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Direito Romano: Lei das XII Tábuas e Períodos

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DIREITO ROMANO I
Influências – O nosso Sistema Jurídico Romano-germânico�
Lei das XII Tábuas
Corpus Juris Civilis
Períodos
Realeza = fundação de Roma em 753 a.C. (lenda de Rômulo e Remo = filhos de uma sacerdotisa e do Deus Marte, eles são abandonados no Rio Tibre e criados por uma loba que os encontra e, depois de adultos, fundam Roma) até 529 a.C.
República = 529 a.C até 27 a.C (Sagração de Otávio Augusto)
Principado = 27 a.C até 284 d.C. (Diocleciano) 
Baixo Império = 284 a.C. até 565 d.C., quando morre Justiniano
Sociedade
Aristocracia Patrícia = Patrícios
Plebeus
Escravos = res, propriedade instrumental animada
Economia 
Modo de produção escravagista
Agricultura (oliveira, vinha e trigo)
Vide algumas expressões sempre presentes
Habeas Corpus� ("Que tenhas o teu corpo")
Data Venia (com o devido respeito)
Pacta Sunt Servanda (os pactos devem ser cumpridos, o acordo faz lei entre as partes)
A Lei das Doze Tábuas (Lex Duodecim Tabularum ou simplesmente Duodecim Tabulae, em latim)
República
Influência grega, principalmente em Sólon.
Em 451 a.C. um decenvirato (um grupo de dez homens) foi designado para preparar o projeto do código. 
Os dez primeiros códigos foram preparados em 451 a.C. e, em 450 a.C., o segundo decenvirato concluiu os dois últimos. As Doze Tábuas foram então promulgadas, havendo sido literalmente inscritas em doze tabletes de madeira que foram afixados no Fórum romano, de maneira a que todos pudessem lê-las e conhecê-las.
 O texto original das Doze Tábuas perdeu-se quando os gauleses incendiaram Roma em 390 a.C. Nenhum outro texto oficial sobreviveu, mas apenas versões não-oficiais. Os fragmentos que sobrevivem não costumam indicar a que tábua pertenciam, embora os estudiosos procurem agrupá-los por meio da comparação com outros fragmentos que indicam a sua respectiva tábua. Não há como ter certeza de que as tábuas originais eram organizadas por assunto.
Tábuas I e II: Organização e procedimento judicial;
Tábua III - Normas contra os inadimplentes;
Tábua IV - Pátrio poder;
Tábua V - Sucessões e tutela;
Tábua VI - Propriedade;
Tábua VII - Servidões;
Tábua VIII - Dos delitos;
Tábua IX - Direito público;
Tábua X - Direito sagrado;
Tábuas XI e XII - Complementares.
Tábua I
A primeira Tábua estabelece regras de direito processual, descrevendo como deverá ser o procedimento de chamamento do réu a um processo e o inicio de um julgamento. Demonstra claramente que é dever do réu responder quando chamado em juízo, porém, se não o fazer cabe ao autor levá-lo, mesmo que seja usando suas próprias mãos ou a força. 
Tábua II
A segunda tábua tem a pretensão de continuar os ditames da primeira, estipulando regras de direito processual. Contudo, não se encontra tão completa em decorrência das perdas ao longo dos séculos. Na segunda tábua também estão incluídos as regras acerca dos furtos e roubos. Estabelecem que a coisa furtada nunca poderá ser adquirida por usucapião e ainda que se alguém intentar uma ação por furto não manifesto, que o ladrão seja condenado no dobro. Dizem que nessa tábua estaria escrito a regra de que se alguém cometer furto à noite e for morto em flagrante, o que matou não será punido.
Tábua III
Essa tábua é considerada pelos historiadores uma das mais completas e reconstituída com maior fidelidade.Trata da execução dos devedores que confessaram a divida. Aeris confessi rebusque iure iudicatis XXX dies iusti sunto. “Aquele que confessar divida perante o juiz, ou for condenado, terá trinta dias para pagar”. Esgotados os trinta dias e não tendo pago, deveria ser agarrado pelo autor e levado à presença do juiz. Se não pagasse e ninguém se apresentasse como fiador, o devedor era levado pelo seu credor e amarrado pelo pescoço e pés com cadeias com peso máximo de 15 libras; ou menos, se assim o quisesse o credor. O devedor preso viveria as custas do credor. “Depois do terceiro dia de feira, será permitido dividir o corpo do devedor em tantos pedaços quanto forem os credores, não importando cortar mais ou menos; se os credores preferirem poderão vender o devedor a um estrangeiro”. Adversus hostem aeterna auctoritas esto.� Determina que contra um inimigo o direito de propriedade é valido para sempre. Tal norma é decorrência das guerras travadas contra outros povos. Se um inimigo tivesse o domínio de determinada terra essa ainda pertenceria a seu antigo dono, que poderia reavê-la por meio da força.
Tábua IV
Nessa tábua está registrado o pátrio poder. De modo direto vemos que o pai tinha, sobre a sua esposa e seus filhos o direito de vida, morte e de liberdade. Porém o pátrio poder não era ilimitado pois se o pai vendesse o filho por mais de três vezes perderia o direito paterno. Si pater filium ter venum duit, filius a patre liber esto. Cito necatus insignis ad deformitatem puer esto. “Se uma criança nascer com alguma deformidade deveria ser morta”. As crianças deformadas não eram capazes de serem soldados romanos ou mesmo agricultores e, portanto, seriam um risco a sociedade. Essa norma teve como base o direito dos espartanos na Grécia, sociedade tipicamente militar. 
Tábua V: De haereditatibus et tutelis (do direito hereditário e da tutela)
A quinta tábua dita as regras acerca do direito hereditário e da tutela. Os intitutos são muito similares aos que encontramos atualmente em nosso direito civil. “Se o pai de família morrer intestado, não deixando herdeiro seu, que o agnado mais próximo seja o herdeiro.” 
Tábua VI: De domínio et possessione (da propriedade e da posse)
Nessa Tábua estão as regras relacionadas à propriedade e a posse. A palavra de um homem era muito importante nos contratos, conforme a regra Cum nexum faciet mancipiumque, uti lingua nuncupassit, ita ius esto. “Quando alguém faz um juramento, contrato ou venda, anunciando isso oralmente em público, deverá cumprir sua promessa”. Encontramos nesse documento a regra de que se os frutos caírem sobre o terreno vizinho, o proprietário da arvore terá o direito de colher esses frutos.
Tábua VII
A sétima tábua parece ser uma continuação da anterior, tratando dos edifícios e das terras. Alguns estudiosos entendem que essas regras pertencem a oitava tábua e não a sétima tábua. Viam muniunto ni sam delapidassint, qua volet iumento agito. Essa regra pressupõe que toda a propriedade deve ter uma estrada, porém se tal estrada for desmanchada poderá se trafegar por qualquer parte das terras de alguém. “Se alguém destruir algo de alguém será obrigado pelo juiz a reconstruir ou restituir tal coisa”. Trata-se de regra histórica para o direito civil, em especial na parte da Responsabilidade Civil.
Tábua VIII
Considerada talvez a Tábua mais importante, trata dos crimes e condutas ilícitas no direito romano. O sistema penal da lei das doze tábuas era muito avançado para a época. A maioria das penas descritas são espécies de compensações pecuniárias pelos danos causados. Por exemplo temos a pena da “injúria feita a outrem” que é o valor de vinte e cicno as. Porém se a injúria for pública e difamatória será aplicada a pena capital (pena de morte. “O ladrão confesso (preso em flagrante) sendo homem livre será vergastado por aquele a quem roubou; se é um escravo, será vergastado e precipitado da Rocha Tapeia; mas sendo impúbere, será apenas vergastado ao critério do magistrado e condenado a reparar o dano”. Vemos que a noção da reparação também é algo observado pelos legisladores na elaboração das leis: “Pelo prejuízo causado por um cavalo, deve-se reparar o dano ou abandonar o animal” ou ainda “Se o prejuízo é causado por acidente, que seja reparado”. Sofria a pena de morte aqueles que cometessem homicídio, ajuntamento noturno de caráter sedicioso e aquele que prender alguém por palavras de encantamento ou lhe der venenos.
Tábua IX
A Nona Tábua estabelece algumas regras que tem características públicas. Privilegia ne irroganto.Os privilégios não poderão ser ignorados nos cumprimentos das leis. Tal regraera ditada especialmente à classe dos patrícios que possuíam muitos direitos frente aos plebeus. Conubia plebi cum patribus sanxerunt. Essa regra diz que não é permitido o casamento entre os plebeus e os patrícios. Alguns estudiosos romanos entendem que essa regra fazia parte da Tábua XI e não da IX. Interessante é a regra acerca da corrupção dos juízes: “Se um juiz ou um árbitro indicado pelo magistrado receber dinheiro para julgar a favor de uma das partes em prejuízo de outrem, que seja morto.”
Tábua X
Uma das poucas diferenças da Lei das Doze Tábuas com relação ao direito grego da época está concentrada nessa tábua. A décima tábua traz regras com relação aos funerais e o respeito aos mortos. Estabelecia a regra do Hominem mortuum in urbe ne sepelito neve urito. “Nenhum morto será incinerado ou queimado dentro da cidade”. Qui coronam parit ipse pecuniave eius honoris virtutisve ergo arduitur ei... Quando um homem ganhar uma coroa ou seu escravo para ele...O texto está incompleto e o seu entendimento foi prejudicado por isso.Alguns estudiosos entendem que a tradução para esse caso seria a proibição do uso de coroas e turíbulos nos funerais. Neve aurum addito. at cui auro dentes iuncti escunt. Ast in cum illo sepeliet uretve, se fraude esto. Tal regra proibia colocar ouro em uma pira de funeral. Mas, se os dentes do morto estivessem nele, ninguém seria punido por isto. Tal regra servia para evitar possíveis saques ou furtos aos mortos.
Tábua XI
A décima primeira tábua foi perdida por completo em um maremoto ocorrido em Roma.
Tábua XII
Os escravos eram considerados como incapazes para todos os atos, porque eram considerados como objetos, portanto, a Lei escrevia a regra: Si servo furtum faxit noxiamve noxit. “Se um escravo comete um roubo ou um outro delito prejudicial, será movida contra o seu dono uma ação indireta, isto é, uma ação noxal”. Si vindiciam falsam tulit, si velit is ... tor arbitros tris dato, eorum arbitrio ... fructus duplione damnum decidito. 
� Outra característica dos direitos de tradição romano-germânica é a generalidade das normas jurídicas, que são aplicadas pelos juízes aos casos concretos. Difere portanto do � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Common_law" \o "Common law" �sistema jurídico anglo-saxão� (Common law), que infere normas gerais a partir de decisões judiciais proferidas a respeito de casos individuais.
� Atualmente, está previsto no art. 5°, inciso LXVIII, da � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o_Brasileira_de_1988" \o "Constituição Brasileira de 1988" �Constituição Brasileira de 1988�: "conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder". "Que tenhas o teu corpo" (a expressão completa é habeas corpus ad subjiciendum) é uma garantia � HYPERLINK "http://pt.wikipedia.org/wiki/Constitui%C3%A7%C3%A3o" \o "Constituição" �constitucional� em favor de quem sofre violência ou ameaça de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de autoridade legítima.
� Atualmente, os legados da LEX POETELIA PAPIRIA apresentam evidente influência em nossa legislação, uma vez que, o devedor responde, para o cumprimento de suas obrigações, com todos os seus bens presentes e futuros (Artigo 591 do C. de Processo Civil), acrescido ainda da tributação e os impostos instituírem-se sob os patrimônios e rendimentos do contribuinte, conforme o artigo 145, parágrafo 1º da Constituição Federal.
Note-se que existe a punição com a privação da liberdade, mas esta deverá venerar a dignidade da pessoa humana, sendo assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral (Art. 5º, inciso XLIX), sendo que a pena não passará da pessoa do condenado (aproximadamente 428 a.C.)

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