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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CENTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA – CCT LABORATÓRIO DE ENGENHARIA E EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO - LENEP CURSO DE ENGENHARIA DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO Alexandre Carvalho Costa Avaliação do Metamorfismo Orgânico do Membro Assistência da Formação Irati, da Bacia do Paraná, na Região de Rio Claro – SP Macaé 19/06/2006 II Alexandre Carvalho Costa Avaliação do Metamorfismo Orgânico do Membro Assistência da Formação Irati, da Bacia do Paraná, na Região de Rio Claro – SP “Monografia apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como requisito parcial para a obtenção de grau em bacharel em Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo.” Orientação: Prof. Jorge Alberto Trigüis, Ph.D. Macaé / RJ 19/06/2006 III Alexandre Carvalho Costa Avaliação do Metamorfismo Orgânico do Membro Assistência da Formação Irati, da Bacia do Paraná, na Região de Rio Claro – SP Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia de Exploração e Produção de Petróleo como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel. Aprovada em 19/06/2006 BANCA EXAMINADORA: ----------------------------------------------------------------------------- Orientador Prof. Jorge Alberto Trigüis, Ph.D. – UENF ---------------------------------------------------------------------------- Prof. Eliane Soares de Souza, D. Sc. – UENF ----------------------------------------------------------------------------- Prof. Hélio Jorge Portugal Severiano Ribeiro, D. Sc. - UENF Macaé/RJ 2006 IV DEDICATÓRIA Dedico esta monografia, primeiramente, a Deus, que me deu saúde e determinação para lutar e nunca desanimar, durante todos estes anos de faculdade. Dedico também aos meus queridos pais e irmãos, que sempre me deram total apoio e sempre torceram pela minha vitória. Dedico também aos meus sobrinhos, que constantemente trouxeram alegria ao meu coração. V AGRADECIMENTOS Ao Senhor de todas as coisas por me guiar em busca de meus objetivos. À minha família, em especial, ao meu pai Antônio, à minha mãe Zélia e aos meus irmãos José Luiz e Neide por todo o apoio que me dedicaram. A todos os meus amigos da minha querida turma, especialmente, à Alinne, à Priscila, ao Lucas, ao Diego e ao Alex, sem os quais a vida na faculdade teria sido menos engraçada e muito mais difícil. Aos demais amigos, especialmente, a Paulo Américo L.R. da Costa, Diego Reigoto e Thiago Reigoto. Ao meu orientador, Prof. Jorge Alberto Trigüis, pelo exemplo de dignidade e compreensão, e pela atenção e paciência com as quais me ensinou. À Dra. Eliane Soares de Souza, presença e ajuda incansáveis em todas as fases deste projeto, sempre colaborando e torcendo para que tudo desse certo. À Dra. Marília Inês Mendes Barbosa, pela grande torcida e pela ajuda constante em todos os momentos da faculdade para resolver qualquer tipo de problema. Ao Dr. Hélio J.P.Severiano Ribeiro, por varias vezes ter disponibilizado materiais para a realização deste trabalho. Aos colegas, professores e funcionários do LENEP. Ao Laboratório de Engenharia e de Exploração de Petróleo, LENEP/UENF, pelo suporte e estrutura concedidos. Ao PRH-20 ANP, pelo suporte financeiro a esta pesquisa, através da bolsa de Iniciação Científica. VI RESUMO A Formação Irati, Membro Assistência (Kazaniano) da Bacia do Paraná, é considerada a principal geradora desta bacia. A problemática que os exploracionistas têm encontrado é a grande diversidade do metamorfismo orgânico dessas rochas, devido à presença de intrusivas ígneas, de uma forma aleatória, principalmente nos folhelhos desta Unidade Estratigráfica. Pesquisas dirigidas para esta problemática foram realizadas pela PETROBRAS, porém sem nenhuma publicação dos resultados destinada à comunidade científica. Neste trabalho, a análise deste metamorfismo é efetuada com base na petrografia orgânica e em procedimentos analíticos da geoquímica orgânica, conhecida como geoquímica do petróleo. A petrografia orgânica permite análise do querogênio, fração insolúvel em solvente orgânico da matéria orgânica presente nas rochas sedimentares, sendo a sua variação de maturação avaliada pelo Índice de Coloração de Esporos (ICE); a qualidade e preservação do querogênio, importante para avaliação dos tratos de sistemas, também é analisada por meio de outros parâmetros ópticos, como o índice de fluorescência sob luz ultravioleta. Enquanto o querogênio é estudado através da microscopia, o betume (matéria orgânica solúvel) é extraído das amostras de rochas e caracterizado pela cromatografia líquida, cromatografia gasosa e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa. Estes resultados geoquímicos são comparados com trabalhos anteriores, sempre observando se houve ou não efeito térmico de rochas ígneas intrusivas na maturação das amostras estudadas. VII ÍNDICE 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1 1.1 - Geologia da Bacia do Paraná ................................................................... 1 1.1.1 - História da Atividade Exploratória na Bacia do Paraná......................... 1 1.1.2 - Aspectos Geológicos ............................................................................ 1 1.1.3 - Coluna Estratigráfica............................................................................. 3 1.1.4 - Formação Irati ....................................................................................... 6 1.1.5 - Afloramentos Estudados ....................................................................... 8 1.2 - Geoquímica da Bacia do Paraná ............................................................ 11 1.2.1 - Sistema Petrolífero Permiano – Formação Irati .................................. 11 1.2.2 - Petrografia Orgânica da Formação Irati .............................................. 12 1.2.3 - Geoquímica Orgânica do Membro Assistência ................................... 14 1.2.4 - Caracterização Faciológica e Ambiental através da Palinologia e Geoquímica.................................................................................................... 15 1.2.5 - Paleoambiente Deposicional do Membro Assistência......................... 16 2 - OBJETIVO ....................................................................................................... 17 3 - METODOLOGIA .............................................................................................. 17 3.1 - Metodologia (Petrografia Orgânica)....................................................... 18 3.1.1 - Preparação das Lâminas .................................................................... 18 3.1.2 - Análise Microscópica das Lâminas ..................................................... 19 3.2 - Metodologia (Geoquímica Orgânica) ..................................................... 21 4 - RESULTADOS ................................................................................................ 25 4.1 - Petrografia Orgânica ............................................................................... 26 4.2 - Geoquímica Orgânica..............................................................................31 4.2.1 - Extração da Matéria Orgânica Solúvel................................................ 31 4.2.2 - Cromatografia Líquida......................................................................... 32 4.2.3 - Cromatografia Gasosa ........................................................................ 34 4.2.4 - Cromatografia Gasosa Acoplada a Espectrometria de Massa............ 37 VIII 4.3 - Discussão dos resultados ...................................................................... 43 5 - CONCLUSÕES ................................................................................................ 44 6 - RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................... 45 7 - BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 46 8 – ANEXOS ......................................................................................................... 52 IX LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Localização da Bacia do Paraná........................................................ 2 Figura 1.2 - Carta estratigráfica da Bacia do Paraná (Milani, et.al.1990). ............... 4 Figura 1.3 - Mapa de isópacas da Formação Irati .................................................. 7 Figura 1.4 - Mapa de localização das Pedreiras Partezanni, Stavias e Caviúnas (Lucena Sousa, 2002). ..................................................................................... 9 Figura 1.5 – Pedreira Partezanni, Rio Claro, São Paulo (Severiano Ribeiro, H.J.P.). ....................................................................................................................... 10 Figura 1.6 – Pedreira Caviúnas, Rio Claro, São Paulo (Severiano Ribeiro, H.J.P.). ....................................................................................................................... 11 Figura 1.7 – Matéria orgânica amorfa do Membro Assistência da Formação Irati analisada sob luz ultravioleta incidente (Trigüis, 1986).................................. 13 Figura 1.8 - Diagrama ternário típico da Formação Irati (Araújo et. al. 1996) ...... 15 Figura 3.1 - Laboratório de Petrografia – LENEP/UENF ....................................... 19 Figura 3.2 - Esquema de uma lâmina de petrografia orgânica, exibindo ainda a rotina adotada para descrição........................................................................ 20 Figura 3.3 – Microscópio de petrografia orgânica ................................................ 21 Figura 3.4 - Extratores Soxhlet do Laboratório de Geoquímica do LENEP........... 22 Figura 3.5 - Cromatografia Líquida em Amostra S-86........................................... 23 Figura 3.6 – Esquema de Cromatografia Gasosa ................................................. 24 Figura 4.1 - Amostra da Pedreira Partezani .......................................................... 25 Figura 4.2 - Amostra da Pedreira Estavias............................................................ 26 Figura 4.3 - Amostra da Pedreira Caviúnas .......................................................... 26 Figura 4.4 – Matéria Orgânica Amorfa da Amostra S-43 ...................................... 28 Figura 4.5 – Matéria Orgânica Amorfa com aporte de Leptinítica da Amostra S-86 ....................................................................................................................... 28 Figura 4.6 – Fluorescência da Matéria Orgânica Leptinítica da Amostra S-86 .... 29 Figura 4.7 - Diagrama ternário da composição do querogênio.............................. 30 X Figura 4.8 - Fração de saturados, aromáticos e compostos NOS da amostra S-86. ....................................................................................................................... 32 Figura 4.9 - Diagrama ternário com resultados da cromatografia líquida da amostra S-86................................................................................................................ 33 Figura 4.10 – Cromatograma do extrato total da Amostra S-43............................ 34 Figura 4.11 – Cromatograma do extrato total da Amostra S-84............................ 35 Figura 4.12 – Cromatograma dos hidrocarbonetos saturados da amostra S-86 ... 35 Figura 4.13– Fragmentograma m/z 191 ilustrando a distribuição dos terpanos da Amostra S-43 ................................................................................................. 38 Figura 4.14 – Fragmentograma m/z 217 ilustrando a distribuição dos esteranos da Amostra S-43 ................................................................................................. 38 Figura 4.15 – Fragmentograma m/z 191 ilustrando a distribuição dos terpanos da Amostra S-84 ................................................................................................. 39 Figura 4.16 – Fragmentograma m/z 217 ilustrando a distribuição dos esteranos da Amostra S-84 ................................................................................................. 39 Figura 4.17 – Fragmentograma m/z 191 ilustrando a distribuição dos terpanos da Amostra S-86 ................................................................................................. 40 Figura 4.18 – Fragmentograma m/z 217 ilustrando a distribuição dos esteranos da Amostra S-86 ................................................................................................. 40 LISTA DE TABELAS Tabela 4.1 – Qualidade do querogênio da Amostra S - 43 ....................................... 27 Tabela 4.2 – Qualidade do querogênio da Amostra S-86........................................... 29 Tabela 4.3 – Porcentagem de matéria orgânica solúvel por massa de rocha......... 32 Tabela 4.4 – Porcentagem das frações de saturados, aromáticos e NOS (Amostra S – 86) ......................................................................................................................... 33 1 1 - INTRODUÇÃO 1.1 - Geologia da Bacia do Paraná 1.1.1 - História da Atividade Exploratória na Bacia do Paraná As primeiras atividades exploratórias de hidrocarbonetos na Bacia do Paraná foram efetuadas pela PETROBRAS, no período de 1953 a 1974. Devido à ausência de resultados satisfatórios e de melhores tecnologias, principalmente em geofísica e geoquímica, a companhia resolveu encerrar suas pesquisas nesta bacia (Trigüis, 1986). Em 1980, o consórcio PAULIPETRO iniciou um novo programa de exploração na Bacia do Paraná. Embora houvesse na época tecnologia de ponta, profissionais bem treinados e grande possibilidade de descobertas de depósitos de gás, questões políticas levaram ao fechamento do consórcio em 1983 (Trigüis, 1986). Em 1988, a PETROBRAS retomou as pesquisas exploratórias na região e, em 1996, foi descoberto um campo de gás no estado do Paraná (Araújo et al., 1996). 1.1.2 - Aspectos Geológicos Da área total abrangida pela Bacia do Paraná (1,7 milhões de km2 ), cerca de 1,1 milhões de km2 estão no Brasil e a área restante se estende pelo Paraguai, Uruguai e Argentina (Zalán et. al., 1986, apud Hachiro, 1996). A área situada na Argentina e no Uruguai é conhecida como Bacia Chaco-Paraná (Figura 1.1). A Bacia do Paraná é uma bacia intracratônica, formada a partir do Siluriano e caracteriza-se por uma subsidência intermitente, que durou cerca de 350 milhões de anos até o Cretáceo. Desta forma, tem acumulado, em sua parte mais 2 profunda, no extremo oeste do Estado de São Paulo (Pontal do Paranapanema), uma espessura de 5500 m de sedimentos e rochas básicas extrusivas e intrusivas. Figura 1.1 - Localização da Bacia do Paraná O pacote sedimentar– magmático da Bacia do Paraná constitui-se de seis grandes seqüências limitadas por expressivas discordâncias regionais (Milani et al. 1993): ordovício-siluriana, devoniana, carbonífera-eotriássica, neotriássica, jurássica-eocretácea e neocretácea.- 3 1.1.3 - Coluna Estratigráfica O desenvolvimento geológico da Bacia do Paraná, segundo Milani (1997), deve ser considerado sob um quadro geotectônico mais amplo, pertinente ao Gondwana Sul - Ocidental. Esta bacia implantou-se sobre uma crosta consolidada pelos eventos do Ciclo Brasiliano (700–450 M.a.) e próximos a ela progrediram cinturões colisionais ativos junto à margem meridional do paleocontinente. Esta geodinâmica imprimiu um padrão regional de tensões compressivas de marcante influência sobre a evolução da bacia. A implantação da Bacia do Paraná aconteceu no Neo-Ordoviciano, por meio da reativação transtensiva de descontinuidade de seu substrato. Portanto, a seqüência mais antiga da bacia tem idade entre o Neo- Ordoviciano e o Eo-Siluriano, correspondendo, litoestratigraficamente, ao Grupo Rio Ivaí, constituído por arenitos (Formação Alto Garças), encimados por diamictitos (Formação Iapó) e culminando com pelitos fossilíferos (Formação Vila Maria). O final do ciclo ordovício-siluriano foi marcado por um evento de caráter regressivo, que originou uma discordância, marcando o topo do Grupo Rio Ivaí. Sobre esta discordância, depositou-se a seqüência devoniana, correspondente ao Grupo Paraná (Formação Furnas e Formação Ponta Grossa). A Formação Furnas tem como característica marcante seus arenitos brancos a amarelados e suas estratificações cruzadas, predominantemente acanaladas de um ambiente continental fluvial. A Formação Ponta Grossa é constituída por folhelho, folhelho síltico, siltito e arenito, com marcas onduladas e freqüentemente bioturbado, indicando condições marinhas rasas durante sua deposição (Schneider et al. 1974). 4 Figura 1.2 - Carta estratigráfica da Bacia do Paraná (Milani, et.al.1990). 5 No Eo-Carbonífero, uma conjugação de fatores climáticos (desenvolvimento de calotas de gelo) e tectônicos inibiu a sedimentação durante um longo período, dando origem à discordância regional de maior hiato no registro litológico da bacia (Daemon et al. 1991). Com o degelo, foi retomada a sedimentação na bacia, sendo a porção basal da seqüência carbonífera-eotriássica, constituída pelo Grupo Itararé (parte sul) e pela Formação Aquidauana (porção norte da bacia), marcada por influência do clima glacial. A unidade basal não-aflorante do Grupo Itararé - Formação Lagoa Azul (França e Potter, 1988) - constitui-se de um pacote arenoso, sobreposto por folhelhos e diamictitos. Acima destes, ocorre a Formação Campo do Mourão (França e Potter, op. cit) que corresponde ao intervalo arenoso principal do Grupo Itararé. A Formação Taciba (França e Potter, op. cit) corresponde a porção superior deste grupo e constitui-se de folhelhos com intercalações arenosas. A sedimentação carbonífera-permiana assumiu no seu todo um caráter transgressivo devido ao degelo e conseqüente subida do nível do mar. No entanto, esta tendência transgressiva foi, momentaneamente, quebrada pela entrada das cunhas arenosas da Formação Rio Bonito. Este episódio de reativação de área fonte é atribuído à Orogenia Tardiherciniana na margem ativa do continente (Zalán, et al, 1990). Retomadas as condições transgressivas, depositou-se a Formação Palermo, representada por siltito e siltito arenoso intensamente bioturbado, depositado numa ampla plataforma marinha rasa (Schneider et al. 1974). Mais acima, a Formação Irati (objeto de estudo neste trabalho – Figura 1.2) caracteriza-se por uma faciologia complexa, com folhelho, folhelho betuminoso, arenito, marga, carbonato e anidrita, indicativos de uma geometria de bacia igualmente complexa, em que se configuram golfos e baías de profundidades variáveis (Daemon et. al. 1991). Esta formação foi depositada em ambiente de mar restrito, progressivamente mais salino da base para o topo. A porção superior da seqüência carbonífera-eotriássica documenta a progressiva continentalização a que foi submetida a Bacia do Paraná. A Formação 6 Teresina constitui-se de argilito, siltito, calcários oolíticos e coquinas. Já a Formação Rio do Rasto é constituída por arenito, siltito e folhelho. A seqüência neotriássica é representada pelas formações Pirambóia e Rosário do Sul, constituídas por arenito acumulado por sistemas continentais flúvio-eólicos. No Jurássico, em ambiente completamente eólico, constituiu-se a Formação Botucatu. Seguiu-se, no Eocretáceo, um volumoso episódio de extravasamento intracontinental de lavas (Formação Serra Geral). Finalmente, a seqüência neocretácea da bacia corresponde aos grupos Bauru e Caiuá (Fernandes, 1992), representados por depósitos continentais areno-conglomeráticos. 1.1.4 - Formação Irati Segundo Schneider et. al. (1974), a Formação Irati apresenta ocorrência generalizada por toda Bacia do Paraná, com espessuras oscilando de 40 a 70 metros. O mapa de isópacas da Formação Irati está ilustrado na figura 1.3. Desde o reconhecimento da Formação Irati por White (1908), foram propostas diversas subdivisões para esta unidade. A subdivisão de Schneider et al. (1974) consolidou a proposição de Barbosa e Gomes (1958), que definiram os membros Taquaral e Assistência. O primeiro consiste numa seqüência basal, formada por folhelhos depositados em ambiente marinho de águas calmas, abaixo do nível de ação das ondas. Já o Membro Assistência é caracterizado por uma seqüência superior composta por folhelhos pirobetuminosos intercalados com horizontes de calcários dolomíticos, depositada em ambientes marinhos de águas rasas. 7 Figura 1.3 - Mapa de isópacas da Formação Irati No Membro Assistência, foram individualizadas, pela SIX, quatro unidades, com base no teor de óleo medido em ensaio Fisher (Sad e Saraiva, 1983) e cuja denominação da base para o topo é a seguinte: Camada Basal, Segunda Camada Betuminosa, Camada Intermediária e Primeira Camada Betuminosa. Em Araújo 8 et.al., 1986, foi acrescentada ainda mais uma unidade, a Camada de Siltito, utilizando, portanto, cinco subdivisões para este Membro. As camadas Basal e Intermediária compreendem, litologicamente, carbonatos interestratificados com níveis milimétricos a centimétricos de folhelho betuminoso. A Primeira e a Segunda Camada Betuminosa são caracterizadas por rochas pelíticas com boa fissilidade. Estas litologias são comumente denominadas “folhelhos oleígenos” devido ao elevado teor de betume presente. A Formação Irati é portadora de uma peculiar assembléia fossilífera e palinológica, que têm auxiliado a interpretação paleoambiental e o seu posicionamento geocronológico na bacia (apud Araújo et. al. 1996). Os parâmetros geoquímicos (Trigüis, 1986; Cerqueira e Santos Neto, 1986 e 1990; etc), associados aos elementos diagnósticos fossilíferos e palinológicos (Della Fávera, 1987; Castro, 1988; Hachiro, 1991; etc), indicam que a associação faciológica, que compõe a Formação Irati, foi depositada em ambiente marinho restrito, cuja salinidade variou de marinho normal a hipersalino (evaporítico), estando os paleoambientes mais restritos situados nas sub-bacias ao norte do Arco de Ponta Grossa. A influência continental na porção oeste da bacia foi acentuada pelo desenvolvimento de fácies arenosas, que possibilitaram o aumento do aporte de fácies orgânicas de origem terrestre, enquanto na porção leste, relativamente maisdistante da paleoborda, propiciou apenas o aparecimento de elementos diagnósticos de influência continental como, principalmente, a presença de algas Botryococcus (Picarelli, 1986). 1.1.5 - Afloramentos Estudados Todas as amostras aqui em estudo foram obtidas a partir de saídas de campo a Bacia do Paraná, realizadas pelo setor de Geologia / Geoquímica. Os locais de coleta das amostras estão devidamente indicados na figura 1.4. 9 Figura 1.4 - Mapa de localização das Pedreiras Partezanni (A1), Stavias (A3) e Caviúnas (A5) (Lucena Sousa, 2002). Uma das amostras de estudo utilizada neste trabalho foi coletada na Pedreira Partezanni (A1), em Rio Claro (SP), sendo um folhelho betuminoso pertencente à Formação Irati / Membro Assistência (Figura 1.5), que possui as seguintes coordenadas: N 7507772, E 234925, Altitude 570 m. 10 Figura 1.5 – Pedreira Partezanni, Rio Claro, São Paulo (Severiano Ribeiro, H.J.P.). Uma outra amostra utilizada neste trabalho foi retirada da Pedreira Stavias (A3) que fica em Rio Claro (SP), possuindo as seguintes coordenadas: N7511060, E234002, Altitude 575 m. É também um folhelho betuminoso pertencente à Formação Irati / Membro Assistência. Folhelho Pirobetuminoso da Pedreira Partezanni 11 A terceira amostra para este estudo geoquímico, com coordenadas N 7518377, E 221047, Alt 552 m, foi coletada na Pedreira Caviúnas (A5) que fica em Rio Claro (SP), sendo um folhelho com intercalações calcárias pertencente à Formação Irati / Membro Assistência. Figura 1.6 – Pedreira Caviúnas, Rio Claro, São Paulo (Severiano Ribeiro, H.J.P.). 1.2 - Geoquímica da Bacia do Paraná 1.2.1 - Sistema Petrolífero Permiano – Formação Irati O sistema petrolífero é um sistema natural constituído por uma unidade genética que engloba todos os elementos e processos necessários para que uma acumulação de petróleo exista (Magoon e Dow, 1994). O termo sistema foi escolhido por relacionar os elementos essenciais (gerador, reservatório, selo e soterramento) e os processos (formação de trapas, geração, migração e acumulação de petróleo) responsáveis pela existência de uma acumulação. Estes elementos e processos devem concorrer no tempo e no espaço, para que a Carbonatos da Pedreira Caviúnas impregnados com óleo 12 matéria orgânica contida na rocha geradora seja convertida em acumulação de petróleo (timing). Com a retomada dos trabalhos exploratórios na Bacia do Paraná, em 1986, pela PETROBRAS, reiniciaram-se os questionamentos com relação às possíveis rochas geradoras desta bacia. Como resultado do somatório das investigações realizadas pela PETROBRAS e pelo Consórcio PAULIPETRO na área de geoquímica orgânica, as Formações Irati e Ponta Grossa foram consideradas as únicas geradoras em potencial. Entretanto, a Formação Irati não teria atingido níveis adequados de maturação por soterramento. Na maioria dos locais onde são detectadas condições de maturidade, estas são atribuídas à ação térmica de intrusivas (soleiras e diques de diabásio). Magoon e Dow (op. cit.) definem sistema petrolífero como atípico quando a geradora é maturada pelo efeito de intrusivas ígneas. Assim, o Sistema Petrolífero Permiano da Bacia do Paraná, cuja geradora (Formação Irati) foi intrudida por rochas ígneas cretácicas, constitui um sistema atípico. Neste contexto tornou-se crucial o entendimento desta geração atípica e a avaliação da capacidade do Sistema Petrolífero Permiano em armazenar quantidades comerciais de hidrocarbonetos. (Araújo, et. al., 1996). 1.2.2 - Petrografia Orgânica da Formação Irati A petrografia orgânica tem sido aplicada em estudos de ambientes deposicionais e uma relação direta entre assembléia maceral (constituintes orgânicos da rocha) e fácies deposicionais pode ser estabelecida (Pasley et al., 1990). De acordo com a definição de fácies orgânicas, unidades estratigráficas mapeáveis caracterizadas pela composição de seus constituintes orgânicos (Jones, 1987), a Formação Irati se subdivide em duas unidades: uma que apresenta predominância de matéria orgânica amorfa com cores de fluorescência variáveis e algum aporte de esporinitas (principalmente polens bissacados); e 13 outra, com predominância de matéria orgânica lenhosa e, secundariamente, algas (Botryococcus). Estas duas fácies caracterizam o Membro Assistência. Já o Membro Taquaral é constituído apenas pela fácies onde predomina a matéria orgânica lenhosa. (apud Araújo et al. 1996). Na Segunda Camada Betuminosa do Membro Assistência, a qualidade da matéria orgânica é predominantemente amorfa sapropélica com algum aporte de leptinítica e lenhosa. Já na Primeira Camada Betuminosa, a análise do querogênio indica o predomínio da matéria orgânica amorfa fluorescente e, secundariamente, leptiníticas e fragmentos de lenho (Figura 1.7). Figura 1.7 – Matéria orgânica amorfa do Membro Assistência da Formação Irati analisada sob luz ultravioleta incidente (Trigüis, 1986) 14 Em geral, os valores de reflectância da vitrinita, obtidos de amostras de afloramentos da Formação Irati, demonstram que esta formação está imatura (média 0,4 %Ro), quando não afetada por efeitos térmicos das intrusivas ígneas (Araújo et al. 1996). 1.2.3 - Geoquímica Orgânica do Membro Assistência As porcentagens de hidrocarbonetos saturados, aromáticos e compostos NSO das amostras do Membro Assistência (não afetadas termicamente por intrusivas ígneas) normalmente identificam uma região no diagrama triangular, onde predominam os compostos NSO (Figura 1.8). As feições típicas dos cromatogramas de hidrocarbonetos saturados das rochas imaturas demonstram a predominância dos isoprenóides sobre os n-alcanos. Os valores da razão pristano/fitano são variáveis e correlacionáveis com os níveis de anoxia e salinidade do ambiente deposicional. Assinaturas geoquímicas típicas de degradação térmica e de biodegradação foram verificadas em cromatogramas de várias amostras de poços e de afloramentos. Com relação aos biomarcadores, característicos de ambientes hipersalinos, como o gamacerano, estão presentes em diversas seções do Membro Assistência (Araújo et. al. 1996). 15 Figura 1.8 - Diagrama ternário típico da Formação Irati (Araújo et. al. 1996) 1.2.4 - Caracterização Faciológica e Ambiental através da Palinologia e Geoquímica A correlação entre COT e a fração mineral mostra um maior conteúdo de carbono orgânico nas litofácies terrígenas em relação às carbonáticas. As rochas com predominância de matéria orgânica de origem continental exibem menor COT do que aquelas com predominância de matéria orgânica amorfa (Pasley et al.,1990). A gênese da matéria orgânica amorfa para ambientes marinhos antigos indica, basicamente, precursores relacionados aos fitoplânctons e bactérias (apud Tyson, 1995). As classificações de matéria orgânica amorfa baseiam-se, principalmente, nas intensidades de suas cores de fluorescência, na região imatura. As 16 intensidades de cores de fluorescência para o querogênio amorfo, imaturo, podem ser correlacionadas com os resultados do índice de hidrogênio (IH) - Gregory et. al. 1991 e Tyson, 1995. Desta forma, querogênios com colorações de fluorescência mais escuras (acastanhadas), apresentariam menor potencialidade para a geração de hidrocarbonetos líquidos e os de colorações mais claras (amareladas), maior potencialidade, quando analisados dentro da zona matura. As cores de fluorescência da matéria orgânica amorfaimatura do Membro Assistência apresentam-se bastante variáveis: do amarelo alaranjado ao castanho bem escuro, indicando, possivelmente, diferentes estágios de preservação desta matéria orgânica (Tuweni e Tyson, 1994), podendo as colorações mais escuras estar mal preservadas. Em alguns querogênios, verifica-se que enquanto a matéria orgânica amorfa apresenta coloração de fluorescência escura ou ausente, indicativo de degradação ou maturação, os palinomorfos apresentam intensa fluorescência, demonstrando maior resistência à degradação. 1.2.5 - Paleoambiente Deposicional do Membro Assistência As litofácies da camada basal (margas) do Membro Assistência foram depositadas após notável rebaixamento relativo do nível do mar, propiciando o aparecimento de fitoclastos bem preservados na base da camada. A progressiva diminuição dos fitoclastos preservados em direção ao topo da camada indica a implantação de um ciclo transgressivo, que culmina com a deposição dos folhelhos betuminosos (segunda camada betuminosa), Araújo et.al.1996. O estabelecimento de um fundo anóxico ocorreu devido à diferença de salinidade que permitiu a estratificação no nível de oxigenação do corpo aquoso. A elevada salinidade é corroborada pela abundância de i-C25 e i-C30, β- carotano, pristano/fitano < 1, alta razão do gamacerano/C30 αβ-hopano, inversão de homohopanos (C34 /( C31 a C35 )), alta abundância relativa de C24 terpano tetracíclico e baixa de diasteranos (Araújo et.al.1996). 17 Durante a deposição da segunda camada betuminosa, o índice de qualidade dos fitoclastos atinge o menor valor no topo da camada, sugerindo que a inundação máxima do ciclo transgressivo causou uma retrogradação que impossibilitou o acesso de lenhos não estruturados, durante a deposição dos folhelhos (Araújo et.al.1996). 2 - OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo principal o estudo dos parâmetros ópticos e geoquímicos de amostras de rocha selecionadas das Pedreiras Partezanni, Stavias e Caviúnas, as quais auxiliaram na exposição da Formação Irati e estão localizadas na região de Rio Claro, estado de São Paulo, Brasil. Através destes parâmetros, analisa-se a maturidade, a qualidade da matéria orgânica e o paleoambiente deposicional. Desta forma realiza-se a caracterização desta formação como possível rocha geradora de hidrocarbonetos. Para tanto, as conclusões obtidas são comparadas com estudos geoquímicos realizados anteriormente. 3 - METODOLOGIA Em uma primeira etapa foi realizada uma seleção das amostras, seguida de uma descrição mineralógica destas. A partir desta etapa procedeu-se da seguinte maneira: parte de cada amostra foi destinada para análise de petrografia orgânica, mediante a preparação de lâminas petrográficas, para a avaliação do querogênio, e uma segunda parte foi destinada a outras análises geoquímicas para estudos da matéria orgânica solúvel. 18 3.1 - Metodologia (Petrografia Orgânica) 3.1.1 - Preparação das Lâminas A rotina para preparação das lâminas de petrografia orgânica iniciou-se com a seleção do material (folhelho betuminoso e calcário). Em função da qualidade da amostra, o peso de material selecionado para preparação de lâminas é diferenciado. Para uma coloração escura, expressando uma quantidade aparente de matéria orgânica elevada, pesa-se 20 a 30 g de sedimentos. E para clara, expressando baixos níveis de matéria orgânica na rocha, são coletados 40 g de amostra. Esse material foi fragmentado e peneirado em malha de 20 mesh e guardado em frascos de vidro, para evitar contaminação. Em seguida, o material foi submetido a um tratamento com ácidos para eliminação de fração carbonática, com ácido clorídrico (50%) durante 3 horas, e eliminação dos silicatos, com ataque de ácido fluorídrico (40%) durante 16 horas. Após cada ataque ácido, as amostras foram neutralizadas com água desmineralizada e hidróxido de sódio (10%), sendo ainda, submetidas a uma centrifugação à 1000 rpm, durante 5 minutos. As amostras foram peneiradas em malha de 12 mesh, e após a adição de cloreto de zinco para auxiliar na separação de fases por densidade, foram novamente centrifugadas à 2000 rpm, durante 30 minutos. A fração de querogênio decantada no fundo da centrífuga ou em suspensão foi transferida para um tubo de vidro com água destilada, sendo submetida a uma nova centrifugação à 1000 rpm, durante 5 minutos. Finalmente, foram peneiradas em malha de 20 mesh , para eliminação da fração mineral fina. Desta forma, obteve-se o material para montagem das lâminas. Em seguida, cada lâmina foi identificada, em uma de suas extremidades, e depois foram preparados dois campos, um que continha matéria orgânica retirada em malha de 20 mesh, colocada próximo a identificação da lâmina, e outro que possuía matéria orgânica sem peneiramento. A matéria orgânica foi aderida à lamínula com a adição de Bálsamo do Canadá 19 3.1.2 - Análise Microscópica das Lâminas A análise microscópica foi realizada com o auxílio de microscópio óptico, de programa computacional de transferência de imagens (AnalySIS), para análise de coloração da matéria orgânica análise da reflectância da vitrinita, e de um computador, estando todos os equipamentos instalados no Laboratório de Petrografia do LENEP. Figura 3.1 - Laboratório de Petrografia – LENEP/UENF O procedimento para descrição das lâminas foi o seguinte: estas foram descritas e os macerais foram contados segundo uma malha de pontos eqüidistantes para que maior parte da lâmina fosse coberta (Figura 3.2). As descrições das lâminas de petrografia orgânica foram feitas com luz branca Microscópio de Petrografia Orgânica Microscópio de Petrografia Sedimentar 20 transmitida, para a identificação da qualidade da matéria orgânica e do índice de coloração de esporos (ICE), e luz ultravioleta incidente para a determinação da fluorescência. Além disso, também foram identificadas as porcentagens de matéria orgânica lenhosa (fitoclastos), matéria orgânica leptinítica (palinomorfos) e matéria orgânica amorfa. Figura 3.2 - Esquema de uma lâmina de petrografia orgânica, exibindo ainda a rotina adotada para descrição. Durante as descrições petrográficas e contagem percentual (análise semi- quantitativa) das assembléias de matéria orgânica, foi utilizado o microscópio Carl- Zeiss (Figura 3.3), com fonte halogênica de 100 HBO (50 watts), para investigação da fluorescência. As fotografias foram registradas em um sistema fotográfico Orthoplan-Leitz, acoplado ao microscópio Zeiss-MPV-2, com lâmpada halogênica de 100 watts (12 V) e de mercúrio (ultravioleta), do tipo HBO (100 watts). 21 Figura 3.3 – Microscópio de petrografia orgânica As análises de petrografia orgânica, através da interpretação de palinofácies, permitiram determinar parâmetros ambientais, dentre os quais destacam-se a qualidade de matéria orgânica, a preservação dos macerais, a assembléia total de matéria orgânica, entre outros. 3.2 - Metodologia (Geoquímica Orgânica) Na análise geoquímica, após a trituração e pulverização, as amostras foram pesadas ao décimo de miligrama em balança analítica, para se iniciar o processo de extração, que consiste em extrair-se a matéria orgânica solúvel em solvente orgânico (diclorometano), separando-a do querogênio. A extração foi realizada colocando-se as massas pulverizadas em cartuchos de celulose, no extrator SOXHLET, conforme está ilustrado na figura 3.4. 22 Figura 3.4 - Extratores Soxhlet do Laboratório de Geoquímica doLENEP Devido à insuficiência de matéria orgânica solúvel extraída nas amostras das Pedreiras Partezani e Stavias, realizou-se somente a cromatografia líquida da amostra de Caviúnas. Para a realização desta técnica, utilizou-se uma coluna preenchida com sílica-gel misturada com hexano. Parte do extrato obtido desta amostra foi submetida a este tipo de cromatografia, sendo dissolvida com diclorometano e misturada à alumina (Óxido de Alumínio), formando um pó de cor castanho claro, que, após a evaporação do diclorometano, facilitou a colocação da amostra dentro da coluna. A cromatografia líquida permite a separação do extrato nas suas frações: saturados, obtidos com a passagem do solvente hexano pela coluna cromatográfica, aromáticos, através do solvente diclorometano, e compostos NSO (nitrogenados, sulfurados e oxigenados), por meio de álcool metílico (Figura 3.5). A cromatografia líquida é importante, pois a maioria dos compostos polares não é suficientemente volátil para ser analisada pela cromatografia gasosa. 23 Figura 3.5 - Cromatografia Líquida em Amostra Calcário Caviúnas Separadas as frações na cromatografia líquida, foi realizada a cromatografia gasosa, utilizando-se a fração de hidrocarbonetos saturados da amostra de Caviúnas e os extratos das demais amostras, os quais não puderam ser separados nas suas frações por meio da cromatografia líquida. Na cromatografia gasosa, o constituinte é transportado através da coluna por uma fase móvel gasosa (ou gás de arraste, neste caso hélio). Nesta técnica, uma amostra é injetada dentro de uma câmara aquecida, na qual ela é evaporada rapidamente. O vapor é arrastado na coluna pelo gás de arraste e os constituintes, separados por uma coluna cromatográfica capilar com 30 m de comprimento e diâmetro interno de 0,25 mm, fluem pelo detector de ionização de chama (FID), que é o mais utilizado na análise de alcanos. A resposta é mostrada num registrador. Como resultado, a cromatografia gasosa forneceu o registro de diversos picos, conhecido como cromatograma ou fingerprint, no qual podem ser separados e identificados n-alcanos e isoalcanos presentes na fração de saturados. 24 Figura 3.6 – Esquema de Cromatografia Gasosa Outra técnica muito utilizada na indústria do petróleo é a utilização da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa. O espectrômetro de massa é um detector para análises qualitativa e quantitativa de constituintes em cromatografia gasosa. Esta técnica separa os compostos policíclicos saturados e aromáticos. O espectrômetro de massa identifica, de forma precisa, os terpanos e esteranos, assim como seus estereoisômeros α, β, R e S, e ainda os aromáticos alquilados. Na espectrometria de massa, as moléculas são ionizadas, geralmente para formarem cátions, aceleradas por um campo elétrico e separadas de acordo com sua massa. O processo de ionização confere energia suficiente para quebrar a molécula em pontos de ruptura preferenciais, dando origem a uma variedade de fragmentos. Um espectro de massa é um gráfico que mostra a abundância relativa de cada fragmento que atinge o detector do espectrômetro de massa. Ou seja, cada substância tem um espectro de massa característico. Geralmente, o último valor presente corresponde ao peso da molécula não quebrada. O conjunto de todos os fragmentos de óleo com íons característicos constitui um fragmentograma. Por exemplo, o fragmentograma m/z 191 é da família dos terpanos e o m/z 217 é da família dos esteranos. 25 4 - RESULTADOS Foram realizados três experimentos, referentes às amostras de Partezanni (S-43), de Stavias (S-84) e de Caviúnas (S-86). A seguir é feita uma descrição de cada uma destas amostras. Descrição das Amostras A amostra S-43 consiste em um folhelho, contendo, ainda, calcita e pirita. É procedente da Pedreira Partezani, na região de Rio Claro – SP. Esta pedreira é um afloramento da Formação Irati, Membro Assistência, Bacia do Paraná. Esta amostra possui uma coloração cinza escuro e uma estratificação nítida, dada por laminação. Figura 4.1 - Amostra da Pedreira Partezani A amostra S-84 consiste de um folhelho com calcita, extraída da Pedreira Stavias, na região de Rio Claro – SP. Esta pedreira também pertence à Formação Irati, Membro Assistência, Bacia do Paraná. O folhelho apresenta coloração cinza muito escuro e vem intercalado com calcita. 26 Figura 4.2 - Amostra da Pedreira Estavias A amostra S-86 consiste em um calcário da Formação Irati, Membro Assistência, Bacia do Paraná, e foi extraída da Pedreira Caviúnas, na região de Rio Claro – SP. A amostra possui cor amarronzada, granulometria fina, textura maciça e está impregnada com óleo. Figura 4.3 - Amostra da Pedreira Caviúnas 4.1 - Petrografia Orgânica A avaliação das amostras por petrografia orgânica teve início com a análise de cinco lâminas petrográficas, das quais, duas tinham o querogênio proveniente de amostra de rocha da Pedreira Partezanni e as outras três, de amostra de rocha de Caviúnas. Ou seja, as amostras enviadas para a preparação destas lâminas não foram aquelas utilizadas na parte de geoquímica. 27 Portanto, as análises destas lâminas constituiu-se em um estudo independente. Mas, como a petrografia orgânica analisa somente o querogênio da amostra, sendo este indígeno (não migra), um relatório conclusivo sobre estas outras lâminas pode ser encontrado no anexo 1 deste trabalho. Ao iniciar-se os procedimentos geoquímicos com as amostras Folhelho Partezanni, Folhelho Stavias e Calcário Caviúnas, reservou-se parte do material para a elaboração de lâminas petrográficas. Como a lâmina contendo querogênio da amostra S-84 não se mostrou apropriada para análises, são apresentados a seguir, somente resultados de petrografia orgânica para as amostras Folhelho Partezanni e Calcário Caviúnas. A análise do querogênio, sob luz branca transmitida, mostra que predomina a matéria orgânica amorfa e, secundariamente, leptinítica e lenhosa (Figuras 4.4 e 4.5). Esta forte predominância de matéria orgânica amorfa ainda é comprovada pela análise semiquantitativa ou contagem percentual (Tabelas 4.1 e 4.2) e pelo diagrama ternário (Figura 4.6). Deve-se ressaltar que a identificação do tipo de querogênio nem sempre é fácil e é freqüentemente complicada pelos diferentes graus de degradação e preservação do material. Desta forma, isto introduz um grau de subjetividade muito grande na interpretação (Tyson, 1983). Tabela 4.1 – Qualidade do querogênio da Amostra Folhelho Partezanni % amorfa 90 % % leptinítica 5 % % lenho 5 % 28 Figura 4.4 – Matéria Orgânica Amorfa da Amostra Folhelho Partezanni Figura 4.5 – Matéria Orgânica Amorfa com aporte de Leptinítica da Amostra Calcário Caviúnas Pólen Bissacado 29 Figura 4.6 – Fluorescência da Matéria Orgânica Leptinítica da Amostra Calcário Caviúnas Tabela 4.2 – Qualidade do querogênio da Amostra Calcário Caviúnas % amorfa 85 % % leptinítica 15 % % lenho 0 % Pólen Bissacado 30 Figura 4.7 - Diagrama ternário da composição do querogênio Não foi observada fluorescência, sob luz ultravioleta, da matéria orgânica amorfa da amostra Folhelho Partezanni, o que pode estar relacionado à matéria orgânica degradada ou à matéria orgânica muito matura. Já o querogênio da amostra Calcário Caviúnas apresentou fluorescênciacom cores claras e Índice de Coloração de Esporos (ICE), observado sob luz transmitida, variando do castanho ao alaranjado (Figura 4.5). Esta coloração sugere que a matéria orgânica encontra-se em um estágio imaturo ou levemente maturo. Deve-se ressaltar que o número limitado de lâminas dificulta interpretações mais concretas e generalizações. Amostra Folhelho Partezanni Amostra Calcário Caviúnas Amorfa Leptinítica Lenhosa 31 Porém, de forma geral, a predominância de matéria orgânica amorfa em folhelhos e calcários da Formação Irati é indício de um ambiente transgressivo (Pasley et al., 1990). A coloração da matéria orgânica amorfa da amostra Folhelho Stavias, apresentando-se sempre amarronzada (escura), reflete uma pequena degradação desta matéria orgânica, diferente do que é observado para a amostra Folhelho Partezanni. 4.2 - Geoquímica Orgânica A partir dos procedimentos geoquímicos foram obtidos os seguintes resultados: extrato de matéria orgânica solúvel, frações de hidrocarbonetos saturados, aromáticos e de compostos NSO presentes no extrato (somente para a amostra Calcário Caviúnas), cromatogramas e fragmentogramas m/z 191 e m/z 217. 4.2.1 - Extração da Matéria Orgânica Solúvel Os resultados obtidos com o processo de extração de cada amostra estão simplificados na tabela abaixo, por meio da porcentagem de matéria orgânica solúvel (MOS) por massa de rocha. A maior quantidade de matéria orgânica solúvel para a amostra S-86 está relacionada ao fato do calcário ser uma rocha muito porosa e permeável. Portanto, isto favoreceu a migração desta matéria orgânica para o calcário (provavelmente, a rocha contém betume migrado). 32 Tabela 4.3 – Porcentagem de matéria orgânica solúvel por massa de rocha Pedreira Amostra mg hidrocarboneto / g de rocha Partezani S-43 0,536 Stavias S-84 0,203 Caviunas S-86 3,907 4.2.2 - Cromatografia Líquida A cromatografia líquida é utilizada para a separação das frações dos hidrocarbonetos saturados, aromáticos e compostos NSO. As três frações, obtidas com o processo de cromatografia líquida para a amostra Calcário Caviúnas, estão devidamente identificadas na Figura 4.8. Figura 4.8 - Fração de saturados, aromáticos e compostos NOS da amostra S-86. As massas das frações de saturados, aromáticos e compostos NSO (Tabela 4.4), obtidas a partir da cromatografia líquida para tal amostra, estão Saturados Aromáticos NSO 33 tabeladas abaixo, sendo as porcentagens colocadas em um diagrama ternário (Figura 4.9). Tabela 4.4 – Porcentagem das frações de saturados, aromáticos e NOS (Amostra Calcário Caviúnas) Fração Massa (g) Porcentagem (%) Saturados 0,0156 25 Aromáticos 0,0268 44 Compostos NSO 0,0188 31 Figura 4.9 - Diagrama ternário com resultados da cromatografia líquida da amostra Calcário caviúnas As abundâncias relativas dessas frações podem indicar o estágio de maturação desses compostos (Tissot e Welte, 1984). Normalmente, as amostras submetidas ao efeito térmico de intrusivas contêm um maior percentual de 34 hidrocarbonetos saturados e aromáticos em relação às imaturas, ricas em compostos NSO (Araújo, et. al. 1996). 4.2.3 - Cromatografia Gasosa No geral, as relações obtidas através da cromatografia gasosa não são específicas apenas como medida de evolução térmica, sendo mais utilizadas como indicadores de proveniência da matéria orgânica ou de paleoambientes (P/F, P/ n-C17 e F/ n-C18) (Cerqueira e Santos Neto, 1986), embora possam ser afetadas pelo metamorfismo orgânico (Trigüis, 1986). A seguir são apresentados os cromatogramas para a análise de resultados. Figura 4.10 – Cromatograma do extrato total da Amostra Folhelho Partezanni FITANO PRISTANO tempo resposta 35 Figura 4.11 – Cromatograma do extrato total da Amostra Folhelho Stavias Figura 4.12 – Cromatograma dos hidrocarbonetos saturados da amostra Calcário caviúnas F P tempo resposta FITANO PRISTANO tempo resposta 36 Uma elevação da linha de base (hump) é observada no cromatogramas das amostra Folhelho Partezanni (Figura 4.10) e Calcário Caviúnas (Figura 4.12), provavelmente, devido à presença de compostos não resolvidos pela cromatografia gasosa (UCM). Essa elevação é típica de óleos biodegradados ou pouco evoluídos. Como se trata de amostras de afloramento, a hipótese de biodegradação torna-se ainda mais plausível. Desta forma, estas amostras exibem altas razões P/ nC17 e F/ n-C18, exceto a amostra Folhelho Stavias (Figura 4.11), cujas relações são aproximadamente iguais a um. Esta abundância relativa de isoprenóides (pristano e fitano) em relação aos n-alcanos (P/n-C17 e F/n-C18 > 1) sugere um paleoambiente deposicional salino, em geral associado a condições de anoxia (Trigüis, 1986). A razão pristano / fitano, menor do que um para todas as amostras, sugere um paleoambiente deposicional anóxico. O pristano é mais estável em ambientes óxicos e como há uma abundância relativa do fitano em relação ao pristano, este fato sugere um paleoambiente deposicional anóxico. Com relação aos isoprenóides i-C25 e i-C30 (esqualano), estes não são bem visualizados no cromatograma, assim como o biomarcador β - carotano. Juntamente, com a relação pristano / fitano, estes compostos seriam primordiais para sugerir um ambiente evaporítico, fundamental para a estratificação das águas, possibilitando, desta forma, a existência de um ambiente óxico com fundo anóxico. A predominância de parafinas de alto peso molecular, em todos os extratos, principalmente no da amostra Folhelho Stavias (pico em n-C29), sugere a presença de matéria orgânica de origem terrestre, ou seja, proveniente de vegetais superiores. 37 Comentários gerais É realizada uma breve comparação dos resultados obtidos com estudos geoquímicos já realizados. Para a amostra Calcário Caviúnas, os resultados estão bastante coerentes com trabalhos anteriores, tais como Trigüis (1986) e Mangaravite da Silva et. al. ,2005. Em Gomes et.al. (2005) e Borçoi et.al. 2005, foi difícil a identificação dos compostos de baixo peso molecular anteriores ao C24, impossibilitando a observação dos isoprenóides pristano e fitano em cromatogramas de amostra de rocha proveniente da Pedreira Stavias e Partezanni, respectivamente. Porém, neste trabalho, foi possível a observação destes isoprenóides tanto no cromatograma da amostra Folhelho stavias como no da amostra Folhelho Partezanni. 4.2.4 - Cromatografia Gasosa Acoplada a Espectrometria de Massa Os marcadores biológicos, compostos orgânicos presentes na geosfera, cuja estrutura básica sugere uma inequívoca semelhança com produtos naturais contemporâneos (Mackenzie, 1984) são elementos diagnósticos fundamentais para a identificação do conteúdo orgânico, para a interpretação do paleoambiente e para o monitoramento da evolução térmica da matéria orgânica. Os melhores biomarcadores possuem esqueletos intactos de esteróides, terpenóides e isoprenóides (Seifert, 1975), tendo suas estruturas químicas básicas inalteradas. Pequenas diferenças, tais como perda de grupos funcionais ou ligações duplas, são relacionadas às alterações de matéria orgânica, devido à atividade bacteriana ou à degradação térmica. Algumas relações, obtidas através dos biomarcadores triterpanos e esteranos, são extremamente importantes para a avaliação da evolução térmica de uma rocha sedimentar(Trigüis, 1986). 38 A seguir são apresentados os fragmentogramas para as amostras em estudo: Amostra Folhelho Partezanni Figura 4.13– Fragmentograma m/z 191 ilustrando a distribuição dos terpanos da Amostra S-43 Figura 4.14 – Fragmentograma m/z 217 ilustrando a distribuição dos esteranos da Amostra S-43 abundancia tempo abundancia tempo C30 αβ hopano Gamacerano C29 39 Amostra Folhelho Stavias Figura 4.15 – Fragmentograma m/z 191 ilustrando a distribuição dos terpanos da Amostra S-84 Figura 4.16 – Fragmentograma m/z 217 ilustrando a distribuição dos esteranos da Amostra S-84 abundancia tempo abundancia tempo C30 αβ hopano Gamacerano C29 40 Amostra Calcário Caviúnas Figura 4.17 – Fragmentograma m/z 191 ilustrando a distribuição dos terpanos da Amostra S-86 Figura 4.18 – Fragmentograma m/z 217 ilustrando a distribuição dos esteranos da Amostra S-86 tempo abundancia abundancia tempo tempo C30 αβ hopano Gamacerano C29 41 A distribuição típica dos homohopanos (C31 – C35) foi observada nos fragmentogramas m/z 191 (família dos terpanos) das amostras Folhelho Partezanni e Folhelho Stavias (Figura 4.13 e 4.15). Ou seja, seus índices dos homohopanos, indo do C31 ao C35, apresentaram uma relação decrescente. Em contrapartida, é notória uma inversão no índice dos homohopanos para a amostra Calcário Caviúnas (Figura 4.14). Esta inversão é típica de ambientes salinos. A presença do gamacerano é percebida após o segundo pico do C31 hopano nos três fragmentogramas m/z 191, o que sugere um paleoambiente deposicional anóxico. Este biomarcador é encontrado em diferentes ambientes deposicionais devido, provavelmente, a sua origem bacteriana. Foi encontrado um índice do gamacerano (IG) igual a 0,24 para a amostra Folhelho Partezanni, aproximadamente igual a um para a amostra Folhelho Stavias e igual a 0,71 para o Calcário Caviúnas. Este índice somente é importante quando é necessário observar diferenças entre as origens de dois óleos, por exemplo. Como regra geral, tem-se um aumento nas razões de isomerizações dos biomarcadores com a evolução térmica, devido aos decréscimos dos isômeros de baixa estabilidade térmica. A isomerização em C-22 (22R e 22R) dos C31-C35 hopanos, como uma função da maturação foi indicada por Ensminger et.al. 1974. A razão 22S/(22R+22S) aumenta até aproximadamente 60% com o aumento da maturação, atingindo o equilíbrio antes do início da geração de óleo (Seifert & Moldowan, 1980). Neste trabalho, foram obtidos os seguintes resultados: 55%, 54% e 44% para as amostras Folhelho Partezanni, Folhelho Stavias e Calcário Caviúnas respectivamente. Estes valores foram medidos no C32 hopano, por apresentar menor efeito de coelução com outros compostos. Todos estão abaixo do valor de equilíbrio, indicando que o início da geração de óleo ainda não foi atingido. As estruturas dominantes dos hopanóides nos sedimentos mais imaturos são, normalmente, 17β(H), 21β(H) (Ensminger et.al.1974), embora C31 αβ hopanos (22R) e C32 hopanóides tenham sido registrados desde os estágios mais 42 iniciais de diagênese (Quirk, et.al., 1984). A estabilidade aumenta na ordem ββ < β α < αβ, com o αβ sendo o mais estável em petróleo e rochas geradoras maturas (Ensminger et.al. 1974; Seifert & Moldowan, 1980). A razão dos C30 αβ hopanos para os C30 βα moretanos mais C30 αβ hopanos pode atingir de 90% a 100% no início da geração de óleo. Esta isomerização aplicada às amostras em estudo mostrou uma variação de 73% a 83%. A amostra Folhelho Partezanni apresentou o resultado mais elevado e a amostra Folhelho Stavias é a que está no estágio de maturação mais baixo de acordo com esta razão. Estes resultados são correlacionáveis com as razões de isomerização do C-22 nos C30 αβ hopanos, que indicaram baixo nível de maturação para estas amostras. A isomerização em C-20 nos C29 ααα esteranos é análoga à isomerização em C-22 nos hopanos (Mackenzie et.al., 1980). A relação 20S/(20R + 20S) atinge o equilíbrio em 0,6, que corresponde ao topo da zona matura. O resultado obtido para a amostra Folhelho Partezanni foi 0,54 e para as demais amostras 0,55, indicando que a maturação destas se encontra ao redor do pico da geração de óleo. Seifert & Moldowan (1979) sugeriram a razão αβ β (20R + 20S) / αβ β (20R + 20S) + ααα (20R + 20S) como indicadora de maturação nos C29 esteranos e atinge o equilíbrio em 75%, ao redor do pico da janela de maturação. Os valores de 54%, obtido para a amostra Folhelho Partezanni, e de 55%, para as outras duas, se encontram abaixo do valor de equilíbrio, sendo mais uma evidência de que os extratos estão imaturos. Huang e Meinschein (1979) sugeriram uma plotagem triangular dos C27, C28 e C29 20R esteranos como um indicador ecológico, baseados na provável predominância dos C29 esteróis em vegetais superiores, C27 esteróis em zooplânctons e C28 esteróis em fontes terrestres e marinhas. Mackenzie (1984) contestou parcialmente esta interpretação como indicação de paleoambiente , sugerindo que ela poderia ser mais bem empregada como parâmetro de maturação. 43 Grantham (1986) relatou a presença de distribuições incomuns de esteranos em óleo de Oman. O óleo foi gerado por uma rocha do Pré-Cambriano Superior, onde não existem evidências de vegetais superiores, e mostrou predominância de C29 esteranos. O autor sugeriu que os C29 esteranos deveriam estar associados a algas primitivas do Pré-Cambriano. Nos fragmentogramas da família dos esteranos (m/z 217) das amostras Folhelho Partezanni, Folhelho Stavias e Calcário Caviúnas, observa-se uma certa equivalência entre as abundâncias relativas do C29 e C27 e uma menor porcentagem de C28. Essa equivalência pode indicar que há matéria orgânica tanto de origem terrestre, quanto de origem marinha. Em todos os fragmentogramas da família dos terpanos (m/z 191), o oleanano não está presente. O oleanano é um biomarcador característico de vegetais superiores (angiospermas) que só começaram a existir no Cretáceo, logo, sua ausência pode confirmar que a matéria orgânica foi depositada antes do Cretáceo. Comentários gerais No ANEXO 2 encontram-se resultados de cromatografia gasosa e de cromatografia acoplada a espectrometria de massa para outras amostras das Pedreiras Partezanni, Stavias e Caviúnas. 4.3 - Discussão dos resultados Os resultados de petrografia orgânica apontam para um grau de imaturidade da amostra Calcário caviúnas (S-86). Isto porque a matéria orgânica amorfa apresentou fluorescência, mostrando que esta ainda se encontra preservada. E, através da observação da matéria orgânica leptinítica sob luz branca transmitida, apresentando cores claras, que variam do castanho ao alaranjado, infere-se sobre um baixo ICE, ou seja, o seu querogênio está imaturo, 44 sendo o resultado correlacionável com as informações geoquímicas obtidas para esta amostra. Já a análise do querogênio da amostra Folhelho Partezanni, por não apresentar nenhuma fluorescência, conduz às seguintes interpretações: a matéria orgânica pode estar degradada ou a matéria orgânica está muito matura. Na tentativa de se correlacionar os resultados de petrografia orgânica com os obtidos pela geoquímica, para a amostra Folhelho Partezanni, surgem duas hipóteses: 1) O querogênio se encontra em um estágio maturo, podendo até mesmo ter sofrido uma maturação anômala, devido ao efeito térmico de rochas ígneas intrusivas, e a matéria orgânica imaturanão é autóctone, ou seja, migrou de uma outra rocha geradora da bacia, podendo ser proveniente da Formação Palermo ou da Formação Rio Bonito, ambas subjacentes a Formação Irati. 2) Ou então, a matéria orgânica solúvel desta geradora encontra-se imatura, porém o seu querogênio já estava degradado quando depositado na bacia. 5 - CONCLUSÕES As amostras da Formação Irati estão em um estágio inicial de maturação correspondente ao início da geração de óleo. Elevadas maturações podem estar relacionadas a intrusões ígneas próximas. Devido à boa correlação entre os parâmetros ópticos e geoquímicos para a amostra Calcário Caviúnas, pode-se inferir que esta não foi afetada por intrusões. Sobre as outras duas amostras é mais complicado fazer tais conclusões, uma vez que para uma não se dispõe de dados de petrografia e para a outra se obtiveram resultados contraditórios. 45 O nível de evolução térmica, medido por parâmetros ópticos, pode ser antagônico àquele da matéria orgânica solúvel, devido à possibilidade de migração primária e remobilização. Deve-se sempre levar em consideração que, enquanto os métodos ópticos utilizam o querogênio para análise, o qual é indígeno, os biomarcadores são obtidos da matéria orgânica solúvel, sujeita a migrações. Isto pode ocasionar erros nas tentativas de correlações entre os parâmetros ópticos e geoquímicos, quando o betume for migrado (não autóctone), conforme observado em vários níveis da Formação Irati (Trigüis, 1986). 6 - RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Fica como sugestão para trabalhos futuros, a coleta de novas amostras de rochas da Formação Irati, a partir de saídas de campo à Bacia do Paraná. Recomenda-se repetir todos os procedimentos geoquímicos para estas amostras. Uma boa parte do material deve ser destinada à elaboração de lâminas petrográficas de boa qualidade, especialmente, o material proveniente da Pedreira Stavias, pois neste trabalho não foi realizada nenhuma análise petrográfica de amostras provenientes deste local. Portanto, tanto os resultados de petrografia orgânica, como os das demais atividades geoquímicas necessitam de mais análises para serem realmente comprovados. 46 7 - BIBLIOGRAFIA ARAÚJO, L.M.; Trigüis, J.A. e Cerqueira, J.R. 1996 – Avaliação do Efeito Térmico das Intrusivas Ígneas nas Rochas Geradoras da Formação Irati – Membro Assistência, Relatório Interno da PETROBRAS, NEXPAR, Curitiba, PR. BARBOSA, O e GOMES, F.A. 1958 – Pesquisa de petróleo na Bacia Rio do Corumbataí, Estado de São Paulo. Rio deJaneiro, DNPM, Bol. 171. BORÇOI, D.R., COSTA, A.C. e MOREIRA, A. S. 2005 - Caracterização Geoquímica de Folhelhos Betuminosos do Membro Assistência – Formação Irati, Bacia do Paraná, Brasil. CABRAL JUNIOR, M., Motta, J. F. M., Mello, I.S. C., Tanno L. C., Sintoni A., Salvador E. D., Chieregatti L. A., 2001. - ”Recursos Minerais do Fanerozóico do Estado de São Paulo”, Boletim de Geociências da PETROBRAS, v. 20, n° 1, pp. 105-159, São Paulo, UNESP. 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Foi observado um baixo índice de fluorescência da matéria orgânica amorfa das lâminas da Pedreira Partezanni, ao contrário do que foi observado nas lâminas da Pedreira Caviúnas. Também foi feita uma contagem percentual para cada Lâmina analisada. Figura A1: Observação de matéria orgânica sob luz branca transmitida (Lâmina: FI_1_LENEP_Partezani_1) 53 Figura A.2: Observação de matéria orgânica sob luz branca transmitida (Lâmina: FI_1_LENEP_Partezani_2) Tabela A.1 (Lâmina: FI_1_LENEP_Partezani_1) % amorfa 95 % % leptinítica 0 % % lenho 5 % Tabela A.2 (Lâmina: FI_1_LENEP_Partezani_2) % amorfa 95 % % leptinítica 0 % % lenho 5 % 54 Figura A.3: Observação de matéria orgânica sob luz branca transmitida (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviunas_1) Figura A.4: Observação de matéria orgânica sob luz ultravioleta (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviunas_1) 55 Figura A.5: Observação de matéria orgânica sob luz ultravioleta (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviunas_1) Tabela A .3 (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviúnas_1) 1º contagem 2º contagem 3º contagem 4º contagem % amorfa 80,0% 95 % 95 % 90,0% % leptinítica 20,0% 5 % 0 % 0,0% % lenho 0,0% 0 % 5 % 10,0% 56 Figura A.6: Observação de matéria orgânica sob luz branca transmitida (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviunas_2) Figura A.7: Observação de matéria orgânica sob luz branca transmitida (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviunas_2) 57 Figura A.8: Observação de matéria orgânica sob luz ultravioleta (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviunas_2) Figura A.9: Observação de matéria orgânica sob luz ultravioleta (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviunas_2) 58 Tabela A .4 (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviúnas_3) 1º contagem 2º contagem 3º contagem 4º contagem % amorfa 90 % 95 % 75 % 95 % % leptinítica 5 % 0 % 10 % 0 % % lenho 5 % 5 % 15 % 2 % Figura A.10: Observação de matéria orgânica sob luz branca transmitida (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviunas_3) 59 Figura A.12: Observação de matéria orgânica sob luz ultravioleta (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviunas_3) Tabela A .5 (Lâmina: FI_1_LENEP_Caviúnas_3) 1º contagem 2º contagem 3º contagem 4º contagem % amorfa 70 % 85 % 80,0% 90 % % leptinítica 20 % 10 % 15 % 0 % % lenho 10 % 5 % 5 % 10 % 60 Anexo 2 – Geoquímica Orgânica para outras amostras de rochas, das Pedreiras Partezanni, Stavias e Caviúnas. Grupo 1 (Pedreira Partezanni) – total FID Grupo 1 (Pedreira Partezanni) – total 191 Grupo 1 (Pedreira Partezanni) – total 217 40.00 50.00 60.00 70.00 80.00 90.00 100.00 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 3000000 3500000 4000000 4500000 5000000 5500000 6000000 6500000 7000000 7500000 8000000 8500000 9000000 Time Response_ Signal: OFAG0105.D\FID1A.CH 40.00 45.00 50.00 55.00 60.00 65.00 70.00 75.00 80.00 85.00 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 55000 60000 65000 70000 75000 80000 85000 Time--> Abundance Ion 191.00 (190.70 to 191.30): MSJL1805.D 40.00 45.00 50.00 55.00 60.00 65.00 70.00 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 55000 60000 65000 70000 Time--> Abundance Ion 217.00 (216.70 to 217.30): MSJL1805.D 61 Grupo 3 (Pedreira Stavias) – total FID Grupo 3 (Pedreira Stavias) – total 191 Grupo 3 (Pedreira Stavias) – total 217 40.00 50.00 60.00 70.00 80.00 90.00 100.00 110.00 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 3000000 3500000 4000000 4500000 5000000 5500000 6000000 6500000 7000000 7500000 Time Response_ Signal: OFAG0405.D\FID1A.CH 20.00 25.00 30.00 35.00 40.00 45.00 50.00 55.00 60.00 65.00 70.00 75.00 80.00 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000 55000 Time--> Abundance Ion 191.00 (190.70 to 191.30): MSJL1905.D 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00 60.00 70.00 80.00 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 11000 12000 13000 14000 15000 16000 17000 18000 Time--> Abundance Ion 217.00 (216.70 to 217.30): MSJL1905.D 62 Grupo 5(Pedreira Caviúnas) – total FID Grupo 5(Pedreira Caviúnas) – total 191 Grupo 5(Pedreira Caviúnas) – total 217 40.00 50.00 60.00 70.00 80.00 90.00 100.00 500000 1000000 1500000 2000000 2500000
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