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INSUFICIÊNCIA RENAL - Aguda e Crônica

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INSUFICIÊNCIA RENAL (IR)
A insuficiência renal (IR) é a incapacidade dos rins de filtrar o sangue, eliminando substâncias ruins, como ureia ou creatinina, por exemplo, que podem ficar acumuladas no organismo quando os rins não estão funcionando bem.
Para manter estável o meio interno do organismo, o rim, através de suas funções:
 
	
	Remove as substâncias indesejáveis do nosso corpo filtrando ureia e ácido úrico.
	
	Reabsorve a albumina e sais desejáveis como o sódio, potássio, cálcio.
	
	Excreta substâncias desnecessárias como o fósforo e o hidrogênio.
	
	Secreta hormônios para o controle do volume, da pressão arterial, do cálcio e fósforo e da formação de hemácias.
Há algumas situações que lesam o rim agudamente, outras levam anos para o dano tornar-se aparente. As doenças que lesam as diferentes estruturas dos rins são, entre outras, as nefrites, o diabete, a hipertensão arterial, infecções urinárias, obstruções das vias urinárias e as hereditárias.
A insuficiência renal pode ser aguda ou crônica, sendo que a aguda é caracterizada por uma rápida redução da função renal e na crônica ocorre uma perda gradual da função dos rins, causada por fatores como desidratação, infecção urinária, hipertensão ou obstrução da urina, por exemplo.
Geralmente, a insuficiência renal aguda tem cura, porém a insuficiência renal crônica nem sempre tem cura e o tratamento exige realizar hemodiálise ou transplante de rim para melhorar a qualidade de vida do paciente e promover o bem-estar.
A insuficiência renal é um diagnóstico que expressa uma perda maior ou menor da função renal. Qualquer desvio funcional, de qualquer uma das funções renais, caracteriza um estado de insuficiência renal. Mas, somente a análise dessas funções nos permite afirmar que há perda da capacidade renal e estabelecer níveis de insuficiência renal. Nenhuma prova isolada é suficientemente exata ou fiel para avaliar a função renal, por isso, devem ser feitas várias provas, analisando a filtração, a reabsorção, a excreção e a secreção renal.
 
INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA)
Insuficiência Renal Aguda (IRA) é a perda rápida de função renal devido a dano aos rins, resultando em retenção de produtos de degradação nitrogenados (ureia e creatinina) e não-nitrogenados, que são normalmente excretados pelo rim. Dependendo da severidade e da duração da disfunção renal, este acúmulo é acompanhado por distúrbios metabólicos, tais como acidose metabólica (acidificação do sangue) e hipercalemia (níveis elevados de potássio), mudanças no balanço hídrico corpóreo e efeitos em outros órgãos e sistemas. Pode ser caracterizada por oligúria ou por anúria (diminuição ou parada de produção de urina), embora a IRA não-oligúrica possa ocorrer. É uma doença grave e tratada como uma emergência médica.
Também chamada de lesão renal aguda, a insuficiência é comum em pacientes que já estão no hospital com alguma outra condição. Pode desenvolver-se rapidamente ao longo de algumas horas ou mais lentamente, durante alguns dias. Pessoas que estão gravemente doentes e necessitam de cuidados intensivos estão em maior risco de desenvolver insuficiência renal aguda.
Há três tipos de IRA dependendo do local onde se dão as alterações agudas: antes do rim, no rim e depois do rim: pré-renal, renal ou pós-renal:
Pré-renal (é resultante do suprimento ou fluxo sanguíneo):
hipotensão (fluxo sanguíneo diminuído), habitualmente por choque ou desidratação e perda de líquido,ataque cardíaco.
problemas vasculares, tais como doença ateroembólica e trombose da veia renal (que em parte pode ser secundária à perda de fatores de coagulação devido à disfunção renal).
Renal (é resultante de danos estruturais nos glomérulos ou aos túbulos renais; dano ao rim propriamente dito):
Infecção.
toxinas ou medicamentos (por exemplo, alguns anti-inflamatórios não-esteroidais (AINHs), antibióticos aminoglicosídeos, anfotericina B, contrastes iodados, lítio).
rabdomiólise (destruição de tecido muscular) - a conseqüente liberação de mioglobina no sangue afeta o rim; pode ser causada por injúria (especialmente injúria por esmagamento e trauma fechado extenso),estatinas, MDMA (ecstasy) e algumas outras drogas.
hemólise (destruição de glóbulos vermelhos) – a hemoglobina danifica os túbulos; pode ser causada por várias condições, tais como anemia falciforme e lupus eritematoso.
mieloma múltiplo, quer por hipercalcemia ou por "nefropatia de deposição" (mieloma múltiplo também pode determinar insuficiência renal crônica, por outro mecanismo).
hiperparatireoidismo primário em razão da hipercalcemia.
Pós-renal (causas no trato urinário):
retenção urinária (como um efeito colateral de medicamentos ou devido à hipertrofia prostática benigna, cálculos renais).
Pielonefrite.
obstrução devido a neoplasias abdominais (câncer ovariano, câncer colo-retal).
Há quatro fases clínicas da IRA:
Inicio: começa com a primeira agressão e termina quando a oligúria se desenvolve.
Oligúria: (volume urinário menor que 400ml/24hs) é acompanhado por uma elevação da concentração sérica dos elementos geralmente excretados pelos rins (ureia, creatinina, ácido úrico, ácidos orgânicos e cátions intracelulares – potássio e magnésio). A quantidade mínima de urina necessária para retirar do corpo as escórias do metabolismo normal é 400 ml. Nesta fase que os sintomas de uremia e hipercalemia se desenvolvem.
Período de diurese: o paciente apresenta débito urinário gradualmente crescente, que indica o início da recuperação da filtração glomerular.
Recuperação: indica melhora na função renal e pode levar de três a doze meses. Os valores laboratoriais irão retornar para um nível normal para o paciente. Embora haja uma redução de 1 a 3% da taxa de filtração glomerular, isto não é clinicamente significativo.
Causas
Insuficiência renal aguda pode ocorrer quando há:
Condição que diminui o fluxo sanguíneo para os rins;
Dano direto aos rins;
Uso de alguns medicamentos;
Bloqueio nos tubos de drenagem de urina dos rins (ureteres), fazendo com que os resíduos não consigam deixar o corpo através da urina.
Fluxo sanguíneo insuficiente para os rins
Doenças e condições que podem retardar o fluxo de sangue para os rins e levar à insuficiência renal incluem:
Perda grave de sangue ou fluidos corporais;
Desidratação grave;
Medicamentos para pressão arterial;
Infarto;
Doenças cardiovasculares;
Infecções e sepse;
Insuficiência hepática;
Reações alérgicas graves (anafilaxia);
Queimaduras graves.
Danos para os rins
Estas doenças, condições e agentes podem danificar os rins e levar à insuficiência renal aguda:
Coágulos de sangue nas veias e artérias em torno dos rins;
Depósitos de colesterol que obstruem o fluxo sanguíneo para os rins;
Glomerulonefrite, inflamação dos minúsculos renais;
Síndrome hemolítica- urémico;;
Infecção renal;
Lúpus que levou à glomerulonefrite;
Mieloma múltiplo;
Esclerodermia;
Púrpura trombocitopênica trombótica;
Toxinas, como álcool, metais pesados e cocaína;
Vasculite, uma inflamação dos vasos sanguíneos.
Bloqueio dos ureteres
Doenças e condições que bloqueiam a passagem da urina para fora do corpo (obstruções urinárias) e pode levar à insuficiência renal aguda incluem:
Câncer de bexiga;
Coágulos de sangue no trato urinário;
Câncer do colo do útero;
Câncer de cólon;
Próstata aumentada;
Cálculo renal;
Câncer de próstata.
Medicamentos
A maioria das pessoas não tem problemas nos rins por tomar medicamentos. Mas pessoas que têm problemas sérios e crônicos de saúde são mais propensas que outras a ter um problema renal consequente do uso de medicamentos em longo prazo. Exemplos de medicamentos que podem prejudicar os rins:
Antibióticos, tais como gentamicina e estreptomicina;
Medicamentos para a dor, como naproxeno e ibuprofeno;
Alguns medicamentos anti-hipertensivos, tais como os inibidores da ECA;
Os corantes utilizados em alguns testes de raios-X.
Fatores de risco
As chances de adquirir uma insuficiência renal aguda são maiores na terceira idadeou se a pessoa tiver os seguintes problemas de saúde:
Doença renal;
Doença hepática;
Diabetes;
Pressão alta ou hipertensão;
Insuficiência cardíaca;
Obesidade.
Se o paciente estiver doente sendo tratado em uma unidade de terapia intensiva (UTI), há um risco extremamente elevado para insuficiência renal aguda. Caso a pessoa esteja passando por uma cirurgia cardíaca, cirurgia abdominal ou um transplante de medula óssea, o risco também é aumentado.
Sintomas de Insuficiência renal aguda
Diminuição da produção de urina, embora, ocasionalmente, a urina permaneça normal;
Retenção de líquidos, causando inchaço nas pernas, tornozelos ou pés;
Sonolência;
Falta de fome;
Falta de ar;
Fadiga;
Confusão;
Náuseas e vômitos;
Convulsões ou coma, em casos graves;
Dor ou pressão no peito.
O paciente apresenta-se criticamente doente e letárgico, com náuseas persistentes, vômito e diarreia. A pele e as membranas mucosas apresentam-se secas, por desidratação, e a respiração pode ter o mesmo odor da urina. As manifestações do sistema nervoso central incluem sonolência, cefaleia, tremores musculares e convulsões. Ocorrem também alterações no débito urinário, elevação dos níveis NUS e da creatinina, hipercalemia, acidose metabólica e anemia.
Às vezes, insuficiência renal aguda não causa sinais ou sintomas e é detectada através de testes de laboratório realizados por outra razão.
Diagnóstico de Insuficiência renal aguda
Insuficiência renal aguda é mais frequentemente diagnosticada durante uma internação hospitalar para outra causa. Se você já está no hospital, exames realizados por outros problemas podem encontrar a doença renal.
Se você não está no hospital, mas têm sintomas de lesão renal, o médico irá perguntar sobre seus sintomas, quais medicamentos você toma, e quais exames você fez. Seus sintomas podem ajudar a apontar a causa do seu problema renal.
Entre os exames que fazem o diagnóstico de insuficiência renal aguda estão:
Medições da produção de urina;
Exames de urina;
Exames de sangue;
Exames de imagem, como ultrassom e tomografia computadorizada;
Remoção de uma amostra de tecido de rim para o teste (biópsia).
Tratamento de Insuficiência renal aguda
O tratamento provavelmente será focado naquilo que está causando a insuficiência renal, e por isso poderá variar. Por exemplo, o paciente pode precisar restaurar o fluxo de sangue para os rins, parar todos os medicamentos que estão causando o problema ou remover uma obstrução no trato urinário.
No entanto, existem algumas recomendações que são gerais para o tratamento da insuficiência renal aguda. Confira:
Mudanças na dieta
Deverá ser feita uma restrição alimentar e de líquidos. O objetivo é reduzir a acumulação de toxinas que são normalmente eliminados pelos rins. Uma dieta rica em carboidratos e pobre em proteínas, sal e potássio é geralmente recomendada.
Medicamentos
Antibióticos podem ser prescritos para tratar ou prevenir todas as infecções que podem estar causando ou agravando a insuficiência renal. Diuréticos podem ser usados para ajudar os rins a eliminar líquidos. Cálcio e insulina podem ser receitados para ajudar a evitar uma acumulação perigosa de potássio no sangue.
Diálise
Esse procedimento envolve o desvio de sangue para fora do seu corpo em uma máquina que filtra os resíduos. O sangue limpo é então devolvido ao seu corpo. Se os níveis de potássio são perigosamente altos, a diálise pode salvar vidas. A diálise pode ser necessária, mas não é sempre necessária. É usada se houver mudanças em seu estado mental ou se você parar de urinar. A diálise também pode ser necessária em casos de pericardite, uma inflamação do coração. A diálise também pode ajudar a eliminar resíduos de produtos de nitrogênio do corpo.
Possíveis complicações 
Insuficiência renal aguda pode ser uma doença com risco de vida. O tratamento intensivo pode ser necessário. No entanto, se o paciente tem boas condições da saúde, as chances de recuperação são altas.
Se a insuficiência renal é causada por infecção grave, trauma ou cirurgia, as chances de complicações são maiores. Doença pulmonar, AVC recente, idade avançada, perda de sangue e insuficiência renal progressiva também aumentar o risco.
Algumas das complicações da insuficiência renal aguda podem ser:
Insuficiência renal crônica;
Danos ao coração;
Danos ao sistema nervoso;
Insuficiência renal terminal;
Pressão sanguínea elevada;
Em alguns casos, pode levar à morte.
Geralmente é possível tratar as causas de insuficiência renal e estabilizar o paciente. O tratamento dura alguns dias ou semanas. Os rins dessas pessoas irão funcionar bem o suficiente para que possam ter vidas normais.
Mas outras pessoas podem sofrer danos graves nos rins, causando até mesmo a insuficiência renal crônica. Algumas dessas pessoas podem precisar de diálise regular ou um transplante de rim. Pessoas idosas e aquelas que estão com outros problemas de saúde podem não melhorar.
Prevenção
A insuficiência renal aguda é muitas vezes difícil de prever ou evitar. Mas você pode reduzir o risco se cuidar de seus rins:
Tome seus medicamentos conforme as instruções médicas, sem mudar as doses ou quantidades ingeridas;
Mantenha o tratamento para qualquer condição que aumenta o risco de insuficiência renal aguda, tais como diabetes ou hipertensão. Siga as recomendações médicas para gerir a sua condição;
Mantenham um estilo de vida saudável. Seja ativo, tenha uma dieta equilibrada, beba com moderação, não fume.
Cuidados de enfermagem
Monitorar a pele quanto à hidratação para evitar prurido;
Monitorar os níveis hidroeletrolíticos séricos do paciente;
Realizar o balanço hídrico;
Monitorar os sinais vitais;
Avaliar níveis de Hct e Hb;
Manter o estado nutricional, fornecer dieta hipercalórica, hipossódica e hipocalêmica com suplementos vitamínicos de acordo com o prescrito;
Orientar quanto à importância de restrições hídricas;
Medir e anotar ingestão e eliminações, incluindo líquidos corporais;
Pesar o paciente diariamente;
Avaliar tumor cutâneo e presença de edema;
Avaliar PA com frequência de pulso e ritmo;
Avaliar frequência e esforço respiratórios;
Monitorar sangramento digestório pesquisando sangue oculto nas fezes;
Orientar para realização de boa higiene oral;
Oferecer pequenas refeições saborosas;
Pesquisar hipercalemia.
Insuficiência renal aguda pode ser fatal e requer tratamento intensivo. No entanto, pode ser reversível. Tudo depende do estado de saúde do paciente.
INSUFICIÊNCIA RENAL CRôNICA (IRC)
É uma deterioração progressiva, irreversível da função renal, na qual a capacidade do organismo de manter o equilíbrio metabólico e hidroeletrolítico falha, resultando em uremia. Pode ser causada por doenças sistêmicas como diabetes mellitus, glomerulonefrite crônica, pielonefrite e hipertensão não controlada. Eventualmente, torna-se necessária diálise ou transplante renal para sobrevivência do paciente. A doença renal crónica é uma patologia progressiva, com elevada taxa de mortalidade, que ameaça tornar-se um grave problema de saúde pública com implicações sérias no Serviço Nacional de Saúde.
ESTÁGIOS DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
Os dois rins filtram em média 180 litros de sangue por dia, mais ou menos 90 a 125 ml por minuto. Esta é a chamada taxa de filtração glomerular ou clearance de creatinina.
Os estágios da insuficiência renal crônica são divididos de acordo com a taxa de filtração glomerular, que pode ser estimada através dos valores da creatinina sanguínea. Existem diversas fórmulas matemáticas para se estimar o grau de funcionamento dos rins a partir dos valores da creatinina. Hoje em dia, a maioria dos laboratórios fazem esse cálculo automaticamente quando se solicita a dosagem da creatinina.
A insuficiência renal é muitas vezes uma doença progressiva, com piora da função ao longo dos anos. Alguns fatores como diabetes e hipertensão mal controlados aumentam o risco de rápida perda de função dos rins.
Dividimos os estágios da IRC da seguinte forma:
IRC estágio I – Pacientescom clearance de creatinina maiores que 90 ml/min, porém com alguma das doenças descritas acima (diabetes, hipertensão, rins policísticos, etc.)
Os pacientes que possuem uma ou mais dessas doenças têm sempre algum grau de lesão renal, que, no entanto, podem ainda não se refletir na capacidade de filtração do sangue. São pacientes com função renal normal, sem nenhum tipo de sintoma, mas sob alto risco de deterioração da função renal em longo prazo.
Pacientes com creatinina normal, mas com alterações no exame de urina, com sinais de sangramento ou perda de proteínas na urina, também entram neste estágio.
IRC estágio II – Pacientes com clearance de creatinina entre 60 e 89 ml/min.
Está pode ser chamada a fase de pré- insuficiência renal. São pessoas com pequenas perdas da função dos rins, sendo o estágio mais precoce de insuficiência renal.
Como os rins vão perdendo a função naturalmente com a idade, muitos idosos podem ter função renal um pouco reduzida. Esta queda de função é simplesmente um sinal de envelhecimento dos rins. Portanto, encontrar idosos com critérios para IRC estágio II é extremamente comum. Se o paciente não tiver nenhuma doença que ataque os rins, como diabetes ou hipertensão, essa ligeira perda de função renal não acarreta em maiores problemas a médio/longo prazo.
No estágio II, o rim ainda consegue manter suas funções básicas, e a creatinina sanguínea ainda encontra-se muito próxima da faixa de normalidade. Porém, é importante ressaltar que esses pacientes correm maior risco de agravamento da função renal se expostos, por exemplo, a drogas tóxicas aos rins, como anti-inflamatórios ou contrastes para exames radiológicos.
IRC estágio III – Pacientes com clearance de creatinina entre 30 e 59 ml/min.
Esta é a fase de insuficiência renal crônica declarada. A creatinina já se encontra acima dos valores de referência, e as primeiras complicações da doença começam a se desenvolver. O rim já tem reduzido a sua capacidade de produzir a eritropoietina, hormônio que controla a produção de hemácias (glóbulos vermelhos) pela medula óssea, levando o paciente a apresentar anemia progressiva.
Outro problema que começa a surgir é a lesão óssea. Os pacientes insuficientes renais apresentam uma doença chamada osteodistrofia renal, que ocorre pela elevação do PTH e pela queda na produção de vitamina D, hormônios que controlam a quantidade de cálcio nos ossos e no sangue. O resultado final é uma desmineralização dos ossos, que começam a ficar fracos e doentes.
O estágio III é a fase na qual os pacientes devem iniciar tratamento e ser acompanhados por um nefrologista, pois, a partir deste ponto, costuma haver progressão relativamente rápida da insuficiência renal se não houver tratamento adequado.
IRC estágio IV – Pacientes com clearance de creatinina entre 15 e 29 ml/min.
Está é a fase pré-diálise. Este é o momento onde os primeiros sintomas começam a aparecer e as análises laboratoriais evidenciam várias alterações.
O paciente apresenta níveis elevados de fósforo e PTH, anemia estabelecida, pH sanguíneo baixo (aumento da acidez no sangue), elevação do potássio, emagrecimento e sinais de desnutrição, piora da hipertensão, enfraquecimento ósseo, aumento do risco de doenças cardíacas, diminuição da libido, diminuição do apetite, cansaço, etc.
Devido à retenção de líquidos, o paciente pode não notar o emagrecimento, já que o peso pode se manter igual ou até mesmo aumentar. O paciente perde massa muscular e gordura, mas retêm líquidos, podendo desenvolver pequenos edemas nas pernas.
Nesta fase o paciente já deve começar a ser preparado para entrar em hemodiálise, sendo indicada a construção da fístula artério-venosa.
IRC estágio V – Pacientes com clearance de creatinina menor que 15 ml/min.
Está é a chamada fase de insuficiência renal terminal. Abaixo dos 15-10 ml/min o rim já não desempenha funções básicas e o início da diálise está indicado. Neste momento é que os pacientes começam a sentir os sintomas da insuficiência renal, chamados sintomas de uremia.
Apesar de ainda conseguirem urinar, o volume já não é tão grande e o paciente começa a desenvolver grandes edemas. A pressão arterial fica descontrolada e os níveis de potássio no sangue ficam elevados, a ponto de poderem causar arritmias cardíacas e morte. O paciente já emagreceu bastante e não consegue comer bem. Sente náuseas e vômitos, principalmente na parte da manhã. Cansa-se com facilidade e a anemia, se já não estiver sendo tratada, costuma estar em níveis perigosos.
Se a diálise não for iniciada o quadro progride, e aqueles que não vão ao óbito por arritmias cardíacas podem evoluir com edema pulmonar ou alterações mentais, como desorientação, crise convulsiva e até coma.
Quando realizado ultrassom dos rins, estes normalmente já se apresentam atrofiados, com tamanhos reduzidos.
Alguns pacientes conseguem chegar até o estágio V com poucos sinais e sintomas. Apesar da pouca sintomatologia, estes apresentam inúmeras alterações laboratoriais, e quanto mais tempo se atrasa o início da diálise, piores serão as lesões ósseas, cardíacas, a desnutrição e o risco de arritmias malignas. Muitas vezes, o primeiro e único sintoma da insuficiência renal terminal é a morte súbita.
Causas
A insuficiência renal crônica ocorre quando uma doença ou outra condição de saúde prejudica a função renal, causando danos aos rins – que tendem a agravar-se ao longo de vários meses e até mesmo anos.
Doenças e condições que geralmente causam a doença renal crônica incluem:
Diabetes dos tipos 1 e 2;
Hipertensão;
Glomerulonefrite, que é a inflamação dos glomérulos, unidades funcionais dos rins, onde ocorre a filtragem do sangue;
Nefrite intersticial;
Doença do rim policístico e outras doenças congênitas que afetam os rins;
Obstrução prolongada do trato urinário, que acontece graças a condições específicas, como a hiperplasia prostática, pedras nos rins e alguns tipos de câncer;
Refluxo vesicoureteral;
Infecção renal recorrente, também chamada de pielonefrite;
Doenças autoimunes;
Lesão ou trauma aos rins;
Uso excessivo de analgésicos e outros medicamentos;
Uso de algumas substâncias químicas tóxicas;
Problemas nas artérias dos rins;
Nefropatia de refluxo.
A insuficiência renal crônica leva a um acúmulo de líquidos e resíduos no organismo. Essa doença afeta a maioria dos sistemas e funções do corpo, inclusive a produção de glóbulos vermelhos, o controle da pressão arterial, a quantidade de vitamina D e a saúde dos ossos.
Fatores de risco
Várias doenças podem concorrer para a anulação funcional permanente dos rins. Atualmente, as mais frequentes são: 
Nefropatia diabética; 
A hipertensão arterial;
Nefropatia isquêmica; 
Pielonefrite aguda;
Glomerulonefrites; 
Doença renal policística autossômica dominante; 
Doenças cardíacas;
Fumo;
Obesidade;
Colesterol alto;
Ser afro-americano, nativo-americano ou asiático-americano;
Ter histórico familiar de doença renal;
Ter 65 anos de idade ou mais.
Sintomas da doença renal
A doença renal crônica piora lentamente com o tempo. Nos primeiros estágios, pode ser assintomática. A perda de função, geralmente, demora meses para ocorrer. Ela pode ser tão lenta que os sintomas não aparecem até que o funcionamento dos rins seja menor que um décimo do normal. Ou seja, quando a pessoa perceber, ela já costuma estar com o funcionamento dos rins completamente comprometido.
Os primeiros sintomas da insuficiência renal crônica, em geral, também ocorrem com frequência em outras doenças e podem ser os únicos sinais da insuficiência renal até que ela esteja em estágio avançado.
Os sintomas podem incluir:
Menor produção de urina; necessidade frequente de urinar, mesmo de noite;
Hipertensão;
Mal estar geral e fadiga;
Coceira generalizada (prurido) e pele seca;
Dores de cabeça;
Perda de peso não intencional;
Perda de apetite;
Náuseas;
Pele anormalmente clara ou escura;
Dor nos ossos;
Sonolência e confusão;
Dificuldade de concentração e raciocínio;
Dormência nas mãos, pés e outras áreas do corpo;Espasmos musculares ou cãibras;
Mau hálito;
Fácil aparição de hematomas, hemorragia ou sangue nas fezes;
Sede excessiva;
Soluços frequentes;
Baixo nível de interesse sexual e impotência;
Interrupção do período menstrual (amenorreia);
Distúrbios do sono, como insônia, síndrome das pernas irrequietas e apneia noturna;
Inchaço de mãos e pernas (edema);
Vômitos, normalmente pela manhã.
Entre as doenças que afetam os rins, a diabetes e a hipertensão são as mais frequentes. Seguem-se depois a glomerulonefrite (inflamação nas unidades funcionais dos rins, os néfrons, onde ocorrem os processos de absorção, reabsorção e excreção de solutos, durante a produção da urina), as doenças renais intersticiais, as hereditárias e as de causas desconhecidas, que representam 20% dos casos.
Diagnóstico de insuficiência renal crónica
A hipertensão está quase sempre presente durante todos os estágios da doença renal. Um exame neurológico pode mostrar sinais de dano nervoso. O médico pode escutar, com a ajuda de um estetoscópio, ruídos anormais no coração ou nos pulmões.
O exame de urina pode, ainda, mostrar proteínas ou outras alterações. Essas alterações podem aparecer de seis meses a dez anos ou mais, antes do aparecimento dos sintomas.
Os exames que verificam o funcionamento dos rins abrangem:
Níveis de creatinina;
BUN (nitrogênio ureico no sangue);
Depuração de creatinina.
A insuficiência renal crônica altera os resultados de vários exames. Cada paciente necessita verificar os níveis de alguns sais e minerais presentes no sangue regularmente, com a frequência de dois a três meses aproximadamente, com a realização de um hemograma completo e de um exame para checagem de colesterol. Veja as substâncias cujos níveis essa doença costuma prejudicar:
Potássio;
Sódio;
Albumina;
Fósforo;
Cálcio;
Magnésio;
Eletrólitos.
As possíveis causas da insuficiência renal crônica podem ser identificadas em:
Tomografia computadorizada abdominal;
Ressonância magnética abdominal;
Ultrassom abdominal;		
Ultrassom renal.
O médico pode, ainda, retirar uma pequena amostra do tecido que reveste os rins para análise laboratorial. Esse teste pode ajudar, também, a identificar as possíveis causas da insuficiência renal crônica.
O tratamento da IRC consiste em 4 etapas:
A seguir ao diagnóstico, cumpre iniciar medidas protetoras renais, com o objetivo de prevenir a evolução da deterioração da sua função. Tem aqui particular importância o controle da doença causadora da IRC (por exemplo, está demonstrado que o controle estrito da diabetes ajuda a prevenir a evolução da IRC), as medidas gerais de proteção cardiovascular (sendo proeminentes o controlo da HTA, a restrição de sal, o tratamento da dislipidemia, a suspensão do tabagismo). Para o controlo da HTA estão geralmente indicados, desde que não provoquem hipotensão, os fármacos do sistema renina-angiotensina, dado que, ao provocarem dilatação da arteríola eferente, reduzem a pressão intraglomerular.  
Durante a evolução da IRC, particularmente a partir do estágio 3 (função renal em cerca de 30ml/min), vão surgir complicações que carecem de tratamento: a anemia é tratada com eritropoietina e ferro, a doença óssea com quelantes do fósforo, cálcio, vitamina D ou cinacalcet, a acidose metabólica com bicarbonato de sódio oral. A hipertensão pode requerer a associação de fármacos. A diminuição da capacidade de excreção de água pode ser mascarada com diuréticos da ansa, os quais ajudam também a baixar a HTA dependente de volume e contrariam a tendência para a hipercaliemia.  
Quando se torna evidente de que brevemente será necessário substituir a função renal, devem ser apresentadas aos doentes as alternativas: hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal. Nem todos os doentes são elegíveis para todas as alternativas, mas, caso não haja nenhuma contraindicação para nenhuma delas, deve ser dado o direito de opção. Em função da escolha, ou na sua ausência da mais adequada, deve o doente ser preparado para a técnica, através da construção do acesso vascular (as fístulas de Brescia-Cimino apresentam maior sobrevida e são as que dão menos complicações), ou colocação do cateter intraperitoneal (cateter de Tenckhoff). Se possível, o doente deve ser referenciado para um centro de transplante renal, especialmente se existe possibilidade de doador vivo.  
O início de diálise é pertinente quando se entende que os benefícios superam o incómodo. Em situações de evolução indolente da doença, às vezes não é fácil traçar este limite: os sintomas instalam-se lentamente e o doente adapta-se às suas incapacidades. Há 4 situações que requerem diálise urgente: hipercaliemia, pericardite urémica, acidose metabólica não compensável medicamente e edema agudo do pulmão, por perda da capacidade de excreção de água. Em relação a todos os outros sinais e sintomas descritos, a decisão de iniciar a substituição da função renal decorre da percepção de que já não é mais possível tratá-las medicamente, pois, apesar de crescentes doses dos fármacos, os sintomas não passam, o doente está cada vez mais fraco e a sua capacidade física deteriora-se progressivamente. 
Complicações possíveis
Insuficiência renal crônica pode levar a complicações de saúde graves, como:
Anemia;
Hemorragia gástrica ou intestinal;
Dor nos ossos, nas articulações e nos músculos;
Alterações da glicemia;
Danos aos nervos de pernas e braços (neuropatia periférica);
Demência;
Acúmulo de líquido ao redor dos pulmões (derrames pleurais);
Insuficiência cardíaca congestiva;
Doença arterial coronariana;
Hipertensão;
Pericardite;
Derrame;
Níveis altos de fósforo;
Níveis altos de potássio;
Hipertireoidismo;
Maior risco de infecções;
Lesões ou insuficiência hepática;
Desnutrição;
Abortos espontâneos e infertilidade;
Convulsões;
Debilidade dos ossos e maior risco de fraturas.
Muitas pessoas somente são diagnosticadas com insuficiência renal crônica quando já perderam grande parte da função dos rins.
Não há cura para a doença renal crônica. Quando não tratada, ela normalmente evolui para falência renal terminal, que pode levar à morte. O tratamento durante toda a vida pode ajudar controlar os sintomas da doença renal crônica.
Prevenção
Para reduzir o risco de insuficiência renal crônica, siga algumas medidas, como essas:
Beba álcool com moderação;
Faça uso moderado de medicamentos vendidos sem necessidade de prescrição médica em farmácias. O ideal é sempre consultar um médico antes de tomar qualquer tipo de medicação;
Mantenha um peso saudável e pratique exercícios físicos regularmente;
Não fume;
Gerencie suas condições médicas com a ajuda do médico. Se você tem doenças ou condições que aumentam o risco de doença renal, converse com um especialista sobre a melhor forma de controlá-los.
Cuidados de enfermagem
Medir e anotar ingestão e eliminações, incluindo líquidos corporais;
Pesar o paciente diariamente;
Avaliar tumor cutâneo e presença de edema;
Avaliar PA com frequência de pulso e ritmo;
Avaliar frequência e esforço respiratórios;
Limitar a ingestão hídrica ao volume prescrito;
Manter equilíbrio eletrolítico adequado;
Monitorar sangramento digestório pesquisando sangue oculto nas fezes;
Cuidados com a pele para evitar prurido;
Orientar para realização de boa higiene oral;
Oferecer pequenas refeições saborosas;
Pesquisar hipercalemia;
Pesquisar complicações ósseas e articulares;
Estimular respiração profunda e tosse para prevenir congestão pulmonar;
Mudar frequentemente a posição do paciente e banha-lo com água fria, para
evitar ruptura da pele;
Usar técnica estéril rigorosa;
Avaliar estado neurológico periodicamente;
Observar sinais de sangramento;
Relatar sinais de pericardite, atrito pericárdico e dor torácica;
Programar a medicação com cuidado;
Promover a independência nas ações de auto cuidado conforme tolerado;
Encorajar a atividade alternada com o repouso;
Avaliar as respostas e reações da família à doença e tratamento;
Cuidados de Enfermagem para pacientes com acessovascular para diálise:
Cateter venoso de luz dupla:
Verificar radiograficamente a posição do cateter de linha central antes do uso;
Não injetar líquidos ou medicamentos intra-venosos dentro do cateter, ambas as luzes do cateter são preenchidas com heparina concentrada;
Não retirar o clampe do cateter a menos que esteja preparado para a terapia de diálise. Porque pode fazer com que o sangue encha a luz do cateter e coagule;
Manter a técnica estéril no manuseio do acesso vascular;
Observar o sítio da saída do cateter quanto a sinais de inflamação ou dobra do cateter.
Cuidados de Enfermagem para pacientes com acesso vascular para diálise:
Enxerto ou fístula arteriovenosa:
Não verificar a pressão arterial ou coletar sangue no membro com o acesso;
Auscultar sopro e palpar se há frémito a cada 8 horas;
Certificar-se de que não existe roupa apertada ou contenções no membro com acesso;
Verificar a permeabilidade com maior frequência quando os pacientes estão hipotensos. Porque a hipotensão pode predispor a coagulação;
No caso de sangramento pós-diálise a partir do sítio da agulha, aplique apenas a pressão suficiente para estancar o fluxo de sangue e mantenha até que o sangramento cesse. Não oclua o vaso;
Verificar se há rubor, sensação de calor excessivo ou início da formação de uma pápula em qualquer área do acesso.

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