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O HOLOCAUSTO BRASILEIRO

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http://prazerjuridico.wix.com/prazerjuridico
HOLOCAUSTO BRASILEIRO
Os direitos da personalidade são prerrogativas individuais inerentes a pessoa humana, elas foram reconhecidas pela doutrina e pelo ordenamento jurídico e protegidas pela jurisprudência, são inalienáveis, não podem ser negociadas, vendidas, trocadas, intransmissíveis, não se pode transmitir, passar para outra, irrenunciáveis, não pode renunciar dizer não quero mais, vitalícios, para a vida toda e após a morte também, a lei tutela direitos após a morte física, imprescritíveis, nunca vencem, a vida privada, honra e imagem da pessoa, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
São direitos subjetivos da pessoa de defender o que lhe é próprio, à sua integridade física, vida alimentos, corpo vivo e corpo morto, corpo alheio vivo ou morto, partes separadas do corpo vivo ou morto. Sua integridade intelectual, liberdade de pensamento, autoria cientifica, artística e literária. Sua integridade moral, honra imagem, recato, segredo profissional e doméstico, identidade pessoal, familiar e social.
Cito esses direitos para explicar a relação do Holocausto Brasileiro com tais direitos da personalidade, assim fica muito mais didático para entendimento da questão.
Na verdade a relação existe sim mas de uma forma contraditória, pois nenhum direito individual da personalidade foi respeitado se pensarmos os direitos de forma taxativa com certeza podemos dizer que foram violados todos mas como são exemplificativos, ou seja, existem muitos outros direitos que decorrem uns dos outros o crime fica muito maior, o extermínio, a crueldade sem limites ultrapassa realmente muitos limites e pode sim ser comparado com o holocausto de judeus na Europa na 2º Guerra Mundial não em quantidade mas sim em crueldade e desrespeito aos direitos humanos.
A relação é nítida pois não são respeitados os direitos subjetivos das pessoas na Colônia, começando pelas características desses direitos, quais foram respeitados?
Intransmissíveis, ora a personalidade dessas pessoas agora está na mão de outras pessoas não pertencem mais a elas e o pior elas nunca renunciaram, e passaram a perder a validade a partir do momento que entraram na colônia vindo do trem de doido, venceram prescreveram e o termo vitalício perde sentido pois literalmente suas vidas não pertencem mais a eles próprios perdem seus direitos objetivos e subjetivos por exemplo. Maria de Jesus, brasileira de apenas 23 anos teve a colônia como destino em 1911 porque apresenta tristeza como sintoma, pronto a partir daqui cessam todos os seus direitos subjetivos e assim como ela a estimativa é que 70% dos atendidos não sofressem doença mental.
A intimidade a vida privada, honra, e a imagem foram violadas de tal forma que destruiu a vida dessas pessoas, isso podemos constatar em vários trechos do livro.
Em 1930, com a superlotação da unidade, uma história de extermínio começou a ser desenhada. Trinta anos depois, existiam 5 mil pacientes em lugar projetado inicialmente para 200. A substituição de camas por capim foi, então, oficialmente sugerida, pelo chefe do Departamento de Assistência Neuropsiquiátrica de Minas Gerais, José Consenso Filho, como alternativa para o excesso de gente. A intenção era clara: economizar espaço nos pavilhões para caber mais e mais infelizes. 
Eles perdiam a sua identidade como pessoas, ficavam pelados, faziam suas necessidades uns perto do outro, sua vida privada, honra e sua imagem não valia nada. Este trecho do livro explica bem como seus direitos foram violados.
Os recém-chegados à estação do Colônia eram levados para o setor de triagem. Lá, os novatos viam-se separados por sexo, idade e características físicas. Eram obrigados a entregar seus pertences, mesmo que dispusessem do mínimo, inclusive roupas e sapatos, um constrangimento que levava às lágrimas muitas mulheres que jamais haviam enfrentado a humilhação de ficar nuas em público. Todos passavam pelo banho coletivo, muitas vezes gelado. Os homens tinham ainda o cabelo raspado de maneira semelhante à dos prisioneiros de guerra.
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Está bem claro como explicado anteriormente o sentido do artigo, mas é para os doidos, os internados na colônia, eles por vontade própria não limitaram seus direitos eles lhes foram arrancados e destruídos, foram transmitidos a os administradores daquela colônia em Barbacena.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
A dívida é muito grande, frente aos horrores praticados naquele campo de concentração, como exigir que parasse, como reclamar as perdas e os danos sofridos, existem sobreviventes daquele holocausto e pelo que entendi não puderam reclamar as suas perdas e danos.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Sabemos também que morreram 60 mil internados naquele local, homens, mulheres e crianças será que as famílias foram indenizadas, aliás muitas nem deveriam mesmo pois elas abandonaram seus parentes naquele local.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Não pode de forma alguma dispor do seu corpo, mas os outros sim dispuseram para a lobotomia e até a morte.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Artigo interessante para o caso pois foi claramente citado nos relatos do livro que os corpos eram vendidos as universidades com objetivos científicos e para estudos, mas não de forma altruística ou por que a pessoa deixava registrado a doação de seu corpo para estes fins, mas por fatores econômicos, ou seja, ganhar indiscriminadamente com as vendas dos corpos sem nenhuma tutela e dignidade as pessoas.
Além daqueles trinta cadáveres, outros 1.823 corpos foram vendidos pela Colônia para dezessete faculdades de medicina do país entre 1969 e 1980. Como a subnutrição, as péssimas condições de higiene e de atendimento provocaram mortes em massa no hospital, onde registros da própria entidade apontam dezesseis falecimentos por dia, em média, no período de maior lotação. A partir de 1960, a disponibilidade de cadáveres acabou alimentando uma macabra indústria de venda de corpos.
Só a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) adquiriu 543 corpos em uma década. Já a UFJF foi responsável pela compra de 67 cadáveres entre fevereiro de 1970 e maio de 1972. Documentos do hospital mostram que, na remessa feita em março de 1970, testemunhada por Ivanzir, havia pessoas procedentes de Belo Horizonte, Itambi, Sobrália e Itapecerica. Todos eles, municípios mineiros. Na entrega de 1971, os mortos eram de pelo menos quinze cidades do Estado, como Belo Horizonte, Governador Valadares, Brasília de Minas, Leopoldina, Palmital, Raul Soares, entre outros. Nenhum dos familiares dessas vítimas autorizou a comercialização dos corpos.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Eles eram submetidos a força a tratamentos médicos com risco de vida, lobotomia, choques e medicações sendo que muitos morriam, como é o caso da colega Maria do Carmo, que também era da cozinha, foi a primeira a tentar. Cortou um pedaço de cobertor, encheu a boca do paciente, que a esta altura já estava amarrada na cama, molhou a testadele e começou o procedimento. Contou mentalmente um, dois, três e aproximou os eletrodos das têmporas de sua cobaia, sem nenhum tipo de anestesia. Ligou a engenhoca na voltagem 110 e, após nova contagem, 120 de carga. O coração da jovem vítima não resistiu. O paciente morreu ali mesmo, de parada cardíaca, na frente de todos. Estarrecidas, as candidatas se mantiveram em silêncio. Algumas lágrimas teimaram em cair naqueles rostos assustados, mas ninguém ousou falar. Imediatamente, os atendentes do hospital embrulharam o coitado num lençol, como se aquele não fosse um cadáver. Simplesmente fizeram o pacote, colocaram no chão, e o corpo ainda quente ficou à espera de quem o recolhesse para o necrotério. “Menos um”, pensou o guarda enquanto fazia o serviço.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
As mulheres andavam em silêncio na direção do Departamento A, conhecido como Assistência. Daquele momento em diante, elas deixavam de ser filhas, mães, esposas, irmãs. As que não podiam pagar pela internação, mais de 80%, eram consideradas indigentes. Nesta condição, viam-se despidas do passado, às vezes, até mesmo da própria identidade. Sem documentos, muitas pacientes do Colônia eram rebatizadas pelos funcionários. Perdiam o nome de nascimento, sua história original e sua referência, como se tivessem aparecido no mundo sem alguém que as parisse.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Eles não utilizavam o nome o destruíam.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Os internados não tinham qualquer capacidade de escolha e o seu nome era esquecido assim como sua história.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
De certa forma os internados recebiam um pseudônimo, pois os nomes que tinham não eram o seus verdadeiros nomes.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Nada era preservado nem honra, imagem, dignidade e nem depois de morto eram jogados em uma vala comum sem o mínimo de respeito e até seus ossos eram comercializados assim como seus corpos.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
As vidas dessas pessoas foram violadas de uma forma destruidora, 60 mil morreram e os sobreviventes tiveram suas vidas retomadas, essa é alegria que fica muitos mudaram de vida e tiveram seus direitos respeitados, mas nunca tiveram a dívida com eles paga integralmente, a justiça ainda não foi feita.
Esses direitos da personalidade são meramente exemplificativos pois deles decorrem uma gama imensa de direitos fundamentais da personalidade, não é um rol taxativo.
Os direitos da personalidade como dissemos são Direitos Fundamentais, são instrumentos de proteção do indivíduo frente a atuação do Estado e estão sistematizados na Constituição Federal de 1988 e está descrito um vasto rol de direitos fundamentais isto torna muito difícil a uma definição exata dos Direitos Fundamentais.
Suas características:
Universalidade, significa que atinge a todos independente de raça, cor, credo, nacionalidade, sexo, convicção política.
Indivisibilidade, compõem um único conjunto de direitos que não podem ser analisados separadamente, a violação de um deles implica em desrespeito a todos.
Interdependência, estão vinculados uns aos outros não podendo ser vistos como elementos isolados.
Imprescritibilidade, eles não se perdem com o tempo, não vencem uma vez que são sempre exercíveis e exercidos lembrando que nenhum direito Fundamental é absoluto.
Inalienabilidade, não possuem conteúdo econômico, não podem ser vendidos, são inegociáveis, indisponíveis, fora do comercio. 
Historicidade, significa que esses direitos não nasceram de uma só vez, sendo fruto de uma evolução histórica e cultural.
Irrenunciabilidade, não podem ser renunciados, dizer que não quer mais ter.
Vedação ao retrocesso, a aquisição dos Direitos fundamentais não pode ser objeto de retrocesso, ou seja, uma vez estabelecido não se admite voltar atrás visando a sua limitação ou diminuição.
Relacionar a história com o princípio da dignidade humana não é possível, desculpe a não ser com os atos que fizeram cessar as atrocidades desse campo de concentração, digo isso por que o princípio da dignidade humana é bom, é para o bem da humanidade é um valor moral e espiritual inerente a todo ser humano constitui o preceito máximo do Estado democrático de Direito.
Entendemos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distinta de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do estado e da sociedade implicando nesse sentido um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.
É relevante referir que o reconhecimento da dignidade se faz inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis, é o fundamento da liberdade, da justiça, da paz e do desenvolvimento social. Isso é dignidade da pessoa humana e não o que ocorreu na Colônia em Barbacena, eis alguns fatos tenebrosos que constatam o contraste ocorrido na colônia com a dignidade da pessoa humana.
Fome e sede eram sensações permanentes no local onde o esgoto que cortava os pavilhões era fonte de água. Nem todos tinham estômago para se alimentarem de bichos, mas os anos na Colônia consumiam os últimos vestígios de humanidade. 
O frio cortava a pele exposta, fazia os músculos enrijecerem e a boca ressecar até ganhar feridas. Embora fosse mais fácil culpar os pacientes por exporem o corpo sem pudor, a nudez não era uma opção. Muitas roupas eram peças únicas, por isso, no dia em que elas eram recolhidas para a lavanderia, o interno não tinha o que vestir. 
Órfã de pai e mãe, Sônia adotou a amiga dentro do hospital. Estava ao lado dela durante as crises de epilepsia que faziam a baba escorrer pela boca, atraindo mosquitos. Quando Terezinha caía sem poder dar conta de si, a paciente mais velha procurava a torneira para molhar um pano e limpar o rosto dela, na tentativa de oferecer-lhe o mínimo de dignidade. Também ensinou a amiga a tomar banho e manter a higiene pessoal.
Sônia cresceu sozinha no hospital. Foi vítima de todos os tipos de violação. Sofreu agressão física, tomava choques diários, ficou trancada em cela úmida sem um único cobertor para se aquecer e tomou as famosas injeções de “entorta”, que causavam impregnação no organismo e faziam a boca encher de cuspe. Deixada sem água, muitas vezes, ela bebia a própria urina para matar a sede. Tomava banho de mergulho na banheira com fezes, uma espécie de castigo imposto a pessoas que, como Sônia, não se enquadravam às regras. Por diversas vezes, teve sangue retirado sem o seu consentimento por vampiros humanos que enchiam recipientes de vidro.
Assim como a interna Celita Maria da Conceição, ela passou as próprias fezes no corpo durante o período em que esteve grávida no hospital. Questionada sobre o ato repugnante, Sônia justificou:
— Foi a únicamaneira que encontrei de ninguém machucar meu neném. Suja deste jeito, nenhum funcionário vai ter coragem de encostar a mão em mim. Assim, protejo meu filho que está na barriga.
Os corpos das mulheres, com as saias ou camisolas erguidas, pernas abertas, desnudando sua intimidade. Os homens, com as calças e cuecas — sujas umas, imundas outras — baixadas. As fisionomias eram pálidas, esquálidas. Barbas crescidas, cabelos desgrenhados, pareciam egressos de um manicômio. O cheiro não deixava dúvida de que estavam mortos havia dias.
Quando os corpos começaram a não ter mais interesse para as faculdades de medicina, que ficaram abarrotadas de cadáveres, eles foram decompostos em ácido, na frente dos pacientes, dentro de tonéis que ficavam no pátio do Colônia. O objetivo era que as ossadas pudessem, então, ser comercializadas. 
A primeira morte que Maria Auxiliadora Sousa de Lima testemunhou no Colônia foi justamente a de uma criança. A jovem funcionária tinha entrado na ala, pela manhã, quando viu um pequeno cadáver, já enrijecido, caído no chão ao lado da cama. Deve ter morrido durante a noite e ficado horas ali, esquecido.
Dentro dos pavilhões, promiscuidade. Crianças e adultos misturados, mulheres nuas à mercê da violência sexual.
Para fugir das agressões impostas por funcionários, ela chegou a passar uma semana escondida no porão do hospital. Quando conseguia, Malaquias roubava alguma comida e levava para ela. Porém, como os alimentos nunca foram fartos — apesar de haver registro de compras generosas em nome da Colônia —, ela acabava passando muita fome. Assim, nessa condição subumana, alimentou-se de ratos.
Os Direitos Humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos independente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição e incluem o direito à vida, a liberdade, a liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e a educação, entre muitos outros, todos merecem estes direitos sem discriminação.
O Brasil é signatário dos tratados e faz parte da ONU, então esses direitos estão todos inclusos no ordenamento jurídico brasileiro a maioria no artigo 5º da Constituição Federal 1988, que é a lei maior, sendo assim as outras normas derivam da Constituição assim como os códigos, e o Código Civil e é exatamente ai que percebemos claramente a relação dos direitos subjetivos do Código Civil 2002, ou seja a intangibilidade do ser humano com os tratados de Direitos Humanos e com o Direito Humano em sua totalidade.
O Direito Civil está vinculado no rol dos direitos da personalidade entre outros a aos tratados de Direitos Humanos pois eles estabelecem as obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou de se absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e as liberdades de grupos ou indivíduos, desde o estabelecimento das nações unidas em 1945 em meio ao forte lembrete sobre a barbárie da Segunda Guerra Mundial, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e encorajar o respeito aos Direitos Humanos para todos conforme a Carta das Nações Unidas.
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram na Carta da ONU sua fé nos Direitos Humanos fundamentais, na dignidade e no valor do ser humano e na igualdade de direitos entre homens e mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla. A Assembleia Geral proclama a presente declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações.
A sociedade é incapaz de suportar as diferenças e mostramos todo o nosso poder de opressão e maldade.
Quando uma instituição destrói e mata, não há solução de compromisso possível pois seria um compromisso com a morte. (Franco Basaglia).
									Flavio de Araujo
http://prazerjuridico.wix.com/prazerjuridico

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