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2 Noções de Gnoseologia origem do conhecimento

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Noções de gnoseologia:
Origem do conhecimento 
Filosofia
ORIGEM DO CONHECIMENTO
Miguel Reale, em sua obra Filosofia do Direito, desenvolve suas noções de gnoseologia, onde iremos destacar, mais especificamente nessa aula, a origem do conhecimento, no Capítulo VIII. 
Inicia afirmando: entre “os problemas propostos pela Gnoseologia, temos o concernente à origem do conhecimento” que nos submete às seguintes indagações:
“Onde o homem vai buscar os elementos de seu conhecimento? Quais os elementos que contribuem a formá-lo e em que medida?” (2002, p. 87). Para tentar responder tais indagações há três correntes: o empirismo, o racionalismo e o criticismo. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
Designa-se empirismo todas as correntes de pensamento que sustentam ser a experiência a única origem do conhecimento. 
O empirismo nasceu com John Locke (1632-1704), onde ele explica que tudo que se conhece origina-se das sensações, cujos sentidos ao entrarem em contato com a realidade geram elementos para a elaboração das ideias. 
Desta forma, não há nada no intelecto que não tenha passado pelos sentidos, ou seja, o conhecimento é oriundo a posteriori, ou seja, posterior à experiência. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
Reale ressalta que Locke ao estabelecer que o conhecimento origina-se da experiência não desconsiderou outras formas de conhecimento anterior à experiência (a priori). 
Para Locke “há verdades universalmente válidas, como as verdades matemáticas, cuja validez não se baseia na experiência, mas sim no pensamento mesmo”. 
Assim, observa-se em Locke, a administração de uma esfera de validade lógica a priori e, portanto, não empírica, não sendo ele um empirista integral (2002, p. 89). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
John Stuart Mill (1806-1873), entende que até o conhecimento matemático advém da experiência, onde destaca que a indução é o único método científico que resulta todos os conhecimentos científicos. 
Nesta perspectiva as verdades matemáticas são resultados de generalizações oriundas de dados da experiência. 
Há o empirismo, sob a rubrica do fisicalismo, que subordina todas as formas de conhecimento aos dados empíricos, segundo o modelo da Física, onde destacam que “a observação sensível é a primeira fonte e o último juízo do conhecimento [...]” (2002, p. 90). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
Os empiristas modernos e contemporâneos não resumem o conhecimento às sensações (sensismo), porém se mantém “fiéis à ideia fundamental de que o conhecimento é principalmente uma elaboração de elementos que a experiência fornece”
Nessa perspectiva, “o conhecimento intelectual não diferiria, por conseguinte, do conhecimento sensível, quanto ao conteúdo: - a matéria seria sempre fornecida inicialmente pela experiência imediata” (REALE, 2002, p. 90). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
Para “o empirista, todas as ciências obedecem a uma única estrutura”; ciências sociais e naturais ajustam-se a uma mesma metodologia, procurando satisfazer a iguais condições de verificabilidade (2002, p. 90).
 
Reale distingue três tipos de empirismo: Empirismo Integral, Empirismo Moderado e Empirismo Científico. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
Empirismo integral – “reduz todos os conhecimentos, inclusive os matemáticos, à fonte empírica” (Hume, Stuart Mill e alguns positivistas contemporâneos), onde nesse tipo destaca-se o sensismo ou sensualismo que reduz toda a forma de conhecimento à experiência sensível;
Empirismo moderado ou genético-psicológico – “explica a origem temporal dos conhecimentos a partir da experiência”, mas não reduz todo o conhecimento às sensações, admitindo juízos analíticos, entendidos como “aqueles cujo predicado está contido no sujeito e que assim sendo, são a priori” – o triangulo tem três lados (Locke);
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
Empirismo científico – “só admite como válido o conhecimento oriundo da experiência ou verificado experimentalmente, atribuindo aos juízos analíticos significações de ordem formal enquadradas no domínio dos enunciados lógicos, em essencial conexão com a linguagem peculiar a cada tipo de ciência” (neopositivismo).
 
Reale destaca que todas as tendências do empirismo partem da “tese de que todo e qualquer conhecimento sintético tem sua origem na experiência e só é válido quando verificado por fatos metodicamente observados, [...] embora sua validade lógica possa transcender o plano dos fatos observados” (2002, p. 88).
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
Empirismo e Direito
Reale diz que os “empiristas sustentam que o direito é um fato que se liga a outros fatos através de nexos de causalidade”. 
A regra jurídica deriva dos fatos (econômicos, geográficos, demográficos, raciais etc.) a partir de laços de causalidade. 
Até mesmo “os princípios mais gerais do direito seriam afinal redutíveis a fontes empíricas” (2002, p. 92). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
A Filosofia do Direito estuda a determinação dos nexos existentes entre fato e a regra jurídica buscando responder estas questões:
 
Há uma relação de causa e efeito entre fato e lei jurídica? 
O fato é causa ou apenas condição do direito? 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: Empirismo
O positivismo jurídico, que adota o método das ciências naturais, rechaça a metafísica no direito, estabelecendo que esse deveria das fontes sociais, e não da concepção de justiça.
O realismo jurídico é um exemplo de positivismo jurídico que rejeita qualquer concepção metafísica, se preocupando com o desenvolvimento de uma ciência empírica, por meio da qual possamos descobrir a realidade social do direito. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Esta corrente estabelece o papel preponderante da razão no processo cognoscitivo, desconsiderando, assim, à redução do conhecimento aos fatos ou às experiências.
O racionalismo reconhece que o fato é um elemento indispensável como fonte do conhecimento, mas sustenta a tese de que os fatos não são a única fonte de todos os conhecimentos. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Essa corrente estabelece o papel preponderante da razão no processo cognoscitivo, entendendo que o conhecimento verdadeiro ou autêntico é aquele que possui validade universal. 
A tese racionalista é que os seres humanos possuem um conhecimento a priori, ou seja, um conhecimento que é anterior à experiência.
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Os racionalistas entendem que o juízo que possui necessidade lógica e validade universal é aquele proveniente da razão. 
Por exemplo: os juízos “o todo é maior que a parte” e “todos os corpos são extensos” são juízos que possuem necessidade lógica e validade universal. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Os juízos “todos os corpos são pesados” e “a água ferve a 100 graus” expressam apenas suposições, pois a água, por exemplo, pode ferver em uma temperatura menor ou maior que 100 graus, bem como o conceito de corpo não contém em si o predicado peso, não possuindo, assim, necessidade lógica e validade universal, ficando estes juízos dependentes da experiência.
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
O racionalismo moderno, desde Descartes (1596-1650), prende-se ao inatismo, como capacidade autônoma do espírito para elaborar ideias. 
Descartes afirmava que o homem tem ideias inatas que servem de fundamento lógico a todos os elementos com que nos enriquecem a percepção e a representação. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Para Descartes, a razão é a única instância com valor para o homem, pois é comum a todos eles. 
Para ele, o homem, como substância finita, é um ser pensante fundamentado por Deus, que é uma substância infinita. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Segundo Descartes, a alma racional dispõe de um arcabouço de “ideias” implantado por Deus, inclusive a própria ideia de Deus, bem como dos elementos matemáticos
perfeitos, cujos conteúdos são formas a priori em que o sujeito cognoscente toma conhecimento sem necessitar da experiência.
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
O racionalismo cartesiano defende a tese metafísica do inatismo platônico como capacidade autônoma do espírito para elaborar ideias, garantindo que o homem tem ideias inatas que servem de fundamento lógico a todos os elementos que enriquecem a percepção.
Mas o homem possui apenas algumas ideias inatas, ou seja, somente aquelas que são capazes de pensar e de compreender as essências verdadeiras e imutáveis das coisas. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Entre os filósofos racionalista, Reale destaca Leibniz (1646-1716), que, em sua obra Novos Ensaios Sobre o Entendimento Humano, ressalta que nem todas as verdades são verdades de fato. 
Leibniz distingue verdades de fato e verdades de razão. Há na inteligência formas de conhecimento proveniente dos sentidos (verdades de fato), mas há aquelas que provem dela mesmo (verdades de razão). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Para Leibniz, a inteligência não pode ser concebida como uma “tabula rasa”, onde as sensações são registradas, conforme o empirismo. 
A inteligência tem uma função ordenadora do conteúdo que as sensações apreendem; tem função e valor próprios, dotada de verdades que os fatos não explicam. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
As verdades de razão apresentam os princípios de identidade e de razão suficiente (tudo que acontece tem uma causa ou um motivo), princípios racionais que sem eles não seria possível explicar a realidade empírica; 
As verdades de razão são inerentes ao próprio pensamento humano e dotadas de validades universais. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
As verdades de fato são contingentes e particulares, onde há sempre a possibilidade de correção, sendo válidas somente em determinados limites; os resultados são sempre provisórios e sujeitos a retificações e verificações constantes. 
Em suma, as verdades de razão não se originam do fato, mas constituem condições do pensamento, pois busca conhecer aquilo que está nos fatos ou que se revela neles.
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Se o empirismo se orienta no sentido do fato fundante, o racionalismo se orienta no sentido da ideia fundante, onde a razão por si mesma atinge. 
Para Leibniz não há necessariamente ideias inatas, mas aptidões para alcançar ideias fundantes, sendo essa atitude racionalista denominada de metafísica, concebendo a realidade como racional. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Uma forma de racionalismo é o intelectualismo que é uma corrente originada de Aristóteles que reconhece a existência de verdades de razão, atribuindo á inteligência uma função positiva de ordenadora dos elementos sensoriais, extraindo delas conceitos.
O intelectualismo não admite as ideias inatas, negando que a razão contenha, em si mesma, verdades universais, porém as atinges a partir dos fatos particulares que o intelecto coordena. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
É dos elementos sensoriais ou empíricos que o intelecto extrai os conceitos, selecionando-os e elevando-os ao plano da pura validade racional por meio de um processo de generalização e de abstração. 
O intelecto não registra passivamente as impressões oriundas as experiência, como um máquina fotográfica, mas age de forma positiva subordinando os elementos empíricos de forma a captá-los na sua essência para alcançar os significados universais (conceitos). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
O intelectualismo, diz Reale, “marca uma ramificação do racionalismo, porque é sempre a razão que empresta validade lógico-universal ao conhecimento, muito embora este não possa ser concebido sem a experiência”.
Se “o intelectualismo tudo condiciona à experiência, dela se afasta uma vez atingidos os princípios fundantes [...] graças a processos puramente lógico-dedutivos” (2002, p. 96). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Racionalismo e Direito
Os racionalistas, diz Reale, “sustentam que, acima ou ao lado de um direito empírico, desenrolado na experiência, existe um Direito Ideal, Um Direito Racional, ou um Direito Natural” (2002, p. 97), que se constitui no fundamento das leis positivas. 
 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Para os racionalistas, “o Direito Natural é um direito inerente à razão, como conjunto de ‘princípios inatos’ a, todos os homens”;
Para os intelectualistas, não há direitos inatos, “mas apenas princípios universais que a razão elabora servindo-se dos elementos da experiência” (2002, p. 97). 
 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Por ser o direito empírico mutável, “variando de lugar para lugar, de época para época”, há um direito acima deste que é ideal e imutável. 
A concepção da existência de um Direito Natural, como uma exigência de razão, surge na antiguidade, onde Aristóteles já afirmava que ao lado do direito mutável há um direito que em todas parte apresenta a mesma força; um direito vinculado à natureza do homem. 
 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: racionalismo
Em suma, entre os elementos do conhecimento, sujeito e objeto, o racionalismo estabelece que o conhecimento verdadeiro provém do Sujeito; o empirismo, por outro lado, estabelece que se origina do Objeto. 
 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: CRITICISMO
Se o empirismo e o racionalismo buscam responder a pergunta quanto a origem do conhecimento a partir e um dos elementos do conhecimento, o criticismo responde que a origem do conhecimento está na relação entre sujeito e objeto. 
 
SUJEITO
OBJETO
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
O Criticismo, segundo Reale, é “um estudo metódico prévio do ato de conhecer e dos modos de conhecimento”; é “uma disposição metódica do espírito no sentido de situar, preliminarmente, o problema do conhecimento em função da correlação ‘sujeito-objeto’, indagando de todas as suas condições e pressupostos” (2002, p. 100). 
Kant (1724-1804) diz que o conhecimento não pode prescindir da experiência (objeto) por esta fornecer o material cognoscível (não há conhecimento da realidade sem intuição sensível). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Por outro lado, diz que o conhecimento de base empírica não pode prescindir de elementos racionais, pois para adquirir validade universal se faz necessário que os dados sensoriais sejam ordenados pela razão (Sujeito). 
Para Kant, “os conceitos sem as intuições (sensíveis) são vazios; as intuições sem os conceitos são cegos”. 
Para Kant, “o nosso espírito condiciona a experiência e é, concomitantemente, despertado por ela [...]”
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Diferentemente do racionalismo, que trata os fatores a priori como conteúdo do conhecimento, o criticismo vê-lo como forma. 
Para o criticismo, a forma recebe o seu conteúdo da experiência.
Os fatores apriorísticos assemelham-se, num certo sentido, a recipientes vazios que a experiência vai preenchendo com conteúdos. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
FATORES APRIORÍSTICO =
EXPERIÊNCIA =
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Entretanto, o fator a priori não provém da experiência, mas do pensamento, da razão.
A Razão conduz as formas a priori até o material da experiência e determina, assim, os objetos do conhecimento.
O pensamento não se comporta passivamente ante à experiência, mas de maneira ativa.
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
FATORES APRIORÍSTICO =
EXPERIÊNCIA =
OBJETO DO CONHECIMENTO =
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
O material do conhecimento provém da experiência e a forma da razão. 
Os materiais são desprovidos de ordem, fazendo com que o pensamento produza a ordem na medida que conecta os conteúdos sensíveis uns aos outros, fazendo com que eles se relacionem. 
Isto ocorre por meio das formas da intuição e do pensamento: espaço e tempo. 
ORIGEM
DO CONHECIMENTO: criticismo 
RAZÃO OU FORMA DO CONHECIMENTO =
MATERIAL DO CONHECIMENTO =
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
A relação entre sujeito e objeto, entre intelecto e experiência, se dá de forma transcendental, “que é algo cuja anterioridade lógica em relação à experiência só se revela no decorrer da observação dos fatos, ou seja, por ocasião da experiência mesma”.
É na experiência “que o espírito se dá conta de ser portador de formas e categorias condicionantes da realidade cognoscível” (p. 101). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
FATORES APRIORÍSTICO =
EXPERIÊNCIA =
OBJETO DO CONHECIMENTO =
TRANSCENDENTALISMO
TRANSCENDENTALISMO
TRANSCENDENTALISMO
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Conforme Reale, “É em contato com a experiência, mas não tão-somente graças a ela, que o espírito se revela na autoconsciência de suas formas a priori, que torna possível o contato com a experiência mesmo” (p. 101). 
Segundo Reale, “na explicação crítico-transcendental, o conhecimento só se opera validamente e se conclui, quando o pólo negativo (elemento empírico) se encontra com o pólo positivo (entendimento), fechando o circuito do conhecimento [...]” (p. 101). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
CIRCUITO DO CONHECIMENTO
PÓLO NEGATIVO
ELEMENTO EMPÍRICO
PÓLO POSITIVO
(ENTENDIMENTO)
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
No criticismo, conhecer “é unir um elemento material de ordem empírica e intuitiva ao elementos formais de ordem intelectual, elementos estes que são a priori em relação aos dados sensíveis, cuja ordenação possibilitam” (p. 101-102). 
Segundo Kant, “O homem conhece, contribuindo construtivamente para o ato de conhecer, operando a síntese de matéria e forma”. Assim, o conhecimento “envolve sempre uma contribuição positiva e construtora por parte do sujeito cognoscente” (p. 102). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Há no espírito humano formas a priori da sensibilidade como o tempo e espaço. 
Para Kant, tempo e espaço não existem fora do sujeito, pelo contrário, são intuições puras, condições ou forma a priori da sensibilidade.
Tempo e espaço são condições do conhecimento. Eles se constituem em lentes às quais percebemos as coisas. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Kant “diz que nós nos iludimos pensando que as coisas se encontram no espaço ou que os fatos se desenrolam no tempo” (103).
Para ele, tempo e espaço não existem fora do sujeito, pois são formas de nossa sensibilidade interna ou externa: tempo e espaço são condições de conhecimento.
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Tempo e espaço são lentes pelas quais realizamos a síntese das percepções.
O espírito humano, quando apreende as coisas, só o faz através de seus crivos espaço-temporais.
O entendimento, por sua vez, ao receber “o material das sensações, enlaça os dados sensíveis segundo conceitos fundamentais ou categorias a priori” (p. 104). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Ao mostrar sua doutrina do espaço e do tempo, Kant demostrou a insuficiência do empirismo, que busca subordinar a validade do conhecimento aos fatos particulares.
Para Kant, “qualquer observação de um fato está subordinada a condições que são próprias do sujeito cognoscente”. 
“A própria sensação visual e auditiva já é condicionada por algo que pertence ao sujeito, ou seja, pelas formas a priori do espaço e do tempo” (p. 105). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Kant, estabeleceu a distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos. 
Juízos analíticos: são a priori, dotados de validade universal e necessária, independente da experiência: o seu valor é meramente explicativo. 
Nos juízos analíticos o predicado já está incluído no sujeito, sendo puramente vazios, formais ou destituídos de conteúdos: o triângulo tem três lados.
 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Juízos sintéticos: são a posteriori, dotados de validade particular e contingente, pois o predicado não está contido no sujeito, mas traduz uma acréscimo às conotações deste: o livro é encadernado. 
Os juízos sintéticos são frutos da experiência, onde há um enlace lógico entre sujeito e predicado, estando subordinado à particularidade e à contingência.
Kant faz menção a um terceiro juízo: Juízos sintéticos a priori.
 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Os Juízos sintéticos a priori são próprios da ciência, “que participam, ao mesmo tempo, da validade universal e a priori dos juízos analíticos, assim como da natureza produtiva ou aditiva dos juízos sintéticos” (p. 107).
A ciência quando desenvolve um enunciado acerca da realidade “possui uma validade necessária, que ultrapassa os limites ou o âmbito em que se contenha os dados experimentados” (p. 107). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
A ciência formula juízos com base na experiência, dotando-a de uma validade que a transcende, a partir da estrutura da consciência cognoscente.
A consciência cognoscente “é concebida como sendo dotada de um poder originário e a priori de síntese, que atua com ‘formas da sensibilidade’ e com ‘categorias ou conceitos funcionais do entendimento’, ordenando os ‘dados’ das sensações e enlaçando-os constitutivamente, afinal, na unidade lógica e integrante dos juízos sintéticos a priori” (p. 107). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Para Reale, o que há de essencial na gnoseologia de Kant “é essa concepção do espírito humano como transcendentalmente capaz de instaurar enlaces lógicos, sinteticamente superadores e necessariamente válidos, em confronto com os dados de experiência em que se baseiam (p. 107-108). 
O a priori kantiano não equivale à concepção de ideias inatas, mas “ao que é independente da experiência individual” (p. 108). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
O a priori representa, ao mesmo tempo, a forma legal ou constitutiva da experiência, pois é a consciência cognoscente que cria de certa maneira os objetos, segundos leis que lhe são anteriores e próprias, ordenando o mundo disperso ou informe das sensações recebidas, segundo as formas do espaço e do tempo. 
Kant diz “que há formas e categorias a priori em nosso espírito, na sensibilidade e na inteligência, com a função legisladora da realidade”. Ou seja, “o espírito já é portador de esquemas ou leis a priori [...]” (p. 109). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Para Kant “não há na razão ideias inatas, mas certas formas ou categorias puras que condicionam a experiência, revelando-se em função dela: - a experiência só é possível em virtude daqueles esquemas” (p. 109). 
Segundo Reale, “o eu transcendental kantiano ficou reduzido a esquemas racionais imutáveis em uma tomada de posição invariável e universal em face de todas as experiências possíveis”. (110).
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Kant, conforme Reale, “esquematizou o sujeito cognoscente, cerrando-o nas formas puras da sensibilidade e nos conceitos rígidos do entendimento, não atendendo à condicionalidade social e histórica de todo conhecimento” (110).
A gnoseologia kantiana, segundo Reale, “limita-se ao plano puramente especulativo”, ficando fora dela o elemento valor, “o qual deve sujeitar-se o sujeito à indagação crítico-transcendental” [...]. Ou seja, não há o contraste entre a experiência cognoscente e a experiência ética. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Outra crítica de Reale ao criticismo kantiano é com a ausência da historicidade do sujeito cognoscente, ou seja, com a integração do sujeito ao mundo circundante. 
Kant buscou apenas “conciliar empiria e razão, através de uma composição, de uma síntese, vendo na razão uma forma e nos dados da intuição sensível um conteúdo” (p. 113). 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
CRITICISMO E DIREITO
A influencia de Kant na Filosofia Jurídica a partir do século XX foi de importância fundamental.
Influenciou teóricos como Rudolf Stammeler, Giorgio Del Vecchio e Hans Kelsen. 
Kant também influenciou a Filosofia
Jurídica de Reale, e sua teoria tridimensional do Direito. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Kant defini o Direito a partir do elemento a priori, onde somente no momento da aplicação surgem os elementos empíricos. 
Os elementos empíricos, originários da experiência, não assumem nenhuma fundamentação, pois o conceito de Direito é um conceito puro, porém direcionado para a prática. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
O Direito na doutrina kantiana assume um viés descritivo, contudo de natureza não meramente empírico. 
Todavia, o elemento descritivo contém no conceito de Direito a condição de aplicação. 
O Direito deve antes de toda a experiência possibilitar a convivência das pessoas, ou seja, daquelas capazes de imputação. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Kant define Direito como “o conjunto das condições sob as quais o arbítrio de um pode ser reunido com o arbítrio do outro segundo uma lei universal da liberdade”. 
Para Kant as relações jurídicas racionais não resultam de condições empíricas, mas da razão prática pura (a priori). 
Kant julga as leis a partir de sua legitimidade, sendo racionais ou legítimas as prescrições jurídicas que garantem a compatibilidade da liberdade de um com a liberdade de todos os demais. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Ao conceito kantiano de Direito está a faculdade de coagir, sendo esta um elemento irrenunciável e válido a priori. 
Sem a faculdade coercitiva não é possível conceber um ordenamento jurídico destinado a garantir a convivência de liberdade. 
Ou seja, esta faculdade segue-se diretamente da tarefa do Direito de possibilitar a convivência das liberdades externas. 
ORIGEM DO CONHECIMENTO: criticismo 
Kant separa o mundo jurídico do mundo moral. 
QUADRO RESUMO DAS CORRENTES QUANTO A ORIGEM DO CONHECIMENTO 
EMPIRISMO
RACIONALISMO
CRITICIISMO
EXPERIÊNCIA
RAZÃO
RAZÃO-EXPERIÊNCIA
OBJETO
SUJEITO
SUJEITO-OBJETO
A POSTERIORI
A PRIORI
TRANSCENDENTAL
DIREITO POSITIVO
DIREITO RACIONAL
DIREITO TRANSCENDENTAL

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