UNDP-Programa para Desenvolvimento das Nações Unidas; UNAID-Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS; Banco Mundial; OIs- Organizações Intergovernamentais; e ONGs-Organizações Não- Governamentais. Estão em sua constituição as seguintes premissas: A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade; Gozar do melhor estado de saúde que é possível atingir constitui um dos direitos fundamentais de todo ser humano, sem distinção de raça, de religião, de credo político, de condição econômica ou social; A saúde de todos os povos é essencial para conseguir a paz e a segurança e depende da mais estreita cooperação dos indivíduos e dos Estados; Os resultados conseguidos por cada Estado na promoção e proteção da saúde são de valor para todos; O desigual desenvolvimento em diferentes países no que diz respeito à promoção de saúde e combate às doenças, especialmente contagiosas, constitui um perigo comum; O desenvolvimento saudável da criança é de importância basilar; a aptidão para viver harmoniosamente num meio variável é essencial a tal desenvolvimento; A extensão a todos os povos dos benefícios dos conhecimentos médicos, psicológicos e afins é essencial para atingir o mais elevado grau de saúde; A OMS considera que a opinião pública esclarecida e a cooperação ativa da parte do público são de importância capital para o melhoramento da saúde dos povos. Os Governos têm responsabilidade pela saúde dos seus povos, a qual só pode ser assumida pelo estabelecimento de medidas sanitárias e sociais adequadas. O objetivo da OMS é a aquisição, por todos os povos, do nível de saúde mais elevado possível. Para tanto tem as seguintes funções: • Atuar como autoridade diretora e coordenadora dos trabalhos internacionais no domínio da saúde; • Promover cooperação técnica; • Dar assistência a governos, quando solicitada, no fortalecimento dos serviços da saúde; • Fornecer assistência técnica apropriada e, em emergência, prestar auxílios necessários sob a solicitação e aceitação dos governos; • Estimular o avanço na prevenção e controle de epidemias, endemias e outras doenças; • Promover, em cooperação com outras agências especializadas, a melhoria da nutrição, moradia, higiene sanitária, lazer, economia, condições de trabalho entre outros aspectos de higiene ambiental; • Promover e coordenar pesquisas de saúde pública e biomédicas; • Promover melhorias nos padrões de ensino e no treinamento da saúde, da medicina e das profissões correlatas; • Estimular o estabelecimento de padrões internacionais de produtos biológicos, farmacêuticos, similares e também padronizar procedimentos de diagnósticos; • Financiar atividades no campo da saúde mental, especialmente as que afetam a harmonia das relações humanas; • Propor convenções, acordos e regulamentos; • Fazer recomendações sobre nomenclaturas internacionais de doenças, causas de morte e práticas de saúde públicas; • Estabelecer e promover padrões internacionais relativos à alimentação. Dessa forma, as Conferências Internacionais de Saúde, promovidas pela OMS, dão base e sustentabilidade para que seus objetivos sejam alcançados. Têm como objetivos principais a ampliação das ações de promoção da saúde, bem como colaborar para as ações em saúde. Até o momento, foram realizadas as várias Conferências Internacionais que serão apresentadas na sequência. Essas conferências salientam numa questão de saúde básica e fundamental que é focar a saúde, em vez de só focar a doença. Esse paradigma representa um esforço contínuo voltado para a promoção da saúde, entendendo que a qualidade de vida é um processo que inclui a forma como o indivíduo reproduz sua existência numa sociedade estratificada em diferentes classessociais. Tais premissas começam a ganhar importância em 1974, quando Marc Lalond, Ministro da Saúde no Canadá, produz um relatório reconhecendo a necessidade das questões de saúde mudarem o foco da prestação de serviços centralizada somente na assistência médica, portanto do modelo biomédico, para um modelo composto por elementos biológicos, ambientais, estilo de vida. Além disso, chamou a atenção da responsabilidade de cada um na condução da própria saúde . A partir desse relatório começa a ser possível a construção de um novo conceito de saúde. (http://www.healthpromotionagency.org.uk/Healthpromotion/Health/sectio n6a.htm ) A promoção da saúde, dentro desse novo paradigma, é discutida durante a 30ª. Assembleia Mundial de Saúde, em 1977, que aprovou a resolução 30.43 que estabelecia, nas décadas seguintes, como principal meta da OMS, que todos os povos do mundo alcançassem um nível de saúde que lhes permitisse ter melhores condições de vida social e econômica. Tal meta ficou conhecida como ―Saúde para Todos‖ no ano 2.000. As declarcações produzidas pelas conferências internacionais da saúde sempre reforçaram a necessidade de refirmar o desenvolvimento da promoção da saúde como forma de reduzir os problemas de saúde dos diversos países. Tais declarações seguem, na íntegra, http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracoesecarta_portugues. pdf : 2.1. DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA. CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE Alma-Ata, URSS, 6 -12 de setembro de 1978 A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, reunida em Alma-Ata aos doze dias do mês de setembro de mil novecentos e setenta e oito, expressando a necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os que trabalham nos campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos do mundo, formulou a seguinte declaração: I) A Conferência enfatiza que a saúde - estado de completo bem- estar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade - é um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e econômicos, além do setor saúde; II) A chocante desigualdade existente no estado de saúde dos povos, particularmente entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, assim como dentro dos países, é política, social e economicamente inaceitável e constitui, por isso, objeto da preocupação comum de todos os países; III) O desenvolvimento econômico e social baseado numa ordem econômica internacional é de importância fundamental para a mais plena realização da meta de Saúde para Todos no Ano 2000 e para a redução da lacuna existente entre o estado de saúde dos países em desenvolvimento e o dos desenvolvidos. A promoção e proteção da saúde dos povos é essencial ao contínuo desenvolvimento econômico e social e contribui para a melhor qualidade de vida e para a paz mundial; IV) É direito e dever dos povos participar individual e coletivamente no planejamento e na execução de seus cuidados de saúde; V) Os governos têm pela saúde de seus povos uma responsabilidade que só pode ser realizada mediante adequadas medidas sanitárias e sociais. Uma das principais metas sociais dos governos, das organizações internacionais e de toda a comunidade mundial, na próxima década, deve ser a de que todos os povos do mundo, até o ano 2000, atinjam um nível de saúde que lhes permita levar uma vida social e economicamente produtiva. Os cuidados primários de saúde constituem a chave para que essa meta seja atingida, como parte do desenvolvimento, no espírito da justiça social; VI) Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e automedicação. Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país, como foco principal, quanto do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde. VII) Os cuidados primários de saúde: 1 - Refletem, e a partir delas evoluem, as condições econômicas e as características socioculturais e políticas do país e de suas comunidades, e se baseiam na aplicação dos resultados relevantes da pesquisa social, biomédica e de serviços de saúde e da experiência em saúde pública; 2 - Têm em vista os principais problemas de saúde da comunidade, proporcionando serviços de proteção, cura e reabilitação, conforme as necessidades; 3 - Incluem pelo menos: educação, no tocante a problemas prevalecentes de saúde e aos métodos para sua prevenção e controle, promoção da distribuição de alimentos e da nutrição apropriada, previsão adequada de água e saneamento básico, cuidados de saúde materno-infantil, inclusive planejamento familiar, imunização contra as principais doenças infecciosas, prevenção e controle de doenças localmente endêmicas, tratamento apropriado de doenças e lesões comuns e fornecimento de medicamentos essenciais; 4 - Envolvem, além do setor saúde, todos os setores e aspectos correlatos do desenvolvimento nacional e comunitário, mormente a agricultura, a pecuária, a produção de alimentos, a indústria, a educação, a habitação, as obras públicas, as comunicações e outros setores; 5 - Requerem e promovem a máxima autoconfiança e participação comunitária e individual no planejamento, organização, operação e controle dos cuidados primários de saúde, fazendo o mais pleno uso possível de recursos disponíveis, locais, nacionais e outros, e para esse fim desenvolvem, por meio da educação apropriada, a capacidade de participação das comunidades. 6 - Devem ser apoiados por sistemas de referência integrados, funcionais e mutuamente amparados, levando à progressiva melhoria dos cuidados gerais de saúde para todos e dando prioridade aos que têm mais necessidade. 7 - Baseiam-se, nos níveis locais e de encaminhamento, nos que trabalham no campo da saúde, inclusive médicos, enfermeiros, parteiras, auxiliares e agentes comunitários, conforme seja aplicável, assim como em praticantes tradicionais, caso seja necessário, treinados para trabalhar, social e tecnicamente, ao lado da equipe de saúde e responder às necessidades expressas de saúde da comunidade; VIII) Todos os governos devem formular políticas, estratégias e planos nacionais de ação para lançar/sustentar os cuidados primários de saúde em coordenação com outros setores. Para esse fim, será necessário agir com vontade política, mobilizar os recursos do país e utilizar racionalmente os recursos externos disponíveis; IX) Todos os países devem cooperar, num espírito de comunidade e serviço, para assegurar os cuidados primários de saúde a todos os povos, uma vez que a consecução da saúde do povo de qualquer país interessa e beneficia diretamente todos os outros países. Nesse contexto, o relatório conjunto da OMS/UNICEF sobre cuidados primários de saúde constitui sólida base para o aprimoramentoadicional e a operação dos cuidados primários de saúde em todo o mundo. X) Poder-se-á atingir nível aceitável de saúde para todos os povos do mundo até o ano 2000 mediante o melhor e mais completo uso dos recursos mundiais, dos quais uma parte considerável é atualmente gasta em armamento e conflitos militares. Uma política legítima de independência, paz, distensão e desarmamento pode e deve liberar recursos adicionais, que podem ser destinados a fins pacíficos e, em particular, à aceleração do desenvolvimento social e econômico, do qual os cuidados primários de saúde, como parte essencial, devem receber sua parcela apropriada; A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde concita à ação internacional e nacional urgente e eficaz, para que os cuidados primários de saúde sejam desenvolvidos e aplicados em todo o mundo e, particularmente, nos países em desenvolvimento, num espírito de cooperação técnica e em consonância com a nova ordem econômica internacional. Exorta os governos, a OMS e o UNICEF, assim como outras organizações internacionais, entidades multilaterais e bilaterais, organizações governamentais, agências financeiras, todos os que trabalham no campo da saúde e toda a comunidade mundial a apoiar um compromisso nacional e internacional para com os cuidados primários de saúde e a canalizar maior volume de apoio técnico e financeiro para esse fim, particularmente nos países em desenvolvimento. A Conferência concita todos a colaborar para que os cuidados primários de saúde sejam introduzidos, desenvolvidos e mantidos, de acordo com a letra e espírito desta Declaração. 2.2. CARTA DE OTTAWA. PRIMEIRA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE Ottawa, novembro de 1986. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracoesecarta_portugues. pdf : A Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, Canadá, em novembro de 1986, apresenta neste documento sua Carta de Intenções, que seguramente contribuirá para se atingir Saúde para Todos no Ano 2000 e anos subsequentes. Essa Conferência foi, antes de tudo, uma resposta às crescentes expectativas por uma nova saúde pública, movimento que vem ocorrendo em todo o mundo. As discussões focalizaram principalmente as necessidades em saúde nos países industrializados, embora tenham levado em conta necessidades semelhantes de outras regiões do globo. As discussões foram baseadas nos progressos alcançados com a Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários em Saúde , com o documento da OMS sobre Saúde Para Todos e com o debate ocorrido na Assembleia Mundial da Saúde sobre as ações necessárias para o setor. Promoção da saúde Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo mais participação no controle desse processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social, os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. Pré-requisitos para a saúde As condições e os recursos fundamentais para a saúde são: • paz • habitação • educação • alimentação • renda • ecossistema estável • recursos sustentáveis • justiça social e equidade O incremento nas condições de saúde requer uma base sólida nestes pré-requisitos básicos. Defesa de causa A saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como uma importante dimensão da qualidade de vida. Fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos podem tanto favorecer como prejudicar a saúde. As ações de promoção da saúde objetivam, por meio da defesa da saúde, fazer com que as condições descritas sejam cada vez mais favoráveis. Capacitação Alcançar a equidade em saúde é um dos focos da promoção da saúde. As ações de promoção da saúde objetivam reduzir as diferenças no estado de saúde da população e assegurar oportunidades e recursos igualitários para capacitar todas as pessoas a realizar completamente seu potencial de saúde. Isso inclui uma base sólida: ambientes favoráveis, acesso à informação, a experiências e habilidades na vida, bem como oportunidades que permitam fazer escolhas por uma vida mais sadia. As pessoas não podem realizar completamente seu potencial de saúde se não forem capazes de controlar os fatores determinantes de sua saúde, o que se aplica igualmente a homens e a mulheres. Mediação Os pré-requisitos e perspectivas para a saúde não são assegurados somente pelo setor saúde. Mais importante, a promoção da saúde demanda uma ação coordenada entre todas as partes envolvidas: governo, setor saúde e outros setores sociais e econômicos, organizações voluntárias e não governamentais, autoridades locais, indústria e mídia. As pessoas, em todas as esferas da vida, devem envolver-se neste processo como indivíduos, famílias e comunidades. Os profissionais e grupos sociais, assim como o pessoal de saúde, têm a responsabilidade maior na mediação entre os diferentes, em relação à saúde, existentes na sociedade. As estratégias e programas na área da promoção da saúde devem se adaptar às necessidades locais e às possibilidades de cada país e região, bem como levar em conta as diferenças em seus sistemas sociais, culturais e econômicos. Significado das ações de promoção da saúde: construindo políticas públicas saudáveis A promoção da saúde vai além dos cuidados de saúde. Ela coloca a saúde na agenda de prioridades dos políticos e dirigentes em todos os níveis e setores, chamando-lhes a atenção para as consequências que suas decisões podem ocasionar no campo da saúde e a aceitarem suas responsabilidades políticas com a saúde. A política de promoção da saúde combina diversas abordagens complementares, que incluem legislação, medidas fiscais, taxações e mudanças organizacionais. É uma ação coordenada que aponta para a equidade em saúde, distribuição mais equitativa da renda e políticas sociais. As ações conjuntas contribuem para que haja bens e serviços mais seguros e saudáveis, serviços públicos saudáveis e ambientes mais limpos e desfrutáveis. A política de promoção da saúde requer a identificação e a remoção de obstáculos para a adoção de políticas públicas saudáveis nos setores que não estão diretamente ligados à saúde. O objetivo maior deve ser indicar aos dirigentes e políticos que as escolhas saudáveis são as mais fáceis de realizar. Criando ambientes favoráveis Nossas sociedades são complexas e inter-relacionadas. Assim a saúde não pode estar separada de outras metas e objetivos. As inextricáveis ligações entre a população e seu meio - ambiente constituem a base para uma abordagem socioecológica da saúde. O princípio geral orientador para o mundo, as nações, as regiões e até mesmo as comunidades é a necessidade de encorajar a ajuda recíproca – cada um a cuidar de si próprio, do outro, da comunidade e do meio - ambiente natural. A conservação dos recursos naturais do mundo deveria ser enfatizada como uma responsabilidade global. Mudar os modos
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