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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA APOSTILA: ESTRUTURAS DE MADEIRA SÃO LUIS 2010 PAULO BAQUIL - 97.112.12 14 1 INTRODUÇÃO Com o advento da normatização brasileira para projeto e construção de estruturas de madeira (NBR 7190: 1997), urge a necessidade de atualização da bibliografia técnica nacional a respeito do assunto, já devidamente adequada aos critérios de dimensionamento prescritos pela referida norma, ora em vigor. Neste trabalho, apresentam-se os estados limites últimos e os estados limites de utilização enfocando-se, em detalhes, como são feitas as combinações, em cada estado, das ações atuantes na estrutura. Mostra-se como são aplicados os coeficientes de segurança nas tensões características das madeiras ensaiadas, e como atingir a tensão resistente de projeto, inserindo-se coeficientes redutores que consideram a umidade da madeira, classificação mecânica, categoria da peça e outros fatores, até mesmo, como classe de resistência de cada espécie. No dimensionamento no estado limite de utilização faz-se o controle das deformações máximas previstas em projeto, de modo a não ultrapassarem os limites admissíveis pela norma. Para isso, faz-se combinações específicas das cargas, considerando-se o tempo de ação de cada uma na estrutura e as probabilidades de ocorrência das mesmas. A resposta do material é estudada considerando o módulo de elasticidade da madeira, modificado com coeficientes redutores que consideram todos aqueles fatores citados anteriormente. Apresentam-se, neste trabalho, os critérios de dimensionamento prescritos pela norma, mostrando-os de forma didática e com roteiros de cálculos e exemplos numéricos, de modo a facilitar o leitor aplicá-los com extrema facilidade no seu dimensionamento. A apresentação desta nova metodologia de cálculo leva o engenheiro a adequar as condições previstas em projeto às mais próximas das situações reais 15 de uso da estrutura, tanto no tocante às ações, como na trabalhabilidade da madeira, de modo a responder satisfatoriamente à estas solicitações impostas. Nos capítulos iniciais teve-se a preocupação de mostrar um pouco de algumas características botânicas, químicas e físicas da madeira, para propiciar um embasamento teórico mais sólido a respeito da madeira e facilitar o entendimento do seu comportamento como material para uso estrutural. Não houve a preocupação em se demonstrar ou discutir a origem dos coeficientes de segurança e de modificação propostos pela norma, e sim mostrar, didaticamente, como usá-los. Com o mesmo princípio e filosofia mostram-se as combinações das ações nos estados limites propostos. Espera-se que este trabalho seja de grande valia para a comunidade técnica que projeta e trabalha com as estruturas de madeira. 16 Pinus Araucária Coníferas (madeiras moles) Gimnospermas (Hemisfério Norte) Bambu Monocotiledôneas (Gramíneas) Maçaranduba Jatobá Dicotiledôneas (madeiras duras) Angiospermas (Hemisfério Sul) Fanerógamas Grupo de Plantas Superiores Figura 1 –Gimnosperma. Red Pine. (Fonte: The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia) 2 CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS DA MADEIRA 2.1 Classificação Em fins do século XIX o reino Vegetal foi dividido em dois grandes grupos: criptógamas e fanerógamas. Criptógamas são vegetais que não possuem flores e nem sementes, sendo as espécies mais simples deste reino, enquanto que fanerógamas são vegetais mais evoluídos, que formam sementes para a sua reprodução. As fanerógamas, vegetais que apresentam resistência estrutural para o uso na construção civil, são classificadas em: gimnosperma e angiosperma. ________________________________________ Diagrama da classificação botânica dos vegetais superiores 2.1.1 Gimnosperma As gimnospermas são fanerógamas adaptáveis aos climas frios, que apresentam sementes expostas, folhas pontiagudas e crescimento rápido, apresentando, dessa maneira, menor resistência em relação às desenvolvidas na região tropical. As principais 17 representantes são as coníferas, que compreende os pinheiros, os ciprestes e os pinus. No Brasil, existe uma formação natural de coníferas na região Sul conhecida como “mata de araucária”. Além dessa formação existem matas oriundas de reflorestamentos de pinus, de propriedade das indústrias de papel e celulose, e madeireiras. 2.1.2 Angiosperma São vegetais que apresentam sementes alojadas dentro de frutos. A divisão das angiospermas compreende duas classes: monocotiledôneas e dicotiledôneas. Esse critério refere-se ao número de cotilédones (folhas especiais cuja função é alimentar o embrião quando a semente inicia seu desenvolvimento) presentes na semente, sendo 1 na monocotiledônea e 2 na dicotiledônea. Figura 2 – Número de cotilédones presentes nas sementes (Fonte: Amabis & Martho, 1995) As monocotiledôneas apresentam caule do tipo colmo (caule aéreo com nós bem nítidos, como o da cana e o do bambu) e do tipo estipe (caule aéreo longo e cilíndrico, com um aglomerado de folhas no ápice, como o das palmeiras). As dicotiledôneas apresentam caule do tipo tronco (caule aéreo lenhoso com ramificações densas, como o do ipê, do jequitibá, etc.) e do tipo haste (caule flexível, como o das ervas em geral). 18 Figura 3 –Dicotiledônea. Mangueira (Fonte: The 1996 Grolier Multimedia Encyclopedia) As dicotiledôneas são madeiras tropicais, de folhas largas e de crescimento lento, apresentando maior resistência em relação aos demais tipos de vegetais. Dessa maneira, podemos concluir que as madeiras utilizadas para fins estruturais são as coníferas e as dicotiledôneas. 2.2 Crescimento e Fisiologia O crescimento vegetal se dá a partir de tecidos meristemáticos que têm a capacidade de formar novas células. Eles podem ser: apical e cambial. O meristema apical, localizado no ápice do tronco e ramos, tem a função de desenvolver a árvore no sentido vertical. O meristema cambial, localizado entre o floema (casca interna) e o alburno, promovem o seu crescimento horizontal. Na fase jovem da árvore há predominância do meristema apical, o que caracteriza o acentuado crescimento vertical nessa etapa. Esse crescimento 19 Figura 4 –Disposição esquemática das camadas de crescimento do tronco (Fonte: Burger e Richter, 1991) é, depois de algum tempo, acompanhado do crescimento horizontal em camadas, formando os anéis de crescimento, o que faz aumentar o seu diâmetro. O processo fisiológico do crescimento inicia-se com a retirada do solo de água e sais minerais (seiva bruta ou inorgânica) através da raiz. Essa seiva é transportada pelas regiões externas do alburno, onde está localizado o tecido dotado de vasos lenhosos (elementos anatômicos ocos da madeira). Atingindo as folhas da árvore, a seiva bruta, através do processo da fotossíntese, na presença de luz solar, clorofila e absorção de gás carbônico, transforma-se em seiva elaborada ou orgânica. A seiva elaborada é uma solução rica em compostos orgânicos, sendo a principal fonte de energia das células vivas. O seu transporte é realizado por um tecido denominadolíber ou floema, localizado nas regiões internas da casca. Com condução descendente, parte da solução desloca-se para a raiz e outra radialmente para o interior da árvore, através dos raios medulares, formando o cerne e o alburno. 20 2.3 Estrutura Macroscópica do Tronco Figura 5 – Estrutura macroscópica de um tronco típico (Fonte: Adaptado Amabis & Martho, 1995) 2.3.1 Lenho É o conjunto de todos os anéis de crescimento, cerne e alburno. 2.3.2 Casca É um tecido especial, constituído interiormente pelo floema (conjunto de tecidos vivos responsáveis pela condução da seiva elaborada), e exteriormente pelo córtex, periderme e ritidoma (tecidos que revestem o tronco). A casca tem a função de proteger o vegetal contra ressecamento, ataques fúngicos, injúrias mecânicas e variações climáticas, não servindo para uso estrutural 21 2.3.3 Câmbio O câmbio é uma camada de células situada entre o xilema e o floema, cuja função é a de gerar novas células (tecido meristemático). Essas novas células irão formar os tecidos secundários que constituem o xilema e a casca. 2.3.4 Anéis de Crescimento As atividades do câmbio geram anéis que podem ser facilmente identificados em um corte transversal de um tronco. Essa identificação é mais visível em vegetais que são encontrados em regiões de clima temperado, onde as estações do ano são bem definidas, e os anéis de crescimento correspondem a ciclos anuais, caracterizando, dessa maneira, a idade da árvore. (ver figura 5, pág. 18) As mudanças climáticas nas diferentes estações do ano são as responsáveis pelas variações da atividade cambial. Durante a primavera e o verão, onde há abundância de luz e água, a atividade cambial é muito intensa, formando células que são caracterizadas pela sua coloração clara (lenho inicial ou estival), diminuindo progressivamente no outono até cessar por completo no inverno, que devido a escassez de luz e água, apresentam uma tonalidade mais escura (lenho tardio ou primaveril). O ciclo anual da árvore se dá pela intercalação entre o lenho inicial e o tardio. 22 Figura 6 – Anel de crescimento de uma gimnosperma em corte vertical (Fonte: Burger e Richter, 1991) 2.3.5 Cerne e Alburno O lenho de uma árvore é composto por uma região mais escura localizada no seu centro (cerne), que é caracterizado como sendo a região mais resistente e mais densa, de vasos lenhosos mais antigos. A outra região (alburno), mais clara, é localizada nas proximidades do câmbio, que é a região jovem do tronco, onde as atividades dos vasos lenhosos ainda são atuantes, sendo, dessa maneira, uma região mais úmida e menos resistente. O transporte da seiva elaborada e a formação de células novas ocorrem na periferia do tronco. Dessa maneira, à medida que a árvore cresce, a sua parte mais central distancia- se do câmbio e vai perdendo as suas atividades vitais, caracterizando o seu crescimento horizontal. 23 2.3.6 Raios Medulares São faixas horizontais de comprimento indeterminado, dispostas radialmente no tronco. Os raios medulares são células parenquimáticas, cuja função principal é a de armazenamento de substâncias nutritivas, e que desempenham, também, o transporte de nutrientes no sentido horizontal. 2.3.7 Medula É a parte mais central do tronco, que resulta da primeira fase do crescimento vertical. A medula tem função de armazenar substâncias nutritivas, e por ser constituída de tecido parenquimático, é uma região suscetível a apodrecimentos causados por fungos. Por se tratar da região de resistência mais baixa, essa parte do tronco é completamente desprezada para utilização do material para a construção civil. 2.4 Estrutura Microscópica do Tronco: maneira básica para classificação botânica da árvore Para fins de estruturas de madeira, o engenheiro deve saber apenas o básico em relação às estruturas microscópicas do tronco. Saber como são estes elementos e como eles se posicionam nas árvores, pois só assim é possível compreender o seu comportamento estrutural. 24 As principais estruturas microscópicas são os traqueídes, vasos, fibras e raios medulares. Os raios medulares são encontrados tanto nas coníferas quanto nas dicotiledôneas, cuja função foi estabelecida no item 2.3.6 deste trabalho. Além dos raios medulares, as coníferas são constituídas principalmente por traqueídes, e as dicotiledôneas por vasos e fibras. Figura 8 – Corte longitudinal do posicionamento do elemento anatômico Coníferas: Figura 7 – Estrutura microscópica das coníferas (corte transversal) (Fonte: Calil Junior, 2000) 25 2.4.1 Traqueídes “Células alongadas, fechadas e afiladas nas extremidades. Entre células adjacentes, na direção vertical formam-se válvulas especiais (pontuação aureolada) que regulam a passagem da seiva bruta de uma célula para a seguinte. Os traqueídes têm a função de conduzir a seiva e resistir as solicitações mecânicas”. (CALIL JUNIOR, 1978, p. 5) Figura 9 – Estrutura microscópica das dicotiledôneas (corte transversal) (Fonte: Calil Junior, 2000) Dicotiledôneas: 2.4.2 Vasos “São constituídos por células alongadas, fechadas no início de sua formação e com posterior dissolução das paredes formando um duto contínuo. Os vasos, em cortes transversais do tronco, aparecem como se fossem poros, com grande espaço vazio interno. Tem basicamente a função de condutor da seiva”. (CALIL JUNIOR, 1978, p. 6) 26 2.4.3 Fibras “São longas, de paredes relativamente grossas, apresentam restrito espaço vazio interno. São afiladas em suas extremidades, constituindo a maior parte da madeira das dicotiledôneas. Tem basicamente a função de resistir as solicitações mecânicas”. (CALIL JUNIOR, 1978, p. 6) 27 luz e clorofila 3 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS DA MADEIRA 3.1 Formação da Madeira O processo de transformação da seiva bruta em seiva elaborada ocorre nas folhas através do processo da fotossíntese. Esse processo ocorre através da combinação do gás carbônico do ar com a água do solo e absorção de energia calorífica, como mostra a equação abaixo: CO2 + 2H2O + 112,3 cal CH2O + H2O + O2 A análise elementar da madeira indica a seguinte composição química: Carbono 50,00% Oxigênio 43,00% Hidrogên io 6,10% Nitrogêni o 0,04% - 0,20% Cinzas 0,26% - 0,60% Tabela 01 – Composição química elementar da madeira (Fonte: Hellmeister, 1983) 28 Do processo fotossintético, forma-se o radical monossacarídeo CH2O, que é o componente orgânico elementar que forma a madeira. Este elemento, através de processos de polimerização vai originar os açucares que formam a maioria das substâncias orgânicas vegetais, tais como: celulose, hemicelulose, lignina, resinas, corantes, etc. A concentração dessas substâncias varia de acordo com a classificação botânica da árvore: Coníferas Dicotiledôneas Celulose 48 – 56% 46 – 48% Hemicelulos e 23 – 26% 19 – 28% Lignina 26 – 30% 26 – 35% Tabela 02 – Composição orgânica das madeiras (Fonte: Hellmeister, 1983) 3.1.1 Celulose A celulose é um polímero formado de até 3000 elementos que constitui as paredesdas fibras, vasos e traqueídes. A sua fórmula geral é n.(C6H10O5), e a sua fórmula estrutural básica é assim apresentada: Figura 10 – Fórmula estrutural básica da celulose 29 Lateralmente, as cadeias de celulose, através das suas oxidrilas (OH), são ligadas por pontes de hidrogênio: Figura 11 – Ligação entre cadeias de celulose através de pontes de hidrogênio Além da ligação lateral entre as cadeias de celulose, as oxidrilas podem unir-se a moléculas de água: Figura 12 – Ligação das oxidrilas com molécula de água 30 A formação dessa molécula origina a água de impregnação. A saída dessa água gera retração, e a entrada, inchamento, gerando deformações em suas peças. 3.1.2 Lignina A lignina é um composto aromático de alto peso molecular, que exerce a função de cimento ou adesivo, dando rigidez e dureza ao material. 31 4 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA MADEIRA As propriedades físicas da madeira são fundamentais para a definição dos limites de resistência. Apresentam-se aqui, de maneira simples e sucinta, aquelas mais importantes no aspecto de projetos de estruturas de madeira: umidade, densidade, retração e inchamento. 4.1 Umidade A quantidade de água existente na madeira influi nas suas demais propriedades físicas. Existem três tipos de água na madeira: impregnação, absorção e constituição. 4.1.1 Água de Absorção A água de absorção é a responsável pelo enchimento dos vazios dos elementos anatômicos. Teoricamente, esse tipo de água não afeta a resistência da madeira, porém a sua saída brusca em uma secagem pode provocar tensões capilares e trincamento da peça. 4.1.2 Água de Impregnação A água de impregnação é aquela que se aloja entre as cadeias de celulose, impregnando as paredes dos elementos anatômicos, provocando inchamento ou retração, conforme apresentado no item 3.1.1 deste trabalho. 4.1.3 Água de Constituição A água de constituição é oriunda da formação da madeira, fazendo parte da sua estrutura molecular. A sua saída ocorre somente com a sua queima. 32 (%) 4.1.4 Ponto de Saturação O ponto de saturação é caracterizado pela umidade abaixo da qual toda a água existente é água de impregnação (em torno de 33%). A perda de água da madeira até esse ponto não gera problemas para a sua estrutura. A partir desse ponto, a sua secagem requer mais cuidados para evitar defeitos, pois ela é acompanhada pela retração e aumento de resistência mecânica, devido a movimentação das cadeias de celulose. Em contato com o ar atmosférico, a madeira tende a se estabilizar com a umidade do meio, caracterizando a umidade de equilíbrio, que é função da temperatura e da umidade relativa do ar. No país, esse parâmetro fica em torno de 12 a 15%. 4.1.5 Teor de Umidade O teor de umidade é determinado pela seguinte expressão: Onde: m1 Massa inicial da madeira com U% de teor de umidade m2 Massa da madeira seca em estufa (100 + ou – 3 oC) Para fins de aplicação estrutural da madeira e para classificação de espécies, a norma brasileira especifica a umidade de 12% como de referência para a realização de ensaios e valores de resistência nos cálculos. 100 2 21 ⋅ − = m mmU 33 Figura 14 – Secagem natural Figura 15 – Secagem artificial (em fornos) Figura 13 – Umidade na madeira (Fonte: Calil Junior, 2000) 4.1.6 Métodos de Secagem A secagem da madeira pode ser realizada ao ar livre ou em estufas. No processo de secagem natural a madeira estabiliza a sua umidade entre 12% e 15%, pois existe um equilíbrio com a umidade do meio. O teor de umidade de 0% só é atingido pela madeira quando o processo de secagem é realizado artificialmente nas estufas. 34 4.2 Densidade A densidade da madeira representa o seu peso específico. Ela depende da espécie em estudo, do local de procedência da árvore, da localização do corpo de prova na tora e da umidade. No estudo de estruturas de madeira existem dois tipos de densidade consideradas: real e aparente. 4.2.1 Densidade Real Representa a densidade do material madeira, sem computar águas e vazios, ou seja, somente o seu valor de ocupação do material. Ela é obtida através da densidade das paredes dos elementos anatômicos. Cientificamente, ela já foi calculada e seu valor é de 1,53 + ou – 0,03 g/cm3, independente da espécie. 4.2.2 Densidade Aparente É a densidade medida no teor U% de umidade em que a madeira se encontra, e é dada pela seguinte expressão: V Pd aparente u aparente = 35 Onde: Pu Peso da madeira a U% de umidade. Vaparente Volume do corpo medido a U% de umidade. Esta densidade é um parâmetro utilizado para a determinação da qualidade da madeira em relação a sua utilização estrutural, onde quanto maior a densidade aparente, melhores são as suas características mecânicas. Figura 16 – Umidade da madeira. Diagrama resistência X densidade Figura 17 – Relação entre umidades diferentes. Diagrama resistência X densidade 36 Figura 18 – Determinação empírica da densidade aparente Observe na figura 17 que para um material com mesma densidade e umidades diferentes resultam em resistências também diferentes, ou seja, umidade e resistência são grandezas inversamente proporcionais. Como o teor de umidade influi na densidade, a determinação da densidade é feita utilizando o corpo de prova estabilizado ao ar, corrigindo-se os resultados obtidos para a densidade correspondente à umidade de 12%. Neste trabalho, na Tabela 13, página 51, apresentam-se várias espécies com suas densidades a 12% de umidade. O diagrama de Kollmann apresenta uma relação entre a umidade e a densidade da madeira. Dessa maneira, a determinação da densidade da madeira, que é realizada com corpos-de-prova estabilizados ao ar, é corrigida para o teor de 12% através deste diagrama. (HELLMEISTER, 1983, p. 20). 4.2.3 Determinação Empírica da Densidade Aparente: através do mergulho em água É possível a determinação da densidade aparente de maneira empírica, com razoável aproximação. Mergulha-se em uma proveta cheia de água uma barra de madeira de seção uniforme. 37 Peso da barra Pbarra = dmadeira . Vtotal Pbarra = dmadeira . S . L Empuxo da água Eágua = dágua . Vdeslocado Eágua = 1 . S . L’ Onde: Pbarra Peso da barra dmadeira Densidade do corpo Vtotal Volume total do corpo submerso Eágua Empuxo da água dágua Densidade da água Vdeslocado Volume deslocado pelo corpo S Área da seção transversal do corpo-de-prova A partir do equilíbrio entre o peso da barra e o empuxo da água, obtemos: 'LS1LSdEP águabarra ⋅⋅=⋅⋅→= L 'Ld = 38 Onde: L Comprimento total da barra L’ Comprimento da barra submersa Conclui-se que a densidade aparente da madeira pode ser determinada a partir da relação entre o comprimento submerso pelo comprimento total da barra. Convém ressaltar que o IPT usa esta metodologia substituindo a água por mercúrio, pois os vazios da madeira não são preenchidos por este líquido,dando uma maior precisão para a determinação da densidade. 4.3 Retração e Inchamento Devemos levar em consideração que a madeira é um material anisotrópico, ou seja, ela responde de maneira diferente ao mesmo tipo de solicitação dependendo do sentido dessa solicitação. Isso se deve ao fato de que o seu crescimento é diferenciado em relação a três eixos perpendiculares entre si: axial, radial e tangencial. As diferenças das propriedades nas direções radial e tangencial são relativamente menores quando comparadas com a direção axial. 39 Figura 19 – Eixos principais da madeira em relação à direção das fibras (Fonte: Calil Junior, 2000) A diminuição da quantidade de água de impregnação aproximam as cadeias de celulose, gerando a retração. O aumento da quantidade dessa água afastam as cadeias de celulose, que geram, dessa maneira, o inchamento. O comportamento anisotrópico da madeira também pode ser observado em relação à retração, que ocorre em porcentagens diferentes nas direções tangencial, radial e axial. Isso explica a maior parte dos defeitos que ocorrem com a secagem da madeira, tais como as rachaduras e empenamentos, que surgem a partir das diferenças de tensões oriundas da retração nos sentidos analisados. 40 (%) A retração tangencial apresenta valor de até 10% de variação dimensional, podendo gerar problemas de torção nas peças de madeira. A retração radial, com 6% de variação dimensional, pode apresentar problemas de rachaduras, enquanto que a retração axial apresenta valor de 0,5% de variação dimensional. Figura 20 – Retração da madeira (Fonte: Calil Junior, 2000) Podemos observar, através do gráfico acima, que variações de umidade acima do ponto de saturação (33%) não acarretam retrações nas peças. Fato este também observado em relação ao fenômeno do inchamento. A porcentagem de retração pode ser calculada através da seguinte expressão: 100⋅−= D DDR n on n 41 (%) Figura 21 – Encanoamento (Fonte: Calil Junior, 2000) Figura 22 – Encurvamento (Fonte: Calil Junior, 2000) Onde: Rn Porcentagem de retração na direção considerada Dn Dimensão na direção considerada da madeira com U% de teor de umidade Do Dimensão na direção considerada da madeira seca em estufa A porcentagem de inchamento pode ser calculada de acordo com a seguinte expressão: Onde: In Porcentagem de retração na direção considerada Dn Dimensão na direção considerada da madeira com n% de teor de umidade Do Dimensão na direção considerada da madeira seca em estufa 4.3.1 Defeitos em Peças Provocados pela Retração ou Inchamento 100⋅ − = D DD I n on n 42 Figura 23 – Arqueamento (Fonte: Calil Junior, 2000) Figura 24 – Torcimento (Fonte: Calil Junior, 2000) Estes defeitos podem ser minimizados efetuando-se uma secagem com controle rigoroso. 43 5 CONSIDERAÇÕES DE ESTADOS LIMITES E CARGAS PARA PROJETO DE ESTRUTURAS DE MADEIRA 5.1 Estados Limites “Toda estrutura deve ser projetada e construída de modo a satisfazer aos seguintes requisitos básicos de segurança: a) Com probabilidade aceitável, ela deve permanecer adequada ao uso previsto, tendo-se em vista o custo de construção admitido e o prazo de referência da duração esperada; b) Com apropriado grau de confiabilidade, ela deve suportar todas as ações e outras influências que podem agir durante a construção e durante a sua utilização, a um custo razoável de manutenção”. (ABNT, 1997, p. 6) Para atender a estes requisitos básicos de segurança, as estruturas de madeira são projetadas atendendo a exigência de trabalharem aquém de seus estados limites. Entendendo-se por estados limites as situações às quais a estrutura apresenta desempenhos inadequados às finalidades da construção. Os estados limites podem ser: ÚLTIMOS e de UTILIZAÇÃO. 5.1.1 Estados Limites Últimos Conforme a NBR 7190: 1997, são os que pela sua simples ocorrência determinam a paralisação, no todo ou em parte, do uso da construção, atingindo de imediato a situação de colapso. 5.1.2 Estados Limites de Utilização “São os que por sua ocorrência, repetição ou duração causam efeitos estruturais que não respeitam as condições especificadas para o uso normal da construção, ou que são indícios de comprometimento da durabilidade da estrutura”. (FUSCO, 1983, p. 4) 44 ou O estado limite de utilização não leva, de imediato, a estrutura a um estado de colapso. Porém, com o decorrer do tempo de sua atuação, a estrutura atinge deformações excessivas que comprometem seus aspectos estéticos, chegando a comprometer a vida útil da mesma. 5.1.3 Condições de Segurança para o Estado Limite Último Como foi dito, devemos projetar as estruturas de madeira afim delas garantirem os seus estados limites. Para isso, deve-se obedecer as condições analíticas de segurança dadas por: Sd ≤ Rd Onde: O valor de Rd é obtido a partir da resistência característica do ensaio Rk, segundo a seguinte expressão: Onde: Rm Resistência média da população ensaiada em laboratórios idôneos. δ Coeficiente de variação das resistências, adotado, usualmente, em 0,18, podendo adquirir valor de 0,15 caso os ensaios sejam mais qualificados, proporcionando, neste caso, uma exigência maior do material. Sd Solicitação de cálculo Rd Resistência de cálculo da madeira γ⋅= w k modd RKR R7,0R mk ⋅= ( )δ⋅−⋅= 645,11RR mk 45 γw “Coeficiente de minoração das resistências do material constituído pelo produto de três outros coeficientes parciais, tal que: onde γm1 leva em conta a verdadeira variabilidade da resistência dentro de lotes homogêneos , γm2 leva em conta as diferenças entre o material da estrutura e o material do corpo-de-prova de controle, e γm3 leva em conta outras causas de diminuição da resistência, tais como os defeitos localizados e imprecisões das hipóteses de cálculo dos métodos de avaliação da resistência das peças estruturais” (ABNT, 1997, p. 93 a 94) Os valores de γw já são tabelados de acordo com o estado limite considerado e a solicitação sofrida pela peça. (ver Tabela 19, pág.55). Kmod Coeficiente de modificação que leva em conta fatores não previstos por γw, tais como classe de carregamento, classe da madeira, classe de umidade, etc. Valor obtido a partir das Tabelas 16, 17 e 18, págs. 54 a 55, deste trabalho 5.2 Ações nas Estruturas As ações são as causas que provocam o aparecimento de esforços ou deformações nas estruturas. Elas podem ser classificadas, segundo sua variabilidade no tempo. 5.2.1 Ações Permanentes São ações que ocorrem com valores constantes ou com pequena variação em torno de sua média durante a vida da construção. Exemplo: peso próprio da estrutura γ⋅γ⋅γ=γ 3m2m1mw 46 5.2.2 Ações Variáveis São as ações que apresentam variações significativas durante a vida da construção. Exemplos: carga móvel em pontes e a ação do vento. 5.2.3 Ações Variáveis Excepcionais São as ações que apresentam baixas probabilidades de ocorrência e com duração extremamente curtadurante a vida da construção. Exemplos: abalos sísmicos e vibrações por ressonância. 5.2.4 Ações nas Estruturas de Madeira “No projeto das estruturas correntes de madeira devem ser consideradas as ações seguintes, além de outras que possam agir em casos especiais: a) Carga permanente; b) Cargas acidentais verticais; c) Impacto vertical; d) Impacto lateral; e) Forças longitudinais; f) Força centrífuga; g) Vento.” (ABNT, 1997, p. 9) Obs: b) Cargas Acidentais: Considera-se cargas de pessoas, veículos, mobílias, vento e etc. Elas, que com exceção do vento, são consideradas de longa duração. A ação do vento é considerada carga rápida (curta duração) agindo normalmente à superfícies de obstrução. Nas estruturas de madeira, para levar em conta a As cargas descritas nos itens c, d, e, e f da norma, são consideradas em projeto de pontes de madeira, e deste modo, não serão abordadas neste trabalho. a) Carga Permanente: Peso próprio e acessórios. Nas estruturas de madeira acrescenta-se 3% do peso próprio devido as peças metálicas das ligações. 47 maior resistência à ação de cargas rápidas, a ação do vento é multiplicada por 0,75 e considerada como de longa duração. 5.3 Carregamentos Formados pelas Ações nas Estruturas 5.3.1 Carregamento Normal “Um carregamento é normal quando inclui apenas as ações decorrentes do uso previsto para a construção, é considerado de longa duração e deve ser verificado nos estados limites último e de utilização.” (CALIL JUNIOR, 2000, p. 27) Como exemplo podemos citar a consideração do peso próprio e as ações acidentais. A ação do vento pode ser considerada de longa duração desde que seja reduzida sua ação em 25%. 5.3.2 Carregamento Especial “Neste carregamento estão incluídas as ações variáveis de natureza ou intensidade especiais, superando os efeitos considerados para um carregamento normal. Como exemplo o transporte de um equipamento especial sobre uma ponte, que supere o carregamento do trem-tipo considerado.” (CALIL JUNIOR, 2000, p. 27) Este tipo de carregamento, normalmente, não se considera nos projetos usuais de estruturas de madeira. 5.3.3 Carregamento Excepcional “Na existência de ações com efeitos catastróficos o carregamento é definido como excepcional, e corresponde à classe de carregamento de duração instantânea. Como exemplo temos a ação de um terremoto”. (CALIL JUNIOR, 2000, p. 27) Este tipo de carregamento também, normalmente, não se considera nos projetos usuais de estruturas de madeira. 48 5.3.4 Carregamento de Construção “Outro caso particular de carregamento é o de construção, onde os procedimentos de construção podem levar a estados limites últimos, como por exemplo o içamento de uma treliça”. (CALIL JUNIOR, 2000, p. 27) Exemplo: lançamento de um balanço progressivo em pontes de grandes vãos. Caso em que, normalmente, não se considera usualmente nos projetos de estruturas de madeira. 5.4 Combinações das Ações As ações que ocorrem nas estruturas devem ser combinadas, através de coeficientes, que levem a probabilidade de ocorrência simultânea, de maneira a se estabelecer as situações mais críticas para a estrutura, sendo: 5.4.1 Ações Permanentes São consideradas em sua totalidade 5.4.2 Ações Variáveis São consideradas apenas as parcelas que produzem efeitos desfavoráveis para a segurança. Essas combinações dependem do tipo de ação e do estado limite considerado, caracterizando três situações de projeto: duradoura, transitória e excepcional, sendo, nas estruturas de madeira usuais somente a situação de projeto duradoura. As demais são raras e podem ser analisadas no item 5.3 da NBR 7190: 1997. 49 Situação de Projeto Duradoura: Duração igual ao período de referência da estrutura. Esta situação é considerada no projeto de todas as estruturas. Deve-se fazer as verificações nos dois estados limites usuais, conforme tabela abaixo: Estado Limite Combinações Estado Limite Último Combinações normais Estado Limite de Utilização Combinações de longa duração Tabela 03 – Combinações na verificação de situação de projeto duradoura 5.4.3 Combinações para o ESTADO LIMITE ÚLTIMO Onde: Combinações Normais: γgi Coeficiente de majoração para as ações permanentes Fgi,k Valor característico das ações permanentes γq Coeficiente de majoração para as ações variáveis Fq1,k Valor característico da ação variável considerada como ação principal ψ0j Coeficiente de minoração para as ações variáveis secundárias Fqj,k Valor característico da ação variável considerada como ação secundária Neste tipo de combinação, uma das ações características variáveis é considerada como principal, tendo o seu valor majorado pelo coeficiente γq (Tabela 08, pág. 45), e as demais são consideradas como secundárias e devem apresentar-se com valor minorado pelo coeficiente ψ0j (Tabela 09, pág. 45), devido a baixa probabilidade de ocorrência simultânea. ∑ ⋅ψ+γ+⋅∑ γ= == n 2j k,qjj0k,1qqk,gi m 1i gid FFFF 50 Os coeficientes variam de acordo com o tipo de ação atuante na estrutura. Os valores que serão apresentados referem-se aos coeficientes apresentados pela NBR 7190: 1997. AÇÃO TABELA Ações permanentes de pequena variabilidade (γg) Peso da madeira classificada estruturalmente cuja densidade tenha coeficiente de variação não superior a 10% Tabela 5 Ações permanentes de grande variabilidade (γg) Peso próprio da estrutura não supera 75% da totalidade dos pesos permanentes Tabela 6 Ações permanentes indiretas (γε) Efeitos de recalques de apoio e de retração dos materiais Tabela 7 Ações variáveis (γq) Tabela 8 Ações variáveis secundárias (ψ0) Tabela 9 Ações variáveis secundárias de longa duração (ψ0,ef) Igual ao coeficiente para ações variáveis secundárias (ψ0). Quando a ação variável principal (Fq1) tiver um tempo de atuação muito pequeno ψ0,ef = ψ2 Tabela 9 Tabela 04 – Caracterização das ações e as referentes tabelas de coeficientes Ações Permanentes de Pequena Variabilidade Combinações Para efeitos Desfavoráveis Favoráveis Normais γg = 1,3 γg = 1,0 Especiais ou de Construção γg = 1,2 γg = 1,0 Excepcionais γg = 1,1 γg = 1,0 Tabela 05 – (Fonte: NBR 7190: 1997) Ações Permanentes de Grande Variabilidade Combinações Para efeitos Desfavoráveis Favoráveis Normais γg = 1,4 γg = 0,9 Especiais ou de Construção γg = 1,3 γg = 0,9 Excepcionais γg = 1,2 γg = 0,9 Tabela 06 – (Fonte: NBR 7190: 1997) 51 Ações Permanentes Indiretas Combinações Para efeitos Desfavoráveis Favoráveis Normais γε = 1,2 γε = 0 Especiais ou de Construção γε = 1,2 γε = 0 Excepcionais γε = 0 γε = 0 Tabela 07 – (Fonte: NBR 7190: 1997) Ações Variáveis Combinações Ações variáveis em geral incluídas as cargas acidentais Efeitos da temperatura Normais γq = 1,4 γε = 1,2 Especiais ou de Construção γq = 1,2 γε = 1,0 Excepcionais γq = 1,0 γε = 0 Tabela 08 – (Fonte: NBR 7190: 1997) Fatores de Minoração Ações em estruturas correntes ψ0 ψ1 ψ2 - Variações uniformes de temperatura em relação à média anual local 0,6 0,5 0,3 - Pressão dinâmica do vento 0,5 0,2 0 Cargas acidentais dos edifícios ψ0 ψ1 ψ2 - Locais em que não há predominância de pesos de equipamentos fixos, nem de elevadas concentrações de pessoas 0,4 0,3 0,2 - Locais onde há predominância de pesos de equipamentos fixos, ou de elevadas concentrações de pessoas 0,7 0,60,4 - Bibliotecas, arquivos, oficinas e garagens 0,8 0,7 0,6 Cargas móveis e seus efeitos dinâmicos ψ0 ψ1 ψ2 - Pontes de pedestres 0,4 0,3 0,2* - Pontes rodoviárias 0,6 0,4 0,2* - Pontes ferroviárias (ferrovias não especializadas) 0,8 0,6 0,4* * Admite-se ψ2 = 0 quando a ação variável principal corresponde a um efeito sísmico Tabela 09 – (Fonte: NBR 7190: 1997) 5.4.4 Combinações para o ESTADO LIMITE DE UTILIZAÇÃO As combinações de ações no estado limite de utilização correspondem ao tempo de duração ao qual a estrutura sofre com o carregamento. Dessa maneira, a NBR 7190 apresenta as seguintes classes de carregamento: 52 Classe de carregamento Ação variável principal da combinação Duração acumulada Ordem de grandeza da duração acumulada da ação característica Permanente Permanente Vida útil da construção Longa duração Longa duração Mais de seis meses Média duração Média duração Uma semana a seis meses Curta duração Curta duração Menos de uma semana Duração instantânea Duração instantânea Muito curta Tabela 10 – Classe do carregamento e suas durações (Fonte: NBR 7190: 1997) Os coeficientes utilizados para as combinações nos estados limites de utilização estão apresentados na tabela 09, pág. 45, e representam: ψ2 = coeficiente para as ações variáveis de longa duração. Onde: Combinações de Longa Duração: Utilizada no controle usual de deformações nas estruturas. 5.4.5 Exemplo de Combinações de Ações Considere um elemento estrutural de madeira para uma adutora solicitado às seguintes cargas: Fgi,k Valor das ações permanentes ψ2j Coeficiente de minoração para as ações variáveis Fqj,k Valor das ações variáveis (valores de longa duração) ∑ ⋅ψ+∑= == n 1j k,qjj2 m 1i k,giuti,d FFF 53 • Carga Permanente = 1000 daN • Vento = 350 daN • Ação da Água = 1500 daN Efetuar a combinação das ações para o estado limite último e para o estado limite de utilização Solução: 5.4.5.1 Para Estado Limite Último 1) Considerações das Ações: Carga Permanente Ação permanente de grande variabilidade Ação da Água Ação variável principal Vento Ação variável secundária 2) Determinação dos coeficientes: Carga Permanente γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44) Ação da Água γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45) Vento γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45) ψ0 = 0,5 (Tabela 9, pág. 45) 3) Combinação das Ações: Fd = 1400 + 2100 + 183,75 Fd = 3683,75 daN ∑ ⋅ψ+γ+⋅∑ γ= == n 2j k,qjj0k,1qqk,gi m 1i gid FFFF ( )3505,075,015004,110004,1Fd ⋅⋅+⋅+⋅= 54 Obs: 5.4.5.2 Para Estado Limite de Utilização O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho. 1) Considerações das Ações: Carga Permanente Ação permanente Ação da Água Ação variável Vento Ação variável 2) Determinação dos coeficientes: Ação da Água ψ2 = 0,2 (local em que não há predominância de pesos de equipamentos fixos) (Tabela 9, pág. 45) Vento ψ2 = 0,2 (local em que não há predominância de pesos de equipamentos fixos) (Tabela 9, pág. 45) 3) Combinação das Ações: Fd,uti = 1000 + 300 + 52,50 Fd,uti = 1352,50 daN Obs: O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho. ∑ ⋅ψ+∑= == n 1j k,qjj2 m 1i k,giuti,d FFF 35075,02,015002,01000F uti,d ⋅⋅+⋅+= 55 6 PROPRIEDADES DA MADEIRA CONSIDERADAS NO DIMENSIONAMENTO Existem quatro propriedades que devem ser consideradas no dimensionamento estrutural das peças de madeira: densidade, resistência, rigidez ou módulo de elasticidade e umidade. 6.1 Densidade A densidade da madeira serve para o cálculo do peso próprio da peça. Esse cálculo pode ser realizado utilizando-se o valor da densidade aparente na umidade de 12%. 6.2 Resistência A resistência pode ser obtida a partir de valores de resistências fornecidos pela norma brasileira de estruturas de madeira que apresentam as características de diversas espécies. (Ver Tabela 13, pág. 51, ou Tabelas de Classes – 11 e 12, pág. 50) 6.2.1 Classes de Resistência e Propriedades da Madeira “As classes de resistência das madeiras têm por objetivo o emprego de madeiras com propriedades padronizadas, orientando a escolha do material para elaboração de projetos estruturais” (ABNT, 1997, p. 16) Quando não é possível especificar a espécie da madeira, a classificação pelas classes de resistência torna-se uma maneira mais prática para a determinação de suas características. Essa classe pode ser obtida a partir da determinação da sua densidade aparente. A seguir serão apresentadas as classes de resistência das coníferas e dicotiledôneas com as suas respectivas propriedades (umidade 12%), bem como 56 uma tabela com as propriedades de algumas espécies específicas de madeira, tendo como fonte a NBR 7190: 1997. Coníferas (Valores na condição padrão de referência U = 12%) Classe fcok (MPa) fvk (MPa) Eco,m (MPa) ρbas,m (kg/m3) ρaparente (kg/m3) C 20 20 4 3500 400 500 C 25 25 5 8500 450 550 C 30 30 6 14500 500 600 Tabela 11 – Classes de resistência das coníferas (Fonte: NBR 7190: 1997) Dicotiledôneas (Valores na condição padrão de referência U = 12%) Classe fcok (MPa) fvk (MPa) Eco,m (MPa) ρbas,m (kg/m3) ρaparente (kg/m3) C 20 20 4 9500 500 650 C 30 30 5 14500 650 800 C 40 40 6 19500 750 950 C 60 60 8 24500 800 1000 Tabela 12 – Classes de resistência das dicotiledôneas (Fonte: NBR 7190: 1997) Onde: fcok Resistência característica à compressão paralela às fibras fvk Resistência característica ao cisalhamento Eco,m Módulo de elasticidade médio longitudinal ρbas,m Densidade média ρaparente Densidade aparente 57 Tabela 13 – Propriedades de algumas espécies de madeira (Fonte: NBR 7190: 1997) 58 6.3 Módulo de Elasticidade O módulo de elasticidade da madeira determina o seu comportamento na fase elástico-linear. O módulo de elasticidade da madeira normal às fibras (E90) pode ser determinado numericamente como sendo a vigésima parte do módulo de elasticidade da madeira paralela às fibras (E0). 6.4 Umidade As propriedades de resistência e elasticidade da madeira variam de acordo com a umidade apresentada pela peça. Dessa maneira esses valores devem ser corrigidos, em função das condições ambientais, a uma umidade de 12%, representando os valores apresentados neste trabalho. Para valores de resistência e elasticidade encontrados em laboratório em peças com umidade entre 10% ≤ U ≤ 20%, pode-se fazer as correções a partir das seguintes expressões: • Resistência • Elasticidade De acordo com a NBR 7190 as classes de umidade são assim determinadas: ( ) −+= 100 12%U.31.ff %U12 ( ) −+= 100 12%U.21.EE %U12 20 EE o90 = 59 Classes de umidade Umidade relativa do ambiente (Uamb) Umidade de equilíbrio da madeira (Ueq) 1 ≤ 65% 12% 2 65% < Uamb ≤ 75% 15% 3 75% < Uamb ≤ 85% 18% 4 Uamb > 85% durante longos períodos ≥ 25% Tabela 14 – Classes de umidade (Fonte: NBR 7190: 1997) A correção relativa a resistência e elasticidade de peças a partir das classes de umidade serão consideradas pelo fator de correção (Kmod,2), onde a resistência característica deve ser multiplicada por este fator (ver Tabela 17, pág. 54). 6.5 Determinação dos Valores das Propriedades para o Dimensionamento de Peças de Madeira A partir dos valores médios das propriedades apresentadas é possível a determinação dos seus valores característicos a partir da seguinte expressão: Rk = 0,7 . Rm Onde: Rk Propriedade característica do material Rm Média dos ensaios para a propriedade em estudo A partir do valor característico determina-se o valor de cálculo da propriedade a partir da expressão: Onde: Rd Valor de cálculo da propriedade em estudo Rk Propriedade característica do material Kmod Coeficiente de modificação γ ⋅= w k modd RKR 60 γw Coeficiente de minoração das propriedades da madeira (caracterizado na página 55 deste trabalho) 6.5.1 Coeficientes para a Determinação do Valor de Cálculo a) Coeficiente de Modificação (Kmod) Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3 Caracterização dos Coeficientes de Modificação COEFICIENTE TABELA Kmod,1 Depende da classe do carregamento da ação variável principal e do tipo do material empregado Tabela 18 Kmod,2 Depende da classe de umidade e do tipo do material empregado Tabela 19 Kmod,3 Depende da categoria da madeira utilizada Tabela 20 Tabela 15 Valores de Kmod,1 Classes do carregamento TIPOS DE MADEIRA Madeira serrada Madeira laminada colada Madeira compensada Madeira recomposta Permanente 0,60 0,30 Longa duração 0,70 0,45 Média duração 0,80 0,65 Curta duração 0,90 0,90 Instantânea 1,10 1,10 Tabela 16 (Fonte: NBR 7190: 1997) Valores de Kmod,2 Classe de umidade Madeira serrada Madeira laminada colada Madeira compensada Madeira recomposta (1) e (2) 1,0 1,0 (3) e (4) 0,8 0,9 Tabela 17 (Fonte: NBR 7190: 1997) 61 Obs1: Caso a madeira serrada seja utilizada submersa, deve-se adotar: Kmod,2 = 0,65 Obs2: As classes de umidade estão caracterizadas na Tabela 14 da página 53 deste trabalho. Valores de Kmod,3 Categoria da madeira Kmod,3 Madeira de primeira categoria. Passou por classificação visual e mecânica. 1,0 Madeira de segunda categoria. 0,8 Tabela 18 (Fonte: NBR 7190: 1997) Obs: b) Coeficiente de Ponderação (γw) Nos casos de coníferas, deve-se sempre adotar Kmod,3 = 0,8 Para ESTADOS LIMITES ÚLTIMOS SOLICITAÇÃO γw Compressão paralela às fibras 1,4 Tração paralela às fibras 1,8 Cisalhamento paralelo às fibras 1,8 Tabela 19 – Valores de γw para estados limites últimos (Fonte: NBR 7190: 1997) Para ESTADOS LIMITES DE UTILIZAÇÃO Valor básico: γw = 1,0 62 Figura 25 – Compressão paralela às fibras (Fonte: Calil Junior, 2000) 7 COMPRESSÃO PARALELA ÀS FIBRAS É quando as solicitações são exercidas longitudinalmente na peça. Calil Junior (2000, p. 16) afirma que “a compressão paralela é a tendência de encurtar as células da madeira ao longo do seu eixo longitudinal”. Essa solicitação pode ocorrer em barras de treliça, pilares não submetidos a forças excêntricas ou a forças que provoquem flexão, ou em elementos de contraventamentos ou travamentos de conjuntos estruturais. 7.1 Ensaio de Compressão Paralela às Fibras Os corpos-de-prova devem possuir dimensões de 5,0cm de lado (seção transversal quadrada) e 15,0cm de comprimento: Figura 26 – Corpo-de-prova para ensaio de compressão paralela às fibras (Fonte: NBR 7190: 1997) O número de corpos-de-prova é determinado pela norma como sendo: • Caracterização simplificada 6 corpos-de-prova • Caracterização mínima da resistência de espécies pouco conhecidas 12 corpos-de-prova 63 A partir dos ensaios pode-se definir o valor médio das propriedades, e o seu respectivo valor característicos definido no item B.3 (pág.48) da norma. Lembrar que esse valor característico também pode ser definido como 70% do valor médio obtido por laboratórios idôneos (Tabela 13, pág. 51). A resistência à compressão paralela às fibras (fco) é definido como sendo a máxima tensão de compressão que pode atuar no corpo-de-prova descrito acima: S F f máx,coco = Onde: Fco,máx Máxima força de compressão aplicada ao corpo-de-prova S Área inicial da seção transversal comprimida A rigidez é determinada pelo módulo de elasticidade da madeira, que é obtido a partir da inclinação da reta secante à curva do diagrama tensão X deformação específica, entre os pontos de 10% e 50% da resistência à compressão paralela às fibras, medidas no ensaio. Figura 27 – Diagrama tensão X deformação específica (Fonte: NBR 7190: 1997) 64 Onde: σ50% e σ10% Tensões de compressão correspondentes a 10% e 50% da resistência fco ε50% e ε10% Deformações específicas medidas no corpo-de-prova, correspondente às tensões de σ50% e σ10% De acordo com a norma, para a determinação do módulo de elasticidade podem ser utilizados relógios comparadores, com precisão de 0,001mm, fixados por meio de duas cantoneiras metálicas pregadas no corpo-de-prova, com distância nominal de 10cm entre as duas linhas de pregação, como mostrado na figura abaixo: Figura 28 – Arranjo de ensaio para compressão paralela às fibras, com instrumentação baseada em relógios comparadores (Fonte: NBR 7190: 1997) εε σσ − − = %10%50 %10%50Eco 65 Figura 29 – Seção transversal genérica Para obtenção de maiores informações a respeito do ensaio de compressão paralela às fibras, consulte o anexo B, item B.8 da NBR 7190: 1997. 7.2 Critérios de Dimensionamento – ESTADO LIMITE ÚLTIMO O dimensionamento de peças de madeira solicitadas por esforços característicos da compressão paralela às fibras é função do seu índice de esbeltez. Para que o índice de esbeltez seja calculado, é necessário a determinação dos elementos geométricos da peça. Elementos Geométricos: Iz Momento de Inércia em torno do eixo z Iy Momento de Inércia em torno do eixo y iz Raio de giração em torno do eixo z iy Raio de giração em torno do eixo y S Área da seção transversal O índice de esbeltez de uma peça é determinado pela seguinte expressão: Onde: Lo Comprimento de flambagem imín Raio de giração mínimo Os valores do comprimento de flambagem para estruturas de madeira são definidos por norma como: imín Lo=λ 66 O raio de giração mínimo é dado por: Onde: Imín Momento de Inércia mínimo da seção S Área da seção transversal O índice de esbeltez da peçaé determinado a partir do raio de giração mínimo, pois a peça tende a perder a estabilidade (flambar) em torno do eixo de menor inércia, como pode ser verificado na figura abaixo: S Ii mínmín = 67 Figura 30 – Tendência de flambagem Dessa maneira, a partir do valor do índice de esbeltez as peças possuem critérios diferentes de dimensionamento e são assim classificadas: Classificação da Peça Índice de Esbeltez Peça curta λ ≤ 40 Peça intermediária ou medianamente esbelta 40 < λ ≤ 80 Peça longa ou esbelta 80 < λ ≤ 140 Tabela 20 – Classificação da peça de acordo com o índice de esbeltez 7.3 Dimensionamento de Peças Curtas “Para as peças curtas, definidas pelo índice de esbeltez λ ≤ 40, que na situação de projeto são admitidas como solicitadas apenas à compressão simples, dispensa-se a consideração de eventuais efeitos de flexão”. (ABNT, 1997, p. 25) A condição de segurança para esses elementos estruturais é dada por: σco,d ≤ fco,d Onde: 68 Onde: Lo Comprimento de Flambagem (pág. 60) Imín Raio de giração mínimo (pág. 60) λ ≤ 40 σco,d Tensão de compressão atuante (valor de cálculo) fco,d Resistência de cálculo à compressão 7.3.1 Roteiro de Verificação para Peças Curtas A verificação de peças curtas submetidas a esforço de compressão paralela às fibras deve ser realizada a partir do seguinte roteiro: 1) Determinação da esbeltez da peça, e verificar o seu enquadramento no caso de peça curta. (Dado na pág. 59) 2) Determinação do valor da carga de cálculo atuante na estrutura através da combinação das ações para o estado limite último. (Dado na pág. 43) imín Lo=λ ∑ ⋅ψ+γ+⋅∑ γ= == n 2j k,qjj0k,1qqk,gi m 1i gid FFFF 69 Onde: Fd Carga de cálculo (item 2) S Área da seção transversal 3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d). (Dado na pág. 53) 4) Determinação da tensão de compressão atuante (σco,d). 5) Verificação da condição de segurança. σco,d ≤ fco,d 7.3.2 Exemplo de Dimensionamento à Compressão de Peças Curtas γ ⋅= w k,co modd,co f Kf Onde: Kmod Coeficiente de modificação (pág. 54) fco,k Resistência característica à compressão paralela às fibras (págs. 50 e 51) γw Coeficiente de minoração (pág. 55) S Fd d,co =σ 70 Considere uma barra bi-rotulada com dimensões de 10cm X 17,5cm de ipê amarelo, com comprimento de 1,00m, solicitada as seguintes ações: • Carga Permanente = 3.500 daN • Vento = 500 daN • Sobrecarga = 600 daN Figura 31 – Esquema de exemplo – Peça curta Solução: ( ) cm33,145812 105,17 12 hbI 4 33 y = ⋅ = ⋅ = Determinação dos elementos geométricos da peça: (Momento de Inércia em torno de y) 71 ( ) cm15,446612 5,1710 12 hbI 4 33 z = ⋅ = ⋅ = (Momento de Inércia em torno de z) cm89,2 175 33,1458 S I i y y === (Raio de Giração em torno de y) cm05,5 175 15,4466 S Ii zz === (Raio de Giração em torno de z) Raio de giração mínimo imín = 2,89cm (tendência de flambagem em torno do eixo y) 1) Determinação da esbeltez da peça ===λ 89,2 100 i L mín o 34,60 Como λ ≤ 40 Peça curta 2) Determinação do valor da carga de cálculo 2.1) Considerações das Ações: Carga Permanente Ação permanente de grande variabilidade Sobrecarga Ação variável principal Vento Ação variável secundária 2.2) Determinação dos coeficientes: Carga Permanente γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44) 72 Sobrecarga γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45) Vento γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45) ψ0 = 0,5 (Tabela 9, pág. 45) 2.3) Valor da carga de cálculo: ( )5005,075,06004,135004,1Fd ⋅⋅+⋅+⋅= Fd = 4900 + 840 + 262,50 Fd = 6002,50 daN Obs: 3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d) O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho. γ ⋅= w k,co modd,co f Kf 3.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod) Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3 ∑ ⋅ψ+γ+⋅∑ γ= == n 2j k,qjj0k,1qqk,gi m 1i gid FFFF 73 Kmod,1 = 0,60 Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada. (Tabela 16, pág. 54) Kmod,2 = 1,00 Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo serrada. (Tabela 17, pág. 54) Kmod,3 = 0,80 Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55) Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48 3.2) Resistência característica à compressão paralela às fibras (fco,k) De acordo com a espécie em estudo – ipê amarelo, podemos, através da Tabela 13, pág. 51, determinar o valor da resistência característica como sendo: fco,k = 0,7 . fco,m fco,k = 0,7 . 76 = 53,20 MPa = 532 daN/cm² A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o fator 0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53 deste trabalho. 3.3) Coeficiente de minoração (γw) γw = 1,4 Compressão paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55) 74 3.4) Resistência de cálculo (fco,d) γ ⋅= w k,co modd,co f Kf 4,1 53248,0f d,co ⋅= fco,d = 182,40 daN/cm² 4) Determinação da tensão de compressão atuante (σco,d) S Fd d,co =σ 175 50,6002 d,co =σ σco,d = 34,30 daN/cm² 5) Verificação da condição de segurança σco,d ≤ fco,d 34,30 ≤ 182,40 OK! 75 7.4 Dimensionamento de Peças Intermediárias ou Medianamente Esbeltas “As peças medianamente esbeltas, definidas pelo índice de esbeltez 40 < λ ≤ 80, são submetidas na situação de projeto à flexo- compressão com os esforços de cálculo Nd e Md”. (ABNT, 1997, p. 25) A condição de segurança para esses elementos estruturais é dada por: 1 ff d,co Md d,co Nd ≤σ+σ Onde: σNd Valor de cálculo da tensão de compressão devido à força normal de compressão. σMd Valor de cálculo da tensão de compressão devido ao momento fletor Md fco,d Resistência de cálculo à compressão 7.4.1 Roteiro de Verificação para Peças Intermediárias ou Medianamente Esbeltas A verificação de peças medianamente esbeltas submetidas a esforço de compressão paralela às fibras deve ser realizada a partir do seguinte roteiro: 1) Determinação da esbeltez da peça, e verificar o seu enquadramento no caso de peça intermediária ou medianamente esbelta. 76 Onde: Lo Comprimento de Flambagem (pág. 60) Imín Raio de giração mínimo (pág. 60) 40 < λ ≤ 80 Onde: Fd Carga de cálculo (item 2) S Área da seção transversal (Dado na pág. 59) 2) Determinação do valor da carga de cálculo atuante na estrutura através da combinação das ações para o estado limite último. (Dado na pág. 43) 3) Determinação da resistência de cálculoà compressão (fco,d). (Dado na pág. 53) 4) Determinação da tensão atuante devido à força normal (σNd). imín Lo=λ ∑ ⋅ψ+γ+⋅∑ γ= == n 2j k,qjj0k,1qqk,gi m 1i gid FFFF γ ⋅= w k,co modd,co f Kf Onde: Kmod Coeficiente de modificação (pág. 54) fco,k Resistência característica à compressão paralela às fibras (págs. 50 e 51) γw Coeficiente de minoração (pág. 55) S Fd Nd =σ 77 Onde: Md Momento de cálculo atuante Imín Momento de inércia mínimo da seção y Distância entre o eixo de menor inércia e a extremidade da seção Onde: Nd Carga normal de cálculo atuante (Fd) ed Excentricidade de cálculo Onde: e1 Soma das excentricidades inicial e acidental FE Carga crítica de Euler Nd Carga normal de cálculo atuante (Fd) Onde: ei Excentricidade inicial. Para treliça ei = 0, ou qualquer solicitação onde não há M1d atuante. ea Excentricidade acidental 5) Determinação da tensão atuante devido o momento fletor (σMd). • eddd NM ⋅= • − ⋅= NF F dE E 1d ee • eee ai1 += y I M mín d Md ⋅=σ 78 Onde: Lo Comprimento de flambagem Figura 32 – Determinação de “h” Atuando Mz, h = H Atuando My, h = B Onde: M1d Momento de cálculo devido ações externas, como aquelas oriundas de excentricidade de carregamento, ou momento aplicado (flexo-compressão). M1gd Momento de cálculo M1d devido às cargas permanentes M1qd Momento de cálculo M1d devido às cargas variáveis Nd Carga normal de cálculo atuante (Fd) h Altura da seção transversal referente ao plano de atuação do momento M1d • 30 h N MM N M d qd1gd1 d d1 i ≥ + ==e • 300 Lo a =e 79 Onde: Eco,ef Módulo de elasticidade efetivo Imín Momento mínimo de inércia Lo Comprimento de flambagem Onde: Kmod Coeficiente de modificação (pág. 54) Eco,m Módulo de elasticidade médio à compressão paralela às fibras (págs. 50 e 51) • L IE F 2 o mínef,co 2 E ⋅⋅π = • EKE m,comodef,co ⋅= 6) Verificação da condição de segurança 1 ff d,co Md d,co Nd ≤σ+σ 7.4.2 Exemplo de Dimensionamento à Compressão de Peças Intermediárias Considere uma barra bi-rotulada com dimensões de 10cm X 17,5cm de ipê amarelo, com comprimento de 2,00m, solicitada as seguintes ações: 80 • Carga Permanente = 3.500 daN • Vento = 500 daN • Sobrecarga = 600 daN Figura 33 – Esquema de exemplo – Peça intermediária Solução: ( ) cm33,145812 105,17 12 hbI 4 33 y = ⋅ = ⋅ = Determinação dos elementos geométricos da peça: (Momento de Inércia em torno de y) ( ) cm15,446612 5,1710 12 hbI 4 33 z = ⋅ = ⋅ = (Momento de Inércia em torno de z) cm89,2 175 33,1458 S I i y y === (Raio de Giração em torno de y) cm05,5 175 15,4466 S Ii zz === (Raio de Giração em torno de z) Raio de giração mínimo imín = 2,89cm (tendência de flambagem em torno do eixo y 81 1) Determinação da esbeltez da peça ===λ 89,2 200 i L mín o 69,20 Como 40 < λ ≤ 80 Peça intermediária 2) Determinação do valor da carga de cálculo 2.1) Considerações das Ações: Carga Permanente Ação permanente de grande variabilidade Sobrecarga Ação variável principal Vento Ação variável secundária 2.2) Determinação dos coeficientes: Carga Permanente γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44) Sobrecarga γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45) Vento γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45) ψ0 = 0,5 (Tabela 9, pág. 45) 2.3) Valor da carga de cálculo: ( )5005,075,06004,135004,1Fd ⋅⋅+⋅+⋅= ∑ ⋅ψ+γ+⋅∑ γ= == n 2j k,qjj0k,1qqk,gi m 1i gid FFFF 82 Fd = 4900 + 840 + 262,50 Fd = 6002,50 daN Obs: 3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d) O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho. γ ⋅= w k,co modd,co f Kf 3.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod) Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod,3 Kmod,1 = 0,60 Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada. (Tabela 16, pág. 54) Kmod,2 = 1,00 Classe de umidade (1), com Ueq = 12%, e madeira do tipo serrada. (Tabela 17, pág. 54) Kmod,3 = 0,80 Considerando madeira de 2a categoria. (Tabela 18, pág. 55) Kmod = 0,60 . 1,00 . 0,80 = 0,48 83 3.2) Resistência característica à compressão paralela às fibras (fco,k) De acordo com a espécie em estudo – ipê amarelo, podemos, através da Tabela 13, pág. 51, determinar o valor da resistência característica como sendo: fco,k = 0,7 . fco,m fco,k = 0,7 . 76 = 53,20 MPa = 532 daN/cm² A determinação da resistência característica pode ser calculada multiplicando-se o fator 0,7 pela resistência média encontrada por laboratórios idôneos, como apresentado na pág. 53 deste trabalho. 3.3) Coeficiente de minoração (γw) γw = 1,4 Compressão paralela às fibras. (Tabela 19, pág. 55) 3.4) Resistência de cálculo (fco,d) γ ⋅= w k,co modd,co f Kf 4,1 53248,0f d,co ⋅= fco,d = 182,40 daN/cm² 4) Determinação da tensão atuante devido à força normal (σNd) S Fd Nd =σ 84 175 50,6002 Nd =σ σNd = 34,30 daN/cm² 5) Determinação da tensão atuante devido o momento fletor (σMd) y I M mín d Md ⋅=σ 5.1) Determinação do momento Md 5.1.1) Determinação do módulo de elasticidade efetivo EKE m,comodef,co ⋅= Kmod = 0,48 Determinado na questão Eco,m = 18.011 MPa = 180.110 daN/cm² Tabela 13, pág. 51 Eco,ef = 0,48 . 180110 = 86452,80 daN/cm² 5.1.2) Determinação da carga crítica de Euler 85 L IE F 2 o mínef,co 2 E ⋅⋅π = ( )200 33,145880,86452 F 2 2 E ⋅⋅π= = 31108,18 daN 5.1.3) e1 = ei + ea ei = 0 Não existe solicitação M1d atuante. Determinação da excentricidade e1 300 200 300 Lo a ==e = 0,67cm e1 = 0 + 0,67 = 0,67cm 5.1.4) Determinação da excentricidade de cálculo − ⋅= NF F dE E 1d ee − ⋅= 50,600218,31108 18,3110867,0de = 0,83cm 5.1.5) Determinação do momento de cálculo atuante 86 eddd NM ⋅= Md = 6002,50 . 0,83 Md = 4982,08 daN.cm 5.2) Determinação do valor de y y = 5cm Distância entre o eixo y (menor inércia) até a extremidade da peça 5.3) Tensão atuante devido o momento fletor y I M mín d Md ⋅=σ 5 33,1458 08,4982 Md ⋅=σ σMd = 17,08 daN/cm² 6) Verificação da condição de segurança 1 ff d,co Md d,coNd ≤σ+σ 1 40,182 08,17 40,182 30,34 ≤+ 0,28 ≤ 1 OK! 87 7.5 Dimensionamento de Peças Longas ou Esbeltas “As peças esbeltas, definidas pelo índice de esbeltez λ > 80, não se permitindo valor maior que 140, são submetidas na situação de projeto à flexo-compressão com os esforços de cálculo Nd e Md”. (ABNT, 1997, p. 25) A condição de segurança para esses elementos estruturais é dada por: 1 ff d,co Md d,co Nd ≤σ+σ Onde: σNd Valor de cálculo da tensão de compressão devido à força normal de compressão. σMd Valor de cálculo da tensão de compressão devido ao momento fletor Md fco,d Resistência de cálculo à compressão 7.5.1 Roteiro de Verificação para Peças Longas ou Esbeltas A verificação de peças esbeltas submetidas a esforço de compressão paralela às fibras deve ser realizada a partir do seguinte roteiro: 88 Onde: Lo Comprimento de Flambagem (pág. 60) Imín Raio de giração mínimo (pág. 60) λ > 80 1) Determinação da esbeltez da peça, e verificar o seu enquadramento no caso de peça longa ou esbelta. (Dado na pág. 59) 2) Determinação do valor da carga de cálculo atuante na estrutura através da combinação das ações para o estado limite último. (Dado na pág. 43) 3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d). (Dado na pág. 53) imín Lo=λ ∑ ⋅ψ+γ+⋅∑ γ= == n 2j k,qjj0k,1qqk,gi m 1i gid FFFF γ ⋅= w k,co modd,co f Kf Onde: Kmod Coeficiente de modificação (pág. 54) fco,k Resistência característica à compressão paralela às fibras (págs. 50 e 51) γw Coeficiente de minoração (pág. 55) 89 Onde: Fd Carga de cálculo (item 2) S Área da seção transversal Onde: Md Momento de cálculo atuante Imín Momento de inércia mínimo da seção y Distância entre o eixo de menor inércia e a extremidade da seção Onde: Nd Carga normal de cálculo atuante (Fd) e1,ef Excentricidade efetiva de 1a ordem FE Carga crítica de Euler 4) Determinação da tensão atuante devido à força normal (σNd). 5) Determinação da tensão atuante devido ao momento fletor (σMd). • − ⋅⋅= NF FNM dE E ef,1dd e S Fd Nd =σ y I M mín d Md ⋅=σ 90 Onde: ei Excentricidade inicial. Para treliça ei = 0, ou qualquer solicitação onde não há M1d atuante. ea Excentricidade acidental ec Excentricidade suplementar Onde: M1d Momento de cálculo devido ações externas, como aquelas oriundas de excentricidade de carregamento, ou momento aplicado (flexo-compressão). M1gd Momento de cálculo M1d devido às cargas permanentes M1qd Momento de cálculo M1d devido às cargas variáveis Nd Carga normal de cálculo atuante (Fd) h Altura da seção transversal referente ao plano de atuação do momento M1d Figura 32 – Determinação de “h” Atuando Mz, h = H Atuando My, h = B • • 30 h N MM N M d qd1gd1 d d1 i ≥ + ==e eeee eee caief,1 c1ef,1 ++= += 91 Onde: Lo Comprimento de flambagem Onde: eig Excentricidade inicial devido às cargas permanentes. Para treliça eig = 0, ou qualquer solicitação onde não há M1d atuante. ea Excentricidade acidental e Base neperiana. e ≅ 2,7183 c Expoente da base neperiana Onde: M1g,d Momento de cálculo devido às ações permanentes Ngd Carga normal de cálculo atuante devido às ações permanentes Onde: φ Coeficiente de fluência Ngk Valor característico da força normal devido às cargas permanentes Nqk Valor característico da força normal devido às cargas variáveis ψ1 e ψ2 Coeficientes de minoração (pág. 45) FE Carga crítica de Euler • 300 Lo a =e • ( )1e)( caigc −⋅+= eee • N M gd d,g1 ig =e • ( )[ ] ( )[ ]NNF NN c qk21gkE qk21gk ⋅Ψ+Ψ+− ⋅Ψ+Ψ+⋅φ = 92 Onde: Eco,ef Módulo de elasticidade efetivo Imín Momento mínimo de inércia Lo Comprimento de flambagem Onde: Kmod Coeficiente de modificação (pág. 54) Eco,m Módulo de elasticidade médio à compressão paralela às fibras (págs. 50 e 51) • Valores do coeficiente de fluência φ: Classes de carregamento Classes de umidade (1) e (2) (3) e (4) Permanente ou de longa duração 0,8 2,0 Média duração 0,3 1,0 Curta duração 0,1 0,5 Tabela 21 – Coeficiente de fluência • L IE F 2 o mínef,co 2 E ⋅⋅π = • EKE m,comodef,co ⋅= 6) Verificação da condição de segurança 1 ff d,co Md d,co Nd ≤σ+σ 93 7.5.2 Exemplos de Dimensionamento à Compressão de Peças Longas 7.5.2.1 Exemplo 1 Considere uma barra bi-rotulada com dimensões de 10cm X 17,5cm de ipê amarelo, com comprimento de 3,00m, solicitada as seguintes ações: • Carga Permanente = 3.500 daN • Vento = 500 daN • Sobrecarga = 600 daN Figura 34 – Esquema de exemplo (1) – Peça longa Solução: Determinação dos elementos geométricos da peça: ( ) cm33,145812 105,17 12 hbI 4 33 y = ⋅ = ⋅ = (Momento de Inércia em torno de y) 94 ( ) cm15,446612 5,1710 12 hbI 4 33 z = ⋅ = ⋅ = (Momento de Inércia em torno de z) cm89,2 175 33,1458 S I i y y === (Raio de Giração em torno de y) cm05,5 175 15,4466 S Ii zz === (Raio de Giração em torno de z) Raio de giração mínimo imín = 2,89cm (tendência de flambagem em torno do eixo y) 1) Determinação da esbeltez da peça ===λ 89,2 300 i L mín o 103,81 Como λ > 80 Peça longa 2) Determinação do valor da carga de cálculo 2.1) Considerações das Ações: Carga Permanente Ação permanente de grande variabilidade Sobrecarga Ação variável principal Vento Ação variável secundária 2.2) Determinação dos coeficientes: Carga Permanente γg = 1,4 (Tabela 6, pág. 44) 95 Sobrecarga γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45) Vento γq = 1,4 (Tabela 8, pág. 45) ψ0 = 0,5 (Tabela 9, pág. 45) 2.3) Valor da carga de cálculo: ( )5005,075,06004,135004,1Fd ⋅⋅+⋅+⋅= Fd = 4900 + 840 + 262,50 Fd = 6002,50 daN Obs: 3) Determinação da resistência de cálculo à compressão (fco,d) O coeficiente 0,75 é multiplicado na ação do vento para a sua transformação em ação de longa duração, como explicado neste trabalho. γ ⋅= w k,co modd,co f Kf 3.1) Determinação do coeficiente de modificação (Kmod) Kmod = Kmod,1 . Kmod,2 . Kmod, ∑ ⋅ψ+γ+⋅∑ γ= == n 2j k,qjj0k,1qqk,gi m 1i gid FFFF 96 Kmod,1 = 0,60 Ação variável principal permanente, e madeira do tipo serrada. (Tabela 16,
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