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1 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO PROCESSO TRIBUTÁRIO CONCEITO DE PROCESSO TRIBUTÁRIO e PRINCIPAIS CLASSES PROCESSUAIS TRIBUTÁRIAS Nesse primeiro momento vamos procurar trabalhar temas de natureza introdutória, definir o conceito de processo tributário e a então identificar panoramicamente as principais classes tributárias, processuais tributárias que são albergadas pelo nosso sistema. Algumas constatações preliminares devem ser feitas. A primeira delas está relacionada à composição do direito positivo brasileiro. Nós não experimentamos na nossa realidade, a vida, a existência de um estatuto processual tributário, não é da nossa realidade, o sistema brasileiro se ressente desde sempre dessa específica figura, nós não temos no sistema brasileiro um código de processo tributário. Talvez tivesse sido a nossa história legislativa, em outro sentido, nós experimentaríamos a existência dessa figura, a vida legislativa brasileira, no entanto, se encaminhou em sentido diverso de modo que nos ressentimos de fato da existência de um diploma desse timbre, de um diploma desse jaez. Pois bem, se isso é fato, nós devemos admitir a interpretação dos problemas de processo tributário deve se dar no nosso sistema à luz do código de processo civil, esse diploma, o CPC, tem foros de subsidiariedades em relação a todos os subsistemas materiais. O código de processo civil, não é propriamente um código de processo civil, ele é, em rigor, um estatuto processual de timbre geral aplicável a todos os subsistemas materiais que não são alvo de disciplina processual específica e isso é o caso do direito tributário. O direito tributário não dispõe de um estatuto processual que lhe seja específico, deve se valer, portanto, do diploma que teria essa força subsidiária, vale dizer, o código de processo civil. A questão, no entanto, veja, é que esse mesmo fenômeno se verifica em outros setores da mesmíssima forma, em rigor apenas um sistema de direito material no Brasil dispõem de estatuto processual específico, esse sistema a que me refiro, conhecido de todos os senhores é o penal, de fato o sistema penal dispõem de um estatuto processual específico o CPP, de resto todos os demais setores materiais servem-se de um único diploma, o código de processo civil, inclusive o tributário. Vejam em rigor a legislação que nos serve no nosso específico setor de conhecimento é a mesma que serve todos os outros subsetores, temos, portanto, um problema a nossa frente veja se o diploma que nos auxilia na interpretação de problemas processuais tributários é o mesmo que opera em outros subsetores, sabemos desde sempre que este estatuto, que este diploma, tem conteúdo geral, tem conteúdo genérico, portanto, não vai conter soluções específicas para o mundo do direito tributário sobraria então à indagação: Como resolver problemas que são de conteúdo especificamente tributário? Problemas obviamente processuais, senão temos legislação especifica voltada para este setor? Pois bem, para compor esse problema, temos que lembrar uma segunda premissa. A primeira já esta lá fixada. O nosso sistema, o sistema do direito positivo brasileiro, não dispõem de um estatuto processual específico. A segunda premissa que nos cobra trazer a luz, premissa essa que vai nos auxiliar a compor o problema que foi a pouco mencionado e a dá Instrumentalidade. O princípio da instrumentalidade, é de extrema importância quando nós nos indagamos sobre como compor problemas processuais de sistemas específicos, como o tributário, senão há uma legislação processual que lhe seja igualmente específica, a legislação de que nós dispomos e a de conteúdo geral é o código de processo civil. 2 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO Pois bem, o princípio da instrumentalidade nos auxilia na formulação de uma resposta satisfatória a essa indagação, devemos nos lembrar, segundo o princípio da instrumentalidade o processo nunca pode ser tomado como um fim em si mesmo, a função do processo é instrumental. Como instrumento que é deve ser interpretado à luz do direito de fundo, aquele que efetivamente se põem como um elemento relevante na composição das questões processuais. Vejam, se o processo não é um fim em si mesmo, o seu fim deve estar obviamente no direito de fundo. Notem, se estamos falando de processo tributário, o processo não é um fim em si mesmo o que nos sobra é a realidade tributária. O processo tributário nasce de uma relação jurídica de direito tributário, relação jurídica essa de direito material, e, a ela, pretende regressar com o intuito de compor o problema, de compor a questão, de compor o conflito que perturba o natural desenvolvimento do direito tributário. Pois bem, partindo da premissa da instrumentalidade sabemos ao final das contas que o processo tributário deve ser interpretado à luz do direito de fundo, o direito tributário, do direito material correlato, isso significa que o processo tributário vestido seria de uma autonomia apenas didática, o processo tributário não pode ser tomado como algo desconectado, autônomo, independente em relação ao direito de fundo, muito ao contrário, dado a premissa da instrumentalidade é de se reconhecer no processo tributário essa feição auxiliar, essa feição apêndice, ele é um prolongamento, é de ser visto como um prolongamento do direito tributário. Se tomarmos essa premissa associada à primeira, qual seja, de que o direito brasileiro não dispõem de estatuto processual específico fica talvez mais fácil de compreender como é que os problemas processuais, especificamente tributários, são solvidos, seriam solvidos mediante a combinação da legislação processual geral com a legislação material que é especificamente dirigida ao mundo do direito tributário. Da junção destes dois mundos, legislação processual de timbre geral, legislação material especifica, nós tiraríamos aquilo que estamos a chamar de processo tributário. O direito processual tributário é visto a partir da combinação destes dois setores normativos, isso significa ao final das contas que estudar processo tributário não significa estudar processo civil embora a legislação da qual nós vamos nos servir fundamentalmente seja o código de processo civil. Estudar processo tributário significa de fato partir dessa legislação de timbre geral associando-a no então à legislação material correlata, à legislação tributária. Essa combinação, essa associação é absolutamente necessária para que nós reconheçamos aquilo que efetivamente tem haver com o nosso mundo, com o mundo tributário, pena de ao final das contas estarmos sendo canalizado, estarmos sendo dirigidos para o mundo do processo civil, para o mundo do código de processo civil e com isso nós chegaríamos a um resultado seguramente desastroso, estaríamos dando ao processo tributário tônica tal qual a do processo civil. Pois bem, estabelecidas essas proposições, firmadas essas proposições introdutórias, nós devemos então procurar definir qual seria, com efeito, a legislação material tributária que nos auxiliaria na construção desse produto final, o processo tributário, insisto, esse produto resulta da combinação da legislação processual que tem tonos geral, com a legislação tributária, sobra indagar: Qual é a legislação de timbre especificamente tributário que nós vamos associar ao código de processo civil procurando então combinar essas duas realidades? Nós vamos nos servir fundamentalmente do código tributário nacional, do CTN, essa é a legislação que nos auxiliará no processo de construção do conceito de processo tributário, mas não só, regras há na Constituição Federal que são muito relevantes na composição desse problema, além disso, legislação ordinária esparsa, não integrante do CTN, deveser levada em consideração nesse sentido, eu lhes menciono, a título de exemplo, a lei n.º 6.830/1.980, a Lei de Execução Fiscal, 3 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO ela, também é recorrentemente lançada para composição de problemas de conteúdo processual tributário. Além disso, nós podemos e devemos reconhecer a relevância de normas de conteúdo infralegal. É isso mesmo, normas infralegais também ingressam dentro do raciocínio que estamos aqui procurando entabular, algumas normas provenientes, por exemplo, da PGFN (Procuradoria- Geral da Fazenda Nacional), portarias, atos ministeriais, todas essas figuras normativas infralegais são aplicáveis, também dentro desse processo de produção dos conteúdos processuais especificamente tributários, e, é nesse sentido que nós vamos caminhar na construção dessas realidades processuais tributarias, partindo do código de processo civil, associando-o a Constituição, CTN, legislação ordinária, legislação infralegal, atos normativos Infralegais. Para ser mais preciso, da cominação de todos esses elementos, nós tiraremos as conclusões que são tipicamente processuais tributárias. Firmado isso caminhemos adiante na identificação, na tentativa de identificar, na tentativa de identificação das categorias processuais tributárias que são relevantes, as mais relevantes para o nosso sistema. Para nós chegarmos a essas categorias é preciso que nos valhamos de uma metodologia. Essa metodologia não é fornecida pelo direito processual, até porque, vejamos, nós não temos, como já lhes sinalizei, nós não temos uma legislação processual especificamente tributário, nós não temos um estatuto processual tributário no nosso sistema, de modo que a metodologia que nós vamos nos servir retirada seria do contexto tributário, do contexto material tributário, não propriamente do contexto processual, de certa forma, percebam, nós estamos praticando com esse tipo de estratégia o princípio da instrumentalidade, nós estamos tornando o princípio da instrumentalidade algo prático, lembram-se, processo não é um fim em si mesmo, senão é um fim em si mesmo ele surge do direito material e ao direito material pretende regressar onde estão as balizas necessárias a configuração das categorias processuais tributárias. A resposta a essa pergunta, pode ser ou deve ser homônima, as balizas estão no direito material, pois bem, a metodologia, a estratégia que nós vamos utilizar para definição das categorias processuais tributárias é tipicamente tributária, vamos nos servir de uma específica figura que vem mencionada intensamente mencionada em obras, livros, que se dedicam ao direito tributário. Essa figura de que falo é identificada normalmente pela expressão processo de positivação ou ciclo de positivação, nós devemos entender por processo de positivação, por ciclo de positivação: “A cadeia normativa tendente à verificação do resultado prático desejado pelo direito tributário.” Para compreender essa proposição pensemos no seguinte, no que o direito de uma maneira geral serve para disciplinar a conduta humana, nas suas relações intersubjetivas, o direito tem está função, regular a conduta humana nas suas relações intersubjetivas, o direito disciplina o comportamento do homem frente à outra pessoa, basicamente essa a função em suma do direito, vejam, não estou falando do direito tributário, mas direito em gênero considerado. Pois bem, estabelecendo-se um corte, analisando-se a realidade especificamente tributária nós chegamos à mesma definição, porém vestida de timbre particular, peculiar, especifico, o direito tributário como todos os setores do direito também serve a disciplina da conduta humana nas suas relações intersubjetivas, só que fecham, essa conduta, esse comportamento, de que se ocupa o direito tributário não é qualquer, o direito tributário lida fundamentalmente com uma conduta, a de pagar tributo, a de recolher aos cofres públicos dinheiro a título de tributo, essa é a conduta, esse é o comportamento de que se ocupa fundamentalmente o direito tributário, ele não está preocupado com outras condutas senão com essa, fundamentalmente. 4 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO Então, pensando nessa ideia, partindo dessa premissa, nós devemos ao final das contas concluir que o direito tributário experimenta resultado prático se essa conduta, se esse comportamento, for ao final das contas verificado, e vejam, esse comportamento, essa conduta, tendente ao recolhimento de tributo não é verificada, essa conduta, não é apurada no mundo jurídico, ela é apurada no mundo social, ela tem significado prático para além das abstrações jurídicas, o direito lida com operações abstratas, as normas jurídicas são figuras nitidamente abstratas, elas não são algo que nós possamos dizer participa do mundo da realidade concreta, na realidade concreta o que nós temos e conduta, as pessoas se preordenam no seu comportamento, hora seguindo, hora desobedecendo as normas estabelecidas pelo direito, mas vejam, de toda sorte o Direito esta lá no plano das abstrações ele existe quer seja cumprido ou não a conduta esta no mundo prático. O que o direito tributário deseja? Ver realizada, a resposta a esta pergunta já foi dada antes, o que o Direito Tributário Deseja? É ver realizada aquela conduta de recolher tributo, de se pagar tributo, e isto, insisto, é algo que nós percebemos presente no mundo dos fatos, no mundo fenomênico, no mundo social, a partir de uma norma abstrata, nós postulamos a realização de um determinado comportamento no mundo concreto, entre e uma e outra dessas realidades, o mundo das abstrações jurídicas, o mundo dos fatos sociais, a uma distância social entre um e outro desses universos, a um distanciamento natural que vai se estreitando a medida que normas jurídicas de conteúdo concreto vão sendo produzidas. Pois bem, essa cadeia normativa tendente à realização do resultado prático do direito tributário e que se denomina processo ou ciclo de positivação. Processo de Positivação, expressão que nós percebemos presente na literatura tributária se identifica pela cadeia pela ideia de cadeia normativa, o processo de normatização é formado por uma série encadeada, lógica e cronologicamente de normas, normas que olham para um específico resultado prático, resultado esse que nós a poucos designamos, recolhimento de tributos. Pois bem, essa cadeia normativa composta é obviamente por diversas figuras, por diversas entidades, todas normativas, diversas normas, variadas normas, vão se pondo e pospondo, até que chegamos ao resultado idealmente desejado pelo direito tributário, que é o recolhimento de tributo. Essa cadeia é premissa da qual nós vamos partir para identificação das categorias processuais tributárias. Pois bem, vamos procurar identificar cada um dos elementos componentes desse ciclo, dessa cadeia. A história normativa do direito tributário se inicia sempre no plano constitucional, o direito tributário, o nosso direito tributário brasileiro é altamente constitucionalizado, essa é uma opção firmada no nosso sistema, gostemos ou não, essa é de fato uma opção que desde a muito vem sendo afirmada pelo sistema tributário brasileiro, a sua história, insisto, se inicia no plano Constitucional. A Constituição Federal outorga às entidades políticas, as pessoas jurídicas de direito público, competências, chamadas de tributárias. Competência tributária, diz com a instituição de tributo, a União, por exemplo, a Constituição outorga competência para instituição de imposto sobre a renda, já aos Estados, a Constituição outorga competência para instituição de ICMS, de IPVA. Aos Municípios, a Constituição outorga competênciapara instituição de IPTU, de ISS–Imposto Sobre a Prestação de Serviços. Pois bem, essa é a primeiríssima etapa do processo de positivação, sem ela não a como se chegar ao resultado prático desejado pelo direito tributário, que é o recolhimento de tributo. 5 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO Agora nós temos que convir, embora seja necessária a prévia outorga de competência tributária pela Constituição, a sua só outorga não é suficiente, ninguém paga tributo porque a Constituição outorgou competência à determinada entidade política para sua criação, ninguém paga imposto sobre a renda porque a Constituição deu competência para a União instituir este Tributo, longe disso, é necessário que o processo de positivação, que a cadeia de positivação, siga adiante, logo após a outorga da competência pela Constituição é preciso supor outra norma de exercício dessa competência, a competência dada pela Constituição deve ser exercitada por quem de direito, no exemplo que lhes propus do imposto sobre a renda, é necessário que a União exercite essa competência, e o fará mediante a produção de outra norma, chamada normalmente, usualmente designada na literatura, de regra matriz de incidência. A regra matriz de incidência é norma jurídica que representa in concreto o exercício da competência conferida pela Constituição Federal. Essa competência outorgada pela Constituição Federal é exercitada pelas entidades politicas a partir da edição da regra matriz, da chamada regra matriz de incidência. Muito bem, esta regra matriz de incidência, essa norma jurídica a que me refiro tem timbre geral e abstrato ela descreve no seu antecedente a hipótese de incidência, no seu consequente ela descreve a obrigação tributária abstratamente considerada, ninguém, absolutamente ninguém, paga tributo por conta da regra matriz de incidência, ela vestida que é de timbre geral e abstrato, descritiva que é de uma mera hipótese, descritiva que e de uma obrigação apenas em nível geral não é suficiente para a construção da obrigação tributária é preciso seguir adiante supondo a investidura de uma norma de conteúdo individual e concreto. De fato para que se experimente aquela eficácia que lhes mencionei, lembram-se, a ideia de recolhimento no campo social, no campo concreto de tributo é preciso que o valor da obrigação seja levantado é preciso que o contribuinte, sujeito que responde pela construção dessa conduta seja identificado é preciso que uma série de elementos que já não estão apenas no plano geral e abstrato, estão no mundo real, sejam identificados, sejam preordenados, por isso vejam, lhes disse de antes, a regra matriz de incidência, embora necessária, não é condição suficiente para a verificação do resultado desejado pelo direito tributário é preciso caminhar adiante, é preciso identificar a obrigação como todos os seus elementos de timbre individual e concreto, para isso é necessário uma norma igualmente individual e concreta. Pois bem, o ciclo de positivação caminhará adiante, logo após, a regra matriz de incidência, norma geral e abstrata, preciso supor o atravessamento de uma norma individual e concreta essa norma a que me refiro e idealmente a que vem prevista no art. 142 do Código Tributário Nacional. O lançamento, ato administrativo assim definido, como ato administrativo, pelo art. 142 do CTN, que responde pelo papel de identificar com todos os elementos necessários os componentes da obrigação tributária, aquela da qual desaguara a conduta desejada pelo direito tributário, de pagar-se tributo, mas, vejam, ainda não basta à produção do lançamento. Como ato administrativo que é, o lançamento traz a tona uma conduta da administração, é preciso, no entanto, supor por de traz dessa conduta um objetivo aquele que desde sempre estamos anunciando, de se pagar tributo, a obrigação tributária não surge apenas com o lançamento, é preciso que o lançamento seja notificado ao contribuinte, sujeito passivo, aquele sujeito que nós pretendemos seja o agente da conduta desejada pelo direito tributário, de se pagar tributo. O ato de notificação do lançamento é o que permite a construção, agora sim da ideia de exigibilidade da obrigação, da obrigação de fundo, aquela que nós estamos a identificar, agora com elementos um pouco mais concretos no lançamento, até então nós a experimentávamos apenas em nível abstrato, tal qual a regra matriz de incidência, a preconiza. 6 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO O ato de notificação da luz efetivamente a obrigação tributária, permitindo a construção dá noção de exigibilidade, vejam tanto é a notificação que confere exigibilidade a obrigação, que esta em processo de construção, que é dela que deriva a ordem de pagamento, quando o contribuinte é notificado do pagamento, nós sabemos, ele o é, fundamentalmente para pagar a notificação contém uma ordem, ordem de pagamento, e é dessa ordem de pagamento que deriva, insisto, a noção de exigibilidade inerente a toda e qualquer obrigação, pois bem, e aí que nós encontramos a peça fundamental que nos permitira falar finalmente em pagamento, notificado o contribuinte do lançamento. Nós temos ao final das contas a contingência do pagamento, digo contingência, porque o contribuinte pode eventualmente não anuir com essa ordem, deixando, portanto, de efetivar o pagamento espontâneo do tributo que é dele exigido, nessa hipótese, evidentemente, nós vamos ter uma espécie de prolongamento do processo de positivação. Mas pensemos por agora no mundo ideal, em que a notificação ou, da notificação deriva o pagamento, com efeito, ao final notificado o contribuinte suponha ele de fato efetua o pagamento, com isso, vejam, nós temos o resultado prático do direito tributário se consolidando. Lembram-se, o direito de uma maneira geral serve para regular conduta humana, o direito tributário da mesma forma, só que o direito tributário não se preocupa com qualquer conduta, mas com uma especificamente considerada, a de pagar tributo. Onde está essa conduta? No plano das abstrações jurídicas. Não. Essa conduta esta no campo social, para isso é preciso supor concretude, individualidade, não basta a existência de uma norma de conteúdo geral, não basta tão pouco a existência de uma norma na Constituição outorgando competência para a União, Estados, Municípios, é preciso a evolução normativa em cadeia de todas essas normas que lhe descrevi, ao final das contas nós podemos convir, o ciclo de positivação, o processo de positivação do direito tributário, seria num primeiro momento composto de cinco etapas: CATEGOTRIAS PROCESSUAIS TRIBUTÁRIAS Norma Constitucional Atributiva de Competência; Regra Matriz de Incidência; Lançamento; Notificação; e, finalmente, Pagamento. Para falarmos de processo tributário é preciso supor como premissa essa figura do processo de positivação, tomada essa figura nas suas cinco fases, nos seus cinco elementos. Pois bem, as categorias processuais tributárias, serão identificadas minimamente a partir dessa figura, o momento em que o processo se aparelha determina, o momento do processo de positivação, o momento do ciclo de positivação, em que a categoria processual se aparelha, determina sua natureza jurídica. Desta forma, se a Constituição outorga competência para instituição de um determinado tributo, isso não significa ainda a possibilidade de processo, não, processo tributário só é de possível aparelhamento se a obrigação tributária já estiver hipoteticamente descrita em alguma norma, e essa norma, já sabemos, é a regra matriz de incidência, a regra matriz de incidência é o segundo processo de positivação. Vejam, entre a Norma-Constituiçãoatributiva de competência e a regra matriz não é possível o aparelhamento de processo, mas a partir do momento em que a regra matriz de incidência é 7 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO introduzida no sistema, ai sim, nós já podemos falar em processo, processo tributário de natureza preventiva. Essas ações ditas preventivas são normalmente chamadas na prática forense de declaratórias, quando propostas pela via ordinária. Podem, no entanto, ser propostas pela via especial do mandado de segurança, falar-se-á nesses casos em mandado de segurança preventivo. Depois, que a regra matriz de incidência é produzida a via de que falamos ou as vias que falamos. As preventivas são aparelháveis Mas, vejam, imaginem lá que o processo de positivação tenha se encaminhado mais adiante, não falamos mais apenas de Constituição, de regra matriz, imagine que o lançamento tenha sido produzido, nesse momento saímos do campo da generalidade e abstração, somos introduzidos no campo da individualidade concretude, já há um ato administrativo instituidor da obrigação tributária, que deixou de ser uma mera hipótese e passou a ser um fato, neste momento já não se conjecturaria mais de uma medida processual preventiva, se já há um fato relacional estabelecido, o fato da relação jurídica tributária decorrente do lançamento é de se supor a noção de repressividade, a partir daí o processo tributário de que falaríamos ganharia uma feição diversa da anterior, essas ações, essas medidas processuais, que seriam proponíveis na fase de que falamos, a partir da notificação do lançamento, a partir do lançamento notificado, são normalmente designadas na prática forense de anulatórias de débito fiscal, quando propostas pela via ordinária. Podem ser propostas pela via especial do mandado de segurança. Mandado de segurança que se definiria neste caso como repressivo. Preventivo: Cientes do Lançamento. Repressivo: Pós Lançamento. Agora, vejam o mundo da processualidade tributária não se fecha apenas nessas figuras, não falamos apenas de medidas de natureza preventiva, declaratória, mandado de segurança, de tal timbre, de timbre preventivo, nós falamos apenas de anulatória de débito fiscal ou mandado de segurança repressivo é preciso imaginar o momento terminativo do ciclo de positivação. Por exemplo, o contribuinte notificado do lançamento tenha de fato o consumado, efetuado o pagamento pelo contribuinte, ainda assim é possível a ereção de processo tributário, ainda que o código tributário nacional tenha no seu art. 156, inciso I, definido o pagamento como causa de extinção da obrigação tributária, ainda assim, é possível após a realização do pagamento, o aparelhamento de processo, processo de natureza tributária, por meio do qual discutisse-a a legitimidade da obrigação que foi pelo pagamento extinta, esse processo a que me refiro e normalmente designado de repetição de indébito. A ação de repetição de indébito é a medida processual cabível após a efetivação do pagamento. Percebam que nós estamos categorizando a partir de um critério, o do momento do aparelhamento do processo, momento relativamente ao processo de positivação, então vejam, se o processo e aparelhado na fase abstrata do processo de positivação dir-se-á declaratório. Se aparelhado na fase concreta dir-se-á anulatório, se aparelhado após o pagamento dir-se-á repetitória a via eleita. A ação de que falamos, as ações de que falamos, são entendidas sempre a partir do momento em que o processo surge, olhando-se para o processo de positivação, olhando-se para o ciclo de positivação, de certa forma percebam nós estamos construindo ou tentando construir uma visão panorâmica do processo tributário, partindo de elementos que são não propriamente processuais, elementos que são materiais. 8 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO O conceito de positivação é o critério que nos auxilia na junção desses dois mundos, o do processo, com o mundo do direito material, auxilia-nos já de logo na identificação panorâmica das principais classes processuais tributárias. PRINCIPAIS CLASSES PROCESSUAIS TRIBUTÁRIAS Notem, lançamos um pretexto em princípio que é haurido do direito material, lembram-se, o conceito de positivação, ele nos auxiliou dantes na identificação de três categorias processuais tributárias, as categorias preventivas declaratória versus mandado de segurança, repressivas anulatórias versus mandado de segurança e repetição de indébito, mas vejam, o nosso quadro ainda se apresenta precário, nós apresentamos até então apenas um panorama, grosso modo, geral, do processo tributário brasileiro, há algo a mais a ser consultado e esse algo a mais que lhes refiro deve ser descortinado neste específico encontro. Para suprirmos as lacunas que ficaram do encontro anterior é preciso tomar em conta alguns outros elementos. Vejam, se processo não é um fim em si mesmo, premissa que nós sacamos da definição de instrumentalidade. Essa premissa que nós retiramos do princípio, do chamado princípio da instrumentalidade. É certo convir que toda a categoria processual decorre de uma relação de fundo, no específico caso do direito tributário, todo processo desse timbre, todo processo tributário decorreria de uma obrigação especificamente tributária. Assim, a chamada relação jurídica tributária em sentido estrito ou, obrigação tributária tem constância subjetiva, se define desde logo, porque o seus sujeitos são constantes, preordenados. Toda obrigação tributária apresenta sujeitos prefixados, como Estado-Fisco, na condição de sujeito ativo, também, contribuinte, na condição de sujeito passivo, vejam, essa constância ela também se apresenta presente no que se refere ao objeto, a obrigação tributária é objetivamente estática, o seu objeto é sempre um único, aquele que vem definido no art. 3º do Código Tributário Nacional. Esse dispositivo é aquele que define o conceito de tributo: “prestação pecuniária instituída por força de lei”. Então, todos os elementos para definição do conceito de tributo são hauridos do art. 3 do CTN, mas do que isso, nós podemos e devemos identificar tributo como o objeto da obrigação tributária, da relação jurídica tributária em sentido estrito, pois bem, essa relação jurídica, insisto, tem composição subjetiva e, objetivamente constante, estática, toda obrigação tributária se conforma pela agregação daqueles elementos: Sujeito ativo-Estado Fisco; Sujeito passivo-Contribuinte; Objeto-tributo. Observem, repise-se, esse são os elementos integrantes da relação jurídica tributária em sentido estrito, ela por força do princípio da instrumentalidade é o fim o processo. Pois bem, se nós tomarmos essa premissa associada à outra, e essa outra, é recolhida do art. 6º do CPC, mas não só do sexto do CPC, senão também do art. 262, também do Código de Processo Civil, nós conseguiremos identifica, construir, elementos que vão reforçar, que vão robustecer aquele quadro que nós construímos no encontro anterior. 9 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO Veja, o art. 6º do CPC é revelador da regra geral de legitimidade. A legitimidade ordinária se define nos termos do art. 6º do CPC, segundo este dispositivo: “ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio.”. Esse direito a que se refere o art. 6º do CPC, é o de fundo, o que se subjaz a relação jurídica de direito material. Assim, qual é a relação jurídica de direito material que nos interessa, a nós no campo do processo tributário? Interessa-nos por óbvio a obrigação tributária, sendo que nela identificamos,lembram-se dois sujeitos preordenados, Estado-Fisco e Contribuinte, reintroduzindo o fenômeno, segundo o art. 6º: “ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio”. Se o direito de que falamos subjaz a obrigação tributária as possibilidades que se nos apresentam quando falamos em processo tributário se resumem aquelas figuras, Estado-Fisco, Contribuinte. Pois bem, pensemos agora no art. 262 do Código de Processo Civil, este dispositivo é revelador da ideia de inércia, na verdade, vejam, não é só o art. 262, também o art. 2º do Código de Processo Civil, traz a tona essa mesma ideia. Segundo esses dispositivos citados, o processo se inicia por provocação de uma das partes, e parte nos sabemos é conceito que nós retiramos em princípio do processo, mas que, se conecta com o mundo do direito material, e essa conexão estabelecida por força do que dispõem o dispositivo, anteriormente mencionado, o art. 6º do Código de Processo Civil, lembram-se, “ninguém poderá pleitear em nome próprio direito alheio”. Então, o que nós queremos dizer, em ultima analise, é que o processo tributário dada a regra da inércia, iniciar-se-á por provocação de um dos atores do fenômeno tributário, e esses atores, lhes repito, são Estado-Fisco ou Contribuinte. Logo, todo processo tributário se inicia ou por um, ou por outro desses sujeitos. Os processos que são iniciados pelas mãos do contribuinte são chamados de processos anti- exacionais. Os processos que são provocados pelo Estado-Fisco, aqueles que surgem por iniciativa do Fisco, do Estado-Fisco, são chamados usualmente de Exacionais. Processos Exacionais: Fisco; Processos Anti-Exacionais: Contribuinte. Assim, notem naquele quadro que nós organizamos anteriormente, quadro esse que contém as medidas preventivas declaratória e mandado de segurança, as medidas repressivas, anulatória e mandado de segurança, que contém, ainda, a figura da repetição de indébito. Nesse quadro com essas referências que foram lançadas até então, uma única possibilidade nós tratamos, esse quadro a que nós referimos anteriormente, revelador, é revelador, apenas de processos anti-exacionais, processos que se consolidam por iniciativa do contribuinte, essa não é, no entanto, a única realidade experimentada pelo nosso sistema, o nosso sistema permite ainda falar de processo iniciado pelo Fisco, processo que se dirá exacional. Esses processos, no entanto, supõem que o fluxo de positivação se encaminhe em sentido diverso. Notem, o processo de processo de positivação, tal qual, descrito no encontro anterior seria composto de cinco etapas: constituição da competência, para instituição de Tributo; essa competência exercitada mediante a produção da regra matriz; na sequência, lançamento; notificado ao contribuinte; e, ao final das contas, nós supomos, pagamento. 10 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO Agora imagine que pagamento não seja feito, que o contribuinte se ponha inadimplente, nessa hipótese o ciclo de positivação, percebam, não se fechará, porque o resultado final desejado pelo direito tributário; pagamento, não se apurou, não se apurou espontaneamente. Quando o pagamento espontâneo é sonegado é preciso busca-lo sob via forçada, e para isso é necessário que o Estado-Fisco vá ao Judiciário, essa figura de que falamos se resolve na forma da lei n.º 6.830/1.980, a chamada Lei de Execução Fiscal. Vale dizer, se o pagamento, voluntário, o pagamento espontâneo não é feito pelo contribuinte, ao Estado-Fisco sobra uma única alternativa, buscar o pagamento forçado, via execução fiscal, percebam com isso nós estamos trazendo a contexto uma nova categoria processual tributária, categoria essa que se distingue das anteriores por força da sua iniciativa, as categorias anteriores são iniciadas pelo contribuinte, essa de que cogitamos neste específico momento é aparelhada por iniciativa do Fisco, com isso, vejam, o quadro se reforça, mas ainda não se esgotou. Vejam, nós estamos a cogitar sempre de processo que se inicia pelo contribuinte ou, pelo fisco, junto ao judiciário, titular que é de função jurisdicional, de fato, ao Judiciário compete o exercício da jurisdição em seu conteúdo típico, é do poder judiciário a função jurisdicional, o exercício da função jurisdicional, em regime de tipicidade. A despeito disso é preciso lembrar que as funções estatais não são distribuídas entre os diversos órgãos de maneira fechada, de maneira enclausurada, não há exclusividade no exercício das funções estatais entre os diversos órgãos, o que quero basicamente dizer é que o Judiciário não é titular exclusivo da função jurisdicional, assim como o poder Executivo, não é titular exclusivo da função administrativa, assim como o poder Legislativo não é titular exclusivo da função produtora de normas gerais e abstratas, essas atividades se distribuem entre esses diversos poderes em regime de tipicidade, mas não em regime de exclusividade, o Poder Judiciário exerce função jurisdicional típica, mas essa mesma função pode ser, e de fato é, atipicamente conferida a outros setores do Estado, em direito tributário nos importa falar da função jurisdicional que é atipicamente conferida ao poder Executivo. A Administração, isso de fato acontece e é algo muitíssimo relevante para nós que estamos operando com o Processo Tributário. Não apenas o Poder Judiciário exerce jurisdição em nível tributário, também o poder Executivo exerce uma parcela de jurisdição em nível tributário, e essa parcela conquanto apresente lá suas características, essa parcela da jurisdição exercida pela administração, conquanto apresente características que lhe são próprias identifica-se de fato como jurisdição, vale dizer nós temos processo, processo tributário não apenas no plano da jurisdição judicial, nós podemos e devemos reconhecer a existência de processo tributário também em nível administrativo, a de se reconhecer a existência de uma jurisdição atipicamente, anomalamente exercida pela administração, pelo Poder Executivo, pois bem, essa parcela jurisdicional, atipicamente desenvolvida pela administração pública o é através daquilo que se confeccionou chamar de contencioso administrativo tributário. E o contencioso administrativo tributário no contexto em que nós nos encontramos é facilmente identificado numa específica fase do processo de positivação, na fase de lançamento. Vejam se o contribuinte, notificado do lançamento, abre-se para ele oportunidade de pagar, pôde que ele fique omisso, mas essas não são as únicas alternativas práticas, dar-se ao contribuinte ainda oportunidade de impugnar, administrativamente, o lançamento que lhe fora notificado, a notificação, com efeito, abre para o contribuinte oportunidade de pagar, mas não só, abre-lhe também, oportunidade de impugnar, a fora a já consultada oportunidade de se omitir, o silêncio do contribuinte também é uma faculdade da qual nós não podemos fugir, tanto assim que dela nós sacamos a figura da execução fiscal. 11 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO Então, se o contribuinte é notificado, do lançamento, e o impugna, surge a partir daí a figura do processo administrativo tributário, e essa figura é tão relevante, que nos termos do art. 151, inciso III do CTN, implica ela a suspensão da exigibilidade da obrigação tributária. Vale dizer, o ciclo de positivação com a eventual cobrança do crédito tributário fica paralisada até solução do processo, desse processo dito administrativo, pois bem, é exatamente dessa figura do processo administrativo tributário que nós temos que desocupar, que nós temos que desonerar, para que nosso quadro de categorias processuais tributárias vá se complementando, essaespecífica figura integra-se ao contexto até então constituído, além da ação declaratória, ação judicial, de nível declaratório, além do mandado de segurança preventivo, além da anulatória de débito fiscal, do mandado de segurança repressivo, da ação de repetição de indébito, da execução fiscal, nós temos ainda que tratar dessa hipótese do processo administrativo tributário. Esse processo nasce num especifico momento, ele não está espalhado no ciclo de positivação, o processo administrativo tributário decorre fundamentalmente da notificação de lançamento, acaba assumindo função tal qual anulatória de débito fiscal, tal qual ao mandado de segurança repressivo, vale dizer função anulatória desconstitutiva do lançamento, função que nós definiríamos em gênero como repressiva, esse processo a que nós nos referimos, para, além disso, percebam, se identifica como anti-exacional, não se fala aqui num processo administrativo iniciado pelo fisco, fala-se sempre em processo iniciado pelo contribuinte, integra, portanto, o capítulo, a classe das ações ditas anti-exacionais, das medidas processuais anti-exacionais. De certa forma, percebam, nós estamos a um só tempo completando o quadro, a lista de categorias processuais tributárias, que nos interessam. Nós estávamos apenas com três possibilidades, outras duas se agregam ao nosso quadro, mas vejam, nós estamos a um só tempo, não apenas completando o quadro, senão também reconhecendo metodologias de classificação do processo tributário. Tomemos atenção em relação a isso. O primeiro critério subjacente ao nosso raciocínio é o da iniciativa. Lembram-se, o processo tributário pode se iniciar por provocação do Fisco, processo exacional, pode-se iniciar por provocação do contribuinte, processo dito, anti-exacional, isso, no entanto, é apenas um dos critérios de possível uso, a outro critério subjaz ao nosso raciocínio, toma em consideração não mais a iniciativa, senão a natureza do órgão julgador a partir do momento que percebemos que a função jurisdicional não é exclusiva do poder judiciário, ela é conferida a ele em regime de tipicidade, mas não de exclusividade, pois bem, a partir do momento que nós fazemos esse diagnóstico, que é possível que o processo tributário seja presidido por autoridade judicial ou por autoridade administrativa. Esse é outro critério de classificação, portanto, o critério da natureza do órgão julgador, por esse critério nós chegamos a duas classes: Processo Judicial; Processo Administrativo. Afora isso, vejam, desde antes, desde o encontro que nós tivemos anteriormente, a outra forma de classificação que está lá implícita ao nosso raciocínio, lembram-se, nós identificamos classes processuais que antecedem o lançamento, classes processuais que se relacionam ao momento posterior ao lançamento, que estão vinculados ao momento, a uma etapa posterior. Pois bem, essas ações que antecedem o lançamento são chamadas de preventivas, ações que postulam prevenir o contribuinte em face da exigibilidade. 12 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO As ações que são propostas após o estabelecimento do estado de exigibilidade, são chamadas repressivas, outra forma de classificação, outro critério de classificação de que nós podemos de fato nos servir, com isso vejam nos chegamos a três critérios e esses critérios é interessante perceber dialogam entre si, vamos procurar nos desonerar deste aspecto. Vejam, as ações ditas anti-exacionais, ações do contribuinte, podem se estabelecer em dois níveis: Nível Preventivo; Nível Repressivo. Afora isso, essas ações anti-exacinais, ações que são propostas, insisto, pelo contribuinte, podem se estabelecer no plano judicial ou no plano administrativo, vejam, que a ideia anti- exacionalidade permite a absorção das outras classes, este tipo de raciocínio não se aplica para a ideia contraposta da exacionalidade. As ações tidas exacionais, aquelas que são proposta pelo Estado-Fisco, o são exclusivamente em ambiente judicial, todo processo exacional, todo processo do fisco se estabelece em nível judicial. Lembram-se, a ideia de exacionalidade, processo que se supõem iniciado pelo fisco, o é em função de um específico resultado o pagamento forçado, via executiva, via executiva fiscal, este tipo de processo não se consolida em nível administrativo, só em nível judicial, dada a ideia subjaz ao principio do devido processo legal, princípio que anuncia: “que ninguém pode ser privado da sua liberdade, de seu patrimônio, sem o devido processo”. E o devido processo legal nesse esquema é o judicial. Pois bem, todo processo iniciado pelo fisco, todo processo exacional, todo processo tendente à expropriação do patrimônio do contribuinte se estabelece em nível judicial, não se fala aqui em dicotomia, processo judicial - processo administrativo, a tal dicotomia que lhes falo só é aplicável às ações do contribuinte. Afora isso, vejam, nós temos outro detalhe, as ações do contribuinte podem ser ditas preventivas, repressivas, insisto, isso não acontece em relação as ações do fisco, mas uma vez as ações do fisco, as ações exacionais tendem a um único resultado o pagamento forçado, neste sentido não admitem essas demandas a formação desta dicotomia, repressividade, preventividade, o resultado e o unívoco, converge para uma única situação, para uma única circunstância, insisto, o pagamento forçado. Ainda, há outra perspectiva que deve ser aqui lembrada, os processos ditos administrativos, que são iniciados sempre pelo contribuinte. Com isto nós fechamos essa conclusão, nós sacamos a minutos a traz, no qual para os processos do fisco não existe essa dicotomia administrativa-judicial, só o judicial e para o contribuinte sim, existe essa dicotomia administrativa de um lado e judicial do outro. Agora vejam, esses processos iniciados pelo contribuinte junto à administração, processos de índole administrativa, tem uma única vocação, a vocação repressiva, não se fala aqui em processo administrativo de timbre preventivo, se a via processual eleita pelo contribuinte é a administrativa nós pressupomos repressividade e não preventividade, esse tipo de inferência é de fácil apuração se nós lembrarmos que o processo administrativo tributário está idealmente ligado a ideia de lançamento e de impugnação do lançamento, o processo surge daquela conduta do contribuinte tendente a impugnar o lançamento que lhe foi canalizado, vejam, isso nos leva a noção de, insisto, repressividade e não de preventividade. 13 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO Então, isso é o quanto basta para nós reconhecermos que todo o processo administrativo tributário teria natureza em principio repressiva, o judiciais não, esses podem ter natureza preventiva ou natureza repressiva. Constituído esse quadro, nos temos não apenas identificadas as principais classes processuais tributárias, agora com certo nível de completude e não naquele ambiente precário do encontro primeiro, do encontro que foi primeiro consumado, nos temos um quadro agora assim mais completo, mas, para, além disso, nós temos estabelecidas aqui as principais relações que se estabelecem entre as classes processuais tributárias: Ações Exacionais sempre Judiciais; Ações Anti-Exacionais, essas sim, podem ter conteúdo Judicial ou Administrativo; Ações Preventivas, se estabelecem apenas no plano judicial; Ações Repressivas, essas podem se estabelecer no plano Judicial ou no plano Administrativo. Essas seriam as relações reveladoras dos diálogos estabelecidos entre as diversas classes processuais tributárias, estabelecido esse panorama, firmado esse panorama, agora sim,um pouco mais completo, com as principais relações previamente reconhecidas nós podemos dizer a introdução ao processo tributário, à introdução ao processo tributário esta devidamente apresentada. CATEGORIAS PROCESSUAIS EM ESPÉCIE Vamos começar a estudar cada uma das categorias processuais em espécie. E por óbvio para que nós sejamos coerentes com o padrão introdutório, que nós lançamos, nós vamos começar falando das ações ditas preventivas, aquelas que estão no momento mais prematuro, no momento mais inicial do processo de positivação. Essas ações ditas preventivas são viáveis desde o momento em que a regra matriz de incidência é introduzida no sistema. Antes deste evento, antes da efetiva produção da regra matriz de incidência dir-se-ia inexistente o interesse de agir do contribuinte, em nível declaratório, em nível preventivo, qualquer discussão processual, estabelecida antes da regra matriz de incidência, representaria discussão de direito em tese o que não é admitido pelo nosso sistema, à medida que o nosso Poder Judiciário não e órgão consultivo, é órgão de composição de conflito. Pois bem, insisto, as ações ditas preventivas são de articulação possível desde o momento em que é introduzida a regra matriz de incidência no sistema, esse o termo inicial de definição do interesse de agir em nível preventivo. Nós poderíamos nos indagar. E qual é o termo final? A partir de quando deixa de existir o interesse de agir do contribuinte? Vejam se nós estivermos falando de uma obrigação tributária de trato sucessivo, como normalmente acontecem, fatos geradores se pondo e pospondo periodicamente. Por exemplo, uma pessoa jurídica que é submetida a pagamento de PIS-CONFINS, tributos relacionados a ideia de faturamentos, enquanto essa pessoa jurídica existir e estiver operando a cada exercício o fato gerador se renova, em princípio, portanto, dir-se-ia que o seu interesse de agir em nível preventivo nunca se apaga, desde o momento em que a regra matiz de incidência foi introduzida no sistema até que ela seja eventualmente refogada é possível a propositura de uma ação de natureza preventiva. 14 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO Mas se o lançamento acontecer nesse intervalo de tempo? Sem dúvida nenhuma a partir dai é para o contribuinte mais interessante a propositura de uma ação anulatória, mas ela, ação anulatória, vestida que é de conteúdo repressivo atuará em face daquele evento, do lançamento consumado, sobra-nos a perspectiva de novos lançamentos sobressaírem no futuro, logo para essa perspectiva o que opera são as ações preventivas. As ações preventivas são proponíveis desde o momento em que a regra a matriz de incidência é introduzida no sistema, não havendo em principio um termo temporal para finalização, para a conclusão, a extinção do interesse de agir, enquanto a norma estiver presente no sistema e ela for potencialmente eficaz em face do contribuinte ele pode propor ação de conteúdo preventivo. Agora, vejam os senhores, preventividade é algo que nos leva a ideia de prospectividade, toda ação preventiva é prospectiva, ou seja, olha para o futuro jurídico, basta pensar em termos pragmáticos, ninguém se previne em relação ao passado, a prevenção esta conectada com o futuro jurídico. Pois bem, quem propõe uma ação de conteúdo preventivo em matéria tributária, o contribuinte que assim atua olha para o por vir, olha para o futuro, ainda não há lançamento, contra ele projetado, o que se pretende é prevenir-se em relação a um futuro lançamento. Se o lançamento aconteceu no passado, acabou o interesse de agir em nível declaratório? É o mesmo problema que dantes lhes falei, Não! Não acabou o interesse de agir, se o tributo for se renovando periodicamente, o interesse de agir continua aceso, continua a existir, mas em relação aos eventos potencialmente futuros, aquele do passado não vai ser atingido pela ação declaratória, pela ação preventiva, nós temos que pensar na ação preventiva atuando pelo por vir, enquanto for possível a produção de lançamentos no por vir, é viável a ação declaratória, isso as ações preventivas. Dessa forma, melhor dizendo, isso, vejam, nos permite reconhecer nas ações preventivas, como lhes sugeri a pouco, força prospectiva, as ações tidas preventivas tendem a olhar para o futuro jurídico, impedindo a constituição de obrigações tributárias em face de um determinado contribuinte, enquanto, a regra matriz de incidência por ele objetada estiver lá figurando no sistema normativo. Pois bem, essas ações ditas preventivas seriam aparelháveis “in concreto” por dois caminhos, fundamentalmente por dois caminhos: O Ordinário; O Especial do Mandado de Segurança. As vias ditas ordinárias são articuláveis na prática por aquilo que se confeccionou chamar de declaratória de inexistência de relação jurídica tributária. Essas ações ditas declaratórias tomem muito cuidado, não se limitam apenas a eficácia declaratória, essas ações ditas declaratórias, impõem para o fisco uma obrigação, seriam, portanto, verdadeiramente constitutivas de um dever relativamente ao fisco, dever de abstenção. O fisco não pode, se a ação declaratória for julgada procedente, o fisco não pode lançar, não pode exigir tributo em face daquele específico contribuinte. Nós podemos de fato reconhecer nas ações declaratórias de inexistência de relação jurídica tributária, para além do efeito declaratório, efeito verdadeiramente constitutivo, constitutivo de um estado de proibição. O Fisco é proibido dali por diante de lançar em face daquele contribuinte. 15 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO Pois bem, essa eficácia a que me refiro, observe bem, só é obtida ao final do processo, essa eficácia não decorre da propositura da ação declaratória, ela decorre do seu julgamento, isso quer significar, grossíssimo modo, que só a propositura de uma ação declaratória não obsta o lançamento, o Fisco não está impedido de lançar pelo fato de proposta ação declaratório, muito ao contrario, o Fisco segue sendo obrigado a lançar, pena inclusive de ser alvo de decadência a obrigação que no for por ele lançada, a propositura da ação declaratória em si mesma, não gera nenhum tipo de impedimento para o Fisco agir, o efeito proveniente da ação declaratória decorre do seu julgamento, do seu julgamento em favor do contribuinte, essa não é, insisto, a única via preventiva experimentada pelo nosso sistema, é possível ainda que o contribuinte obtenha resultado análogo a esse, pelo uso da via especial do mandado de segurança. Mandado de segurança dito preventivo, porque ainda não há o lançamento. Nós não vamos, no entanto, nesse específico momento nos concentrar na figura do mandado de segurança, nem na sua perspectiva preventiva, que é o que esta sendo agora explorado, tão pouco na sua perspectiva repressiva, a medida que o mandado de segurança tem características próprias que exigem uma análise isolada, de toda forma o que me importa nesse específico momento do nosso curso é destacar aos senhores, é que a tal eficácia preventiva, que foi mencionada antes, pode ser haurida não apenas pela via ordinária, da ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária, ela pode ser haurida pela via do mandado do segurança, observado o mesmíssimo raciocínio de antes, qual seja, a só impetração do mandado de segurança não obsta o lançamento é preciso que a ação de mandado de segurança seja geradora, é preciso que ela gera algum tipo de decisão impedindo o fisco de agir, nestes termos opera a ação declaratória, nesses mesmos termos opera o mandado de segurança, sendo observado mais uma vez, o mandado de segurança preventivotem esse mesmo efeito em nível material, mas ele vem qualificado por características próprias que impõem a sua análise destacada. Nestes termos nos teríamos a noção de preventividade se estabelecendo, essas são as primeiras considerações que nós devemos lançar a respeito das ações preventivas. Declaratória, via ordinária. Mandado de segurança, preventivo, de outro lado. 16 PROCESSO TRIBUTÁRIO PROF: PAULO CONRADO PERGUNTAS: 1) O que é o princípio da instrumentalidade das formas? 2) Qual é a relação jurídica que dá nascimento ao processo tributário? 3) Especifique a legislação de timbre tributário. 4) Explique a cadeia normativa tendente à verificação do resultado prático desejado pelo direito tributário, também denominada processo ou ciclo de positivação. 5) O que é competência tributária? 6) O que é lançamento? 7) Quando se dá a exigibilidade da obrigação tributária? 8) Quais são as categorias processuais tributárias? Explique-as. 9) Quais os componentes da relação jurídica tributária? 10) Quem pode dar início ao processo tributário? 11) Quais as denominações desses processos? 12) Quem exerce a jurisdição tributária? 13) Quando surge o processo administrativo tributário? 14) Quais os dois níveis de ações anti-exacionais? 15) Como essas ações anti-exacionais se distinguem das ações exacionais? 16) As ações preventivas podem ser administrativas? E as ações repressivas? 17) Quando é possível as ações preventivas? 18) A partir de quando deixa de existir o interesse de agir do contribuinte? 19) Quais os dois caminhos processuais para as ações preventivas? 20) As ações declaratórias de inexistência de relação jurídica tributária têm apenas efeito declaratório?
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