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Direito Aplicado aos Negócios Direito do Trabalho Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms Tercius Zychan Moraes Revisão Textual: Profª. Ms. Rosemary Toffoli 5 • Direito do Trabalho • Natureza Jurídica do Direito do Trabalho • Fontes do Direito do Trabalho Neste módulo de nossa disciplina, vamos tratar do Direito do Trabalho. Trata-se de um ramo do Direito que retrata uma conquista das relações entre empregadores e empregados, oriunda do capitalismo e do consumismo que se encontram nas sociedades. Nessa relação de hipossuficiência, o Direito tem um papel social de destaque, pois tenta amenizar eventuais exageros que podem ocorrer em virtude da posição que o empregador possui nessa relação. Os direitos trabalhistas surgem em razão para apaziguar constantes confrontos advindos desde a década de 20 do século passado, o que provocou a intervenção do Estado. Hoje os direitos trabalhistas ocupam espaço em nossa Constituição Federal como um entre os denominados Direitos Sociais. Ao final desta Unidade, o aluno será capaz de: 1. Entender o que vem a ser Direito do Trabalho. 2. Quais as fontes e princípios que fundamentam o Direito do Trabalho. 3. Entender como se dão as relações trabalhistas. 4. Reconhecer quais são os principais direitos trabalhistas. Direito do Trabalho • Princípios do Direito do Trabalho • Sujeitos do contrato de trabalho • Direitos dos Trabalhadores • Quadro resumo do direito dos trabalhadores 6 Unidade: Direito do Trabalho Contextualização O Direito do Trabalho é hoje um ramo do Direito, talvez, de caráter mais social do que os outros, diante das circunstâncias e acessos a determinados bens e serviços que modificam a qualidade de vida das pessoas. As relações trabalhistas têm sido muito debatidas a mais de uma centena de anos, principalmente, dado aos movimentos provocados pelas revoluções industriais e, hoje, pela globalização. A grande questão está em adequar as relações de trabalho ao denominado capitalismo social, no qual a atividade de produção seja destinada à ampliação das vagas no mercado de trabalho e que contribuam ao acesso de melhores condições de vida das pessoas, assegurando-lhes o denominado “bem comum” ou “bem-estar social”. O direito do trabalho assume este papel, apresentando princípios e preceitos que causem acesso à igualdade e legalidade, mantendo certo equilíbrio nas relação entre empregados e empregadores. Dessa forma, precisamos entender os preceitos e conceitos que envolvem esse importante ramo do direito, os quais estão inseridos em nossa sociedade, e são objeto de diversos debates. 7 Direito do Trabalho A necessidade de um ramo específico do direito para acompanhar e disciplinar todas as relações jurídicas que redundam do trabalho, ou melhor, das “relações trabalhistas” acompanha a própria evolução da sociedade, sobretudo dos movimentos liberalistas e o neocolonialismo ocorridos a partir do século XVIII, impulsionados pela revolução industrial e a ascensão da burguesia, agora com maior participação política no Estado. Com a revolução industrial os antigos métodos de produção, que eram artesanais, passam para as chamadas linhas de produção e mecanização, surge à classe de empresários e de outro lado a dos empregados, desta relação entre estas duas classes, aliado ao consumo do mercado, desencadeia um capitalismo, denominado por muitos de “selvagem”, causando uma verdadeira exploração do capital com relação à mão de obra, havia jornadas de trabalho que extrapolavam 16 horas diárias, o trabalho infantil era muito comum. O direito do trabalho surge então com o objetivo de regularizar e normatizar o modo pelo qual à relação do empregador e o empregado devem coexistir de forma harmônica gerando direitos e deveres para ambas as partes. No entendimento de Vólia Bomfim1 podemos entender como Direito do Trabalho como: [...] um sistema jurídico permeado por institutos, valores, regras e princípios dirigidos aos trabalhadores subordinados e assemelhados, aos empregadores, empresas coligadas, tomadores de serviço, para tutela do contrato mínimo de trabalho, das obrigações decorrentes das relações de trabalho, das medidas que visam à proteção da sociedade trabalhadora, sempre norteadas pelos princípios constitucionais, principalmente o da dignidade da pessoa humana. Também é recheado de normas destinadas aos sindicatos e associações representativas; à atenuação e forma de solução dos conflitos individuais, coletivos e difusos, existentes entre capital e trabalho; à estabilização da economia social e à melhoria da condição social de todos os relacionados” Natureza Jurídica do Direito do Trabalho Saber a qual o ramo do direito que precisamente encontra-se o direto do trabalho não é nenhum consenso, pois na atual Constituição Brasileira de 1988, o direito do trabalho é reconhecido no artigo 6º com se tratando de um Direito Social, no qual o Estado deve interferir de forma significativa, dai ser ramo do direito público. Há, entretanto, quem, doutrinariamente, reconheça que o Direito do Trabalho encontra-se envolto como direito privado. 1 - CASSAR. Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 3ª ed. Niterói. Editora Impetus. 2009a © Orangeline Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images 8 Unidade: Direito do Trabalho Segundo o pensamento de Arnaldo Sussekind2 , o direito do trabalho caracteriza-se como, de direito público: Os que defendem o enquadramento do Direito do Trabalho no Direito Público ponderam que, nas relações de trabalho, a livre manifestação da vontade das partes interessadas foi substituída pela vontade do Estado, o qual intervém nos mais variados aspectos dessas relações por meio de leis imperativas e irrenunciáveis. Já os que defendem que a sua natureza jurídica é de direito privado, despontam a questão de que as partes tem limites para pactuarem os contratos de trabalho, dando-lhes certa liberalidade. Fontes do Direito do Trabalho Podem ser consideradas como fontes do direito do trabalho, qualquer fundamento que lhe de garantia de sua origem. Ou seja, tudo que lhe garanta a existência, sejam as leis, jurisprudências, doutrina, interpretações analógicas, etc. Podem ser dividas em duas espécies, as denominadas fontes materiais e formais. Por Fontes Formais estas podem ser compreendidas como aqueles acontecimentos que dão origem aos regramentos jurídicos, advindo, por exemplo, de um fato social, econômico que faz surgir a norma o lhe interfira na sua interpretação. As chamadas fontes formais são as normas positivadas pelo legislador que interferem ou regulam as denominadas relações jurídicas, mais conhecidas como relações trabalhistas. Como um bom exemplo de fonte formal, pode ser citada à Constituição Federal. A Constituição Federal de 1988 dedicou-se aos direitos dos trabalhadores, como sendo do ponto de vista constitucional dos chamados direitos sociais em seus artigos 7° ao 11°, onde foram pontuados diversos fundamentos jurídicos, tão presentes no Direito do Trabalho, por exemplo, a validade das convenções coletivas de trabalho e proibiu a intervenção do Estado na organização sindical. Podem ser consideradas como fontes formais do direito do trabalho os tratados internacionais, as sentenças normativas, os acordos e convenções coletivas, os regulamentos das empresas, os contratos de trabalho, os costumes. Por determinação constitucional disposta no artigo 22 da Constituição Federal à competência para legislar sobre Direito do Trabalho é privativa da União Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; 2 - SÜSSEKIND, Arnaldo. Da Relação de Trabalho. FONTE: LTr 74-03/263 - 2010. Material da Aula 6ª daDisciplina: Atualidades em Direito do Trabalho, ministrada no Curso de Pós- Graduação Televirtual de Direito e Processo do Trabalho– Anhanguera-Uniderp | Rede LFG, 2011, p. 9-10. © Twmedia Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images 9 As Fontes Materiais são aquelas que dão compreensão às normas jurídicas, tais como o fato social, ou seja, qualquer coisa que ocorra na sociedade e mereça uma apreciação conjunta com as fontes formais do direito, por exemplo, uma crise econômica que interfere diretamente nas relações de trabalho, não sob o aspecto individual, mas sim coletivo. Estas podem ser chamadas de “necessidades coletivas”, podendo ser dividida em três espécies: 1. A necessidade de proteção tutelar Gerando um equilíbrio na relação patrão empregado com a intervenção do Estado. Exemplo: A crise econômica faz surgir à necessidade de contratos temporários de trabalho, a fim de reduzir o desemprego e os custos do trabalhador. 2. A necessidade da organização profissional Ou seja, a imposição de regras entre empregados e empregadores. Nela o Estado age impondo normas de coordenação, que permitem a empregados e empregadores certa liberdade e consequentemente a igualdade em contratar. 3. A necessidade de colaboração, decorrente da necessidade de obter uma forma de convivência entre o Estado, patrões e empregados, permitindo o enfretamento de graves problemas graves, tais como o desemprego e a superprodução. Exemplo seria a discussão sobre determinados direitos trabalhistas que devam ser interpretados de uma forma que responda como solução à uma crise econômica. Princípios do Direito do Trabalho Podemos entender que a expressão “Princípio” possa significar o início de algo ou alguma coisa, a origem, o começo, o que dá fundamento e orientação. Para o Direito “Princípio” pode ter o mesmo sentido ou núcleo da ciência jurídica, para a presente aula trará a base do Direito do Trabalho. Já conhecemos o significado do que vem a ser “Princípio”, agora vamos identificar alguns ligados ao Direito do Trabalho. Principio da Proteção Intimamente ligado ao Direito do Trabalho, seu caráter protetor à parte mais fraca na relação trabalhista. Tempos Modernos (Modern Times, 1936, de Charlie Chaplin) 10 Unidade: Direito do Trabalho Tem por objetivo assegurar à igualdade entre as partes respondendo ao objetivo de estabelecer um amparo preferencial a uma das partes, o “trabalhador”. Pode-se subdividir este princípio em outros três: 1. Aplicação da norma mais favorável; 2. Condição mais benéfica; 3. In dúbio pró-mísero. Princípio da Aplicação da Norma mais Favorável Significa que a norma ao ser aplicada deve levar em conta a mais favorável ao trabalhador. Vamos ver um exemplo a este respeito: A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT estabelece que o trabalhador noturno faz jus a um adicional de 20% sobre a hora normal, mas caso em uma Convenção Coletiva estabelecer que para certa categoria este trabalho seja remunerado com 50% sobre a hora normal, para esse casso aplica-se á disposição da norma convencional e não a CLT. Princípio da Condição mais Benéfica Segundo este princípio as denominadas cláusulas benéficas para o trabalhador não poderão ser suprimidas do contrato de trabalho ou removidas em caso da proposta de uma clausula menos benéfica. Tal Princípio encontra amparo em nossa Constituição Feral quando esta no artigo 5º inciso XXXVI trata do denominado Direito Adquirido, princípio este repetido no artigo 468 da CLT: Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade a cláusula infringente desta garantia. Parágrafo único: Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de confiança. Princípio do In Dúbio Pró-Mísero ou In Dúbio Pró-Operário Neste caso, havendo mais de uma interpretação a ser dada ao texto da norma legal, deve ser aplicada aquela que melhor atenda aos interesses do trabalhador. O mesmo também deve ser aplicado pelo operador do direito, o magistrado, em um determinado processo de causa trabalhista, sempre que pairar dividas, sobre quem de fato é o detentor do direito. 11 Princípio da Irrenunciabilidade aos Direitos Trabalhistas Não há qualquer liberalidade do trabalhador em renunciar seus direitos assegurados nas normas trabalhistas, nem tão pouco renunciar à proteção legal. Determina o artigo 9º da CLT: Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Desta forma, não pode o trabalhador, renunciar a férias, mesmo recebendo-as em dinheiro, não ter registro em carteira, etc. Princípio da Continuidade da Relação de Emprego Existe a presunção de que o trabalhador não deixa o emprego. Sempre que existir uma relação de trabalho, presume-se que esta será com vínculo de emprego. Ou seja, em caso de eventual demanda na Justiça do Trabalho o empregador deverá provar que o trabalhador não era seu empregado, mas exercia uma atividade para qual o suposto empregador não deliberava, podendo esta ser inclusive um trabalho autônomo. Princípio da Primazia da Realidade Para o Direito do Trabalho a muito importante levar-se em consideração o que ocorre no mundo real, ou seja, o fato oriundo da relação trabalhista. De tal sorte que o fato provado prevalece sobre documentos em sentido contrário. Exemplificando: Se um determinado trabalhador em uma reclamação alega que iniciou suas atividades laborais em 2010, mas a empresa discorda , pois na sua Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS, consta o ano de 2011, e o trabalhador fizer prova da data que aponta mediante prova testemunhal, irá prevalecer o ano de 2010 como inicio de sua relação trabalhista. Princípios do Direito do Trabalho Os sujeitos da relação trabalhista ou do denominado contrato de emprego são: o empregado e o empregador. Vamos analisa-los isoladamente. 12 Unidade: Direito do Trabalho Empregado O conceito de empregado pode ser entendido como aquele disposto no artigo 3º da CLT conceitua empregado como: “[...] toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. Do conceito mencionado podemos identificar 4 requisitos que formam à relação de empregado: 1. trabalho prestado por pessoa física; 2. não-eventualidade, ou seja assíduo; 3. subordinação jurídica (dependência de um contrato de trabalho); 4. pagamento de salário pela prestação do serviço. Empregador O artigo 2º da CLT, nos dá o conceito do que vem a ser empregador: “considera como empregador a empresa, individual ou coletiva, que assumindo da atividade econômica , admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço”. Não há como reconhecer a existência do Empregador se não diante de um contrato bilateral, onde se reconhece que se insere no contexto desta relação uma finalidade lucrativa, oriunda da produção, da distribuição e do consumo, seja de bens ou serviços, com o intuito de satisfazer as necessidades humanas. Os riscos no desempenho da atividade são assumidos pelo empregador é diante de bons ou maus resultados. Aqui também podemos citar as empresas de trabalho temporário, cuja atividade dispõe determinadas atribuições a serem realizadas num determinado espaço de tempo, contratando pessoas qualificadas para o serviço, as quais deverão ser remuneradas, no período laboral. O mencionado artigo 2º da CLT, em seu parágrafo 1º cria no âmbito legal uma figura jurídica que se equipara à condiçãode empregador: Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. De tal sorte enquadram-se na categoria de empregadores os profissionais liberais, tais como engenheiros, advogados, médico, etc, que além das instituições sem fim lucrativo e as associações recreativas admitam trabalhadores como empregados. © Hornpipe - Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images 13 Contrato de Trabalho O contrato individual de trabalho é um ajuste de vontades em que uma pessoa física (empregado) compromete-se a prestar de modo pessoal serviços não eventuais, subordinando-se a outrem (empregador), mediante o recebimento de salário. Pode também ser conhecido como um acordo tácito ou expresso, verbal ou escrito, por prazo determinado ou indeterminado, corresponde a uma relação de emprego, podendo ser objeto de livre estipulação dos interessados em tudo quanto não contravenha as disposições de proteção do trabalho, às convenções coletivas que lhe seja aplicável e as decisões de autoridades competentes. Tem por característica que uma pessoa física presta serviço não eventual a outra pessoa física ou jurídica, mediante subordinação hierárquica e pagamento de uma contraprestação denominada salário. (CLT, art. 442 e 443, caput) o artigo 442 da CLT define o conceito de contrato de trabalho:-” contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”. O objeto do contrato de trabalho é a prestação de serviço subordinado e não eventual do empregado ao empregador, mediante o pagamento de salário. Devem estar presentes os seguintes requisitos: 1. Continuidade - O trabalho deve ser prestado com continuidade. Assim, aquele que presta serviços apenas eventualmente não é empregado. 2. Subordinação - o empregado exerce sua atividade com dependência ao empregador, por quem é dirigido. Tal subordinação pode ser econômica, técnica, hierárquica, jurídica ou até mesmo social. O0 empregado é subordinado economicamente ao empregador por depender do salário que recebe. 3. Onerosidade – o trabalho não é gratuito o contrato de trabalho, mas oneroso. Assim, o empregado recebe salário pelos serviços prestados ao empregador. 4. Pessoalidade - o Contrato de trabalho é intuitu personae, ou seja, realizado com certa e determinada pessoa. O Empregado não pode fazer-se substituir por outra pessoa, sob pena do vínculo se formar com a última. Direitos dos Trabalhadores Aviso Prévio Para o Direito do Trabalho o “Aviso Prévio” é utilizado nos contratos por prazo indeterminado, quando da rescisão do pacto laboral. Ocorre quando um dos contratantes, empregador ou empregado, quiser de modo imotivado romper a relação contratual, devendo para isso comunicar ao outro, com certa antecedência mínima, de modo que o avisado disponha de um prazo de tempo para se ajustar. © Andresr - Dreamstime Stock Photos & Stock Free Images 14 Unidade: Direito do Trabalho Trata o artigo 487 da CLT: Art. 487 - Não havendo prazo estipulado, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o contrato deverá avisar a outra da sua resolução com a antecedência mínima de: I - 3 dias, se o empregado receber, diariamente, o seu salário; II - 8 dias, se o pagamento for efetuado por semana ou tempo inferior; Importante destacar o que trata a Lei nº 12.50, de 11 de outubro de 2011, ao tratar do Aviso Prévio: Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço É a Lei nº 8.036, de 11de maio de 1990 que trata atualmente sobre, o FGTS, tendo por objetivo de ser um pecúlio disponibilizado quando da aposentadoria ou morte do trabalhador, representa uma garantia para a indenização do tempo de serviço, nos casos de demissão imotivada. Os empregadores depositam em nome dos seus empregados e vinculadas ao contrato de trabalho, o valor correspondente a 8% do salário de cada funcionário. Jornada de trabalho Trata-se do período diário durante em que o trabalhador fica à disposição da sua empresa. No Brasil, a jornada de trabalho esta regulamentada na Constituição Federal, e não podendo 8 horas diárias, e não considera o período de repouso e refeição, e o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho, como fazendo parte das horas de trabalho. Horário Noturno É considero com trabalho noturno as atividades urbanas de trabalho realizadas entre as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte. No tocante às atividades rurais, estas serão consideradas noturnas quando o trabalho na lavoura se der entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte, e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00 horas do dia seguinte. 15 Adicional Noturno O adicional noturno trata-se da importância que deve ser acrescida à remuneração do empregado quando da realização de trabalho noturno. O motivo que fundamenta este adicional esta ligado a propiciar uma compensação ao natural desgaste físico maior do trabalhador, em horário normalmente determinado para o seu repouso. Este adicional esta regulamentado no artigo 73 da CLT que especifica que o trabalhador noturno terá remuneração superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo menos, sobre a hora diurna. A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos. Considera-se noturno, o trabalho executado entre as 22 (vinte e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte. Hoje o cálculo para adicional noturno, é de 20% encima da hora normal trabalhada. Para o trabalhador rural existe uma norma específica no tocante ao adicional de horas noturnas, disposto na Lei nº 5.889, de 08 de Junho de 1973, onde assim dispõe seu artigo 7º: Art. 7º - Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho noturno o executado entre as vinte e uma horas de um dia e as cinco horas do dia seguinte, na lavoura, e entre as vinte horas de um dia e as quatro horas do dia seguinte, na atividade pecuária. Parágrafo único. Todo trabalho noturno será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento) sobre a remuneração normal. Repouso semanal remunerado O repouso semanal remunerado é direito consagrado na Constituição Federal sendo delimitado em 24 (vinte e quatro) horas consecutivas, concedido preferencialmente aos domingos, além de ser garantido também ao trabalhador urbano, rural (Artigo 7 inciso XV , da Constituição Federal). 13º salário A então gratificação de Natal implantada no Brasil em 1962 com o advento da Lei nº 4.090, é hoje o conhecido 13º salário. Este direito é assegurado a todo aquele que trabalhar o mínimo de 15 dias com carteira assinada tem direito. O pagamento do 13º salário poderá ser feito em duas parcelas. A primeira é o chamado adiantamento, que corresponde à metade do salário recebido no mês anterior e deve ser pago entre fevereiro e novembro de cada ano, segundo escolha do empregador. No caso da segunda parcela, que deve ser paga até 20 de dezembro. 16 Unidade: Direito do Trabalho Caso o trabalhador e não tenha completado um ano de serviço, o 13º salário é proporcional, calculado dividindo-se o valor da remuneração no mês de dezembro por 12e multiplicando-se o resultado pelo número de meses trabalhados. Férias É direto de todo empregado o gozo de um período de férias anualmente, sem prejuízo da remuneração. A cada doze meses, o trabalhador faz jus a um período de férias, este período é denominado como aquisitivo. O valor da remuneração das férias corresponde ao de um mês de trabalho, mais um terço, parcela esta introduzida pela norma do artigo 7º da Constituição Federal. Férias proporcionais No tocante às denominadas férias proporcionais sua previsibilidade encontra-se no artigo 146, parágrafo único e no artigo 147, ambos da CLT: Art. 146. (…) Parágrafo único. Na cessação do contrato de trabalho, após 12 meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na proporção de 1/12 por mês de serviço ou fração superior a 14 dias. Art. 147. O empregado que for despedido sem justa causa, ou cujo contrato de trabalho se extinguir em prazo predeterminado, antes de completar 12 meses de serviço, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de conformidade com o disposto no artigo anterior. Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário. Nossa Constituição Federal de 1988 no seu artigo. 7º, inciso XVIII, concede o mencionado direito dizendo:”licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias”. O artigo 392 da mesma CLT estipula um período de 120 dias, sendo 28 dias antes e 92 após o parto, podendo excepcionalmente ser estendido por mais duas semanas antes e duas após, segundo critérios médicos. Já o artigo 393 da citada consolidação garante à mulher o direito ao salário integral e quando variável, calculado de acordo com a média dos 6 (seis) últimos meses de trabalho. 17 Estabilidade provisória empregada gestante O artigo 10, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT estipula que até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o artigo 7º, inciso I, da Constituição Federal, fica proibida a dispensa da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. A licença-paternidade A licença-paternidade possibilita ao trabalhador ausentar-se do serviço, com o intuito de auxiliar a mãe de seu filho, que não precisa ser necessariamente sua esposa, no período de puerpério (período que se segue ao parto até que os órgãos genitais e o estado geral da mulher retornem à normalidade) e também registrar seu filho. Art. 7º da Constituição Federal: São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; Vale Transporte O denominado Vale-Transporte constitui-se em benefício que o empregador antecipará ao trabalhador as despesas de deslocamento da residência para o trabalho e vice-versa. Este deslocamento corresponde à soma dos segmentos componentes da viagem do beneficiário, por um ou mais meios de transporte, entre sua residência e o local de trabalho. Não existe norma que estipule à distância mínima para que seja obrigatório o fornecimento do Vale Transporte, desta forma mesmo que o empregado utilize do transporte coletivo, para uma mínima distância, o empregador será obrigado a fornecê-lo. Seguro desemprego O seguro-desemprego é uma assistência financeira temporária ao trabalhador demitido sem justa causa. O benefício hoje integra o Programa do Seguro-Desemprego, auxilia o cidadão a manter ou buscar emprego, por meio de ações de orientação, recolocação e qualificação profissional. Assim, o trabalhador que for dispensado sem justa causa receberá o empregador o Requerimento do Seguro-Desemprego devidamente preenchido, que assegurará o beneficio. 18 Unidade: Direito do Trabalho Homologação do Contrato de Trabalho A denominada homologação da rescisão de contrato de trabalho tem por escopo orientar e esclarecer empregado e empregador do cumprimento da lei, bem como conferir o pagamento das parcelas correspondentes na rescisão contratual. A homologação será obrigatório nos contratos de trabalho firmados há mais de 1 (um) ano, inclusive nos casos quando o aviso prévio indenizado resultar em mais de um ano de serviço. Art. 477 - É assegurado a todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e quando não haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direto de haver do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido na mesma empresa. 1º - O pedido de demissão ou recibo de quitação de rescisão, do contrato de trabalho, firmado por empregado com mais de 1 (um) ano de serviço, só será válido quando feito com a assistência do respectivo Sindicato ou perante a autoridade do Ministério do Trabalho e Previdência Social. § 2º - O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas, relativamente às mesmas parcelas. § 3º - Quando não existir na localidade nenhum dos órgãos previstos neste artigo, a assistência será prestada pelo Represente do Ministério Público ou, onde houver, pelo Defensor Público e, na falta ou impedimento deste, pelo Juiz de Paz. § 4º - O pagamento a que fizer jus o empregado será efetuado no ato da homologação da rescisão do contrato de trabalho, em dinheiro ou em cheque visado, conforme acordem as partes, salvo se o empregado for analfabeto, quando o pagamento somente poderá ser feito em dinheiro. Quadro Resumo do Direito dos Trabalhadores Trabalhadores Urbanos Rurais Aviso prévio 30 dias havendo uma redução de 2h da jornada diárias ou descanso durante 7 dias no decorrer do aviso. De 30 dias, devendo existir 1 dia de folga por semana. FGTS A alíquota de 8% sobre o salário do empregado. A alíquota de 8% sobre o salário do empregado. 19 Jornada Não superior a 8 horas diárias com um total de 44 horas semanais. Não superior a 8 horas diárias com um total de 44 horas semanais. Horário noturno Considerado entre às 22h e 5h Considerado entre às 20h e 4h para o trabalhador rural da pecuária e entre às 21h e 5h para o agrícola Adicional noturno Acréscimo de uma alíquota de 20%. Acréscimo de uma alíquota de 25%. Repouso semanal remunerado, Devendo existir 1 vez a cada 3 semanas aos domingos. Concedido preferencialmente aos domingos. 13º salário Farão jus Farão jus Férias De 30 dias acrescidas de 1/3 do salário. De 30 dias acrescidas de 1/3 do salário Férias proporcionais Farão jus Farão jus Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário Será de 120 dias. Haverá o pagamento do salário- maternidade pela empresa terá direito à compensação a esta nos recolhimentos à previdência social). Será de 120 dias. Haverá o o pagamento do salário- maternidade pela empresa terá direito à compensação a esta nos recolhimentos à previdência social). Estabilidade provisória empregada gestante A contar da a confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto. A contar da a confirmação da gravidez até 5 (cinco) meses após o parto.. Licença- paternidade De 5 dias corridos de acordo com o artigo 10 do ADCT. De 5 dias corridos de acordo com o artigo 10 do ADCT. Vale-Transporte Será de até 6% do salário contratado. Será de até 6% do salário contratado. Seguro- Desemprego Quando da dispensa sem justa causa. Quando da dispensa sem justa causa. Homologação Homologar a rescisão do contrato de trabalho com mais de 1 ano deprestação de serviços. Homologar a rescisão do contrato de trabalho com mais de 1 ano de prestação de serviços. 20 Unidade: Direito do Trabalho Material Complementar No estudo do Direto Trabalho, é fundamental sabermos como se dá a rescisão do contrato de trabalho, pondo fim à relação trabalhista. Entretanto, a lei hoje assegura certos direitos aos trabalhadores que não podem deixar de ser observados pelo empregador, a fim de se eximir do cumprimento da legislação. Explore Veja uma questão importante no tocante a essa relação, visitando o sítio na rede mundial de computador, para isso clique no seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=65ckwuSox4A 21 Referências BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 out. 1988. Senado Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. CARRION, Valentim . Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho. São Paulo. Editora Saraiva. 28a edição atualizada por Eduardo Carrion. 2003. GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Élson. Curso de direito do trabalho. 18º ed Rio de Janeiro:Forense, 2007. OLIVEIRA, Aristeu de. Cálculos trabalhistas – 22ª. ed. – São Paulo: Atlas, 2011. MANUS, Pedro Paulo Teixeira. Direito do Trabalho. 8ª. ed. São Paulo, Atlas: 2003. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso do Direito do Trabalho. São Paulo, Editora Saraiva, 16ª Ed., 1999. ________________. Iniciação ao Direito do Trabalho. São Paulo, Editora LTr, 29a edição, 2003. REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. 20ª. ed. São Paulo: Saraiva, 1993. SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1991. 22 Unidade: Direito do Trabalho Anotações www.cruzeirodosulvirtual.com.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 CEP 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000
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