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HISTORIA RORSCHACH

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Hermann Rorschach, psiquiatra e psicanalista suíço. Rorschach era um dos 
filhos de um sensível professor de desenho, e esta qualidade também fez parte de sua 
personalidade enquanto profissional e pesquisador. Durante sua juventude, H. 
Rorschach demonstrou boas habilidades artísticas, e costumava participar em 
pequenos jogos de klecsografia, método palográfico de desenho de manchas de tinta 
simétricos. Em seu trabalho clínico, Rorschach notou como certos quadros 
psiquiátricos geravam respostas diferentes a estímulos ambíguos. A idéia de 
desenvolver uma ferramenta de investigação perceptiva trouxe suas habilidades 
artísticas para desenvolver dúzias de manchas e selecionar, a partir destas, aquelas 
que compartilhavam de características distintivas, as quais poderiam facilmente ser 
identificadas enquanto similares a objetos registrados nos traços de memória dos 
indivíduos. Assim, Rorschach selecionou 10 manchas, as quais foram aplicadas a um 
grande número de pacientes psiquiátricos e sujeitos normais, cujos dados 
possibilitaram a publicação de sua monografia "Psicodiagnóstico - Método e resultados 
de uma experiência diagnóstica de percepção (interpretação de formas fortuitas)" 
(Rorschach, 1922, 1967). 
Dada sua morte prematura, apenas sete meses após a publicação do 
"Psicodiagnóstico", o futuro desta ferramenta dependeu da dedicação de numerosos 
pesquisadores em todo o mundo, os quais continuaram os estudos originais de 
Rorschach a partir de suas perspectivas teóricas. Embora fosse psicanalista, 
Rorschach não adicionou fundamento teórico psicanalítico a suas descobertas em seu 
trabalho, o qual tem uma perspectiva estritamente perceptiva enquanto ferramenta 
diagnóstica da personalidade e de entidades nosográficas. Tratava-se de uma 
ferramenta perceptiva, que proporciona a assimilação associativa entre os estímulos 
disponíveis e os complexos de sensações intrapsíquicos. Posteriormente, 
pesquisadores atribuíram potencialidades psicanalíticas à interpretação do Rorschach, 
na medida em que este poderia ser uma técnica projetiva. 
Um dos principais trabalhos de sistematização do Rorschach enquanto 
ferramenta diagnóstica na contemporaneidade foi feito por John Exner, psiquiatra 
norte-americano, responsável pela compilação e fundamentação metodológica de 
cinco sistemas de interpretação do Rorschach (Beck, Klopfer, Rappaport-Schafer, 
Hertz e Piotrowski), desenvolvendo o Sistema Compreensivo (Exner, 2003). Neste 
complexo trabalho, Exner e seus colaboradores realizaram estudos normativos de 
validação das diferentes variáveis do método, bem como as distintas proporções, 
razões e derivações do psicograma e dos agrupamentos interpretativos. O método de 
Rorschach no Sistema Compreensivo é uma ferramenta científica que proporciona 
uma gama complexa de componentes psicológicos em ato (Weiner, 2001), com 
acesso às características menos submetidas ao controle deliberado. O instrumento 
permite avaliar estruturas inconscientes, traços obscurecidos e com menor influência 
dos termos de desejabilidade social, simulações e fingimentos (Exner & Sendín, 1999), 
a partir da amostra comportamental frente a uma tarefa pouco estruturada e deveras 
estimuladora afetiva e cognitivamente. A codificação das respostas, e a derivação dos 
escores sobre estes componentes providencia informações a partir das quais são 
geradas descrições acerca da psicologia do indivíduo, tanto em termos de estrutura 
quanto em relação ao funcionamento (Exner, 2003, p. 26). A forma como foi 
desenvolvida a estratégia de interpretação das variáveis permite ao Sistema 
Compreensivo a abordagem dos dados a partir de, no mínimo, duas perspectivas 
integradas. A primeira é de avaliar os dados objetivos com princípios fundamentais de 
medida, codificáveis em relação aos itens, normatizados a partir de largos estudos 
estatísticos transculturais. As medidas apresentam significativa validade empírica e 
fidedignidade, demandando todavia extenso treinamento por parte dos examinadores. 
Cada variável e suas respectivas constelações e agrupamentos possuem 
características complexas de sensitividade e especificidade significativas. Estes 
escores possuem características objetivas e psicométricas, e referem aos 
componentes nomotéticos da personalidade, os quais podem ser comparados às 
grandes tabelas normativas internacionais ou desenvolvidas localmente (Viglione & 
Hilsenroth, 2001; Meyer, 2004; Hilsenroth & Charnas, 2007). 
A segunda perspectiva inclui modelos de avaliação qualitativa dos itens 
que remontem às particularidades e idiossincrasias do sujeito, considerado em sua 
complexidade e unicidade. São avaliadas conforme um fundamento teórico de 
psicologia da personalidade, com análise qualitativa de sequência, do discurso e das 
elaborações verbais e outros comportamentos (Weiner, 2000). 
A integração das duas perspectivas confere ao Método de Rorschach, pelo 
Sistema Compreensivo, uma amplitude e complexidade significativa de dados acerca 
da personalidade, com uma influência relativamente diminuída de aspectos de 
sugestionabilidade e outras manipulações deliberadas. É um dos instrumentos mais 
recomendados para avaliações psicológicas em que se demanda profundidade, alta 
eficácia e validade por parte do teste. O Rorschach, além de nos fornecer uma grande 
segurança nos resultados, em seus dados, índices de fidedignidade, confiabilidade e 
validade psicométricas, é ainda um dos métodos mais respeitados nos meio 
acadêmico e jurídico, no mundo. 
A forma de aplicação do Método de Rorschach e a potencialidade do 
material clinico que se torna acessível, são próprios de instrumentos estruturados 
sobre uma natureza dupla: estatística e projetiva. Sendo assim, este tipo de recurso 
destaca-se por ir além do mero reconhecimento de traços isolados. Permite alcançar 
pontos bastante particulares da estrutura e da dinâmica de cada sujeito. Oferece uma 
configuração diversa de outras técnicas, pois não busca simplesmente categorizar a 
pessoa a partir de um grupo de outros indivíduos que estatisticamente representam 
suas características mais salientes. Antes, define o modo único pelo qual este sujeito 
se organiza psiquicamente, evidenciando como os traços encontrados se reúnem na 
determinação de condições afetivas, volitivas e comportamentais (Bishop, Martin, 
Constanza & Lane, 2000).

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