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Constitucionalismo e Constituição

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DIREITO CONSTITUCIONAL – TEORIA GERAL DA CONSTITUIÇÃO
O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público, fundamental à organização e o funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários do mesmo e ao estabelecimento das bases da estrutura política. Está apto a expor, interpretar e sistematizar as normas fundamentais do Estado.
Tem, pois, por objeto, a constituição política do Estado, no sentido amplo de estabelecer sua estrutura, a organização de suas instituições e órgãos, o modo de aquisição e limitação do poder, através, inclusive, da previsão de diversos direitos e garantias fundamentais.
Constitucionalismo é um movimento histórico-cultural, de natureza social, política, filosófica e jurídica, que visa a limitação do poder. Sua origem formal está ligada às Constituições escritas e rígidas dos Estados Unidos da América, em 1787, e da França, em 1791, apresentando dois traços marcantes: organização do Estado e limitação do poder estatal, por meio da previsão de direitos e garantias fundamentais. 
Historicamente, sempre houve a ideia de uma norma jurídica suprema que trouxesse a estruturação do Estado. Trata-se do período denominado constitucionalismo antigo. Este aparece em três fases: primeiramente, no Povo Hebreu, sociedade movida por políticas teocráticas (as “leis sagradas” serviam como leis fundamentais). Em seguida, surgiu na Grécia Antiga, onde existiam as cidade-estado (“politeia”) e a preocupação com a organização delas, e também no Império Romano, em que houve uma tentativa de separação de poderes. Por fim, aparece também na Magna Carta (1215, Rei João Sem Teto), que foi um acordo responsável pela tentativa de limitar o poder. O constitucionalismo antigo era descritivo, preocupado apenas com o presente. Não era, pois, obrigatório e sim visto como mero recado político.
Por outro lado, o movimento denominado constitucionalismo moderno surge apenas no final do século XVIII, com o propósito de limitar o poder estatal absoluto. O seu marco histórico está na criação das Constituições dos Estados Unidos da América de 1787 e da França de 1791. Essas ideias revolucionárias buscaram romper com o arbítrio típico do Estado Absolutista para implantar um novo modelo de Estado, o Estado Liberal, também chamado de Estado Moderno. Nesse momento, as normas fundamentais tornaram-se prescritivas (obrigatórias). Foi instaurado a separação de poderes, a declaração de direitos fundamentais (requisitos presentes no art. 16 da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão) e a democracia representativa, respaldada na legitimação do governo.
O constitucionalismo moderno possui três fases, sendo a primeira delas o CONSTITUCIONALISMO LIBERAL-BURGUÊS. Nesse momento, a liberdade era o mais importante, de forma que a proteção se concentrava em direitos negativos (abstenções do Estado). Tem-se o chamado “Estado Mínimo”, de forma que ele não atuava. E a igualdade era rotulada como formal: todos os indivíduos eram iguais perante a lei, mesmo que entre eles houvesse desigualdades (econômica, por exemplo). O Estado tinha a função de proteger a propriedade privada e o mercado, ou seja, protegia apenas indivíduos que detinham poder. Num segundo momento, surgiu o CONSTITUCIONALISMO SOCIAL. Viu-se necessário garantir alguns direitos para os indivíduos. Ocorre então a progressão do voto (mais pessoas podiam votar). E a proteção está agora voltada para direitos positivos, o que indica um Estado Prestacional, que deve agir (mas ainda era necessário se abster em algumas situações). A igualdade passou a ser concreta, material, e ela só foi possível devido à atuação estatal. A propriedade privada continuou protegida, entretanto os direitos acerca dela se limitaram. Assim como a autonomia negocial. A proteção da pessoa se tornou mais importante. Estado abandona seu ideal abstencionista, passando a intervir no corpo social com a finalidade de corrigir as desigualdades existentes. Essa fase do constitucionalismo teve origem na Constituição Mexicana de 1917 e na Constituição de Weimar, em 1919. Mas acabou entrando em crise devido a restrições financeiras. Já no CONSTITUCIONALISMO GLOBAL ou TRANSNACIONAL não importa muito o espaço físico que se está ocupando (desterritorialização do poder). Entretanto há alguns problemas que envolvem essa teoria: direito comunitário (união entre todos os Estados é difícil de acontecer); direitos humanos (não é possível criar um bloco daquilo que deve ser entendido como direitos humanos para todos os países do mundo); lex mercatoria – lei de mercado (não é possível fazer uma lei de mercado sem se preocupar com as grandes multinacionais – inobservância de interesses). A comunidade europeia tem sua própria Constituição mas não há Estado. CEU – conjunto de Estados com suas próprias Constituições, as quais valem somente para o âmbito local.
O marco histórico do novo direito constitucional, na Europa continental, foi o constitucionalismo do pós-guerra, especialmente na Alemanha e na Itália. No Brasil, foi a Constituição de 1988 e o processo de redemocratização que ela ajudou a protagonizar. Esse novo direito constitucional é chamado de neoconstitucionalismo. A preocupação está voltada para a pessoa (princípio da dignidade humana). 
No Brasil os princípios ganham força normativa e valorização (são normas jurídicas, mas qualificados pela subjetividade – mais vagos – ao contrário das regras que têm maior concretude). Com ele, também, abriu-se espaço para os métodos abertos de raciocínio. Aborda a ideia de argumentação jurídica, uma vez que os princípios têm obrigatoriedade. Essa argumentação é realizada por aqueles que estudam os próprios princípios. Além disso, houve a constitucionalização do direito (normas constitucionais estão sobrepostas e se aplicam para os demais ramos do direito). Constitucionalizar direitos faz com que seja mais difícil modifica-los, torna-os rigídos.
Nesse âmbito é possível também dizer que, com isso, o neoconstitucionalismo visa proteger a violação de direitos fundamentais (que a priori surgiram para proteger os cidadãos do poder arbitrário do Estado, em relações verticais, de hierarquia) em relações horizontais, entre particulares considerados iguais. E também, pela ideia do neoconstitucionalismo, a pessoa é o núcleo do direito e deve ser protegida (o que entra em contradição com a antiga maneira de pensar, quando era necessário proteger o patrimônio e não o indivíduo).
Com o novo constitucionalismo, o poder judiciário ganhou enfoque e passou a analisar questões políticas e sociais à luz da Constituição Federal, o que pode ser chamado de judicialização da política e das relações sociais. Ademais, o neoconstitucionalismo tem as premissas: separação de poderes, garantia de direitos fundamentais (expostos no art. 16 da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão) e democracia representativa. É possível falar, também, sobre um conceito ideal de Constituição, ou seja, aquela que consta num documento escrito, formal (para dar segurança), que protege as liberdades e a participação popular e que contém o princípio da divisão de poderes (garantia orgânica contra os abusos dos poderes estatais).
O neoconstitucionalismo traz consigo três problemas a serem enfrentados. O primeiro deles (“JUDICIOCRACIA ou SUPREMOCRACIA”) refere-se à supervalorização de um poder (o judiciário), ferindo a premissa de limitação do poder – “governo dos juízes”. Em segundo lugar, tem-se o “OBA-OBA CONSTITUCIONAL”, que trata da aplicação desmedida dos princípios, de forma a desvalorizá-los. E, por fim, temos o problema da perda de autonomia dos demais ramos do direito, chamado de PANCONSTITUCIONALIZAÇÃO (em casos de perda da autonomia da vontade, desvaloriza a dignidade da pessoa humana).
CONSTITUIÇÃO
É o conjunto de normas que estabelece a organização judiciária fundamental do Estado (lei fundamental e suprema). Assim, é hierarquicamente mais importante, encontrando-se no topo do ordenamento jurídico, de forma que todas as normas que forem contra aquilo dispostona Constituição, serão inconstitucionais e, portanto, nulas.
A Constituição Federal contém normas referentes à estruturação do Estado, à formação dos poderes públicos, forma de governo e aquisição do poder de governar, assim como a distribuição de competências, direitos, garantias e deveres dos cidadãos.
Em suma, o sistema jurídico que se apresenta nessa estrutura escalonada tendo em seu vértice a Constituição, deve ser coerente e racional. Qualquer conflito ou antinomia que agrida o postulado da primazia da Carta Magna viola pelo menos um princípio essencial, qual seja, justamente o da Supremacia da Constituição, comprometendo assim a harmonia do ordenamento.
Logo, a compreensão da Constituição como lei fundamental implica o reconhecimento da sua supremacia na ordem jurídica, bem como a existência de mecanismos suficientes para garanti-la juridicamente contra agressões. Para assegurar tal supremacia, necessário se faz um controle sobre as leis e os atos normativos, o chamado controle de constitucionalidade.
Para que existam emendas constitucionais na Constituição Federal, é necessário que uma forma seja seguida. Isso ocorre para que a modificação da Carta Magna se torne mais difícil, mas não impossível.
Obs.: súmulas vinculantes são decisões normativas, acerca da norma constitucional, que terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública.
SENTIDOS DE CONSTITUIÇÃO
Sentido sociológico: proposta por Ferdinand Lassalle no livro "A essência da Constituição ". Enxerga a Constituição sob o aspecto da relação entre os fatos sociais dentro do Estado. Ou seja, é o conjunto de fatores reais do poder, dentro do Estado. Caso o que está na Constituição for diferente daquilo que acontece na sociedade, ela será mera folha de papel.
Sentido político: defendida por Carl Schmitt no livro "Teoria da Constituição ". Busca-se o fundamento da Constituição na decisão política fundamental que antecede a elaboração da Constituição - aquela decisão sem a qual não se organiza ou funda um Estado. Ou seja, a Constituição deve ter decisão política fundamental, como a divisão dos três poderes, proteção dos direitos fundamentais.
Sentido jurídico: ideia deriva de Hans Kelsen em "Teoria Pura do Direito ". A Constituição é puro dever ser, norma pura, não devendo buscar seu fundamento na filosofia, na sociologia ou na política, mas na própria ciência jurídica. Logo, é puro "dever ser". Deve poder ser entendida no sentido: a) lógico-jurídico: norma fundamental hipotética: fundamental porque é ela que nos dá o fundamento da Constituição; hipotética porque essa norma não é posta pelo Estado é apenas pressuposta; b) jurídico-positivo: é aquela feita pelo poder constituinte, constituição escrita, é a norma que fundamenta todo o ordenamento jurídico.
Teoria concretista: oriunda dos estudos feitos pelo alemão Konrad Hesse, em sua obra “Força normativa da Constituição”. Segundo ele, a Constituição detém força normativa própria, gerando cultura e sentimento constitucional (vontade de Constituição). Isso nos leva à ideia de “living constitution” (Constituição americana), uma vez que, quanto mais for praticada a Constituição, maior será a vontade de praticá-la.
FONTES DO DIREITO CONSTITUCIONAL 
A principal fonte para o Direito Constitucional é o próprio texto da Constituição. Assim como as Emendas Constitucionais, pois tratam de alteração daquilo disposto na Carta Magna.
Os tratados internacionais podem ser interpretados como fonte do Direito Constitucional, mas apenas aqueles estabelecidos no art. 5º, §3º, CF (devem tratar de direitos humanos e serem aprovados da mesma forma que emendas). Existe apenas um: tratado internacional de pessoa com deficiência.
A jurisprudência também é fonte, principalmente as decisões do Supremo Tribunal Federal (súmulas vinculantes, por exemplo), mas só deve ser usada em última instância. E os costumes também têm relevância para o Direito Constitucional.
CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Quanto ao conteúdo: 
Material: normas que têm conteúdo constitucional, ou seja, relacionam-se com formas de aquisição, exercício e limitação do poder, além de assegurarem direitos fundamentais, podendo estar dentro ou fora da Constituição.
Formal: são as normas que só têm natureza constitucional em virtude do documento de que fazem parte. Não têm conteúdo constitucional, mas assim são pois estão dentro da Constituição.
Obs.: tratados internacionais têm critério misto pois tratam de assuntos constitucionais mas não estão expressos no documento, fazendo parte da Constituição apenas indiretamente.
Quanto à forma:
Escrita/legal: o conjunto de regras estipulado pela Constituição está codificado e sistematizado em um único documento.
Não escrita/histórica: o conjunto de regras não está aglutinado em um texto solene, mas baseado em leis esparsas, costumes, jurisprudência e convenções. Exemplo: Constituição inglesa.
Quanto à extensão:
Analítica/prolixa: é aquela que procura abranger normas que dizem respeito a todos os ramos do direito, ou seja, abranger todo o ordenamento jurídico.
Sintética/negativa: é aquela Constituição que prevê somente os princípios e as normas gerais de regência do Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio de estipulação de direitos e garantias fundamentais.
Quanto ao modo de elaboração:
Dogmática: Constituição formada pelos dogmas políticos de um determinado momento, ou seja, pelas ideologias então vigentes. Pode se subdividir em eclética, quando há mais de uma ideologia que foi levada em consideração, ou ortodoxa, em que há apenas uma.
Histórica: aquela Constituição que é fruto de lenta e contínua síntese da História e tradições de determinado povo.
Obs.: toda Constituição dogmática é escrita, enquanto que toda Constituição história é não-escrita.
Quanto à origem:
Promulgada: Constituição que deveria do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, composta por representantes do povo, eleitos com a finalidade de sua elaboração.
Outorgada: Constituição que foi elaborada e estabelecida sem a participação popular, através de imposição do poder da época.
Obs.: Constituições Bonapartistas ou Cesaristas são assim chamadas porque, além de terem sido outorgadas pelos ditadores, submetem-se a plebiscito ou referendo para ratificar a vontade do detentor do poder.
Quanto à estabilidade:
Rígidas/condicionais: Constituições que poderão ser alteradas por um processo legislativo mais solene e dificultoso do que o existente para a edição das demais espécies normativas.
Flexíveis/não-condicionais: admitem mudança da mesma forma que a elaboração de outras espécies normativas (leis ordinárias e complementares, por exemplo).
Semirrígida: algumas regras poderão ser alteradas por processo legislativo ordinário, enquanto que outras somente por processo legislativo especial e mais dificultoso.
Obs.: imutável é aquela Constituição onde se veda qualquer alteração (mas pode ser uma imutabilidade relativa); superrígida é aquela que se admite algumas mudanças, entretanto tais que não afetem o núcleo (cláusulas pétreas).
Quanto à função:
Garantia: preocupação voltada para a limitação do poder Estatal, por meio da declaração dos Direitos Fundamentais, sendo típica de Estado Liberal (absenteísta).
Balanço: é a Constituição do “ser”, ou seja, aquela em que a preocupação está voltada para o presente, para a realidade. Tende a durar menos devido às mudanças sociais.
Dirigente: aquela em que a preocupação está voltada para o “dever ser”, de modo que estabelece programas suscetíveis até de imposição judicial.
Quanto à positividade:
Normativa: aquela cujas normas são respeitadas pela classe política.
Nominal: aquela cujas normas funcionam com um caráter pedagógico à classe política (pouco respeitada).
Semântica: aquela cujas normas não são observadas pela classe política (“Constituição mera farsa”).

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