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Formação Econômica do Brasil I

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Formação Econômica do Brasil
I)Fundamentos econômicos da ocupação territorial
A ocupação das terras americanas constitui um 
episódio da expansão comercial da Europa.
Um intenso comércio europeu é observado a partir do 
século XI e alcança um elevado grau de 
desenvolvimento no século XV, quando as invasões 
turcas começam a criar dificuldades às linhas orientais 
de abastecimento. O restabelecimento dessas linhas, 
contornando o obstáculo otomano, com a abertura 
da rota marítima das Índias Orientais, constitui a 
maior realização dos europeus na segunda metade 
do século XV.
 
Desenvolvimento econômico de Portugal do século XV:
● Exploração da costa africana;
● Expansão agrícola nas ilhas do Atlântico;
● Abertura da rota marítima das Índias Orientais.
O grande feito português, eliminando os intermediários 
árabes, antecipando-se à ameaça turca, quebrando o 
monopólio dos venezianos e baixando os preços dos 
produtos, foi de fundamental importância para o 
subsequente desenvolvimento comercial da Europa.
 A imediata consequência da abertura da nova rota foi 
uma brusca queda dos preços das especiarias: os 
venezianos passaram a comprar pimenta em Lisboa 
(Portugal) pela metade do preço que pagavam aos 
árabes em Alexandria (Egito).
 
● A descoberta do território americano foi episódio 
secundário para Portugal durante todo um meio 
século. À Espanha coube colher o ouro das velhas 
civilizações da meseta mexicana e do altiplano 
andino.
● A ideia de riquezas por descobrir corre a Europa e 
desperta o interesse das demais nações europeias.
● O início da ocupação do território brasileiro é em 
boa medida uma consequência da pressão 
exercida pelas nações europeias sobre Portugal 
e Espanha. Estas nações entendiam que os dois 
países não teriam direito às terras a menos que 
as ocupassem. 
 
● Para ocupação do território brasileiro foi necessário 
que Portugal desviasse recursos de lucrativas 
empresas do oriente. 
● Já a Espanha decide reduzir seu território a fim de 
melhorar a proteção no eixo produtor de metais 
preciosos (México – Peru).
● Coube a Portugal encontrar uma forma de 
utilização econômica das terras americanas a fim 
de cobrir os gastos de defesa do território. 
● América passa a constituir parte integrante da 
economia reprodutiva europeia, cuja técnica e 
capitais nela se aplicam para criar de forma 
permanente um fluxo de bens destinados ao mercado 
europeu.
 
Fatores do êxito da empresa 
agrícola
Os portugueses já haviam iniciado o cultivo do 
açúcar, em escala relativamente grande, nas ilhas 
do Atlântico o que:
● permitiu a solução de problemas técnicos 
relacionados à produção do açúcar, 
● fomentou o desenvolvimento, em Portugal, da 
indústria de equipamentos para engenhos 
açucareiros, sem o qual o êxito da empresa 
brasileira teria sido mais difícil em virtude das 
proibições à exportação de equipamentos.
 
● Com a produção portuguesa nas ilhas do Atlântico temos um 
período de crise de superprodução do açúcar. 
● Tudo indica que inicialmente o açúcar português entrou em 
canais tradicionais controlados por comerciantes das cidades 
italianas, e que esses canais não se ampliaram na medida 
requerida pela expansão da produção. O açúcar era absorvido 
em escala limitada, o que causou superprodução. 
● O surgimento de refinarias fora de Veneza na época em que há a 
expansão da produção portuguesa indica um rompimento do 
monopólio veneziano. A forte queda dos preços que se observa 
no último decênio do século talvez seja uma consequência da 
passagem de um mercado de monopólio para um de 
concorrência.
● Em 1496 o governo português decide restringir a produção e 
dividi-la para evitar a superprodução e garantir uma melhor 
distribuição do açúcar.
 
● A partir da metade do século XVI a produção portuguesa de 
açúcar passa a ser cada vez mais uma empresa em comum 
com os holandeses. Estes recolhiam o produto em Lisboa, 
refinavam-no e faziam a distribuição por toda a Europa.
● A contribuição holandesa para a grande expansão do 
mercado do açúcar foi fundamental para o êxito da 
colonização do Brasil. Especializados no comércio intra 
europeu, que financiavam em grande parte, eram os únicos 
capazes de criar um mercado de grandes dimensões para um 
produto até então pouco conhecido, o açúcar. 
● Os capitalistas holandeses financiavam a refinação, a 
comercialização, as instalações produtivas no Brasil e a 
importação de mão de obra escrava. 
 
O problema da mão de obra:
● Somente pagando salários mais altos que na Europa seria 
possível atrair mão de obra dessa região, o que tornaria a 
empresa antieconômica.
● A mão de obra indígena foi utilizada num primeiro 
momento, onde os núcleos coloniais não encontravam 
uma base econômica firme para expandir-se.
● A mão de obra africana passou a ser utilizada quando 
o negócio demonstrou ser altamente rentável. Por esta 
época os portugueses já tinham todo conhecimento do 
mercado africano de escravos. 
 
● O êxito da grande empresa agrícola do século 
XVI, constituiu a razão de ser da continuidade 
da presença dos portugueses em uma grande 
extensão das terras americanas.
● No século seguinte, quando se modifica a 
relação de forças na Europa com o predomínio 
das nações excluídas da América pelo Tratado 
de Tordesilhas, Portugal já havia avançado 
enormemente na ocupação efetiva da parte 
que lhe coubera.
 
RAZÕES DO MONOPÓLIO
● Os magníficos resultados financeiros da colonização 
agrícola do Brasil abriram perspectivas atraentes à 
utilização econômica das novas terras.
● Os espanhóis continuaram concentrados em sua 
tarefa de extrair metais preciosos. 
● A política espanhola estava orientada no sentido de 
transformar as colônias em sistemas econômicos o 
quanto possível autossuficientes e produtores de um 
excedente líquido -na forma de metais preciosos- que 
se transferia periodicamente para a Metrópole.
 
● Sendo a Espanha o centro de uma inflação que 
chegou a propagar-se por toda a Europa, não é 
de estranhar que o nível geral de preços tenha 
sido persistentemente mais elevado nesse país 
que em seus vizinhos, o que necessariamente 
teria de provocar um aumento de importações 
e uma diminuição de exportações. Em 
consequência, os metais preciosos que a 
Espanha recebia da América sob a forma de 
transferências unilaterais provocavam um 
fluxo de importação de efeitos negativos, 
sobre a produção interna, e altamente 
estimulante para as demais economias 
europeias.
 
● Cabe portanto admitir que um dos fatores do êxito da 
empresa colonizadora agrícola portuguesa foi a 
decadência da economia espanhola, a qual se deve 
principalmente à descoberta precoce dos metais 
preciosos.
● Caso a colonização espanhola houvesse evoluído 
para a produção de produtos tropicais, 
principalmente o açúcar, maiores teriam sido as 
dificuldades enfrentadas por Portugal.
A abundância de terras, a maior proximidade da 
Europa e o enorme poder financeiro seriam 
determinantes para que os espanhóis dominassem 
o mercado de produtos tropicais.
 
DESARTICULAÇÃO DO SISTEMA
● No começo do séc. XVII os holandeses 
controlavam praticamente todo o comércio dos 
países europeus realizado por mar.
● A luta pelo controle do açúcar torna-se uma das 
razões de ser da guerra sem quartel que 
promovem os holandeses contra a Espanha. E 
um dos episódios dessa guerra foi a ocupação 
durante um quarto de século (1624 - 1654), 
de grande parte da região produtora de 
açúcar no Brasil. 
 
● Durante a permanência no Brasil, os holandeses adquiriram o 
conhecimento de todos os aspectos técnicos e 
organizacionais da indústria açucareira. Esses 
conhecimentos vão constituir a base para a implantação 
e desenvolvimentode uma indústria concorrente, de 
grande escala, na região do Caribe.
● A partir desse momento, estaria perdido o monopólio, 
que nos três quartos de século anteriores se assentara na 
identidade de interesse entre os produtores portugueses e os 
grupos financeiros holandeses que controlavam o comércio 
europeu. 
● No terceiro quartel do século XVII os preços do açúcar 
estarão reduzidos à metade e persistirão nesse nível 
relativamente baixo durante todo o século seguinte. 
 
A renda real gerada pela produção açucareira 
estava reduzida a um quarto do que havia sido em 
sua melhor época. 
A depreciação da moeda portuguesa é 
praticamente das mesmas proporções, o que 
indica claramente a enorme importância do 
açúcar brasileiro na balança de pagamentos de 
Portugal. 
Essa desvalorização significou uma importante 
transferência de renda em benefício do núcleo 
colonial, apesar destas terem se revertido 
principalmente em benefício dos exportadores 
metropolitanos portugueses.
 
AS COLÔNIAS DE POVOAMENTO DO 
HEMISFÉRIO NORTE
● O principal acontecimento da história americana no século XVII 
foi, para o Brasil, o surgimento de uma poderosa economia 
concorrente no mercado dos produtos tropicais. Seu 
surgimento se deve ao debilitamento da potência militar 
espanhola na primeira metade do século XVII, que foi 
observado de perto pelas três potências cujo poder crescia na 
mesma época: Holanda, França e Inglaterra.
● Rivalidades entre França e Inglaterra impediram a maior penetração 
destas no território espanhol, mas apoderaram-se de ilhas 
estratégicas do Caribe, para nestas instalar colônias de 
povoamento com objetivos militares
 
● O início dessa colonização de povoamento no século XVII 
marca uma etapa nova na história da América. 
● Em seus primeiros tempos essas colônias acarretaram 
vultuosos prejuízos para as companhias que a 
organizavam.
● Para estas colônias de povoamento, os colonos eram 
atraídos com propaganda e engodo, eram recrutados entre 
criminosos, ou mesmo sequestrados. A cada um era 
atribuído um pedaço de terra limitado que deveria ser pago 
com o fruto do seu trabalho futuro
● Por esse e outros métodos a população europeia das 
Antilhas cresceu intensamente, e só a Ilha de Bordados 
chegou a ter, em 1634, 37.200 habitantes dessa origem.
 
● Na medida em que a agricultura tropical - 
particularmente a do fumo - transformava-se 
num êxito comercial, cresciam as dificuldades 
apresentadas pelo abastecimento de mão de 
obra europeia 
● As colônias de povoamento destas regiões, 
com efeito, resultaram ser simples estações 
experimentais para a produção de artigos de 
potencialidade econômica ainda incerta. 
Superada essa etapa de incerteza, as 
inversões maciças exigidas pelas grandes 
plantações escravistas demonstraram ser 
negócio muito vantajoso.
 
● A partir desse momento se modifica o curso da 
colonização antilhana, e essa modificação será 
de importância fundamental para o Brasil.
● A ideia original de colonização, com base 
na pequena propriedade, excluída a 
produção de açúcar. 
● A essas diferenças de estrutura econômica 
teriam necessariamente de corresponder 
grandes disparidades de comportamento dos 
grupos sociais dominantes nos dois tipos de 
colônias.
 
● Nas Antilhas inglesas os grupos dominantes estavam intimamente 
ligados a poderosos grupos financeiros da Metrópole e tinham 
inclusive uma enorme influencia no parlamento britânico.
● As colônias setentrionais, ao contrário, eram dirigidas por grupos 
ligados uns a interesses comerciais em Boston e Nova York - os 
quais frequentemente entravam em conflito com os interesses 
metropolitanos - e outros representativos de populações agrícolas 
praticamente sem qualquer afinidade de interesses com a 
Metrópole.
● Essa independência dos grupos dominantes vis-à-vis da Metrópole teria 
de ser um fator de fundamental importância para o desenvolvimento da 
colônia, pois significava que nela havia órgãos capazes de interpretar 
seus verdadeiros interesses e não apenas de refletir as ocorrências do 
centro econômico dominante.
 
CONSEQUÊNCIAS DA PENETRAÇÃO 
DO AÇÚCAR NAS ANTILHAS
● Na medida que a agricultura tropical se tornava 
um sucesso comercial, cresciam as 
dificuldades apresentadas pelo abastecimento 
de mão de obra europeia. 
● A solução natural do problema estava na 
introdução da mão de obra escrava africana.
● Onde as terras não estavam todas divididas em 
mãos de pequenos produtores, a formação de 
grandes unidades agrícolas se desenvolveu 
mais rapidamente. 
 
● Observa-se uma intensa concorrência entre 
regiões que exploram mão de obra escrava em 
grandes unidades produtivas, e regiões de 
pequenas propriedades e mão de obra 
europeia 
● As colônias de povoamento destas regiões 
resultaram ser simples estações experimentais 
para produção de artigos de potencialidade 
comercial ainda incerta. Superada essa etapa 
de incerteza, as inversões maciças exigidas 
pelas grandes plantações escravistas 
demonstram ser negocio muito vantajoso. 
 
● Na primeira fase da colonização agrícola ao 
Brasil cabia o monopólio da produção 
açucareira. Às colônias antilhanas ficavam 
reservados os demais produtos tropicais.
● A divisão de tarefas derivava dos próprios 
objetivos políticos da colonização antilhana, 
onde franceses e ingleses pretendiam reunir 
fortes núcleos de população europeia.
● Esses objetivos políticos tiveram de ser 
abandonados sob a forte pressão de fatores 
econômicos. A partir deste momento se 
modifica o curso da colonização antilhana, que 
será de importância fundamental para o Brasil.
 
● As colônias do norte dos EUA se 
desenvolveram, assim, na segunda metade do 
séc. XVII e primeira do séc XVIII, como parte 
integrante de um sistema maior dentro do 
qual o elemento dinâmico são as regiões 
antilhanas produtoras de artigos tropicais. 
● O fato que as duas partes principais do 
sistema - a região produtora do artigo básico 
de exportação; e a região que abastecia a 
primeira - hajam estado separadas é de 
fundamental importância para explicar o 
desenvolvimento subsequente de ambas.
 
ENCERRAMENTO DA ETAPA 
COLONIAL
● A partir da segunda metade do séc. XVII, será 
profundamente marcada pelo novo rumo que 
toma Portugal como potência colonial. 
● Na época que esteve ligada a Espanha (1580 a 
1640), Portugal perdeu o melhor de seus 
entrepostos orientais, ao mesmo tempo que a 
melhor parte da colônia americana era ocupada 
pelos holandeses (1624-1654).
 
● Ao recuperar a independência Portugal 
encontrou-se em posição extremamente 
debilitada. Pesavam a ameaça da Espanha, a 
perda do comércio oriental e a desorganização 
do comércio do açúcar.
● Para sobreviver como metrópole colonial 
deveria se unir a uma grande potência, o que 
significaria necessariamente alienar parte de 
sua soberania. Os acordos concluídos com a 
Inglaterra em 1642-54-61 estruturam essa 
aliança que marcará profundamente a vida 
política e econômica de Portugal e do Brasil 
durante os dois séculos seguintes.
 
Economia escravista de agricultura 
tropical – séc XVI e XVII
8.Capitalização e nível de renda na colônia açucareira
● Observada de uma perspectiva ampla, a colonização do 
século XVI surge fundamentalmente ligada à atividade 
açucareira.
● O rápido desenvolvimento da indústria açucareira, 
mesmo em meio as dificuldades decorrentes do meio 
físico, da hostilidade do silvícola e do curto de transporte 
indica claramente que o esforço português se 
concentrara neste setor.
 
As maiores dificuldades da etapa inicial vieram 
da escassez de mão de obra. 
● A escravidão demonstrou ser uma condição de 
sobrevivência para o colono europeu na nova 
terra. 
● Parasubsistir sem trabalho escravo os colonos 
deveriam se organizar em comunidades 
dedicadas a produção para autoconsumo, o 
que só seria possível se a imigração houvesse 
sido organizada em bases distintas.
 
● Os grupos de colonos que, em razão da 
escassez de capital, encontraram maiores 
dificuldades para consolidar-se 
economicamente empenharam-se na captura e 
comércio de indígenas, que serviam 
principalmente às regiões açucareiras.
● A mão de obra africana é implementada para a 
expansão do negócio, quando a rentabilidade 
da empresa açucareira está assegurada e 
densamente capitalizada.
 
● Uma vez implementada a mão de obra africana, o 
principal vínculo entre a economia açucareira e os demais 
núcleos de povoamento passa a ser a compra de gado e 
lenha.
● Supõe-se que ao final do século XVI houvesse 120 
engenhos num valor de 15.000 libras esterlinas por 
engenho, o que dá um total de 1,8 milhão de libras 
esterlinas aplicados na etapa produtiva da indústria. 
Estima-se o número de escravos em 20.000, ao preço 
de 25 libras por escravo, o que dá um total de 375.000 
libras gasto com a compra da mão de obra. 
Comparando os dados temos que 20% do capital da 
empresa era empregado na obtenção de escravos.
 
Sobre o montante de renda gerada podemos 
fazer algumas suposições. Admitindo que o total 
exportado num ano favorável tenha alcançado 2,5 
milhões de libras e que a renda líquida gerada na 
colônia corresponda a 60% desse montante, e 
que essa atividade contribuía com 3/4 da renda 
total, temos que esta última deveria aproximar-se 
de 2 milhões de libras.
 
Os gastos monetários deduzidos para obter a renda líquida são 
estimados em: 
● 50.000 libras para reposição de escravos (admitindo uma vida útil 
média de 8 anos, 15.000 escravos a 25 libras por escravo) - 2,5% 
da renda total.
● 60.000 libras para equipamentos importados (admitindo que 1/3 
do capital fixo fosse constituído de equipamentos importados e que 
tivessem uma vida útil média de 10 anos) - 3%.
● Na reposição de bois, 25.000 libras - 1,25%.
● Com a compra de lenha para fornalhas, 25.000 libras - 1,25%.
● O trabalho assalariado alcançava 22.500 libras (considerando 
1500 trabalhadores) - 1,125%.
Tudo indica que cerca de 90% da renda gerada no país Tudo indica que cerca de 90% da renda gerada no país 
concentrava-se na classe proprietária de engenhos e plantações concentrava-se na classe proprietária de engenhos e plantações 
de cana-de-açúcar.de cana-de-açúcar. 
 
● Consta que os senhores de engenho não 
invertiam capitais para outras atividades, nem 
tinham muitos gastos de consumo.
● Acredita-se que parte substancial dos capitais 
aplicados na produção de açúcar fosse dos 
comerciantes. Assim, uma parte da renda 
gerada que antes atribuímos à classe de 
proprietários de engenhos e canaviais, 
permanecia fora do país. 
● Explica-se assim a íntima coordenação entre 
as etapas de produção e comercialização, que 
preveniu a tendência natural à superprodução.
 
Fluxo de renda e crescimento
● O que mais singulariza a economia escravista é 
o modo como nela opera o processo de 
formação de capital.
● O empresário açucareiro teve que operar em 
escala relativamente grande.
● Os capitais foram importados: primeiramente 
equipamentos e mão de obra europeia 
especializada.
 
● O trabalho indígena deve ter sido usado para 
alimentar a nova comunidade e nas esferas 
não especializadas das obras de instalação.
● O trabalho africano vem substituir o indígena.
● Uma vez instalada a indústria, seu processo 
de expansão seguiu sempre as mesmas 
linhas: gastos monetários na importação de 
equipamentos, materiais de construção e 
mão de obra escrava.
 
● A etapa subsequente a construção e instalação se 
realizava sem que houvesse lugar para a 
formação de um fluxo de renda monetária:
● Parte dos escravos se encarregava da produção 
de alimentos para o conjunto da população, os 
outros, da indústria do açúcar.
● Numa economia exportadora escravista parte da 
inversão transforma-se em pagamentos feitos no 
exterior: importação (mão de obra, equipamentos 
e materiais de construção).
● A diferença entre o custo de reposição e 
manutenção e o valor do produto do trabalho era 
o lucro do empresário.
 
● Desta forma, a nova inversão fazia crescer 
apenas no montante correspondente à criação 
de lucro para o empresário.
● A mão de obra escrava pode ser comparada 
às instalações de uma fábrica: a inversão 
consiste na compra do escravo e sua 
manutenção representa custos fixos.
● Caso o escravo não pudesse ser usado nas 
atividades ligadas à exportação, era utilizado em 
tarefas que aumentavam o ativo do empresário, 
mas não criavam fluxo de renda monetária (ex: 
obras de construção, abertura de novas terras...)
 
● Parte substancial do gastos de consumo era 
realizado no exterior (importação). Outra 
parte consistia na utilização da força de 
trabalho escrava para prestação de serviços 
pessoais. Neste caso, o escravo se 
comportava como um bem durável.
Comparando o serviço prestado pelo escravo 
ao prestado por um automóvel, percebemos 
que da mesma forma que a renda da 
coletividade não diminui quando o automóvel 
particular para de funcionar, tampouco se 
modifica a renda se o escravo deixa de prestar 
serviços pessoais a seus donos. 
 
Resumindo o funcionamento dessa economia:
● Como os fatores de produção pertenciam em 
sua quase totalidade ao empresário, a renda 
monetária gerada na produção se revertia, em 
sua quase totalidade, ao empresário.
● Essa renda expressava-se no valor das 
exportações, assim como o dispêndio 
monetário expressava-se na importações.
● O fluxo de renda se estabelecia, portanto, 
entre a unidade produtiva, considerada em 
conjunto, e o exterior.
 
Que possibilidades de expansão e evolução 
estrutural apresentava o sistema econômico 
escravista?
● Apesar do crescimento observado durante um 
século, não houve modificações sensíveis na 
estrutura do sistema econômico.
● O crescimento era dado por extensão: 
novas terras, aumento do número de 
engenhos, de escravos, ou seja, pelo 
aumento da importação. 
 
● O crescimento por extensão possibilitava a 
ocupação de novas áreas, nas quais ia se 
concentrando uma população relativamente 
densa.
● Porém, o mecanismo da economia que não 
permitia a articulação entre os sistemas de 
produção e de consumo, anulava as 
vantagens desse crescimento demográfico 
como elemento dinâmico do 
desenvolvimento.
 
● A economia escravista dependia da procura 
externa.
● Com o enfraquecimento da demanda, tinha 
início um processo de decadência.
● Como o custo estava virtualmente 
constituído de gastos fixos, sempre havia 
vantagem em utilizar toda a capacidade 
produtiva, qualquer redução na utilização da 
capacidade representava perda para o 
empresário.
● A unidade exportadora estava capacitada 
para preservar a sua estrutura.
 
Projeção da economia açucareira: a 
pecuária
● Da mesma forma que a especialização da 
economia açucareira antilhana, na segunda 
metade do século XVII, estimulou o 
desenvolvimento das colônia de povoamento 
do norte dos EUA, a economia açucareira no 
Brasil atuou como fator dinâmico do 
desenvolvimento de outras regiões do país.
● A pecuária surge, primeiramente, para atender 
a economia açucareira.
 
Formação do complexo econômico 
nordestino
● As formas que assumem os dois sistemas da 
economia nordestina (o açucareiro e o criatório) 
no lento processo de decadência que se inicia 
na segunda metade do século XVII, constituem 
elementos fundamentais na formação do que 
no século XX viria a ser a economia brasileira.
● Os dois sistemas apresentavam caráter 
puramenteextensivo. 
 
● Com o declínio da economia açucareira do 
nordeste, no século XVII, houve uma mudança 
gradual para a criatória.
● Quando a procura por gado caía na região 
litorânea, o crescimento do sistema 
pecuário se fazia através do aumento do 
setor de subsistência. 
● A importância relativa da renda monetária ia 
diminuindo, o que acarretava necessariamente 
uma redução paralela de sua produtividade 
econômica.
 
● Não havendo ocupação adequada para todo 
o incremento da população livre, parte dela 
era atraída pela fronteira móvel do interior 
criatório.
● No nordeste brasileiro, as etapas de 
prolongada depressão, em que se intensificava 
a migração do litoral para o interior, teriam de 
caracterizar-se por uma intensificação do 
crescimento demográfico.
● O setor de alta produtividade perdia 
importância e a produtividade do setor pecuário 
declinava à medida que crescia.
 
Contração econômica e expansão 
territorial
● O séc. XVII constitui a etapa de maiores 
dificuldades na vida política da colônia. 
● Em sua primeira metade, o desenvolvimento da 
economia açucareira foi interrompido pelas 
invasões holandesas. Nessa etapa os prejuízos 
são bem maiores para Portugal que para o próprio 
Brasil.
● A administração holandesa se preocupou em reter 
na colônia parte das rendas fiscais proporcionadas 
pelo açúcar, o que permitiu um desenvolvimento 
mais intenso da vida urbana.
 
● Do ponto de vista do comércio e do fisco 
portugueses, entretanto, os prejuízos deveriam 
ser consideráveis. Isso concomitantemente 
com gastos militares vultosos. 
● Encerrada a etapa militar, tem inicio a baixa 
nos preços do açúcar provocada pela perda do 
monopólio. 
● Na segunda metade do século a rentabilidade 
da colônia baixou substancialmente, tanto para 
o comércio como para o erário lusitanos, ao 
mesmo tempo que cresciam suas próprias 
dificuldades de administração e defesa.
 
Economia escravista mineira – 
século XVIII
Povoamento e articulação das regiões 
meridionais
● Com o estado de prostração e pobreza em que 
se encontravam metrópole e colônia, 
retrocedia-se à ideia primitiva de que as 
terras americanas se justificavam pela 
produção de metais preciosos. 
 
● Assim, os governantes se juntaram aos 
homens do planalto de Piratininga, que 
possuíam conhecimento sobre o interior do 
país e só não haviam encontrado ouro devido à 
falta de conhecimentos técnicos. A economia 
do ouro de desenvolveu rapidamente nos 
primeiros decênios do século XVIII.
 
● Houve grande mobilização de pessoas: de 
Piratininga a população emigrou em massa, do 
Nordeste se deslocaram grandes recursos, e 
em Portugal se formou pela primeira vez uma 
grande corrente migratória espontânea com 
destino ao Brasil. 
● A economia mineira, diferente da açucareira, 
oferecia possibilidades a pessoas com recursos 
limitados, pois não se exploravam grandes 
minas, e sim o metal de aluvião que se 
encontrava depositado no fundo dos rios.
 
Até este momento, a existência da colônia estivera ligada a um negócio 
que se caracterizava por um pequeno número de grandes empresas – 
os engenhos de açúcar – sendo a emigração pouco atrativa para o 
homem comum de escassas posses. 
Transferir-se de Portugal para o Brasil só tinha sentido para aqueles que 
dispusessem de meios para financiar uma empresa de dimensão 
relativamente grande. 
Na região açucareira, os imigrantes regulares limitavam-se a artesãos e 
trabalhadores especializados que vinham para trabalhar nos engenhos. 
No norte e no sul a imigração foi financiada pelo governo português, que 
pretendia criar colônias de povoamento com objetivos políticos de 
defesa (como ocorreu no Maranhão). A imigração não alcançou grandes 
números no século XVII.
 
● Apesar de o escravo ser a base da economia 
mineira, em nenhum momento chegam a ser 
maioria da população. 
● A forma como se organizava o trabalho permitia 
ao escravo maior iniciativa, que circulasse num 
meio social mais complexo. 
● A alguns é permitido trabalhar por conta 
própria, pagando ao dono, aos poucos,por sua 
liberdade.
 
● A economia mineira, diferente da açucareira, 
oferecia possibilidades a pessoas com recursos 
limitados, pois não se exploravam grandes 
minas, e sim o metal de aluvião que se 
encontrava depositado no fundo dos rios.
● Na economia mineira, as possibilidades que 
tinha um homem livre com iniciativa eram muito 
maiores. 
● Se dispusesse de recursos podia organizar 
uma lavra em escala grande, com cem ou mais 
escravos. Caso contrário, podia trabalhar ele 
mesmo como faiscador.
 
● A natureza da empresa mineira não permitia 
uma ligação a terra,
● estava organizada de forma a poder deslocar-
se em tempo relativamente curto. 
● O capital fixo era reduzido, pois a vida de uma 
lavra era sempre algo incerto. 
● Por outro lado, a elevada lucratividade do 
negócio induzia a concentração dos recursos 
disponíveis na mineração.
A economia mineira é marcada por incerteza e 
mobilidade da empresa, alta lucratividade e 
especialização.
 
● A excessiva concentração de recursos na 
mineração conduzia a grandes dificuldades de 
abastecimento. 
● A elevação dos preços dos alimentos e dos 
animais de transporte nas regiões vizinhas 
constitui o mecanismo de irradiação dos 
benefícios econômicos da mineração.
A economia mineira, através de seus efeitos 
indiretos, permitiu que se articulassem 
diferentes regiões do país.
 
● O gado do sul e do nordeste tem seus preços 
elevados. No nordeste ele se desloca da 
economia açucareira em crise, impondo 
maiores dificuldades a esta, razão pela qual 
provocou fortes reações oficiais e tentativas de 
interdição.
● Outra característica desta economia foi o uso, 
em grande escala, de mulas. Criou-se um 
mercado para animais de carga.
 
Fluxo de renda
● A base geográfica da economia mineira estava situada numa 
vasta região compreendida entre a serra da Mantiqueira, no 
atual estado de Minas Gerais, e a região de Cuiabá, no Mato 
Grosso, passando por Goiás. 
● Em algumas regiões a curva de produção subiu e baixou 
rapidamente, provocando grandes fluxos e refluxos de 
população. Noutras partes, essa curva foi menos 
abrupta, tornando-se possível um desenvolvimento 
demográfico mais regular e a fixação definitiva de 
núcleos importantes de população.
 
● A renda média dessa economia, sua 
produtividade média, é algo que dificilmente se 
pode definir. Quanto maior fosse num dado 
período, maior seria a queda no período seguinte.
● A exportação do ouro cresceu em toda a primeira 
metade do século XVIII e alcançou seu ápice em 
torno de 1760. O declínio no terceiro quartel do 
século foi rápido e por volta de 1780 a produção 
não alcançava 1milhão de libras.
● A renda média era substancialmente inferior a 
que conhecera a economia açucareira na sua 
etapa de grande prosperidade.
 
● Admitindo-se que 4/5 do valor do ouro 
exportado correspondem a renda criada na 
região mineira, e que esta se traduzia em igual 
valor de importações e ainda que o coeficiente 
de importações fosse 0,5, o total da renda 
anual mineira não seria superior a 3,6milhões 
de libras na etapa de grande prosperidade.
● Considerando que a população livre não seria 
inferior a 300mil pessoas, depreende-se que a 
renda média era inferior a da economia 
açucareira em sua etapa de grande 
prosperidade. 
 
● Apesar disso seu mercado apresentava 
potencialidades muito maiores, pois as 
importações representavam menor proporção do 
dispêndio total. 
● Outro aspecto importante é que a renda estava 
muito menos concentrada (a população livre era 
muito maior). 
● A demanda por bens de consumo corrente era 
significativa,ocorrendo o contrário aos artigos de 
luxo.
● A grande distância entre a região mineira e os 
portos contribuía para encarecer os artigos 
importados 
 
A população apesar de dispersa num território 
extenso, estava em grande parte reunida em 
grupos urbanos e semiurbanos.
● Esses fatores contribuíram para o 
desenvolvimento de atividades ligadas ao 
mercado interno, o que não ocorreu na 
economia açucareira. 
● Contudo, o desenvolvimento endógeno da 
economia mineira foi praticamente nulo, 
uma vez que a mineração absorveu todos 
os recursos em sua etapa inicial. 
 
● Mesmo nas regiões onde houve a formação 
de centros urbanos não houve o 
florescimento de atividades manufatureiras 
de forma significativa, o que seria de grande 
valia em períodos de dificuldades de 
importação. 
● Explica-se esse fato na política portuguesa, 
que visava dificultar o desenvolvimento 
manufatureiro da colônia, e na própria 
capacidade técnica dos imigrantes para 
iniciar atividades manufatureiras numa 
escala razoável. 
 
Regressão econômica e expansão 
da área de subsistência 
Poucas décadas foram suficientes para que toda 
a economia da mineração se desarticulasse, 
decaindo os núcleos urbanos e dispersando-se 
grande parte de seus elementos numa economia 
de subsistência, que virá a constituir um dos 
principais núcleos demográficos do país.
 
A expansão demográfica se prolongará num 
processo de atrofiamento da economia 
monetária: 
● uma massa de população totalmente 
desarticulada, trabalhando com baixíssima 
produtividade numa agricultura de subsistência.
Em nenhuma parte do continente americano 
houve um caso de involução tão rápida e 
completa de um sistema econômico 
constituído por população de origem 
principalmente europeia.
 
Relembrando - Colonização no 
Brasil
● Os interesses econômicos orientaram a colonização do 
Brasil.
● Através do monopólio comercial, as colônias eram 
mercados fechados à concorrência estrangeira. Só 
podiam vender às suas metrópoles e só podiam 
comprar dela ou por seu intermédio.
● Pacto colonial. Por esse pacto a metrópole tinha 
posse legal e plena jurisdição sobre suas colônias, que 
passavam a ser extensões da metrópole, constituindo 
com elas uma unidade políticas e jurídica e adotando 
seus objetivos e interesses.
 
Caráter geral da colonização do Brasil.
Plantation: 
● Grande propriedade agrária 
● especializada na monocultura tropical 
● destinada à exportação (produtos tropicais 
como cana-de-açúcar, fumo e algodão)
● cultivados com mão de obra escrava.
O cultivo da cana-de-açúcar foi feito ao longo 
da costa, principalmente no nordeste do país.
 
● A primeira experiência de trabalho escravo no 
Brasil foi feita com os próprios índios.
● A partir da segunda metade do século XVI, 
começaram a ser trazidos para a América os 
escravos africanos em número expressivo. A 
opção pelo africano se deu por algumas 
supostas vantagens: maior resistência física 
às epidemias e maiores conhecimentos em 
trabalhos artesanais e agrícolas. 
Principalmente porque o tráfico de escravo 
era lucrativo. 
 
● Durante o século XVI e o XVII, os escravos eram 
trazidos principalmente ao Nordeste para a atividade 
açucareira, sobretudo, para fazendas na Bahia e em 
Pernambuco. Em menor número eram enviados ao 
Pará, Maranhão e Rio de Janeiro. 
● No final do século XVII, a descoberta do ouro na 
província de Minas Gerais eleva o volume do tráfico, 
que passa a levar os cativos para a região das minas. 
● No século XVIII, o ouro sucede o açúcar na demanda 
de escravos, 
● o café substitui o ouro e o açúcar no século XIX. 
 
A pecuária e o ciclo do ouro
● Ambos são responsáveis pela penetração e 
ocupação do território.
● A pecuária acontece como extensão da 
economia canavieira. Com sua decadência, 
cresce o mercado de subsistência.
● O ciclo do ouro tem início na combinação do 
conhecimento do território (possível pelas 
entradas e bandeiras) e os conhecimentos 
técnicos que dispunha o governo português. 
 
● A pecuária se dá por extensão na fluida 
fronteira do nordeste, ocupando os sertões.
● Um aumento demográfico é observado nessas 
regiões.
● A pecuária do nordeste surge como 
desdobramento da economia açucareira.
● No sul a pecuária é anterior a mineração.
● No nordeste fica reduzida a uma economia de 
subsistência com o declínio da economia 
açucareira.
 
O ciclo do ouro, altamente lucrativo, inicia um novo 
período de prosperidade na colônia.
● A base é o trabalho escravo.
● Há a imigração de população europeia para o Brasil.
● Se caracteriza por fluxo e refluxo de população em 
virtude da abundância ou não de metais preciosos.
● Exploração se faz em diferentes escalas.
● Integra regiões: o gado do sul e nordeste, mulas para 
transporte, além dos alimentos das regiões vizinhas.
● Tratado de Methuen (1703)
 
● A colônia exportava produtos primários da 
agropecuária e do extrativismo, a metrópole 
fornecia-lhe produtos manufaturados ou 
semimanufaturados.
● A sociedade era agrária e escravista, dominada 
por um grupo de grandes proprietários rurais.
● A transferência da Corte portuguesa, aliada da 
Inglaterra, em1808, transpôs para a colônia os 
principais órgãos do Estado português, fazendo 
do Brasil o centro do império lusitano e o Rio 
de Janeiro sua capital.
 
Principais medidas do governo de dom João VI no 
Brasil:
● 1808 – Abertura dos Portos para o livre-comércio entre 
o Brasil e as demais nações não aliadas da França.
● 1808 – Fábricas e Manufaturas passam a ser permitidas 
no Brasil.
● 1808 – Banco do Brasil é criado para ser o agente 
financeiro do governo.
● 1810 – Tratados de aliança e comércio com a Inglaterra 
– como pagamento pela aliança com a Inglaterra e dos 
empréstimos, os produtos ingleses teriam impostos de 
15%, inferior aos dos portugueses.
 
● Em 7 de setembro de 1822 foi proclamada a 
Independência do Brasil.
● O Brasil tornava-se um Império e D. Pedro, seu 
imperador. - Manutenção da chefia portuguesa.
● Quando foi proibido o tráfico negreiro pela Lei 
Eusébio de Queiroz (1850), e a mão de obra escrava 
começou a escassear, substituiu-se o trabalho servil 
pelo trabalho assalariado de imigrantes estrangeiros.
● Os imigrantes, na maioria, imigravam para o Brasil 
em famílias inteiras, chamados de colonos. Estes 
tinham sua viagem financiada, em troca tinham que 
trabalhar nas fazendas para devolver o valor da 
passagem paga.
 
Economia de transição para o 
trabalho assalariado – século XIX
 O maranhão e a falsa euforia do fim da época colonial
● O ultimo quartel do século XVIII constitui uma nova etapa 
de dificuldades para a colônia. 
● O açúcar enfrenta novas dificuldades e as exportações de 
ouro, durante esse período, alcançaram pouco mais de 
meio milhão de libras. 
● Enquanto isso a população havia subido a algo mais de 
três milhões de habitantes. A renda per capita termina o 
século no nível mais baixo de todo período colonial.
 
O último quartel do século XVIII e os primeiros dois decênios 
do século XIX estão marcados por uma série de 
acontecimentos que tiveram grandes repercussões nos 
mercados mundiais de produtos tropicais: 
● a Guerra da Independência dos EUA(1775-1783); 
● a Revolução Industrial inglesa;
● a Revolução Francesa (1789) e os subsequentes transtornos 
de suas colônias produtoras de artigos tropicais;
● as guerras napoleônicas(1799-1815), o bloqueio e o contra 
bloqueio da Europa, e a desarticulação do vasto império 
espanhol da América.
 
● Em 1789 entrou em colapso a grande colônia 
açucareira francesa, o Haiti. 
● O valor das exportações do açúcar mais que duplica 
na etapa das guerras napoleônicas.● A atividade industrial na Inglaterra é intensa durante 
os anos de guerra e a procura por algodão se 
intensifica.
● No norte estavam dois centros autônomos: 
Maranhão e Pará. Este último vivia exclusivamente 
da economia extrativa florestal, organizada pelos 
jesuítas com base na exploração da mão de obra 
indígena. O Maranhão articulava-se com a região 
açucareira através da periferia pecuária.
 
● No Maranhão foi criada, pelo governo, uma 
companhia de comércio altamente capitalizada 
para financiar o desenvolvimento da região, 
tradicionalmente a mais pobre do Brasil. 
● A ajuda financeira permitiu a importação em 
grande escala de mão de obra africana, o que 
modificou totalmente a fisionomia étnica da 
região. 
● Tão importante quanto a ajuda financeira foi a 
modificação no mercado mundial de produtos 
tropicais, provocada pela Guerra da 
Independência dos EUA e logo em seguida da 
Revolução Industrial inglesa.
 
Foi percebido pelos dirigentes da companhia 
maranhense que:
● a demanda por algodão crescia e 
● que o arroz consumido no sul da Europa não 
sofria restrição de nenhum pacto colonial. 
Assim, os recursos da companhia foram 
canalizados nesses dois artigos. Seguindo o 
Maranhão, o nordeste se dedica a produção de 
algodão.
 
● A Guerra da Independência dos EUA tirou 
temporariamente do mercado mundial o maior 
produtor de arroz, o que deu à produção 
maranhense condições de desenvolver-se e 
capitalizar-se adequadamente. 
● A pequena colônia conheceu excepcional 
prosperidade no fim da época colonial, 
recebendo em seu porto mais de 100 navios 
por ano e chegando a exportar 1milhão de 
libras.
 
De forma geral, todos os produtos da colônia se 
beneficiaram de elevações temporárias de 
preços, ocorridas em virtude das condições de 
anormalidade no mercado mundial de produtos 
tropicais. 
Superada esta etapa, o Brasil encontraria sérias 
dificuldades, nos primeiros dois decênios de vida 
como nação politicamente independente, para 
defender sua posição nos mercados dos produtos 
que tradicionalmente exportava.
 
Passivo colonial, crise financeira e 
instabilidade política
A repercussão no Brasil dos acontecimentos 
políticos da Europa se por um lado acelerou a 
evolução política do país, por outro contribuiu 
para prolongar a etapa de dificuldades 
econômicas que se iniciara com a decadência do 
ouro. 
Com a ocupação do reino português pelas tropas 
francesas, desapareceu o entreposto que 
representava Lisboa para o comércio da colônia.
 
● Ocupação do reino português pelas tropas 
francesas.
● Vinda da família Real portuguesa ao Brasil em 
1808 - desaparece o entreposto que 
representava Lisboa para o comércio da 
colônia.
● Como consequência da falta do entreposto na 
Europa temos a “abertura dos portos” (1808).
● Os tratados de 1810 transformaram a Inglaterra 
em potência privilegiada. 
 
● Estes tratados constituirão, em toda a primeira 
metade do século, uma séria limitação à 
autonomia do governo brasileiro no setor 
econômico.
● A abertura dos portos se refletiu na queda dos 
preços das importações, maior abundancia de 
suprimentos, facilidades de crédito, o que 
agradou aos grandes agricultores.
● Não existia, no Brasil colônia, uma classe 
comerciante de importância (monopólio 
metropolitano). A única classe com expressão 
era a dos grandes senhores agrícolas.
 
● A independência do Brasil em 1822 foi feita sem grande 
desgaste (luta armada...).
● Como consequência temos manutenção da unidade 
territorial.
● Com a independência o Brasil pagou, financiado pela 
Inglaterra, uma indenização a Portugal. 
● O Brasil assumiu a responsabilidade de parte do 
passivo que contraíra Portugal para sobreviver como 
potência colonial.
● A separação definitiva de Portugal em 1822 e o acordo 
pelo qual a Inglaterra consegue consolidar sua posição 
em 1827 são outros dois marcos fundamentais nessa 
etapa de grandes acontecimentos políticos. 
 
● Apesar dos privilégios concedidos à Inglaterra, 
a falta de uma classe comerciante no Brasil 
contribuiu para sua imobilização.
● Quando acorre a independência, a classe de 
grandes agricultores impõe sua influência. 
● Enfraquecimento de D. Pedro I e fortalecimento 
político da classe de grandes agricultores, já 
em 1831. 
 
● Sendo uma grande plantação de produtos tropicais, a 
colônia era intimamente dependente das economias 
europeias.
● Era apenas um prolongamento de um sistema maior. Ao 
contrário do que ocorreu nas Antilhas.
● Os conflitos da primeira metade do século XIX entre 
dirigentes da grande agricultura e a Inglaterra resultaram da 
falta de coerência com que os ingleses seguiam a ideologia 
liberal, aplicada unilateralmente.
● O sistema liberal inglês era um instrumento para criar 
privilégios.
● Por outro lado, os ingleses não abriam mercado para os 
produtos brasileiros, que competiam com as Antilhas.
 
● É nesse ambiente de dificuldades que a Inglaterra pretende 
impor o fim da importação de escravos.
● Permanece uma tensão entre ingleses e a classe dominante 
brasileira.
● Os acordos com a Inglaterra só expiram em 1844.
● Se os benefícios concedidos à Inglaterra não foram o 
principal entrave ao desenvolvimento econômico, causaram 
sérios problemas num período de dificuldades financeiras.
● Não sendo suficiente o imposto com importações, o governo 
decide taxar as exportações, o que causa grande 
descontentamento. 
 
● O governo central enfrenta escassez de 
recursos financeiros e vê sua autoridade 
reduzir-se por todo o país.
● As dificuldades econômicas criavam um clima 
de insatisfação em todas as regiões.
● Caem os preços do açúcar, do algodão e do 
gado.
● No meio de grandes dificuldades surge o café, 
que já em 1830 se firma como principal produto 
de exportação. 
 
● Logo após a independência, o governo 
brasileiro não consegue arrecadar recursos 
através de um sistema fiscal que cobrisse 
sequer metade dos seus gastos.
● O financiamento do déficit se faz com emissão 
de papel-moeda, mais que duplicando o meio 
circulante. 
● Como consequência temos a elevação dos 
preços de importados e desvalorização da 
moeda, baixando o preço das exportações.
 
Confronto com o desenvolvimento 
dos EUA
Por que os EUA se industrializaram no século XIX 
emparelhando-se com as nações europeias, enquanto o 
Brasil evoluía no sentido de transformar-se no século XX 
numa vasta região subdesenvolvida?
● Na primeira metade do século XIX a ação do 
Estado é fundamental para o desenvolvimento 
norte-americano. Somente na segunda metade do 
século – quando cresce amplamente a influência dos 
grandes negócios – que alcança prevalecer a 
ideologia da não intromissão do Estado na esfera 
econômica.
 
À época de sua independência, a população norte-
americana era da magnitude da do Brasil. As 
diferenças sociais, entretanto, eram profundas: 
enquanto no Brasil a classe dominante era o 
grupo de grandes agricultores escravistas, nos 
EUA uma classe de pequenos agricultores e um 
grupo de grandes comerciantes urbanos 
dominava o país.
As medidas restritivas com respeito à produção de 
manufaturas que a Inglaterra impunha às suas 
colônias tiveram que ser de forma diferenciada, uma 
vez que o sistema de agricultura de exportação não 
dera o resultado esperado nas colônias do norte.
 
As linhas gerais da política inglesa:
● Fomentar nas colônias do norte aquelas 
indústrias que não competissem com as da 
metrópole, permitindo a estas a redução de 
importações de outros países.
● Não permitir a produção de manufaturas que 
viessem a concorrer com as da metrópole em 
outros mercados coloniais.
As medidas coercitivas começam a surgir quando 
ascolônias do norte começam a concorrer com a 
metrópole nas exportações de manufaturas.
 
● Por outro lado, as próprias colônias que se 
defrontaram com dificuldades para efetuar importações 
de manufaturas, desde cedo criaram a consciência da 
conivência de fomentar a produção interna. 
● Muitas colônias chegaram a proibir a exportação de 
algumas matérias primas para que fossem 
manufaturadas localmente. 
● Outro aspecto importante foi o avanço da indústria da 
construção naval. Já antes da independência, ¾ do 
comércio norte-americano era feito em seus próprios 
barcos.
● A Guerra da Independência cortou por vários anos o 
suprimento de manufaturas inglesas, estimulando a 
produção interna.
 
Apesar das transformações ocorridas, os EUA 
ainda eram dependentes da exportação de 
matéria prima, o algodão. Isto colocou o país em 
situação em situação privilegiada na Revolução 
Industrial, no último quartel do século XVIII e 
primeira metade do século XIX, uma vez que se 
constitui da transformação da indústria têxtil.
A primeira fase da Revolução Industrial apresenta 
duas características básicas: 
● A mecanização de processos manufatureiros da 
indústria têxtil;
● A substituição da lã pelo algodão.
 
A balança comercial dos EUA com a Inglaterra era 
deficitária nas primeiras décadas do século XIX. 
Contudo, esse déficit em vez de pesar sobre o câmbio, 
como ocorreu no Brasil, e provocar um reajustamento em 
níveis mais baixos de intercâmbio, tendia a transformar-
se em dívidas de médio e longo prazos, invertendo-se 
em bônus dos governos central e estaduais. Formou-
se assim uma corrente de capitais que seria de 
importância fundamental para o desenvolvimento do país. 
Tudo possível graças à política do Estado na 
construção de uma infraestrutura econômica e no 
fomento direto de atividades básicas.
 
Declínio a longo prazo do nível de 
renda: a primeira metade do séc 
XIX
● Condição básica para o desenvolvimento da 
economia brasileira, na primeira metade do século 
XIX, teria sido a expansão de suas exportações.
● Durante esse período a taxa média anual das 
exportações não excedeu 0,8%, enquanto a 
população crescia a uma taxa de 1,3%.
● Todo o aumento das exportações foi devido ao café. 
● O pequeno consumo do país estava declínio com a 
decadência da mineração.
 
● Fomentar a industrialização nessa época, sem o apoio 
de uma capacidade para importar em expansão, seria 
impossível num país carente de base técnica.
● A industrialização teria de começar por produtos que já 
dispunham de um mercado considerável, como era o 
caso dos tecidos.
● A instalação de uma industria têxtil moderna 
encontraria sérias dificuldades: os ingleses 
impediam a exportação de maquinas. 
● Uma forte queda dos preços dos tecidos ingleses tornou 
muito difícil a defesa da indústria local por meio de 
tarifas. 
● Foi necessário estabelecer cotas de importação.
 
● A baixa nos preços da exportações brasileiras, 
entre 1821-30 e 1841-50 foi de cerca de 40%, 
enquanto o setor praticamente dobrara.
● A renda média per capita da população livre 
declinou sensivelmente: de 50 para 43 dólares 
de valor aquisitivo atual.
● Houve um aumento do setor de subsistência.
 
Gestação da economia cafeeira
● As migrações ocorridas no século XVIII 
implicaram um subsequente crescimento 
vegetativo.
● As fases de progresso, como no Maranhão, não 
afetaram o panorama geral.
● As novas técnicas produtivas da Revolução 
Industrial não chegaram ao Brasil de forma 
significativa.
● Problemas com a mão de obra com o fim do 
tráfico de escravos.
 
● Assim como nos EUA, o dinamismo do setor 
exportador era fundamental para o 
desenvolvimento.
● Não era possível contar com capital estrangeiro 
numa economia estagnada.
● A estagnação das exportações e a 
impossibilidade de aumentar o imposto sobre 
importações criaram sérias dificuldades 
orçamentárias e contribuíram para reduzir o 
crédito público.
● Que produto exportar: açúcar, algodão ou café?
 
O PROBLEMA DA MÃO-DE-OBRA
I – Oferta interna potencial
● Pela metade do séc. XIX, a força de trabalho da 
economia brasileira estava basicamente 
constituída por uma massa de escravos.
● O primeiro senso demográfico, realizado em 
1872, indica que nesse ano existiam no Brasil 
aproximadamente 1,5 milhão de escravos.
● A taxa de mortalidade dos escravos era superior 
à de natalidade, indicando precárias condições 
de vida.
 
● Ao crescer a procura por escravos na região 
cafeicultora, observou-se uma intensificação do 
tráfico interno, em prejuízo das regiões que 
operavam com baixa rentabilidade.
Por que não utilizar a mão de obra do setor de 
subsistência?
● O setor caracterizava-se por grande dispersão.
● Pouco capital dos roceiros.
● Ocupação rudimentar das terras.
Na área urbana havia um excedente de 
população, mas dificilmente se adaptaria ao 
trabalho agrícola.
 
II – A Imigração europeia 
● A questão fundamental era aumentar a oferta 
de força de trabalho disponível para a grande 
lavoura, 
● Como solução alternativa do problema da mão 
de obra sugeria-se fomentar uma corrente de 
imigração europeia.
● É sabido que grande parte dos africanos 
aprendidos nos navios que traficavam para o 
Brasil eram reexportados para as Antilhas 
como trabalhadores “livres”.
 
● A imigração europeia foi subsidiada pelo 
governo: pagavam-se gastos de transporte e 
instalação das famílias.
● O colono hipotecava o futuro de sua família, se 
obrigava a não abandonar a fazenda antes de 
pagar sua dívida.
● O fazendeiro ficava com as vantagens.
● A partir de 1860, com a melhora dos preços do 
café e a Guerra de Secessão nos EUA, abrindo 
espaço para o algodão do norte do Brasil, o 
problema da mão de obra se agravou.
 
● O sistema de imigração europeia adotado 
inicialmente foi o de parceria.
● Depois foi adotado um sistema misto pelo qual 
o colono tinha garantida a parte principal de 
sua renda.
● O número de imigrantes europeus em São 
Paulo subiu de 13 mil em 1870 para 184 mil na 
década de 80, chegando a 609 mil em 90.
● O total para o último quartel do século XIX foi 
803 mil, sendo 577 mil provenientes da Itália. 
 
O problema da mão de obra
III- Transumância amazônica
Além da grande corrente migratória de origem europeia 
para a região cafeeira, o Brasil conheceu no ultimo 
quartel do século XIX e primeiro decênio do século XX 
outro grande movimento de população: da região 
nordestina para a amazônica.
A economia amazônica entrara em decadência desde 
fins do século XVIII. Com a desorganização do 
engenhoso sistema de exploração da mão de obra 
indígena estruturado pelos jesuítas, a imensa região 
viveu um estado de letargia econômica.
 
● Em pequena zona do Pará se desenvolveu uma agricultura de 
exportação que seguiu de perto a evolução da maranhense. O 
algodão e o arroz aí tiveram sua etapa de prosperidade, durante as 
guerras napoleônicas, sem, contudo jamais alcançar cifras 
significativas para conjunto do país. 
● A base da economia da bacia amazônica eram sempre as 
mesmas especiarias extraídas da floresta que havia tornado 
possível a penetração jesuítica na extensa região. 
Dentre os produtos estava o cacau. A exportação média por volta 
de 1840 foi de 2.900 toneladas, no decênio seguinte alcança 3.500 
e nos anos 60 baixa para 3.300.
 
O aproveitamento dos demais produtos da floresta 
deparava-se a dificuldade da quase inexistência de 
população.
Nesse contexto se dá a produção da borracha, 
cuja exportação se tem registro desde os anos 20, 
alcançando 460 toneladas por volta de 1840, 1900 
toneladas nos anos 50 e 3700 toneladas nos 
anos 60. 
Nesta época há o aumento dos preços doproduto. 
De 45 libras nos anos 40, o preço médio de 
exportação sobe para 118 libras nos anos 50, 125 
libras nos anos 60 e 182 libras nos anos 70.
 
A borracha estava destinada, no final do século 
XIX e começo do século XX, a transformar-se na 
matéria-prima de procura em mais rápida 
expansão no mercado mundial. 
A indústria de veículos terrestres a motor será o 
principal fator dinâmico das economias 
industrializadas durante um largo período, que 
compreende o último decênio do século XIX e os 
três primeiros do século XX.
 
Como a borracha era um produto do extrativismo, 
seu estoque estava limitado ao número de 
árvores concentradas na bacia amazônica, que 
não seria capaz de suprir a demanda mundial 
crescente. 
O problema de longo prazo estava em 
implementar a plantação de plantas que 
produzissem borracha em regiões de clima similar 
ao da Amazônia, onde existisse mão de obra e 
recursos para financiar o seu longo período de 
gestação.
 
A evolução da economia mundial da borracha 
desdobrou-se em duas etapas: 
1ª) Encontrou-se uma solução de emergência 
para o problema da oferta do produto extrativo. 
2ª) Caracteriza-se pela produção organizada em 
bases racionais, permitindo que a oferta adquira 
a elasticidade requerida pela rápida expansão 
da procura mundial. 
Nos anos 40 do século XX teve início uma 
terceira etapa, com a substituição progressiva do 
produto natural pelo sintético.
 
● A primeira etapa desenvolveu-se na região 
amazônica. 
Os preços continuam crescendo, alcançando 
no triênio 1909-11 a média de 512 libras por 
tonelada! 
Essa elevação dos preços indicava que a oferta 
de borracha era inadequada. 
Com efeito, ao introduzir-se a borracha oriental de 
modo regular no mercado, depois da Primeira 
Guerra Mundial, os preços do produto se 
reduziram de forma permanente a um nível 
inferior a cem libras.
 
No Brasil, a expansão da borracha na Amazônia 
era uma questão de suprimento da mão de obra. 
Admite-se que a população amazônica não 
seria inferior a meio milhão de pessoas em 
1900. 
As exportações subiram de 6mil toneladas nos 
anos 70 do século XIX, para 11mil nos anos 80, 
21mil na década de 90 e 35mil no primeiro 
decênio do século XX. 
Esse aumento de produção se deve 
exclusivamente ao influxo de mão de obra.
 
● O Nordeste:
A população do Nordeste esteve sempre ocupada em 
torno do açúcar e do gado. 
Com a decadência da economia açucareira, no século 
XVII, houve a transformação progressiva do sistema 
pecuário para uma economia de subsistência, onde se 
observa uma grande expansão vegetativa. 
Em algumas sub-regiões, na segunda metade do século 
XIX, tornam-se evidentes os sintomas de pressão 
demográfica. 
Com o desenvolvimento da cultura algodoeira, regiões 
como o Ceará conhecem a primeira etapa de 
prosperidade. Após a onda de prosperidade a região se 
voltava novamente à economia de subsistência.
 
O crescimento vegetativo numa região de baixa 
produtividade assume extrema gravidade por 
ocasião da seca de 1877-80, durante a qual 
desapareceu quase todo o rebanho e pereceram 
de 100 a 200 mil pessoas. 
A população foi, então, orientada a emigrar para 
outras regiões do país, particularmente para a 
região amazônica. 
Iniciada a corrente transumante, os governos dos 
estados amazônicos organizaram serviços de 
propaganda e concederam subsídios para gastos 
de transporte.
 
● Nas colônias europeias, localizadas no sul do país, 
a qualidade e a abundância de terras 
proporcionaram-lhes um suprimento adequado de 
alimentos, mesmo com baixo nível de técnica 
agrícola. Essas colônias apresentaram um 
crescimento vegetativo altíssimo.
● Na região central, onde floresceu a economia 
mineira, observou-se uma corrente migratória em 
direção ao atual estado de São Paulo, bem antes 
da penetração da lavoura cafeeira. Outra corrente 
foi em direção ao Mato Grosso, ocupando primeiro 
as terras bem irrigadas do Triângulo Mineiro.
 
Comparando os dois grandes movimentos de população 
ocorridos no Brasil, em fins do século XIX e início do 
século XX:
● O imigrante europeu chegava à plantação de café com 
todos os gastos pagos. 
Dispunha de terra para plantar o essencial para 
alimentação da sua família, o que o defendia da 
especulação dos comerciantes.
● O nordestino na Amazônia começava a trabalhar 
endividado.
Permanecia em dívida, já que para alimentar-se dependia 
do suprimento pelo empresário. 
O isolamento, os perigos da floresta e a insalubridade do 
meio encurtavam sua vida de trabalho.
 
Ao declinarem-se os preços da borracha, a 
miséria generalizou-se rapidamente. 
O grande movimento de população nordestina 
para a Amazônia constituiu basicamente em 
um enorme desgaste humano, numa etapa em 
que o problema fundamental da economia 
brasileira era aumentar a oferta de mão de 
obra.
 
O problema da mão de obra 
IV- Eliminação do trabalho escravo
Já observamos que, na segunda metade do 
século XIX, não obstante a permanente expansão 
do setor de subsistência, a inadequada oferta de 
mão de obra constitui o problema central da 
economia brasileira. 
Um aspecto desse problema, que aos 
contemporâneos pareceu ser o mais fundamental 
foi a chamada “questão do trabalho servil”.
 
A abolição da escravatura, à semelhança de uma “reforma 
agraria” constitui simplesmente numa redistribuição da 
propriedade de uma coletividade. 
A propriedade da força de trabalho, ao passar do senhor de 
escravos para o indivíduo, deixa de ser um ativo que figura 
numa contabilidade para constituir-se em simples 
virtualidade. 
Do ponto de vista econômico, o aspecto fundamental desse 
problema está nas de repercussões que a redistribuição da 
propriedade terá na organização da produção, no 
aproveitamento dos fatores disponíveis, na distribuição da 
renda e na utilização final dessa renda.
 
A abolição poderia seguir dois casos extremos:
● Limitar-se-ia a uma transformação formal dos 
escravos em assalariados, com salário fixado 
pelo nível de subsistência prevalecente. 
Isso aconteceu em algumas ilhas das Antilhas 
inglesas, onde as terras já haviam sido 
totalmente ocupadas e os ex-escravos não 
dispunham de nenhuma possibilidade de emigrar. 
Nesse caso, a redistribuição da riqueza não teria 
sido acompanhada de quaisquer modificações na 
organização da produção ou na distribuição da 
renda.
 
● O extremo oposto à primeira situação seria aquela em que a 
oferta de terra fosse totalmente elástica. Assim, os escravos 
libertos tenderiam a abandonar as antigas plantações e 
dedicar-se à agricultura de subsistência. 
Nesse caso, as modificações na organização da produção 
seriam enormes, baixando o grau de utilização dos fatores 
de produção e a rentabilidade do sistema. 
Os empresários, vendo-se privados da mão de obra, 
tenderiam a oferecer salários elevados, retendo parte dos 
ex-escravos. A consequência seria uma redistribuição de 
renda em favor da mão de obra.
No Brasil, a região açucareira aproximou-se mais do primeiro 
caso, enquanto a região cafeeira, do segundo caso. 
 
Na região nordestina, as terras de ocupação agrícola mais fácil já 
estavam ocupadas, os escravos libertados encontravam grandes 
dificuldades fora dos engenhos. 
Nas regiões urbanas se concentrava um excedente de população sem 
ocupação adequada e no interior, nas terras semiáridas do agreste e da 
caatinga, a pressão demográfica se fazia sentir claramente em torno da 
economia de subsistência. 
Essas barreiras limitavam a mobilidade do escravo, os deslocamentos 
se faziam de engenho para engenho. 
Nesta região, a abolição da escravatura não chegou a ter consequências 
graves sobre a utilização dos recursos e muito provavelmente não 
provocou qualquer modificação na distribuiçãoda renda.
 
Na região cafeeira, as consequências foram diversas. 
Na região dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e pequena 
parte de São Paulo, havia sido formado uma importante agricultura 
cafeeira baseada no trabalho escravo. A rápida infertilidade destas 
terras e a possibilidade da utilização de terras a maior distância 
com a introdução da estrada de ferro, haviam colocado essa 
agricultura em condição desfavorável já na época anterior à 
abolição. 
Ao contrário que se esperaria, após a abolição não houve uma 
corrente migratória em direção às novas regiões em expansão, mas 
uma mudança para a economia de subsistência. 
Nessa época tem início grande corrente migratória europeia para São 
Paulo.
 
O homem escravo:
O homem formado dentro da escravidão está 
desaparelhado para responder aos estímulos 
econômicos, a ideia de acumulação de riqueza é 
praticamente estranha. 
Seu rudimentar desenvolvimento mental limita 
extremamente suas “necessidades”. 
Assim, a elevação do seu salário acima de suas 
necessidades, definidas pelo nível de 
subsistência de um escravo, determinou de 
imediato uma forte preferência pelo ócio ao 
trabalho.
 
Uma das consequências diretas da abolição, nas regiões de 
mais rápido desenvolvimento, foi reduzir-se o grau de 
utilização da força de trabalho. 
Cabe lembrar que o reduzido desenvolvimento mental da 
população submetida à escravidão provocará uma segregação 
parcial após a abolição, retardando sua assimilação e 
entorpecendo o desenvolvimento econômico do país.
Observada de uma perspectiva ampla, a abolição constitui 
uma medida de caráter mais político que econômico. Não 
houve modificações de real significação na forma de 
organização da produção e mesmo na distribuição da 
renda.
 
Nível de renda e ritmo de 
crescimento na segunda metade do 
século XIX
Considerada em conjunto, a economia brasileira 
parece haver alcançado uma taxa relativamente 
alta de crescimento na segunda metade do 
século XIX. 
Sendo o comércio exterior o setor dinâmico do 
sistema, é no seu comportamento que está a 
chave do processo de crescimento nessa 
etapa. 
 
Comparando os valores médios correspondentes aos 
anos 1890 com os relativos ao decênio dos 40, 
depreende-se que a quantidade das exportações 
brasileiras aumentou 214%. 
Esse aumento do volume físico da exportação foi 
acompanhado de uma elevação dos preços médios 
dos produtos exportados de aproximadamente 46%. 
Por outro lado, observa-se uma redução de cerca de 
8% no índice de preços dos produtos importados, 
sendo, portanto, de 58% a melhora na relação de 
preços de intercâmbio externo.
Significa um incremento de 396% na renda real 
gerada pelo setor exportador.
 
Para fins de análise, convém dividir a economia brasileira em três 
setores principais:
● Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, 
Pernambuco, Alagoas e Sergipe. 
Constituído pela economia exportadora do açúcar e do algodão e 
pela vasta zona de economia de subsistência. 
Segundo o censo de 1872 a população desta região representava 
1/3 da população total do país. Acrescentando a população baiana, 
chega-se quase à metade da população do país. 
Observa-se um aumento demográfico de 80%, bem superior ao da 
renda real gerada pelo setor exportador (54%). 
Nesta época já era notória a pressão demográfica sobre as terras 
agricultáveis da região. 
 
● Formado na região sul, principalmente na economia de 
subsistência, que encontrou um mercado interno capaz 
de absorver seu excedente de produção. 
Os colonos do litoral beneficiavam-se da expansão do 
mercado urbano. 
No Rio Grande do Sul o setor dinâmico foi o da 
pecuária. O charque chegou a constituir metade das 
vendas do estado para os mercados interno e externo. 
Na primeira metade do século XIX, temos um aumento 
da população em 332%, que acompanha o do setor 
exportador, que foi de 396%.
 
● A economia do café na região compreendida entre 
os estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas 
Gerais e São Paulo. 
A população desses quatro estados aumentou entre 
1872 e 1900 a uma taxa de 2,2%. 
Observam-se grandes movimentações 
demográficas nesta região, com transferência de 
mão de obra das regiões de mais baixa 
produtividade para as de maior produtividade. 
Um processo inverso ao ocorrido no Nordeste. Com 
a expansão do mercado interno houve uma melhora 
no setor de subsistência, concentrado em Minas 
Gerais.
 
O fluxo de renda na economia do 
trabalho assalariado
O fato de maior relevância ocorrido na economia 
brasileira no ultimo quartel do século XIX foi o aumento 
da importância relativa do setor assalariado. 
A expansão anterior se fizera, seja através do 
crescimento do setor escravista, seja pela multiplicação 
dos núcleos de subsistência. Em um e outro caso o fluxo 
de renda, real ou virtual, circunscrevia-se a unidades 
relativamente pequenas, cujos contatos externos 
assumiam caráter internacional no primeiro caso e eram 
de limitadíssimo alcance no segundo. 
 
A nova expansão tem lugar no setor que se baseia no 
trabalho assalariado. 
A economia exclusivamente de subsistência caracteriza-se 
por um elevado grau de estabilidade, mantendo-se imutável 
sua estrutura tanto nas etapas de crescimento como nas de 
decadência. 
A dinâmica do novo sistema é distinta. 
Convém analisá-la detidamente, para compreender as 
transformações estruturais que levariam à formação no 
Brasil de uma economia de mercado interno.
A nova economia cafeeira baseada no trabalho assalariado 
assim como a antiga economia escravista está constituída 
por uma multiplicidade de unidades produtoras que se ligam 
intimamente às correntes do comércio exterior.
 
Considerando o processo econômico a partir do momento em 
que a produção é vendida ao exportador temos que o valor total 
é a renda bruta da unidade produtiva. 
Esta renda deverá cobrir a depreciação do capital real 
utilizado no processo produtivo e remunerar a totalidade 
dos fatores utilizados na produção, temos a renda dos 
assalariados e a renda dos proprietários. 
A utilização da renda por estes dois grupos é distinta: 
enquanto os assalariados transformam a quase totalidade 
de sua renda em gastos de consumo, a renda da classe 
proprietária é em parte retida, apesar do seu elevado nível 
de consumo, para aumentar seu capital.
 
Assim, o fluxo de renda criado pelas exportações se propaga da 
seguinte forma: 
Os gastos de consumo – compra de alimentos, roupas etc. – 
constituem a renda dos pequenos produtores, comerciantes, etc. 
Estes também transformam parte de sua renda em gastos de 
consumo. 
A soma destes gastos será maior que a renda criada pela atividade 
exportadora. 
Ao crescer a massa de salários pagos no setor exportador, cresce 
automaticamente a procura por artigos de consumo, podendo 
expandir sua produção com certa facilidade, dada a existência de 
mão de obra e terras subutilizadas. 
Este vem a ser o núcleo de uma economia de mercado interno que 
pode crescer mais intensamente que a economia que lhe deu origem, 
a de exportação.
 
O impulso externo de crescimento se apresenta, 
inicialmente, sob a forma de elevação nos preços dos 
produtos exportados, a qual se transforma em maiores 
lucros. 
Os empresários tratam de invertê-los expandindo a 
produção, ou seja, as plantações. 
Dada à relativa elasticidade dos fatores, mão de obra e 
terras, a expansão pode seguir adiante sem encontrar 
obstáculos por parte dos salários ou da renda da terra. 
O setor cafeeiro pôde manter seu salário real 
praticamente estável durante a longa etapa de sua 
expansão. Bastou que este salário fosse, em termos 
absolutos, mais elevado que o pago nos demais setores 
da economia.
 
Ao serem absorvidos fatores do setor de 
subsistência, eleva-seo salário real médio e 
ainda mais o salário monetário médio, pois 
nesse setor o fluxo monetário era relativamente 
menor. 
Como a população crescia muito mais 
intensamente no setor monetário que no 
conjunto da população, a massa de salários 
monetários – base do mercado interno- 
aumentava mais rapidamente que o produto 
global.
 
Supondo que a elevação de preços do produto exportado se 
revertesse em aumento dos salários, a consequência prática 
seria que o volume de inversões teria de ser menor, também a 
expansão do setor exportador. 
A absorção do setor de subsistência seria mais lenta. 
A mão de obra empregada no setor exportador se 
transformaria progressivamente num grupo privilegiado, 
tendendo a crescer a diferença entre os salários pagos no 
setor de exportação e no de subsistência.
Os aumentos de produtividade da economia cafeeira eram 
basicamente um reflexo do aumento dos preços de 
exportação.
 
A tendência ao desequilíbrio externo
Um dos problemas de funcionamento do novo sistema 
econômico, baseado no trabalho assalariado, consistia 
na impossibilidade de adaptar-se às regras do padrão 
ouro, base de toda a economia internacional no período 
que aqui nos ocupa.
O principio fundamental do sistema do padrão ouro 
radicava em que cada país deveria dispor de uma 
reserva metálica - ou de divisas conversíveis, na 
variante mais corrente - suficientemente grande para 
cobrir os déficits ocasionais de sua balança de 
pagamentos. 
 
A teoria monetária do século XIX se baseava no 
princípio de que se todos os países seguissem as 
regras do padrão ouro – isto é, se o meio 
circulante dos distintos países tivesse como base 
a mesma moeda-mercadoria- o ouro disponível 
tenderia a distribuir-se em função das 
necessidades do comércio interno de cada país e 
do comércio internacional. 
Assim, se um país importava mais do que 
exportava, criando um desequilíbrio em sua 
balança de pagamentos, seria obrigado a exportar 
ouro, reduzindo, consequentemente, seu meio 
circulante. 
 
Essa redução, de acordo com a teoria quantitativa, deveria 
acarretar numa queda dos preços – contrapartida da alta do 
preço do ouro – criando-se automaticamente um estímulo às 
exportações e um desestímulo às importações, trazendo a 
correção do desequilíbrio. 
Este também se daria através do movimento de capitais: a 
escassez relativa de ouro acarretaria uma elevação da taxa de 
juros, o que atrairia capitais estrangeiros - o déficit na balança de 
pagamentos seria compensado pelo saldo na conta de capital.
● A que preço as regras do padrão ouro poderiam aplicar-se a um 
sistema especializado na exportação de produtos primários e 
com elevado coeficiente de importação?
 
Isto não foi um problema para os economistas europeus, que 
sempre teorizaram em matéria de comércio internacional em termos 
de economia de graus de desenvolvimento similar, com estruturas 
de produção não muito distintas e com coeficiente de 
importação relativamente baixo.
O Brasil, um país exportador de produtos primários, tinha uma 
elevada participação no comércio internacional, seu intercâmbio per 
capita era relativamente maior que sua renda monetária per capita. 
Por outro lado, sua economia – pelo fato de depender das 
exportações- estava sujeita a oscilações agudas. 
Um brusco desequilíbrio na balança de pagamentos, que 
refletia uma brusca queda de preços das matérias-primas no 
mercado mundial, exigia uma redução de grandes proporções 
do meio circulante. 
Outro problema estava em que a principal renda do governo central 
era o imposto de importação.
 
A economia escravista desconheceu qualquer 
forma de desequilíbrio externo. Sendo a procura 
monetária igual às exportações, está poderia se 
transformar em importações sem que por esta 
razão surgisse qualquer desequilíbrio. 
É quando a procura monetária começa a 
crescer mais que as exportações que surge o 
problema, a possibilidade do desequilíbrio - 
problema intimamente ligado ao regime de 
trabalho assalariado.
 
No momento em que se deflagrava uma crise nos centros 
industriais, os preços dos produtos primários caíam 
bruscamente, reduzindo-se de imediato a entrada de divisas 
no país de economia dependente. 
Apesar disso a procura de importações continuava crescendo 
durante um período. Nesta etapa que caberia mobilizar as 
reservas metálicas, que teriam de ser de grandes proporções 
para que o mecanismo do padrão-ouro funcionasse – não 
somente porque a participação das importações no dispêndio 
total da coletividade era muito elevada e as flutuações da 
capacidade para importar muito grandes, mas porque numa 
economia desse tipo a conta capital da balança de pagamentos 
se comportava adversamente nas etapas de depressão. 
 
Nas economias industrializadas a crise se caracteriza por 
uma contração brusca das inversões, contração essa que 
reduz automaticamente a procura global por matérias primas 
e a liquidação dos estoques. 
Numa crise o importador de matérias primas, sabendo que a 
procura por produtos importados irá diminuir, reduz suas 
importações, o que acarreta a brusca queda dos preços das 
matérias primas fornecidas pelas economias dependentes. 
Por outro lado, a contração dos negócios provocada pela 
crise reduz a liquidez das empresas, induzindo-as a abrir 
lançar mão de quaisquer fundos de que disponham, inclusive 
no exterior. 
 
A crise nos países industrializados vem 
acompanhada de contração das importações, 
baixa de preços dos artigos importados e 
entrada de capitais. 
Por último, como grande parte dos capitais 
exportados no século XIX eram empréstimos 
públicos, ou inversões no setor privado com 
garantia de juros, o serviço dos capitais 
constituía uma parte relativamente rígida na 
conta do balanço de pagamentos e contribuía 
para reforçar a posição internacional dos países 
exportadores e capital nas etapas de depressão.
 
Nas economias dependentes a crise tem início com uma queda no valor 
das exportações, seja pela redução do preço unitário como pela redução da 
quantidade exportada.
 A redução no preço é observada nos produtos alimentícios, já a redução da 
quantidade exportada ocorre com as matérias primas industriais. 
Como é necessário algum tempo para que a contração das exportações 
exerça seu pleno efeito sobre a demanda por importações, cria-se um 
desequilíbrio inicial na balança de pagamentos. 
Por outro lado, a queda nos preços das mercadorias importadas (produtos 
manufaturados) se faz lentamente e com menor intensidade do que com os 
produtos primários exportados: tem início uma piora na relação de preços 
do intercâmbio. 
A esses fatores acumula-se a rigidez do serviço dos capitais estrangeiros e 
a redução da entrada desses capitais. 
 
A defesa do nível de emprego e a 
concentração da renda
A existência de uma reserva de mão de obra dentro do país, 
reforçada pelo fluxo imigratório, permitiu que a economia cafeeira 
se expandisse durante um longo período sem que os salários reais 
apresentassem tendência para a alta. 
A elevação do salário médio no país refletia a aumento de 
produtividade que se ia alcançando através da simples 
transferência de mão de obra da economia subsistência para a 
economia exportadora. 
Era abundante também a quantidade de terras desocupadas ou 
subocupadas na economia de subsistência, fazendo com que não 
houvesse pressão sob a renda da terra. 
 
Assim, os aumentos de produtividade do setor exportador 
refletiam apenas modificações nos preços do café. 
O empresário podia retê-los, pois nenhuma pressão se 
formava dentro do sistema que o obrigasse a transferi-los 
total ou parcialmente para os assalariados. 
Para que houvesse aumento na produtividade física, seja da 
mão de obra ,seja da terra , era necessário que o 
empresário aperfeiçoasse

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