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APOSTILA - LINGUAGEM JURIDICA

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FUMESC – Fundação Machadense de Ensino Superior e Comunicação
LINGUAGEM
JURÍDICA
PROFESSOR RODRIGO LUIZ NERY
2º SEMESTRE / 2011
FUMESC – Faculdade de Direito
Disciplina: Linguagem Jurídica – Professor Rodrigo Luiz Nery
2
PLANEJAMENTO – LINGUAGEM JURÍDICA – 2º SEMESTRE/2011
Seg. 01/08 1º A CAPÍTULO I – LÍNGUA E VOCABULÁRIO
CAPÍTULO II – LINGUAGEM JURÍDICATer. 02/08 1º B
Seg. 08/08 1º A
CAPÍTULO III – SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRASTer. 09/08 1º B
Seg. 15/08 1º A
CAPÍTULO IV - CORRESPONDÊNCIASTer. 16/08 1º B
Seg. 22/08 1º A
TRABALHO: CORRESPONDÊNCIASTer. 23/08 1º B
Seg. 29/08 1º A
(FERIADO)Ter. 30/08 1º B
Seg. 05/09 1º A
CAPÍTULO V – CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINALTer. 06/09 1º B
Seg. 12/09 1º A
(FERIADO)Ter. 13/09 1º B
Seg. 19/09 1º A
CAPÍTULO VI – REGÊNCIA VERBALTer. 20/09 1º B
Seg. 26/09 1º A
AVALIAÇÃO BIMESTRAL (CAPÍTULOS II, III, V e VI)Ter. 27/09 1º B
Seg. 03/10 1º A CAPÍTULO VII – REGÊNCIAL NOMINAL
CAPÍTULO VIII – O USO DA CRASETer. 04/10 1º B
Seg. 10/10 1º A
(FERIADO)Ter. 11/10 1º B
Seg. 17/10 1º A
CAPÍTULO IX – EXPRESSÕES QUE APRESENTAM DIFICULDADESTer. 18/10 1º B
Seg. 24/10 1º A
AVALIAÇÃO (CAPÍTULOS VII, VIII, IX)Ter. 25/10 1º B
Seg. 31/10 1º A CAPÍTULO X – A LEI
CAPÍTULO XI – TEXTO E DISCURSOTer. 01/11 1º B
Seg. 07/11 1º A TRABALHO – LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE
TEXTOSTer. 08/11 1º B
Seg. 14/11 1º A
(FERIADO)Ter. 15/11 1º B
Seg. 21/11 1º A
AVALIAÇÃO BIMESTRAL (CAPÍTULOS VII, VIII, IX, X e XI)Ter. 22/11 1º B
Seg. 28/11 1º A
REVISÃO DE CONTEÚDO / EXERCÍCIOS PRÁTICOSTer. 29/11 1º B
Seg. 05/12 1º A
EXAME FINALTer. 06/12 1º B
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Disciplina: Linguagem Jurídica – Professor Rodrigo Luiz Nery
3
CAPÍTULO 1
LÍNGUA E VOCABULÁRIO
Conceitos básicos:
Linguagem: é a capacidade comunicativa dos seres. A linguagem articulada é aquela em que se constrói um
sistema organizado de signos.
Signo: é uma unidade de representação. O signo representa, no ato da enunciação, um elemento que está
ausente e é evocado quando da substituição pelo signo.
Signo lingüístico: signo arbitrário que une um conceito a uma imagem acústica, ou seja, faz a ligação entre o
significado e o significante.
Denotação: uso do signo lingüístico em seu sentido comum, corrente, arbitrário.
Conotação: uso do signo lingüístico em sentido figurado, criativo, não relacionado à arbitrariedade de sua
significação, mas ao que suscita o conceito por ele evocado.
Língua: conjunto de sinais organizados convencionalmente para servir à comunicação. A língua é uma das
formas de linguagem, o código que melhor atende às necessidades de expressão humana.
Fala: uso que cada indivíduo faz das combinações possibilitadas pela língua. Enquanto a língua constitui um
depositório de signos, a fala pressupõe uma postura ativa sobre a língua.
Campo etimológico e campo semântico:
Construir um campo etimológico significa reunir vocábulos que tenham a mesma raiz ou o mesmo radical. O
campo semântico reúne palavras cognatas, ou seja, palavras “parentes”.
Exemplo:
Exercício:
1 – Construa um campo etimológico (8 palavras, no mínimo) para cada um dos vocábulos abaixo.
a) lei
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
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4
b) pão
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
c) luz
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
d) livre
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
e) juiz
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
Construir um campo semântico significa reunir vocábulos por associação de significados, construindo um
universo em que, a partir de uma palavra-chave, todas se remetam a ela por diversos critérios de aproximação.
Exemplo:
Exercício:
1 – Construa um campo semântico (8 palavras, no mínimo) para cada um dos vocábulos abaixo.
a) boca
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
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Disciplina: Linguagem Jurídica – Professor Rodrigo Luiz Nery
5
b) pé
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
c) justiça
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
d) prisão
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
e) drogas
_____________ _____________ _____________ _____________
_____________ _____________ _____________ _____________
Anotações:
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6
CAPÍTULO 2
LINGUAGEM JURÍDICA
Linguagem jurídica é, segundo Cornu1, um ramo de estudo da linguagem que vem se
desenvolvendo, dedicado ao estudo da linguagem do direito.
A linguagem que é observada é aquela do direito (da norma, da decisão, da convenção, das
declarações, das negociações, das relações, do ensino). Este estudo é jurídico, porque a linguagem
jurídica ou comum é sempre objeto de uma regra de direito (quando a lei exige, no uso de uma
língua, o emprego de certas palavras etc.). Este estudo é jurídico, ainda, por todas as ações jurídicas
que se exercem sobre a língua: a lei nomeia (os contratos, os delitos), a lei consagra num emprego
novo (com sentido particular) um termo da língua usual, a jurisprudência2 e a doutrina concorrem para
isso. A lingüística é aqui jurídica pela impregnação da linguagem pelo direito. Ela tem entre seus
objetos as interações da linguagem e do direito, quer dizer, tanto a ação do direito sobre a linguagem
como a ação da linguagem sobre o direito. É essencial compreender que o estudo lingüístico da
linguagem do direito conduz necessariamente àquele do direito da linguagem.
Vocabulário Jurídico
Parece, à primeira vista, que o vocabulário jurídico não se limita apenas aos termos de
pertinência jurídica exclusiva. Ele se estende a todas as palavras que o direito emprega numa
acepção3 que lhe é própria. Ele engloba todos os termos que, tendo ao menos um sentido no uso
ordinário4 e ao menos um sentido diferente aos olhos do direito, são marcados pela polissemia5.
Resumidamente, pode-se dizer que o vocabulário jurídico é composto pelos seguintes tipos de
termos:
1) termos que possuem o mesmo significado na língua corrente e na linguagem jurídica, por exemplo,
hipótese, estrutura, confiança, reunião, critério, argumentos, etc.;
2) termos de polissemia externa, isto é, termos que possuem um significado na língua corrente e outro
significado na linguagem jurídica, por exemplo:
- sentença – na língua corrente significa uma frase, uma oração; já na linguagem jurídica,
significa a decisão de um juiz;
- ação – na linguagem corrente significa qualquer ato praticado por alguém, na linguagem
jurídica é a manifestação do direito subjetivo de agir, isto é, de solicitar a intervenção do Poder
Judiciário na soluça de um conflito, podendo, assim, ser sinônimo de processo, demanda;
3) termo de polissemia interna, isto é, termos que possuem mais de um significado no universo do Direito,
por exemplo:
- prescrição (prescrever) – pode significar na linguagem jurídica: determinação, orientação, por
exemplo: A lei prescreve em tais caso que se aplica o art. ... pode também significar a perda de
um direito pelo decurso6 do prazo, por exemplo: O direito de agir, em tais casos, prescreve em
dois anos.
1 CORNU, G. Linguistique juridique. Paris: Montchrestien, 1990.
2 Jurisprudência: interpretação reiterada que os tribunaisdão à lei, nos casos concretos submetidos a seu julgamento.
3 Acepção: sentido em que se emprega um termo; significação.
4 Ordinário: que está na ordem usual das coisas; habitual, comum. Regular, freqüente.
5 Polissemia: é o fato de uma determinada palavra ou expressão adquirir um novo sentido além de seu sentido original,
guardando uma relação de sentido entre elas.
6 Decurso: ato de decorrer; passagem do tempo. Tempo de duração. Sucessão, seqüência.
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7
4) termos que só tem significação no âmbito7 do Direito, não têm outro significado a não ser na linguagem
jurídica, por exemplo, usucapião8, enfiteuse9, anticrese10, acórdão11, etc.;
5) termos latinos de uso jurídico; por exemplo: caput, data venia, ad judicia, etc.
Níveis da Linguagem Jurídica
A linguagem do direito compreende, pois, vários níveis. A suposição global de uma única
realidade é substituída pela observação de muitos níveis lingüísticos. Não existe uma linguagem
jurídica, mas uma linguagem legislativa, uma linguagem judiciária, uma linguagem convencional,
uma linguagem administrativa, uma linguagem doutrinária. O estudo do discurso jurídico não pode
ser feito a não ser por nível de linguagem.
Assim, levando-se em consideração que a finalidade é que atribui a juridicidade à linguagem
jurídica, pode-se detalhar seus níveis em:
1) linguagem legislativa – a linguagem dos códigos, das normas; sua finalidade: criar o direito;
2) linguagem judiciária, forense ou processual – é a linguagem dos processos; sua finalidade é
aplicar o direito;
3) linguagem convencional ou contratual – é a linguagem dos contratos, por meio dos quais se
criam direitos e obrigações entre as partes;
4) linguagem doutrinária – é a linguagem dos mestres, dos doutrinadores, cuja finalidade é
explicar os institutos jurídicos, é ensinar o direito;
5) linguagem cartorária ou notarial – a linguagem jurídica que tem por finalidade registrar os atos
de direito.
Exercícios
I. Pesquisar no dicionário de termos jurídicos o significado dos termos grifados:
1) “De início cumpre registrar, a respeito do instituto da litispendência, as imprecisões do Código
de Processo Civil no trato do vocábulo, empregado indiscriminadamente, para duas situações
totalmente distintas.”
2) “Em regra, a fungibilidade é própria dos bens móveis, e a infugibilidade, dos imóveis.
Entretanto, há bens móveis que são infungíveis.”
3) “Essa restauração de eficácia é categorizável como repristinação, e admitida em nome do
princípio da segurança e da estabilidade das relações sociais.”
4) A ab-rogação, expressão raramente usada hodiernamente12, pode ser tácita13 ou expressa.
7 Âmbito: campo.
8 Usucapião: modo de adquirir propriedade móvel ou imóvel pela posse pacífica e ininterrupta desta, por certo tempo.
9 Enfiteuse: deriva diretamente do arrendamento por prazo longo ou perpétuo de terras públicas a particulares, mediante a
obrigação, por parte do adquirente (enfiteuta), de manter em bom estado o imóvel e efetuar o pagamento de uma pensão ou
foro anual (vectigal), certo e invariável, em numerário ou espécie, ao senhorio direto (proprietário).
10 Anticrese: é um instituto civil, espécie de direito real de garantia, ao lado do penhor e da hipoteca, no qual o devedor, ou
representante deste, entrega um bem imóvel ao credor, para que os frutos deste bem compensem a dívida.
11 Acórdão: Decisão proferida em grau de recurso por tribunal coletivo.
12 Hodiernamente: Atualmente, dos dias de hoje.
13 Tácita: Implícita, silenciosa.
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8
5) “Daí a parecença14 entre a rescisão por vício redibitório e a resolução por inadimplemento,
conforme a concebeu no art. 1.092, parágrafo único, do Código Civil.”
6) “Os poderes e as obrigações do curador são fixados pelo juiz, conforme as circunstâncias.”
7) “O seqüestro e o arresto são medidas cautelares cuja diferença se situa no objeto da medida.”
8) “É função típica, prevalecente, do Poder Judiciário exercer a jurisdição.”
9) “Os casos de contrafação são previstos pelo Código Civil.”
10) “Nada tem a teoria da decadência, ou seja, da temporariedade dos direitos, com a teoria da
prescrição.”
11) “Na ementa do acórdão, o relator já dá a conhecer a decisão final.”
12) “A teoria de Direito Penal distingue os dois tipos de delito: furto e roubo, que o povo tem por
hábito considerar como sinônimos.”
13) “A Constituição Federal assegura a isonomia no art. 5º.”
14) “O Código de Processo Civil de 1973 alterou profundamente o sistema das exceções.”
15) “A notificação, em regra, é ato dirigido à pessoa que não contende em juízo, no que difere da
intimação e da citação.”
II. Adjetivos de uso jurídico:
Os adjetivos constituem uma classe de palavras variáveis que dão atributo ao substantivo, concordando
com ele em gênero e número. Como todo signo lingüístico, apresentam um significante – as letras e/ou som
– e um significado – o conceito que encerram. Tendo essas noções em vista, buscar o conceito para os
adjetivos grifados:
1) Documento apócrifo
2) Pessoa inimputável
3) Casamento putativo
4) Tribunal incompetente
5) Bens fungíveis
6) Devedor inadimplente
7) Lei draconiana
8) Juiz prevaricador
9) Contrato leonino
10) Direito imprescritível
11) Ação reipersecutória
12) Bens aquestos
13) Petição inepta
14) Norma cogente
15) Herança jacente
16) Sentença terminativa
17) Prazo peremptório
18) Direito (processual) precluso
19) Depoimento intempestivo
20) Contrato inominado
14 Parecença: semelhança.
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21) Lei repristinatória
22) Despacho saneador
23) Crime preterintencional
24) Juiz prevento
III. Locuções adjetivas de uso jurídico:
Locuções adjetivas consistem em duas ou mais palavras, normalmente uma preposição e um adjetivo, que
têm o mesmo valor dos adjetivos. A importância em conhecer as locuções adjetivas reside no fato de que
os adjetivos a elas correspondentes vieram para língua portuguesa posteriormente aos substantivos, o que
lhes dá ma forma, muitas vezes, mais próximas da forma latina. Por exemplo, a locução adjetiva “em
dinheiro”, na expressão “bens em dinheiro”, pode ser substituída pelo adjetivo “pecuniários”, derivado do
latim pecus, pecoris – rebanho, grande número de animais da mesma espécie, ovelhas, carneiros, que
evoluiu para riqueza em gado, dinheiro. Assim, a expressão “bens pecuniários” significa a mesma coisa que
“bens em dinheiro”.
Tendo em vista as considerações acima, substituir as locuções adjetivas grifadas pelos adjetivos
correspondentes:
1) Imposição da lei
2) Unidade de prisão
3) Decisão de juiz
4) Honorários de advogado
5) Dever de cidadão
6) Outorga de esposa
7) Curso de Direito
8) Ação no Direito Civil
9) Valor da moeda
10) Prisão em casa
11) Idade de casa
12) Direito fundado no costume
13) Cláusula de contrato
14) Interesse de patrão
15) Direito sobre a coisa
16) Vínculo de empregado
17) Pensão de alimentos
18) Nome de empresa
19) Crédito de hipoteca
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10
IV. Vimos que o vocabulário Jurídico é composto por termos que apresentam pertinência
exclusiva ao direito, isto é, termos que só têm significado no campo jurídico, além de
outros tipos de termos. Os exercícios que seguem tratam de termos de pertinência
exclusiva e consistem em consultar um dicionário jurídico para pesquisar o significado
dos termos abaixo arrolados.
Pesquisar o significado dos termos abaixo:
1) Arras
2) Acórdão
3) Aresto
4) Exegese
5) Evicção
6) Hermenêutica
7) Juntada
8) Litispendência
9) Mora
10) Malversação
11) Peculato
12) Preempção
13) Revelia
14) Supérstite
15) Sursis
16) Anticrese
17) Caução
18) Concussão19) Custas
20) Delito
21) Enfiteuse
22) Erário
23) Fideicomisso
24) Inadimplemento
25) Interpelação
26) Litisconsorte
27) Precatória
28) Quitação
29) Reconvenção
30) Rogatória
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V. Sabemos que todos os institutos jurídicos contêm dois sujeitos, o ativo e o passivo.
Os sufixos gramaticais nos auxiliam na formação desses sujeitos, a partir do substantivo que
nomeia tais institutos. Assim, para o sujeito ativo, são comuns os sufixos: -ante, -ente, -inte, -or;
por exemplo, agravo – agravante. Para o sujeito passivo, são comuns os sufixos: -ado, -ário; por
exemplo, agravado.
Com base na explicação supra, escrever os sujeitos ativo e passivo dos institutos arrolados abaixo:
INSTITUTO JURÍDICO: SUJEITO ATIVO: SUJEITO PASSIVO:
Agravo
Alienação
Apelação
Comodato
Depósito
Deprecação
Doação
Embargos
Exceção
Execução
Notificação
Outorga
Querela
Reclamação
Reconvenção
Requerimento
Súplica
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12
CAPÍTULO 3
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
O signo lingüístico, segundo a concepção semiológica de raiz saussuriana15, é constituído de
duas partes indissolúveis: uma denominada significante, ou plano da expressão, perceptível, formada
de sons, que podem ser representados por letras; e uma denominada significado, ou plano do
conteúdo, inteligível, constituída de um conceito.
Ao ouvirmos ou lermos, por exemplo, a palavra “cavalo”, percebemos a combinação de
sons/letras – o significante – e o associamos a um conceito – o significado.
Numa língua natural, é comum a ocorrência de um significante ser suporte de mais de um
significado, ou seja, o mesmo termo apresenta vários significados.
A palavra ação, por exemplo, apresenta vários significados registrados nos dicionários:
1) ato ou efeito de atuar; atuação, ato, feito, obra;
2) maneira como um corpo, um agente, atua sobre o outro;
3) modo de proceder, comportamento, atitude;
4) seqüência de gestos, movimentos e atitudes dos atores em cena;
5) capacidade de invocar o poder jurisdicional para fazer valer um direito que se julga ter;
6) meio pelo qual se pode movimentar o aparelho jurisdicional.
Quando um significante remete a vários significados, dizemos que ocorre a polissemia.
A polissemia, própria da maioria dos signos lingüísticos, não chega a constituir problema para a
clareza e objetividade da comunicação, porque, em geral, fica neutralizada pelo contexto.
Vamos entender por contexto uma unidade lingüística de âmbito maior, onde se insere outra
unidade de âmbito menor. Assim, a palavra se insere no contexto da frase que, por sua vez, se insere
no contexto do período, que por sua vez se insere no contexto do parágrafo e assim por diante. Uma
vez inserida no contexto, a palavra perde seu caráter polissêmico, isto é, deixa de admitir vários
significados e ganha um significado específico no contexto.
Assim, na frase: “O advogado iniciou uma ação trabalhista”, o significado de ação é específico, é
um significado dado pelo contexto.
Para a compreensão de um texto, a depreensão do significado contextual é um dado importante.
Num texto, tudo deve ser amarrado e coerente; a coerência do texto permite que se capte o sentido
que as palavras assumem no contexto.
A relação existente entre o plano da expressão e o plano de conteúdo configura o que
chamamos de denotação, isto é, a palavra apresenta um significado conhecido por todos, o sentido
dicionarizado. Por exemplo: “Com quem está a chave da porta?” “No inverno, o chocolate, servido
bem quente, aquece”.
Uma palavra, além do seu significado denotativo, pode apresentar outros significados paralelos,
por vir carregada de impressões, valores afetivos, negativos e positivos. Esses valores sobrepostos
ao signo constituem o que se denomina conotação, isto é, a palavra empregada em sentido
conotativo tem a propriedade de apresentar significados diferentes do seu sentido original, mantendo
inalterado o significante. Por exemplo: Aí está a chave do problema. Esta é a porta do sucesso. No
inverno da vida, seus pensamentos retornam à juventude.
15 Ferdinand de Saussure (26 de novembro, 1857 - 22 de Fevereiro 1913) era um suíço lingüista cujas idéias colocou uma
fundação para muitos desenvolvimentos significativos na lingüística no século 20. Saussure é amplamente considerado um
dos pais da lingüística do século 20.
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13
Duas palavras podem ter a mesma denotação16, mas conotação17 completamente diversa, e essa
propriedade pode servir para deixar clara a diferença entre essas duas dimensões do signo
lingüístico. Por exemplo, as palavras docente, professor e instrutor, que denotam praticamente a
mesma coisa: alguém que instrui alguém; as três, entretanto, são carregadas de conteúdos
conotativos diversos, sobretudo no que diz respeito ao prestígio e ao grau de respeitabilidade que
cada um desperta.
A constatação desses fatos leva-nos a outras questões: a primeira é a da sinonímia lexical.
Quando duas palavras podem ser consideradas sinônimas? Respondendo de forma simples, pode-se
dizer que serão sinônimas quando houver identidade de significação. Esta resposta, no entanto, não
é satisfatória, haja vista o exemplo acima.
Para que duas palavras sejam sinônimas é necessário, além da discutível identidade de
significação, que a sua contribuição para o significado de uma frase seja igual. A sinonímia lexical,
ainda, depende do contexto em que as palavras são empregadas. Assim, muitas vezes a procura de
uma “palavra certa” relaciona-se à busca de precisão; por exemplo, palavras que, num contexto
informal, podem ser tomadas como sinônimas, num contexto técnico assumem sentidos específicos;
é o caso de roubo e furto; e separação, desquite e divórcio, no vocabulário jurídico.
Outra questão diz respeito à antonímia. Segundo as definições tradicionais, são antônimas as
palavras que apresentam sentidos opostos, contrários, como os pares bom / mau; abrir / fechar;
nascer / morrer; feliz / infeliz.
A despeito de críticas sobre as significações contrárias das palavras, como no par nascer /
morrer; que exprimem dois momentos extremos do mesmo processo de viver, e não realmente uma
oposição, lexicalmente, os antônimos se formam de duas maneiras:
1) Com radicais diferentes:
agitação / calma - agravar / atenuar
altivez / submissão - ânimo / desalento
análise / síntese - consentir / proibir
2) Com radical igual, acrescido de prefixo negativo ou de significação contrária:
feliz / infeliz - agradável / desagradável
evasão / invasão - importação / exportação
emergir / imergir - ascendente / descendente
Ainda em relação à significação das palavras, temos as questões da homonímia e da
paronímia:
1. Homônimas – dizem-se homônimas aquelas palavras que apresentam a mesma
pronúncia, ou a mesma grafia, porém significados diferentes. Subdividem-se em:
1.1 Homônimas perfeitas – têm a mesma grafia, o mesmo som, mas significados
diferentes:
rio (água fluvial) / rio (verbo rir)
são (sadio) / são (santo) / são (verbo ser)
espera (substantivo) / espera (verbo)
vão (substantivo) / vão (adjetivo) / vão (verbo)
sela (verbo selar = pôr selo) / sela (verbo selar = pôr sela no cavalo)
16 Denotação é a significação objetiva da palavra; é a palavra em "estado de dicionário".
17 Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras realidades por
associações que ela provoca.
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1.2 Homônimas imperfeitas – podem ser:
1.2.1 Homófonas – mesma pronúncia, grafia diferente e significado diferente:
sela / cela (de prisão)
censo (dados estatísticos) / senso (sentido,discernimento)
cessão / seção / sessão
acender (alumiar) / ascender (subir)
caçar (apanhar animais) / cassar (anular)
laço (nó) / lasso (frouxo, gasto)
taxa (imposto, tributo) / tacha (pequeno prego)
concerto (espetáculo) / conserto (reparo)
remição (libertação. Resgate) / remissão (perdão, renúncia)
cheque (ordem de pagamento) / xeque (soberano árabe, risco, perigo)
1.2.2 Homógrafas = mesma grafia, pronúncia diferente e significado também
diferente:
tropeço (substantivo “ê”) / tropeço (verbo “é”)
retorno (substantivo “ô”) / retorno (verbo “ó”)
almoço (substantivo “ô”) / almoço (verbo “ó”)
estrela (substantivo “e”) / estrela (verbo “é”)
2. Parônimas – são consideradas parônimas as palavras que têm a pronúncia
semelhante, a grafia semelhante, mas a significação totalmente diferente:
Deferimento (concessão) / diferimento (adiamento)
Descrição (ato de descrever) / discrição (ser discreto)
Descriminar (tirar a culpa) / discriminar (distinguir)
Eminente (alto, excelente) / iminente (prestes a ocorrer)
Incerto (duvidoso) / inserto (particípio de inserir)
Flagrante (evidente) / fragrante (perfumado)
Destratar (ofender) / distratar (romper o trato)
Infligir (aplicar pena) / infringir (desobedecer)
Exercícios:
I. Sinônimos – Sabemos que não há sinônimos absolutos; entretanto muitas palavras de
nosso vocabulário podem ter uma semelhança semântica muito grande com outras, e,
dependendo do contexto, uma delas será mais adequada ou precisa. Com essas
informações, realizar o exercício, pesquisando no dicionário sinônimos para os termos
arrolados abaixo:
1) Ardil
2) Anuência
3) Armistício
4) Antinomia
5) Causídico
6) Conluio
7) Desídia
8) Defeso
9) Demanda
10) Indenização
11) Írrito
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12) Isenção
13) Jacente
14) Maquiavélico
15) Provento
II. Antônimos – Pesquisar no dicionário o antônimo dos termos arrolados abaixo:
1) Agravante
2) Conciso
3) Contingente
4) Dissensão
5) Dilação
6) Imanente
7) Espontâneo
8) Lesivo
9) Lato
10) Oneroso
11) Perito
12) Proibição
13) Suasório
14) Sintético
15) Tácito
III. Parônimos – Selecionar, entre os parônimos, aquele que preenche corretamente as
lacunas das frases:
1) Ele foi punido por _________________________ as normas. (infligir / infringir)
2) Ele _________________________ os privilégios de ser o presidente. (fluir / fruir)
3) Não convém _________________________ aquele compromisso. (destratar x distratar)
4) Ele errou ao não _________________________ o verdadeiro culpado (delatar / dilatar)
5) Aquela intenção ainda o deve _________________________. (obcecar / obsecrar)
6) O comportamento do filho causa-lhe grande _________________________. (consumação /
consumição)
7) As medidas tomadas _________________________ os efeitos esperados. (sortir / surtir)
8) O _________________________ de escravos é uma forma indigna de comércio. (tráfego /
tráfico)
9) O Direito, pelo poder coercitivo, é _________________________ da Moral. (destinto / distinto)
10) O advogado permaneceu _________________________, por isso perdeu o prazo. (inerme /
inerte)
11) O magistrado não quis _________________________ a audiência. (deferir / diferir)
12) O juiz pode _________________________ quando não existirem provas suficientes para a
condenação. (absolver / absorver)
13) A _________________________ do acórdão já contém o suporte legal da decisão da colenda
câmara. (emenda / ementa)
14) O criminoso foi autuado em _________________________ delito. (flagrante / fragrante)
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16
15) Devemos nos empenhar para _________________________ os vícios da burocracia.
(proscrever / prescrever)
16) Pela nova legislação é crime _________________________ as pessoas por sua origem.
(descriminar / discriminar)
17) Ser _________________________ no estudo do Direito, não justifica ser
_________________________ no conhecimento das normas da língua culta. (incipiente /
insipiente)
18) A _________________________ da dívida, por um dos credores não extingue a obrigação
para com os outros que só a poderão exigir, uma vez descontada a quota do credor remitente.
(remição / remissão)
19) Em sua sustentação oral, o advogado tudo fez para _________________________ os
argumentos de seu aniversário. (elidir / ilidir)
20) Tendo em vista a situação, os advogados impetraram _________________________ de
segurança. (mandado / mandato)
Anotações:
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17
CAPÍTULO 4
CORRESPONDÊNCIA
Correspondência é o ato de se dirigir a outra pessoa por meio de um texto escrito – seja com
finalidade comercial, oficial ou familiar – e demanda igualmente muito cuidado, pois pode
comprometer o emissor, caso ele não saiba como se dirigir ao destinatário ou como tratar claramente
de um assunto e resultar em prejuízos comerciais, sociais ou legais.
É preciso atenção ao endereçar a correspondência, utilizando pronome de tratamento
correspondente ao cargo que a pessoa ocupa, pois não se pode subestimar nem supervalorizar
cargos e pessoas; trata-se de um erro imperdoável – evite-o. Veja alguns pronomes de tratamento
mais usados em correspondência:
Cargo / Título:
Forma vocativa
(como chamar a pessoa)
Forma de tratamento
(forma de se referir à pessoa)
Presidente da República,
governadores, prefeitos
municipais, embaixadores,
ministros de Estado, senadores,
deputados (federais e estaduais),
desembargadores, presidentes de
tribunais, de empresas e
autarquias
Excelentíssimo Senhor, Vossa
Excelência
Sua Excelência
Vereadores, marechais,
almirantes, brigadeiros e generais
Vossa Excelência Senhor
Outros patentes militares Vossa Senhoria Senhor
Juízes de Direito Meritíssimo Senhor, Vossa
Excelência
Sua Excelência
Papa Vossa Santidade Sua Santidade, Santíssimo
Reitor de universidade Vossa Magnificência Magnífico Reitor
Chefe das casas Civil e Militar Vossa Excelência Senhor Chefe da Casa
Diretores de empresas e de
autarquias, médicos, chefes de
setores, professores, etc.
Vossa Senhoria Senhor
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18
Carta Comercial
É enviada de uma pessoa física para uma pessoa jurídica (ou vice-versa) e de uma pessoa
jurídica a outra ou a um órgão público.
Ao escrever uma carta comercial, use palavras objetivas e sem afetação, de modo a causar
boa impressão, mas sem dar ao destinatário a sensação de que sua correspondência é muito mais
importante do que a de outras pessoas. Utilize expressões que revelem sua objetividade, pois se
deve partir do pressuposto de que ninguém tem, hoje, muito tempo a perder com informações
desnecessárias. Limite-se a escrever essencialmente aquilo que motivou sua escrita, ou seja,
desapegue-se de chavões ou de pieguismos supérfluos.
EXPRESSÕES QUE, EMBORA MUITO USADAS, DEVEM SER EVITADAS:
EXPRESSÕES CONDENADAS PARA INÍCIO DE
CARTAS:
SUBSTITUIR POR:
- Venho por meio desta solicitar...
- Servimo-nos da presente para...
- Vimos pela presente...
- Por intermédio desta, solicitamos...
- Acusamos o recebimento de seu prezado pedido...
- Chegou-nos às mãos...
- Está (ou Encontra-se) em nosso poder...
- Venho, por intermédio desta, informar...
(Obs.: o advérbio através deve ser usado somente com
sentido exato de “de um lado para outro” ou “por entre
dois pontos”. Jamais o use no lugar de “por meio de”).
Inicie a correspondência indicando
sinteticamente sua finalidade, sem a
necessidade de explicar que você escreve para
tal fim, reduzindo toda a expressão a um único
verbo.
Ex.: Solicitamos, Recebemos, Encaminhamos,
Informamos, Convidamos, etc.
EXPRESSÕES CONDENADAS PARA FECHO DE
CARTAS:
SUBSTITUIR POR:
-Sem mais, para o momento...
- Na certeza de contarmos com sua preciosa colaboração,
subscrevemo-nos...
- Com muito apreço...
- Nossa mais elevada estima e consideração atenciosa...
- Nossos protestos de elevada estima e consideração...
- Subscrevemo-nos com todo apreço...
Encerre a correspondência sem o uso de
expressões de falsa modéstia e de bajulação,
reduzindo as expressão ao lado a:
- Atenciosamente – quando se está oferecendo
algo e, assim, se declara à disposição do
destinatário com sua atenção; ou
- Cordialmente – em outras situações, quando
não se oferece nada e, simplesmente, se
encerra a carta.
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19
FORMA FÍSICA DA CARTA COMERCIAL
Quando uma pessoa jurídica destina correspondência a outra, o mais comum é o uso de papel
timbrado, evitando-se, assim, o excesso de informações a respeito da empresa emissora no corpo da carta. No
entanto, quando se trata de correspondência emitida por pessoa física (sem logomarca), é necessário que o
emissor se identifique no fim da correspondência, considerando o tipo de informação necessária ao contexto.
Esse tipo de correspondência tem uma distribuição espacial muito peculiar:
São Paulo, 21 de janeiro de 2008.
Destinatário (completo)
Prezados Senhores:
Inicie a carta com parágrafo
Fecho
Assinatura
Fulano de Tal
Cargo
Anotações:
No alto, à esquerda,
escreva a data. Não se
esqueça de deixar o
nome do mês sempre
em letra minúscula e
colocar o ponto no fim
da data.
Aqui se coloca
o nome da
empresa
completo,
inclusive a
localidade.
Use, neste local, o vocativo correto, ou seja, o nome
do destinatário. Recorra à expressão acima somente se
não souber quem é o destinatário, como no caso de
carta enviada a uma empresa quando sua hierarquia for
desconhecida.
Hoje é comum usar também a forma do parágrafo americano, que consiste em dar espaço maior
entre o fim de um parágrafo e o começo de outro, iniciados à esquerda, sem o espaço destinado à
marca do parágrafo. Lembre-se de não escrever muitos parágrafos, limitando-se ao essencial.
Afinal, não se trata de bate-papo com amigos.
Como exposto na
tabela da página
anterior.
Atenção: nunca faça linha para
a assinatura, pois se presume
que o emissor saiba escrever
sem necessidade de
demarcação de espaço. Há
necessidade de centralizar as
informações sobre o emissor,
logo abaixo da assinatura.
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Requerimento
É um pedido especial endereçado a uma autoridade, com o objetivo de obter algo que se
entende como direito do emissor. A característica principal é a impessoalidade – o emissor deve se
colocar em 3ª pessoa e nunca usar “eu” ou “nós”. A formatação obedece rigorosamente a esta
ordem:
Ilustríssimo Senhor Diretor do Departamento Estadual
de Trânsito, Dr. Fulano de Tal.
_
_
_
_
_
_
_
Fulano de Tal, documento de identidade nº 22222-
22, requer a expedição de segunda via de sua
Carteira Nacional de Habilitação de nº 88888, por ter
sido vítima de furto de seus documentos pessoais.
Localidade, data.
Assinatura
Anotações:
No alto da página,
ocupando todo o
espaço da 1ª linha, vai o
vocativo, destacando-se
a função antes do nome
da autoridade a quem
se destina.
Deixa-se obrigatoriamente espaço correspondente
a sete linhas duplas, destinadas à repartição
recebedora, para que seja ali registrada, com o
carimbo adequado, a entrada do documento, com
data e assinatura do recebedor, de modo a permitir
ao interessado obter o comprovante de entrega com
dados iguais.
Esse procedimento é obrigatório, pois o requerente tem
o direito de obter uma resposta ao que solicitou – ainda
que seja para comunicar a negativa de seu pedido – no
prazo de 15 dias úteis, contados a partir da entrega, tal
como registrado no carimbo do protocolo.
A identidade deve fornecer dados suficientes e
pertinentes à situação requerida: se o requerimento for
dirigido ao Detran, os dados de interesse são aqueles
destinados a identificar o condutor ou o veículo; se for
dirigido a um banco, é preciso especificar o número da
conta e o nome da agência onde o requerente é
correntista e assim por diante.
Não é necessário colocar dados do emissor abaixo, pois se sabe quem é, pela
identificação já apresentada no corpo do requerimento.
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Memorando
Como o próprio nome sugere, é uma comunicação interna e de pequena extensão destinada a
veicular informações para membros de uma empresa ou de uma equipe, com a finalidade de lembrar
e/ou comunicar fatos. Não se trata de texto que exija formalidades em sua redação, embora esse não
deva conter erros (pois desvalorizam seu autor) nem ser informal demais.
A estrutura de um memorando deve ser constituída tal como se vê no modelo a seguir.
Nº do memorando Data
De: Departamento de Direito Penal
Para: Departamento de Direito do Trabalho
Assunto: Protocolo no Fórum Central
Em virtude de mudança do local de protocolo de
ações iniciais, situado no 1º andar do Fórum João
Mendes, solicito que os estagiários se dirijam a esse
local somente depois de terem coletado nos diversos
setores desta empresa todos os documentos a serem
protocolados.
Atenciosamente,
Nome
Cargo
Anotações:
Ofício
Ao contrário das correspondências anteriormente descritas, o ofício é uma correspondência
cerimoniosa enviada de um órgão público para outro ou para uma empresa. Sua finalidade é solicitar,
convidar ou oferecer algo oficialmente, ou seja, a mensagem é assinada por uma autoridade desse
órgão e endereçada a outra pessoa de igual nível hierárquico.
Pode também, excepcionalmente, ser endereçada a uma pessoa física, embora essa não
possa responder em forma de ofício; a resposta, nesse caso, será em carta comercial.
A distribuição de espaços no corpo do texto deve ser rigorosamente observada como a seguir:
Canto esquerdo: Nº do
memorando.
Canto direito: Data
(opcional)
Atenção: por ser uma correspondência sem muita formalidade, o memorando deve ser escrito
como nesse exemplo, sem margens nem parágrafos especiais: tudo é escrito na mesma
direção e sem destaques.
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<LOGOTIPO>
Data
Ofício nº ___/07
Interessado: Juiz Presidente do STJ
Assunto: Convite para posse de novo Juiz Titular
Excelentíssimo Senhor Presidente, (...)
Temos o prazer de convidar Vossa Excelência para
a cerimônia de posso do Desembargador neste
Tribunal de Justiça, Juiz Deodoro da Costa e Souza, a
ser realizada no dia 11 de março de 2008, nesta casa,
às 16 horas.
Antecipadamente nossos agradecimentos pela
atenção e por sua honrosa presença.
Cordiais saudações,
Pedro de Alcântara de Castro
Desembargador Presidente do TJ/SP
Para:
Dr. Carlos Castro de Sampaio
Digníssimo Juiz Presidente do Superior Tribunal
Brasília - DF
Anotações:
No alto da
página,
geralmente,
está o
logotipo do
órgão.
A numeração
começa a cada início
de ano a partir do nº
I/ano, sem indicação
do mês, já citada na
data.
Nome da
empresa / órgão a
quem se destina.
Síntese clara sobre o que será tratado no texto a seguir.
Vocativo, lembrando de respeitar convenientemente os
cargos e hierarquias, com seus respectivos pronomes de
tratamentos – veja a p.17.
Corpo do texto, lembrando que autoridades têm pouco
tempo para ler textos longos – observe a clareza e a
concisão.
Os dados desse endereçamento são os mesmos que
vêm no envelope que contém o ofício. Ao contrário da
carta comercial, o destinatário virá no fim do texto, à
esquerda, na mesma direção da assinatura do emissor.
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23
Procuração
É o ato legal de designar uma pessoa como sua procuradora e que, como tal, toma a si uma
incumbência que lhe é destinada, ou seja, um mandante atribui a um mandatário uma incumbência.
Pode-se designar uma pessoa sua procuradora mediante procuração particular – aquela em que se
designa alguém para realizar atos particulares em nome de outrem. Nesse caso, é necessário
qualificar (oferecer dados pessoais completos) o mandante e o mandatário, além de ser obrigatório
especificar a que finalidade ela se destina. Essa procuração deve ter a firma do mandante
reconhecida.
PROCURAÇÃO PARTICULAR
Por este instrumento particular de procuração, eu, _______________________ (nome do mandante),
portador(a) da cédula de identidade RG nº ________, inscrito(a) no CPF/MF sob o nº _________________,
residente e domiciliado(a) nesta Capital na _______________________ (endereço), nomeio e constituo
como meu (minha) bastante procurador(a) o(a) Sr.(a) ____________________________, portador(a) da
cédula de identidade RG nº ________, inscrito(a) no CPF/MF sob o nº _________________, residente e
domiciliado(a) nesta Capital na _______________________ (endereço), ao (à) qual confiro os mais amplos
e gerais poderes para o fim específico de tratar de pendências em meu nome junto à Secretaria da Fazenda
do Estado de São Paulo, podendo, para tanto, requerer, assinar papéis, pagar valores, receber e emitir
documentos, concordar ou não com o que se faça necessário, para esse fim e tudo mais que seja
necessário para o bom e fiel cumprimento do presente mandato.
São Paulo, __ de ___________ de ___
Assinatura do(a) mandante
Paralelamente a essa modalidade de procuração, há também a procuração ad juditia, na
qual um mandante constitui um advogado para mover uma ação em seu nome. Nesse caso, por ser
um documento da ação, é dispensável o reconhecimento da firma, mas não se pode prescindir dos
mesmos dados de qualificação das partes, bem como do fim específico a que se destina, nomeando
corretamente a ação judicial.
PROCURAÇÃO AD JUDITIA
Karina Pessoa dos Santos, brasileira, separada judicialmente, médica, portadora da cédula de
identidade RG nº 178.600.090-8 – SSP-SP, inscrita no CPF/MF sob nº 125.376.078-4X, residente e
domiciliada na Alameda dos Tupis, nº 256, Indianópolis, na Capital do Estado de São Paulo, nomeia e
constitui sua bastante procuradora Ana Teresa de Santana, brasileira, casada, advogada, inscrita na
Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo, sob o nº 178.954 e no CPF/MF sob o nº
288.899.800-87, com escritório na Rua Teresa de Souza, nº 446, Jardim das Palmas, CEP 99541-100, em
São Paulo, Estado de São Paulo, a quem confere todos os poderes da cláusula ad juditia et extra,
notadamente no que se refere a sua representação perante autoridades estaduais, federais e municipais,
judiciais e administrativas, podendo, para tanto, transigir, desistir, reconvir, fazer acordos e conciliar, bem
como representar a outorgante em audiências, firmar compromissos, assinar documentos e substabelecer a
outrem com ou sem reserva de poderes, com fim específico para ação judicial de Divórcio, a ser interposta
perante uma das Varas Cíveis da Cidade de São Paulo.
São Paulo, __ de ___________ de ___
Assinatura do(a) mandante
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24
Petição
É o ato pelo qual o advogado, previamente constituído pela(s) parte(s), aciona o Poder
Judiciário, a fim de pedir o que é de direito de seu cliente.
A petição deve atender aos requisitos legais contidos Código de Processo da área a que se
refere à ação, seja essa civil, trabalhista, penal comercial, tributária ou de outra natureza.
Formalmente, veja como fazer uma petição:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ª VARA DA
FAMÍLIA E SUCESSÕES DO FÓRUM CENTRAL DE SÃO PAULO
_
_
_
_
_
_
_
PAULO CANÁRIO, brasileiro, separado judicialmente, bancário, portador
da cédula de identidade RG nº 12.221.144-6 – SSP-SP, inscrito no CPF/MF
sob o nº 234.488.598-93, residente e domiciliado na Alameda Campinas, nº
3.221, ap. 61, Jardim Paulista, São Paulo – SP, e NAIR ROSÁRIO DE
OLIVEIRA, brasileira, enfermeira, separada judicialmente, portadora da
cédula de identidade RG nº 27.655.322-8 – SSP-SP, inscrita no CPF/MF sob
o nº 205.371.578-24, residente e domiciliada na Rua Maria Massad, nº 270,
São Paulo – SP, por seu advogado (doc. nº 01 e 02) vêm à presença de
Vossa Excelência promover a
CONVERSÃO DE SEPARAÇÃO CONSENSUAL
EM DIVÓRCIO CONSENSUAL
Com fundamento nos artigos 24 e 25, parágrafo único, da Lei 6.515/77,
combinados com o artigo 1.580, caput e parágrafo 1º, do Código Civil
Brasileiro, pelas razões de fato e de direito adiante articuladas, expondo e, ao
final, requerendo o quanto segue:
I – DOS FATOS
Os Requerentes se casaram, aos doze de julho de mil novecentos e
oitenta e oito, na cidade de São Paulo (SP) e adotaram o regime de
Comunhão Parcial de Bens, no Cartório de Registro Civil das Pessoas
Naturais do 28º Subdistrito, Indianópolis (SP), livro B, às fls. 344, sob o nº
302, conforme a certidão de casamento (doc. nº 03).
Foi averbado, conforme Mandado datado (06/12/1998) do MM.º Juiz de
Direito da 8ª Vara Cível da Comarca (SP), Processo nº 05.5466-5 e, por
sentença desse mesmo Juízo, datada de 29/06/1997, que transitou em
julgado, foi homologada a SEPARAÇÃO CONSENSUAL dos Requerentes,
tendo passado a separanda a assinar seu nome de solteira, NAIR ROSÁRIO
DE OLIVEIRA (doc. nº 04).
No alto da página deve constar o
vocativo (todo em maiúsculas e
observando atentamente os
pronomes de tratamento a serem
usados), que deve atender à
competência do juízo ao qual se
destina. Caso a competência seja
inadequada, a ação será
considerada inepta. Abaixo do
vocativo, é necessário deixar
espaço de sete linhas para o
protocolo do recebimento.
A qualificação do interessado deve
ser claramente enunciada, nesta
ordem: nacionalidade, estado civil,
profissão, documento de
identidade, inscrição no Ministério
da Fazenda (CPF), endereço e
domicílio.
O nome da ação impetrada deve
ser claramente enunciado, sob
pena de ser anulada, caso não
fique clara ou adequada ao que se
pleiteia. (Observe os espaços
antes e depois de seu título,
destacado também com
maiúsculas).
É indispensável que a
fundamentação legal seja bem
detalhada e específica para o
caso.
Atenção: toda a exposição das
partes a seguir deve ser feita em
ordem numérica crescente e em
algarismos romanos (lembre-se de
que os numerais são lidos como
ordinais apenas quando
antecedem o substantivo e, no
caso dos algarismos romanos,
apenas até o X – dez – é lido
dessa maneira, sendo os numerais
maiores lidos como cardinais). Dê
espaço, antes e depois de iniciar a
enumeração dos fatos.
Observe, sobretudo nessa parte, a clareza, a objetividade e a concisão,
e respeite rigorosamente a cronologia e a progressão do que se expõe.
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II – DO DIREITO
Preceitua o artigo 226, § 6º, da Constituição Federal e artigo 1.580, § 1º,
do Código Civil Brasileiro, que cumpre transcrever:
“Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver
decretado a separação judicial ou da decisão concessiva da medida cautelar
da separação de corpos, qualquer das partes poderá requerer sua conversão
em divórcio.
§ 1º - A conversão em divórcio da separação judicial dos cônjuges será
decretada por sentença, da qual não constará referência à causa que a
determinou”.
III – DOS FILHOS
Não houve filhos.
IV – DOS BENS
Durante o casamento, os Requerentes não adquiriram nenhum bem móvel
ou imóvel.
V – DO PEDIDO
Diante do exposto, os Requerentes pleiteiam a CONVERSÃO DA
SEPARAÇÃO CONSENSUAL EM DIVÓRCIOCONSENSUAL, com seus
conseqüentes efeitos.
Igualmente, requerem a esse DIGNO JUÍZO seja dada ciência da presente
Ação ao MINISTÉRIO PÚBLICO, requerendo, ao final, se digne esse
DOUTOR JUÍZO julgar procedente o pedido, decretando o divórcio direto do
casal.
Finalmente, requerem que, após o cumprimento das formalidades legais,
seja expedido o competente mandado de averbação do divórcio, a fim de que
seja oficiado o Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais, para os
respectivos fins.
Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), para efeitos
fiscais.
Termos em que pede deferimento,
São Paulo, 7 de julho de 1999.
Ângela Maria Campos de Castro
OAB/SP nº 76.950
Anotações:
É indispensável organizar
provas/documentos anexos, à
medida que são citados no corpo
da petição, numerando-os em
ordem crescente. Novamente,
observe o espaço antes e depois
da especificação desse item.
IMPORTANTE: Observar a
concisão nesta organização, visto
que o juiz conhece a legislação e
não precisa de esclarecimentos
supérfluos sobre ela.
O pedido deve ser
cuidadosamente explicitado, para
que o juiz o acolha, visto que a
legislação não lhe permite
conceder algo que não seja
claramente mencionado nessa
parte do texto – daí a necessidade
de clareza mais uma vez e,
sobretudo, não presuma que está
óbvio aquilo que se pleiteia.
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26
CAPÍTULO 5
CONCORDÂNCIA
Concordância é o processo pelo qual se relacionam adequadamente dois termos da oração, a
saber:
01. Verbo + sujeito = concordância verbal;
02. Substantivo + adjetivo / artigo / numeral / pronome = concordância nominal
A concordância verbal exige atenção do redator para os casos como estes que teremos que
corrigir. Seja atento:
EXPRESSÃO CONDENADA: FORMA CORRETA:
Haviam muitas pessoas na sala.
Devem haver muitas pessoas na sala.
Existe elementos condenáveis na peça.
Deve existir pessoas com dificuldade.
Fazem dez dias que não chove.
A boiada invadiram a propriedade da
vizinha.
A 6ª Turma do Tribunal negaram o recurso.
Precisam-se de reforços.
Nota-se alguns sinais de má-fé do réu.
Foi arquivado vários processos.
Alunos, mestres e funcionários, ninguém
faltaram.
Será divulgado os gabaritos da prova.
Logo vai começar a aparecer os efeitos...
Eu, tu e ele farão a petição no prazo.
* “A multidão de trabalhadores exige...” ou
“A multidão de trabalhadores exigem...” (?)
Foram eles que prometeu cumprir o prazo.
Fui eu que escreveu aquele artigo.
São atitudes cuja as conseqüências...
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27
O réu cujo a mãe o visitou.
Algum de nós falhamos?
Vossa Excelência fostes rigoroso na
condenação.
Garanto a vocês que vosso problema será
resolvido.
A questão será resolvida haja visto o
resultado obtido.
Segue os arquivos.
A concordância nominal precisa ser observada em casos como os seguintes. Vamos
identificar o que há de incorreto, de acordo com a norma culta da língua.
EXPRESSÃO CONDENADA: FORMA CORRETA:
Fez tudo com entusiasmo e paixão
arrebatadora.
Bebida natural é boa para a saúde.
A bebida natural é bom para a saúde.
É proibida entrada.
É proibido a entrada.
Há bastante razões...
Os carros ficaram bastantes danificados...
Segue anexo as listas...
Os soldados se mantinham alertas.
Menas pessoas apresentam este perfil.
Anotações:
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28
UM POUCO MAIS...
CONCORDÂNCIA VERBAL:
O estudo da concordância verbal é importantíssimo para uma boa redação. Nós, no semestre passado,
durante as primeiras aulas de Nivelamento de Língua Portuguesa, já tivemos um primeiro contato com
algumas regras de concordância, que relembraremos agora, antes de entrarmos em alguns casos especiais.
Vimos que, em regra geral, o verbo sempre concorda com o sujeito em número e pessoa:
O pássaro voa. Os pássaros voam.
Eu estou feliz. Nós estamos felizes.
O menino brinca. Os meninos brincam.
O livro é bom. Os livros são bons.
As crianças e os idosos foram liberados pelos traficantes.
O NÚCLEO DO SUJEITO é a palavra mais significativa e importante do SUJEITO; é o “centro” do
termo, ao redor do qual podem existir outras palavras.
A assessoria de imprensa dos canais Fox deverá manifestar-se
em breve.
Aprofundando um pouco mais, verificamos que na verdade o VERBO sempre concorda com o
NÚCLEO DO SUJEITO, e devemos ter muito cuidado para não cometermos desvios ao padrão culto da língua
devido às palavras que acompanham o núcleo.
Vejamos:
A equipe de segurança das instituições bancárias de diversos estados brasileiros
deverão fazer um treinamento de reciclagem até o final do próximo mês.
“A equipe de segurança das instituições bancárias de diversos estados brasileiros” = Sujeito
“Equipe” = núcleo do sujeito (singular)
“Deverão fazer” = Locução Verbal (plural)
 Isso ocorre devido à contaminação do verbo pelos termos pluralizados que o antecedem:
instituições – bancárias – diversos – estados – brasileiros
NUNCA DEVEMOS NOS ESQUECER DA REGRA GERAL PARA
ENCONTRARMOS O SUJEITO DE UMA ORAÇÃO:
REGRA: O QUE / QUEM + VERBO ? =
SUJEITO
SUJEITO VERBO
(Singular)
NÚCLEO DO SUJEITO
(SINGULAR)
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VERBOS IMPESSOAIS:
Os verbos impessoais são aqueles que não possuem sujeito (oração sem sujeito ou sujeito inexistente).
Todo verbo impessoal fica no singular, visto que não possui sujeito para concordar. Vejamos alguns casos:
a) Verbos que exprimem fenômenos da natureza:
Anoiteceu docemente sobre a cidadezinha.
Está amanhecendo.
Choveu pouco no último mês de março
b) O verbo HAVER no sentido de EXISTIR e ACONTECER:
Existem crianças na cidade. Há crianças na cidade.
Aconteceram festas na região. Houve festas na região.
Devem existir políticos honestos. Deve haver políticos honestos.
Podemos perceber que os verbos EXISTIR e ACONTECER possuem SUJEITO;
porém, o verbo HAVER (quando nesses sentidos) não possui.
c) Verbo HAVER indicando tempo decorrido:
Há dois dias cheguei a Machado. Há duas semanas venho estudando.
Obs.: Temos que tomar cuidado para não sermos redundante (pleonasmo):
Há dois dias atrás cheguei a Machado.
Logo, o correto seria eliminar um dos dois termos que causam o pleonasmo:
Há dois dias cheguei a Machado. Dois dias atrás cheguei a Machado.
d) Verbo FAZER indicando tempo e temperatura:
Faz três meses que Teresa faleceu. Fazem três meses que Teresa faleceu.
Fez nove anos que estou casado. Fizeram nove meses que estou casado.
Faz quarenta graus à sombra. Fazem quarenta graus à sombra.
e) Verbo SER indicando tempo ou distância:
 O verbo SER se diferencia dos demais verbos impessoais porque ele se flexiona para o plural
concordando com o numeral:
É uma hora da manhã. São duas horas da tarde.
É 1º de abril. São dezenove de fevereiro de 2009.
Daqui a sua casa é um quilômetro. Daqui a Carvalhópolis são 12 quilômetros.
O verbo “Há” e o advérbio
“atrás” indicam tempo
decorrido.
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f) Com verbos BASTAR e CHEGAR, seguidos de preposição DE:
Chega de confusão. Chega de confusões.
Basta de correria. Basta de correrias.
OUTROS CASOS DE CONCORDÂNCIA VERBAL:
I. CONCORDÂNCIA DO VERBO COM O SUJEITO COMPOSTO:
1º Caso: Quando o sujeito composto vier anteposto ao verbo, o verbo irá para o plural:
Ex.: O milho e a soja subiram de preço. / Helena e Ricardo caminhavam na praia.
Observações:
- Quando os núcleos do sujeito forem sinônimos, o verbo poderá ficar no singular ou no plural:
Ex.: Medo e terror nos acompanha (acompanham) sempre.- Quando os núcleos do sujeito vierem resumidos por ‘tudo’, ‘nada’, ‘alguém’ ou ‘ninguém’, o verbo
ficará no singular:
Ex.: Dinheiro, mulheres, bebida, nada o atraía.
- Quando o sujeito for formado por núcleos dispostos em gradação (ascendente ou descendente) o
verbo ficará no singular ou plural:
Ex.: Um briga, um vento, o maior furacão não os inquietava (inquietavam).
2º Caso: Quando o sujeito composto vier posposto ao verbo, o verbo irá para o plural ou concordará
apenas com o núcleo do sujeito que estiver mais próximo.
Ex.: Chegou o pai e a filha. / Chegaram o pai e a filha.
3º Caso: Quando o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo irá para o
plural na pessoa que tiver prevalência - (1ª pessoa, 2ª pessoa, 3ª pessoa) / (2ª pessoa / 3ª pessoa):
Ex.: Eu, tu e ele fizemos o exercício. / Tu e ele fizestes (fizeram) o exercício.
4º Caso: Quando os núcleos do sujeito vierem ligados pela conjunção “ou”, o verbo ficará no singular se
houver ideia de exclusão. Se houver ideia de inclusão o verbo irá para o plural.
Ex.:Pedro ou Antônio será o presidente do clube. (exclusão)
Laranja ou mamão fazem bem a saúde. (inclusão)
II. CASOS ESPECIAIS DE CONCORDÂNCIA VERBAL:
1º Caso: Com a expressão “um dos que” o verbo ficará no singular ou no plural. O plural é construção
dominante. Ex.: Você é um dos que mais estudam (estuda).
2º Caso: Quando o sujeito for constituído das expressões “mais de”, “menos de”, “cerca de” ou verbo
concordará com o numeral que segue as expressões.
Ex.: Mais de uma pessoa protestou contra a lei. / Mais de vinte pessoas protestaram contra a decisão.
3º Caso: Quando o sujeito for um coletivo, o verbo ficará no singular.
Ex.: A multidão gritava desesperadamente.
Obs.: Quando o coletivo vier seguido de adjunto no plural, o verbo ficará no singular ou poderá ir para o
plural. Ex.: A multidão de torcedores gritava (gritavam) desesperadamente.
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4º Caso: Quando o sujeito for formado por nome próprio que só tem plural, não antecipado de artigo (o, a,
um, uma e plurais), o verbo ficará no singular; se o nome próprio vier antecipado de artigo, o verbo irá para
o plural.
Ex.:Minas Gerais possui grandes fazendas. Os Estados Unidos são uma nação poderosa.
5º Caso: Quando o sujeito for formado por um pronome de tratamento, o verbo irá sempre para a 3ª
pessoa.
Ex.: Vossa Excelência leu meus relatórios?
6º Caso: O verbo parecer, seguido de infinitivo, admite duas construções:
- Flexiona-se o verbo parecer e não se flexiona o infinitivo:
Os prédios parecem cair.
- Flexiona-se o infinitivo e não se flexiona o verbo parecer:
Os prédios parece caírem.
Atividades práticas:
Faça a concordância do verbo nas frases que se seguem:
a) Uma alcatéia de lobos _________________________ o sítio. (invadir)
b) Mais de um soldado _______________________ diante do capitão. (morrer)
c) Os Estados Unidos ______________________ o campeonato. (vencer)
d) O soldado foi justamente um dos que ______________________ a vítima. (ver)
e) Calmantes, massagem, nada ______________________ a noiva. (acalmar)
f) A constelação _______________________ os navegadores. (orientar)
g) Mais de cem estudantes _______________________ seus diplomas. (buscar)
h) Encontramos a menina que nos ______________________ muito bem. (receber)
i) Campinas ____________________ uma das melhores bibliotecas do país. (possuir)
j) Calmantes e massagens não ______________________ a noiva. (acalmar)
k) Um grupo de empregados ________________________ conversar com o presidente. (ir)
l) A maioria dos doentes _________________________ as ordens médicas. (cumprir)
m) Mais de uma oportunidade ____________________ durante todos esses anos. (surgir)
n) Foram os hóspedes que _______________________ esta pousada. (indicar)
o) “Os Maias” ____________________ uma belíssima obra de Eça de Queiroz. (ser)
Obs.: Existem outras regras de
concordância verbal que podem
ser encontradas em gramáticas.
Aqui constam apenas as
principais delas.
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p) Um bando de alunos _____________________ as escadas correndo. (descer)
q) Uma corja ______________________ diante do guichê. (reunir-se)
r) Grande parte dos candidatos ___________________ revisão da prova. (exigir)
s) Mais de uma criança _____________________ naqueles lugares (perder-se)
t) Mais de dez dias _____________________ até que eu pudesse encontrá-la novamente.
(passar)
u) No final, foram os estudantes que _____________________ o impasse. (decidir)
v) Santos ______________ uma recordação feliz para mim. (ser)
w) _____________ muitas festas ano passado. (haver)
x) Daqui a Alfenas _____________ trinta e três quilômetros. (ser)
y) _____________ muitos segredos entre nós. (existir)
z) A presidente das associações femininas das cidades mineiras __________ na capital. (estar)
Anotações:
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CAPÍTULO 6
REGÊNCIA VERBAL
É a relação entre o verbo e seus complementos. Não confundir complementos – elementos
indispensáveis ao sentido do verbo – com acessórios – palavras ou expressões dispensáveis, que especificam
apenas circunstâncias em relação ao verbo. Antes de verificarmos alguns casos especiais, vamos nos atentar à
transitividade dos verbos:
VERBOS (CLASSIFICAÇÃO)
Sintaticamente, os verbos podem ser classificados como verbos de ligação ou verbos
significativos (ou nocionais):
VERBOS DE LIGAÇÃO: são aqueles que ligam uma característica, uma qualificação ao sujeito.
Aquelas cidades são maravilhosas.
aquelas cidades = sujeito / maravilhosas = característica do sujeito (Predicativo do Sujeito) / são = VL
Maria é bonita. Camila parece nervosa João continua pensativo.
VERBOS SIGNIFICATIVOS (OU NOCIONAIS): são aqueles que trazem um valor semântico, significativo
explícito e que são classificados, de acordo com a sua transitividade, em: intransitivos, transitivos diretos,
transitivos indiretos e transitivos diretos e indiretos.
Transitivo Direto (VTD) Exige um complemento verbal, sem preposição obrigatória. Esse
complemento recebe o nome de objeto direto (OD)
Transitivo Indireto (VTI) Exige um complemento verbal, com preposição obrigatória. Esse
complemento recebe o nome de objeto indireto (OI).
Transitivo Direto e Indireto
(VTDI)
Exige dois complementos verbais: um sem preposição (OD) e outro
com preposição (OI).
Intransitivo (VI) Não exige complemento verbal.
Pessoas trocam mercadorias. O verbo exige complemento, pois “quem troca”, “troca algumacoisa”, “troca o quê?”. O complemento “mercadorias” completa o
sentido do verbo “trocar” sem a presença obrigatória de preposição.
Pessoas precisam de amor. O verbo exige complemento, pois “quem precisa”, “precisa dealguma coisa”, “precisa de quê?”. O complemento “de amor”
completa o sentido do verbo “precisar” com a presença obrigatória de
preposição.
Pessoas dão vida às cidades. O verbo exige dois complementos: “quem dá”, “dá alguma coisa, a(para) alguém”, “deu o quê” e “a (para) quem?”. Os
complementos “vida” e “às cidades” completam o sentido do verbo
“dar” sem e com preposição, respectivamente.
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Pessoas trabalham e transitam. Os verbos não exigem complemento, pois a sua significação já écompleta sozinha. O sentido do verbo não transita do verbo para um
complemento.
Observação: É importante estarmos cientes de que não devemos, simplesmente, memorizar a classificação
de um verbo, sem analisar a oração em que ele é utilizado. Veja que, dependendo do contexto, um mesmo
verbo pode apresentar transitividades distintas:
Aquelas crianças cantam muito bem.
V I
Aquelas crianças cantam várias músicas.V TD OD
Aquelas crianças cantam músicas para qualquer público.
V TDI OD OI
REGÊNCIA VERBAL:
1- Chegar/ ir – deve ser introduzido pela preposição a e não pela preposição em.
Ex.: Vou ao dentista./ Cheguei a Belo Horizonte.
2- Morar / residir – normalmente vêm introduzidos pela preposição em.
Ex.: Ele mora em São Paulo./ Maria reside em Santa Catarina.
3- Namorar - não se usa com preposição.
Ex.: Joana namora Antônio.
4- Obedecer / Desobedecer - exigem a preposição a.
Ex.: As crianças obedecem aos pais./ O aluno desobedeceu ao professor.
5- Simpatizar / antipatizar – exigem a preposição com.
Ex.: Simpatizo com Lúcio./ Antipatizo com meu professor de História.
Dica: Esses verbos não são pronominais, portanto, são considerados construções erradas quando
aparecem acompanhados de pronome oblíquo: Simpatizo-me com Lúcio./ Antipatizo-me com meu
professor de História.
6- Preferir - este verbo exige dois complementos sendo que um usa-se sem preposição e o outro com a
preposição a.
Ex.: Prefiro dançar a fazer ginástica.
Dica: Segundo a linguagem formal, é errado usar este verbo reforçado pelas expressões ou palavras:
antes, mais, muito mais, mil vezes mais, etc. Ex.: Prefiro mil vezes dançar a fazer ginástica.
Anotações:
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Verbos que apresentam mais de uma regência
1 – Aspirar:
a) no sentido de cheirar, sorver: usa-se sem preposição. Ex.: Aspirou o ar puro da manhã.
b) no sentido de almejar, pretender: exige a preposição a. Ex.: Esta era a vida a que aspirava.
2 – Assistir:
a) no sentido de prestar assistência, ajudar, socorrer: usa-se sem preposição. Ex.: O técnico
assistia os jogadores novatos.
b) no sentido de ver, presenciar: exige a preposição a. Ex.: Não assistimos ao show.
c) no sentido de caber, pertencer: exige a preposição a. Ex.: Assiste ao homem tal direito.
d) no sentido de morar, residir: é intransitivo e exige a preposição em. Ex.: Assistiu em Maceió por
muito tempo.
3 – Esquecer / lembrar:
a) Quando não forem pronominais: são usados sem preposição. Ex.: Esqueci o nome dela.
b) Quando forem pronominais: são regidos pela preposição de. Ex.: Lembrei-me do nome de todos.
4 – Visar:
a) no sentido de mirar: usa-se sem preposição. Ex.: Disparou o tiro visando o alvo.
b) no sentido de dar visto: usa-se sem preposição. Ex.: Visaram os documentos.
c) no sentido de ter em vista, objetivar: é regido pela preposição a. Ex.: Viso a uma situação melhor.
5 – Querer:
a) no sentido de desejar: usa-se sem preposição. Ex.: Quero viajar hoje.
b) no sentido de estimar, ter afeto: usa-se com a preposição a. Ex.: Quero muito aos meus amigos.
6 – Proceder:
a) no sentido de ter fundamento: usa-se sem preposição. Ex.: Suas queixas não procedem.
b) no sentido de originar-se, vir de algum lugar: exige a preposição de. Ex.: Muitos males da
humanidade procedem da falta de respeito ao próximo.
c) no sentido de dar início, executar: usa-se a preposição a. Ex.: Os detetives procederam a uma
investigação criteriosa.
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7 - Pagar/ perdoar:
a) se tem por complemento palavra que denote coisa: não exigem preposição. Ex.: Ela pagou a conta
do restaurante.
b) se tem por complemento palavra que denote pessoa: são regidos pela preposição a. Ex.: Perdoou a
todos.
8 – Informar:
No sentido de comunicar, avisar, dar informação: admite duas construções:
1) objeto direto de pessoa e indireto de coisa (regido pelas preposições de ou sobre). Ex.:
Informou todos do ocorrido.
2) objeto indireto de pessoa ( regido pela preposição a) e direto de coisa. Ex.: Informou a
todos o ocorrido.
9 – Implicar:
a) no sentido de causar, acarretar: usa-se sem preposição. Ex.: Esta decisão implicará sérias
conseqüências.
b) no sentido de envolver, comprometer: usa-se com dois complementos, um direto e um indireto com
a preposição em. Ex.: Implicou o negociante no crime.
c) no sentido de antipatizar: é regido pela preposição com. Ex.: Implica com ela todo o tempo.
10- Custar:
a) no sentido de ser custoso, ser difícil: é regido pela preposição a. Ex.: Custou ao aluno entender o
problema.
b) no sentido de acarretar, exigir, obter por meio de: usa-se sem preposição. Ex.: O carro custou-
me todas as economias.
c) no sentido de ter valor de, ter o preço: usa-se sem preposição. Ex.: Imóveis custam caro.
Anotações:
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Exercícios:
01. Explique a diferença de sentido entre as frases seguintes:
a) Chegou à noite. / Chegou a noite.
b) Saiu à francesa. / Saiu a francesa.
c) Parecia agradável à primeira vista. / Parecia agradável a primeira vista.
d) Às vencedoras enviaram felicitações. / As vencedoras enviaram felicitações.
e) À indústria nacional prejudicou o acordo. / A indústria nacional prejudicou o acordo.
f) Fez seu trabalho à maquina. / Fez seu trabalho a maquina.
02. Em cada item você encontrará uma frase típica da linguagem coloquial de várias regiões do
Brasil. Adapte cada uma dessas frases à regência verbal da língua culta:
a) Fique tranqüila, querida: eu lhe amo muito.
b) Desde que lhe vi, minha vida não é mais a mesma.
c) Não me simpatizo muito com essa tese.
d) O marginal urbano não obedece sinal vermelho.
e) Não pude responder o bilhete que você me mandou.
f) Que Deus lhe proteja!
g) Se Deus lhe amparar, tudo vai dar certo.
h) Ela já parou de lhe amolar?
i) Fali questão de lhe abraçar.
Anotações:
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CAPÍTULO 7
REGÊNCIA NOMINAL
É necessária “combinação” do substantivo e/ou do adjetivo com seus acompanhantes,
mediante o uso de uma preposição que os ligue. Abaixo, selecionamos o uso condenado de alguns
termos. Indique qual é o uso recomendado, de acordo com a norma culta da língua.
USO CONDENADO: USO RECOMENDADO:
Adequado com (ou outras preposições)
Análogo com (ou outras preposições)
Bacharel de
Benéfico (sem preposição)
Capacidade em (ou outras preposições)
Circunvizinho a (ou outras preposições)
Condizente a (ou outras preposições)
Desfavorável (sozinho ou com outras
preposições)
Domiciliado a (ou outras preposições)
Dúvida com (ou outras preposições)
Equivalente com (ou outras preposições)
Gravoso com (ou outras preposições)
Hostil com (ou outras preposições)
Idêntico com (ou outras preposições)
Incompatível a (ou outras preposições)
Intolerante por (ou outras preposições)
De menor
Negligente com (ou outras preposições)
Obediente (sem preposição)
Passível a, com (ou outras preposições)
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Preferível que (ou outras preposições)
Próximo com (ou outras preposições)
Residente a (ou outras preposições)
Semelhante com (ou outras preposições)
Sito a (ou outras preposições)
Situado (sozinho ou com outras
preposições)
Tachado em (ou sem preposição)
Taxado a (ou outras preposições)
Vacine de (ou com outras preposições)
Anotações:
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CAPÍTULO 8
CRASE
Origem da crase:
De acordo com a Gramática Histórica, crase é um metaplasmo por subtração, ou seja, ocorre quando
se tiram ou diminuem fonemas à palavra. A crase consiste na fusão de dois sons vocálicos contíguos.
Exemplos:
pede > pee > pé
aviolu > avoo > avô
dolore > door > dor
Atualmente, ocorre a crase apenas com dois aa: preposição + artigo definido (à, às) ou preposição +
pronome demonstrativo (àquele, àquela, àquilo, etc).
Emprego atual da crase:É o nome que se dá à fusão, à contração de dois aa.
Simplificaremos este assunto em dois casos, apenas, tirante os casos facultativos do uso do acento
grave indicativo de crase:
1º CASO: Ocorre a crase quando o termo regente (subordinante) exigir a preposição “a” e o termo regido
(subordinado) admitir o artigo definido “a”, ou quanto este último foi representado por um pronome
demonstrativo iniciado por “a”. Exemplos:
a) Vou à praça
O termo regente vou exige a preposição a: quem vai, vai a algum lugar; o termo regido praça admite o
artigo definido a (a praça é bonita). Neste caso, ocorreu a crase, e este a recebe acento grave.
b) Chegamos a Fortaleza
O termo regente Chegamos exige a preposição a: quem chega, chega a algum lugar; o termo regido
Fortaleza não admite o artigo definido a (Fortaleza é capital do Ceará). Portanto, não ocorreu a crase,
sendo este a preposição essencial.
c) Entendi a questão
O termo regente Entendi não exige preposição a: quem entende, entende alguma coisa; o termo regido
questão admite o artigo definido a (a questão está correta). Logo, não ocorreu a crase, e este a é
simplesmente um artigo definido.
a+a
a+Ø
Ø+a
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O mesmo ocorre quando o termo regido for pronome demonstrativo. Exemplos:
a) Ainda não assisti àquele filme.
ou Ainda não assisti a esse filme.
b) Não encontrei aquela resposta.
ou Não encontrei essa reposta.
Não há necessidade de o aluno decorar todos os casos de “crase proibida”, conforme as gramáticas
tradicionais apresentam, pois caímos sempre no 1º caso (b), em que o termo regido não aceita o artigo
definido a. Exemplos:
Sua roupa está cheirando a suor. (suor = substantivo masculino)
“Tudo cheirava-me a asneiras.” (asneiras = substantivo em sentido genérico)
Está começando a esfrias. (esfriar = verbo)
Irei a uma festa. (uma = artigo indefinido)
NOTA: Ocorrerá a crase antes das palavras casa (lar), terra (antônima de bordo) e distância se
aparecerem com modificador ou forem delimitadas. Exemplos:
Cheguei a casa de madrugada. / Voltei à casa de minha namorada cedo.
Retornamos a terra à noitinha. / Retornarei à terra de meus avós.
No zoológico, os animais ficam a distância. / Os guardas ficaram à distância de vinte metros.
2º CASO: Ocorre a crase em locuções (prepositivas, adverbiais ou conjuntivas) com palavras femininas.
Exemplos:
Às vezes, não a encontro à noite. (locuções adverbiais)
Os policiais estão à procura do ladrão. (locução prepositiva)
À proporção que chove, mais preocupados ficamos. (locução conjuntiva)
Fazer uma redação à Rui Barbosa. (está subentendido a locução à semelhança de).
CASOS FACULTATIVOS DO USO DO ACENTRO GRAVE, INDICADOR DE CRASE:
Nestes casos, o uso do acento grave é facultativo desde que o termo regente exija preposição a. Caso
contrário, não podemos pensar nas ocorrências da crase.
- Antes de pronome possessivo feminino.
Escrevi a minha professora.
Escrevi à minha professora. (quem escreve, escreve a alguém)
- Antes de nome próprio de pessoa (íntima, familiar).
Não fiz referência a Teresa.
Não fiz referência à Teresa. (quem faz referência, faz referência a alguém)
- Com a locução até a, antes de palavra feminina.
Fui até a esquina, mas não o encontrei.
Fui até à esquina, mas não o encontrei. (quem vai, vai a algum lugar)
a+aquele
Ø+aquele
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Atividades práticas:
01) Coloque o acento indicador de crase quando for necessário:
a) Comunique nossos preços as empresas interessadas.
b) Envie dinheiro a estas instituições beneficentes.
c) Nunca disse nada a respeito disso.
d) Sempre evitei comprar a crédito.
e) Não nego minha contribuição a cultura brasileira.
f) Não há mais nada a fazer.
g) Transmita a cada um dos presentes as instruções necessárias a continuidade da sessão.
h) Não vou a festas, não assisto a novelas e não aspiro a grandes posses. Estou fora de moda.
i) Vamos a Bahia ou a Santa Carina nas próximas férias?
j) Cheguei a casa tarde da noite.
k) Fui a velha casa onde passei a infância.
m) Tente se manter a tona.
n) Traga um belo filé a parmiggiana.
o) Não é fácil jogar a moda da seleção holandesa de 1974.
p) Prefiro isto aquilo.
q) Entreguei tudo aquele homem.
Anotações:
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CAPÍTULO 9
EXPRESSÕES QUE APRESENTAM DIFICULDADES:
1) Emprego de A – HÁ – À
I. Há (verbo haver)
a) quando indicar passado
b) quando puder ser substituído pelo verbo “fazer”
Exemplo:
Há muitos anos não o vejo.
Observação: Constitui redundância o uso: “Há dois anos atrás”. Como há e atrás indicam
passado, não se deve usar os dois juntos.
II. A (preposição)
a) quando indicar uma ação que ainda vai ser realizada
b) indicando distância
Exemplos:
Daqui a duas horas iremos ao teatro.
Ele está situado a 10 metros do prédio.
III. A (artigo)
a) diante de substantivo feminino singular.
Exemplo:
A arte é imitação da vida.
IV. A (pronome pessoal de 3ª pessoa, feminino singular) (correspondente a ela)
Exemplo:
Não a vejo desde ontem.
V. A (pronome demonstrativo) (corresponde a aquela)
Exemplo:
A de azul é minha prima.
VI. À (preposição + artigo definido feminino singular)
Exemplo:
Irei à cidade.
VII. Expressão: Haja vista / Hajam vista
Esta expressão pode ser construída de três modos diferentes:
1. Hajam vista os livros desse autor. (= tenham vista, vejam-se)
2. Haja vista os livros desse autor. (= por exemplo)
3. Haja vista aos livros desse autor. (olhe-se)
2) ABAIXO-ASSINADO – ABAIXO ASSINADO – para indicar o documento, usa-se o hífen ligando os
dois termos, ficando invariável o advérbio abaixo.
Exemplo: Não foi feito apenas um abaixo-assinado; foram feitos vários abaixo-assinados.
Como locução adjetiva, para indicar quem subscreve um abaixo-assinado, não se usa o hífen. Ex.: O
abaixo assinado, os abaixo assinados, a abaixo assinada, as abaixo assinadas.
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3) ACERCA DE – A CERCA DE – HÁ CERCA DE
ACERCA DE significa a respeito de, sobre
Exemplo:
O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo
assistente (CPP, art. 271, § 1º)
A CERCA DE significa uma distancia (espacial ou temporal) aproximada de
Exemplos:
Montevidéu fica a cerca de 900 km de Porto Alegre.
Os alunos entraram em greve a cerca de duas semanas do término das aulas.
HÁ CERCA DE tem o sentido de:
o faz aproximadamente, faz perto de
Exemplo:
A sessão teve início há cerca de vinte minutos.
o Existe(m) aproximadamente, existe(m) perto de
Exemplo:
Há cerca de sessenta pacientes à espera de doadores de órgãos.
4) À CUSTA – é essa a expressão correta em frases como: Vive à custa do governo.
É erro, pois, dizer: Vive às custas do governo.
Custas são as despesas judiciais.
5) AFIM – A FIM DE (QUE)
AFIM – significa parente por afinidade (vínculo que liga cada um dos cônjuges aos parentes do outro)
Exemplo:
Não podem casar [...]; II – os afins em linha reta, seja o vínculo legítimo ou ilegítimo (CC, art.
183, II).
Por extensão, é sinônimo de semelhante, análogo.
Exemplo:
Objetivos afins, termos afins, etc.
A FIM DE (QUE) é sinônimo de para (que)
Exemplos:
Citação é o ato pela qual se chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender (CPC,
art. 213).
O advogado poderá, a qualquer momento, renunciar ao mandato, notificando o mandante, a fim
de que lhe nomeie sucessor [...] (CPC, art. 45).
Anotações:
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6) À MEDIDA (PROPORÇÃO) QUE – NA MEDIDA (PROPORÇÃO) EM QUE
À MEDIDA QUE indica tempo proporcional, concomitância:

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