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A Persuasão e o Armamento Espacial_artigo

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Air & Space Power Journal – 2º Trimestre/2009 
1 
 
A Persuasão e o Armamento Espacial 
Trevor Brown1 
 
Abstrato Editorial: Os Estados Unidos deram alguns passos em direção ao armamento espacial, 
apesar das objeções de potências mundiais como a China e a Rússia. Outras nações interpretam 
as ações norte-americanas como uma tentativa de estabelecer o domínio do meio. O autor alega 
que essa percepção causou uma reação geopolítica adversa e diminuiu nosso poder de persuasão 
(a habilidade de atrair outros pela legitimidade de diretrizes e princípios que formam sua base). 
Traçando um paralelo com a história naval, apresenta uma nova abordagem que protege os 
interesses norte-americanos e alcança a supremacia espacial, buscando alternativas 
competitivas, científicas e mercantis menos agressivas. 
 
OS ESTADOS UNIDOS 
projetam o armamento 
espacial e já estão 
implantando plataformas de 
mísseis de defesa.1 Os artigos 
publicados em documentos 
oficiais esboçam projetos a 
longo prazo, inclusive 
mísseis antissatélite (ASAT) 
de alcance direto, lasers 
terrestres com mira em 
satélites de baixa órbita 
terrestre e hypervelocity rod 
bundles [feixes de varetas à 
hipervelocidade – feixes de varetas de 12” de urânio desativado lançados de baixa órbita 
terrestre, usando somente energia cinética].2 Segundo documentos de orçamento federal, o 
Pentágono pediu ao Congresso amplos recursos para testar armas, dando seu maior passo 
em direção à criação de um campo de batalha espacial, desde a Iniciativa de Defesa 
Estratégica durante a guerra fria.3 Embora dois veículos coorbitais de escolta, o XSS-11 
microssatélite experimental e o Autonomous Nanosatellite Guardian for Evaluating Local 
Space [Sentinela Autônomo Não-Satélite para Avaliar o Espaço Local] sejam destinados a 
monitorar o ambiente espacial e inspecionar satélites amigos, possuem a tecnologia para 
obstruir satélites de reconhecimento militar e comunicação de outras nações.4 Isso causa 
grande apreensão em Moscou, Beijing e outras, resultando em dilema de segurança. 
A Rússia e a China acreditam que devem reagir a essa provocação estratégica, tomando 
medidas destinadas a dissuadir os Estados Unidos de ir ao encalço de armas espaciais e 
mísseis de defesa. A reação daqueles países provavelmente irá incluir o desenvolvimento 
de armas ASAT mais avançadas, a construção de outros mísseis balísticos 
intercontinentais, a expansão da vida útil dos atuais mísseis balísticos, a adoção de 
contramedidas para mísseis de defesa, o desenvolvimento de outras capacidades 
assimétricas espaciais e a revisão de compromissos relativos a controle de armas.5 
 
1 Trevor Brown (BA, Universidade da Indiana: MSc, S [Mestrado em Ciências, Ciências. Rajaratnam School 
of International Studies, Nanyang Technological University [Singapura]) é um novo autor interessado em 
estratégia política, econômica e militar para o meio espacial. 
Air & Space Power Journal – 2º Trimestre/2009 
2 
 
As opções militares da Rússia e da China não são muito atraentes, porque não podem 
competir diretamente com os Estados Unidos no espaço, em pé de igualdade financeira, 
militar ou embasamento técnico. Por conseguinte, a primeira e a melhor opção é a 
diplomática, através da ONU, apresentando resoluções e tratados na esperança de conter o 
armamento espacial através de Direito Internacional. Embora essas tentativas 
fracassassem, até agora, em suspender os planos norte-americanos, conseguiram formar 
um consenso internacional contra esse país. Com efeito, no dia 5 de dezembro de 2007 um 
voto de resolução da ONU, apelando para medidas, a fim de deter essa corrida 
armamentista resultou em 178 a 1 contra os Estados Unidos. Israel absteu-se.6 
O problema é que outras nações acreditam que os E.U.A. visam a monopolização espacial, 
a fim de solidificar seu domínio hegemônico.7 Nos últimos anos, um número cada vez 
maior de nações expressaram oposição a essa agenda. Uma falta de diplomacia sobre a 
questão de armas espaciais contribuiu para aumentar represálias geopolíticas que levaram 
ao recente declínio do poder de persuasão norte-americano − a habilidade de atrair outros 
pela legitimidade de diretrizes e princípios inerentes − o que, por sua vez, restringe o poder 
nacional como um todo, apesar de eventuais ganhos em poder da força bruta (ou seja, a 
capacidade de coagir).8 
Os Estados Unidos não devem tratar o poder de persuasão com indiferença, uma vez que 
perdas desse atributo ao longo da última década fez com que a influência de competidores 
estratégicos, particularmente Rússia e China, aumentasse. As ramificações incluiram um 
realinhamento político, econômico e social gradativo, também denominado 
“multipolarismo” que resultou em declinio de poder e influência. “Portanto, o poder de 
persuasão não é apenas uma questão de popularidade efêmera. É um meio de obter os 
resultados desejados. Quando os Estados Unidos forem tão detestados que só o fato de um 
país ser pró-Americano cause a ruína de sua política interna, não vai ser provável que os 
líderes políticos estrangeiros se prontifiquem a outorgar concessões. E quando a política 
dos EUA perde a legitimidade, a desconfiança cresce, reduzindo sua influência em 
assuntos internacionais.”9 Devido à erosão de seu poder de persuasão, a comunidade 
internacional vê com desconfiança qualquer preocupação legítima que os Estados Unidos 
possam ter a respeito da proteção de meios espaciais críticos, tornando-se muito mais 
difícil, politicamente, para a Força Aérea fazer planos para oferecer tal proteção. 
A Necessidade de Defesa 
Sem dúvida, é necessário proteger a todo custo, as linhas de comunicações que conectam a 
sociedade aos militares. Considere as consequências de falha inesperada de satélites que 
usamos diariamente para operações militares, financeiras, comunicações, meteorologia e 
navegação aérea. Ataques devastadores à bases espaciais críticas, não só colocariam 
milhões de vidas em sério risco, mas também resultariam em perdas econômicas 
incalculáveis para a nação. 
Durante a guerra fria, os Estados Unidos fizeram o possível para obter a supremacia 
militar sobre a União Soviética, a fim de proteger seus interesses e princípios. Um legado 
resultante é a atual capacidade espacial. Será que devem permitir um lapso em segurança 
de princípios e interesses ao cessar tentativas para manter a superioridade militar 
alcançada? Será que devemos acreditar que a segurança norte-americana poderia, de certa 
maneira, aumentar se abrirmos mão da supremacia militar? 
Algumas pessoas falam como se acreditassem que um país pode optar em garantir a 
segurança nacional por meio de armas ou controle de armas.10 Mas o interesse da Rússia 
Air & Space Power Journal – 2º Trimestre/2009 
3 
 
em banir armas espaciais é motivado pelo desejo de atrofiar o crescimento de programas 
espaciais militares norte-americanos, a fim de ganhar tempo para, secretamente, avançar o 
próprio programa de armamentos espaciais e atingir paridade tecnológica.11 A Rússia 
fundamenta sua oposição ao armamento espacial não em princípios escrupulosos, mas em 
objetivos estratégicos. Dois analistas declaram que “para entender se a Rússia realmente 
mudaria de posição, é preciso ir além de declarações oficiais e discussões entre peritos 
militares russos. O curso do programa espacial militar russo será determinado, 
principalmente, pela disponibilidade de recursos necessários para apoiar o programa e 
pela habilidade da indústria e militares em gerenciar o desenvolvimento de projetos para o 
uso militar espacial.”12 
Apesar dos constantes apelos da China para abolir armas espaciais, a evidência histórica 
sugere que a China e a Rússia pensam do mesmo modo. “Já que uma interpretação 
genérica de armas espaciais excluiria quase todos os sistemasde defesa de mísseis norte-
americanos, as autoridades chinesas que querem limitar a implantação de mísseis de 
defesa advogariam uma proibição que utilizasse essa interpretação.”13 O interessante é que 
após a administração Clinton desmantelar a Iniciativa de Defesa Estratégica em 1993, a 
China redobrou os empreendimentos militares espaciais e, ganhou terreno.14 Em 1999 “o 
teste da China de nave espacial destinada a voo tripulado apresentou um foguete com 
sistema propulsor de baixa aceleração que poderia ser usado para manobrar ogivas, a fim 
de derrotar sistemas BDM [míssil balístico de defesa].”15 
Talvez a comunidade estratégica norte-americana ainda acredite que “a implantação de 
armas espaciais provavelmente torna esses meios − inclusive satélites comerciais de 
comunicação e difusão− ainda mais vulneráveis, já que nenhum outro país se dedica a esse 
objetivo e menos ainda à implantação de armas espaciais.”16 Essa noção desapareceu 
quando a China realizou, com sucesso, o primeiro teste ASAT em janeiro de 2007, 
sugerindo que havia passado muitos anos no desenvolvimento de capacidade ASAT. Os 
Estados Unidos e, aliás, o resto do mundo, não se devem deixar enganar. A História 
demonstra que, embora as autoridades do Partido Comunista Chinês bradem que o espaço 
militarizado seria uma ameaça à paz e à estabilidade, o Exército Popular de Liberação, 
diligentemente, adquire armas espaciais. 
A noção de que os Estados Unidos podem impedir que o espaço se torne uma “galeria de 
tiro ao alvo” ao concordar com uma proibição total de armas espaciais, é ingênua.17 A dura 
realidade é que, uma vez que o poder econômico e militar norte-americanos dependem de 
vastos meios espaciais vulneráveis, complexos e de alto custo, o incentivo para que 
possíveis inimigos projetem formas de ataque, continua grande demais para ser superado 
por mero tratado internacional.18 Se, no entanto, tal tratado restringir os Estados Unidos 
de desenvolver e implantar contramedidas eficazes, os inimigos teriam todos os motivos 
para pressionar Washington a limitar as próprias atividades.19 À medida que a tecnologia 
espacial se difunde, aumenta a motivação de pequenos e médios países a fomentar 
capacidades de guerra espacial e, a destruição de um satélite norte-americano importante 
representaria uma vitória material e simbólica.20 Não existe, portanto, qualquer dúvida se 
devemos ou não proceder com armas espaciais−a questão é como fazê-lo com o tato 
político necessário, a fim de manter o poder de persuasão e, ao mesmo tempo, expandir o 
poder da força bruta. 
A Retórica e a Postura 
A retórica oficial possui, claramente, um papel significativo a desempenhar na destra 
execução da política espacial norte-americana. Vejamos o exemplo do documento de 
Air & Space Power Journal – 2º Trimestre/2009 
4 
 
Diretrizes Nacionais do Espaço de 2006. Outras nações acreditavam que o documento 
continha linguagem inflexível e que os Estados Unidos haviam tomado uma “atitude 
proprietária” em relação ao espaço.21 Ainda está em debate se a terminologia do 
documento é ou não proprietária. No entanto, foi assim vista pela audiência internacional. 
Na arena política, a percepção é frequentemente mais importante que a realidade e, é 
provável que o gerenciamento da política externa pela administração Bush levou a 
comunidade internacional a crer que os Estados Unidos buscavam impor um sólido 
domínio espacial em relação às outras nações. 
Os analistas argumentam que o resto do mundo aceita a supremacia espacial dos EUA, 
mas a administração Bush reivindicava o domínio espacial−uma condição que outros 
países não irão aceitar.22 Evidentemente o mundo consegue tolerar a ideia de que os 
Estados Unidos possuirão a supremacia espacial−o que implica em capacidade de 
domínio−mas consideram insuportável a ideia de que a América do Norte venha exercer 
tal domínio. Talvez o mundo acredite que a conotação de “domínio” seja uma posição 
opressiva, unilateral ou ditatorial, enquanto “supremacia” sugere apenas uma posição de 
liderança. 
Assim, que creem as nações que significa esse futuro domínio espacial norte-americano? 
Bao Shixiu, oficial militar Chinês reformado, pesquisador da Academia Militar de Ciências 
de Beijing, afirmou que “a monopolização do espaço por um só país. . . é inaceitável.”23 
Talvez o resto do mundo tende a compartilhar essa noção de “monopólio”, devido à 
preocupação de analistas “de que o governo dos EUA possa adotar uma estratégia que visa 
manter o poder de veto em relação à habilidade de outros países de acessar o espaço”.24 
O fato é que o espaço atualmente é um grande “parque comum” para potências espaciais, 
tanto quanto foi o mar para as potências marítimas, séculos atrás. Isso, não em virtude de 
lei ou tratado internacional, mas devido a natureza desse meio. Similar às comunicações 
marítimas de outrora, os recursos espaciais devem gerenciar toda a vigilância e 
reconhecimento, alerta de ataque e avaliação, comunicações, intercepção de sinais, 
navegação, munição, meteorologia, e assim por diante, em zona neutra ou “comum”. De 
acordo com Sir Julian S. Corbett, “Não se pode conquistar o mar porque não é suscetível à 
apropriação, pelo menos além das águas territoriais. Não se pode, como dizem os 
advogados, „reduzi-lo a um bem‟, porque não se pode excluir os neutros, como em 
território que se conquista. Em segundo lugar, as forças armadas não podem ali subsistir 
como em território inimigo.”25 
As forças espaciais permitem aos Estados Unidos agirem com rapidez e por completo em 
todo o mundo, algo sem precedentes, da mesma maneira que a potência marítima inglesa 
permitia que suas forças atuassem em pontos distantes e separados, como Cuba, Portugal, 
Índia e Filipinas, sem temer séria ruptura de comunicações.”26 No entanto, bens e 
informação espaciais, como as marítimas, devem passar ao longo de linhas de 
comunicação não só compartilhadas por outros participantes, mas também abertas à 
disputa. O resultado é que, uma vez que o espaço possui valor inerente como meio de 
obtenção de dados e comunicação, o objetivo espacial crítico é manter seguras as linhas de 
comunicação espacial. Corbett observa que: 
o domínio marítimo, portanto, nada significa, além do controle de comunicações 
marítimas, quer seja para fins comerciais ou militares. O objetivo da guerra naval é 
o controle das comunicações e não a conquista de território, como em guerras 
terrestres. A diferença é fundamental. É verdade que a estratégia em terra é 
principalmente uma questão de comunicação, mas comunicação em outro sentido. 
A frase refere-se somente às comunicações do exército e não de uma comunicação 
mais ampla que diz respeito à toda nação.27 
Air & Space Power Journal – 2º Trimestre/2009 
5 
 
Uma análise recente argumenta que “o ponto crucial para compreendermos Corbett é que 
comando do mar, na verdade, só existe em estado de guerra. Quando alguém afirma que 
possue o comando do mar em tempos de paz, isso se faz de forma retórica e somente 
significa que uma nação possui pontos navais adequados e considerável frota para garantir 
comando, uma vez que se iniciem as hostilidades.”28 
Corbett adiciona: “Ir ao encalce de um padrão de força naval ou distribuição estratégica 
que tornaria nosso comércio absolutamente invulnerável é ir a caminho de ruína 
econômica. Seria mutilar o poder de travar guerra para se chegar à vitória e ir em busca a 
uma posição de despotismo marítimo que, mesmo se pudesse ser atingido, colocaria todos 
contra nós. Todos esses males e, o objetivo ainda assim estaria bem fora de alcance.”29 
Por este motivo, os Estados Unidos devem buscar uma posição de supremacia espacial, 
onde possam exercer controle e efetivamente dominar o meio em caso de guerra. Ao 
mesmo tempo, devem manter uma postura de paz, politicamente aceitável por todos os 
outros participantes, abstendo-sede exercícios de domínio desnecessários e prolongados. 
Os Estados Unidos devem evitar, sobretudo, criar a percepção de grandiosidade em impor 
um domínio que soa à tirania orbital. 
Evidentemente, a retórica proveniente dos Estados Unidos referente ao espaço deixou os 
membros da comunidade internacional com a suspeita de que poderiam barrá-los do meio, 
somente por capricho. Tais apreensões contribuem, desnecessariamente, a uma maior 
perda de poder de persuasão. Os Estados Unidos devem assegurar às outras nações que 
não têm a intenção de dificultar o uso pacífico do espaço. Se esses países pensam que a 
atual supremacia espacial norte-americana é tolerável, talvez, com tempo, venham a 
suportar a posse de armas por esse país se isso for um aspecto importante de sua primazia 
no espaço e manutenção do status quo. Mas, se sua retórica e postura deixarem as outras 
nações com a convicção de que contamos com estratagemas para despotismo orbital, a 
sociedade internacional hesitará em considerá-los líderes. Além disso, mesmo que a 
maioria das nações não possa competir no espaço, fará o possível para adotar postura 
contrária aos Estados Unidos. 
“O Transporte de 
Carga Militar” 
Os Estados Unidos fariam bem em manter baixo perfil em seu programa espacial militar e 
polir sua imagem tecnológica, publicando os programas comerciais e científicos espaciais. 
Assim fazendo, possibilitariam o aumento e não a erosão do poder de persuasão. Os 
Chineses assim raciocinam e certamente alcançaram sucesso em anos recentes, 
intensificando o poder de persuasão, usando-o para estender a influência internacional. 
Segundo o administrador Michael Griffin da NASA, os Chineses possuem um programa, 
cuidadosamente elaborado, de voos espaciais tripulados que irá levá-los à paridade com os 
Estados Unidos e a Rússia. Investem para que a China venha ser uma potência mundial 
estratégica, sem ficar devendo a ninguém, a fim de aproveitar o comércio e vantagens que 
beneficiam as nações líderes.30 
Os analistas creem que a determinação dos Estados Unidos em manter o domínio militar 
espacial fez com que perdessem terreno em comércio espacial e exploração desse recurso. 
Alegam que os Estados Unidos abandonaram a liderança civil espacial−ação que produzirá 
enormes inferências estratégicas.31 Pode ser que o público norte-americano seja 
indiferente ao comércio espacial ou à atividades científicas mas, as façanhas tecnológicas 
espaciais continuam a fascinar a grande maioria. Em 1969, cativamos o mundo todo com o 
Air & Space Power Journal – 2º Trimestre/2009 
6 
 
primeiro passo de um ser humano na Lua. O programa Apollo rendeu enormes dividendos 
ao poder de persuasão no momento em que os Estados Unidos competiam seriamente com 
os Soviéticos para atrair outras nações à sua ideologia. A menos que os Estados Unidos 
contem com sólida presença na Lua no momento da alunissagem tripulada da China, 
prevista para 2017, grande parte do mundo vai levar a impressão de que a China está se 
acercando cada vez mais de nosso paîs, em termos de sofisticação tecnológica e potência 
nacional absoluta.32 Se as tendências atuais predominarem, isso provavelmente vai 
ocorrer, quando os novos confrontos ideológicos entre Beijing e Washington intensifiquem 
de modo considerável.33 
A corrida espacial mais recente reflete a evolução dinâmica da potência mundial. O 
“tecnonacionalismo” continua a ser o ímpeto para os programas espaciais de muitas 
nações, em especial na Ásia: “Comparada à corrida espacial da guerra fria entre os Estados 
Unidos e a antiga União Soviética, a presente competição global está sendo inflamada pelo 
orgulho nacional, riqueza recém-adquirida, um quadro cada vez maior de funcionários 
altamente qualificados e pela certeza de que as conquistas espaciais resultarão em grande 
poder de persuasão, bem como benefícios militares. O ardor de todo o planeta em tomar 
parte do clube de nações capazes de construir e lançar veículos ao espaço é algo 
palpável.”34 A Índia e o Japão projetam, de maneira agressiva, seus programas espaciais.35 
Mas, não é necessário que os Estados Unidos optem entre um programa espacial civil ou 
militar, pois grande parte da tecnologia espacial projetada é de dupla utilização. A 
indústria espacial oferece enorme oportunidade a militares que desejem maior acesso e 
aquisição de meios espaciais a mais baixo custo e que também incrementam as forças 
terrestres. Conforme salientou Alfred Thayer Mahan, “O estabelecimento de importante 
transporte de carga mecantil desenvolve ampla base para o transporte de carga militar.”36 
As Forças Armadas desse país podem maximizar os recursos, não só financeira, mas 
também politicamente, revestindo as atividades espaciais militares, tanto quanto possível, 
em atividades espaciais comerciais. 
Citamos o exemplo de comunicação via satélite. O acordo entre o Pentágono e a Iridium 
Satellite LLC confere aos militares acesso ilimitado à sua rede, permitindo que os usuários 
façam chamadas seguras e não-seguras e enviem e recebam mensagens de texto de e para 
quase todas as partes do mundo.37 Outro exemplo tem a ver com imagens espaciais. 
Mesmo que o governo necessite de processadores de imagem sofisticados para situações 
especiais, poderia facilmente satisfazer a grande maioria dos requisitos de rotina a custo 
mais baixo, usando o que já se encontra disponível comercialmente.38 
A Força Aérea também poderia utilizar o transporte espacial, outra indústria emergente, 
para maximizar recursos. Os empreendimentos privados já em curso, reduzem 
consideravelmente o custo de acesso ao espaço. É possível que um desses 
empreendimentos seja a alternativa para a nave espacial russa Soyuz em missões da NASA 
à Estação Espacial Internacional.39 Pode ser que essas empresas venham a ser boas opções 
de baixo custo para a entrega de cargas úteis menos sensíveis à órbita terrestre para a 
Força Aérea. O turismo espacial, indústria crescente, permitiria à Força Aérea a aquisição, 
a preços acessíveis, de capacidade para operar rotineiramente a 60-90 milhas acima da 
Terra.40 Os avanços empresariais em voo espacial suborbital eventualmente evoluirão a tal 
ponto que a Força Aérea verá ser mais fácil, política e financeiramente, a aquisição de 
plataformas que poderão fazer a entrega de munição do espaço. 
 
Air & Space Power Journal – 2º Trimestre/2009 
7 
 
Conclusão 
Ao observarmos a situação estratégica global vemos que muitas nações engalfinham-se 
para desenvolver capacidades espaciais. As que se encontram em desenvolvimento ao 
redor do mundo, aparentemente de uso civil são, na maioria, de dupla utilização e terão 
efeitos profundos sobre o equilíbrio de potências. Seria insensato para os Estados Unidos 
diminuirem o ritmo de desenvolvimento espacial. A questão não é se seguimos avante com 
o armamento espacial, mas como prosseguir e gerenciar, eficazmente, os dilemas de 
segurança que inevitavelmente irão surgir. 
Ao assumir uma postura que sugere que o intento desse país é ir ao encalço de 
empreendimentos científicos e comerciais, sem qualquer indício que o desejo é bloquear o 
meio espacial em tempo de paz com a finalidade de aumentar o poder geopolítico, os 
Estados Unidos podem prosseguir sem causar indevida angústia à comunidade 
internacional. Uma vez implantada a base de atividades comerciais (i.e., “carga 
mercantil”), a capacidade militar (“carga militar”) seguirá em devido tempo, sem muitas 
controvérsias. Se as autoridades competentes norte-americanas tornarem público 
descobertas espaciais científicas e comerciais, evitando a percepção de despotismo orbital 
aumentarão, gradativamente, a capacidade espacial dominante, continuando a deter, dessa 
forma, o poder de persuasão. 
Notas: 
 
1. Leonard David, “Weapons in Space: Dawn of a New Era,” Space.com, 17 de junho de 2005, disponível em 
http://www.space.com/news/050617_space_warfare.html(obtido em 20 de agosto de 2008). 
2. Bryan Bender, “Pentagon Eyeing Weapons in Space: Budget Seeks Millions to Test New Technologies,” Boston Globe, 
14 de março de 2006, disponível em 
http://www.boston.com/news/nation/articles/2006/03/14/pentagon_eyeing_weapons_in_space (obtido em 12 de 
outubro de 2008). 
3. Ibid. 
4. David Shiga, “ANGELS to Watch over US Air Force Satellites,” NewScientist, 4 de agosto de 2006, disponível em 
http://space.new scientist.com/article/dn9674 (obtido em 12 de outubro de 2008); e Tim Weiner, “Air Force Seeks 
Bush‟s Approval for Space Weapons Programs,” New York Times, 18 de maio de 2005, disponível em 
http://www.nytimes.com/2005/05/18/business/18space.html ?hp (obtido em 12 de outubro de 2008). 
5. Pavel Podvig and Hui Zhang, Russian and Chinese Responses to U.S. Military Plans in Space (Cambridge, MA: 
American Academy of Arts and Sciences, 2008), v–vi, disponível em http://www.amacad.org/publications/military 
Space.pdf. 
6. Assembleia Geral da ONU, “Resolution Adopted by the General Assembly: 62/20. Prevention of an Arms Race in Outer 
Space,” 62ª sessão, 10 de janeiro de 2008, disponível em http://disarmament.un.org/vote.nsf (obtido em 20 de agosto de 
2008). 
7. Kevin Whitelaw, “China Aims High,” U.S. News and World Report, 4 de dezembro de 2007, 2, disponível em 
http://www.usnews.com/articles/news/2007/12/04/china-aims-high.html?PageNr=1 (obtido em 20 de agosto de 
2008). 
8. Joseph S. Nye Jr., “The Decline of America‟s Soft Power,” Foreign Affairs 83, nº. 3 (maio/junho de 2004): 1. 
9. Ibid. 
10. Colin Gray, American Military Space Policy: Information Systems, Weapon Systems, and Arms Control 
(Cambridge, MA: Abt Books, 1982), 77. 
11. Ibid., 53. 
12. Podvig and Hui Zhang, Russian and Chinese Responses, 5. 
13. Ibid., 73. 
14. Baker Spring, “Clinton‟s Failed Missile Defense Policy: A Legacy of Missed Opportunities,” Heritage Foundation, 21 
de setembro 2000, disponível em http://www.heritage.org/Research/MissileDefense/BG1396.cfm (obtido em 20 de 
agosto de 2008). 
15. Podvig and Hui Zhang, Russian and Chinese Responses, 56. 
16. Sean Kay and Theresa Hitchens, “Bush Policy Would Start New Arms Race in Space,” Cleveland Plain Dealer, 25 de 
maio de 2005, in Center for Defense Information, 
http://www.cdi.org/program/document.cfm?DocumentID=3022&from_page=../index.cfm (obtido em 20 de agosto de 
2008). 
17. Michael Krepon, “Russia and China Propose a Treaty Banning Space Weapons, While the Pentagon Plans an ASAT 
Test,” Stimson Center, 14 de fevereiro de 2008, disponível em http://www.stimson.org/pub.cfm ?ID=568 (obtido em 13 
de outubro de 2008). 
18. Taylor Dinerman, “Space Weapons Agreements, Treaties, and Politics,” Space Review, 10 March 2008, disponível em 
http://www.thespacereview.com/article/1078/ 1 (obtido em 20 de agosto de 2008). 
Air & Space Power Journal – 2º Trimestre/2009 
8 
 
19. Ibid. 
20. Taylor Dinerman, “Messy Battlefields,” Space Review, 24 March 2008, disponível em 
http://www.thespacereview.com/article/1089/1 (obtido em 20 de agosto de 2008). 
21. Matthew Davis, “Dominating the Final Frontier,” BBC, 19 de outubro de 2006, disponível em 
http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/6068304.stm (obtido em 12 de outubro de 2008). 
22. Whitelaw, “China Aims High,” 2. 
23. Quoted in ibid. 
24. Ibid. 
25. Julian S. Corbett, Some Principles of Maritime Strategy (London: Longmans, Green, 1911), 89. 
26. Alfred Thayer Mahan, The Influence of Sea Power upon History, 1660–1783 (Boston: Little, Brown, 1890), 317. 
27. Corbett, Some Principles of Maritime Strategy, 90. 
28. John J. Klein, Space Warfare: Strategy, Principles, and Policy (London: Routledge, 2006), 24. 
29. Corbett, Some Principles of Maritime Strategy, 284. 
30. Marc Kaufman, “U.S. Finds It‟s Getting Crowded Out There: Dominance in Space Slips As Other Nations Step Up 
Efforts,” Washington Post, 9 de julho de 2008, disponível em 
http://www.washingtonpost.com/wpdyn/content/article/2008/07/8/AR2008070803185_pf.html (obtido em 20 de 
agosto de 2008). 
31. Ibid. 
32. David Barboza, “China Launches Space Walk Mission,” International Herald Tribune, 26 de setembro de 2008, 
disponível em http://www.iht.com/articles/2008/ 09/26/asia/26space.php (obtido em 14 de outubro de 2008). 
33. James Mann, “A Shining Model of Wealth without Liberty,” Washington Post, 20 May 2007, disponível em 
http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/ 2007/05/18/AR2007051801640.html (obtido em 14 de 
outubro de 2008). 
34. Peter Ford, “What‟s behind Asia‟s Moon Race?” Christian Science Monitor, 25 de outubro de 2007, disponível em 
http://www.csmonitor.com/2007/1025/p06s01-woap.html (obtido em 20 de agosto de 2008); e Kaufman, “U.S. Finds.” 
35. Barboza, “China Launches Space Walk Mission.” 
36. Mahan, Influence of Sea Power, 106. 
37. Simon Romero, “TECHNOLOGY: Military Now Often Enlists Commercial Technology,” New York Times, 10 de março 
de 2003, disponível em http://query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9406E4D81F3FF933A25750C0A9659C8B63& 
sec=&spon=&pagewanted=all (obtido em 14 de outubro de 2003). 
38. Thomas Snitch, “A BASICally Bad Decision,” Space Review, 29 de setembro de 2008, 
http://www.thespacereview.com/article/1221/1 (obtido em 14 de outubro de 2008). 
39. Loretta Hidalgo Whitesides, “Next for SpaceX: Falcon 9, NASA, Humans and the Moon?” Wired, 29 de setembro de 
2008, http://blog.wired.com/wiredscience/ 2008/09/whats-next-at-s.html (obtido em 14 de outubro de 2008). 
40. Brian Berger and Lon Rains, “Northrop to Buy SpaceShipOne Builder: Scaled Composites Already Crafting 
„SpaceShipTwo‟ for Tourists,” MSNBC, 20 julho 2007, http://www.msnbc.msn.com/id/19877344 (disponível 9 março 
2008).

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