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072 CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DE UM GALPÃO DE AVES CAIPIRAS

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Anais do 9º Seminário Anual de Iniciação Científica, 19 a 21 de outubro de 2011 
CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DE UM GALPÃO DE AVES CAIPIRAS 
 
Wildiney Freire de OLIVEIRA1; Maria do Socorro Vieira dos SANTOS2; Silvia Silva VIEIRA3 ; Fernando Barbosa 
TAVARES4; Heiciane Soares da COSTA1 
Resumo 
 
Objetivou-se com este trabalho avaliar a situação térmica através da construção dos índices bioclimáticos de 
uma instalação para frangos caipiras. Foram utilizados termo-higrômetros, termômetros de globo negro e 
anemômetro, instalados no galpão experimental e no abrigo meteorológico para realização das coletas de 
temperatura de bulbo seco, umidade relativa, temperatura de globo negro e velocidade do vento. Verificou-se 
que a temperatura de bulbo seco, temperatura de globo negro, umidade, ITGU, entalpia e a velocidade do 
vento estavam fora da faixa de conforto térmico indicada para frangos de corte. 
 
Palavras-chave: conforto térmico, entalpia, índices bioclimáticos. 
 
 
 
1
Acadêmico do Curso de Zootecnia da Universidade Federal Rural da Amazônia ; Bolsista PIBIC/UFRA; E-mail: 
wildineyzootecni@gmail.com 
2
Professora do Curso de Graduação em Zootecnia - UFRA, Campus de Parauapebas - Pará; 
3
Zootecnista/Apoio técnico do projeto AVICAM; 
4
Zootecnista da Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus de Parauapebas – Pará. 
 
Introdução 
As condições ambientais em regiões 
tropicais e subtropicais, como o Brasil, podem 
causar problemas à produção animal, devido, por 
exemplo, à intensidade de extremos climáticos, 
como ondas de calor ou frio, que tendem a se 
agravar com o aquecimento global. 
Em algumas regiões do Brasil, como é o 
caso da região Norte, muitas vezes ás instalações 
estão situadas em locais que podem registrar altas 
temperaturas ambientais, principalmente durante 
os meses de verão. Assim, deve-se dar atenção 
especial à tipologia das instalações e ao 
acondicionamento térmico do ambiente (BUENO 
e ROSSI, 2006). 
Os elementos climáticos no interior das 
instalações, como no galpão de frangos de corte, 
afetam, direta e indiretamente na produção, 
sobrevivência e no bem-estar das aves e, dentre os 
fatores ambientais, os fatores térmicos são aqueles 
que os afetam mais diretamente (TINÔCO, 2001). 
De acordo com FERREIRA (2005), a temperatura 
ambiente indicada para frango de corte varia entre 
15 a 25ºC, dependendo da umidade relativa do ar 
(40 a 80%), considerando que a temperatura 
interna das aves oscila entre 40-41°C. 
A maior parte das linhagens modernas 
de frangos, tanto industriais como caipiras, foi 
geneticamente melhorada, devendo-se reavaliar a 
capacidade de desempenharem sua máxima 
eficiência produtiva em climas tropicais. 
Neste contexto, realizou-se este estudo 
com o objetivo de avaliar a situação térmica 
através da construção dos índices bioclimáticos de 
uma instalação para frangos caipiras. 
 
Material e Métodos 
A pesquisa foi desenvolvida no período 
de fevereiro a maio de 2011, durante 84 dias, no 
galpão experimental do Centro Tecnológico da 
Agricultura Familiar – CETAF, situado na cidade 
de Parauapebas – PA. 
Foram alojados 312 pintos de corte, tipo 
caipira, em 24 boxes com a densidade de 6,5 
aves/m
2
, criados em um sistema semi-intensivo. 
Cada box continha 13 aves e 1 piquete. O galpão, 
construído no sentido leste-oeste, apresentava 
20m de comprimento e 13 m de largura, piso de 
chão batido, cobertura de telha de fibrocimento e 
pé direito de 3,5m com cortinas nas laterais para 
proteção das aves. 
A avaliação térmica ambiental foi 
realizada por meio do registro dos dados 
meteorológicos dentro do galpão e no ambiente 
externo. Com o intuito de caracterizar a eficiência 
térmica no módulo de produção e no ambiente 
externo foram registradas as seguintes variáveis 
meteorológicas: temperatura de bulbo seco (Tbs), 
umidade (U), temperatura de globo negro (Tg) e 
velocidade do vento (Vv). 
A variável temperatura de bulbo seco 
(Tbs) e temperatura de bulbo úmido (Tbu) foram 
registradas por meio de um termo-higrômetro, 
escala entre -10 e 50
o 
C, com limite de erro de ± 1 
o
C. A temperatura de globo negro foi registrada 
com auxílio de um termômetro comum (-10 a 
110
o
C) acoplado a uma esfera oca de polietileno 
pintada de preto fosco. Na área externa às 
instalações, os termômetros foram instalados a 1,5 
m de altura da superfície e 5m de distância do 
Anais do 9º Seminário Anual de Iniciação Científica, 19 a 21 de outubro de 2011 
galpão, no interior de um abrigo meteorológico, 
representando o microclima do local. 
A coleta dos dados foi realizada por meio 
de um termo-higrômetro e um termômetro de 
globo negro. Os dados de velocidade do vento 
foram coletados pelo uso de um anemômetro com 
escala de 0.4 a 30.0 m/s e precisão: £ 20 m/s: ± 
3% da escala cheia. As medições foram realizadas 
durante todo o período experimental, sendo os 
dados coletados no horário das 9:00 e 15:00 horas 
(Figura 1). 
 
 
 
Figura 1: A – Termômetro de temperatura e umidade 
dentro do galpão. B – Termômetro de globo negro 
dentro do galpão. C – Termômetros de temperatura, 
umidade e globo negro no abrigo. D – Abrigo 
meteorológico. E – Coleta dos dados experimentais no 
galpão, F – Coleta dos dados experimentais no abrigo 
meteorológico. 
 
Para determinação da eficiência térmica 
das instalações, com os dados referentes às 
variáveis meteorológicas registradas nos 
ambientes estudados, determinou-se o índice de 
temperatura de globo e umidade (ITGU) 
BUFFINGTON et al. (1981) sendo utilizados na 
quantificação do ambiente térmico conforme a 
equação: 
ITGU = TGN + 0,36 (TPO) + 45,5 
 
TGN = temperatura de globo negro 
TPO = temperatura ponto de orvalho 
 
Resultados e Discussão 
Foram registradas as temperaturas 
médias durante o período experimental. 
Os valores de temperatura de bulbo seco 
foram maiores, no ambiente externo (abrigo 
meteorológico), quando comparado ao interior do 
galpão. O maior valor de temperatura encontrado 
no galpão foi 31,2ºC na 12º semana de 
experimento, enquanto que no ambiente externo 
foi registrada temperatura de 33,5ºC na 11º 
semana de experimento (Figura 1). 
 
 
Figura 2. Temperatura de bulbo seco (ºC) no abrigo 
meteorológico e no galpão experimental de frangos 
caipiras. 
 
Segundo TAVARES (2009), a 
temperatura na região do Pará entre os meses de 
fevereiro e maio encontravam-se entre 25,9 e 
26,6, no período de 1985 a 2008. Para frangos de 
corte de linhagem industrial segundo o manual 
para frangos de corte da Cobb-vantress (2009), a 
temperatura varia de 33ºC na 1º semana à 16ºC na 
9º semana de vida. 
FURTADO et al. (2003) realizando 
pesquisas em galpões para frangos de corte, 
também encontraram valores de temperatura 
ambiente superiores a 28,0 º C e concluíram que 
na microrregião de Campina Grande - PB, as aves 
apresentavam, a partir da terceira semana, 
situação de desconforto térmico, sendo necessário 
necessidade emprego de mecanismos de 
acondicionamento ambiental nos meses mais 
quentes. 
Foram feitos registros da temperatura de 
globo negro durante as 12 semanas do 
experimento. Houve variação da temperatura de 
globo negro (Tg) dentro do galpão experimental 
em relação ao abrigo meteorológico (Figura 2). 
 
A B 
D 
E F 
C 
Anais do 9º Seminário Anual de Iniciação Científica, 19 a 21 de outubro de 2011 
 
Figura 3. Temperatura de Globo Negro (TGN) (ºC) no 
abrigo meteorológico e no galpão experimental de 
frangos caipiras situadosem Parauapebas – PA. 
 
Os valores de globo negro devem ser 
semelhantes à temperatura do ar, acrescida do 
efeito da captação da radiação solar difusa pelo 
globo negro, que caracteriza com maior 
representatividade a sensação térmica das aves. 
No entanto, a exposição indireta à radiação solar 
no interior dos módulos de produção, somada a 
espessura do globo de polietileno utilizado na 
confecção do termômetro interferiu nos resultados 
de globo negro, obtendo-se valores inferiores a 
média da temperatura do ar. 
Neste trabalho foi verificada uma maior 
umidade relativa do ar no ambinte interno (dentro 
do galpão), quando comparado ao abrigo 
meteorológico. A maior umidade relativa 
encontrada no galpão foi de 81,5%, enquanto no 
abrigo meteorológico registrou-se 71,5% (Figura 
3). 
 
 
Figura 4. Umidade Relativa (%) média no abrigo 
meteorológico e no galpão experimental de frangos 
caipiras situados em Parauapebas – PA. 
 
Para frangos de corte de linhagem 
industrial, segundo o manual para frangos de corte 
da linhagem Cobb (2009), a umidade varia de 40 a 
60% . 
Os altos valores de umidade encontrados 
neste experimento podem ter sido decorrentes da 
época do ano, por se tratar de um período 
chuvoso, além da região ser caracterizada como 
quente e úmida. Segundo TAVARES (2009) a 
umidade relativa na região do Pará para os meses 
de fevereiro a maio encontravam-se entre 87,2 a 
90,3% nos anos de 1985 a 2009. 
 Pode-se verificar que a variação 
entálpica no sistema de criação e no ambiente 
externo esteve acima das condições consideradas 
ideais a partir da segunda semana para os valores 
dentro do galpão, e na nona semana para os 
valores no abrigo (Figura 4). 
 
 
Figura 5. Valores de Entalpia no abrigo meteorológico 
e no galpão experimental de frangos caipiras situados 
em Parauapebas – PA. 
 
Os valores médios diários de entalpia 
encontrados dentro do galpão a partir da segunda 
semana (71,06 a 80,03), estão superiores ao 
recomendado para aves (64 – 70 kJ kg-1), de 
acordo com BARBOSA FILHO (2004). 
Observou-se que nas primeiras semanas 
de vida os valores médios de ITGU encontrados 
(78,8) foram inferiores aos sugeridos por CELLA 
et al. (2001), que descrevem como nível de 
conforto térmico 81,6 para pintos de um dia. 
Durante a fase de engorda do período 
experimental verificou-se um aquecimento da 
temperatura ambiente onde o ITGU apresentou 
valor de (77,4), ficando acima do nível 
recomendado (72,9) (Figura 5). 
 
Figura 6. Índice de Temperatura de Globo Negro e 
Umidade (ITGU) no abrigo meteorológico e no galpão 
de frangos caipiras. 
Anais do 9º Seminário Anual de Iniciação Científica, 19 a 21 de outubro de 2011 
TRINDADE (2006) realizando trabalhos 
com aves na região semi-árida nordestina, 
encontraram no ambiente interno, valores de 
ITGU crescentes até as 14 h, decrescendo a partir 
deste horário, sendo que nos horários das 12 e 14 
h, considerados os mais críticos do dia, ocorreu 
situação semelhante à encontrada nesta pesquisa. 
Foram feitos registros da velocidade do 
vento (máxima e mínima) no galpão experimental 
durante as 12 semanas do experimento. A 
velocidade máxima encontrada no galpão 
experimental foi de 0,6 m/s e a mínima de 0,0m/s. 
No abrigo meteorológico a velocidade máxima do 
vento encontrada foi de 1,6 m/s e a mínima de 
0,3m/s (Figura 6). 
 
 
Figura 7. Velocidade do Vento no galpão de frangos 
caipiras e no abrigo meteorológico. 
 
Segundo TAVARES (2009), a 
velocidade do vento na região do Pará nos meses 
de fevereiro a maio encontravam-se entre 1,2 e 
1,4m/s no período de 1985 a 2009. Vários índices 
de velocidade do vento foram reportados na 
literatura, no entanto os índices encontrados no 
experimento estão dentro dos limites citados por 
MEDEIROS (2001), onde as faixas de 0,5 e 1,5 
m/s proporcionaram maior desempenho para os 
frangos. 
 
Conclusões 
Considerando os meses em que a 
pesquisa foi desenvolvida, verificou-se que a 
temperatura de bulbo seco, temperatura de globo 
negro, umidade, ITGU, entalpia e a velocidade do 
vento estavam fora da faixa de conforto térmico 
indicada para frangos de corte. 
 
Referências Bibliográficas 
 
BUENO, L.; ROSSI, L. A. Comparação entre 
tecnologias de climatização para criação de 
frangos quanto a energia, ambiência e 
produtividade. Revista Brasileira de Engenharia 
Agrícola e Ambiental, v.10, n.2, p.497-504, 
2006. 
BARBOSA FILHO, J. A. D. Avaliação do bem-
estar de aves poedeiras em diferentes sistemas 
de produção e condições ambientais, utilizando 
analise de imagens. 2004. Dissertação (Mestrado 
em Física do ambiente agrícola) – Escola Superior 
de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de 
São Paulo, Piracicaba. 
 
CELLA, P. S. et al. Níveis de lisina mantendo a 
relação aminoacídica para frangos de corte no 
período de 1 a 21 dias de idade, em diferentes 
ambientes térmicos. Revista Brasileira de 
Zootecnia, Viçosa, v.30, n.2, p.440- 448, 2001. 
 
FERREIRA, R. A. Maior produção com melhor 
ambiente para aves, suínos e bovinos. Viçosa: 
Aprenda Fácil, 2005. 371p. 
 
FURTADO, D. A.; AZEVEDO, P. V. de; 
TINÔCO, I. de F. F. Análise do conforto térmico 
em galpões avícolas com diferentes sistemas de 
acondicionamento. Revista Brasileira de 
Engenharia Agrícola e Ambiental, v.7, n.3, 
p.559-564, 2003. 
 
TINÔCO, I. F. F. Ambiência e instalações na 
produção de matrizes avícolas. Silva. I. J. O., 
Ambiência na produção de aves em clima 
tropical. Piracicaba: FUNEP, p.17- 27, 2001. 
 
TRINDADE, J. L. Diagnóstico ambiental e 
índices zootécnicos em galpões de poedeiras no 
semi-árido paraibano. Campina Grande, UFCG, 
2006, 68p. Dissertação Mestrado. 
 
TAVARES, F.B.; LIMA K.R.S; MANNO, M.C.; 
et al. Zoneamento bioclimático para criação de 
suínos na mesorregião metropolitana de Belém. 
Anais do 7º Seminário de Iniciação Científica 
da UFRA e 13º Seminário de Iniciação 
Científica da EMBRAPA 01 a 04 de dezembro 
de 2009. 
 
YOUSEF, M. K. Stress Physiology in Livestock. 
Poultry, Boca Raton, v. 3, p. 159, 1985.

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