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Aulas Resumidas de D. Penal - Rudá

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Resumo de Direito Penal 1 
1ª Prova Gabriela Coelho Mota
Introdução
▪ Conceito: É variável, pois o DP é utilizado por ramos distintos:
1. Direito Penal Objetivo:
- Conjunto de normas penais positivadas.
- Criminaliza condutas, comina sanções e estabelece o regramento atinente à aplicação destas sanções. 
- É parte do ordenamento. 
- Regra a aplicação das medidas de segurança.
EX: O princípio da legalidade 
EX²: As consequências jurídicas aplicáveis aos comportamentos dos inimputáveis, são direcionadas às pessoas com doença mental, retardo mental, embriaguez involuntária ou patológica. Portanto, inimputável é aquele que não detém responsabilização criminal.
2. Direito Penal Subjetivo: “é a contraposição do objetivo”
- Designa o direito de punir do Estado. 
- É limitado pelo próprio DP Objetivo.
- Para Nilo Batista: o DPS não pertence ao Estado, e sim, limita o poder do próprio. Portanto, a DP para ele começa através da lei.
3. Direito Penal enquanto dogmática:
- É a ciência do DP
- Estabelece os dogmas utilizados para resolver os casos jurídicos 
- Estuda o ordenamento
- Quem por excelência exerce a dogmática é o juiz
OBS: Non Liquet: um juiz não pode deixar de dar uma decisão, porque sem um ponto final num conflito jurídico não há pacificação, não há o estabelecimento da ordem e é essa, afinal, a pretensa finalidade do direito.
4. Direito Penal Adjetivo:
- É o direito processual penal ou o processo penal.
- Determina como deve ser aplicado o Direito Penal.
- O DP é um instrumento do direito material.
▪ Direito Penal Garantista: representa um modelo penal construído por Luigi Ferrajoli. É um modelo de sistema normativo, político, filosófico e teórico sobre direito penal. Se assenta na ideia de legalidade. Veicula o princípio da legalidade, necessidade, princípio da culpabilidade, princípio do devido processo legal, acusatório, de ampla defesa, entre outros. 
OBS: Esse modelo não é concretizado.
▪ Direito Penal de 1ª, 2ª e 3ª velocidade.
- 1ª: Seria o DP tradicional, ou seja, aquele que cuida dos direitos individuais e é solidificado sobre a ideia da legalidade, taxatividade e lesividade. 
Legalidade (é o regramento através das leis) ̶ > Taxatividade (elementos da lei penal, que são necessários para que ocorra a interpretação literal da mesma). Lesividade (para que haja um crime deve haver lesão ou perigo concreto de lesão a um bem jurídico).
- 2ª: Seria um direito voltado ao direito coletivo, ou seja, voltado à tutela das necessidades da sociedade contemporânea. A taxatividade ficaria em segundo plano.
Silva Sanches propõe um direito penal de 2ª velocidade que ainda continua sendo um direito penal. Já hassener propõe um direito novo, o chamado direito de intervenção. 
- 3ª: É o denominado direito penal do inimigo, ou seja, é o direito do não cidadão e sim do combate ao inimigo. Nesse direito não há garantias para o réu, sendo aplicado por exemplo, aos terroristas. 
▪ Características do DP:
Subsidiário:
- Via mais agressiva de que o Estado pode se valer para a solução de seus conflitos. 
- Última Ratio: só pode ser usado como a última via, ou seja, só pode atuar quando as outras áreas do direito não puderem resolver os conflitos.
Fragmentário:
- Ocupa-se de fragmentos de fatos ilícitos previstos no ordenamento
- Cuida das lesões mais grave, isso porque o DP é subsidiário
Sancionador: e eventualmente constitutivo.
- Ele é sancionador no sentido de que não cria bens jurídicos, mas acrescenta a sua tutela penal aos bens jurídicos regulados por outras áreas do Direito. Ou seja, protege a ordem jurídica.
- Será eventualmente constitutivo quando protege bens ou interesses não regulados em outras áreas do Direito. Por ex: omissão de socorro, maus tratos aos animais.
▪ Direito Penal e sua relação com outras searas. 
Direito Constitucional e Direito Penal: O direito penal busca sua validade formal e material na Const. Federal (CF). A CF é a fonte onde são buscados os fundamentos do DP, é nela que contém as normas secundárias. Portanto, a DP busca validade material na CF pois, precisa ser compatível com a constituição.
Em outras searas: O direito penal é subsidiário, pois deve ser a última opção do legislador. O DP, deve ser coerente com as demais searas e submisso à CF, pois, é como se fosse a relação de um “empregado” da CF e “colegas de equipe” dos demais. 
Direito Tributário e Direito Penal: Não é crime dever os tributos, mas sonega-los sim. Portanto, há regras destinada aos dois casos e o DP só interfere na situação de sonegação. Esse caso então, não é determinado pelo DT e sim pela CF (…”o direito penal é a última ratio”). 
̶> Portanto, conclui-se que o DP também é apoderado de lesionar bens que são considerados caros pelos indivíduos. Sendo assim, existe um conflito entre esses bens, que são os direitos fundamentais, onde aplica-se a ponderação a fim de que a aplicação dessas ações sejam tomadas na máxima medida possível. 
▪ Fins do Direito Penal:
Fins Declarados: Fins utilizados para legitimar o DP. Usando o discurso jurídico para justificar a existência do legitimador. A finalidade do DP, de acordo com esse discurso é a tutela de bens (interesse ou valor) jurídicos penais, que são os bens dotados de dignidade penal.
OBS: Um bem é dotado de dignidade penal quando é valioso o suficiente para ensejar a intervenção/tutela penal. EX: a tutela começa com a vida, vai para integridade física, honra, liberdade, patrimônio, direitos individuais e incolumidade pública.
̶> Os crimes contra a adm pública quando se pratica o peculato (se apropria de verbas públicas) está interferindo na efetivação de direitos fundamentais (dinheiro que seria utilizado pra saúde ou educação vai circular para fins pessoais). 
Fins Não Declarados: São fins não declarados porque não cumprem a função de proteção ao bem jurídico. São estes: 
- Seletividade: Seleciona comportamentos de destinadas pessoas (marginais, criminalizados, etc) e criminaliza esses comportamentos, não porque violam o bem jurídico, mas porque eles são praticados por certas pessoas.
OBS: Os crimes que aprisionam (tráfico, homicídio, estupro, etc) são ainda averiguados por uma criminalização secundária prática pela polícia e das escolhas da mesma do que vai ser investigado.
-Simbolismos: É a anomalia da DP. Quando o DP é utilizado como uma resposta populista, dar uma resposta à sociedade. 
▪ Noções Gerais
Teorias deslegitimadoras do DP: São teorias contrárias ou construtivas ao DP a partir de críticas. 
- Abolicionismo: O DP deve ser abolido a partir de críticas feitas ao DP. O principal autor da corrente se chama Look Hulsman e para ele se o DP acabar, haverá tratamentos menos lesivos para a solução dos conflitos sociais. Portanto, impossibilitaria o poder arbitrário do Estado. 
- Minimalismo: O DP deve continuar a existir, mas deve ser reduzido, pois para essa corrente o DP não serve à finalidade de proteger bens jurídicos porque não é legitimo. Há a ideia também de que o bem jurídico serve para limitar o Direito Penal, que ao invés de legitimar-se para a proteção do bem jurídico ele limita o exercício do poder de punir. 
 > Garantismo: É uma corrente minimalista. Engloba três sentidos distintos:
 1. É o modelo normativo: idealiza a forma do DP, daí se fala em modelo. Dá uma tenção especial à legalidade, pois é construído sobre a ideia de obediência à lei. Impõe no plano político que o legislador veicule as normas de maneira clara e objetiva, possibilitando que o juiz interprete a literalidade. 
 2. Teoria do Direito e Crítica do Direito: Encara o ordenamento a partir de uma subdivisão do direito entre a validade material e formal, com essa teoria eminentemente positivista. Crítica o direito em dois sentidos: proporciona uma reflexão sobre a compatibilidade entre direito positivo com o modelo normativo proposto e também acerca das práticas operacionais. 
 3. Filosofia do Direito e Crítica da Política: Na visão de Ferrajoli, o direito devepossuir legitimação ética, ou seja, a atividade política deve conduzir as decisões acertadas do ponto de vista ético. Então, o direito demanda uma justificação externa.
 
̶> Axiomas do Garantismo: É um valor tido como incontestável. E desses axiomas, são produzidos outros axiomas, e são definidos através de expressões em latim.
1) Nulla Poena Sine Crimine: não há pena sem crime. Princípio da retributividade da pena. 
2) Nullum Crimen Sine Lege: não há crime sem lei. Princípio da legalidade.
3) Nulla Lex Poenalis Sine Necessiate: não há lei penal sem necessidade. Princípio da necessidade da intervenção penal. O DP deve atuar naqueles casos estritamente necessários, naqueles casos extremos. 
4) Nulla Necessitas Sine Injuria: não há necessidade de intervenção penal sem lesão ao bem jurídico penal.
5) Nulla Injuria Sine Actione: não há lesão ao bem jurídico penal sem ação. Não há lesão se não há ação do indivíduo.
6) Nulla Actio Sine Culpa: não há ação sem culpa. Princípio da culpabilidade. 
7) Nulla Culpa Sine Judicio: não há culpa sem julgamento. Princípio da jurisdicionariedade/princípio do devido processo legal.
8) Nullum Judicio Sine Accusatione: não há julgamento sem acusação. Princípio acusatório/princípio da inércia do juiz, que se correlaciona com a ideia de imparcialidade.
9) Nulla Acusatio Sine Probratione: não há acusação sem prova. Princípio do ônus da prova ou princípio da verificação. Acusação não pode se iniciar sem prova. 
10) Nulla Probatio Sine Defensione: sem defesa e contraditório não há acusação válida. Princípio da ampla defesa e do contraditório. Para que uma norma exista ou esteja em vigor, é suficiente que satisfaça as condições de validade formal, as quais resguardam as formas e os procedimentos do ato normativo, bem como a competência do órgão que a emana. Para que seja válida, é necessário que satisfaça ainda as condições de validade substancial, as quais resguardam o seu conteúdo, ou seja, seu significado. Sejam as condições formais suficientes para que uma norma esteja vigente, sejam substanciais necessárias para que esteja válida, estão estabelecidas pelas normas jurídicas que lhes disciplinam a produção em nível normativo superior. (FERRAJOLI, 2006, p. 806).
▪ Críticas ao Direito Penal
As teorias deslegitimadoras, baseiam-se em críticas que são feitas ao DP e acreditam que ele não realiza uma intervenção legítima. 
- Seletividade: É um dos fins não declarados do DP. Seleciona comportamentos de algumas pessoas, o que pode ser chamado de etiquetamento de condutas. Por isso, para alguns autores, o DP criminaliza condutas que não possuem semelhanças entre si. A crítica correlacionada à este critério, está ligada também à ideia de que não existe, em essência, o crime. O critério de seleção desses comportamentos para esses autores não é o bem jurídico. Para essa linha de pensamento e seletividade, etiqueta os comportamentos indesejados pelo Estado, daquelas que precisam de fato ser segregados. 
- Inidoneidade Preventiva: É a incapacidade de o direito penal prevenir os comportamentos delitivos. Portanto, para alguns autores, ninguém deixa de cometer um crime por conta do DP. O DP para eles, afeta apenas aqueles que não cometeriam um crime por outros fatores, tais como: cultura, religião, educação moral, ou seja, outras formas de controle social moral. 
- Cifras Ocultas: O DP seria desnecessário na maior parte dos casos, o que estaria demonstrado através das cifras ocultas do direito penal que são aqueles crimes que não chegam às estatísticas estatais, crimes que sequer são descobertos. 
- Caráter Criminógeno do DP: O DP instrumentaliza a violência e não é incomum que a violência gere violência, por isso, o DP nesse caso tem a propensão de ocasionar novos crimes. Há também o agravante das prisões não conseguirem ressocializar ninguém, sendo designadas como as “faculdades do crime”, transformando a cadeia num recrutamento de criminosos. 
- Estigmatização: É a estigmatização das pessoas que são acusadas, ou até investigadas, antes de ocorrer uma sentença condenatória. Existe um processo no DP, que é a criminalização da vítima, que é quando insere a vítima numa posição de culpada. EX: crime de dignidade sexual, como estupro. 
- Sistemática Violação dos Direitos Humanos: É a crítica mais comum na América Latina. O DP é reconhecido por praticar a violação dos direitos humanos de todas as pessoas, até mesmo nos cidadãos de bem.
▪ Finalidades do DP X Funções das Penas
Quando a doutrina fala das funções das penas, fala da teoria legitimadora do DP, ou seja, fundamentam a existência do Direito Penal em alguma coisa. 
- Teoria das Funções Penais: são legitimadoras, pois indicam que o DP serve a alguma finalidade. São subdivididas em: 
 > Teorias Absolutas (retributivas): A pena é um fim em si mesmo, por isso a teoria é chamada de absoluta, pois a pena não se relaciona com um fim outro que não seja o da reprovação do delito. Pune-se então, porque houve um crime e algo precisa ser feito como um predicado de justiça. 
 > Teorias Relativas (preventivas): A pena tem que ter por função prevenir o crime, ou seja, servir para que o delito seja evitado. Subdivide-se em outras duas teorias:
 1. Teoria da prevenção geral: acredita que a pena exerce uma função sobre a generalidade das pessoas, sobre a sociedade em geral. 
a) Teoria da prevenção geral positiva: a pena serve para restabelecer a confiança no direito, para restabelecer a vigência da ordem jurídica.
b) Teoria da prevenção geral negativa: a pena serve para gerar um temor na sociedade, para que, através do medo os indivíduos deixem de cometer delitos.
 2. Teoria da prevenção especial: são assim denominadas, pois entendem que a pena exerce uma função sobre o indivíduo.
a) Teoria da prevenção espacial positiva: acredita que a pena é a reeducação/ressocialização do indivíduo.
b) Teoria da prevenção espacial negativa: acredita que a pena é uma experiência aterrorizante que evita a reincidência. 
OBS: Essas teorias não estão preocupadas com a reintegração do sujeito, mas meramente evitar a reincidência.
▪ Crítica às teorias das funções das penas
- Teorias Retributivas: 
1. Embora a pena passa a adquirir uma noção de proporcionalidade, afirma-se que o direito penal tem que servir para algo.
2. A ideia de que a pena reprova o delito é um ato de fé, e o Estado não pode se valer disso. O Estado tem que ser laico. 
- Teorias da Prevenção Geral Positiva: Não veicula qualquer limite para as penas. Também, não explica a pena antes do cometimento do crime (a pena não seve à proteção do bem jurídico, pois só exerce essa função depois que o bem jurídico foi violado).
- Teoria da Prevenção Geral Negativa: Não pensam qualquer limite às penas, no particular dão um cheque em branco ao legislador, conforme afirma Roxin, permitindo que seja violada qualquer pena e que podem ocasionar o terror estatal.
- Teoria de Prevenção Especial: Não se ocupam do limite da pena, além disso, para essas teorias a pena pode ser limitada e desproporcional. Pressupõe a capacidade de um cárcere reeducar. 
OBS: Como alternativa ás teorias retributivas e preventivas, surgem teorias mistas ou unitárias, que mesclam todas as outras teorias. O problema é que essas teorias mistas ou unitárias, não resolveriam os problemas das teorias absolutas e preventivas. 
▪ A pena e suas funções para Claus Roxin
- Fase de cominação: quando o legislador estabelece o crime e cria a pena. Neste momento, a pena tem função de prevenção geral negativa (impondo o medo à sociedade, etc) e para resolver o problema do limite da pena e evitar seu terror estatal, Roxin diz que nessa fase a pena é limitada pelo bem jurídico tutelado pela norma. Portanto, a pena deve ser proporcional ao bem jurídico. 
- Fase de aplicação: quando o crime já foi praticado, e a pena deve ser aplicada para cumprir a função de prevenção geral positiva, ou seja, de reforço na confiança do ordenamento, na confiança na vigênciado direito. Com isso, Roxin tem a pretensão de resolver o problema da teoria de prevenção, que é o de instrumentalizar o réu. Portanto, uma das críticas da prevenção geral é que elas violam a dignidade da pessoa humana, na medida em que instrumentalizam o delinquente e todo o ser humano deve ser um fim de si mesmo. 
- Fase de execução: a função é de prevenção especial, a fim de que se permita a ressocialização do sujeito, sua reintegração à sociedade, não do sentido de reeduca-lo, mas sim de tornar possível seu retorno à sociedade. A pena não pode ser indigna, desumana e cruel.
▪ Princípios do Direito Penal
Princípios são normas, ou seja, veiculam determinações e compõem o mundo do dever ser. Essas, são reconhecidas como mandamentos de otimização das decisões e traduzem a apropriação pelo direito de valores.
- Regra X Princípio: princípios não são valores, são normas. Correspondem a valores porque certos valores são positivados no ordenamento, para que eles otimizem as decisões judiciais. Eles são mandamentos de otimização, porque as regras nem sempre conseguem resolver os problemas jurídicos em sua integridade. A positivação dos princípios, foi uma maneira de superar o positivismo normativo (a ideia do direito sendo puro). Portanto, princípios são diferentes de regras. 
̶> Alguns autores se apoderam do grau de abstração, indicando que os princípios são normas mais abstratas, sendo afastadas do caso concreto. Já as regras, segundo esse entendimento, seriam mais aproximadas do suporte fático. 
̶> Outros autores utilizam-se da fundamentalidade para distinguir os princípios das regras. Ou seja, os princípios seriam fundamentos para a criação de regras, fundamentos para a tomada decisões políticas. Já as regras, no entanto, são aplicadas segundo a lógica do tudo ou nada (em um conflito de regras, uma delas perderá a validade), sendo assim, só uma das regras poderá existir no ordenamento.
- Princípios Constitucionais do Direito Penal:
1) Legalidade: (5°, II, XXXIX, XL CF e I do Código Penal): Não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pensa sem prévia cominação legal. 
A. Impõe que toda norma do DP seja procedida de uma lei. Só a lei pode versar sobre o DP.
B. Analogia: Proibição da analogia chamada IN MALAM PARTEM (analogia prejudicial ao réu). Essa analogia é proibida em função do princípio da legalidade. O direito tem o dever de dar segurança jurídica e a analogia só é possível se for a favor do acusado.
C. Costumes: não são utilizados como forma de DP.
D. Medidas Provisórias: (não podem regular o direito penal, de acordo com o pensamento majoritário).
 - Princípio da reserva legal: O DP só pode ser regrado através da lei ordinária. 
 - Só a União pode legislar sobre a DP.
E. Os princípios de taxatividade e anterioridade são decorrências lógicas do princípio da legalidade. 
* Taxatividade: veicula, ao mesmo tempo, um dever ao legislador e um dever ao juiz. Ao legislador ela impõe que escreva os dispositivos do ordenamento de maneira mais clara. Ao juiz, o principio impõe a ele que interprete os dispositivos de forma literal na leitura das palavras que ali contém. 
* Anterioridade ou da irretroatividade: exige que a lei penal prejudicial ao acusado seja anterior ao fato para que incida. 
2) Proporcionalidade
- Conceito: Esse princípio é previsto implicitamente no nosso ordenamento. É denominado de Humberto Ávila de “Postulado de Proporcionalidade” (não é norma, mas algo que orienta a interpretação do Direito). Portanto, é utilizado como instrumento da ponderação de princípios, quando há conflitos entre eles. Sendo assim, a proporcionalidade é usada em DP, porque o DP afeta direitos fundamentais (afeta princípios – direitos fundamentais são princípios). Subdivide-se em três subprincípios:
A. Necessidade: O DP só pode ser utilizado em situações imprescindíveis.
B. Adequação: O DP só pode ser utilizado se puder solucionar o conflito, ou seja, se ele puder ter algum tipo de eficácia. 
C. Proporcionalidade Stricto Sensu: impõe que uma nova norma seja coerente com o sistema normativo posto, fazendo incidir no caso do DP a pena em acordo com a importância do bem jurídico tutelado e a gravidade da lesão imposta sobre esse bem jurídico. 
 - Intervenção Mínima: o DP deve intervir apenas nos casos necessários (a ideia da Última Ratio)
 - Subsidiariedade: O DP só pode ser utilizado se outras vias não puderem solucionar o conflito (princípio da necessidade – última ratio/via) 
 - Fragmentariedade: O DP não deve cuidar de todos os atos ilícitos, mas apenas dos mais graves (princípio da necessidade) 
3. Lesividade ou Ofensividade: 
- Conceito: De acordo com essa vertente, afirma-se que o DP só pode intervir em situações de violações relevantes a bens jurídicos dotados de dignidade penal. 
 LESÃO ̶> REGRA
 PERIGO ̶> CONCRETO ou ABSTRATO
4. Personalidade (5°, XLV CF):
- Nenhuma pena passará à pessoa do condenado, salvo para que haja reparação do dano causado pelo crime ou perdimento dos bens provenientes do delito. Nesses últimos casos, os herdeiros só respondem até o limite da herança.
5. Isonomia (5°, Caput):
A. Princípio da Igualdade: Pode ser formal (igualdade de tratamento perante à lei) e material (impõe um tratamento diferenciado para os desiguais, a fim de que as relações jurídicas sejam equalizadas). Por isso, que o hipossuficiente é sempre protegido pelo direito.
6. Princípio da Dignidade da pessoa Humana ou da Humanidade (1°, III, CF):
- É um fundamento da República Federativa do Brasil. A chamada Humanização das Penas, dela decorre uma vedação ao tratamento degradante ao preso, por exemplo, a tortura. O artigo 5° ainda prevê que são vedadas penas cruéis, de trabalhos forçados, banimento, perpétuas e de morte, salvo em caso de guerra declarada e por crime de traição. 
7. Ne Bis In Idem:
- Veda a dupla valoração de um fato jurídico com base de um mesmo fundamento, ou seja, o mesmo fato deve ser valorado por uma norma, de regra. 
- Fato da Reincidência: (ART. 63 do CP), é quando o agente comete um novo crime, depois de já ter sido condenado por outro crime, já julgado. Portanto, questiona-se o fator da reincidência como circunstância agravante da pena, pois o sujeito já pagou pelo crime que cometeu e este novo crime deve ser julgado pelas circunstâncias judiciais.
8. Insignificância:
- Não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena ou sua não aplicação. 
- É a mínima ofensiva da conduta + Nenhuma periculosidade social da ação + Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento + Inexpressividade da lesão jurídica (ex.: furto de baixo teor valorativo, como uma caixa de leite no mercado) . São 4 requisitos vinculados ao STF e O STJ. 
- A insignificância decorre do valor de que o DP não deve se ocupar de condutas que produzam resultados que não há valor – por não importar em lesão significativa a bens jurídicos relevantes – não represente, por isso mesmo, prejuízo importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja a integridade da própria ordem social. - STF
- Paulo Queiroz afirma que exista uma tautologia envolta desses requisitos, pois, para ele não existe uma diferença conceitual entre os princípios. 
▪ Alguns princípios processuais
9. Presunção de Inocência: 
- O réu deve ser considerado inocente, até que provem o ao contrário.
- Ocorre deveres internos e externos ao processo:
*Externos: deve haver zelo pela imagem do acusado e ainda não poderá sofrer efeitos de uma condenação que não foi julgada, ou seja, sofrer por antecipação.
*Internos:
 1. ônus da prova: a acusação deve fazer prova de suas alegações para derrubar a ressunção de inocência.
 2. in dubio dao reo: a dúvida favorece o acusado, pois a acusação não consegue destruir o estado de inocência. 
10. Publicidade: 
- É uma garantiapró reo. Admite em certos casos, flexibilização, a exemplo do segredo de justiça (lembre-se que as partes envolvidas tem acesso ao processo) e elementos probatórios (provas) colhidas em sede de inquérito policial (após a documentação do ato, o investigado tem acesso a estes documentos – Súmula Vinculante n°14 do STF) 
▪ Direito Penal + Outras Ciências
1. Direito Penal e Dogmática Penal:
- Ciência do direito: ocupa-se em examinar o ordenamento – uma ciência normativa do dever ser. 
- Dogmática X Zetética: é comum encontrar a ciência do direito como dogmática, pois se ocupa da formulação de dogmas ou interpretação de leis em dogmas (para resolver os princípios jurídicos). A zetética se ocupa em questionar, refletir e se opunha sob a reflexão acerca dos dogmas. 
2. Ciências auxiliares do direito penal:
- Medicina Legal: ramo da medicina que estuda a relação entre medicina e direito. Subdivide-se em vários campos:
A. Antropologia Forense: é o ramo da medicina legal que tem como principal objetivo a identidade e identificação do ser humano. Ex: os estudos das ossadas de um corpo humano. 
B. Traumatologia Forense: estuda as lesões corporais resultantes de traumatismos de ordem física ou psicológica. Consegue identificar a tipologia dos elementos envolvidos.
C. Tanatologia Forense: é o ramo das ciências forenses que partindo do exame do local, dá informação acerca das circunstâncias da morte. Estuda a morte e as consequências jurídicas a ela inerentes. 
D. Toxicologia Forense: estuda a identificação e quantificação de substâncias tóxicas em investigações criminais. 
E. Psicologia Forense: designa a aplicação da Psicologia, seus quadros teóricos e metodológicos, às questões judiciais. Estuda a atuação dos agentes processuais e a causa que pode deformar essas ações. Ex: identificar falsas memórias

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