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1 Dos crimes contra o patrimônio Direito Penal IV – Prof. Rafael Faria 1) Introdução: a) Localização topográfica: Os crimes contra o patrimônio se encontram no Título II da Parte Especial do Código Penal (crimes contra o patrimônio). Dividem-se em oito capítulos, sendo que sete deles se referem a delitos em espécie e o último cuida das disposições gerais, apresentados a seguir: Capítulo I – Do furto – arts. 155 e 156; Capítulo II – Do roubo e da extorsão – arts. 157 a 160; Capítulo III – Da usurpação – arts. 161 e 162; Capítulo IV – Do dano – arts. 163 a 167; Capítulo V – Da apropriação indébita – arts. 168 a 170; Capítulo VI – Do estelionato e outras fraudes – arts. 171 e 179; Capítulo VII – Da receptação – art. 180; Capítulo VIII – Disposições gerais – arts. 181 a 183. b) Fundamento constitucional da proteção ao patrimônio O fundamento constitucional da proteção ao patrimônio, que autoriza o legislador a protegê-lo do ponto de vista penal, se encontra no art. 5º, caput, da CF, o qual estabelece ser o direito à propriedade inviolável: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 2 estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes (...)” Superada esta breve introdução, passamos a analisar os crimes contra o patrimônio propriamente ditos. 2) Furto a) Previsão legal: “TÍTULO II DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO CAPÍTULO I DO FURTO Furto Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 3 § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) b) Análise do dispositivo: O art. 155 do CP, ao prever o crime de furto, cuida da subtração patrimonial não violenta. Analisando os elementos do tipo, temos, inicialmente, que o verbo “subtrair” tem o significado de retirar, tomar, sacar do poder de alguém coisa alheia móvel. Tem-se no elemento “para si ou para outrem” o especial fim de agir, denominado, no caso do furto, de animus furandi. Não basta a subtração temporária, com o objetivo de devolver a coisa logo em seguida, fazendo-se necessário, portanto, que o arrebatamento se dê com a finalidade de ter o agente a res furtiva para si ou para outrem. Deste modo, o denominado “furto de uso” torna-se um indiferente penal, como analisaremos a frente. “Coisa móvel” para o Direito Penal não possui o mesmo conceito do Direito Civil. Criminalmente, portanto, “coisa móvel” seria tudo aquilo passível de remoção, ou seja, tudo o que puder ser removido, retirado, mobilizado (exemplos: janela que foi retirada de imóvel para reforma; casa de madeira que pode ser removida; animais; cadáveres utilizados em pesquisas/faculdades – caso seja cadáver sepultado será o crime do art. 211, CP). Ressalte-se que o ser humano vivo jamais pode se amoldar ao conceito de coisa. Além de móvel, a coisa deverá ser “alheia”, ou seja, pertencente a alguém que não aquele que a subtrai. Desse modo, não ficará configurado o crime de furto a subtração de: a) res nullius (coisa de ninguém, que jamais teve dono); b) res derelicta (coisa abandonada); c) res commune omnium (coisa de uso de todos – exemplo: ar, luz, calor, água dos rios). Em relação à última hipótese, ressalve-se a possibilidade de que eventuais partes especializadas dessas coisas poderão ser objeto do crime de furto (exemplo: ar liquefeito, calor como força motriz, água de cisterna, etc). 4 Em relação à res desperdicta, ou seja, a coisa perdida, o agente não responderá pelo furto, mas sim pelo crime previsto no art. 169, II, CP (apropriação de coisa achada), in verbis: Apropriação de coisa achada II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias. Também não é possível, conforme Greco e Bittencourt, o proprietário cometer crime de furto em relação à coisa que esteja sob a posse de terceiro – isso porque a coisa não se revela alheia. Greco entende que, nesta hipótese, seria aplicável o art. 346, CP (Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção - Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.). Há entendimentos doutrinários em sentido contrário. c) Classificação: Trata-se de crime comum quanto ao sujeito ativo, bem como quanto ao sujeito passivo; material; de dano; de forma livre; em regra, comissivo; instantâneo, podendo ser permanente na modalidade furto de energia elétrica, por exemplo; monossubjetivo; plurissubsistente; em regra, não transeunte. d) Bem juridicamente protegido ou objeto jurídico: O bem juridicamente protegido de forma precípua e de acordo com a maioria da doutrina é a posse (exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade – exemplo: locatário), além da propriedade (direito complexo de usar, gozar e dispor de seus bens) e também a mera detenção (situação em que alguém conserva a posse em nome de outro e em cumprimento às suas ordens – exemplo: caseiro em relação ao imóvel que cuida) sobre a coisa alheia móvel. Nucci e Greco entendem que a mera detenção não comporta proteção pelo tipo penal. 5 e) Objeto material da conduta: O objeto material da conduta é a coisa alheia móvel contra a qual é dirigida a conduta praticada pelo agente. A coisa alheia móvel deverá ter algum tipo de valor, seja ele valor de troca – economicamente apreciável – ou valor de uso – de natureza sentimental. A distinção do tipo de valor tem reflexos na aplicabilidade do princípio da insignificância, aplicável, em regra, nas hipóteses em que o bem tenha valor de troca, mas não incidente naqueles casos em que a res tenha valor afetivo. f) Sujeito ativo e sujeito passivo: O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa física, desde que não seja o proprietário – como vimos anteriormente - nem o possuidor da coisa – que se não restituir a res ao proprietário, será responsabilizado pelo crime de apropriação indébita (“Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”). Os sujeitos passivos, por sua vez, são o proprietário ou possuidor de coisa alheia móvel (tanto pessoa física quanto jurídica). Para alguns doutrinadores, como vimos, também pode figurar o mero detentor como sujeito passivo. g) Consumação e tentativa:A doutrina se divide em relação ao momento consumativo do crime de furto, nas seguintes posições: a) o furto se consuma no momento em que a res é retirada da esfera de posse e disponibilidade da vítima, ingressando, consequentemente, na do agente, ainda que não tenha ele a posse tranquila sobre a coisa (teoria da inversão da posse ou amotio ou ainda aprehensio) – é a posição que prevalece, inclusive nos tribunais superiores; 6 b) a consumação somente ocorre quando a res é retirada da esfera de posse e disponibilidade da vítima, ingressando, consequentemente, na do agente, que, obrigatoriamente, deverá exercer, mesmo que por curto espaço de tempo a posse tranquila sobre a coisa (teoria da posse pacífica ou ablatio). É a posição de Greco. É possível a tentativa, quando se tratar de modalidade plurissubsistente. É o exemplo daquele surpreendido tentando pular o muro da residência da vítima, antes de conseguir seu intento. h) Elemento subjetivo: O dolo é o elemento subjetivo do crime em tela. Não se admite modalidade culposa, por ausência de previsão legal. Além disso, se faz necessário que o agente haja com especial fim de agir, ou seja, sua conduta deve ser dirigida com a finalidade de ter a coisa alheia móvel para si ou para outrem (animus furandi). Se a sua intenção for devolver posteriormente, estaremos diante do furto de uso, que é fato atípico. i) Modalidades comissiva e omissiva: O crime em análise pode se dá, em regra, de forma comissiva (subtrair), podendo, entretanto, ocorre de forma omissiva imprópria, desde que o agente goze do status de garantidor. j) Causa de aumento de pena relativa ao repouso noturno Estabelece o §1º do dispositivo em análise: “§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.” Tal causa de aumento se justifica em decorrência de que, no período de repouso noturno, fica diminuída a vigilância e possibilidade de defesa, tornando-se mais fácil o cometimento do delito. 7 O conceito de repouso noturno deverá ser aferido conforme os costumes do local dos fatos. Tal conceito tem sido alargado pela jurisprudência, conforme se vê na decisão abaixo: CRIMINAL. HC. FURTO. CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO. REPOUSO NOTURNO. ESTABELECIMENTO COMERCIAL. LOCAL DESABITADO. IRRELEVÂNCIA. ORDEM DENEGADA. Para a incidência da causa especial de aumento prevista no § 1º do art. 155 do Código Penal, é suficiente que a infração ocorra durante o repouso noturno, período de maior vulnerabilidade para as residências, lojas e veículos. É irrelevante o fato de se tratar de estabelecimento comercial ou de residência, habitada ou desabitada, bem como o fato de a vítima estar, ou não, efetivamente repousando. Ordem denegada. (STJ - HC: 29153 MS 2003/0118253-0, Relator: Ministro GILSON DIPP, Data de Julgamento: 02/10/2003, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJ 03.11.2003 p. 335) Apesar de criticável pela doutrina, o Superior Tribunal de Justiça recentemente alterou o entendimento, possibilitando a aplicação da presente causa de aumento também à hipótese de furto qualificado, além do furto simples. k) Primariedade e pequeno valor da coisa furtada: Estabelece o §2º: “ § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.” A primariedade aqui exigida não se confunde com maus antecedentes. A lei exige que o agente seja apenas primário, ou seja, não reincidente, mesmo que portador de maus antecedentes. Por pequeno valor da coisa furtada, convencionou a doutrina e a jurisprudência de que o referido valor gira em torno de um salário-mínimo. 8 Conjugando-se esses dois elementos, o sentenciado passa a ter direito subjetivo à aplicação de algumas das alternativas previstas no dispositivo. É possível a aplicação do referido benefício ao furto qualificado, ocorrendo o que se convencionou denominar furto qualificado-privilegiado. Neste sentido, STJ aprovou recentemente a Súmula nº 511, conforme se vê: “É possível o reconhecimento do privilégio previsto no §2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva”. Não se pode confundir furto de pequeno valor com subtração de valor insignificante. Enquanto no furto de pequeno valor (furto privilegiado), previsto no art. 155, §2º, CP, o agente é condenado, aplicando-se a ele uma das alternativas previstas no referido dispositivo; na subtração de valor insignificante, o agente deverá ser absolvido, por ausência de tipicidade material, inserida no contexto da chamada tipicidade conglobante. l) Furto de energia O §3º do art. 150 estabelece: “ § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.” Qualquer energia que tenha valor econômico (solar, térmica, sonora, mecânica, a genética dos reprodutores, etc) e não só a energia elétrica podem ser objeto material da conduta. Exemplo: gato. Na hipótese de furto de energia, tem-se que o crime é de natureza permanente, uma vez que sua consumação se prolonga no tempo. Importante trazer à tona a discussão acerca da subtração de sinal de TV a cabo. 9 Grande parte da doutrina, aí incluídos Greco e Bittencourt, considera que sinal de TV não pode ser entendido como “energia”, motivo pelo qual a subtração dele não se configuraria crime de furto. O STF tem decisões nesse sentido, como se vê abaixo: HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE RECURSAL DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. INTERCEPTAÇÃO OU RECEPTAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SINAL DE TV A CABO. FURTO DE ENERGIA (ART. 155, § 3 º , DO CÓDIGO PENAL). ADEQUAÇÃO TÍPICA NÃO EVIDENCIADA. CONDUTA TÍPICA PREVISTA NO ART. 35 DA L EI 8.977/95. INEXISTÊNCIA DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. APLICAÇÃO DE ANALOGIA IN MALAM PARTEM PARA COMPLEMENTAR A NORMA. INADMISSIBILIDADE. OBEDIÊNCIA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ESTRITA LEGALIDADE PENAL. PRECEDENTES. O assistente de acusação tem legitimidade para recorrer de decisão absolutória nos casos em que o Ministério Público não interpõe recurso. Decorrência do enunciado da Súmula 210 do Supremo Tribunal Federal. O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do delito previsto no art. 155, § 3º, do Código Penal. Daí a impossibilidade de se equiparar o desvio de sinal de TV a cabo ao delito descrito no referido dispositivo. Ademais, na esfera penal não se admite a aplicação da analogia para suprir lacunas, de modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in malam partem), sob pena de violação ao princípio constitucional da estrita legalidade (STF: HC 97261, Relator(a): Min. Joaquim Barbosa, segunda Turma, julgado em 12/4/2011). Já o STJ tem posição em sentido contrário: PENAL. RECURSO ESPECIAL. FURTO DE SINAL DE TV A CABO. TIPICIDADE DA CONDUTA. FORMA DE ENERGIA ENQUADRÁVEL NO TIPO PENAL. RECURSO PROVIDO. I. O sinal de televisão propaga-se através de ondas, o que na definição técnica se enquadra como energia 10 radiante, que é uma forma de energia associada à radiação eletromagnética. II. Ampliação do rol do item 56 da Exposição de Motivos do Código Penal para abranger formas de energia ali não dispostas, considerando a revolução tecnológica a que o mundo vem sendo submetido nas últimas décadas. III. Tipicidade da conduta do furto de sinal de TV a cabo. IV. Recursoprovido, nos termos do voto do Relator. (STJ: REsp 1123747/RS, Rel. ministro Gilson Dipp, quinta Turma, julgado em 16/12/2010, DJe 1/2/2011). m) Modalidades qualificadas: Os §§4º e 5º do art. 155 estabelecem as modalidades qualificadas do crime de furto, como se vê a seguir: “Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)” Passaremos a analisar cada uma delas: Destruição ou rompimento de obstáculo: Para a doutrina, obstáculo “é tudo aquilo que tenha a finalidade precípua de proteger a coisa e que também não seja a ela inerente”. Tais obstáculos podem ser externos ou internos e, ainda, ativos (fios de uma campainha de alarme, cerca elétrica, etc) ou passivos (muros, paredes, vidraças, portas, grades, etc). 11 O agente pode, mediante violência contra a coisa, destruir o obstáculo, eliminando ou fazendo desaparecer o que o impedia de cometer a subtração (exemplo: com um pé-de-cabra, arrebenta um cadeado). De outro lado, o agente pode apenas romper o obstáculo, ou seja, afastá-la, eliminá-lo, mesmo que o preserve intacto (exemplo: desparafusa os suportes do mesmo cadeado, para depois da subtração, recoloca-lo no lugar original). Greco entende que a qualificadora incide tanto nas hipóteses em que a destruição ou rompimento do obstáculo se dê antes do furto quanto na hipótese em que isto ocorra depois da subtração. Tem-se entendido que os vidros de um automóvel lhe são inerentes, razão pela qual, se forem quebrados para que o próprio veículo seja subtraído, não se poderia aplicar a qualificadora em estudo. Neste sentido, o STJ: “A incidência da qualificadora do art. 155, §4º, inciso I, do Código Penal, pressupõe conduta praticada pelo Réu objetiva à destruição ou ao rompimento do óbice que dificulta a obtenção a coisa. Se o dano é contra o próprio objeto de furto, sendo o obstáculo peculiar à res furtiva, não incide a majorante” (STH, AgRg no AREsp 230.117/DF, Rel. Min. Felix Fischer, 5ª T., DJe 03/03/2015). De outra ponta, em se tratando de destruição do vidro do veículo para que o agente realize a subtração de bens que se encontravam no seu interior, a exemplo do aparelho de som, bolsas etc., deverá ter incidência a qualificadora do rompimento de obstáculo, conforme doutrina e jurisprudência dominantes. Nesse sentido, o STF e o STJ: “Furto qualificado – Rompimento de obstáculo. Configura o furto qualificado a violência contra coisa, considerado veículo, visando adentrar no recinto para retirada de bens que nele se encontravam” (STF:HC 98606/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, 1ª T., julg. 4/5/2010). 12 “A Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do EREsp nº 1079847/RS, firmou orientação de que a subtração de objetos localizados no interior do veículo automotor, mediante o rompimento ou destruição do vidro do automóvel, qualifica o furto” (STJ: HC 182.279/SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, 5ª T., DJe 19/06/2015). Abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza: A relação de confiança pressupõe liberdade, lealdade, credibilidade entre as pessoas. Quando o sujeito tira proveito dessa confiança que nele foi depositada para a prática da subtração, incorre na qualificadora. Destaque-se que, nem sempre, a relação de emprego permitirá a aplicação desta qualificadora. Fraude, por sua vez, é a utilização de meios ardilosos, insidiosos, fazendo com que a vítima incorra ou seja mantida em erro, a fim de que o agente pratique a subtração (exemplo: agentes se disfarçam de agentes de trânsito para furtarem motocicletas como se as estivessem apreendendo). Também pode se dar na hipótese que, por meio de ardil, o agente provoque a ausência momentânea do domínio ou distraindo-lhe a atenção, para mais fácil perpetração do furto (exemplo: agente deseja furtar um objeto que está em cima da mesa de trabalho da vítima e diz, mentirosamente, que a mãe da vítima foi atropelada na porta do prédio, fazendo com que a vítima saia rapidamente e deixe o objeto sobre a mesa, facilitando a subtração dele por parte do agente). A jurisprudência aponta, como exemplo de furto cometido mediante fraude, o saque de valores de conta bancária pertencente à vítima, cujos dados foram obtidos por meio de “chupa-cabra”. Isto porque a fraude foi usada para burlar o sistema de proteção e de vigilância do banco sobre os valores mantidos sob sua guarda, a fim de que o agente os subtraísse. Para que a qualificadora da escalada se faça presente, o agente, para ingressar no local em que deseja praticar a subtração, deverá fazê-lo por via anormal, exigindo-se também que essa entrada demande esforço também anormal (exemplo: saltar um muro de 3 metros; pular de um fosso; entrar por um túnel de esgoto). Também 13 é possível o reconhecimento da infração caso o agente não necessite ingressar por completo no imóvel local do crime. Por último, atua com destreza o agente que possui habilidade especial na prática do furto, fazendo com que a vítima não perceba a subtração. São os chamados “punguistas” (exemplo: batedor de carteira; indivíduo que corta a bolsa da vítima com estilete, subtraindo dali os objetos que deseja, sem que a vítima sequer perceba). O agente, portanto, possui uma agilidade manual incomum. No caso concreto, se a própria vítima impedir a subtração, não há que se falar em destreza, respondendo o agente por furto simples tentado. De outro modo, se o agente é detido por terceiros logo após subtrair os objetos da vítima sem que esta tenha percebido, poderá responder pelo furto qualificado tentado. Esta qualificadora não incidirá nas hipóteses de sono profundo e embriaguez em estágio avançado. Emprego de chave falsa: Chave falsa é qualquer instrumento – tenha ou não aparência/formato de chave – destinado a abrir fechaduras, a exemplo de grampos, gazuas, mixa, cartões magnéticos e até uma cópia da chave verdadeira. Ressalte-se que a utilização da chave verdadeira, obtida ardilosamente pelo agente, qualifica o furto pelo emprega da fraude e não pelo de chave falsa. Mediante o concurso de duas ou mais pessoas: Basta apenas que um dos agentes seja imputável. De igual modo, é necessário, para configuração da qualificadora, que somente um dos agentes tenha sido descoberto. Deve haver liame subjetivo (vínculo psicológico) entre os agentes. Subtração de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior: Esta modalidade qualificada conjuga a subtração de veículo automotor (carro, moto, lancha, caminhão, etc) com a finalidade de que este veículo subtraído seja transportado para outro Estado ou para o exterior. Se o agente for surpreendido antes de ultrapassar os referidos limites, responderá por furto 14 simples ou qualificado nos termos do parágrafo anterior, não sendo possível a punição na modalidade tentada no dispositivo em análise. n) Pena, ação penal e suspensão condicional do processo: A pena cominada ao crime de furto simples é de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Na hipótese qualificada do §4º, aplica-se pena de reclusão de 2 (dois) a 8(oito) anos e multa, enquanto na qualificadora do §5º, a pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, sem cominação de multa. Em regra, a ação penal é pública incondicionada. Entretanto, nos termos do art. 182: “Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.” Todavia, em se tratando de crime cometido contra pessoa de idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, mesmo nas condições acima, a ação será de iniciativa pública incondicionada, nos termos do art. 183, III, CP: “Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)” 15 Admite-se a suspensão condicional do processo no caso de furto simples, desde que não cometido durante o repouso noturno, haja vista que a pena mínima em abstrato não ultrapassa 1 (um) anos, nos termos do art. 89 da Lei 9099/95. o) Erro de tipo quanto à elementar coisa alheia: Imaginemos que um sujeito, ao passar diante de uma residência, visualiza um guarda-chuva sobre a calçada, pensando que o seu dono o abandonara (res derelicta). Entretanto, na verdade, seu dono deixou o guarda-chuva ali momentaneamente para pegá-lo logo em seguida, não se tratando de coisa abandonada. Se o agente toma para si aquele guarda-chuva, imaginando se tratar de coisa abandonada, incorrerá no crime de furto? A resposta é negativa, pois estaremos diante de um erro de tipo em relação à elementar coisa alheia. Mesmo que este fosse inescusável, não seria punível a punição, uma vez que inexiste tipo penal culposo para o crime de furto. “Erro sobre elementos do tipo (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” p) Crime impossível: Estabelece o art. 17 do CP: “Crime impossível (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” Assim, segundo Greco, o “punguista” que enfia a mão no bolso da vítima para subtrair-lhe o dinheiro da carteira, sendo que esta não possui qualquer 16 dinheiro, não poderá ser punido sequer a título de tentativa, por absoluta impropriedade do objeto. Em sentido diverso, Hungria pensa que a inexistência de dinheiro no bolso do transeunte é meramente acidental, resultando de puro caso fortuito o insucesso do propósito do agente, admitindo, nesta hipótese, a tentativa de furto. q) Furto de uso: O denominado furto de uso que, a grosso modo, seria a subtração momentânea de coisa alheia móvel, não encontra previsão em nosso ordenamento jurídico. Isto porque, no furto de uso, inexiste o animus furandi, ou seja, o dolo de ter a coisa para si ou para outrem, a vontade de se assenhorar da coisa subtraída. A doutrina majoritária entende que somente as coisas infungíveis podem ser passíveis de subtração para uso momentâneo do agente. Caso se trate de coisa fungível, como o dinheiro, tem-se entendido haver efetivamente furto. Além disso, a coisa deverá ser devolvida da mesma forma como foi subtraída (não podendo haver destruição total ou parcial da coisa), nas mesmas condições e lugar em que se encontrava. r) Furto famélico: Famélico se refere à situação daquele que tem fome, que está faminto. O furto famélico é, portanto, aquela hipótese em que a subtração dos bens se deu para que o agente pudesse saciar sua fome. A doutrina tem entendido que a hipótese em comento se encaixa na situação de estado de necessidade (“Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.”). Entretanto, somente os casos extremos admitem o reconhecimento do furto famélico, com a consequente aplicação da causa excludente de ilicitude do art. 24, CP. Ensina a doutrina que o simples desemprego e o parco salário do agente não podem ser motivos para alegação do estado de necessidade. 17 2) Furto de coisa comum a) Previsão legal: “Furto de coisa comum Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. § 1º - Somente se procede mediante representação. § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.” b) Análise do dispositivo: Analisando os elementos do tipo, temos, mais uma vez, que o verbo “subtrair” tem o significado de retirar, tomar, sacar do poder de alguém coisa alheia móvel. De igual modo, assim como no crime de furto do art. 155, “caput”, CP, em decorrência do elemento “para si ou para outrem”, não basta a subtração temporária, com o objetivo de devolver a coisa logo em seguida, fazendo-se necessário, portanto, que o arrebatamento se dê com a finalidade de ter o agente a res furtiva para si ou para outrem. Aqui, o legislador revela aqueles que poderão praticar a conduta em questão: a) o condômino; b) o coerdeiro; c) o sócio. Portanto, para configuração do delito, deve existir um condomínio, uma herança ou uma sociedade. O condomínio se dá quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas partes. Herança é o conjunto de bens que são transmitidos aos herdeiros. Já sociedade é a reunião de duas ou mais pessoas que, mediante contrato, se obrigam a combinar seus esforços ou bens, para a consecução de fins comuns. 18 Estabelece o §2º que não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a quem tem direito o agente. c) Classificação: Trata-se de crime próprio quanto ao sujeito ativo bem como quanto ao sujeito passivo; doloso; material; em regra, comissivo, podendo ser praticado mediante omissão imprópria; de forma livre; de dano; instantâneo; monossubjetivo; plurissubsistente; em regra, não transeunte. d) Sujeito ativo e sujeito passivo: O sujeito ativo será o condômino, coerdeiro ou sócio da coisa comum, tratando-se, pois, de crime próprio. Já o sujeito passivo será aquele que detém a posse legítima da coisa, podendo ser o condômino, coerdeiro, sócio ou mesmo um terceiro. e) Consumação e tentativa: Aplicam-se as mesmas regras atinentes ao furto comum em relação à consumação, ou seja, esta ocorre com a mera inversão da posse, mesmo que esta não seja tranquila (teoria da amotio). Como crime plurissubsistente, é admissível a tentativa. f) Elemento subjetivo: O dolo é o elemento subjetivo do crime em tela. Não se admite modalidade culposa, por ausência de previsão legal.19 Além disso, se faz necessário que o agente haja com especial fim de agir, ou seja, sua conduta deve ser dirigida com a finalidade de ter a coisa comum para si ou para outrem. g) Modalidades comissiva e omissiva: O crime em análise pode se dá, em regra, de forma comissiva (subtrair), podendo, entretanto, ocorre de forma omissiva imprópria, desde que o agente goze do status de garantidor. QUESTÕES: 1) Ano: 2014 Banca: FGV Órgão: OAB Prova: Exame de Ordem Unificado - XV No dia 14 de setembro de 2014, por volta das 20h, José, primário e de bons antecedentes, tentou subtrair para si, mediante escalada de um muro de 1,70 metros de altura, vários pedaços de fios duplos de cobre da rede elétrica avaliados em, aproximadamente, R$ 100,00 (cem reais) á época dos fatos. Sobre o caso apresentado, segundo entendimento sumulado do STJ, assinale a afirmativa correta. a) É possível o reconhecimento do furto qualificado privilegiado independentemente do preenchimento cumulativo dos requisitos previstos no Art. 155, § 2º, do CP. b) É possível o reconhecimento do privilégio previsto no Art. 155, § 2º, do CP nos casos de crime de furto qualificado se estiverem presentes a primariedade do agente e o pequeno valor da coisa, e se a qualificadora for de ordem objetiva. 20 c) Não é possível o reconhecimento do privilégio previsto no Art. 155, § 2º, do CP nos casos de crime de furto qualificado, mesmo que estejam presentes a primariedade do agente e o pequeno valor da coisa, e se a qualificadora for de ordem objetiva. d) É possível o reconhecimento do privilégio previsto no Art. 155, § 2º, do CP nos casos de crime de furto qualificado se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa, e se a qualificadora for de ordem subjetiva. GABARITO: B 2) Ano: 2015 Banca: FCC Órgão: TCM-RJ Prova: Auditor-Substituto de Conselheiro A respeito do crime de furto, é correto afirmar que a) caracteriza a escalada o ingresso no imóvel pela porta dos fundos. b) considera-se repouso noturno somente o período das 12 às 6 horas. c) a energia elétrica pode ser objeto de furto. d) se admite na forma culposa a aplicação apenas de sanção pecuniária. e) configura o crime de furto a subtração de ser humano vivo. GABARITO: C 3) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: MPE-SP Prova: Analista de Promotoria 21 Aproveitando-se da porta que estava apenas encostada, Pedro ingressou sozinho e durante o dia na residência de José, sabendo que no local não havia ninguém, subtraindo dali dois relógios de pulso que depois se apurou estarem quebrados. Assinale a alternativa correta a respeito da conduta de Pedro. a) Praticou o crime de furto qualificado pela destreza, já que se aproveitou de um momento em que a casa estava vazia para ali ingressar (artigo 155, § 4° , inciso II, CP). b) Caso Pedro seja primário, e os relógios, ainda que quebrados, forem de pequeno valor, poderá ser condenado por furto privilegiado (art. 155, § 2° , CP). c) Pedro praticou o crime de furto e, em razão de ter ingressado em residência alheia, não poderá ser beneficiado com a substituição da pena corporal por restritiva de direitos, nos termos do artigo 44, III, CP (a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicam que esta substituição seja suficiente). d) Praticou o crime de invasão de domicílio, previsto no artigo 150, do Código Penal. e) Caso condenado por furto, Pedro poderá ter diminuição da sua pena, desde que fique comprovado que praticou furto famélico (procurava algo que pudesse vender para comprar alimento). GABARITO: B 4) Ano: 2014 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: Promotor de Justiça Substituto Com base nos crimes contra o patrimônio, indique a alternativa correta: a) Conforme entendimento atualizado do Supremo Tribunal Federal, a interceptação ou recepção não autorizada de sinal de TV a cabo constitui crime previsto no art. 155, § 3º, do Código Penal. 22 b) Eduardo Pequeno, se valendo de fraude eletrônica, após obter ardilosamente a senha da conta bancária de determinado cliente, burlando o sistema de segurança do banco, obtém a retirada de dinheiro da referida conta. Nessa hipótese, Eduardo Pequeno responderá pelo crime tipificado de estelionato (art. 171, caput, do CP). c) Mané Toupeira, mediante a escavação de um túnel e fazendo uso dele, adentrou em determinada agência bancária e subtraiu dinheiro em espécie do cofre da instituição bancária. Nesse caso, Mané Toupeira praticou o crime de furto qualificado pela escalada (art. 155, § 4º, II, CP). d) Don Juan, sem violência ou grave ameaça, consegue dopar a vítima Maria Inocente com fortes doses de sonífero, misturadas em bebida. Em seguida, aproveitando-se do sono profundo da vítima, Don Juan subtrai dinheiro em espécie da carteira de Maria Inocente. Nessa hipótese, Don Juan responderá pelo crime de furto mediante fraude (art. 155, § 4º, II, do CP). GABARITO: C 5) Ano: 2013 Banca: COPS-UEL Órgão: PC-PR Prova: Delegado de Polícia Sobre o crime de furto descrito no Art. 155 do Código Penal, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir. ( ) Tem por objeto material a coisa alheia móvel, entendendo-se por coisa qualquer substância corpórea, material, ainda que não tangível, suscetível de apreensão e transporte, incluindo os corpos gasosos, os instrumentos e os títulos, quando não forem documentos, as árvores, os navios, as aeronaves, englobando tudo aquilo que pode ser destacado e subtraído. 23 ( ) Tem como sujeito ativo qualquer pessoa, sendo considerado como qualquer pessoa até mesmo o proprietário, desde que o bem esteja na posse de terceiro. Tem como sujeito passivo a pessoa física ou jurídica, titular da posse, incluída a detenção ou a propriedade. ( ) O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente na vontade de subtrair coisa móvel. No entanto, não é necessário que a vontade abranja o elemento normativo “alheia”. ( ) Para tipificação do furto privilegiado, é necessária a presença de dois requisitos cumulados, ou seja, que o criminoso seja primário e que a coisa seja de pequeno valor. Sendo o réu reincidente, mesmo que a coisa seja de pequeno valor, não há a tipificação do furto privilegiado. ( ) Para tipificar a qualificadora “com destruição ou rompimento de obstáculo à coisa”, é necessário que a violência empregada seja não só contra o obstáculo, mas contra a coisa também. Assinale a alternativa que contém, de cima para baixo, a sequência correta. a) V, V, F, F, F. b) V, F, V, F, F c) V, F, F, V, F. d) F, V, V, F, V. e) F, V, F, V, V. GABARITO: B FONTES: Rogério Greco – Curso de Direito Penal – Parte Especial – volume 2 e Código Penal Comentado. Cezar Roberto Bittencourt – Tratado de Direito Penal – Parte Especial – volume 2.
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