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Psicologia da Pessoa com necessidades especiais
A Pessoa com deficiência
Aula 1
Introdução
Percebe-se que o desconhecimento sobre a deficiência e as representações sociais traz uma valoração que, ao longo do tempo, distorceu o conceito do deficiente, prejudicando e impedindo suas possibilidades de desenvolvimento.
Essas visões foram criadas em uma visão pré-científica, que marcou profundamente esta história, trazendo preconceito e exclusão.
Discriminação
Ao longo do tempo, na história da humanidade, o ser humano sempre sofreu pelas diferenças que trazia.
A discriminação fazia com que homens e mulheres, crianças e idosos sofressem a rejeição dos puros, nobres e ricos burgueses – uma elite considerada “escolhida por Deus”. Essa discriminação atingia também os deficientes, independente de sua classe social.
Século XIX: Os portadores de deficiência, impossibilitados de trabalhar, causavam ônus e prejuízos aos seus acompanhantes, visto que não faziam parte da produção e sustento do grupo. O discurso pré-científico, ou seja, que antecedeu a investigação científica, não tratava as pessoas com deficiência como se deveria. Pelo contrário, bania-as da sociedade e as tratava como animais.
“Não tenho como te encaixar no meu quadro de funcionários, você não conseguiria fazer o serviço e ainda atrapalharia a produção pois os operários teriam que te ajudar em diversas tarefas cotidianas. Ou seja, não há espaço para você aqui!”
Século XX: No passado, não se buscavam tentativas de inclusão ou mesmo de um despertar das capacidades sufocadas nos deficientes. Atualmente já se pode notar uma mudança nesse quadro, até mesmo legislativa, com a lei 8.213 que exige que as empresas mantenham um número x de funcionários deficientes trabalhando.
“É, realmente ficaria complicado o trabalho para você aqui por conta da sua deficiência, mas pude notar pela sua prova e pela sua entrevista que você é muito bom em matemática. O que acha de trabalhar no escritório e me ajudar com a parte financeira da fábrica?”
LEI
 Nº 
8.213
, DE 24 DE JULHO DE 1991, l
ei de contratação de Deficientes nas Empresas.  Lei 8213/91, lei cotas para Deficientes e Pessoas com Deficiência dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência e dá outras providências a contratação de portadores de necessidades especiais.
Art. 93 - a empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de dois a cinco por cento dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas portadoras de deficiência, na seguinte proporção:
- até 200 funcionários
..................
 2%
- de 201 a 500 funcionários
...........
 3%
- de 501 a 1000 funcionários
.........
 4%
- de 1001 em diante funcionários... 5%
 
Exclusão social
Exclusão social
Na busca de uma “normalidade”, na tentativa de explicar as diferenças, surgem os feiticeiros chamados de xamãs. Estes eram curiosos e religiosos que a todo custo queriam extirpar o demônio, o mal daquele que deveria ser igual a todos.
Consideradas hereges, endemoniadas, as pessoas deficientes eram mortas ou abandonadas. Por se acreditar que elas possuíam demônios, eram muitas vezes assassinadas.
O abandono do idoso e do recém-nascido deficiente estava ligado às questões de sobrevivência dos que eram considerados sãos. A influência de questões míticas e religiosas possibilitou uma visão sobre a pessoa com deficiência como um alguém que deveria ser deixado à sua própria sorte.
A busca da humanidade pela cientificidade fez emergir uma série de tentativas, em busca de uma melhor qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais. Ao mesmo tempo, trouxe conceitos de padrões de normalidade, que por muitas vezes, no lugar de possibilitar a integração deste na sociedade, funcionou como uma grande máquina de exclusão social.
Grécia Antiga
Na Grécia antiga, as pessoas que estavam fora do padrão de beleza eram em geral direcionadas para a guerra.
Percebemos o quão grande era o padrão de normalidade da época: corpos belos, esculturais, direcionados para as competições de força e beleza. É só nos recordarmos das Olimpíadas, onde o culto ao corpo era valorizado, assim como a força e o poder.
Tal contextualização não difere muito dos acontecimentos atuais, do culto ao corpo, à beleza e à forma física. Cabe lembrar que as Olimpíadas são até hoje um evento mundialmente famoso e disputado.
Idade Média
Na Idade Média, podemos constatar que os deficientes eram os eleitos por Deus, os escolhidos, os pecadores e os endemoniados. Assim, aqueles considerados sãos extirpavam os demônios de seus corpos, surgindo assim uma cultura mística, onde o oculto e o desconhecido eram tratados de forma mágica, com fórmulas não convencionais. Tortura, fogueira, tudo era possível e utilizado para afastar o mal, que dominava e conduzia a comportamentos aversivos. Expostas a um mundo cruel, eram realizadas as trepanações, que consistiam em furar o crânio do “paciente”, para que fosse liberado todo o mal. 
Segundo Telford e Sawrey (1988), “é de supor que o homem pré-histórico tivesse uma concepção demonológica da natureza”. Percebe-se que os anos em que transcorreu a Idade Média foram anos perdidos no contexto científico.
Renascimento
Durante o Renascimento, há uma mudança na estrutura de tratamento. Podemos dizer que este é um início do conhecimento científico. Na época, surgem as primeiras explicações médico-científicas. Porém, estas ainda estavam muito distantes de um processo humanizado.
Há um processo de isolamento das pessoas que possuíam doenças mentais.
 O hospital de Bicêtre, localizado nos subúrbios de Paris, que servia de asilo e prisão, entre outras funções, acomodou pessoas famosas, como o Marquês de Sade, com suas ideias que degradavam a sociedade da época.
Você se lembra dos bobos da corte? 
Eles eram anões, corcundas ou deficientes, e entretinham os reis e rainhas, animando-os no palácio real. 
Cabia a estas pessoas diferentes uma única função: usar sua aparência para fazê-los rir.
Século XVI
No início do século XVI, finalmente se chegou a um modelo mais próximo do que seria a ciência, que de certa forma autorizava as ações que possibilitassem o conhecimento das possíveis causas que levavam uma pessoa a ser diferente e possuir uma deficiência. 
Segundo Telford e Sawrey, (1988, p.23, apud Weber, 1925) “ Paracelso (médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista suíço- alemão (1493 – 1541), tornou-se famoso por um tratado em que defendeu o uso da Medicina no tratamento doenças mentais, em vez de exorcismos e palavras mágicas.”
Essa mudança vem mudar a história a respeito do cuidado e tratamento das pessoas com deficiência.
Pinel (médico francês, considerado por muitos pais da psiquiatria), também tirando as amarras dos loucos, busca a mudança e a quebra de paradigma, que passa do cárcere ao cientificismo da doença e deficiência mental.
É importante ressaltar que ambos não estavam claramente identificados na época, sendo de extrema importância a diferenciação, a contextualização e o cientificismo que responsabilizava cada um pela sua tutela. Ou seja, cabe a cada um cuidar e se responsabilizar pelos seus.
Da magia à ciência, da ignorância ao conhecimento
Ao longo do tempo, surgem as concepções quantitativas que, diferenciando os grupos normais e anormais, diferem das concepções qualitativas. Estas consistem na possibilidade de diferenciar traços e características diferentes da humanidade.
Pessoas que nascem com deficiência: Os aspectos biológicos e sociais não eram, até então, investigados. Na história da excepcionalidade, tratamos tanto de pessoas que nasciam com deficiência quanto de pessoas que apresentavam juízos de valores diversos do conceito da época.
Deficientes de guerra: Além de todo este contexto histórico, ainda herdamos os deficientes da guerra. Assim, biologicamente, falando até nas deficiências adquiridas, o mundo discute até hoje a questão de ser diferente.
OBS: Na antiguidade, a pessoa quepossuía alguma deficiência era impedida de exercer plenamente a vida. 
A deficiência era envolta em movimentos xamanísticos que buscavam extirpar a todo o custo o demônio que havia supostamente invadido o sujeito. Quando não conseguiam tal feito, os deficientes eram excluídos e jogados à própria sorte.
Concepção qualitativa X Concepção quantitativa – O normal e o patológico.
Aula 2
Introdução
Nesta aula, você conhecerá e discutirá as noções sobre o normal e o patológico, e ainda as concepções qualitativas e quantitativas dos termos.
Abordaremos também a visão diferenciada sobre o tema deficiência, as transformações dos modelos institucionalizados propostos por uma visão psicométrica e a valorização da criatividade como possibilidade de mudança de paradigmas.
Concepções qualitativas e quantitativas
Em que consiste ser normal? Afinal, o que é normalidade, visto que cada um pode viver intensamente, independentemente das suas limitações?
Ao pensarmos em qualidade, identificamos uma categoria filosófica, que distingue as diversas experiências e que não pode ser expressa numericamente. Como Telford e Sawrey relatam, “(...) entende-os como constituindo categorias ou classes separadas e, em muitos aspectos, distintos das pessoas” (p. 24, RJ).
Já a concepção quantitativa “(...) constitui apenas diferenças de grau, e não de espécie” (p. 24).
Deficiências quantitativas e qualitativas
Números, quantificações e normatizações impossibilitam o desabrochar de características antes camufladas, mas que podem ser reconhecidas e sentidas com o coração.
O “padrão” das pessoas que apresentam deficiências quantitativas acaba, de alguma forma, sobrepondo as pessoas que apresentam deficiências qualitativas, tendo em vista a necessidade do padrão numérico. Um mundo com tantas diversidades permite-nos passar pela vida sem perceber as determinadas categorias que são carregadas de juízos de valor. Mas o que difere na prática este conceito qualitativo e quantitativo? O que muda no trato com a criança?
Trocando em miúdos: qual é o parâmetro de normalidade? No que consiste ser normal?
Vamos dar início a uma discussão sobre patologia, anormalidade, normalidade e ausência de doença.
Diferenças individuais e possibilidades
Toda a questão da deficiência quantitativa e qualitativa deve levar em conta as diferenças individuais e as possibilidades das pessoas. Estas possuem características únicas de um sujeito em movimento, ou seja, da pessoa que, mesmo com suas limitações, crê na possibilidade de mudanças positivas. Muitas filosofias surgem, no que tange às questões quantitativa e qualitativa. 
Quais parâmetros institucionalizados delimitam esta área de atuação? Como devemos operacionalizar esta discussão? É uma questão de método ou de qualidade?
Telford
 e 
Sawrey
, em seu livro O Indivíduo Excepcional, afirma:
Provavelmente, a questão da natureza básica das diferenças intelectuais entre as pessoas excepcionais e normais faz parte de uma questão mais vasta: a da natureza das diferenças individuais em geral, e talvez não tenha sequer uma resposta significativa (1988, p. 29).
																																																
Antigos modelos
Criaram-se modelos que foram, ao longo do tempo, institucionalizados e que trouxeram discriminação e repúdio. Na verdade, nem mesmo o sujeito muito inteligente, assim como o pouco inteligente, era absorvido pela sociedade da época.
 
Ao longo da história da educação, tornou-se mais apropriado separar as diferenças, de forma que estas pudessem ser mais cuidadas e atendidas nas suas especificidades.
Para isso, instituíram-se escolas de atenção à pessoa que necessita de educação especial. 
Mas vamos repensar: e o valor quantitativo e qualitativo? Como descartar a possibilidade do ser criativo que, na solução dos seus problemas, cria mecanismos de suporte e ação?
 
A escola só esta preparada para lidar com a questão da normalidade, da qualidade, e tudo que for diferente é descartado. 
Nós ditos adultos normais devemos aprender a refletir, a questionar e pensar, inclusive a situação na qual nos encontramos.
Organizando o arquivo quantitativo e qualitativo
Cabe a cada um cuidar de seu próprio arquivo, injetando novas tecnologias, ampliando novos conhecimentos e redescobrindo algo que já estava em desuso. Muitos dos nossos arquivos apresentam promessas vivas de mudança; basta acreditar.
 
Diferenças quantitativas. Se nos posicionarmos enquanto os arquivos citados, vamos pensar na quantidade de informações e na sua recepção. 
Nosso arquivo quantitativo e qualitativo necessita ser organizado, de forma que este venha somar à formação geral.
Imaginemos que uma referida pessoa pode ser comparada a este arquivo. A quem cabe organizar? Se estivermos “desorganizados”, por onde começamos? 
Parâmetros de investigação
Aprender a questionar, aprender a pensar, simplesmente ser. A Psicologia do excepcional passa muitos anos buscando entender o ser especial e busca na Psicometria um estabelecimento de parâmetros que visem medir os fenômenos psíquicos.
Percebemos que tais definições não conseguem atender algo tão específico e particular, que é simplesmente medir fenômenos. Ao contrário do positivismo, a visão qualitativa ultrapassa as barreiras, crendo no potencial qualitativo e humano de cada sujeito em especial. Assim surge a modernidade, com novos parâmetros de investigação e novas formas de ver o homem.
 A discussão entre quantitatividade e qualitatividade gera novos modelos e ainda novas técnicas de abordagem, seja educacional, seja afetiva.
Perfil: normalidade e anormalidade
Há quanto tempo buscamos avaliar o que é ser normal e o que é ser anormal?
E perfil? Do que se trata ter um perfil? Trata-se de uma norma técnica, estipulada e calcada em termos psíquicos?
É muito importante ressaltar que autossuficiência, integridade e caráter são construídos ao longo da vida. Tais traços representam uma pessoa, seja ela especial ou não.
Há muito tempo que se busca a resposta para tantas perguntas, sejam eles modelos faraônicos e vigor e beleza, modelos sedutores renascentistas, modelos de força, beleza e vigor.
Qualquer sujeito que fugia do padrão de beleza e vigor era discriminado e colocado em um estado de caos social.
Doença física e mental
As matrizes que nortearam durante muitos anos os perfis personalógicos permitiu separar rigorosamente a doença física da deficiência mental. Matrizes estas que serviram e servem ainda de parâmetros, de regras que buscam contextualizar o sujeito em um quadro ou perfil estipulado.
Não contamos neste quadro com a questão da criatividade e subjetividade humanas. Estas, sim, possibilitam a quebra de paradigmas, tão almejada por todos os cientistas que desejaram a mudança, o respeito e a quebra de estereótipos e preconceitos.
Segundo Kaplan e Sadock (1984), “de acordo com essa nosologia, o retardo mental é reservado para o funcionamento subnormal devido a causas patológicas”. Então, vamos mudar a discussão, já que muitos destes sujeitos são atuantes no mercado de trabalho. O que se percebe é que o mundo muda e os conceitos também.
Afinal, “de perto ninguém é normal”. Não existe perfil que atenda a todos os desejos, aos protótipos e modelos existentes.
Alicerces teóricos sobre o que é ser especial
Idade média: A base histórica nos remonta além da discriminação relatada anteriormente, quando pessoas eram excluídas. Algumas eram colocadas à margem do rio para serem pegas por pedintes, que a utilizariam para o mesmo futuro; outras, os bobos da corte, eram usadas para fazer rir; outras, especiais, eram consideradas detentoras de poderes mágicos ou hereges; dentre outros.
Na década de 1960, surgem os movimentos de reabilitação no Brasil.
Em 1994, a Declaração de Salamanca enfatiza que “a educação é um direito de todos, independentemente de suas condições” (UNESCO).
Dias de hoje: Percebe-se assim que, na verdade, a importância nãose detém exclusivamente no conceito de normalidade, mas sim na possibilidade de que todos, indistintamente, necessitam de atenção especial em determinadas áreas de suas vidas.
Diferentes olhares
Nestes muitos olhares diferentes, o que existe de diferenças e igualdades? Do ponto de vista da atualidade, não podemos descartar as questões sociais no que se refere à pessoa especial.
Passamos de um modelo médico normatizador, chegamos a uma busca insensata com vistas a diminuir as diferenças existentes entre as pessoas e diminuir as marginalidades, visto que a pessoa com problemas era excluída pelo meio.
Estética do Oprimido
Por volta da década de 70, surge uma nova forma de expressão artística, criada por Augusto Boal, intitulado Teatro do Oprimido. Surge assim uma das possibilidades de voz sobre o tratamento, as dificuldades do dia a dia, uma visão social e uma forma de ser, representado por outra voz.
Opressão, exclusão e abandono. Esta ainda é a realidade brasileira, apesar das crescentes discussões sobre o tema.
 
A base de toda e qualquer mudança é a educação. Nela, transformamos pessoas em seres pensantes, criamos novos paradigmas e pontes. Educar a família, educar a população, criar pontes são deveres de cada um de nós.
Pensando no que é ser especial
Analisando o dicionário da língua portuguesa, pergunta-se: O que significa “especial”?
Especial: Significa o que é peculiar de uma pessoa, privativo, singular, fora do comum, exclusivo entre outros significados.
Pensando assim, por que é tão difícil ser especial?
 
O Presidente norte-americano Roosevelt não deixou de ser especial para o seu país porque andava de cadeira de rodas. 
Stevie Wonder e Andrea Bocceli são excelentes cantores, mesmo tendo perdido a visão.
 Analisando toda esta discussão, a expressão, seja no olhar, no fazer, no falar, na arte entre tantas outras, proporcionam a uma redescoberta de si mesmo, buscando os seus próprios sentidos.
Concluindo
A deficiência pode ser vista por diversos ângulos e sempre dependerá de quem os vê. O que deve mudar, além do olhar, é o fazer. É a possibilidade de criação de políticas públicas, onde estas pessoas possam ser inseridas.
 
Os modelos institucionalizados surgem em pequenas ações, principalmente familiares. Porém, buscam uma melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência. Enquanto as ações continuarem em nossos quintais, pouco será feito em prol de uma mudança significativa.
Devemos apostar na criatividade, não precisamos mais de letrados, e sim de pessoas contagiantes e felizes.
 
A quebra de paradigmas começa em nossas pequenas ações. A Psicologia necessitou adquirir o status de ciência. Hoje, esta ciência carece de pessoas que possam investir no sujeito, de forma a minimizar o sofrimento humano.
Os principais tipos de deficiência – conceitos, causas e categorias
Aula 3
Desmistificando o tema
Antes mesmo de discutirmos conceitos sobre deficiência, devemos nos lembrar que são pessoas que vivem e pensam como qualquer uma, e assim, podem ter suas “diferenças” vivenciadas de forma acentuada.
 
Por isso, nada melhor do que o conhecimento do tema para que possamos desmistificá-lo, percebendo que, em algum momento da vida, podemos ser realmente um pouco diferentes.
Contextualizando a deficiência
Quando falamos em contextualizar a deficiência, nos referimos a conceitos lógicos e positivistas, que necessitam de um argumento comprovável para corroborar o assunto citado.
Contra todo este manancial teórico e positivista, no entanto, existe um algo mais, que passa na verdade pelo viés da criatividade. Assim, não desejamos aqui contextualizar no sentido de restringir possibilidades, mas sim de pensar em uma série de vertentes que podem ser trabalhadas. 
Então, falamos de um homem em uma visão holística.
Ao analisarmos a palavra “deficiência”, temos uma concepção que surge no século XX e que carrega uma ideia de inatividade, ou mesmo de um conceito que foge ao centro da normalidade, ou seja, de uma média estatística. Assim, em uma distribuição normal, ora temos os sujeitos que apresentam uma “deficiência para menos”, ora uma “deficiência para mais”.
Segundo Mazzotta (1983), “de um modo geral, o termo excepcional tem sido empregado para designar pessoas que se afastam da normalidade” (p.12).
O que cabe na verdade, em um discurso normatizador, é colocar o deficiente o mais próximo possível da eficiência. Assim, fala-se de adequação, reabilitação e enquadre, ou seja, tantos significados que buscam trazer o outro para a nossa visão de mundo.
“Ser excepcional é ser raro ou incomum; é toda a categoria desviante” (Telford; Sawrey, 1977, p. 15).
Deficiência e doença mental
Conclui-se que o termo “excepcional”, como sinônimo de deficiência, foi sendo substituído por outros, como “portador de necessidades especiais”, ou “educacionais especiais”.
Esses termos trazem uma grande discussão sobre o próprio significado do verbo “portar” e sobre o que caracteriza “necessidades”.
Tanto “deficiência” quanto “doença mental” são termos que passam por um intricado meio de normas técnicas, conceitos e pré-conceitos que, na verdade, fazem-nos perceber o total desconhecimento sobre o assunto.
Deficiência não é doença. Ela se refere a um déficit, seja ele cognitivo, motor, entre outros.
Novas classificações
A Organização Mundial de Saúde começa a se organizar para classificar as deficiências, visando diminuir o preconceito.
CIDID
Em 1989, a OMS (Organização Mundial de Saúde) elabora a Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (CIDID).
CIDDM-2
Em 1997, surgem novos títulos e conceituações, como a “Classificação Internacional das Deficiências, Atividades e Participação: um manual da dimensão das incapacidades e da saúde” (CIDDM-2).
Esse documento concebe a deficiência como “uma perda ou anormalidade de uma parte do corpo ou função corporal, incluindo funções mentais”.
 
Diz-se que o termo “doença mental” abrange problemas emocionais, comportamentais, cognitivos e sociais. Portanto, apesar de ter grandes semelhanças com a deficiência, ela encontra-se na esfera da Psiquiatria. Porém, tanto uma quanto outra podem se entrelaçar em seus serviços, pois como o ser humano é total, necessita de atenção especial.
Causalidades das deficiências
Entre os vários tipos de causalidades para as deficiências, podemos apresentar três grandes momentos: pré-natal; perinatal e pós-natal.
Causas pré-natais: Qualquer ação que interfere no desenvolvimento pleno da criança durante a gestação. Tais fatos podem ser: doenças infectocontagiosas; ações externas, como raio-X; doenças da mãe, dentre outros fatores. Exemplo: deficiência causada pelo contaminação por sarampo durante a gravidez.
Causas perinatais: Ações que acometem a criança durante o parto ou imediatamente depois. Dentre os fatores mais preocupantes, está a pressão alta da mãe, gerando eclampsia (séria complicação na gravidez, caracterizada por convulsões. Acidente agudo paroxístico da toxemia gravídica – convulsões – estado comatoso).
Causas pós-natais: Problemas que afetam a criança após o parto.
Outras causas
Além dessas causas, a realidade social do nosso país acaba impondo algumas dificuldades sociais que também facilitam o surgimento das deficiências.
 
Nesse caso, podemos citar as dificuldades de orientações e esclarecimentos sobre as deficiências, a necessidade de acompanhamento específico para a gestante, o trato do recém-nato, entre outros.
Outros fatores são as dificuldades de acesso à rede de atenção básica, à saúde e à higiene. No nível estrutural, a dificuldade de acesso aos locais e ainda  faltam rampas.
 
O sistema de saúde acaba por se transformar em mais um vilão, que não ouve as queixas e ainda impossibilita a possibilidade de novas conquistas.
Prevenção e redução das deficiências
Os fatores etiológicos, através da investigação pelos estudos acadêmicos, podem propor mudanças estruturais,ambientais e sanitárias, de forma a minimizar os problemas e reduzir os danos.
Dentre estas causas possíveis, temos, nos fatores já citados, a educação para a saúde como uma das saídas da prevenção das deficiências. Assim, mesmo sendo causas ambientais, genéticas ou multifatoriais, os profissionais da área da educação e da saúde podem influenciar a discussão que venha a criar: frentes de trabalho, educação nas escolas, formação continuada e dispositivos de atenção na rede básica de saúde.
 
É importante ressaltar a necessidade de atenção primária e secundária:
Primária: na atuação junto à vacinação, atenção à gestante evitando a deficiência física, motora, mental entre outras;
Secundária: quando já existe o desenvolvimento da deficiência, buscando minimizar suas consequências.
OBS: O bom desenvolvimento e acompanhamento da gravidez possibilitam a minimização de patologias, os exames que toda a gestante deve fazer, as vacinações e avaliações no bebê.
Desvio intelectual, deficiência mental e altas habilidades
Aula 4
Introdução
Ao longo dos anos, os termos “desvio intelectual”, “deficiência mental”, “oligofrenia”, “retardado”, “mongoloide”, entre outros, eram utilizados para se referir à pessoa com qualquer tipo de deficiência mental. 
Esses termos eram carregados de preconceito e tratavam como anormais todas as pessoas que necessitavam de ajuda diferenciada.
Desta forma, vamos discutir nesta aula as distinções entre tais termos.
Deficiência intelectual
Os termos universalmente utilizados para diferenciar as pessoas que possuíam algum atraso cognitivo eram conceitos passados e institucionalizados como tal. Tais termos simplesmente não permitiam os questionamentos necessários para uma mudança na visão das pessoas. Ou seja, esses paradigmas institucionalizados impediam o pleno desenvolvimento de políticas de atenção às pessoas com necessidades especiais.
 
Por muito tempo, os movimentos buscavam a normalização. Esta universalização permeou os anos 1950, 60 e 70, quando era muito comum tratar a todos como excepcionais.
Em 1973, a Associação Americana de Deficiência Mental começa a pontuar a questão da deficiência intelectual. Mas as mudanças culturais só viriam dali a alguns anos, conforme veremos.
Anos 1980: mudança cultural
A mudança cultural começa nos anos 1980. O ano de 1981 é declarado o Ano Internacional da Pessoa com Deficiência pela ONU (Organização das Nações Unidas), que culminou com o programa mundial de ação para pessoas com deficiência, em 1982.
Para entendermos a confusa caminhada da deficiência e desvio intelectual, percebemos concretamente o status que tanto um quanto outro trazia em seu significado. Porém, significativamente, as definições de desvio e deficiência perpassam ideias que indicam o atraso cognitivo e mental que dificulta o pleno desenvolvimento. As características não são diferenciadas. O que difere é a forma de entendimento, atenção, receptividade e cuidado à pessoa com deficiência.
Novas nomenclaturas
Em 1992, junto com o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), conceitua-se a deficiência mental como uma redução intelectual inferior à média. 
Segundo Mazzotta, a AAMD se refere à deficiência intelectual como: “(...) funcionamento geral significativamente abaixo da média, associado ao déficit no comportamento adaptativo, evidenciado durante o período de desenvolvimento” (Mazzotta, 1987, p. 10). O autor afirma que, segundo alguns autores, há distinção entre ambas as nomenclaturas sobre deficiências mentais.
Desconhecimento e preconceito: os piores impeditivos
Devemos pensar que tais questões não mudaram as ações sobre a deficiência. O que mais impede o pleno desenvolvimento das pessoas é o preconceito, gerado pelo desconhecimento do assunto.
Quando Binet foi convidado para discutir o tema inteligência e criar o teste de coeficiente intelectual (QI), não imaginava a segregação e as dificuldades que aconteceriam após sua descoberta. Essa “marginalidade” da pessoa com deficiência intelectual afastava e dificultava um melhor acompanhamento, visando o pleno desenvolvimento da pessoa com deficiência.
Termos como “acima da média” ou “abaixo da média” serviram apenas para criar salas e orientações especiais.
Categoria especial
Ao falarmos de deficiência, falamos de um sujeito que vive à margem da sociedade, com quem, muitas vezes, a sociedade e a família não sabiam o que fazer.
Hoje, considera-se a deficiência mental não mais como um traço absoluto, mas uma categoria especial, que pode se apresentar de diversas formas. Assim, fala-se de aspectos sociais e ainda da própria formação, educação e escolarização dos sujeitos.
Segundo Telford e Sawrey (1988), “é óbvio que a identificação do indivíduo mentalmente retardado envolve a aceitação de certos critérios. Já indicamos que, na prática, são correntemente usados múltiplos critérios” (p. 233).
Síndrome de Angelman: É um distúrbio genético-neurológico nomeado em homenagem ao pediatra inglês Dr. Harry Angelman, que foi quem descreveu a síndrome pela primeira vez em 1965. Caracteriza-se por atraso no desenvolvimento intelectual, dificuldades na fala, distúrbios no sono, convulsões, movimentos desconexos e sorriso frequente.
Síndrome de Edwards: As características principais da síndrome são: atraso mental, atraso do crescimento e, por vezes, malformação grave do coração. O crânio é excessivamente alongado na região occipital e o pavilhão das orelhas apresenta poucos sulcos. A boca é pequena e o pescoço geralmente muito curto.
Paralisia cerebral: É uma lesão de uma ou mais partes do cérebro, provocada muitas vezes pela falta de oxigenação das células cerebrais. Acontece durante a gestação, no momento do parto ou após o nascimento, ainda no processo de amadurecimento do cérebro da criança. É importante saber que o portador possui inteligência normal (a não ser que a lesão tenha afetado áreas do cérebro responsáveis pelo pensamento e pela memória).
Síndrome de Prader-willi: A incidência da síndrome é entre 1 em 12.000 e 1 em 15.000 nascimentos. A distinção do cromossomo por origem parental é devido ao imprinting, e a síndrome possui uma síndrome-irmã, a síndrome de Angelman que afeta os genes "imprintados" maternalmente na região. A síndrome de Prader-Willi é caracterizada por polifagia, pequena estatura e dificuldades de aprendizado.
Síndrome de Down: A síndrome é caracterizada por uma combinação de diferenças maiores e menores na estrutura corporal. Geralmente a síndrome de Down está associada a algumas dificuldades de habilidade cognitiva e desenvolvimento físico, assim como de aparência facial. A síndrome de Down é geralmente identificada no nascimento. Pessoas com síndrome de Down podem ter uma habilidade cognitiva abaixo da média, geralmente variando de retardo mental leve a moderado.
Autismo: O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento. É uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização (estabelecer relacionamentos) e de comportamento (responder apropriadamente ao ambiente — segundo as normas que regulam essas respostas).
Prevenção primária, secundária e terciária
Para a prevenção do atraso mental, postula-se, segundo Alfredo Fierro apud Coll, Marchesi e Palacios, a prevenção primária, secundária e terciária.
Primária - Implantação de medidas da gestação ao parto;
Secundária - Ações que minimizem os problemas apresentados;
Terciária - Consiste na reabilitação e na busca de melhorias.
Altas habilidades
Quando se fala de altas habilidades, não se entende o motivo de esta categoria estar atrelada à discussão da pessoa com deficiência. Ora, em conceitos negativos que tratam a pessoa com deficiência e as colocam no mesmo patamar que as pessoas com altas habilidades, como se dá tal diferenciação? 
“A forma como a inteligência é definida constitui uma determinante parcial, pelo menos, do modo como o intelectualmente dotado ou excepcionalmente inteligente será definido”(Telford e Sawrey, 1988, p. 165).
Uma forma de identificação das crianças com altas habilidades é através dos testes de inteligência.
Uma pessoa que obtenha resultados brilhantes apresenta características sociais e pessoais especiais. Desta forma, são vários os critérios de avaliação que surgiram recentemente, pois anteriormente as preocupações cercavam as crianças com deficiências mentais.
Tipos de altas habilidades
Intelectual: apresenta flexibilidade, independência, fluência de pensamento, produção intelectual, julgamento crítico e habilidade para resolver problemas.
Acadêmico: com capacidade de atenção, concentração, memória, interesse e motivação pelas tarefas e capacidade de produção.
Criativo: com capacidade de encontrar soluções diferentes e inovadoras, facilidades de auto expressão, fluência, originalidade e flexibilidade.
Social: revela capacidade de liderança, sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, poder de persuasão, influência no grupo.
De talento especial: que revelam destaque em artes plásticas, musicais, literárias e dramáticas, revelando especial e alto desempenho. Lembrando que estas são as "tradicionais" e que nem todos apresentam todas as características.
Psicomotor: que se destaca por sua habilidade e interesse por atividades físicas e psicomotoras, agilidade, força e resistência, controle e coordenação motoras.
Estas conceituações são universais, podendo apresentar ainda interação entre elas.
 
É importante também avaliá-las com testes de inteligência, entre outros, assim como avaliamos as pessoas que apresentam deficiência mental. A adoção de políticas de atenção para a educação da pessoa com altas habilidades é extremamente importante. Muitos podem pensar que, por apresentarem grande desenvolvimento, tais pessoas não necessitam de atenção.
Muito pelo contrário: as pessoas com altas habilidades necessitam de alternativas de atendimento, tanto que não nivelem tais pessoas a um nível abaixo do seu, como não influí-los a atender ou superar as expectativas da família ou da escola.
Implantação de políticas de atenção
Há uma grande necessidade de implantação de políticas de atenção às pessoas que necessitam de ajuda. Também é necessário criar materiais específicos, programas de atenção e programas educacionais, atividades escolares específicas, e para tal, recursos materiais adequados.
Em muitos momentos, fazem-se necessários processos intermediários de educação escolar, tais como a sala de recursos e ainda a inclusão propriamente dita. Ou seja, que a comunidade local – seja a família, os amigos, professores e comunidades – possa aprender a fazer parte do seu mundo, que não criemos mundos paralelos e que não treinemos as pessoas com deficiência para se adequar e se integrar à realidade vigente.
 
A família faz parte deste processo. Trabalhar criança e escola sem a intervenção familiar se torna um processo difícil, visto que a pessoa com diferenças específicas deve ser vista de forma globalizada. Assim, devemos perceber o sujeito em sua totalidade.
Desvios Sensoriais e Neuromotores
Aula 5
Introdução
Ao minuciar a questão das deficiências sensoriais, percebemos que as ações pertinentes a estes tipos de deficiências remontam de muito tempo.
É notável que, em tempos de poucas aparelhagens e mínimos conhecimentos científicos, passamos por uma época em que imperou a criatividade e a vontade de possibilitar a quebra de paradigmas.
Órgãos dos sentidos
Nossos órgãos dos sentidos possuem receptores sensoriais. Alguns desses órgãos são os olhos, o nariz e a boca.
Ao recebermos os estímulos ambientais, como frio, calor, salgado e doce, nossas terminações nervosas processam tais estímulos, traduzem e transformam em informações (ex.: “está frio”, “tem muito sal”).
O ato de sentir faz parte desta própria detecção e recepção destas informações, e a percepção é o processo cognitivo. Assim, as nossas sensações são interpretadas de forma cognitiva.
Deficiência auditiva
Vamos detalhar tais informações quando há processos lesionais ou degenerativos que levam determinado sujeito a ser surdo.
 A deficiência sensorial de que estamos tratando é a surdez. Pois bem, vamos falar sobre esta dificuldade de compreender e ser compreendido.
Segundo Telford e Sawrey, “as definições quantitativas indicam, tipicamente, a deficiência auditiva como o grau de perda de audição, medido audiometricamente em termos de decibéis. A perda auditiva refere-se ao déficit no melhor ouvido, na gama de frequência da fala” (p. 396). Assim, vamos de um extremo ao outro quando falamos de perdas auditivas, ou seja, nos referimos desde as perdas leves até as mais significativas.
Lembremos ainda que decibéis fazem parte de uma escala logarítmica que mede a intensidade sonora. Essa medição se faz através de um aparelho chamado audiômetro.
Possíveis causas da surdez
É importante a avaliação de profissionais especializados, pois tais diagnósticos devem abordar as informações clínicas do sujeito, além das questões emocionais e psíquicas, para que se possa perceber se tal problema de audição é de ordem clínica, emocional ou ainda se é consequência de uma desordem psiquiátrica.
As possíveis causas podem ser de herança genética, doenças infectocontagiosas contraídas na época da gestação ou outras doenças infantis. Cabe lembrar que alguns sinais onde se apresenta uma ausência de resposta ou uma possível surdez podem ser de origem de distúrbios psíquicos, como o autismo. Ou seja, a criança pode parecer surda, mas não o é.
A vida social do surdo
“A vida social do surdo é essencialmente a mesma dos que gozam de boa audição” (Telford; Sawrey, p. 423). Porém, a aceitação ou não da surdez pode implicar em uma relação mais ou menos difícil com as pessoas que a cercam.
A pessoa com surdez pode recorrer a aparelhos para melhorar a audição. Tais aparelhos ajudam a inserção da pessoa surda na comunicação entre os grupos.
O MEC/ Secretaria de Educação Especial (1995) afirma que os educandos com deficiência auditiva podem ser atendidos nas escolas comuns, na classe comum, nas escolas integradas, na sala de recursos, com professor itinerante e classe especial. Tal fato depende da avaliação do aluno.
É importante pensar que algumas pessoas se adaptam à leitura labial e ao aparelho auditivo, enquanto outras se adaptam melhor à língua de sinais, que deve ser considerada uma linguagem natural, uma vez que atende a critérios linguísticos.
LIBRAS
Percebe-se o crescente número de unidades escolares, religiosas e instituições de ensino superior que buscam orientar seus alunos e comunidade quanto à necessidade da aprendizagem das LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).
A língua de sinais é uma língua espacial-visual e existem muitas formas criativas de explorá-la. Configurações de mão, movimentos, expressões faciais, gramaticais, localizações, movimentos do corpo, espaço de sinalização, classificadores são alguns dos recursos discursivos que tal língua oferece para serem explorados durante o desenvolvimento da criança surda, e que devem ser explorados para um processo de alfabetização com êxito (p. 25).
Deficiência visual
Continuando nossa comunicação, vamos falar da importância do olhar. Já dizia o poeta que “os olhos são a “janela da alma” (Jean-Baptiste Alphonse Karr). A visão é um sentido tão importante quanto a audição. Com os olhos vemos, percebemos, somos percebidos e sentidos.
A cegueira pode ter várias causas: doenças infectocontagiosas na mãe, infecções no próprio sujeito, acidentes, tumores e ainda males hereditários.
Na área da educação, a deficiência visual se divide em dois tipos: “os portadores de cegueira e os portadores de visão subnormal (reduzida)” (Corrêa, 2010).
A criança com deficiência visual e em qualquer nível de escolaridade pode ser trabalhada na escola com estimulação, com o método Braille.
Segundo a definição no livro O indivíduo excepcional:
Deficiênciavisual em nível quantitativo é definida como acuidade visual de 6/60 ou menos no melhor olho com a correção apropriada, ou uma limitação tal nos campos de visão que o maior diâmetro do campo visual subentende uma distância angular não superior a 20 graus (p. 363).
Outras possibilidades
Falando de deficiência visual, podemos perceber que realmente os olhos são a janela da alma, mas quando tais janelas não conseguem se abrir, existem muitas outras possibilidades de conhecimento do mundo, além dos olhos.
Cada um de nós pode conhecer o mundo através de outras sensações, que podem enriquecer nossa experiência e somar com outras já vividas. As deficiências em si não nos tornam anjos, demônios ou santos. Elas possibilitam outros conhecimentos, outras expectativas da vida e outra visão. Você pode perceber que estas diferenças tornam estas pessoas especiais, pois utilizam recursos que até então desconheciam.
Um exemplo são as órteses e próteses, materiais estes que possibilitam uma melhor qualidade de vida.
Deficiências neuromotoras
Agora falando de deficiências neuromotoras, devemos discorrer sobre o que se tratam tais deficiências.  
Segundo Telford e Sawrey, “(...) são os que têm todas as variedades e graus de dificuldade de movimento físico”.
Referimo-nos assim a pessoas que apresentam graus de dificuldades na locomoção, na coordenação e na fala. Como analisar tais deficiências? 
Estas acontecem por algum estado lesional, seja por falta de oxigênio, infecções ou lesões ocorridas. É importante romper as barreiras, sejam pessoais, sejam relacionais, que possam impedir o sujeito a ter acesso.
Causas da deficiência neuromotora 
Apresentamos como causas a lesão cerebral, o atraso no aspecto psicomotor e acidentes diversos. A lesão cerebral, por exemplo, refere-se a “um defeito motor presente e dependendo no nascimento ou que aparece logo depois do parto” (Yanet, apud Telford, 1988). 
Classificar o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor requer uma avaliação de aspectos específicos, como: quando e como andou, idade do fato acontecido, se engatinhou ou apenas se arrastou. É preciso ressaltar, neste momento, a importância dos aspectos ontogenéticos. Ou seja, nossa memória neuromotora necessita de uma redescoberta das ações perdida no tempo, na evolução pessoal e da espécie. 
Outrora, tais lesões ou problemas neuromotores indicavam incapacidade, seja para andar, engatinhar ou falar. Porém, já foi provado que basta perseverança, confiança, determinação e trabalho para que muito possa ser recuperado e adquirido.
Nosso cérebro é um belíssimo maquinário, e basta a retomada do movimento para ganharmos força e vida. Quantos sorrisos, quantos pequenos gestos que fizeram este trabalho valer a pena! Às vezes o que parece pouco para uma pessoa comum é muito grande para um deficiente e sua família. 
A falta de oxigênio, as meningites e encefalites podem levar a vários graus de problemas motores; só não podem ofuscar o desejo de vencer e ultrapassar barreiras.
OBS: 
Apesar das limitações impostas pelas deficiências, o homem consegue romper seus próprios obstáculos e criar dispositivos que permitam sua comunicação e relação com o mundo.

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