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Poderes Administrativos e Abuso de Poder

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Olá! 
CURSO DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
AGENTE ADMINISTRATIVO - DPU/2015 
AULA 01 - Poderes Administrativos 
Prof. Edson Marques 
Bem-vindo. Agora sim, vamos que vamos. Então, 
iniciando efetivamente nosso curso, nesta aula veremos o seguinte: 
AULA 01: 
9 Poderes administrativos: hierárquico, disciplinar, 
regulamentar e de polícia, uso e abuso do poder. 
Vamos nessa. 
SUMÁRIO 
1. Poderes Administrativos ........................................................................... 2 
1.2 Abuso de Poder ....................................................................................... 3 
1.3 Modalidades ............................................................................................ 4 
1.3.1 Poder discricionário/vinculado ............................................................ 5 
1.3.2 Poder regulamentar ............................................................................. 8 
1.3.3 Poder hierárquico .............................................................................. 11 
1.3.4 Poder disciplinar ................................................................................ 13 
1.3.5 Poder de polícia ................................................................................. 14 
2. QUESTOES COMENTADAS ....................................................................... 24 
3. QUESTOES SELECIONADAS ................................................................... 102 
4. GABARITO ............................................................................................ 125 
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AULA 01 – Poderes Administrativos 
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1. Poderes Administrativos 
 
Devemos compreender que o ordenamento jurídico 
confere aos agentes públicos, para o exercício de suas funções e a 
consecução dos fins públicos, um conjunto de prerrogativas, poderes. 
E, por força disso, também estabelece uma série de restrições, de 
deveres. 
 
Nesse sentido, o Prof. José dos Santos Carvalho Filho 
conceitua poderes administrativos como “o conjunto de 
prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere 
aos agentes administrativos para o fim de permitir que o 
Estado alcance seus fins”. 
 
Percebe-se, portanto, que esses poderes são 
outorgados aos agentes públicos no sentido de que cumpram suas 
atribuições voltadas ao atendimento do interesse coletivo. 
 
Então, é até por isso, pode-se enumerar duas 
características que lhe são peculiares, ou seja, tais poderes são 
irrenunciáveis e devem ser obrigatoriamente exercidos. 
 
Em razão desse duplo aspecto, os poderes 
administrativos impõem ao administrador o exercício das 
prerrogativas e vedam a inércia, eis que o exercício dessas 
prerrogativas é obrigatório tendo em vista o atendimento dos anseios 
coletivos. 
 
Significa dizer que ao ser conferido certo poder, o é em 
razão do exercício da atribuição, de modo que o agente público não 
poderá ficar inerte, não poderá se omitir, deverá realizar suas 
funções. 
 
É que, enquanto o particular quando titular de uma 
prerrogativa tem a faculdade de exercê-la, o administrador tem o 
poder-dever de agir. 
 
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Isto é, conforme destaca Bandeira de Mello, "tais 
poderes são instrumentais: servientes do dever de bem cumprir a 
fina lidade a que estão indissoluvelmente atrelados . Logo, aquele que 
desempenha função, tem, na realidade, deveres-poderesH. 
1.2 Abuso de Poder 
Quando se util iza desses poderes de forma normal diz-
se que há o uso do poder. Porém, o uso indevido, anormal, ilegítimo, 
configura o abuso de poder. 
Assim, abuso de poder é, conforme lição de Carvalho 
Filho "a conduta ilegítima do administrador, quando atua fora 
dos objetivos expressa e implicitamente traçados na lei". 
O abuso de poder pode ser constatado sob duas 
vertentes ou espécies, sendo: o excesso de poder e o desvio de 
poder. O excesso de poder ocorre quando o agente atua fora dos 
limites da competência que lhe foi atribuída. Já o desvio de poder 
ocorre quando o agente, muito embora seja competente, atua em 
descompasso com a final idade estabelecida em lei para a prática de 
certo ato. 
{ 
Excesso de Poder 
Abuso de Poder 
Desvio de Poder (desvio de finalidade) 
O desvio de poder também é conhecido como desvio 
de finalidade, que corresponde à conduta do agente público 
que dá ao ato finalidade diversa daquele prevista na lei. 
Cito como exemplo, a remoção de um subordinado pelo 
superior hierárquico, para comarca distinta, sob a alegação de 
necessidade do serviço, mas com o fim único de persegui- lo, puni-lo . 
Tanto quando há excesso ou desvio de poder diz-se que 
ocorreu abuso de poder, o que configura ilícito administrativo, além 
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de ilícito pena l tipificado na Lei nº 4 .898/65 (abuso de autoridade), 
além de ser ato de improbidade administrativa, conforme art. 11, inc. 
1, da Lei nº 8.429/92, que assim dispõe: 
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que 
atenta contra os princípios da administração pública qualquer 
ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, 
imparcialidade, lega lidade, e lealdade às instituições, e 
notada mente: 
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou 
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de 
competência; 
Ademais, como ressaltado, se é dever atuar, também 
haverá abuso de poder quando o agente deixar de praticar o 
ato, ou seja, ficar inerte, omisso. 
Com efeito, o abuso de poder é conduta, omissiva ou 
comissiva, que afronta os princípios da legalidade, final idade, 
moralidade, dentre outros, sujeitando-se, pois, ao controle 
administrativo (autotutela) ou judicia l (mandado de segurança, por 
exemplo) . 
Outrossim, ao mesmo tempo que são conferidos 
poderes, também são fixados deveres, restrições, aos agentes 
públicos, ta l como o dever de probidade, o dever de prestar contas, o 
dever de eficiência, dentre outros. 
1.3 Modalidades 
De modo gera l, a doutrina destaca a existência de 
diversos poderes administrativos, de modo que é possível enquadrá -
los nas seguintes modalidades ou espécies: 
a) poder discricionário/vinculado; 
b) poder regulamentar; 
c) poder hierárquico; 
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d) poder disciplinar; 
e) poder de polícia. 
1.3.1 Poder discricionário/vinculado 
Configura-se o poder discricionário quando a lei não 
traça todos os parâmetros para atuação do agente público, cabendo-
lhe aval iar a conveniência e oportunidade de se real izar determinado 
ato em atendimento ao interesse público. 
Na discricionariedade há margem para valoração da 
conduta, ou seja, valorar quais as condições e o melhor momento para 
real izar a conduta. Que dizer, é o poder para decidir o que é 
conveniente, oportuno para a Administração Pública na condução do 
interesse coletivo. 
Poder discricionário, assim, é o poder concedido para 
mensurar acerca de se praticar ou realizar determinado ato, 
considerando a conveniência e oportunidade, diante de duas ou mais 
condutas possíveis, cabendo ao agente eleger aquela que melhor 
atenda ao interesse público. 
É importante destacar que a conveniência diz respeito 
às condições para se praticar o ato. Já a oportunidade, por outro 
lado, refere-se ao momento em que o ato deve ser praticado. 
Assim, tome como exemplo, a necessidade de a 
Administração adquirir material de consumo (caneta, papel etc) . A lei 
determina queseja licitado, mas o momento (oportunidade) e as 
condições ( conveniência) para tanto será definida pelo administrador, 
com base no seu planejamento administrativo. 
Vê-se que o poder discricionário encontra -se na 
margem de espaço permit ida pela própria lei . No entanto, em que 
pese essa abertura, o poder discricionário possui limitação, de modo 
que pode sofrer contro le administrativo e judicia l. 
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É que no âmbito da discricionariedade permitida, deve-
se observar a adequação da conduta ao alcance da finalidade 
(razoabilidade / proporcionalidade) expressa em lei. 
 
Também devem ser observados os motivos que 
inspiraram a prática do ato, de modo que é dever do agente expor os 
fundamentos de fato e de direito que deram ensejo ao ato, a fim de 
que se possa verificar sua validade. 
 
Por isso, discute-se se é possível o controle judicial dos 
atos com base no poder discricionário. 
 
Nesse sentido, com base nos limites impostos, é 
permitido que o Poder Judiciário afira a legalidade do exercício do 
poder discricionário, considerando em especial a razoabilidade e 
proporcionalidade dos atos. 
 
O que se veda ao Judiciário é que se faça o juízo de 
conveniência e oportunidade, substituindo a vontade do 
administrador, conduta que ensejaria a invasão em esfera de 
competência adstrita ao agente público, ou seja, redundaria em 
violação ao princípio da separação de poderes. 
 
Porém, é dado ao Poder Judiciário, como destacado, 
apreciar o ato, inclusive no seu aspecto de liberdade, a fim de verificar 
se não houve violação aos limites legais, isto é, se o ato não é 
arbitrário, abusivo, ilegal ou ilegítimo. 
 
Veja que é essa a orientação que vem sendo adotada 
no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, cf. 
Informativo 337 (MS-23981) e REsp 443.310/RS (Rel. Ministro LUIZ 
FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21.10.2003, DJ 03.11.2003 p. 
249). 
 
De todo forma, devemos lembrar que todos os atos 
administrativos são passíveis de controle judicial. 
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Quanto aos atos discricionários o controle é mais 
limitado, mas é sempre possível. É que poderá sofrer controle acerca 
dos seus elementos vinculados (competência, finalidade e forma) que 
estarão previstos na norma, bem como no mérito para verificar a 
compatibilidade com os princípios constitucionais (razoabilidade, 
proporcionalidade), ou seja, a adequação aos limites legais. 
 
Portanto, a discricionariedade está baseada nos limites 
legais, de modo que não há discricionariedade contra legem por ser 
prática arbitrária. 
 
É preciso, no entanto, distinguir o que seja 
discricionariedade, daquilo que se denomina de conceito jurídico 
indeterminado. 
 
Os conceitos jurídicos indeterminados, conforme explica 
Carvalho Filho, são termos ou expressões contidos em normas 
jurídicas, que, por não terem exatidão em seu sentido, permitem que 
o intérprete ou o aplicador possam atribuir certo significado, mutável 
em função da valoração que se proceda diante dos pressupostos da 
norma. É que sucede com expressões do tipo ‘ordem pública’, ‘bons 
costumes’, ‘interesse público’, ‘segurança nacional’. 
 
São, portanto, expressões previstas no âmbito da 
norma, que já estabelece seus efeitos, cabendo apenas a 
concretização ou interpretação pelo aplicador. 
 
A discricionariedade reside no campo da aplicação da 
norma, de forma que permite ao administrador, dentro da margem 
legal, observando a oportunidade e conveniência, ponderar os 
interesses concorrentes dando prevalência ao que melhor atenda o 
fim perseguido. 
 
Por outro lado, o Poder é vinculado ou regrado 
quando a lei define todos os elementos e requisitos necessários à 
prática de ato, não havendo qualquer margem de liberdade para 
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atuação do administrador, devendo rea lizar o que exatamente 
estabelece a lei, quando e como ela determina. 
De todo modo, é bom ressaltar que para alguns autores, 
tal como a Profa. Zanel la Di Pietro, os poderes discricionários e 
vinculados "não existem como poderes autônomos; a 
discricionariedade e a vinculação são, quando muito, atributos 
de outros poderes ou competências administrativas". 
Para autora só existiria os poderes normativo, 
disciplinar, hierárquico e de polícia. E, nesse sentido, para o Prof. 
Carvalho Filho só o regulamentar, discricionário e de polícia. 
De todo modo, como disse inicialmente, em geral, tem-
se aceito os poderes discricionário, vinculado, regulamentar, 
hierárquico, disciplinar e de polícia. 
1.3.2 Poder regulamentar 
O Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à 
Administração Pública de editar atos normativos de caráter abstrato e 
geral visando dar apl icabilidade à lei. 
Trata-se de poder no sentido de praticar atos de 
natureza derivada (secundário) tendo em vista complementar o 
alcance da lei, decorrente da função normativa. 
Com efeito, como salienta Carvalho Fi lho, "o poder 
regulamentar é subjacente à lei", ou seja, deve observar as balizas 
legais, de modo a não contrariar seu sentido e comando. Quer dizer, 
não pode criar direitos, nem obrigações que não decorram 
diretamente da Lei. 
É exemplo de este poder os decretos e 
regulamentos, conforme prevê o art. 84, incisos IV e VI, da CF/88, 
que por simetria aplica-se a todas as esferas federativas. 
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Assim, muito embora não haja entendimento uniforme, 
é possível destacar duas espécies de decretos ou regulamentos. Os 
denominados decretos de execução e os autônomos. 
 
Os decretos de execução, no âmbito brasileiro, 
estariam previstos no art. 84, inc. IV, da CF/88, que seriam 
utilizados para dar fiel execução às leis, conforme o seguinte: 
 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: 
[...] 
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como 
expedir decretos e regulamentos para sua fiel 
execução; 
 
Por outro lado, os chamados decretos autônomos são 
utilizados para tutelar hipótese que decorre diretamente da 
Constituição, ou seja, não estão subordinados à lei em sim à CF. 
 
A doutrina tem indicado como hipótese de decreto 
autônomo a disposição contida no art. 84, inc. VI, da CF/88, ao 
estabelecer que compete ao chefe do Executivo, mediante decreto, 
dispor sobre: a) organização e funcionamento da administração 
federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação 
ou extinção de órgãos públicos. 
 
No entanto, como disse, trata-se de tema controvertido 
na doutrina. Assim, em defesa dos decretos autônomos está a Profa. 
Di Pietro, Hely Lopes, dentre outros. No sentido de o ordenamento 
Constitucional não prevê tal espécie estão os Profs. Celso Bandeira, 
Carvalho Filho, por exemplo. 
 
Contudo, o Supremo Tribunal Federal vem admitindo a 
figura do decreto autônomo, após a EC 32/01, nos termos do art. 84, 
inc. VI, da CF/88, nos seguintes termos: 
 
INFORMATIVO Nº 324 
TÍTULO: Liberação de Recursos: Autorização Presidencial 
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PROCESSO: ADI - 2564 
ARTIGO: 
Julgado improcedenteo pedido formulado em ação direta 
ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B contra o 
Decreto 4.010/2001, que vincula a liberação dos recursos 
para pagamento dos servidores da Administração Pública 
Federal direta, autárquica e fundacional, à expressa 
autorização do Presidente da República. O Tribunal 
considerou não caracterizada, na espécie, a alegada 
ofensa ao princípio da reserva legal - dado que o art. 
84, VI, da CF, na redação dada pela EC 32/2001 
permite ao Presidente da República dispor, por 
decreto, sobre a organização e o funcionamento da 
administração federal quando isso não implicar 
aumento de despesa ou criação de órgãos públicos -, 
afastando, ainda, a argumentação do requerente de que a 
norma impugnada privaria os ministros de Estado da atuação 
nas áreas de sua competência, já que, na forma prevista nos 
artigos 76 e 84, II, da CF, o Poder Executivo é exercido pelo 
Presidente da República, com o auxílio dos ministros de 
Estado. ADI 2.564-DF, rel. Ministra Ellen Gracie, 8.10.2003. 
(ADI-2564) 
 
INFORMATIVO Nº 217 
TÍTULO: Guerra Fiscal 
PROCESSO: ADI - 2155 
ARTIGO 
Julgando o pedido de medida liminar em ação direta de 
inconstitucionalidade requerida pelo Governador do Estado 
de São Paulo contra o Decreto 2.736/96 do Estado do Paraná 
(Regulamento do ICMS do Paraná) - que concede crédito 
presumido de ICMS, incentivos e benefícios fiscais -, o 
Tribunal, preliminarmente, rejeitou a articulação de não-
cabimento da ação por entender que tal norma 
caracteriza-se como decreto autônomo revestido de 
conteúdo normativo, e não como simples ato 
regulamentar. Prosseguindo no julgamento, o Tribunal 
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entendeu relevante a fundamentação jurídica do pedido por 
aparente contrariedade ao art. 155, § 2º, XII, g, da CF, que 
só admite a concessão de isenções, incentivos e benefícios 
fiscais por deliberação dos Estados e do Distrito Federal, 
mediante lei complementar. O Tribunal não conheceu da ação 
quanto a diversos dispositivos por se tratarem de normas 
temporárias, cujos efeitos já se exauriram. ADInMC 2.155-
PR, rel. Min. Sydney Sanches, 15.2.2001.(ADI-2155) 
 
Fala-se, ainda, em poder regulatório ou normativo 
técnico ou regulamentar delegado. É o poder conferido, por 
exemplo, às agências reguladoras, ao Conselho Nacional de Justiça, 
ao CADE, ao Conselho Monetário Nacional, dentre outros órgãos e 
entidades da Administração para, conforme permissão legal, 
estabelecer normas técnicas acerca de sua área de atuação. 
 
Nesses casos há uma delegação legislativa no sentido 
de permitir a criação de disposições técnicas. Contudo, esse poder não 
é de inovar na ordem jurídica, está calcando em pormenorizar 
tecnicamente os aspectos legais (o que se tem chamado de 
discricionariedade técnica), com a expedição de Instruções 
Normativas por uma Agência, quanto à edição de uma Resolução por 
um órgão administrativo, por exemplo. 
 
Dessa forma, o poder regulamentar ou o regulatório 
(normativo técnico) não podem ultrapassar os limites da lei, criando 
situação jurídica não tutelada na norma, ou seja, devem apenas 
esclarecer, explicitar, pormenorizar ou viabilizar a operacionalidade 
técnica da lei. 
 
Ademais, cumpre lembrar que cabe ao congresso 
nacional, nos termos do art. 49, inc. V, da CF/88, sustar os atos do 
poder executivo que exorbitem o exercício do poder regulamentar. 
 
1.3.3 Poder hierárquico 
 
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Poder Hierárquico é o poder que decorre da 
organização hierárquica da Administração Pública, ou seja, da relação 
de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes. 
 
Trata-se de relação de subordinação entre os vários 
órgãos e agentes componentes de uma estrutura administrativa. 
 
São poderes implícitos ou decorrentes do poder 
hierárquico no sentido de permitir ao superior comandar (estabelecer 
normas), ordenar (dar ordens), coordenar (gerenciar, distribuir 
atividades, delegar ou avocar funções), controlar (fiscalizar e exigir 
o cumprimento das ordens) e corrigir (rever os atos, anulando ou 
revogando) as atividades administrativas. 
 
Notadamente, a hierarquia é o poder de comando, de 
orientação, de coordenação, de fiscalizar das atividades 
desempenhadas no cotidiano administrativo. 
 
O poder comando ou de direção é o de orientar as 
atividades administrativas, mediante a expedição de atos gerais e 
determinações específicas através dos quais, como ressaltamos, são 
repartidas e escalonadas as funções dos agentes e órgãos públicos, 
com o objetivo de assegurar seu exercício harmônico e coordenado da 
função administrativa. 
 
Assim, o poder de direção subjacente ao poder 
hierárquico será exercido através da expedição de atos normativos 
que vinculam a atuação do agente em determinadas situações, de 
modo a realizar certas condutas (instruções) ou por ordens concretas 
individualizadas (portarias) a fim de que os órgãos inferiores 
observem o direcionamento dado pelos órgãos de comando. 
 
Por isso, recorde-se que é dever funcional observar as 
ordens superiores, somente podendo descumpri-las se forem 
manifestamente ilegais. 
 
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Não se deve, no entanto, confundir subordinação com 
vinculação administrativa . A subordinação decorre do poder 
hierárquico, a vinculação resu lta do poder de supervisão ministerial 
(tutela) sobre a entidade vinculada e é exercida nos limites legais, não 
retirando a autonomia administrativa da entidade, sendo controle 
apenas de finalidade, de resultado, ou seja, dos fins da entidade. 
Dessa relação de subordinação administrativa 
(hierarquia) decorre o poder de autotutela, ou seja, do superior rever 
os atos do subordinado anulando-o quando ilegais ou revogando 
quando inconvenientes ou inoportunos, seja de ofício ou por meio de 
recurso hierárquico. 
1.3.4 Poder disciplinar 
O poder disciplinar é a faculdade conferida à 
Administração Pública no sentido de punir no âmbito interno os ilícitos 
funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas sujeitas à 
disciplina da Administração. 
É uma decorrência do poder hierárquico, porém não se 
confunde com este na medida em que o poder hierárquico induz à 
ideia de escalonamento de funções e subordinação entre os diversos 
graus. O poder disciplinar, por outro lado, é o poder de controlar e 
fiscalizar no âmbito interno o exercício dessas funções, de modo a 
responsabilizar o agente pelos ilícitos cometidos, aplicando 
penalidades. 
Então, o poder disciplinar é o poder conferido à 
Administração para responsabi lizar os agentes, órgão ou entidade, ou 
ainda demais pessoas submetidas à disciplina interna da 
Administração. 
Observe, portanto, que o poder disciplinar pode incidir 
sobre agentes públicos (regime disciplinar) ou mesmo sobre pessoas 
particulares que mantenham vínculo contratua l com a Administração 
(poder disciplinar contratual) ou pessoas sob sujeição especial, tal 
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como os alunos em escola pública, detentos, pessoas internadas em 
hospitais públicos etc. 
 
 Funcional (aplica-se aos servidores) 
 
 Pode Disciplinar Contratual (aplica-se aos contratados pela Adm.) 
 
 Especial(regime especial de sujeição: Preso, alunos) 
 
No entanto, se não houver nenhum vínculo com a 
Administração, não poderá incidir o poder disciplinar. Eventual sanção 
a ser aplicada decorrerá do poder de polícia. 
 
Com efeito, conforme menciona a Profa. Raquel Melo 
Urbano, “esclareça-se que o poder disciplinar não abrange as 
sanções impostas a terceiros estranhos ao quadro de pessoal 
do Poder Público. Particulares que não foram investidos em cargos, 
empregos ou funções públicas não estão sujeitos à disciplina punitiva 
da Administração”. 
 
Significa dizer que se o particular não tem qualquer 
vínculo com a Administração (funcional, contratual ou sujeição 
especial), não poderá sofrer sanção em razão do poder disciplinar da 
Administração, mas poderá em razão do poder de polícia (fiscalização 
de atividade, por exemplo). 
 
Lembre-se, no entanto, se esse particular tiver algum 
vínculo com o Estado (contrato de prestação de serviço, 
concessionário, permissionário) sofrerá sanção disciplinar (multa, 
advertência, suspensão etc), e se não tiver qualquer vínculo somente 
poderá sofrer sanção decorrente do poder de polícia. 
 
1.3.5 Poder de polícia 
 
O poder de polícia é a prerrogativa de que dispõe a 
Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de 
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bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou 
do próprio Estado. 
 
Esse poder tem por fundamento, conforme lição da 
Profa. Di Pietro, no princípio da predominância do interesse público 
sobre o particular, que dá a Administração posição de supremacia 
sobre os administrados, na medida em que a Administração dispõe de 
prerrogativas especiais para a consecução de seus fins. 
 
Com efeito, a definição de poder de polícia fora 
positivada no Código Tributário Nacional, em seu artigo 78, ao 
expressar que: 
 
Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da 
Administração Pública que, limitando ou disciplinando 
direito, interesse ou liberdade, regula prática de ato ou 
abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos 
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividade econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos 
direitos individuais e coletivos. 
 
O poder de polícia pode ser visto numa acepção ampla 
ou numa acepção restrita. 
 
Em sentido amplo compreende toda a atividade estatal 
de condicionar, restringir, direitos individuais em prol do interesse 
coletivo. Assim, compreenderia, por exemplo, a atividade legislativa, 
isto é, a criação de leis restritiva de direitos. 
 
Em sentido estrito corresponde à atividade 
administrativa que impõe restrições à atividade, liberdade e à 
propriedade, por meio de intervenções abstratas ou concretas da 
Administração Pública, sendo denominado de polícia 
administrativa. 
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Com efeito, o poder de polícia pode ser preventivo 
ou repressivo. É preventivo quando destina a evitar condutas que 
violem o interesse da coletividade. É repressivo quando destinado a 
combater ilícitos que redundem em afronta ao interesse público. 
 
Significa dizer que no exercício da polícia 
administrativa preventiva a Administração expedirá os atos 
normativos (regulamentos, portarias etc), ou seja, atos gerais e 
abstratos, que delimitarão a atividade e o interesse dos particulares 
em razão do interesse público. 
 
No tocante ao poder de polícia repressivo a 
Administração irá atuar no sentido de fiscalizar atividades e bens, 
verificando a existência de infrações às disposições preventivas e 
punindo as condutas ilícitas administrativas. 
 
No primeiro caso, ou seja, do exercício do poder de 
polícia preventivo podemos citar a necessidade, por exemplo, de se 
requerer o alvará de funcionamento para abertura de bares ou 
restaurantes. No segundo caso, polícia repressiva, temos a 
fiscalização estatal a fim de verificar se os bares e restaurantes têm 
os referidos alvarás e se cumprem as regras inerentes à segurança, 
saúde etc. 
 
Nesse sentido, distingue-se a polícia administrativa, 
que incide sobre bens, atividades ou direitos, da polícia judiciária 
que atua sobre pessoas, voltada ao combate de ilícitos criminais. 
 
A Polícia Judiciária atua no sentido de manter a ordem 
e a segurança da sociedade, combatendo a criminalidade, atuando por 
meio de órgãos de defesa (Polícia Civil, Polícia Federal e a PM nos 
IPM’s). 
 
Então, podemos dizer que a polícia judiciária tem 
atuação predominantemente voltada para as pessoas, no combate à 
criminalidade, à repressão penal, à segurança pública. 
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A polícia administrativa, por outro lado, não incide sobre 
pessoas, incide sobre bens, atividades, e liberdades individuais, tanto 
preventiva quanto repressivamente, ou seja, atua no combate a 
ilícitos administrativos, anti-sociais, na fiscalização dos diversos 
setores sociais (comércio, sanitário, meio ambiente etc). 
 
Portanto, enquanto a polícia administrativa é regida 
pelo Direito Administrativo, a polícia judiciária deve observar as 
normas de direito criminal (processuais e penais). 
 
Assim, como o poder de polícia, a polícia administrativa, 
é atividade conferida ao Estado para impor restrições a esfera 
particular, devemos entender que se trata de prerrogativa especial, e 
como tal, goza de atributos diferenciados. 
 
Assim, o poder de polícia goza dos seguintes atributos 
específicos: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a 
coercibilidade (DAC). 
 
A discricionariedade deve ser entendida no sentido 
de que cabe à Administração definir quando e onde exercitar seu 
poder de fiscalização e controle, ou seja, a oportunidade e 
conveniência de exercer o poder de polícia, aplicando as sanções e os 
meios necessários à proteção do interesse público. 
 
Contudo, deve-se ressaltar que o poder de polícia é em 
regra discricionário, isso porque a lei pode estabelecer o modo e a 
forma de sua realização quando, então, não haverá margem de 
escolha da Administração, sendo, pois, vinculado, tal como a 
concessão de licença para dirigir (habilitação). 
 
Com efeito, a licença é ato de polícia vinculado, ou 
seja, ocorre quando o indivíduo, preenchidos os requisitos, tem o 
direito de praticar o ato, por isso são atos vinculados (licença para 
construir, para dirigir etc). 
 
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A autorização, por outro lado, é ato decorrente do 
poder de polícia discricionária, ou seja, dependerá da conveniência 
e oportunidade da administração em permitir ou conceder o ato (ex. 
porte arma), podendo, portanto, ser revogada. 
 
Assim, podemos concluir que nem todo ato do 
poder de polícia é discricionário. 
 
A autoexecutoridade é a prerrogativa conferida à 
Administração para decidir e executar diretamente suas decisões, por 
seus próprios meios, sem intervenção do Poder Judiciário. 
 
Veja que a Administração para praticar seus atos 
condizentes com o poder de polícia nãonecessita de autorização 
judicial, de modo que por si mesma pode executá-los. 
 
A coercibilidade é o atributo que confere à 
Administração poder de impor obrigações ou condutas aos 
particulares, de forma a exigir seu cumprimento, sob pena de a 
Administração fazer-se cumprir pelo uso da força. 
 
Quanto à titularidade do poder de polícia, é importante 
observar que a competência para exercê-lo decorre diretamente do 
sistema de partilha de competências constitucional. Assim, em regra, 
a competência é da pessoa política a qual a Constituição conferiu o 
poder de regular a matéria. 
 
Portanto, tratando-se de assuntos de interesses 
nacionais, a competência é da União. De assuntos estaduais, a 
competência é do Estado-membro. E, regionais, a competência é do 
Município. Porém, devemos lembrar que haverá a possibilidade de 
exercício concorrente, daí a necessidade de atuação em sistema de 
gestão associada, conforme prescreve o art. 241, CF/88. 
 
Nesse sentido, quando o poder de polícia é exercido 
diretamente pela pessoa política, ou seja, pela Administração Pública 
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direta, por seus órgãos e agentes, fala-se em poder de polícia 
originário. 
 
Contudo, quando outorgado (delegação feita por lei) à 
pessoa jurídica integrante da Administração Indireta, tal como as 
autarquias, denomina-se poder de polícia delegado ou outorgado. 
 
Daí a grande celeuma no âmbito dessa matéria. Pode o 
poder de polícia ser delegado? É preciso ter cuidado, pois acabamos 
de ver que a resposta é positiva, desde que a delegação ocorra por 
força de lei. 
 
Agora, a delegação poderá ocorrer para pessoa jurídica 
de direito privado? E para particulares? 
 
Bem, aí a questão é um pouco mais complexa. A 
jurisprudência tem pacificado o entendimento de que o poder 
de polícia é atividade exclusivamente estatal, por isso, não 
poderia ser delegado a particulares. 
 
Nesse sentido, entende o professor Celso Antônio 
Bandeira de Mello que, em regra, não se pode delegar os atos de 
poder de polícia a particulares e essa tem sido a orientação 
jurisprudencial do próprio Supremo Tribunal Federal (ADI 
1.717/DF) e do Superior Tribunal de Justiça. Ilustrativamente: 
 
PROCESSUAL CIVIL – CONFLITO DE COMPETÊNCIA – 
CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL – PESSOA 
JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO – PROCESSO LICITATÓRIO 
– COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 
1. O Supremo Tribunal Federal, na ADIn 1.717/DF, declarou 
a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 9.649/98, que 
alteraram a natureza jurídica dos conselhos profissionais por 
ser indelegável a entidade privada atividade típica de 
Estado, que abrange até poder de polícia, de tributar e 
de punir, no que concerne ao exercício das atividades 
profissionais regulamentadas. 
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2. Mantida a natureza autárquica dos conselhos profissionais 
permanece competente a Justiça Federal para julgar 
mandado de segurança, ainda que o ato impugnado seja de 
gestão e não de delegação, como in casu. 
3. Conflito conhecido para declarar-se competente o Juízo 
Federal, suscitado. (CC 54.780/RR, Rel. Ministra ELIANA 
CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/06/2006, DJ 
07/08/2006 p. 197) 
 
Contudo, o ilustre professor ressalva o caso de capitães 
de navios, em que há o exercício do poder de polícia por pessoa 
privada. No entanto, trata-se de uma excepcionalidade, segundo o 
próprio mestre. 
 
Destaca-se, todavia, que é possível que se permita 
ao particular, pessoa privada, a prática de atos materiais que 
precedam os atos jurídicos do poder de polícia, que é a 
instrumentalização do poder de polícia, tal como colocação de 
fotossensores, radares, pardais, detectores de produtos 
ilícitos ou metais em aeroportos etc, conforme orientação 
jurisprudencial. Vejamos: 
 
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE 
TRÂNSITO. NECESSIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO AGENTE. 
AUTO DE INFRAÇÃO. 
1. Nos termos do artigo 280, § 4º, do Código de Trânsito, o 
agente da autoridade de trânsito competente para lavrar o 
auto de infração poderá ser servidor civil, estatutário ou 
celetista ou, ainda, policial militar designado pela autoridade 
de trânsito com jurisdição sobre a via no âmbito de sua 
competência. O aresto consignou que toda e qualquer 
notificação é lavrada por autoridade administrativa. 
2. "Daí não se segue, entretanto, que certos atos materiais 
que precedem atos jurídicos de polícia não possam ser 
praticados por particulares, mediante delegação, 
propriamente dita, ou em decorrência de um simples contrato 
de prestação. Em ambos os casos (isto é, com ou sem 
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delegação), às vezes, tal figura aparecerá sob o rótulo de 
"credenciamento". Adílson Dallari, em interessantíssimo 
estudo, recolhe variado exemplário de "credenciamentos". É 
o que sucede, por exemplo, na fiscalização do cumprimento 
de normas de trânsito mediante equipamentos 
fotossensores, pertencentes e operados por empresas 
privadas contratadas pelo Poder Público, que acusam a 
velocidade do veículo ao ultrapassar determinado ponto e lhe 
captam eletronicamente a imagem, registrando dia e 
momento da ocorrência" (Celso Antônio Bandeira de Mello, in 
"Curso de Direito Administrativo, Malheiros, 15ª edição, pág. 
726): 3. É descabido exigir-se a presença do agente para 
lavrar o auto de infração no local e momento em que ocorreu 
a infração, pois o § 2º do CTB admite como meio para 
comprovar a ocorrência "aparelho eletrônico ou por 
equipamento audiovisual (...)previamente regulamentado 
pelo CONTRAN." 4. Não se discutiu sobre a impossibilidade 
da administração valer-se de cláusula que estabelece 
exceção para notificação pessoal da infração para instituir 
controle eletrônico. 
5. Recurso especial improvido. (REsp 712.312/DF, Rel. 
Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 
18/08/2005, DJ 21/03/2006 p. 113) 
 
Mas, e se essa pessoa jurídica de direito privado for 
integrante da Administração Pública? 
 
Bem, o entendimento era no sentido de que pessoa 
jurídica de direito privado não poderia exercer atos do poder de 
polícia, por ser atividade tipicamente estatal, ou seja, que deveria ser 
exercida por pessoa jurídica de direito público. 
 
Contudo, em recente decisão o STJ passou a entender 
que o poder de polícia, que atualmente é desmembrado em quatro 
atividades, qual seja: legislação, consentimento, fiscalização e 
sanção -, poderá ser delegado à pessoa jurídica de direito privado, 
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integrante da Administração Pública, no tocante às atividades de 
consentimento e fiscalização. 
 
Significa dizer que, para o STJ, as atividades de 
consentimento (tal como expedição de alvará, carteira de motorista, 
dentre outras) e de fiscalização (fiscalização de trânsito, postura, 
obras, sanitária etc) podem ser delegadas às entidades de direito 
privado. 
 
No entanto, conforme entendimento do STJ não poderá 
ser delegado atividades de legislação e aplicação de sanções, por se 
caracterizar como atividades intrínsecas do campo administrativo. 
Nesse sentido, vale transcrever a notícia veiculada no âmbitodo STJ: 
 
"A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) 
decidiu pela possibilidade de a Empresa de Transporte de 
Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) exercer atos 
relativos à fiscalização no trânsito da capital mineira. 
Entretanto, os ministros da Turma mantiveram a 
vedação à aplicação de multas pela empresa privada. 
 
A Turma decidiu reformar, parcialmente, decisão de 
novembro último que garantiu ao poder público a aplicação 
de multa de trânsito. Na ocasião, os ministros 
acompanharam o entendimento do relator, ministro Mauro 
Campbell Marques, de ser impossível a transferência do 
poder de polícia para a sociedade de economia mista, que é 
o caso da BHTrans. Ele explicou que o poder de polícia é o 
dever estatal de limitar o exercício da propriedade e da 
liberdade em favor do interesse público. E suas atividades se 
dividem em quatro grupos: legislação, consentimento, 
fiscalização e sanção.” 
 
O prof. Carvalho Filho, neste aspecto, diverge, pois 
entende que qualquer pessoa administrativa também poderá exercer 
a atividade de fiscalização e aplicar sanção. 
 
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A propósito, são sanções decorrentes do poder de 
polícia as multas, interdição de atividades, embargo de obras, 
cassação de patentes, demolições, proibição de fabricar, suspensão 
ou cassação de direito, por exemplo. 
 
De toda sorte, por ser ato administrativo, os atos de 
poder de polícia se submetem ao controle administrativo, de 
autotutela, bem como ao controle judicial de legalidade. 
 
Ademais, vale destacar que a Lei nº 9.873/99 
estabelece prazo prescricional de cinco anos para o exercício de 
ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no 
exercício do poder de polícia, conforme determina o art. 1º: 
 
Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da 
Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício 
do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação 
em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso 
de infração permanente ou continuada, do dia em que 
tiver cessado. 
 
Observe que esta lei não se aplica às infrações de 
natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza 
tributária, conforme art. 5º, mas ao exercício do poder de polícia. 
 
Vamos às questões. 
 
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2. QUESTÕES COMENTADAS 
 
1. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL – CESPE/2012) Segundo a 
doutrina, o abuso de poder, que pode assumir duas formas, 
comissiva ou omissiva, efetiva-se quando a autoridade 
competente, ao praticar ou omitir ato administrativo, 
ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das 
finalidades administrativas, circunstâncias em que o ato do 
agente somente poderá ser revisto pelo Poder Judiciário. 
 
Comentário: 
 
O entendimento doutrinário é no sentido de que o abuso 
de poder tanto pode ocorrer por ação ou omissão, ou seja, efetiva-se 
quando a autoridade competente, ao praticar ou omitir ato 
administrativo, ultrapassa os limites de suas atribuições (excesso de 
poder) ou se desvia das finalidades administrativas (desvio de 
finalidade), sendo certo, no entanto, que tais circunstâncias podem 
ser revistas no âmbito administrativo ou judicial. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
2. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – STM – 
CESPE/2011) Caso autoridade administrativa deixe de 
executar determinada prestação de serviço a que por lei está 
obrigada e, consequentemente, lese o patrimônio jurídico 
individual, a inércia de seu comportamento constitui forma 
omissiva do abuso de poder. 
 
Comentário: 
 
É importante perceber que o abuso de poder pode 
ocorrer tanto por ação como por omissão, sobretudo quando o agente 
deixa de praticar ato visando causar prejuízo a terceiros. 
 
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Gabarito: Certo. 
 
 
3. (ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO - MS - CESPE/2013) 
A inércia da autoridade administrativa, caracterizada pela falta 
de execução de determinada prestação de serviço que por lei 
está obrigada a cumprir, constitui abuso de poder. 
 
Comentário: 
 
De fato, constitui abuso de poder a omissão do dever 
de agir. Assim, a falta de execução de determinada prestação de 
serviço que por lei está obrigada a cumprir, caracteriza-se como abuso 
de poder. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
4. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO - ANA - CESPE/2013) A inércia 
da autoridade administrativa, que é configurada como a 
inexecução de determinada prestação de serviço obrigatória 
em lei, constitui abuso de poder. 
 
Comentário: 
 
Observe que a questão é absolutamente semelhante à 
anterior. Então, sabidamente o abuso de poder pode ocorrer por ação 
ou por omissão quanto ao dever de agir. Por isso, a inexecução de 
determinada prestação de serviço obrigatória caracteriza-se como 
abuso de poder. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
5. (ANALISTA TÉCNICO ADMINISTRATIVO - MS - CESPE/2013) 
O abuso do poder se configura apenas quando a autoridade 
pratica o ato, embora não possua competência para tal. 
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Comentário: 
 
O abuso de poder pode ocorrer tanto por ação quanto 
por omissão, na modalidade excesso de poder ou por desvio de poder 
ou finalidade. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
6. (ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO – MDIC – 
CESPE/2014) O exercício dos poderes administrativos não é 
uma faculdade do agente público, mas uma obrigação de atuar; 
por isso, a omissão no exercício desses poderes poderá ensejar 
a responsabilização do agente público nas esferas cível, penal 
e administrativa. 
 
Comentário: 
 
De fato, o exercício dos poderes administrativos é um 
dever do agente público, de maneira que também há violação ao 
dever funcional o não agir, ou seja, a omissão, caracterizando abuso 
de poder, que poderá gerar responsabilização no âmbito cível, penal 
e administrativo. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
7. (INSPETOR DE POLÍCIA CIVIL – PC/CE – CESPE/2012) O 
abuso do poder pela autoridade competente invalida o ato por 
ela praticado, devendo a invalidade ser reconhecida somente 
por controle judicial. 
 
Comentário: 
 
Como se sabe, o abuso de poder invalida o ato, na 
medida em que se tem um ato ilegítimo (com excesso ou desvio de 
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poder). Contudo, a invalidade pode ser decretada tanto 
administrativamente, quanto por controle judicial. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
8. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJDFT – CESPE/2013) Considere 
que determinado agente público detentor de competência para 
aplicar a penalidade de suspensão resolva impor, sem ter 
atribuição para tanto, a penalidade de demissão, por entender 
que o fato praticado se encaixaria em uma das hipóteses de 
demissão. Nesse caso, a conduta do agente caracterizará 
abuso de poder, na modalidade denominada excesso de poder. 
 
Comentário: 
 
Observe que o agente não era competente para aplicar 
a pena de demissão. Portanto, extrapolou, foi além, dos limites de sua 
competência,ou seja, ocorreu o abuso de poder sob a modalidade 
excesso de poder. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
9. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJ/RR – CESPE/2012) Caracteriza 
desvio de finalidade, espécie de abuso de poder, a conduta do 
agente que, embora dentro de sua competência, se afasta do 
interesse público, que deve nortear todo o desempenho 
administrativo, para alcançar fim diverso daquele que a lei lhe 
permitiu. 
 
Comentário: 
 
O desvio de finalidade é espécie do gênero abuso de 
poder e se caracteriza pela conduta do agente que, embora dentro de 
sua competência, se afasta do interesse público, que deve nortear 
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todo o desempenho administrativo, para alcançar fim diverso daquele 
que a lei lhe permitiu. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
10. (AGENTE ADMINISTRATIVO – SUFRAMA – CESPE/2014) 
A remoção de ofício de um servidor, como forma de puni-lo por 
faltas funcionais, configura abuso de poder. 
 
Comentário: 
 
A remoção visando punir determinado servidor por 
faltas funcionais, nos regimes que não preveem tal hipótese 
(magistratura, ministério público e defensoria pública) configura 
abuso de poder na modalidade desvio de finalidade, na medida em 
que se utiliza desse instrumento de forma contrário aos fins legais. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
11. (ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO – MDIC – 
CESPE/2014) Suponha que, após uma breve discussão por 
questões partidárias, determinado servidor, que sofria 
constantes perseguições de sua chefia por motivos 
ideológicos, tenha sido removido, por seu superior 
hierárquico, que desejava puni-lo, para uma localidade 
inóspita. Nessa situação, houve abuso de poder, na 
modalidade excesso de poder. 
 
Comentário: 
 
Então, a remoção com a finalidade de perseguir, punir, 
o servidor público destoa de seus fins legais. Por isso, ocorre o abuso 
de poder na modalidade desvio de poder ou de finalidade. 
 
Gabarito: Errado. 
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12. (AGENTE ADMINISTRATIVO – MTE – CESPE/2014) O 
administrador público que age fora dos limites de sua 
competência atua com desvio de poder. 
 
Comentário: 
 
Atuar fora dos limites da competência é conduta 
abusiva configuradora do excesso de poder, já que a autoridade 
excede, extrapola, os limites de sua competência. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
13. (PROCURADOR – PGE/BA – CESPE/2014) Suponha que, 
em razão de antiga inimizade política, o prefeito do município 
X desaproprie área que pertencia a Cleide, alegando interesse 
social na construção de uma escola de primeiro grau. Nessa 
situação hipotética, a conduta do prefeito caracteriza desvio 
de poder. 
 
Comentário: 
 
A desapropriação deve ter por finalidade o interesse 
público. Portanto, quando a autoridade utiliza desse instituto para 
perseguições políticos estará atuando com desvio de poder ou 
finalidade (abuso de poder). 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
14. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Forma de conferir 
liberdade ao administrador público, o poder discricionário 
permite que a autoridade, mediante os critérios de 
conveniência e oportunidade, opte pela ação que melhor 
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propicie a consecução do interesse público, atuação que se 
sobrepõe aos limites da lei. 
 
Comentário: 
 
O poder discricionário permite ao agente público uma 
margem de liberdade para atuar. Tal margem de liberdade diz respeito 
à valoração da conduta sob os aspectos da conveniência e 
oportunidade a fim de satisfazer o interesse público. 
 
Contudo, tal valoração ou liberdade não se sobrepõe 
aos limites legais. É que o poder discricionário deve se pautar pelos 
limites impostos expressas ou implicitamente na lei, sob pena de 
ilegalidade do ato. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
15. (ADMINISTRADOR – TJ/RR – CESPE/2012) Define-se 
poder discricionário como o poder que o direito concede à 
administração para a prática de atos administrativos com 
liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e 
conteúdo, estando a administração, no exercício desse poder, 
imune à apreciação do Poder Judiciário. 
 
Comentário: 
 
Há no âmbito do poder discricionário margem de 
liberdade para decidir acerca da conveniência, oportunidade e 
conteúdo do ato (a parte final embora não seja mais tão usual, era a 
visão de Hely Lopes Meirelles). 
 
Todavia, esse espaço de liberdade não imuniza a 
Administração Pública da apreciação judicial dos atos praticados no 
exercício desse poder quanto ao aspecto de legalidade. 
 
Gabarito: Errado. 
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16. (AGENTE ADMINISTRATIVO - TCE/RO - CESPE/2013) O 
poder discricionário é um poder absoluto e intocável, 
concretizando-se no momento em que o ato é praticado pela 
administração. 
 
Comentário: 
 
Não há poder absoluto e intocável. Todos os poderes 
encontram limites na própria lei. Com efeito, o poder discricionário 
embora possibilite certa margem de atuação, também deve ser 
pautado nos limites legais, sob pena de invalidação tanto pela 
Administração quanto pelo Judiciário. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
17. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TRE/MT – 
CESPE/2010) Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à 
administração pública de editar atos de caráter geral que 
visam complementar ou alterar a lei, em face de eventuais 
lacunas e incongruências. 
 
Comentário: 
 
Para o Prof. Carvalho Filho o poder regulamentar é 
subjacente à lei e pressupõe a existência desta. Trata-se de poder no 
sentido de praticar atos de natureza derivada, ou seja, tendo 
em vista complementar o alcance da lei. 
 
Assim, o poder regulamentar é poder conferido no 
sentido de esclarecer, explicitar, detalhar o alcance da norma, 
nunca no sentido de preencher lacunas ou corrigir 
incongruências. Pois tal tarefa é dada ao intérprete, utilizando 
instrumentos de aplicação da lei, tal como a analogia, os princípios 
gerais de direito, ou ao próprio legislador na formulação de novas leis. 
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Gabarito: Errado. 
 
 
18. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) De 
acordo com o entendimento do STF, quando o Poder Executivo 
expede regulamento, ato normativo de caráter não legislativo, 
não o faz no exercício de função legislativa, mas no de função 
normativa, sem que haja derrogação do princípio da divisão 
dos poderes. 
 
Comentário: 
 
O STF tem entendimento consolidado no sentido de que 
a expedição de atos normativos pelo Poder Executivo é expressão do 
poder regulamentar ou da função da normativa, conforme o seguinte: 
 
INFORMATIVO Nº 650 
TÍTULO: Salário mínimo e decreto presidencial (Transcrições) 
PROCESSO: MS - 30604 
ARTIGO 
Salário mínimo e decreto presidencial (Transcrições) (v. Informativo 
646) ADI 4568/DF* RELATORA: Ministra Cármen Lúcia VOTO DO 
MINISTRO LUIZ FUX AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. 
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. DIREITO DO TRABALHO. 
GARANTIA FUNDAMENTAL DO SALÁRIO MÍNIMO (CF, ART.7, IV). 
LEI Nº 12.381/11. FIXAÇÃO DO VALOR DO SALÁRIO MÍNIMO PARA 
O ANO DE 2011. DIRETRIZES PARA A POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO 
DO SALÁRIO MÍNIMO PARA O PERÍODO DE 2012 A 2015. 
SISTEMÁTICA DE REAJUSTE E MAJORAÇÃO DO PODER AQUISITIVO. 
ART. 3º DO DIPLOMA. FENÔMENO DA DESLEGALIZAÇÃO. DECRETO 
DO PODER EXECUTIVO AO QUAL COMPETIRÁ CONSOLIDAR A 
APLICAÇÃO DOS INDÍCES PREVISTOS NA LEI. 
CONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE (CF, ART. 
5º, II, E 37, CAPUT) E DA SEPARAÇÃO DE PODERES (CF, ART. 2º). 
CONTEXTO DE “CRISE DA LEI FORMAL”. DIÁLOGO INSTITUCIONAL 
ENTRE OS PODERES LEGISLATIVO E EXECUTIVO. FUNÇÃO 
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LEGISLATIVA DESEMPENHADA ATRAVÉS DA FIXAÇÃO DE 
DIRETRIZES PARA AS POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS. ESPAÇO 
NORMATIVO VIRTUOSO DO PODER EXECUTIVO NO 
DESENVOLVIMENTO E NA CONCRETIZAÇÃO DO CONTEÚDO DA LEI. 
CONHECIMENTO TÉCNICO E DINAMISMO NA RESPOSTA AOS 
NOVOS DESAFIOS REVELADOS PELA SOCIEDADE 
CONTEMPORÂNEA. HABILITAÇÃO NORMATIVA DO PODER 
EXECUTIVO. RISCO DE DELEGAÇÃO EM BRANCO. PRINCÍPIO 
DEMOCRÁTICO. DEVER DE FIXAÇÃO, EM LEI, DE 
PARÂMETROS DE CONTEÚDO QUE LIMITEM A ATUAÇÃO DO 
PODER EXECUTIVO (“INTELLIGIBLE PRINCIPLE 
DOCTRINE”). PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL 
FEDERAL RELATIVOS AO DOMÍNIO TRIBUTÁRIO, PENAL E 
ADMINISTRATIVO. SISTEMÁTICA DA LEI QUE SE VOLTA A 
PROMOVER A EFETIVIDADE DA GARANTIA FUNDAMENTAL 
DO TRABALHADOR. PERIODICIDADE SIMILAR À DO PLANO 
PLURIANUAL (CF, ART. 165, § 1º, C/C ART. 35, § 2º, I, DO 
ADCT). ELEVAÇÃO DA VALORIZAÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO 
COMO POLÍTICA DE ESTADO. INOCORRÊNCIA DE 
SILENCIAMENTO DO PODER LEGISLATIVO. POSSIBILIDADE 
DE QUE, A QUALQUER TEMPO, SOBREVENHA NOVO DIPLOMA 
REVOGANDO A DESLEGALIZAÇÃO OPERADA PELA LEI Nº 
12.382/11. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO REGIME 
CONSTITUCIONAL PARA A EDIÇÃO DE LEI DELEGADA (CF, 
ART. 68, CAPUT E §§). DECRETO DO PODER EXECUTIVO QUE, 
NA SISTEMÁTICA DA LEI Nº 12.381/11, CARACTERIZA ATO 
NORMATIVO DE NATUREZA SECUNDÁRIA, DIVERSAMENTE 
DO QUE SE PASSA COM A LEI DELEGADA. IMPROCEDÊNCIA 
DO PEDIDO. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
19. (AGENTE ADMINISTRATIVO - TCE/RO - CESPE/2013) 
Quando a administração expede normas de caráter geral e 
impessoal, ela está desempenhando o poder regulamentar e a 
função normativa simultaneamente. 
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Comentário: 
 
De fato, o poder regulamentar é uma decorrência da 
função normativa. Observe que a função normativa do Estado pode 
ser compreendida em três categorias: a) função legislativa; b) 
função regulamentar; e, c) função regulatória. 
 
Assim, quando a administração expede normas de 
caráter geral e impessoal (poder regulamentar) o faz também no 
exercício da função normativa. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
20. (ANALISTA MINISTERIAL – MPE/PI – CESPE/2012) No 
exercício do poder regulamentar, os chefes do Executivo não 
podem editar atos que contrariem a lei ou que criem direitos e 
obrigações que nela não estejam previstos, sob pena de ofensa 
ao princípio da legalidade. 
 
Comentário: 
 
O poder regulamentar é subjacente à lei, ou seja, não 
confere aos chefes do Executivo o poder de editar atos que contrariem 
a Lei ou que criem direitos e obrigações que nela não estejam 
previstos. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
21. (PROCURADOR - BACEN - CESPE/2013) Fundamentado 
no exercício do poder regulamentar, o chefe do Poder 
Executivo tem competência para inovar a ordem jurídica, 
criando, por meio de decreto, obrigações de fazer ou de não 
fazer aos particulares. 
 
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Comentário: 
 
Veja só. É exatamente o contrário da questão anterior. 
Então, o poder regulamentar não confere aos chefes do Executivo o 
poder de editar atos que inovem a ordem jurídica. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
22. (INVESTIGADOR DE POLÍCIA - PC/BA - CESPE/2013) Em 
razão do poder regulamentar da administração pública, é 
possível estabelecer normas relativas ao cumprimento de leis 
e criar direitos, obrigações, proibições e medidas punitivas. 
 
Comentário: 
 
Pode, de fato, a administração pública expedir normas 
relativa ao cumprimento de leis. Contudo, não pode criar direitos, 
obrigações, proibições e medida punitivas. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
23. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – 
CESPE/2011) Um regulamento autorizado pode disciplinar 
matérias reservadas à lei. 
 
Comentário: 
 
Lembre-se que o poder regulamentar, mesmo em sua 
expressão poder normativo técnico, não pode extrapolar os limites da 
lei, ou seja, não pode invadir campo reservado à lei em sentido formal, 
sob pena de violação ao princípio da separação de poderes. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
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24. (JUIZ FEDERAL – TRF 1ª REGIÃO – CESPE/2011) O poder 
normativo da administração pode ser expresso por meio de 
deliberações e de instruções editadas por autoridades que não 
o chefe do Poder Executivo, as quais podem inovar no 
ordenamento jurídico, criando direitos e impondo obrigações. 
 
Comentário: 
 
Observa-se que o poder regulamentar é conferido ao 
chefe do poder executivo e o poder normativo (técnico) é conferido a 
algumas entidades e órgãos da administração, distintos daquela 
autoridade. No entanto, esse poder não poderá ultrapassar os limites 
legais, de modo que não poderá criar direito ou impor obrigações, 
inovando na ordem jurídica. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
25. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) O poder regulamentar 
permite que o ato normativo derivado inove e aumente os 
direitos e obrigações previstos no ato de natureza primária que 
o autoriza, desde que tenha por objetivo o cumprimento das 
determinações legais. 
 
Comentário: 
 
O poder regulamentar não pode inovar na ordem 
jurídica criando direitos ou obrigações para além do que foi previsto 
ou autorizado no ato primário (Lei). 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
26. (ANALISTA DE INFORMÁTICA - TCE/RO - CESPE/2013) 
Por meio do poder regulamentar, a administração pública 
poderá complementar e alterar a lei a fim de permitir a sua 
efetiva aplicação. 
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Comentário: 
 
O poder regulamentar não pode alterar a lei a fim de 
permitir sua efetiva aplicação. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
27. (AUXILIAR JUDICIÁRIO – TJ/AL – CESPE/2012) O poder 
regulamentar da administração pública manifesta-se por meio 
de atos de natureza normativa, instituidores de direito novo de 
forma ampla e genérica, com efeitos gerais e abstratos, 
expedidos em virtude de competência própria dos órgãos 
estatais. 
 
Comentário: 
 
A questão é muito boa, de certo modo seria isso 
mesmo, ou seja, o poder regulamentar da administração pública 
manifesta-se por meio de atos de natureza normativa, com efeitos 
gerais e abstratos, expedidos em virtude de competência própria dos 
órgãos estatais. Contudo, não é instituidor de direito novo de forma 
ampla e genérica, na medida em que não pode extrapolar os limites 
legais (não pode inovar). 
 
Gabarito: Errado.28. (ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA – TRE/MS – 
CESPE/2013) O poder regulamentar é prerrogativa de direito 
público conferida à administração pública de exercer função 
normativa para complementar as leis criadas pelo Poder 
Legislativo, podendo inclusive alterá-las de forma a permitir a 
sua efetiva aplicação. 
 
Comentário: 
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No exercício do poder regulamentar a Administração 
tem a prerrogativa de explicitar, detalhar, complementar as leis, mas 
não pode alterá-las ou criar direitos ou obrigações que dela (Lei) na 
decorra. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
29. (AGENTE ADMINISTRATIVO – PRF – CESPE/2012) Em 
decorrência do poder regulamentar, a administração pública 
pode utilizar o regulamento autorizado para fixar normas 
técnicas, de forma que um regulamento sobre temática não 
prevista em lei, por exemplo, será considerado válido. 
 
Comentário: 
 
O poder regulamentar é subjacente à lei, ou seja, não 
pode ir além do que a lei estabelece. Portanto, nem mesmo os 
regulamentos autorizados podem regulamentar situação não prevista 
ou decorrente da própria lei, sob pena de ser inválido. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
30. (AGENTE ADMINISTRATIVO – SUFRAMA – CESPE/2014) 
Poder regulamentar é o poder que a administração possui de 
editar leis, medidas provisórias, decretos e demais atos 
normativos para disciplinar a atividade dos particulares. 
 
Comentário: 
 
O poder de editar leis, medidas provisórias, decretos e 
demais atos normativos é o poder normativo do Estado, que se 
caracteriza em editar atos normativos primários, sendo mais amplo 
que o poder de regulamentar, que se limita a detalhar, pormenorizar 
a aplicação dessas espécies primárias no âmbito administrativo. 
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Gabarito: Errado. 
 
 
31. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/MS – CESPE/2013) O poder 
regulamentar consiste na possibilidade de o chefe do Poder 
Executivo editar atos administrativos gerais e abstratos, 
expedidos para dar fiel execução da lei. 
 
Comentário: 
 
De acordo com o art. 84, inc. IV, da CF/88 compete ao 
Chefe do Poder Executivo editar decretos regulamentares, de 
conteúdo geral e abstrato, para dar fiel execução à lei. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
32. (TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MPU – CESPE/2013) É 
denominado regulamento executivo o decreto editado pelo 
chefe do Poder Executivo federal para regulamentar leis. 
 
Comentário: 
 
De fato, conforme art. 84, inc. IV, da CF/88, temos o 
decreto ou regulamento executivo cuja competência é conferida ao 
chefe do executivo expedi-lo para dar fiel execução à lei. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
33. (ATIVIDADE TÉCNICA DE SUPORTE - MC - CESPE/2013) 
Os decretos de execução são atos normativos ditos 
secundários. 
 
Comentário: 
 
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No âmbito da atividade normativo podemos citar o 
decreto executivo e o decreto autônomo. O decreto executivo ou 
regulamentar decorre do art. 84, inc. IV, da CF/88 e tem por finalidade 
dar fiel aplicação à lei. Portanto, trata-se de ato normativo secundário, 
ou seja, inferior à lei. 
 
Já o decreto autônomo, fundado no art. 84, inc. VI, da 
CF/88, não é considerado ato normativo secundário, pois decorre 
diretamente da Constituição, visando regular situação ali disposta. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
34. (ADMINISTRADOR - MS - CESPE/2013) Considere que o 
Congresso Nacional edite determinada lei, sancionada pelo 
presidente da República, que estabeleça o prazo de cento e 
oitenta dias para sua regulamentação pelo Poder Executivo. 
Considere, ainda, que, ao exercer seu poder regulamentar, o 
Poder Executivo o faça extrapolando os limites previstos nessa 
lei. Nessa situação, o controle desse ato regulamentar pode ser 
realizado pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo. 
 
Comentário: 
 
Caso seja editado decreto que exorbitem os limites 
legais, caberá ao Congresso Nacional, nos termos do art. 49, inc. V, 
da CF/88, sustar os atos normativos do Poder Executivo que 
exorbitem do poder regulamentar ou ao Poder Judiciário no exercício 
do controle judicial da Administração. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
35. (TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS - 
TJ/RR - CESPE/2013) Segundo o STF, decreto autônomo que 
dispuser sobre a extinção de cargos públicos vagos será 
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inconstitucional, por extrapolar os limites do poder 
regulamentar conferido ao chefe do Poder Executivo. 
 
Comentário: 
 
O STF tem entendimento de que, nos termos da 
Constituição Federal, conforme art. 84, inc. VI, é possível a edição de 
decreto autônomo para: 
 
a) organização e funcionamento da administração federal, 
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou 
extinção de órgãos públicos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
36. (ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE/MT – CESPE/2010) 
Decorrente diretamente do denominado poder regulamentar, 
uma das características inerentes às agências reguladoras é a 
competência normativa que possuem para dispor sobre 
serviços de suas competências. 
 
Comentário: 
 
A competência normativa das agências reguladoras, 
também denominada de poder regulatório, decorre, de fato, do poder 
regulamentar em sua expressão ampla (poder normativo), 
permitindo-lhes dispor por meio de resoluções, instruções, ou outros 
instrumentos, dos aspectos normativos de sua área de atuação. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
37. (JUIZ - STM - CESPE/2013) O exercício do poder 
regulatório é atividade administrativa exclusiva das agências 
reguladoras. 
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Comentário: 
 
A atividade regulatória não é exclusiva das agências 
reguladoras, pois há também competência dessa natureza conferida 
a órgãos da administração, a exemplo dos regulamentos sobre 
imposto de renda expedidos pela Receita Federal. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
38. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – ANS – CESPE/2013) 
Configura exercício de poder disciplinar a edição pela ANS de 
ato normativo que discipline um aspecto da relação entre 
operadoras setoriais e consumidores. 
 
Comentário: 
 
É uma expressão do poder normativo, a prerrogativa 
conferida à agência reguladora para expedir ato normativo que 
discipline aspecto da relação entre operadoras e consumidores, a 
exemplo das resoluções da ANS. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
39. (DEFENSOR PÚBLICO – DPE/SE – CESPE/2012) O poder 
regulamentar permite que a administração pública crie os 
mecanismos de complementação legal indispensáveis à efetiva 
aplicabilidade da lei, sendo ilegítima a fixação, realizada pelo 
poder regulamentar, que crie obrigações subsidiárias (ou 
derivadas) — diversas das obrigações primárias (ou 
originárias) contidas na própria lei. 
 
Comentário: 
 
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O poder regulamentar, realmente,permite que a 
administração pública crie os mecanismos de complementação legal 
indispensáveis à efetiva aplicabilidade da lei, não sendo, portanto, 
ilegítima a fixação de obrigações subsidiárias (ou derivadas), ainda 
que diversas das obrigações primárias (originárias) contidas na 
própria lei. 
 
Nesse sentido, bem explica o Prof. Carvalho Filho que é 
“legítima, porém, a fixação de obrigações subsidiárias (ou derivadas) 
– diversas das obrigações primárias (ou originárias) contidas na lei”. 
 
Dou um exemplo prático. A fim de comprovar a 
condições de hipossuficiente (carente de recursos), conforme 
obrigação originária estabelecida pela lei, para ser atendido pela 
Defensoria, estabeleceu-se em resolução que é necessário apresentar 
a declaração de imposto de renda ou de isento, contracheque, carteira 
de trabalho, dentre outros documentos, que podem ser exigidos no 
caso concreto. 
 
Observe que a lei não estabeleceu como obrigação 
originária que tais documentos fossem apresentados, exigiu-se que a 
pessoa seja hipossuficiente, porém foram criadas obrigações 
subsidiárias (derivadas), diversas da regra originária. 
 
O importante é que essas regras chamadas derivadas 
não extrapolem os limites legais, ou seja, a razoabilidade e 
proporcionalidade, bem como a finalidade legal. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
40. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE/PI – CESPE/2012) As 
leis que trazem a recomendação de serem regulamentadas não 
são exequíveis antes da expedição do decreto regulamentar 
correspondente, mesmo após decorrido o prazo para que o 
Poder Executivo edite o referido decreto. 
 
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Comentário: 
 
De fato, é possível que a lei transfira à Administração a 
obrigação de regulamentá-la (condição suspensiva de exequibilidade 
da lei), quando o dispositivo pendente de regulamentação não terá 
exequibilidade até que o regulamento seja expedido. 
 
Em tais casos a própria lei estabelece o prazo para que 
o ato administrativo normativo seja expedido, de modo que 
ultrapassado o limite temporal, a lei se torna plenamente exequível. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
41. (ADVOGADO – AGU – CESPE/2012) O AGU, utilizando-se 
do poder regulamentar previsto na CF, pode conceder indulto 
e comutar penas, desde que por delegação expressa do 
presidente da República. 
 
Comentário: 
 
O CESPE considerou esta questão como correta. No 
entanto, ao meu sentir, deveria ter sido anulada. 
 
É que, primeiro, conceder indulto ou comutar penas são 
atos do Presidente da República no exercício do poder político do 
Estado (art. 84, inc. XII), e não se confunde com o poder 
regulamentar previsto no art. 84, inc. IV, (exercício da função 
administrativa). 
 
Assim, embora a concessão de indulto ou comutação 
pena seja passível de delegação (art. 84, parágrafo único) e seja 
expedido decreto dispondo sobre o tema anualmente, tais atos não 
são expedidos com a finalidade de regulamentar Lei, trata-se de 
interferência estatal em processos criminais (execução penal), ou 
seja, atos puramente políticos. 
 
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EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. 
INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA. EXTORSÃO MEDIANTE 
SEQÜESTRO. CRIME HEDIONDO. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 
5º, XLII, E 84, XII, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 
ALEGADA ILEGALIDADE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI 
8.072/90 E DO DECRETO 5.993/06. INOCORRÊNCIA. 
CONCESSÃO DE FAVORES QUE SE INSEREM NO PODER 
DISCRICIONÁRIO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. NÃO-
CABIMENTO DE HC CONTRA LEI EM TESE. IMPETRAÇÃO NÃO 
CONHECIDA I - Não cabe habeas corpus contra ato normativo 
em tese. II - O inciso I do art. 2º da Lei 8.072/90 retira seu 
fundamento de validade diretamente do art. 5º, XLII, da 
Constituição Federal. III - O art. 5º, XLIII, da Constituição, 
que proíbe a graça, gênero do qual o indulto é espécie, nos 
crimes hediondos definidos em lei, não conflita com o art. 84, 
XII, da Lei Maior. IV - O decreto presidencial que 
concede o indulto configura ato de governo, 
caracterizado pela ampla discricionariedade. V - Habeas 
corpus não conhecido. (HC 90364, Relator(a): Min. RICARDO 
LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 31/10/2007, 
DJe-152 DIVULG 29-11-2007 PUBLIC 30-11-2007 DJ 30-11-
2007 PP-00029 EMENT VOL-02301-03 PP-00428 RTJ VOL-
00204-03 PP-01210) 
 
Por fim, o poder regulamentar é exclusivo do Chefe de 
Governo, sendo que o poder normativo, ou seja, a edição de atos 
normativos não pode ser objeto de delegação (art. 13 da Lei nº 
9.784/99). 
 
Por tudo isso, entendo que a questão deveria ter sido 
anulada ou considerada incorreta. No entanto, o CESPE a considerou 
correta sob o fundamento de que se trato de ato discricionário do 
Presidente e pode ser delegada. 
 
Gabarito: Certo (*) 
 
 
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42. (ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATIVA - TRT 8ª 
REGIÃO - CESPE/2013) O exercício do poder regulamentar 
pela administração pública não se restringe à atuação do chefe 
do Poder Executivo, por meio de decreto regulamentar, visto 
que outras autoridades podem expedir atos normativos, com 
fundamento no exercício do mesmo poder. 
 
Comentário: 
 
Então, o poder regulamentar alcança não só o poder de 
expedir decretos pelo Chefe do Executivo, mas também a atividade 
regulamentar de outras autoridades, órgãos e entidades da 
administração, a exemplo das Instruções Normativas, Resoluções e 
outros atos normativos. 
 
Gabarito: Certo. 
 
 
43. (ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA - TRT 8ª REGIÃO - 
CESPE/2013) É vedada, em caráter absoluto, a edição, pelo 
chefe do Poder Executivo, de ato normativo que detalhe 
sanções administrativas, por se tratar de matéria inserida no 
âmbito da reserva legal. 
 
Comentário: 
 
O poder regulamentar é justamente de explicitar, 
detalhar, complementar o alcance da norma. Assim, não há vedação 
de se expedir ato normativo que detalhe sanções administrativas na 
medida em que as sanções já estão previstas, mas podem ser 
explicitada sua aplicação pelo decreto. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
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44. (AGENTE ADMINISTRATIVO – PRF – CESPE/2012) Ao 
aplicar penalidade a servidor público, em processo 
administrativo, o Estado exerce seu poder regulamentar. 
 
Comentário: 
 
Aplicar penalidade em processo disciplinar a servidor 
público é manifestação do exercício do poder disciplinar. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
45. (TODOS OS CARGOS - MPOG - CESPE/2013) A 
administração pública exercerá o poder regulamentar ao 
multar determinado contratado que esteja construindo um 
imóvel público em área urbana e que atrase sucessivamente 
etapas da obra. 
 
Comentário: 
 
A aplicação de multa em pessoa contratada pela 
administração pública é uma incidência do poder disciplinar. 
 
Gabarito: Errado. 
 
 
46. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) Caso se 
determine, por meio de lei, a certa autoridade a competência 
para editar atos normativos secundários, essa competência 
pode ser objeto de delegação. 
 
Comentário: 
 
Nos termos da Lei nº 9.784/99, artigo 13, não se pode 
delegar

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