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DEBATE ENTRE PIAGET E VIGOTSKY
AS RELACÕES ENTRE LINGUAGEM E PENSAMENTO
Psicologia Cognitiva
Vygotsky e Piaget são considerados os precursores da Psicologia Cognitiva.
Vygotsky fez críticas ao pensamento Piagetiano ao participar da tradução de duas obras de Piaget para o idioma Russo em 1932, onde foi convidado a escrever o prefácio da obra “A construção do Pensamento e da Linguagem”. 
Neste artigo Vygotsky deixa claro sua maneira diferente de pensar os processos cognitivos fazendo uma critica a Piaget.
Ambos os pensamentos devem ser levados em consideração ao estudarmos a linguagem, pois são referencias distintas de pensarmos á construção e a elaboração dos processos cognitivos na infância, em idades pré-escolares e escolares. Até os dias atuais, os dois pensamentos influenciam os debates na Psicologia do Desenvolvimento, visto em espaço intra-subjetivo (ou intramental) relacionado à Piaget e outra vista em seu aspecto intersubjetivo (ou intermental) relacionado à Vygotsky. Falaremos agora sobre a visão piagetiana.
 A discussão se dará tomando por base sua obra escrita em 1923, A Linguagem e o Pensamento da Criança. As criticas de Vygotsky baseiam-se neste livro, que contém o apogeu do pensamento piagetiano com a elaboração de suas principais idéias. 
Para Piaget, o modo de funcionamento do pensamento infantil é diferenciado do modo de pensar adulto. Assim como Freud, Piaget é um dos pensadores que defende a idéia de que o desenvolvimento psíquico do ser humano teria um percurso de amadurecimento de formas infantis de construção e representação do mundo para categorias mais elaboradas na idade adulta.
O método clínico utilizado por Piaget (inicialmente usado com os próprios filhos) proporcionou uma forma mais profunda de abordar o funcionamento da mente do que apenas a mera observação do comportamento e suas relações com o meio. A observação de crianças em situações de resolução de conflitos é necessária para a compreensão de suas estruturas mentais, suas relações com o meio e com o objeto avaliando as transformações durante o percurso do desenvolvimento.
Segundo Piaget, o elemento central do desenvolvimento infantil é o egocentrismo: a incapacidade de a criança diferenciar o seu ponto de vista para o ponto de vista de outra pessoa. Até os sete anos de idade, onde já encontramos uma fala socializada, podemos ver vestígios da fala egocêntrica através da fala excessiva. Uma linguagem autocentrada:
Embora fale incessantemente aos seus vizinhos, raramente se coloca no ponto de vista deles. Fala-lhe como se tivesse sozinha, como se pensasse em voz alta. (...) quando fala monologa coletivamente. (...) sua linguagem só se assemelha a dos adultos quando quer ser compreendida, quando dá ordens, faz perguntas e etc... Piaget (1999, orig. 1923) 
Sabemos que há uma precedência do pensamento sob a linguagem, logo a linguagem infantil é uma extensão do pensamento infantil, de natureza fundamentalmente egocêntrica. 
Piaget classifica a linguagem infantil fundamentalmente em duas etapas: linguagem egocêntrica e linguagem socializada.
Linguagem egocêntrica:
Esta é caracterizada pelo fato de a criança não buscar ser compreendida em sua fala. Salvo os casos quando faz questionamentos ou perguntas ao interlocutor ou dá uma ordem. A criança não se preocupa se o interlocutor compreende e não se coloca no lugar do outro. 
A linguagem egocêntrica, por sua vez, se divide em três ramificações: Repetição, monólogo e monólogo coletivo. A repetição ocorre quando a criança expressa de maneira repetitiva sílabas ou palavras, sem contexto. No monólogo a fala da criança é dirigida a si mesma. No monólogo coletivo ocorre o mesmo, sua fala é dirigida pra si, porém em uma situação de interação social, mas sem preocupar-se em ser ouvida por aqueles que os cercam.
A Linguagem Socializada
A fala socializada são as informações adaptadas que a criança se faz entendida pelo seu interlocutor. Nesta podemos encontrar: a crítica, as perguntas e as respostas.
A crítica é o momento onde a criança faz observações sobre a conduta de seus interlocutores, como por exemplo: ordens, súplicas e ameaças. As perguntas são na verdade os questionamentos onde encontramos a exigência de respostas de seus interlocutores por parte das crianças. E a resposta é o momento onde a criança divide informação com o outro de forma compreensível.
Para Piaget o divisor de águas da vida social de uma criança se encontra entre os sete e oito anos de idade, quando ocorre a ruptura com o egocentrismo infantil, caracterizando cada vez mais a socialização da atividade infantil. A partir dessa idade a fala infantil assume cada vez mais traços de uma linguagem socializada, que é ocasionada pela mudança da estrutura do pensamento infantil. O pensamento infantil faz a transição do não-dirigido (autístico) para o tipo dirigido (inteligente). Este fato se dá por conta das alterações ou amadurecimentos cognitivos das crianças.
O pensamento não dirigido é subconsciente, não adaptado a realidade, imaginativo, especulativo, onírico, individual e não comunicável pela linguagem. O pensamento dirigido por sua vez já se adéqua a realidade, sendo consciente e social, comunicável através da linguagem. 
Com a entrada em cena do pensamento dirigido há uma alteração no psiquismo da criança abandonando formas autocentradas e não lingüísticas para formas lingüísticas e socializadas do funcionamento cognitivo. A linguagem egocêntrica seria uma transição do pensamento não dirigido ao pensamento dirigido.
Sintetizando o pensamento piagetiano conclui-se que o desenvolvimento psicológico de uma criança, passa por uma maturação das estruturas cognitivas distanciando-se então das características infantis para as formas adultas do pensar, possibilitando uma abertura para assimilação de processos abstratos, pensamentos lógico-matemáticos, capacidade de compreensão da relação de objetos e pessoas e abertura para os relacionamentos sociais.
“Para Piaget, o desenvolvimento do pensamento é a história da civilização gradual dos estados mentais autísticos profundamente íntimos e pessoais” (vygotsky, 1996, orig. 1934, p.17)
Este processo seria desencadeado pelo amadurecimento da mente a partir dos mecanismos de assimilação e acomodação gerados pela manipulação de objetos. Para Piaget, os objetivos não servem apenas como impulsionadores de dimensões lúdicas e da capacidade imaginativo-fantasiosa (como diria a psicanálise); Na realidade são verdadeiros “objetos de pensamento”, ou seja, pecas importantes no decorrer do desenvolvimento psíquico e no amadurecimento psíquico e racional do pensamento.
No pensamento autístico, característico dos estágios iniciais da infância, é necessário passar pelo uso dos objetos como ferramentas que impulsionam a cognição infantil para estágios mais avançados. 
O pensamento é anterior ao surgimento da linguagem, esta somente seria desenvolvida com a existência do pensar. O desenvolvimento da linguagem apóia-se diretamente no pensamento, sendo um produto do desenvolvimento mental. A formação de conceitos antecede a formação de palavras, posto que um significado (conceito) encontra-se sempre atrelado a uma palavra; Dito de outra maneira, a linguagem está sempre subordinada ao desenvolvimento do pensamento sendo a externalização do pensamento em sua forma verbal.
As gêneses do funcionamento cognitivo é individual e o amadurecimento e expansão para formas mais sociais e adultas só é possível através de ações continuas com o meio. O percurso do desenvolvimento da mente humana vai do isolamento e encapsulamento até a abertura social. 
A linguagem aparece pela primeira vez durante a passagem do pensamento não dirigido para o pensamento dirigido, fase esta caracterizada pelo pensamento egocêntrico, onde notamos o surgimento da fala egocêntrica, que por sua vez é antecessora da fala social. A fala egocêntrica é característica de crianças na fase pré-escolar,Como afirma Vygotsky.
É um monólogo de teatro: um exercício solo de virtuosismo lingüístico, no qual a criança apenas demonstra estar interessada em suas próprias ações. Vygotsky(2001, orig. 1934) 
Somente por volta dos 7-8 anos é que a criança demonstra preocupar-se em estabelecer a linguagem social, por conta da relação com os interlocutores, característica visível na fase escolar onde a interação social é regra. Segundo Piaget, neste momento a fala egocêntrica é extinta. 
O pensamento piagetiano consiste em uma visão individualista do desenvolvimento humano, ou seja, intramental. Vygotsky propõe em suas criticas uma concepção mais interacional e social, chamando a atenção para o papel do ambiente e interação social como elementos fundamentais no desenvolvimento cognitivo, que por sua vez ocorreria não de forma isolada e pertencente apenas ao individuo, mas sim como fruto da interação e do aprendizado social contínuo. 
Em seu entendimento a linguagem e a cultura são ferramentas de mediação entre o individuo e seu contexto social, desta maneira a ação humana seria mensurada por dois tipos de ferramentas: a cultura (ferramentas culturais) e a linguagem (ferramentas psicológicas). Vygotsky enxerga a linguagem como uma ferramenta, instrumento de mediação entre o individuo e o ambiente o que o aproxima de uma visão mais pragmática e interacional da linguagem. 
A primeira critica de Vygotsky a Piaget refere-se ao período autístico da criança, onde o desenvolvimento se dá individualmente impulsionado pela maturação de estruturas biológicas. E totalmente independente da estimulação social e interação com outras pessoas. 
A segunda critica refere-se a fala egocêntrica em um período transitório entre o individual (período autístico) e social (período lógico). Para Vygotsky a fala egocêntrica não é uma etapa passageira do percurso do desenvolvimento, é a uma ferramenta com função prática de regulação e controle do comportamento. A criança, ao falar consigo mesma estabelece uma relação no processo de resolução de conflito, normalmente a fala egocêntrica aparece em uma situação onde há uma interrupção da atividade exercida pela crianca, seja o brincar ou o surgimento de algum problema a ser desenvolvido. Ao se deparar com o obstáculo, a criança desenvolve uma consciência sobre a atividade que está exercendo, sendo a linguagem crucial nesse momento. 
 
A fala egocêntrica além de ser um meio de expressão e de liberação da tensão, torna-se logo um instrumento do pensamento, no sentido próprio do termo – a busca e o planejamento da solução de um problema. Vygotsky (1996, orig. 1934, p.15)
Vygotsky afirma que o papel da fala egocêntrica vai além deste de organização do pensamento, esta antecede a fala interior, ou seja, o próprio pensamento. As pesquisas desenvolvidas por Vygotsky com crianças na fase pré-escolar e escolar entraram em conflito com as conclusões de Piaget, pois ambas levaram a diferentes funções para a fala egocêntrica.
Nas nossas experiências, as crianças mais velhas, quando se deparavam com obstáculos, comportavam-se de maneira diferente das mais novas. Frequentemente examinavam a situação em silencio, em seguida, encontravam a solução. Quando se perguntava a uma criança sobre o que estava pensando, as respostas eram muito semelhantes ao pensamento em voz alta na fase pré-escolar. Indicando que as mesma operações mentais realizada pela criança em idade pré-escolar por meio da fala egocêntrica já estão na criança, em idade escolar, relegadas á fala interior silenciosa. Vygotsky (1996, orig. 1934, p.16)
No pensamento de Vygotsky a linguagem egocêntrica seria sim um estagio transitório, mas entre a fala exterior e a fala interior, fazendo inclusive um paralelo com a fala interior no adulto. A linguagem interior do adulto é voltada para o próprio sujeito, distinta da linguagem social, voltada para comunicação e relação com o mundo externo. A lingagem egocêntrica não desaparecia com o desenvolvimento da linguagem social e sim sofre um processo de internalizarão se tornando a linguagem interior do adulto.
Vygotsky propõe uma inversão da teoria Piagetiana, defendendo a anterioridade da linguagem em relação ao pensamento, sendo esta responsável pelo primeiro passo para o desenvolvimento psíquico. Vygotsky, propõe que o pensamento é o fruto da internalizarão da linguagem.

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