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fichamento verso universo em drummond

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UFU
MESTRADO EM ESTUDOS LITERÁRIOS
Fichamento do Livro Verso Universo em Drummond. Autor José Guilherme Merquior.
Merquior tenta um esboço da poética de Drummond, mas de forma não limitada. Seu projeto é buscar uma interpretação geral de toda poesia drummondiana valendo-se de três principais métodos de exploração: o estilístico, observando os conteúdos principais da poesia, como escreveu Merquior na Introdução do presente livro trata-se de observar “Drummond no nível da organização verbal (...) mostrar como o diz” (1976, p. 3, grifo do autor); um segundo método tendo em vista a “significação sociológica”, investigando os traços sócio-ideológicos; e por fim a questão lírica considerando a técnica em relação a literatura ocidental moderna. 
Não foi trabalho de Merquior analisar todos os poemas de Drummond, mas em sua tese o autor selecionou cinquentas poemas dentro dos quatro momentos ou tendências poéticas do poeta mineiro. 
Capítulo I – Da “vida besta” ao Sentimento do mundo (1925-1940)
Alguma poesia - 1930
Primeiro livro publicado de Carlos Drummond de Andrade com 49 poemas. Inovação no tratamento do ritmo, Drummond exercia uma das premissas do Modernismo, o verso livre. Também inicia o livro com os emblemáticos versos de Poema de sete faces “Quando nasci, um anjo torto/ desses que vivem na sombra/ disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida” falando desse desajeitamento que o poeta acreditava ter. O jeito gouche transbordar-se-ia para seu projeto poético. Nesse momento, segundo Merquior, Drummond se desvencilha da idéia de o poeta como figura sublime e se coloca como “um pobre coitado (...) fraco” (1976, p.10).
Merquior também aproxima Poema de sete faces com o “polimorfismo” – termo proposto por Mário de Andrade em 1924 - o qual a simetria da descontinuidade, presente no cubismo, é assimilada por Drummond. A mudança de cena no poema, que sai da temática do eu para o outro (do interno para o externo), também é característica da tendência cubista: a princípio o poeta escreve de si mesmo, de sua maldição de ser gouche, de repente, nos versos seguintes a visão do exterior, agora o poeta fala da “rua” sem abandonar a característica lírica. 
Sobre o humor drummondiano, já então observado desde este primeiro livro, é importante ressaltar, como fez Merquior em sua tese, a distinção entre formas de comicidade. De acordo com o autor, a perspectiva grotesca se vale do cômico para superar o caráter trágico, ou seja, nesse caso o cômico é agente antitragico, contudo não elimina a seriedade (importância, ou mesmo valor) do problema. Não tem relação com o irônico, não torna ridículo o que se refere. Merquior diz “Os elementos de conotação cômica não chegam a suprimir a atitude elegíaca ou angustiada” (1976, p. 10), e mais “Instala-se também, entre o riso e a preocupação, a comedia e o problema vivo” (idem), assim em Poema de sete faces, pode ser observado o humor em alguns versos concomitantemente com a problemática do mundo, do objeto referente. 
A falta de pontuação nos versos “pernas brancas pretas amarelas” (verso 9) representada, como mencionou Merquior, pela estética simultaneísta, bem como os impasses existenciais que as rimas perfeitas não seriam capazes de solucionar (como em Poemas de sete faces) seriam freqüentes no “primeiro Drummond”, contudo essa apropriação cubista não faz parte de todo livro Alguma Poesia, estaria presente de forma mais palpável somente em Poema de sete faces. Merquior chega a mencionar a proximidade que o poema Construção tem com certos poemas de Manuel Bandeira, sua composição despojada, seu “lirismo da vida cotidiana” (1976, p.13), ainda que essa proximidade seja válida, Drummond se mantém como crítico mais sofisticado a medida que faz uso do humor critico ao representar o cotidiano. [2: Nono verso de Poema de sete faces, 1953 In: Alguma Poesia.]
Neste primeiro livro publicado, Alguma Poesia, Drummond irá desfrutar da teoria do estilo mesclado – idéia que se aprofundará ao longo do tempo – ressurgida pelo tom sublime e assunto vulgar; também a perspectiva grotesca que não mais se apóia no phatos mas que retira dele a problemática do tema. Segundo Merquior, Drummond deleita-se ao uso do grotesco desse estilo mesclado compondo versos cômicos e satíricos tratando dos temas representativos do Modernismo como, por exemplo, o descontentamento acerca do fascínio pela Europa solidificado pelos brasileiros: “Para mim, de todas as burrices a maior é suspirar pela Europa” (Explicação, Alguma Poesia, p. 77).[3: Do grego pathos, paixão. Qualidade na fala, em escritos, acontecimentos ou outros, que excita a piedade ou a tristeza. In.: Infopédia. ]

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