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DIREITO PREVIDENCIÁRIO 1 Apresentação ............................................................................................................................ 7 Aula 1: Seguridade Social ....................................................................................................... 8 Introdução ............................................................................................................................. 8 Conteúdo ................................................................................................................................ 9 Noções históricas .............................................................................................................. 9 Conceito de seguridade social ...................................................................................... 12 Os três ramos da seguridade social ............................................................................. 14 Aprenda Mais ....................................................................................................................... 15 Referências........................................................................................................................... 15 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 16 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 19 Aula 2: Regime geral de previdência ................................................................................ 20 Introdução ........................................................................................................................... 20 Conteúdo .............................................................................................................................. 21 Regime Previdenciário (conceito e benefícios essenciais) ...................................... 21 Recapitulando ................................................................................................................... 21 Existem hoje dois sistemas públicos de previdência ................................................ 22 Regime Geral de Previdência Social ............................................................................. 22 Regimes Próprios de Previdência Social ..................................................................... 23 Espécies de aposentadoria no serviço público, no âmbito do Regime Próprio .. 31 Aposentadoria por invalidez permanente .................................................................. 37 A Relação Jurídica Previdenciária e os Sujeitos Protegidos .................................... 38 Segurado obrigatório ...................................................................................................... 38 Empregado (Artigo 11 I, Lei nº 8.213) ........................................................................... 39 Empregado doméstico (Artigo 11 II, Lei nº 8.213) ..................................................... 41 Contribuinte individual ................................................................................................... 41 IV. Trabalhador avulso .................................................................................................... 42 V. Segurado especial ....................................................................................................... 43 Dependentes..................................................................................................................... 46 Dependentes de cada uma das classes ....................................................................... 47 Relação jurídica previdenciária ..................................................................................... 53 Filiação ao regime geral de previdência social .......................................................... 54 Carência: benefícios com e sem carência. ................................................................. 54 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 2 Manutenção e perda da qualidade do segurado ....................................................... 55 Os dependentes ............................................................................................................... 56 Aprenda Mais ....................................................................................................................... 61 Referências........................................................................................................................... 61 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 62 Notas ........................................................................................................................................... 66 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 66 Aula 3: Aposentadoria e desaposentação ....................................................................... 68 Introdução ........................................................................................................................... 68 Conteúdo .............................................................................................................................. 69 Aposentadoria e direito à desaposentação ................................................................ 69 Artigo 201, § 7º, da Constituição da República .......................................................... 69 Irreversíveis e irrenunciáveis ......................................................................................... 70 Exemplo ............................................................................................................................. 70 Pecúlio ............................................................................................................................... 70 Sistema previdenciário na sua globalidade ................................................................ 72 Fator previdenciário ........................................................................................................ 73 Derrogação ....................................................................................................................... 73 Aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social ............................................. 74 Desaposentação defendida pelo STJ ........................................................................... 75 Informativo nº 535 .......................................................................................................... 78 Despensão ......................................................................................................................... 79 Caráter personalíssimo ................................................................................................... 80 TRF da 4ª Região .............................................................................................................. 81 Aposentadoria e vinculo de emprego ......................................................................... 82 Congresso Nacional rejeita em 14/04/1994 a Medida Provisória 446 ................... 83 Atividade proposta .......................................................................................................... 83 Aprenda Mais ....................................................................................................................... 94 Referências........................................................................................................................... 95 Exercícios de fixação .........................................................................................................96 Chaves de resposta ..................................................................................................................... 99 Aula 4: Aposentadoria por tempo de contribuição .................................................... 101 Introdução ......................................................................................................................... 101 Atividade proposta ........................................................................................................ 102 Aposentadoria por tempo de contribuição .............................................................. 106 Qualidade de segurado - Lei nº 10.666, de 2003 .................................................... 107 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 3 Artigo 18, da Lei nº 8.213 .............................................................................................. 109 Para o professor ............................................................................................................. 111 Renda Mensal Inicial- RMI ............................................................................................ 111 Salário de benefício ....................................................................................................... 112 Fator previdenciário ...................................................................................................... 114 Tempo de contribuição para fins previdenciários .................................................. 118 Prova material ................................................................................................................ 119 Aposentadoria e certidão de tempo de serviço como aluno-aprendiz .............. 121 Contagem recíproca do tempo de contribuição .................................................... 122 Justificação administrativa .......................................................................................... 123 Cabimento da ação declaratória para reconhecimento de tempo de contribuição .................................................................................................................... 123 Referências......................................................................................................................... 124 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 125 Chaves de resposta ................................................................................................................... 127 Aula 5: Aposentadorias especiais .................................................................................... 128 Introdução ......................................................................................................................... 128 Conteúdo ............................................................................................................................ 129 Aposentadorias diferenciadas ..................................................................................... 129 Aposentadoria especial, mais informações .............................................................. 130 Reconhecimento do tempo especial ......................................................................... 131 Lei nº 9.528/97 ................................................................................................................ 133 Aposentadoria constitucional diferenciada do professor ...................................... 139 Professores ...................................................................................................................... 141 Ato normativo ................................................................................................................ 141 Aposentadoria da pessoa com deficiência ............................................................... 142 O Decreto 3.048 ............................................................................................................. 144 Por tempo de contribuição .......................................................................................... 145 Aposentadoria por idade da pessoa com deficiência ............................................. 145 Aposentadoria por idade .............................................................................................. 148 Aposentadoria por idade urbana ................................................................................ 148 Qualidade de segurado ................................................................................................ 149 Aposentadoria por idade rural .................................................................................... 149 Mais informações sobre aposentadoria por idade rural ........................................ 150 Aposentadoria por invalidez - requisitos necessários ............................................ 152 Aposentadoria por invalidez ........................................................................................ 152 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 4 Auxílio-doença ............................................................................................................... 155 Auxílio-doença - Mais informações ........................................................................... 159 Atividade proposta ........................................................................................................ 162 Referências......................................................................................................................... 162 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 164 Chaves de resposta ................................................................................................................... 168 Aula 6: Pensão por morte e benefícios .......................................................................... 170 Introdução ......................................................................................................................... 170 Conteúdo ............................................................................................................................ 171 Pensão por morte .......................................................................................................... 171 Correntes, visão de alguns pensadores ..................................................................... 172 Óbito ................................................................................................................................ 174 Quanto à prova de ser dependente ........................................................................... 175 Cônjuge divorciado ou separado ............................................................................... 176 Se o dependente for incapaz ....................................................................................... 180 Renda Mensal Inicial (RMI) ........................................................................................... 180 Legislação ........................................................................................................................ 181 STJ .................................................................................................................................... 184 Auxílio-reclusão ............................................................................................................. 185 Salário-família ................................................................................................................. 186 Salário-família - renda mensal .................................................................................... 187 Salário-maternidade ......................................................................................................188 Salário-maternidade - mais informações ................................................................. 190 Renda mensal do benefício ......................................................................................... 194 Empregos concomitantes ou de atividade simultânea .......................................... 194 Renda mensal do benefício - mais informações ..................................................... 196 Atividade proposta ........................................................................................................ 196 Referências......................................................................................................................... 197 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 199 Chaves de resposta ................................................................................................................... 203 Aula 7: Custeio da seguridade social .............................................................................. 205 Introdução ......................................................................................................................... 205 Conteúdo ............................................................................................................................ 206 Sistemas de custeio ....................................................................................................... 206 Sistemas de custeio ....................................................................................................... 207 Regra importante ........................................................................................................... 208 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 5 Tripartite .......................................................................................................................... 209 Natureza jurídica ............................................................................................................ 212 Contribuições sociais destinadas à Previdência Social .......................................... 214 Lei nº 8.212/91 ................................................................................................................ 215 Cota patronal previdenciária da empresa ................................................................. 220 Prazo para recolhimento .............................................................................................. 220 Adicional das instituições financeiras ........................................................................ 222 Cooperativas de trabalho ............................................................................................. 223 Empregador doméstico ................................................................................................ 224 Contribuição dos trabalhadores e incidentes sobre seu salário-de-contribuição ........................................................................................................................................... 224 Empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico .................................... 225 Incidência das alíquotas ............................................................................................... 225 O empregador é diretamente responsável ............................................................... 227 Parte da jurisprudência ................................................................................................. 228 Contribuinte individual e segurado facultativo ....................................................... 228 Segurado especial .......................................................................................................... 229 Atividade proposta ........................................................................................................ 231 Referências......................................................................................................................... 231 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 232 Chaves de resposta ................................................................................................................... 235 Aula 8: Acidente de trabalho ............................................................................................ 236 Introdução ......................................................................................................................... 236 Conteúdo ............................................................................................................................ 237 Atividade proposta ........................................................................................................ 237 Acidente de trabalho – conceito ................................................................................ 238 Caracterização do acidente de trabalho ................................................................... 239 Doenças profissionais e do trabalho .......................................................................... 240 Artigo 20 .......................................................................................................................... 241 Nexo causal e concausalidade .................................................................................... 242 Perícia médica do INSS ................................................................................................. 242 Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário ......................................................... 243 Comunicação da empresa ........................................................................................... 244 Lei nº 8.213 ...................................................................................................................... 245 CAT ................................................................................................................................... 246 Acidente de trabalho ..................................................................................................... 247 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 6 Auxílio-doença Acidentário (B-91) ............................................................................. 249 Cessação do benefício .................................................................................................. 251 Auxílio-acidente (B-94) ................................................................................................. 252 Regra importante ........................................................................................................... 253 Artigo 86 da Lei nº 8.213/1991 ..................................................................................... 254 Requisitos de concessão .............................................................................................. 255 Suspensão e cessação do benefício ........................................................................... 255 Atividade proposta ........................................................................................................ 256 Aprenda Mais ..................................................................................................................... 258 Referências......................................................................................................................... 258 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 259 Notas ......................................................................................................................................... 261 Chaves de resposta ...................................................................................................................261 Conteudista ........................................................................................................................... 263 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 7 Nesta disciplina, analisaremos a legislação sobre o Regime Geral de Previdência Social, bem como os elementos dos Regimes Próprios dos servidores públicos, sob um filtro constitucional. Discutiremos as decisões recentes da jurisprudência dos tribunais superiores e resolveremos casos práticos enfrentados pelos profissionais do Direito no dia a dia. Sendo assim, essa disciplina tem como objetivos: 1. Apontar as principais categorias jurídicas do Direito Previdenciário; 2. Resolver casos práticos; 3. Analisar a legislação, doutrina e jurisprudência sobre a matéria; 4. Construir uma visão crítica acerca dos principais problemas enfrentados pela Previdência Social. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 8 Introdução A Pós-Graduação da Estácio tem galgado posição de destaque, para o que tem sido fundamental a peculiaridade de manter parceria com Harvard Business School, uma das mais prestigiadas universidades do mundo, o que resulta em incalculáveis benefícios ao corpo discente em um ambiente cada vez mais globalizado. A metodologia a ser empregada, aulas expositivas e participativas, a partir daquela proposta pela Harvard, considera as características locais, condições institucionais existentes e possibilidade de adequação à matéria exposta, ao mesmo tempo em que incentiva o aluno a interagir, criar estratégias e aprimorar seus conhecimentos. O case da aula de hoje consiste na análise da possibilidade ou não de concessão de benefício assistencial a estrangeiros domiciliados no Brasil. Objetivos: 1. Analisar os aspectos: histórico, conceitual e principiológico da seguridade social. E seus ramos: saúde, assistência social e previdência social; 2. Conhecer o benefício assistencial. (Lei nº 8742/93 – Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS). DIREITO PREVIDENCIÁRIO 9 Conteúdo Noções históricas A humanidade tem uma preocupação constante com os infortúnios da vida, desde os tempos remotos o homem procura reduzir os efeitos das adversidades com as quais se depara, como fome, doenças, velhice, dentre outras. O que pode ser visto como algo inerente ao instinto de sobrevivência, a exemplo do que ocorre com os outros animais, que guardam alimentos para épocas de escassez. No passado as pessoas viviam em aglomerados familiares, sendo os cuidados dos idosos e incapacitados incumbência dos mais jovens em condições de trabalhar. Assim, a ideia de proteção social tem origem na família. Mas, em razão de nem todas as pessoas serem agraciadas com essa proteção familiar, que, em muitos casos, também se apresentava precária, surgiu o auxílio externo e voluntário de terceiros, prática esta muito incentivada pela igreja. Tinha-se incentivo à caridade e a pobreza era tratada como algo benefício, pois se traduzia em desapego as coisas materiais e, por conseguinte, em posterior acolhimento no reino do céu. A indigência, por sua vez, era vista como uma punição divina. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 10 Atenção No estudo da proteção social sem intervenção do Estado pode-se mencionar, ainda, os primeiros grupos de mútuo, em que determinadas pessoas se cotizavam de valor certo para o resguardo de todos. Esses grupos de mútuo representaram um prenúncio do que temos, hoje, como sistemas complementares de previdência privada. Os primeiros seguros marítimos também são utilizados como referência para a evolução da proteção social, ainda que o que se priorizasse fosse resguardar a carga e não as pessoas envolvidas. Há registro também de indícios de seguros coletivos no Império Romano, para proteção de seus participantes e alguma preocupação com os necessitados já que o Estado concedia licença para mendicância àqueles impossibilitados de trabalhar. Somente no séc. XVII, com a edição da lei dos pobres (poor Laws) na Inglaterra e Gales, o Estado assumiu alguma responsabilidade para com o social, até chegar a um sistema estatal securitário. A Revolução Industrial foi muito importante para o surgimento da proteção social, porque se tinha uma sociedade industrial com a classe operaria sendo dizimada por acidentes de trabalho, vulnerabilidade da mão de obra infantil, alcoolismo, dentre outras coisas. Isso associado a um grande processo de migração do homem do campo para as cidades, sem, contudo, demanda para DIREITO PREVIDENCIÁRIO 11 absorver toda essa mão de obra. Essa realidade demonstrou a necessidade da participação do Estado por meio de instrumentos legais de correção, daí termos passado de um estado mínimo para o denominado “Estado do tamanho certo”, capaz de atender demandas sociais além das elementares, em especial na área social. Tais conceitos sociais- democratas resultaram na construção do “Estado do Bem-Estar Social”, que visa atender outras demandas sociais como a previdência social, verdadeiro direito de segunda dimensão. No Brasil, a Constituição de 1891, isto é, a Constituição Imperial, foi pioneira no emprego da expressão "aposentadoria", ao prever, em seu artigo 75, que “A aposentadoria só poderá ser dada aos funcionarios públicos em caso de invalidez no serviço da Nação”. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1824- 1899/constituicao-35081-24-fevereiro-1891-532699- publicacaooriginal -15017-pl.html> Regulando as obrigações resultantes dos acidentes no trabalho, em 1919, tivemos o Decreto Legislativo nº 3.724, que instituiu, caso houvesse um infortúnio no trabalho, uma indenização a ser paga pelos empregadores ao estabelecer, Art. 2º O acidente, nas condições do artigo anterior, quando ocorrido pelo facto do trabalho ou durante este, obriga o patrão a pagar uma indenização ao operário ou à sua família. Exceptuados apenas os casos de força maior ou dolo da própria vítima ou de DIREITO PREVIDENCIÁRIO 12 estranhos. Disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/sislex/paginas/23/1919/3724.htm> Mas, como marco da previdência social, temos o Decreto Legislativo nº 4.682, de 24.01.1923 (Lei Eloy Chaves), através do qual foram criadas as caixas de aposentadoria e pensões, em cada uma das empresas de estradas de ferro existentes, mediante contribuição dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado, assegurando aposentadoria aos trabalhadores e pensão a seus dependentes em caso de morte do segurado. Muitas foram as previsões a respeito, nas demais constituições, notadamente, na Constituição de 1934, que disciplinou a forma de custeio dos institutos (ente público, empregado e empregador); a competência do Poder Legislativo para instituir normas de aposentadoria e proteção social ao trabalhador e à gestante. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/9311/seguridade- social#ixzz3XgQwOm1I>. A Constituição Federal vigente, alcunhada por Wlysses Guimarães de “Constituição cidadã”, prevê um “Estado do Bem Estar-Social” e a seguridade social como grau máximo da proteção social, alcançando também a assistência social e a saúde. Conceito de seguridade social Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, “a ordem social tem como base o primado do trabalho e como objetivo o bem-estare a justiça social” (art. 193). E a seguridade social abrange medidas de iniciativa DIREITO PREVIDENCIÁRIO 13 dos Poderes Públicos e da sociedade, com o fim de garantir direitos inerentes à saúde, à previdência social e à assistência social (art. 194). “Artigo 6º – São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64 de 2010). A seguridade social, como direito social, traduz-se num conjunto de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência social e à assistência social. Este conceito está insculpido no Artigo 194 da CFRB: “Artigo 194 – A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. A Declaração Universal dos Direitos Humanos dentre os direitos fundamentais da pessoa humana, preceitua a proteção previdenciária: Artigo XXV Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS - DUDH <http://www.dudh.org.br/wp-content/uploads/2014/12/dudh.pdf> Acesso em: 05 Ago 2015. Organização Internacional do Trabalho - OIT, na Convenção 102, de 1952 DIREITO PREVIDENCIÁRIO 14 Com a mesma finalidade de tutela de direitos, a Organização Internacional do Trabalho - OIT, na Convenção 102, de 1952, a qual foi ratificada pelo Estado brasileiro em 15/06/2009, por meio do Decreto-Legislativo nº269/08, prevê a seguridade social como, a proteção que a sociedade oferece aos seus membros mediante uma série de medidas públicas contra as privações econômicas e sociais que, de outra forma, derivam do desaparecimento ou em forte redução de sua subsistência, como consequência de enfermidade, maternidade, acidente de trabalho ou enfermidade profissional, desemprego, invalidez, velhice e também a proteção em forma de assistência médica e ajuda às famílias com filhos. (ARAÚJO, Francisco Carlos da Silva. Seguridade social. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 11, n. 1272, 25 dez. 2006. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/9311> Acesso em: 19 ago 2015. Segundo a doutrina, a seguridade social pode ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuição de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações para o sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida digna. (Ibrahim, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 20º Ed. Rio de Janeiro:Impetus, 2015). Os três ramos da seguridade social A seguridade social é um gênero composto por três ramos: saúde, previdência social e assistência social. Segundo Fábio Zambitte, a seguridade social pode ser conceituada como a rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuição de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações para o sustento de pessoas carentes e trabalhadores em DIREITO PREVIDENCIÁRIO 15 geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida digna. Aprenda Mais Material complementar Para saber mais sobre INSS, autarquia federal especializada na matéria previdenciária, leia a Reclamação 4.374 Pernambuco de 18 de abril de 2013, disponível em nossa biblioteca virtual. Referências IBRAHIM, Zambitte Fábio. Curso de Direito Previdenciário. Niterói: Impetus, 2015. TAVARES, Marcelo Leonardo. Previdência e assistência social: Legitimação e fundamentação constitucional brasileira. Rio de Janeiro: Renovar, 2003. Martinez, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciário, São Paulo, Ed. Ltr DIREITO PREVIDENCIÁRIO 16 Exercícios de fixação Questão 1 Igor, portador de alienação mental, acarretando impedimento de longo prazo, ajuíza ação em face do INSS pleiteando a concessão de benefício assistencial com base no Artigo 20, II, da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Alega que mora com sua mãe, desempregada, e seu pai, já idoso, que recebe aposentadoria do INSS no valor de um salário mínimo, porém, tal valor é insuficiente para seu pai arcar com despesas de remédios e da manutenção da família. Para fins de concessão do benefício de prestação continuada LOAS, assinale a alternativa correta. a) Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do salário mínimo. Esse critério, de acordo com entendimento recente do STF, não é absoluto, podendo ser conjugado com outros fatores indicativos do estado de miserabilidade do indivíduo e de sua família. b) Igor, além de ser incapaz, precisa comprovar a idade mínima de 65 anos para fazer jus ao benefício assistencial LOAS. c) O requisito da miserabilidade não pode ser comprovado por exclusivamente prova testemunhal. Questão 2 Américo está tetraplégico, exigindo cuidados permanentes da mulher. Seus dois filhos, maiores de idade, moram com eles, trabalham na cidade, e cada um ganha um salário mínimo mensal. Nessa situação, por estar incapacitado para o trabalho, Américo procura seu advogado para saber se tem direito a receber o benefício de prestação continuada previsto na LOAS. Marque a opção correta. a) Américo tem direito a receber LOAS por ser a incapacidade para o trabalho requisito único para concessão do benefício assistencial. b) A renda de seus filhos maiores deve ser excluída do conceito de renda familiar por expressa disposição legal. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 17 c) Américo não tem direito ao benefício assistencial LOAS, porque precisa recolher contribuições sociais, já que a assistência social depende de contribuição direta do beneficiário. d) Américo, ainda que tetraplégico, deve comprovar que possui impedimento de longo prazo a fim de cumprir o requisito subjetivo. Questão 3 Jurema, idosa, ex-exposa de Jorge, ao saber do óbito deste, procura um escritório de advocacia para saber sobre a possibilidade de buscar, junto ao INSS, pensão por morte. Na consulta, é informada que é beneficiária do LOAS e recebe valor de um salário mínimo. Marque a opção correta. a) Não há possibilidade de ser concedida pensão por morte à Jurema, haja vista existir regra vedando a acumulação na percepção de LOAS com pensão por morte. b) Há possibilidade de receber conjuntamente LOAS e pensão por morte, pois ambos têm natureza jurídica diversa. c) Sendo o LOAS benefício pago a qualquer idoso, conforme Estatuto do Idoso, não há impedimento para a percepção da pensão por morte. Questão 4 Jorge, menor impúbere e portador de Síndrome de Down, necessita de cuidados constantes de sua mãe, que não trabalha para cuidar do menino. Seu pai, João, trabalha como pedreiro e aufere a renda bruta de R$ 642,88, valor este que, com os descontos de contribuição previdenciáriae sindical, decresce para R$ 572,81. Os três moram num imóvel não próprio, sendo que João custeia despesas fixas de aluguel (contrato de locação), suprimento de água e energia elétrica, além das despesas com o sustento da esposa e do filho, ressaltando que este se submete a um tratamento especial em razão da doença de que é portador. Marque a opção correta. a) A realidade do núcleo familiar do requerente permite que se conclua pelo atendimento do requisito da hipossuficiência financeira, haja vista que se trata DIREITO PREVIDENCIÁRIO 18 de família de 03 (três) pessoas, em que somente o cônjuge varão exerce atividade laborativa, havendo presunção absoluta de miserabilidade. b) A renda familiar per capita de até ¼ do salário mínimo gera presunção absoluta de miserabilidade, sendo critério absoluto, de forma que a renda superior a esse patamar afasta o direito ao benefício. c) A despeito de o núcleo familiar não se encontrar na linha de extrema pobreza, os sinais de condições socioeconômicas do requerente afiguram-se insuficientes para afastar a presunção de risco social (estado de miserabilidade, hipossuficiência econômica ou situação de desamparo) delineada pelo legislador. Questão 5 Juanita recebe benefício assistencial por ser idosa e miserável. No segundo semestre de 2013, conhece Mário e com ele se casa no dia 02/01/2014. Em lua de mel, proporcionada por amigos de Mário, Juanita sofre um acidente e vem a falecer. Juanita deixou dois filhos maiores de pai desconhecido. Marque a alternativa correta. a) O benefício de Juanita se transmite a Mário pela inexistência de filhos menores. b) O benefício de Juanita é intransferível. c) O benefício de Juanita é intransferível, porque não foi realizado testamento. d) O benefício de Juanita é transferível somente para os filhos, independentemente da idade. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 19 Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - A Justificativa: STF, Reclamação nº 4.374-PE. Questão 2 - D Justificativa: Artigo 20, caput, e Artigo 2º da Lei nº 8.742. Questão 3 - A Justificativa: Artigo 20, § 4º, da Lei nº 8.742 – O benefício de que trata este artigo não pode ser acumulado pelo beneficiário com qualquer outro no âmbito da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011). Questão 4 - C Justificativa: TRF2 – 201302010002159 - PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL – LOAS. MENOR IMPÚBERE COM SÍNDROME DE DOWN QUE NECESSITA DE CUIDADOS CONSTANTES. INCONTROVÉRSIA EM RELAÇÃO À INCAPACIDADE. CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS DO NÚCLEO FAMILIAR QUE CONFIRMAM A NECESSIDADE DO BENEFÍCIO. Questão 5 - B Justificativa: Conforme Artigo 48, II, do Decreto nº 6.214, de 2007, o pagamento do benefício cessa em caso de morte do beneficiário. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 20 Introdução Hoje é a nossa segunda aula! O Direito Previdenciário é uma matéria interessante e vocês perceberão, no decorrer do curso, que é muito importante conhecermos tal disciplina, pois em muitas relações jurídicas do dia a dia precisaremos do Direito Previdenciário! - Regime Geral de Previdência Social - RGPS (Lei 8.212/91, Lei 8.213/91 e Decretos Regulamentadores); - Regime Próprio de Previdência de Servidores Públicos – RPPS ( metodologia de Harvard, estudo de caso: ADI 5316, Min. Luiz Fux); - A Relação Jurídica Previdenciária e os sujeitos protegidos, no RGPS; - Filiação ao Regime Geral de Previdência Social. Objetivo: Identificar os sujeitos protegidos na relação jurídica previdenciária do regime geral de previdência social. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 21 Conteúdo Regime Previdenciário (conceito e benefícios essenciais) Regime previdenciário é aquele que abarca, mediante normas disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos que têm vinculação entre si, em virtude da relação de trabalho ou da categoria profissional a que está submetida. Garantindo a esta coletividade, no mínimo, os benefícios essencialmente observados em todo o sistema de seguro social – aposentadoria e pensão por falecimento do segurado. Recapitulando No conceito, vimos que são benefícios essenciais a aposentadoria e a pensão por morte. Por quê? Vamos voltar ao que foi dito na aula passada sobre os princípios. Vimos que o Estado deve garantir o mínimo existencial por conta do postulado da dignidade da pessoa humana, que é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (CF, Artigo 1º, III). E por conta da dignidade da pessoa humana, que pressupõe consideração pela vida e pela integridade do ser humano, o Estado deve garantir condições básicas para uma existência na qual se possa exercer a liberdade e receber respeito como pessoa dotada de razão. Portanto, cabe ao Estado criar mecanismos de proteção do homem. Qual seria então a configuração mínima de previdência suficiente para garantir a dignidade humana? O que seria previdência como direito fundamental? Para a maioria da doutrina, previdência social, como direito social fundamental, deve ter uma configuração mínima de garantia da dignidade da pessoa humana, devendo oferecer dois benefícios essenciais: a aposentadoria ao segurado e a pensão por morte dependente do segurado falecido. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 22 Assegurada essa configuração mínima (mínimo existencial), da qual o Estado não pode se furtar, a proteção perde o caráter de fundamentalidade e passa a ser merecedora de proteção na medida das possibilidades orçamentárias do Estado. Existem hoje dois sistemas públicos de previdência Existem hoje dois sistemas públicos de previdência, veja quais são estes sistemas: Regime próprio: destinado aos servidores com vínculo efetivo com a Administração e mantido pelas entidades federativas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), intitulado de regime próprio de previdência social; Regime Geral de Previdência Social: instituído em benefício dos trabalhadores da iniciativa privada, gerido por uma autarquia federal - o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), denominado Regime Geral de Previdência Social. Ambos caracterizam-se por serem administrados pelo Estado, pela natureza institucional do vínculo mantido com os segurados, pela obrigatoriedade de filiação e pelo custeio obtido mediante cobrança de contribuições sociais. Regime Geral de Previdência Social Artigo 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, à: I. Cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II. Proteção à maternidade, especialmente à gestante; III. Proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; DIREITO PREVIDENCIÁRIO 23 IV. Salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V. Pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2o. O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é um seguro social público gerido pelo INSS, autarquia federal responsável pela concessão de serviços e benefícios do RGPS. O RGPS que abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja: trabalhadoresque possuem relação de emprego regida pela CLT, pela Lei nº 5.889/73 (empregados rurais) e pela Lei nº 5.859/72 (empregados domésticos); os trabalhadores autônomos, eventuais ou não; os empresários, titulares de firma individual ou sócios gestores e prestadores de serviços; trabalhadores avulsos; pequenos produtores rurais e pescadores artesanais trabalhando em regime de economia familiar. O RGPS é regido pela Lei nº 8.213/91, sendo de filiação compulsória e automática para os segurados obrigatórios, permitindo ainda que pessoas que não estejam enquadradas como obrigatórios e não tenham regime próprio de previdência se inscrevam como segurados facultativos, passando também a serem filiados ao RGPS. É o único regime previdenciário compulsório brasileiro que permite a adesão de segurados facultativos, em obediência ao princípio da universalidade do atendimento (Artigo 194, I). Regimes Próprios de Previdência Social Artigo 40, caput, da CF, estabelece que para os agentes públicos titulares de cargos efetivos, bem como para os ocupantes de cargos vitalícios (magistrados, membros do MP e Tribunal de Contas) deve haver Regimes Previdenciários Próprios. Portanto, há um estatuto próprio dispondo sobre direitos previdenciários e regras de participação no custeio do regime diferenciado. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 24 Artigo 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. No que tange aos Regimes Próprios de Previdência Social, os sujeitos protegidos nesta relação jurídica são os agentes públicos ocupantes de cargos efetivos e vitalícios, sendo que as regras de aposentadoria sempre foram diferenciadas dos trabalhadores de iniciativa privada, sendo traços marcantes até a reforma constitucional: Fixação de base de cálculo da aposentadoria com base na última remuneração (integralidade), e não uma média de remunerações auferidas como no RGPS; Regra de paridade em que se estabelecia o reajuste dos proventos de aposentadoria e pensões no mesmo índice e na mesma data em que fossem reajustados os servidores públicos na atividade. O Artigo 40, caput, estabeleceu que para os agentes públicos ocupantes de cargos efetivos, bem como para os ocupantes de cargos vitalícios (magistrados, membros do MP e Tribunal de Contas) deve haver Regimes Previdenciários Próprios. Portanto, há um estatuto próprio dispondo sobre direitos previdenciários e regras de participação no custeio do regime diferenciado. (A aposentadoria do servidor, ao contrario do que ocorre na iniciativa privada, ROMPE a relação laborativa entre o servidor publico e o ente da federação, pois a aposentadoria é caso de vacância do cargo publico (lei 8112, art. 33, VII)). Com a reforma, Os servidores que tiverem preenchido os requisitos para aposentadoria sob as regras anteriores à aprovação da reforma continuarão a ter os proventos calculados com base na última remuneração recebida em atividade (integralidade). E as aposentadorias e pensões assim DIREITO PREVIDENCIÁRIO 25 garantidas serão reajustadas na mesma época e pelos mesmos índices aplicados às remunerações dos funcionários ativos (paridade). A matéria foi regulamentada pela Lei 10.887, de 18.06-2004, no art. 1º: § 1o As remunerações consideradas no cálculo do valor inicial dos proventos terão os seus valores atualizados mês a mês de acordo com a variação integral do índice fixado para a atualização dos salários-de-contribuição considerados no cálculo dos benefícios do regime geral de previdência social. § 2o A base de cálculo dos proventos será a remuneração do servidor no cargo efetivo nas competências a partir de julho de 1994 em que não tenha havido contribuição para regime próprio. § 3o Os valores das remunerações a serem utilizadas no cálculo de que trata este artigo serão comprovados mediante documento fornecido pelos órgãos e entidades gestoras dos regimes de previdência aos quais o servidor esteve vinculado ou por outro documento público, na forma do regulamento. § 4o Para os fins deste artigo, as remunerações consideradas no cálculo da aposentadoria, atualizadas na forma do § 1o deste artigo, não poderão ser: I. Inferiores ao valor do salário-mínimo; II. Superiores ao limite máximo do salário-de-contribuição, quanto aos meses em que o servidor esteve vinculado ao regime geral de previdência social. § 5o Os proventos, calculados de acordo com o caput deste artigo, por ocasião de sua concessão, não poderão ser inferiores ao valor do salário-mínimo nem exceder a remuneração do respectivo servidor no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria. Portanto, também no tocante ao valor da aposentadoria, as regras da EC. 41, de 2003, limitam o seu valor máximo à remuneração do cargo efetivo do próprio servidor requerente (art. 40 § 2º). Regras importantes Se o servidor público ocupante de cargo efetivo (procurador federal) exerce atividade paralelamente na iniciativa privada (professor da Estácio), sujeita-se à filiação em dois regimes de previdência social, pois há filiação obrigatória em relação a cada uma das atividades desempenhadas. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 26 Artigo 201. § 5o. É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. Por fim, vamos trazer uma inovação da EC. 41 em relação ao regime previdenciário próprio do servidor público, que foi palco de muitas polêmicas, culminando em ADI no STF: Obrigatoriedade de contribuição previdenciária tanto para os servidores na ativa quanto para uma parte de inativos, haja vista que o regime próprio tem caráter contributivo e solidário. Vamos ilustrar o tema com uma história bem conhecida: Quando um servidor público federal se aposenta, ele sempre terá em seus proventos desconto proveniente de recolhimento de contribuição previdenciária? Tudo vai depender do momento em que houve a cobrança. Portanto, a resposta mais correta é aquela que aborda a evolução da legislação sobre o assunto, haja vista que a questão não traz a época em que foram efetuados os descontos previdenciários no contracheque do servidor aposentado. E, nesse ponto, é fundamental saber o princípio da solidariedade como fundamento de ordem constitucional em nosso ordenamento jurídico com a publicação da EC. 41/2003. Artigo 1º da Lei nº 9.783, de 28 de janeiro de 1999 Primeiramente, devemos trazer à baila o disposto no Artigo 1º, da Lei nº 9.783, de 28 de janeiro de 1999, em sua redação original: Artigo 1º. A contribuição social do servidor público civil, ativo e inativo, e dos pensionistas dos três poderes da União, para a manutenção do regime de DIREITO PREVIDENCIÁRIO 27 previdência social dos seus servidores, será de onze por cento, incidente sobre a totalidade da remuneração de contribuição, do provento ou da pensão. O STF, diante da existência de efetiva controvérsia judicial em torno da legitimidade constitucional de determinada lei ou ato normativo federal, se pronunciou em ADC 8, no sentido de que a Lei nº 9.783/99 (Artigo 1º), ao dispor sobre a contribuição de seguridade social relativamente a pensionistas e a servidores inativos da União, regulou, indevidamente, matérianão autorizada pelo texto da Carta Política, eis que, não obstante as substanciais modificações introduzidas pela EC 20/98 no regime de previdência dos servidores públicos, o Congresso Nacional absteve-se, conscientemente, no contexto da reforma do modelo previdenciário, de fixar a necessária matriz constitucional, cuja instituição se revelava indispensável para legitimar, em bases válidas, a criação e a incidência dessa exação tributária sobre o valor das aposentadorias e das pensões. O regime de previdência de caráter contributivo, a que se refere o Artigo 40, caput, da Constituição, na redação dada pela EC 20/98, foi instituído, unicamente, em relação "Aos servidores titulares de cargos efetivos...", inexistindo, desse modo, qualquer possibilidade jurídico-constitucional de se atribuir, a inativos e a pensionistas da União, a condição de contribuintes da exação prevista na Lei nº 9.783/99. Interpretação do Artigo 40, §§ 8º e 12, c/c o Artigo 195, II, da Constituição, todos com a redação que lhes deu a EC 20/98. Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 28 Surgiu então a matriz constitucional dando respaldo para que a legislação ordinária instituísse a contribuição previdenciária sobre inativos e pensionistas. Só que como já analisamos, o art. 1º da lei 9.783 já continha vicio de origem. E aí veio a lei 10.887, de 2004 trazendo o respaldo legal para a cobrança, porém obedecendo ao previsto no art. 40, § 12 da CF (Ao regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social), institui a contribuição previdenciária sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias e pensões que supere o limite máximo (teto) imposto pelo RGPS. Art. 5o Os aposentados e os pensionistas de qualquer dos Poderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, contribuirão com 11% (onze por cento), incidentes sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias e pensões concedidas de acordo com os critérios estabelecidos no art. 40 da Constituição Federal e nos arts. 2o e 6o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, que supere o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social. O fato é que: A cobrança de contribuição dos já aposentados e pensionistas não agride a regra constitucional da irredutibilidade de remuneração (art. 37, XV), tendo em vista que a proteção somente resguarda o valor bruto do estipêndio, que não será alterado (irredutibilidade nominal) Tampouco há desrespeito a eventual direito adquirido (art. 5º, XXXVI), porquanto não há garantia à manutenção de determinado regime jurídico contra incidência nova de tributo cuja cobrança é permitida pela Constituição. O STF, com base nesses argumentos, julgou constitucional a cobrança da contribuição previdenciária sobre proventos de aposentadorias e pensões concedidas no regime próprio de previdência, conforme ementas das Adins 3105 e 3128. “1. Inconstitucionalidade. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Ofensa a direito adquirido no ato de aposentadoria. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 29 Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Emenda Constitucional nº 41/2003 (art. 4º, caput). Regra não retroativa. Incidência sobre fatos geradores ocorridos depois do início de sua vigência. Precedentes da Corte. Inteligência dos arts. 5º, XXXVI, 146, III, 149, 150, I e III, 194, 195, caput, II e § 6º, da CF, e art. 4º, caput, da EC nº 41/2003. No ordenamento jurídico vigente, não há norma, expressa nem sistemática, que atribua à condição jurídico-subjetiva da aposentadoria de servidor público o efeito de lhe gerar direito subjetivo como poder de subtrair ad aeternum a percepção dos respectivos proventos e pensões à incidência de lei tributária que, anterior ou ulterior, os submeta à incidência de contribuição previdencial. Noutras palavras, não há, em nosso ordenamento, nenhuma norma jurídica válida que, como efeito específico do fato jurídico da aposentadoria, lhe imunize os proventos e as pensões, de modo absoluto, à tributação de ordem constitucional, qualquer que seja a modalidade do tributo eleito, donde não haver, a respeito, direito adquirido com o aposentamento. 2. Inconstitucionalidade. Ação direta. Seguridade social. Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária, por força de Emenda Constitucional. Ofensa a outros direitos e garantias individuais. Não ocorrência. Contribuição social. Exigência patrimonial de natureza tributária. Inexistência de norma de imunidade tributária absoluta. Regra não retroativa. Instrumento de atuação do Estado na área da previdência social. Obediência aos princípios da solidariedade e do equilíbrio financeiro e atuarial, bem como aos objetivos constitucionais de universalidade, equidade na forma de participação no custeio e diversidade da base de financiamento. Ação julgada improcedente em relação ao art. 4º, caput, da EC nº 41/2003. Votos vencidos. Aplicação dos arts. 149, caput, 150, I e III, 194, 195, caput, II e § 6º, e 201, caput, da CF. Não é inconstitucional o art. 4º, caput, da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, que instituiu contribuição previdenciária sobre os proventos de aposentadoria e as pensões dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. 3. Inconstitucionalidade. Ação direta. Emenda Constitucional (EC nº 41/2003, art. 4º, § único, I e II). Servidor público. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 30 Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Bases de cálculo diferenciadas. Arbitrariedade. Tratamento discriminatório entre servidores e pensionistas da União, de um lado, e servidores e pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de outro. Ofensa ao princípio constitucional da isonomia tributária, que é particularização do princípio fundamental da igualdade. Ação julgada procedente para declarar inconstitucionais as expressões "cinquenta por cento do" e "sessenta por cento do", constante do art. 4º, § único, I e II, da EC nº 41/2003. Aplicação dos arts. 145, § 1º, e 150, II, cc. art. 5º, caput e § 1º, e 60, § 4º, IV, da CF, com restabelecimento do caráter geral da regra do art. 40, § 18. São inconstitucionais as expressões "cinqüenta por cento do" e "sessenta por cento do", constantes do § único, incisos I e II, do art. 4º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, e tal pronúncia restabelece o caráter geral da regra do art. 40, § 18, da Constituição da República, com a redação dada por essa mesma Emenda” (ADC 8 MC / DF - DISTRITO FEDERAL, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 13/10/1999, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publicação DJ 04- 04-2003). Artigo 40 da CF, com a redação da EC.20, de 16-12-2008. Atenção Artigo40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. O que ocorreu com o Artigo 1º da lei citada? Foi declarado inconstitucional, porém a norma não foi revogada, mas teve sua eficácia suspensa por conta da declaração de inconstitucionalidade da ADC (a ADC é uma ADIN com sinal DIREITO PREVIDENCIÁRIO 31 inverso). A lei continuou existindo, porque o Poder Judiciário não tem competência para revogar lei, pois somente uma outra lei poderia revogá-la. O Artigo 1º nasceu inconstitucional, é vício de origem, vício que não pode ser convalidado nem se vier um artigo da CF permitindo tal contribuição. E aí veio a EC. 41, de 31-12-2003, trazendo o princípio da solidariedade e colocando expressamente a contribuição para inativos e pensionistas. Espécies de aposentadoria no serviço público, no âmbito do Regime Próprio Aposentadoria por invalidez permanente A aposentadoria por invalidez, no âmbito dos regimes próprios, decorre do reconhecimento da incapacidade laborativa permanente do agente público, declarada por junta médica oficial, podendo ser requerida pelo interessado ou decidida ex officio por questões de interesse público. Prevê o Artigo 40, § 1º, I, da Constituição de 1988: “Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3o e 17: I – por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;” Acidente em serviço é identificado no âmbito federal (Artigo 212, Lei 8.112) como dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exercido, equiparando-se a acidente em serviço o dano decorrente de agressão sofrida e não provocada DIREITO PREVIDENCIÁRIO 32 pelo servidor no exercício do cargo, e o sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa. Aposentadoria compulsória por idade Até 08/05/2015, no regime próprio, o art. 40 da CF previa a compulsoriedade da aposentadoria, quando o servidor – seja do sexo masculino seja do feminino – atingia a idade de 70 anos. Esta aposentadoria ocorria de ofício, na mesma data em que o servidor alcançava a idade limite, não sendo permitida sua permanência no cargo. A regra era: 70 anos, independente do cargo ocupado. O cálculo dessa aposentadoria é proporcional ao tempo de contribuição do servidor, observando-se para a base de cálculo o disposto nos § 3º e 17 do Artigo 40 da CF, correspondendo à média dos maiores salários de contribuição, equivalentes a 80% do período contributivo, contado desde julho de 1994, ou desde o início da atividade, quando posterior, corrigidos monetariamente. O cálculo abrangerá todos os salários de contribuição utilizados no Regime de Previdência para os quais o servidor tenha contribuído. Assim, se o servidor exerceu atividade vinculada ao RGPS, ou exerceu outro cargo público anteriormente, tais períodos também serão utilizados para o cálculo do valor da aposentadoria. Súmula 36 do STF: Servidor vitalício está sujeito à aposentadoria compulsória, em razão da idade. EC/88, DE 08/05/2015 Com o advento da Emenda Constitucional 88, publicada em 08/05/2015, a aposentadoria compulsória sofreu profunda alteração e pode ser assim sintetizada: DIREITO PREVIDENCIÁRIO 33 Regra atual: aposentadoria compulsória aos 70 anos, para os servidores públicos, de qualquer ente da federação, inclusive os magistrados de tribunais de segunda instância. Exceções: 1ª. Por força da atual redação do inciso II, do §1º, do artigo 40, CF, lei complementar poderá estabelecer para todos os cargos ou alguns deles, a extensão da compulsoriedade para os servidores que completarem 75 anos de idade. Vejam que se trata de norma constitucional de eficácia limitada, isto é, que depende de lei para produzir todos os seus efeitos. E a lei, neste caso, deve ser lida como lei complementar de âmbito nacional, como tem se consolidado a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 2 ª. A EC 88/15 acrescentou o artigo 100 no ADCT da CF/88, o qual prevê que a aposentaria compulsória para os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do Tribunal de Contas da União é aos 75 anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal. Tem-se norma de eficácia plena. Assim, os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU são detentores do direito de se aposentadoria compulsoriamente somente aos 75 anos, independente de nova sabatina e aprovação do Senado Federal. O STF, ao analisar a situação de juízes e desembargadores, também decidiu que o art. 100 do ADCT da CF/88 não pode ser estendido a outros agentes públicos, até que seja editada a Lei Complementar Nacional a que se refere o art. 40, § 1º, inciso II, da CF/88. STF - ADI 5316, DE 08/05/2015 Em 08/05/2015, a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) ajuizaram a ADI 5316 contra a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal”, prevista no art. 100 do ADCT da CF/88 acrescentado pela EC 88/2015. Isso porque DIREITO PREVIDENCIÁRIO 34 sua interpretação literal resultaria na obrigatoriedade de submissão de magistrados vitalícios a uma nova sabatina perante o Senado Federal e nova nomeação por parte da Presidência da República. O pedido liminar nessa ADI foi deferido pelo relator, Min. Luiz Fux, para suspender a aplicação da expressão “nas condições do artigo 52 da Constituição Federal”, contida no final do art. 100 do ADCT. E o plenário, por maioria, deferiu o pedido de medida cautelar. Assim, os Ministros do STF, dos Tribunais Superiores (STJ, TST, TSE, STM) e do TCU são detentores do direito de se aposentadoria compulsoriamente somente aos 75 anos, independente de nova sabatina e aprovação do Senado Federal. O STF, ao analisar a situação de juízes e desembargadores, também decidiu que o art. 100 do ADCT da CF/88 não pode ser estendido a outros agentes públicos, até que seja editada a Lei Complementar Nacional a que se refere o art. 40, § 1º, inciso II, da CF/88. EC 88/2015 e aposentadoria compulsória – INFORMATIVO 786 O Plenário, por maioria, deferiu pedido de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade para: a) suspender a aplicação da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC 88/2015, por vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função jurisdicional, ultrajando a separação dos Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CF; b) fixar a interpretação, quanto à parte remanescente da EC 88/2015, de que o art. 100 do ADCT não pudesse ser estendido a outros agentes públicos até que fosse editada a lei complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da CF, a qual, quanto à magistratura, é a lei complementarde iniciativa do STF, nos termos do art. 93 da CF; c) suspender DIREITO PREVIDENCIÁRIO 35 a tramitação de todos os processos que envolvessem a aplicação a magistrados do art. 40, § 1º, II, da CF e do art. 100 do ADCT, até o julgamento definitivo da ação direta em comento; e d) declarar sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial ou administrativo que afastasse, ampliasse ou reduzisse a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com base neste fundamento, assegurasse a qualquer outro agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo após ter completado 70 anos de idade. A norma impugnada — introduzida no ADCT pela EC 88/2015 — dispõe que, “até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal”. Alegava-se, na espécie, que a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” incorreria em vício material por ofensa à garantia da vitaliciedade (CF, art. 93, “caput”) e à separação dos Poderes (CF, art. 2º), exorbitando dos limites substantivos ao poder de reforma da Constituição (CF, art. 60, §4º, III e IV). ADI 5316 MC/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.5.2015. (ADI-5316) Aposentadoria voluntária Aposentadoria por idade: requisitos: 65 anos de idade para homem e 60 anos de idade para mulher; 10 anos no serviço público e 5 anos no cargo público em que pretende se aposentar, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. Aposentadoria por tempo de contribuição: há uma conjugação de requisitos a partir da EC. 20: 60 anos de idade para homem e 35 anos de contribuição; e 55 anos de idade para mulher; 10 anos no serviço público e 5 anos no cargo público em que pretende se aposentar, com proventos integrais. DIREITO PREVIDENCIÁRIO 36 Aposentadorias especiais O Artigo 40, § 4º da CF, prevê: “§ 4o É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: I – portadores de deficiência; II – que exerçam atividades de risco; III – cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou integridade física.” Até a presente data não foi editada a lei complementar a que alude o texto constitucional, havendo um estado de inércia legislativa. O tema chegou ao STF por mandado de injunção em casos de servidores públicos trabalhando na área de saúde. No MI 712, foi assegurada a aplicação subsidiária das regras de aposentadoria especial previstas no RGPS (Artigos 57 e 58, Lei 8.213) para as atividades prestadas pelo servidor filiado ao Regime Próprio de Previdência, por força do Artigo 40, § 12 da CF, ante a ausência de lei específica do respectivo ente público. Aposentadoria Especial: Em razão de não ter sido editada a lei complementar a que alude o texto constitucional e em virtude dessa falta de regulamentação, trabalhadores de algumas categorias profissionais, que desempenham atividades de risco ou insalubres, não podiam exercer seu direito à aposentadoria especial. Por isso, inúmeros Mandados de Injunção foram impetrados, requerendo a DIREITO PREVIDENCIÁRIO 37 regulamentação da aposentadoria especial. O STF, reconhecendo a ausência de norma específica para tratar do tema, passou a aplicar analogicamente os dispositivos relativos à aposentadoria especial do regime geral da previdência, objeto da Lei nº 8.213, como forma de suprir a mora legislativa. Diante de grande número de processos arguindo a ausência de norma específica para regulamentar esse tema e decisões semelhantes no STF, o Ministro Gilmar Mendes apresentou a PSV 45, que foi aprovada em 09/04/14 e resultou na súmula vinculante 33. Súmula Vinculante 33, de 09/04/2014. Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º, inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica. Aposentadoria por invalidez permanente A Lei nº 8.112, no Artigo 186, § 1º, traz o rol de doenças geradoras de aposentadoria integral, sendo que há decisão recente do STJ (REsp 942.530, DJ 29-03-2010) no sentido de que o rol é exemplificativo: “DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DOENÇA INCURÁVEL. ARTIGO 186 DA LEI Nº 8.112/1990. ROL EXEMPLIFICATIVO. PROVENTOS INTEGRAIS. POSSIBILIDADE. 1. Não há como considerar taxativo o rol descrito no Artigo 186, I, § 1º, da Lei nº 8.112/90, haja vista a impossibilidade de a norma alcançar todas as doenças consideradas pela medicina como graves, contagiosas e incuráveis, sob pena de negar o conteúdo valorativo da norma inserta no inciso I, do Artigo 40, da Constituição Federal. 2. Excluir a possibilidade de extensão do benefício com proventos integrais a servidor que sofre de um mal de idêntica gravidade àqueles mencionados no DIREITO PREVIDENCIÁRIO 38 186, I, § 1º, da Lei nº 8.112/90, e também insuscetível de cura, mas não contemplado pelo dispositivo de regência, implica em tratamento ofensivo aos princípios insculpidos na Carta Constitucional, dentre os quais está o da isonomia. 3. À ciência médica, e somente a ela, incumbe qualificar determinado mal como incurável, contagioso ou grave, não à jurídica. Ao julgador caberá solucionar a causa atento aos fins a que se dirige a norma aplicável e amparado por prova técnica, diante de cada caso concreto. 4. A melhor exigência da norma em debate, do ponto de vista da interpretação sistemática, é a que extrai a intenção do legislador em amparar de forma mais efetiva o servidor que é aposentado em virtude de grave enfermidade, garantindo-lhe o direito à vida, à saúde e à dignidade humana. 5. Recurso especial improvido. Aqui trazemos uma diferença da aposentadoria do regime próprio para o RGPS, pois neste toda aposentadoria por invalidez corresponde a 100% do salário de benefício (média dos salários de contribuição tomados de julho de 1994 até o mês anterior à concessão do benefício). No âmbito federal, não há regra legal prevendo o cálculo de aposentadoria proporcional, sendo que a questão atrai a aplicação do § 12º do Artigo 40 da CF, aplica-se subsidiariamente a norma que rege o RGPS. A Relação Jurídica Previdenciária e os Sujeitos Protegidos Os sujeitos protegidos na relação jurídica previdenciária são denominados Beneficiários: Segurado obrigatório Segurado obrigatório é aquele que se filia de forma compulsória à Previdência Social, em razão de exercer atividade remunerada, efetiva ou DIREITO PREVIDENCIÁRIO 39 eventual, de natureza urbana ou rural, com ou sem vínculo de emprego, a título precário ou não, bem como aquele que a lei define como tal, ou por já ter exercido alguma atividade das mencionadas acima, no período imediatamente anterior ao chamado período de graça. Os segurados obrigatórios devem contribuir para a Previdência e terão direito a benefícios pecuniários e serviços previstos para sua categoria a encargo da Previdência Social. Segurados facultativos: os maiores de 16 anos que se filiarem ao regime
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