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Violência contra a mulher

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V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 
 
 
V Mostra de 
Pesquisa da Pós-
Graduação 
“Violência de Gênero e Políticas Públicas – Complexidade 
Simbólica e Mecanismos Institucionais de Enfrentamento do 
Problema” 
Shirlei Schwartzhaupt dos Santos, Prof.º Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo 
 
Faculdade de Direito, PUCRS, Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais 
 
 
Resumo 
 A complexidade que envolve as relações conjugais e a violência, daí advinda, 
envolve diferentes e significativos aspectos. Com o objetivo de enfrentar esse tipo de 
violência buscou-se a resposta através da punição ao agressor, por meio da Lei 11.340/2006. 
Todavia, o resultado dessa busca é que essas medidas penais tornaram-se respostas simbólicas 
oferecidas pelo Estado a fim de responder ao clamor social por segurança e penalização, sem 
que haja uma verificação da possível eficácia instrumental da medida punitiva para prevenção 
do delito. 
Com o advento da Lei 11.340/06, “Lei Maria da Penha”, foram retirados os delitos 
contra a mulher no ambiente doméstico e familiar dos Juizados Especiais Criminais, previstos 
na Lei 9.099/95, encaminhando-os para os Juizados Especiais de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher, e vedando a aplicação dos mecanismos de conciliação entre vítima 
e acusado e da transação penal. O presente projeto, vinculado à linha de pesquisa em 
Criminologia e Controle Social da PPG em Ciências Criminais da PUCRS, tem como objetivo 
principal analisar a eficácia jurídica da Lei 11.340/06. Para tanto, pretende-se realizar uma 
pesquisa qualitativa, com técnicas de entrevistas semi-estruturadas (em profundidade), com 
vistas a investigar, nos casos objeto da pesquisa, quais os resultados obtidos a partir da 
utilização do Judiciário e se este foi eficaz para a administração da conflitualidade social em 
questão. 
A fim de realizar tal intento, primeiramente, pretende-se realizar uma abordagem 
histórico-social das relações conjugais e da violência. Num segundo momento, retratar o 
surgimento da Lei Maria da Penha, Lei 11.340/06, bem como o processo de judicialização dos 
conflitos de gênero. Em seguida, analisar quais os tratamentos atualmente dados aos conflitos 
conjugais os quais chegam até o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, 
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V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 
em como verificar quais as Políticas Públicas existentes para o enfrentamento do referido 
problema. 
Em sendo assim, o que se busca com a presente pesquisa é verificar, através de 
pesquisa empírica, como a violência doméstica e familiar contra a mulher tem sido tratada a 
partir da judicialização. Da mesma sorte, investigar quais são as alternativas não judiciais que 
estão sendo buscadas para lidar com essa espécie de violência. A partir desse levantamento 
de dados, se pretende verificar que resultados tem produzido as políticas públicas existentes 
atualmente, no que concerne ao enfrentamento do problema da violência conjugal. 
 
Introdução 
A expressão “violência contra a mulher” passou a ser utilizada no Brasil nos anos 70, a 
partir das mobilizações feministas contra o assassinato de mulheres. Resgataram-se, assim, os 
poderes políticos do Estado de interferência nas relações sociais, através da ação de Políticas 
Públicas. Desse modo, muitas ações do Estado foram resultados da participação de diversos 
movimentos sociais que lutavam pela garantia de direitos. Um desses movimentos que 
marcou época foi o movimento feminista, na segunda metade do século XX, cujo mote “o 
pessoal é político” acabou sendo incluído na agenda das Políticas Públicas. 
A partir desses discursos, que objetivavam a necessidade de explicitação de uma 
violência simbólica – produtora de desigualdades entre gêneros – é que a violência doméstica 
vista há muito tempo como uma questão de espaço privado, como algo de responsabilidade 
individual ou familiar, passa a ganhar visibilidade e ser considerada como uma preocupação 
do público, através das práticas engendradas pelas Políticas Públicas. As parcas mudanças 
promovidas no ordenamento jurídico levaram o País a debater profundas alterações na função 
jurisdicional do Estado para redefinir sua atuação na repressão à violência doméstica contra a 
mulher. Entretanto, essa atuação dependeria de um suporte normativo claro e eficaz. E esse 
suporte adveio através da Lei 11.340/2006, de 08.08.2006, denominada de Lei Maria da 
Penha. Determina a lei em exame que o "poder público desenvolverá políticas que visem 
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares" 
(art. 3º, § 1º). Nos termos da lei, a principal Política Pública é a que tem por objetivo "coibir a 
violência doméstica e familiar contra a mulher", devendo ser formulada e colocada em prática 
por meio de um "conjunto articulado de ações do poder público (União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios) e ações não-governamentais". 
A violência contra a mulher é um problema complexo que não se resolverá de forma 
simples. Encontrar soluções representa um enorme desafio para as mulheres em geral e para 
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V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 
os demais segmentos da sociedade. Neste assunto, as políticas preventivas são fundamentais. 
O combate à violência contra a mulher exige ações integradas em diversos níveis, áreas e 
instâncias. Também é necessário conquistar a estabilidade dos órgãos de apoio, para garantir a 
continuidade das políticas públicas. Enfim, o problema da violência contra a mulher, no que 
se refere ao âmbito público e/ou privado, deve ser trabalhado em espaços que possibilitem o 
exercício dos direitos fundamentais e da cidadania, através da participação ativa das pessoas 
neste processo sociocultural. É preciso ampliar os espaços públicos já conquistados e 
propagar políticas públicas verdadeiramente transformadoras. 
 
Metodologia 
 A presente pesquisa, realizar-se-á a partir dos casos que foram levados até o Juizado 
Especial de Violência de Doméstica e Familiar contra a Mulher de Porto Alegre, no decorrer 
do ano de 2010. Objetiva-se, da mesma forma, investigar, nos casos, os quais não receberam a 
pena de prisão, se a medida alternativa imposta surtiu efeitos e quais são os mesmos. A partir 
daí investigar quais são as políticas públicas que estão sendo utilizadas como forma de dar 
solução alternativa à questão da violência de gênero. E sob esse enfoque, realizar entrevistas 
semi-estruturadas com os casais (tanto vítima quanto agressor) os quais são encaminhados a 
este tipo de medida alternativa. Assim, a presente terá como pressupostos teórico-
metodológicos a coleta de dados quantitativos e qualitativos. Da mesma forma, o material 
teórico a ser utilizado corresponderá às intersecções de conteúdos relacionados a 
representações sociais, gênero, violência e criminologia. 
 
Referências 
AZEVEDO, Rodrigo G. Sistema penal e violência de gênero: análise sócio-jurídica da Lei 11.340/06. In: 
Sociedade e Estado. Vol. 23, N° 01. Jan/Abr 2008. Pg. 124. 
BIRMAN, Joel. Mal-Estar na Atualidade. A Psicanálise e as novas formas de subjetivação. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2009. 
BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. 
CANTERA, Leonor M. Casais e Violência: um enfoque além do gênero.Porto Alegre: Dom Quixote, 2007. 
GREGORI, Maria Filomena. Cenas e queixas: um estudo sobre mulheres, relações violentas e a prática 
feminista. São Paulo: Paz e Terra, 1992. 
IZUMINO, Wânia Pasinato. Justiça e Violência contra a mulher – O papel do sistema judiciário na solução 
dos conflitos de gênero. 2 ed. São Paulo: Annablume, 2004. 
LARRAURI, Elena. CriminologiaCrítica y Violencia de Género. Madrid: Editorial Trotta, 2007. 
PASINATO, Wania. Violência contra as mulheres e legislação especial, ter ou não ter? Eis uma questão. In: 
Revista Brasileira de Ciências Criminais. São Paulo: Revista dos Tribunais, n. 73, 2008, p. 354. 
SOARES, Bárbara Musumeci. Mulheres Invisíveis: Violência Conjugal e Novas Políticas de Segurança. 
Civilização Brasileira, RJ, 1999. 
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