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1. INTRODUÇÃO Os hititas era um povo que viveu por volta de 1900 a.C., são considerados antepassados dos turcos otomanos e assimilados aos indo-europeus e indo- germânicos já que algumas palavras escritas estão presentes no idioma alemão. Viveram numa região que hoje estão localizadas a Turquia e o norte da Síria. Sua história é reconhecida hoje via textos cuneiformes encontrados na área de seu império. Em sua época, já estava evidente o direito como meio de justiça, direito esse que apresentava áreas como o civil e o penal, também já estavam presentes algumas penas para determinados delitos. Enquanto que os códigos babilônicos e assírios que utilizavam a Lei de Talião, isto é, consistindo na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, uma inspiração vinda do código de Hamurabi, o código Hitita, de modo geral, era mais moderado e as penas mais cruéis tornavam-se mais raras. Suas normas eram mais baseadas em penas pecuniárias, pagas com dinheiro, privação de liberdade e escravidão. No campo da política, havia uma instituição chamada de Pankus, uma espécie de concílio de nobres, com autoridade necessária para julgar o rei e até condená-lo a morte. Diferente assim de estados teocráticos da sua época, o que não significava que o rei estava isento de punições. Os crimes de revolta contra o imperador, esses sim eram punidos com severidade. Esse império recebeu forte influência dos sumérios, seu sistema de leis possui uma ligação entre o direito cuneiforme e o direito grego, o conjunto das regras possui formulações de origem consuetudinária à regras jurídicas proclamadas pelo rei. O estudo do direito Hitita fornece o desenvolvimento de um modelo de civilização teocrático, como o encontrado nos povos mesopotâmicos, a uma civilização de cunho mais racional, como a grega. Dentre todos os povos do Oriente Próximo, esses se destacam pelo senso jurídico demonstrado em sua política externa e interna. Em seu código civil, consideravam duas classes de indivíduos: os livres e os escravos. No código penal, não optavam tanto por pena de morte ou mutilação, já que preservavam a ordem pública. Incluído a tudo isso, o próprio soberano tem seus poderes delimitados pelos textos constitucionais vigentes do império. 2. CONTEXTO HISTÓRICO No decorrer de muito tempo os Hititas, só eram conhecidos através de menções do antigo testamento da bíblia. A partir de 1906, através de escavações em uma aldeia Turca o arqueólogo H. Winckler descobriu um enorme acervo de arquivos escritos em placas de argila em Syllabary e percebeu que esses registros correspondiam a um grupo desconhecidos. Os arquivos reuniam documentos históricos, textos literários, descrições sobre festas e dedicações ao âmbito jurídico. Através dos estudos analisados a partir dos documentos, perceberam que o povo Hitita viveu por volta de 1900 a.C., habitaram no território que conhecemos hoje pela moderna Turquia e no norte da Síria, são considerados antepassado dos turcos otomanos e o seu idioma indo-germânicos, tendo a comprovações dessas características por análises escritas em cuneiforme. Durante a primeira guerra mundial foi descoberto a língua falada por eles, que seria a indo-europeia que progressivamente facilitou o entendimento para decifrar as tabuletas contendo as leis e os registros do Império. Os Hititas conseguiram atingir a Anatólia e aprimoraram-se da cultura autóctones, para formar um poderoso império os hititas realizaram extinções de comunidades isoladas, formulando uma forte civilização e agregando pequenos povos ao seu império. Constituíam conjuntos de tribos cobiçando riquezas do império babilônico, onde posteriormente vieram a conquista-la. Receberam fortes influência dos Sumérios, destacando-se a utilização de ferros e cavalos. Os Hititas aperfeiçoaram essas influências, como exemplo o uso das rodas com raios. Na Religião seguiam o politeísmo- acreditavam em vários deuses- relacionavam aos diversos aspectos da natureza. Por causa de diversos conflitos os Hititas iam perdendo o controle das suas civilizações e ao mesmo tempo iam entrando em processo de decadência, agravando por invasões dos Hurritas e diversos povos. A queda deste império dá-se por volta do século 12 a.C., mesmo assim algumas zonas da Síria mantiveram a identidade hitita. A história desse povo pode ser considerada provisória, devido a aparições de novos textos. 3. POLÍTICA E DIREITO A população Hitita sofreu grande influência cultural dos povos sumérios, onde, suas leis eram conceituadas como o elo entre o direito cuneiforme e o direito grego, essa junção forma o código dos direitos do povo Hitita e compreendem tanto as regras de origem consuetudinárias, direito que surge através dos costumes da sociedade, como também as regras instauradas pelo rei. O direito Hitita possui normas, nas quais, são previstas penas de escravidão, privação de liberdade e as pecuniárias, penas que são pagas com dinheiro, sendo essa a punição mais usada do código Hitita, caracterizando-o assim como mais evoluído. No campo da política, podemos observar a instituição Pankus, se tratava de uma assembleia compostas por nobres, onde esses tinham autorização necessária para julgar o rei e até a condena-lo a morte. Isso não significa que o rei estava sem proteção, todos os crimes e revoltas feitas contra o imperador acarretava penas severas. O rei hitita Hatusil III junto com o rei egípcio, Ramsés II celebraram o tratado Egípcio-Hitita, conhecido também por tratado de Kadesh. Trata-se de um tratado de paz que marcou o fim das negociações entre as duas potências do Médio Oriente que viviam em conflitos armados de grandes proporções, durante mais de dois séculos pelo domínio dos territórios Mediterrâneo Oriental. 3.1 Tratado de Kadesh: Primeiro Tratado Internacional de Paz O acordo diplomático e tratado de paz é mais antigo do mundo que sobreviveu até aos nossos dias. A designação muito comum de Tratado de Kadesh está relacionada com a batalha homónima, mas segundo os historiadores modernos, aquela batalha não foi o catalisador de uma tentativa de paz, pois as relações entre os hititas e os egípcios continuaram a ser de inimigos durante muitos anos após o confronto. Os termos do tratado foram escritos numa tabuleta de prata que foi oferecida a Ramsés II por diplomatas hititas e que foi perdida. Conhece-se o texto pelas cópias contemporâneas existentes em paredes de templos egípcios em escrita hieroglífica e em tabuletas de barro no Império Hitita (atualmente território da Turquia). Um exemplar completo do tratado, atualmente em exposição no Museu Arqueológico de Istambul, foi descoberto em escavações arqueológicas nos grandes arquivos do palácio real da capital hitita, Hattusa. O tratado foi assinado para pôr fim a uma longa guerra entre os hititas e os egípcios, que viviam em conflitos por domínio dos territórios. O conflito culminou com a tentativa de invasão egípcia em 1.274 a.C., que foi travada pelos hititas na cidade de Kadesh, nas margens do rio Orontes. A batalha resultou em pesadas baixas em ambos os lados, apesar de não ter resultado de derrota ou vitória clara para qualquer dos lados. Ambos os lados tinham interesses comuns na paz — o Egito sofria da ameaça crescente dos “Povos do Mar”, e os hititas estavam preocupados com o aumento do poder da Assíria, a leste. Apesar do nome comum de “Tratado de Kadesh”, ele foi assinado muito depois da batalha e Kadesh nem sequer é mencionada no texto. Pensa- se em uma negociação por intermediários, sem que os dois monarcas tivessem se encontrado pessoalmente. Batalha de KadeshTudo que se sabe dessa batalha é derivado dos relatos literários egípcios, além de relevos existentes no Ramesseum, o templo funerário de Ramsés II em Tebas. Infelizmente para os historiadores e outros estudiosos da batalha de Kadesh, os detalhes fornecidos por essas fontes são interpretações fortemente parciais dos eventos. Apesar das inúmeras incertezas, é de conhecimento que, Ramsés marchou através da Síria com quatro divisões de tropas: Amon, Ra, Ptah e Set, com objetivo de acabar com a presença hitita na região. O rei hitita Muwatalli II reuniu um exército com os seus aliados para evitar a invasão do seu território. No sítio de Kadesh, Ramsés distanciou-se insensatamente do resto das suas forças e acampou junto à cidade. Os exércitos hititas, escondidos atrás da cidade, lançaram um ataque surpresa contra a divisão egípcia Amon, que rapidamente se dispersou. O tratado proclama que no futuro ambos os lados ficariam em paz para sempre, comprometendo os filhos e netos de ambas as partes. Não cometeriam atos de agressão entre eles, repatriariam os refugiados políticos e criminosos. O texto acaba com um juramento solene perante mil deuses, deuses masculinos e femininos das terras do Egito e de Hatti, testemunhado pelas montanhas e rios das terras do Egito, o céu; a terra; o grande mar; os ventos; as nuvens. Se o tratado fosse violado, aquele que quebrasse o juramento seria amaldiçoado pelos deuses que destruirão a sua casa, a sua terra e os seus servos. De forma recíproca, aquele que mantivesse os seus votos seria recompensado pelos deuses, que o tornariam saudável e o fariam viver. 4. DIREITO CIVIL As informações a respeito do direito Hitita estão nas tábuas encontradas em sua antiga capital, Hattusa. A proporção dessas leis gera uma imagem de evolução se comparado ao Código de Hamurabi, que é muito mais arcaico, ou com as dos assírios, quase contemporâneas. Como a sociedade dos Hitita sofreu grande influência cultural dos povos sumérios, suas leis são consideradas como uma vinculação entre o direito cuneiforme e o direito grego e suas regras jurídicas eram proclamadas pelos seus reis. Com isso, podemos compreender que com essas informações importantes sobre a trajetória do Direito dos Hititas, houve influência de um modelo de civilização teocrático, que é encontrado nos povos da mesopotâmia, e de uma civilização de caráter mais racional, como a da Grécia. As leis Hititas se diferenciam para dois grupos de indivíduos, que eram os escravos e os livres. 1) As mulheres eram submissas ao marido; 2) Era mais comum os nobres e os reis praticarem a poligamia, mas havia uma mulher principal cujos filhos eram considerados os legítimos; 3) O casamento era ato característico para a formação da família; 4) O casamento poderia ser dissolvido em caso de divórcio ou morte do marido ou da mulher. No caso do divórcio, os filhos eram partilhados e no caso de morte por parte do marido, o irmão ou pai dele deveria se casar com a viúva; 5) As terras abandonadas pertenciam ao primeiro que as ocupasse e cultivasse; 6) Se algum habitante realizar um ritual de purificação em uma pessoa, ele deve dispor as sobras desse ritual no entulho de incineração. Mas se ele dispuser-los na casa de alguém, isto é feitiçaria; 7) A propriedade territorial era, em parte, particular e em parte coletiva pois certos nobres haviam domínios consideráveis dessas áreas. 5. DIREITO PENAL As punições aplicadas aqueles que não seguiam o código Hitita não eram tão severas quanto as que não seguiam o código babilônico ou assírio. A pena de morte e as cruéis mutilações são mais raras; nessa sociedade, encontra-se com mais frequência, multas. Porém, quando a ordem pública passava perto de ser abalada, as penas podiam ser mais severas para os que não seguissem as leis. O princípio da justiça pública era mantido com vigor. Algumas leis hititas previam e puniam alguns crimes contra a pessoa física, como por exemplo: 1) O aborto era punido com multa de 20 siclos; 2) As lesões corporais acarretavam uma compensação pecuniária: a fratura de um pé ou de uma mão: 20 siclos (10 siclos quando se tratava de escravos); 3) A pena para quem cegasse uma pessoa livre ou fizesse cair seus dentes variava de 10 a 20 siclos; 4) O homicídio de uma pessoa livre, durante uma discussão, era punido com a compensação de quatro pessoas; a pena era reduzida à metade se o morto fosse um escravo. Se o homicídio não era voluntário, ambas as penas eram igualmente reduzidas à metade; duas pessoas pela morte da pessoa livre, uma pessoa pela morte de um escravo. Comparado ao código babilônico, o código hitita torna-se mais civilizado. Já é comum lembrar-se do código de Hamurabi, descoberto em 1902, que se inspirava em decisões anteriores para utilizar de base em julgamentos futuros. Servia mais como uma lei para unificar a Babilônia em uma única cultura. Alguns exemplos de leis babilônicas: 1) Morte por ajudar um escravo a fugir ou abrigar um escravo foragido; 2) Se uma casa mal construída causa a morte de um filho do dono da casa, então o filho do construtor será condenado à morte; 3) Exílio por incesto: Se um senhor teve relações com sua filha, ele deverá abandonar a cidade 4) Distinção de classes em julgamento: Severas penas para pessoas que prejudicam outras de classe superior. Penas médias por prejuízo a membros de classe inferior. No código assírio, encontrava-se uma notável violência na aplicação das penas. As mais famosas eram a decapitação e a mutilação de orelhas, nariz, olhos e castração. A lei assíria permitia que o assassino fosse entregue ao parente mais próximo da vítima e esse fazia o que bem queria com ele, matava ou o tornava escravo. 6. CONCLUSÃO Apesar do nome do povo Hitita ter aparecido inúmeras vezes no antigo testamento, de ter se estendido por uma grande área territorial e ainda ter um sistema legal avançado com vários registros de artigos isolados e decretos completos. Tornaram-se ignorados e até desacreditados pelos historiadores. De modo geral o direito Hitita é de certa forma mais liberal comparada a outras civilizações, onde poderia ser considerada mais humana, sem castigos tão cruéis. Entretanto a feitiçaria, o furto ao Império e relações sexuais com animais tinham punições mais severas, como punição a morte do indivíduo. Práticas ligadas a superstições eram constantemente levadas às punições mais severas, pois os governantes pretendiam manter o poder em suas mãos, mantendo todos ao seu domínio. O lado administrativo da civilização visava uma sociedade bem ordenada em que a justiça seria mais importante que a força, sendo submetido a minucioso controle governamental. 7. REFERÊNCIAS ROTH, Martha. 1995. Law Collections from Mesopotamia and Asia Minor. Atlanta, Scholars Press. Portal São Francisco, Civilização Hitita. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ci vilizacao-hitita/civilizacao-hitita.php>. Acesso em 21 de julho de 2016. Dr. Civilize-se, O DIREITO NOS IMPÉRIOS ORIENTAIS. Disponível em: <http://www.civilize-se.com/2012/12/o- direito-nos-imperios- orientais.html#.Vu9vukdptT2>. Acesso em 21 de julho de 2016. DocSlide, O Direito Hitita. Disponível em: <http://docslide.com.br/documents/o- direito-hitita.html>. Acesso em 21 de julho de 2016 O Templo de Apolo, Direito hitita. Disponível em: <http://www.historia.templodeapolo.net/civili zacao_ver.asp?Cod_conteudo=69&value=Dir eito%20hitita&civ=Civiliza%C3%A7%C3% A3o%20Hitita&topico=Direito>. Acesso em 21 de julho de 2016.
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