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Aula 10 - Maquiavel

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*
MAQUIAVEL
(1469 – 1527)
*
OBJETIVOS:
Geral:
Discutir a teoria política de Maquiavel.
Específicos:
Refletir sobre o aspecto pragmático da política
Entender as características do Estado moderno.
*
SUMÁRIO
Introdução.
Discussão sobre a obra de Maquiavel.
Considerações finais.
Bibliografia.
Avaliação.
*
INTRODUÇÃO
*
“Maquiavel é um observador frio do comportamento político, e o descreve preocupado com a “verdade efetiva das coisas” – o real, não o imaginário; o que existe, não o que deveria ser.” 
(Sérgio Bath)
*
“Uma atitude científica, diríamos hoje, a qual no entanto o leva a recomendações que ferem a moral convencional, e deram ao adjetivo “maquiavélico” o sentido com que é habitualmente empregado”. (Id. Ibid.)
*
“A ética de seu universo é uma “ética de responsabilidade” que tem por fundamento o bem do Estado, e propõe para o Príncipe normas diferentes das aplicáveis aos cidadãos comuns”. 
(Id. Ibid.)
*
O PRÍNCIPE
CARTA DE NICCOLÒ MACHIAVELLI 
AO MAGNÍFICO 
LORENZO DE MEDICI.
*
Movido pelo desejo de oferecer a Vossa Alteza um testemunho modesto da minha devoção, nada encontrei entre o que possuo a que atribuísse maior importância, ou estimasse mais, do que o conhecimento dos feitos dos grandes homens que me deu uma longa experiência dos acontecimentos atuais e o estudo constante dos fatos passados. 
Havendo-os estudado e ponderado longamente, com grande empenho, submeto-os agora a Vossa Alteza reduzidos a um pequeno volume.
*
I
OS VÁRIOS TIPOS DE ESTADO, E COMO SÃO INSTITUÍDOS.
*
Todos os Estados existentes e que já existiram são e foram repúblicas ou monarquias.
As monarquias são hereditárias, ou fundadas recentemente. Estas podem ser novas ou anexadas aos domínios hereditários de um príncipe.
*
II
AS MONARQUIAS HEREDITÁRIAS.
*
A dificuldade de manter Estados hereditários habituados a uma família reinante é muito menor do que a oferecida pelas novas monarquias, bastando para isso evitar a transgressão dos costumes tradicionais e saber adaptar-se a circunstâncias imprevistas.
*
III
AS MONARQUIAS MISTAS.
*
Se não se trata de um governo inteiramente novo, mas de membro recente de um Estado hereditário – um Estado misto, por assim dizer – ele tenderá a sofrer alterações originadas em uma dificuldade inerente aos novos Estados: os homens mudam de governantes com grande facilidade, esperando sempre melhorar.
*
A esperança leva a se levantar em armas contra os que governam, o que é um engano, pois, a experiência demonstra mais tarde que a mudança foi para pior.
Isto por sua vez, reflete outra causa muito natural –as injúrias com que o novo monarca inevitavelmente ofende seus súditos ( ... ).
*
O soberano fará, assim, inimigos - e não poderá manter a amizade dos que o ajudaram na conquista do poder, por não lhe ser possível satisfazer suas expectativas – como não poderá também aplicar medidas enérgicas contra estes últimos, devido às obrigações contraídas.
Portanto, precisará sempre do favor dos habitantes de um território para poder dominá-lo, por mais poderoso que seja seu exército.
*
Os Estados que por anexação se unem a um outro previamente existentes podem ser da mesma nacionalidade e língua ou não.
*
No primeiro caso, será fácil dominá-lo, especialmente se não estiver habituado à liberdade; para impor-lhe com segurança o domínio, bastará que desapareça a família que anteriormente o tenha governado.
No segundo caso, quando a situação não é alterada, não havendo divergência de costumes, o povo aceitará tranquilamente os novos governantes.
*
Quando se conquista uma província com língua, leis e costumes diferentes, são grandes as dificuldades a vencer, sendo necessários boa sorte e muito trabalho para mantê-la.
*
Deverá o príncipe:
fazer ali sua residência ou instalar colônias.
É preciso tratar bens os homens ou então aniquilá-los, pois, eles se vingarão de pequenas injúrias, mas, nunca de agressões definitivas: só devemos injuriar alguém quando não temermos sua vingança.
*
V
O MODO DE CONSERVAR CIDADES OU ESTADOS QUE ANTES DE CONQUISTADOS TINHAM SUAS PRÓPRIAS LEIS.
*
Arruiná-lo.
Ir nele residir.
Permitir continuar vivendo com suas próprias leis, impondo-lhe um tributo e instituindo um governo de poucas pessoas do lugar, que sejam amigas.
*
Quem se torna senhor de uma cidade livre, e não a destrói, pode esperar ser destruído por ela, pois, sempre haverá motivo para rebelião em nome da liberdade e das antigas tradições, que nem o curso do tempo nem os benefícios recebidos conseguem apagar.
A solução, portanto, será devastá-la ou nela ir residir.
*
Mas ( ... ), quando as cidades ou províncias não sabem viver em liberdade, isto torna difícil para eles levantarem-se em armas, podendo ser dominados facilmente, se o príncipe estabelecer o poder com segurança.
*
VI
OS NOVOS DOMÍNIOS, CONQUISTADOS COM VALOR E AS PRÓPRIAS ARMAS.
*
Os homens tendem a imitar os exemplos já percorridos por outros.
Não sendo possível imitá-los ou alcançar a excelência demonstrada pelos modelos que imita, a pessoa prudente escolherá sempre o caminho trilhado pelos grande homens, selecionando os mais admiráveis, de modo que, mesmo sem atingir sua grandeza, se beneficiará de qualquer modo com alguns de seus reflexos.
*
Aqueles que se tornam príncipes pelo seu próprio valor conquistam domínios com dificuldade, mas os mantém facilmente.
A dificuldade se origina em parte nas inovações que são obrigados a introduzir para fundar o Estado com segurança.
*
Não há nada mais difícil de executar e perigoso de manejar (e de êxito mais duvidoso) do que a instituição de uma nova ordem de coisas.
*
Para executar seus desígnios precisam de ajuda de outros, ou podem impor-se por si próprios?
*
No primeiro caso não se chega a lugar algum, sempre se dão mal. 
No segundo caso raras vezes falham. 
Daí a razão porque todos os profetas armados vencem, e são vencidos os desarmados.
*
VII
OS NOVOS DOMÍNIOS CONQUISTADOS COM ARMAS E BOA SORTE ALHEIAS.
*
Aqueles que se tornam príncipes exclusivamente pela sorte empregam nisso pouco trabalho, mas só a muito custo se mantêm na nova posição; não encontram nenhuma dificuldade para alcançar seu objetivo, mas todas as dificuldades aparecem quando lá chegam.
São os que recebem um domínio em troca de dinheiro ou pela graça alheia.
*
Os Estados criados subitamente – como tudo o mais que na natureza nasce e cresce com rapidez – não têm raízes profundas e ramificadas, de modo que a primeira tempestade os derruba.
*
VIII
OS QUE COM ATOS CRIMINOSOS CHEGARAM AO GOVERNO DE UM ESTADO.
*
Não se pode, contudo, chamar de valor o assassínio dos seus compatriotas, a traição dos amigos, a conduta sem fé, piedade e religião; são métodos que podem conduzir ao poder, mas não à glória.
*
Com relação ao uso da crueldade:
Usá-la de uma só vez.
As crueldades mal empregadas são as que, sendo a princípio poucas, crescem com o tempo, em vez de diminuir.
*
IX
O GOVERNO CIVIL.
*
Governo civil é o governo de um cidadão que se torna soberano não por meio do crime, ou de violência intolerável, mas pelo favor dos seus concidadãos.
*
 
Chega-se a tal governo pela astúcia assistida pela sorte.
 
Com o apoio da opinião do povo ou da aristocracia.
*
Em todas as cidades se podem encontrar estes dois partidos antagônicos, que nascem do desejo popular de evitar a opressão dos poderosos, e na tendência destes últimos, para comandar e oprimir o povo. Desses dois interesses que se opõem surge uma de três consequências: o governo absoluto, a liberdade ou a desordem.
*
Quando os ricos percebem que não podem resistirao povo, unem-se exaltando um dos seus e fazendo-o príncipe, de modo a poder perseguir seus propósitos à sombra da autoridade soberana.
*
O povo, por outro lado, quando não pode resistir aos aristocratas, procura exaltar, criar um príncipe que o proteja com sua autoridade.
*
Quem chega ao poder com a ajuda dos ricos tem maior dificuldade em manter-se no governo do que quem é apoiado pelo povo, porque está cercado de indivíduos que se crêem seus iguais, e não pode assim dirigir ou ordenar tudo o que lhe apraz.
*
Mas quem chega ao poder levado pelo favor popular está só; e ninguém, ou muito poucos, não se dispõem a obedecê-lo. Além disso, é impossível satisfazer a nobreza pela conduta justa sem causar prejuízo aos outros, mas é muito fácil satisfazer assim as massas.
*
De fato, o povo tem objetivos mais honestos que a nobreza; esta quer oprimir, enquanto o povo deseja apenas evitar a opressão. 
Acrescente-se que o príncipe nunca se pode garantir contra a hostilidade do povo, devido ao seu número, mas pode precaver-se contra a hostilidade dos poderosos, que são poucos.
*
Os nobres pertencem a duas categorias: ou se comportam de modo a depender inteiramente da sorte do soberano ou não.
É necessário que o príncipe tenha o favor do povo; senão, na adversidade lhe faltarão recursos.
*
XII
OS DIFERENTES TIPOS DE EXÉRCITO E AS FORÇAS MERCENÁRIAS.
*
A base principal de todos os Estados, sejam novos, antigos ou mistos, são boas leis e bons soldados [boas armas]. 
Não pode haver boas leis onde não há bons soldados, devendo haver boas leis quando os soldados são bons.
*
As tropas com que um príncipe defende seus domínios podem ser próprias, mercenárias, auxiliares ou mistas.
*
As mercenárias e auxiliares são inúteis e perigosas ( ... ), são soldados desunidos, ambiciosos, sem disciplina nem fé, desrespeitosos dos amigos, covardes frente aos inimigos; ( ... ) o único motivo que o prende à luta é um salário modesto, insuficiente para fazê-lo morrer pelo soberano, a quem o abandonam iniciada a guerra.
*
XIII
FORÇAS AUXILIARES, MISTAS E NACIONAIS.
*
As forças auxiliares, solicitadas a um vizinho poderoso para a defesa do Estado, são tão inúteis quanto as mercenárias.
Quem não quiser fazer conquistas que empregue essas forças, mais perigosas do que os mercenários: trazem a ruína completa, uma vez que são unidas e obedientes, mas, servem a outrem.
*
Em suma: 
O maior perigo dos mercenários está na sua covardia e na relutância em lutar.
Com relação aos auxiliares, é sua coragem o maior perigo.
*
As forças próprias de um príncipe são aquelas compostas por seus súditos, cidadãos, ou dependentes; as demais são todas mercenárias ou auxiliares.
Nenhum príncipe está seguro sem suas próprias forças; sem elas dependerá inteiramente da sorte, sem meios confiáveis de defesa quando surgirem dificuldades.
*
XIV
OS DEVERES DO PRÍNCIPE PARA COM SEUS SOLDADOS.
*
Os príncipes não deveriam ter outro objetivo ou pensamento além da guerra, sua organização e disciplina, nem estudar qualquer outro assunto; pois esta é a única arte necessária para quem comanda; tem tal importância que não só mantém no poder os que nasceram príncipes mas torna possível a homens comuns atingir uma posição soberana.
*
Os príncipes nunca devem permitir, portanto, que seu pensamento se afaste dos exercícios militares; exercícios que devem praticar na paz mais ainda do que na guerra, de duas formas: pela ação e pelo estudo.
*
XV
AS RAZÕES PELAS QUAIS OS HOMENS, ESPECIALMENTE OS PRÍNCIPES, SÃO LOUVADOS OU CRITICADOS.
*
Naturalmente, seria louvável que um príncipe possuísse todas as boas qualidades mencionadas, mas como isto não é possível, pois as condições humanas não o permitem, é necessários que tenha a prudência necessária para evitar o escândalo provocado pelos vícios que poderiam fazê-lo perder seus domínios ( ... ).
*
Contudo, não deverá preocupar-se com a prática notória daqueles vícios sem os quais é difícil salvar o Estado; isto porque, se se refletir bem, será fácil perceber que certas qualidades que parecem virtudes levam à ruína, e outras que parecem vícios trazem como resultado o aumento da segurança e do bem-estar.
*
XVI
A LIBERDADE E A PARCIMÔNIA.
*
Não há dúvida de que é bom ser considerado liberal; contudo, a liberalidade praticada para que todos a percebam prejudicará o príncipe; e se exercida virtuosamente, de modo apropriado, não será reconhecida, levando à reputação do vício contrário.
*
Ora, de tudo o que o príncipe precisa evitar, o mais importante é ser desprezado ou odiado; e a liberalidade conduzirá a uma ou outra dessas condições. É melhor, portanto, ser conhecido como miserável – uma desgraça que não provoca ódio – do que ter necessariamente fama de voraz, o que causa tanto desgraça quanto ódio.
*
XVII
A CRUELDADE E A CLEMÊNCIA. SE É PREFERÍVEL SER AMADO OU TEMIDO.
*
O príncipe, portanto, não deve temer a acusação de crueldade, se seu propósito é manter o povo unido e leal; de fato, com poucos exemplos poderá ser mais clemente do que aqueles que, por excesso de piedade, permitem a ocorrência de distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. Estes últimos, de modo geral, prejudicam toda a comunidade, enquanto as execuções ordenadas pelo príncipe só afetam indivíduos isolados.
*
Será preciso, contudo, ter cuidado com aquilo que fizer, e no que acreditar; é necessário que não tenha medo da própria sombra, e que aja com equilíbrio, prudência e humanidade, de modo que o excesso de confiança não o leve à imprudência, e a desconfiança excessiva não o faça intolerante.
*
Amado ou temido?
É preciso ser ao mesmo tempo amado e temido, mas, como isto é difícil, é muito mais seguro ser temido, se for preciso escolher.
*
Quando for preciso executar um cidadão, que haja uma justificativa e razão manifesta; acima de tudo, que o príncipe se abstenha de tomar a propriedade dos outros, pois os homens se esquecem mais facilmente da morte do pai do que da perda do patrimônio.
*
Os homens amam de acordo com seu próprio arbítrio, mas temem segundo a vontade do príncipe; portanto, o príncipe sábio deve apoiar-se nos meios ao seu alcance, e não no que depende do poder alheio, devendo apenas evitar o ódio, como já se explicou.
*
XVIII
A PALAVRA DOS PRÍNCIPES.
*
Todos sabem que é louvável que o príncipe mantenha a palavra empenhada, e viva com integridade e não com astúcia. Contudo, a experiência dos nossos tempos mostra que os príncipes que tiveram pouco respeito pela boa fé puderam com astúcia confundir os espíritos e chegaram a superar os que basearam sua conduta na lealdade.
*
Não é necessário que um príncipe tenha todas as qualidades, mas, é necessário que as aparente todas. Ousaria mesmo afirmar que possuí-las todas, e sempre as observar, chega a ser perigoso, mas a aparência de possuí-las todas é útil.
*
Deve-se entender que um príncipe, especialmente se for novo, não pode observar tudo o que é considerado bom nos outros homens, sendo muitas vezes obrigado, para preservar o Estado, a agir contra a fé, a caridade, a humanidade e a religião.
*
Deve o príncipe ter muito cuidado para que suas palavras nunca deixem de refletir as cinco qualidades indicadas, de forma que quem o veja e ouça pense ser todo ele piedade, fé, integridade, humanidade e religião.
*
Nada mais necessário do que a aparência da religiosidade, já que de modo geral os homens julgam mais com os olhos do que com o tato: todos podem ver, mas poucos são capazes de sentir.
*
XIX
COMO EVITAR O DESPREZO E O ÓDIO.
*
O que mais concorrerá para que seja odiado é a conduta predatória, a usurpação dos bens e das mulheres dos súditos – o que deve evitar.*
Quando os súditos têm seu patrimônio e honra respeitados, vivem de modo geral satisfeitos; será preciso apenas que o príncipe combata a ambição de alguns poucos, que poderão ser controlados facilmente de muitas formas. 
*
Por outro lado, o soberano será desprezado se for visto como instável, modesto, efeminado, medroso e indeciso. 
*
Será necessário que se proteja disso como de um grave perigo, e que suas ações testemunhem grandeza, elevação de espírito, gravidade e fortaleza. Que, ao governar, suas decisões sejam irrevogáveis, e que as sustente de tal forma que a ninguém ocorra enganá-lo ou iludi-lo.
*
Quando a disposição do povo é propícia o soberano tem pouco que se preocupar com as conspirações; mas quando os súditos são hostis, e o odeiam, precisará temer a todos e a cada um.
*
Os Estados bem organizados e os príncipes sábios estudam com interesse a maneira de poupar aos nobres o desespero, e como agradar o povo e mantê-lo satisfeito. Este é um dos assuntos mais importantes com que os príncipes se devem ocupar.
*
O ódio pode ser provocado pelas boas obras como pelas más; portanto, como disse antes, o príncipe que deseja manter seu domínio é forçado muitas vezes a praticar o mal, pois, quando o partido que considera necessário para manter sua posição é corrupto ( ... ) precisa acomodar-se a ele e satisfazê-lo, e nesse caso as boas obras serão inconvenientes.
*
XXI
COMO DEVE AGIR UM PRÍNCIPE PARA SER ESTIMADO.
*
É muito vantajoso também para o príncipe dar algum exemplo notável de sua grandeza no campo da administração interna ( ... ). Quando acontece que alguém faz algo extraordinário na vida pública – de bom ou de mau – é preciso que o príncipe encontre algum meio de recompensa ou de punição que seja muito comentado, a fim de que o príncipe conquiste fama de grandeza e excelência.
*
Verdadeiro amigo e inimigo verdadeiro.
Ou uns ou outros (sem neutralidade).
Deve entrar na guerra entre dois vizinhos.
Se não o fizer, será vítima do Estado vitorioso.
O Estado vitorioso não há de querer amigos dos quais suspeita e que não o ajudarão na dificuldade.
O Estado derrotado não receberá um príncipe que se omitiu na guerra, e não se expôs para defender sua causa.
*
Os príncipes devem demonstrar também amor pelas virtudes, dar preferência aos mais capazes e honrar os melhores em cada arte.
*
Precisam os príncipes manter o povo ocupado com festas e espetáculos, nas épocas convenientes; e como toda cidade se divide em corporações ou em classes, devem dar atenção a todos esses grupos, juntando-se a eles de tempos em tempos, dando-lhes um exemplo de sua humanidade e munificência [liberalidade], sem perder a majestade em um só momento.
*
XXII
OS MINISTROS
*
Há um método que nunca falha para que o príncipe possa conhecer um ministro. Se este pensa em si mais do que no príncipe, e busca em todas as ações o próprio lucro, nunca será um bom ministro, e não deve merecer confiança, pois quem tem em suas mãos os negócios do Estado não deve pensar em si, mas no monarca, não devendo importar-se com nada que não diga respeito a este.
*
O príncipe, por outro lado, para manter a fidelidade do ministro deve pensar nele, honrando-o e enriquecendo-o, fazendo-lhe favores, conferindo-lhe honrarias e atribuindo-lhe incumbências de responsabilidade, de forma que as grandes riquezas e honrarias já recebidas não lhe provoquem desejo de mais riquezas e honrarias, e os cargos que já ocupa o façam temer quaisquer mudanças.
*
Quando os príncipes e ministros não se relacionam desta forma, o resultado é sempre prejudicial para um deles.
*
XXIII
COMO EVITAR OS ADULADORES.
*
Não há outra forma de se defender contra a adulação do que fazer as pessoas compreenderem que não cometerão ofensa ao falar a verdade; mas, quando todos podem falar a verdade a alguém, perdem-lhe o respeito.
*
O príncipe que der ouvido aos aduladores, mudará muitas vezes de posição, por causa da variedade de opiniões ouvidas e será pouco respeitado.
*
Os príncipes devem, portanto, aconselharem-se sempre – mas só quando desejam, e não quando outros o querem; ao contrário, devem desencorajar fortemente quaisquer tentativas de aconselhá-los quando não pediram nenhum conselho.
*
Precisam, contudo, aconselhar-se com muita frequência, ouvindo com paciência a verdade sobre os assuntos indagados, irritando-se ao perceber que alguém tem escrúpulos em dizer-lhes a verdade.
*
Muitos pensam que o príncipe que tem fama de prudente é assim considerado não pelo próprio caráter, mas pelos bons conselheiros que o cercam; sem dúvida, porém, se enganam.
*
XXIV
POR QUE NA ITÁLIA OS PRÍNCIPES PERDERAM SEUS DOMÍNIOS.
*
Tudo o que recomendei até aqui, se observado com prudência, fará com que um novo soberano pareça antigo, tornando-o ao mesmo tempo mais seguro e mais firme no governo do seu Estado do que se há muito estivesse lá estabelecido.
*
Aqueles dentre nossos príncipes que mantiveram suas possessões por muitos anos não devem responsabilizar a sorte por tê-las perdido, mas sim sua própria frouxidão. 
*
Como nunca consideraram, nos tempos tranquilos, que as coisas podem mudar ( ... ), só pensaram em fugir – em vez de se defenderem – quando chegou a adversidade. E esperavam que o povo, irritado com a insolência [arrogância, atrevimento,...] dos conquistadores, os chamasse de novo ao poder.
*
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As palavras VIRTÚ e FORTUNA.
*
BIBLIOGRAFIA
MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Porto Alegre: Editora L&PM, 2008.
*
AVALIAÇÃO
Identificar conselhos morais e conselhos políticos de Maquiavel.

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