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DIREITOS DAS COISAS
	CONCEITO: Ramo do Direito Civil que tem como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas determinadas ou determináveis. Coisa é uma espécie de bem, de natureza corpórea e suscetível de medida de valor. Bem é gênero, abrangendo tudo aquilo que satisfaz a necessidade humana
	Direito das Coisas (campo metodológico): Carlos Roberto Gonçalves, Maria Helena Diniz, Washington de Barros Monteiro, Flávio Tartuce.
	Direitos Reais (relações jurídicas em si – cunho subjetivo): Caio Mário, Orlando Gomes, Sílvio de Salvo Venosa, Cristiano Chaves de Faria, Nelson Rosenvald.
	Teoria realista ou clássica: é aquela que estabelece que há uma relação de dominação entre o dono e a coisa.
Teoria personalista: outros dizem que há uma vinculação sempre entre sujeitos, nunca entre sujeito e coisa. Assim, explicam a relação de direito real como: um titular de direito real faz nascer uma oponibilidade erga omnes, o dever de respeito que a sociedade teria em relação a esse direito.
DIREITOS SUBJETIVOS: quando falamos da categoria dos direitos subjetivos eles podem ser de índole patrimonial ou não patrimonial (existenciais). 
 Existenciais: só há uma espécie de direitos subjetivos existenciais, que são os direitos da personalidade, que nada mais são do que o conjunto de atributos inerentes á condição de ser humano (art. 11 a 21 do CC). Têm como características:
- são absolutos: toda a sociedade deve ser abster da prática de atos que venham a violar esses direitos e uma vez que há o dano caberá indenização por dano moral.
- caráter extrapatrimonial: os direitos da personalidade não têm preço.
- inatos e vitalícios;
- relativamente indisponíveis;
- atributivos: podem ser gozados sem necessidade de intervenção de terceiros.
OBS: não devemos mais utilizar a expressão: “diferencie direitos reais de direitos pessoais”, pois direitos da personalidade também são direitos pessoais. Na verdade a diferença é entre direito real e direito obrigacional.
DIREITOS REAIS X DIREITOS OBRIGACIONAIS (pessoais patrimoniais)
Princípios (Carlos Roberto Gonçalves) – Características (Maria Helena Diniz)
	Reais
	Obrigacionais
	Relações jurídicas entre uma pessoa (sujeito ativo) e uma coisa. O Sujeito passivo não é determinado, mas é toda a coletividade. 
	Relações jurídicas entre uma pessoa (sujeito ativo - credor) e outra (sujeito passivo – devedor).
	Princípio da Publicidade ou da Visibilidade. Aquisição – registro e tradição (1226 e 1227)
	Autonomia Privada. Consensualismo: acordo de vontades.
	Direitos subjetivos absolutos. Princípio do Absolutismo
	Direitos subjetivos relativos. Inter partes
	Atributo da seqüela
	Desprovido de sequela.
	Preferência dos credores (Penhor, Hipoteca e anticrese)
	Não há preferência
	Princípio da Tipicidade. Rol taxativo - numerus clausus (1225)
	Não têm tipicidade. Rol exemplificativo - numerus apertus (425)
	Princípio da Perpetuidade. A propriedade é um direito perpétuo, pois não se perde pelo não uso, mas somente pelo meios e formas legais: desapropriação, usucapião, abandono, etc.
	Caráter transitório, em regra, o que vm sendo mitigado pelos contratos relacionais ou cativos de longa duração. Ex: contratos bancários, de seguro saúde, de telefonia fixa ou móvel.
DIREITOS REAIS
 Direitos reais são Direitos subjetivos absolutos. É o mesmo que dizer que são oponíveis erga omnes. Se o direito real é um direito subjetivo absoluto nasce para toda a sociedade um dever jurídico genérico de abstenção.
O desrespeito desses direitos faz nascer para aquele titular uma pretensão, seja indenizatória ou uma pretensão de reaver a coisa.
Esse caráter absoluto dos direitos reais no sentido de que o proprietário faz o que quiser com a coisa está mitigado a partir do momento em que a CF determina obrigações para o proprietário (socialidade). Essa socialidade vai impor ao proprietário o cumprimento de uma série de obrigações.
A socialidade tirou força desse caráter absoluto, hoje a propriedade só será legitimada a partir do momento em que o proprietário cumprir uma função social da propriedade.
 Sequela: é o direito que o titular do direito real tem de perseguir a coisa e retirá-la das mãos de quem quer que injustamente a possua ou a detenha. É o ius persequendi.
A socialidade hoje no campo dos direitos reais está mitigando inclusive a sequela. Ex: contrato que viabiliza a moradia de muitas pessoas. Súmula 308 do STJ. A jurisprudência, pela súmula 308, por exemplo, vem retirando força do atributo da sequela.
Súmula 308 do STJ. A hipoteca firmada entre a construtora e o agente financeiro,anterior ou posterior à celebração da promessa de compra e venda,não tem eficácia perante os adquirentes do imóvel.
 Preferência dos credores reais (Penhor, Hipoteca e anticrese): aquele titular de crédito com garantia real preferirá aos credores quirografários e em caso de falência até mesmo aos créditos fiscais.
Ver arts. 958 c.c 1422, parágrafo único.
Art. 958. Os títulos legais de preferência são os privilégios e os direitos reais.
Art. 1.422. O credor hipotecário e o pignoratício têm o direito de excutir a coisa hipotecada ou empenhada, e preferir, no pagamento, a outros credores, observada, quanto à hipoteca, a prioridade no registro.
Parágrafo único. Excetuam-se da regra estabelecida neste artigo as dívidas que, em virtude de outras leis, devam ser pagas precipuamente a quaisquer outros créditos.
 Tipicidade (Taxatividade): só a lei é capaz de criar novos direitos reais. Hoje temos um rol exaustivo no art. 1225 que define quais são os direitos reais no Brasil. As partes não podem criar novos direitos reais com base na autonomia privada. Às partes só é dado o direito de regulamentar os já existentes.
Art. 1.225. São direitos reais:
I - a propriedade;
II - a superfície;
III - as servidões;
IV - o usufruto;
V - o uso;
VI - a habitação;
VII - o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII - o penhor;
IX - a hipoteca;
X - a anticrese.
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII - a concessão de direito real de uso. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
OBS: a enfiteuse foi abolida entre os particulares. Mas a enfiteuse é um direito real? Sim, pois ela ainda existe. Aquelas que foram constituídas sob a égide do CC/16. Elas continuarão sendo, inclusive, regulamentadas por esse código. 
OBS: Continua sendo possível a criação de novas enfiteuses no campo do direito público. O caso mais famoso são os terrenos de marinha.
Art. 2.038. Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis posteriores.
OBS2: Hoje vários doutrinadores admitem que institutos criados pela vontade das partes assumam feições de verdadeiros direitos reais. Ex: multipropriedade que é instituída pelo contrato de time sharing (O time-sharing consiste num direito de uso, em princípio, de longa duração e a tempo parcial, de um ou vários locais de férias.)
OBRIGACIONAIS
	
 Direitos obrigacionais são Direitos subjetivos relativos: os contratos só geram efeitos entre as partes contratantes (relatividade dos efeitos contratuais). Em princípio os contratos só gerariam efeitos perante as partes que manifestaram a sua vontade.
Se a socialidade (função social) reduziu a força do direito real essa mesma socialidade no campo do direito obrigacional aumentou a força do direito obrigacional. Hoje os contratos interessam não apenas às partes contratantes, mas à toda sociedade.
A função social do contrato determina que toda a sociedade deve respeitar os contratos que estão em vigor, existe uma verdadeira oponibilidade erga omnes (tutela externa do crédito – toda sociedade tem o dever de respeitar contratos em curso).
 Desprovido de sequela: o que é possível no caso de direitos obrigacionais é a resolução do contrato cumulada com perdas e danos.Terá ocorrido por parte da outra parte o inadimplemento. É possível também tutela específica.
 Não possui tipicidade: as partes são livres para praticar contratos atípicos. Art. 425.
FIGURAS HÍBRIDAS OU INTERMEDIÁRIAS
	Obrigações propter rem é a que recai sobre uma pessoa, por força de detemrinado direito real.
	Ônus reais são obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, constituindo gravames ou direitos oponíveis erga omnes. Ex: servidão, usufruto, constituição de renda sobre imóvel.
	Obrigações com eficácia real são as que, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, transmitem-se e são oponíveis a terceiro que adquira direito sobre determinado bem. Ex: locação.
	DA POSSE
	A posse é um fato ou direito? Direito com natureza jurídica especial – Maria H. Diniz (real), Orlando Gomes (especial), Flávio Tartuce (especial).
	CONCEITO: domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa.
	Teorias que limitam e justificam o conceito de posse:
Teoria subjetivista ou subjetiva (Friederich Carl von SAVIGNY)
	 POSSE = CORPUS + ANIMUS DOMINI
		CORPUS – PODER FÍSICO (utilizar-se dele e tirar os frutos com fins socioeconômicos) SOBRE A COISA (possibilidade de exercer contato com a coisa)
		ANIMUS – VONTADE DE TÊ-LA COMO SUA, DE EXECER O DIREITO DE PROPRIEDADE.
		OBS: Não teriam posse, locatário, comodatário, arrendatário, depositário, etc, malgrado Savigny tenha tentado justificar criando a teoria da posse derivada (reconhecida da transferência dos direitos possessórios, e não do direito de propriedade). 
Teoria objetivista ou objetiva (Rudolf von IHERING)
	 POSSE = CORPUS
		CORPUS - é a relação exterior entre o proprietário e a coisa, a aparência de propriedade (conduta de dono). O elemento material da posse é a conduta externa da pessoa que se apresenta numa relação semelhante ao procedimento normal do proprietário. Não há necessidade que exerça o poder físico sobre a coisa. Ex: lavrador e a plantação.
		AFFECTIO TENNDI – AGE COMO O DONO AGIRIA (Caio Mário)
		Teoria adotada no CC/2002 – art. 1.196.
Teoria social da posse (Antonio Hernández Gil – Espanha – Silvio Perozzi – Itália – Raymond Saleilles – França)
	 POSSE = FUNÇÃO SOCIAL (posse-trabalho)
		Art. 1.238, parágrafo único, 1.242, parágrafo único, e 1.228, parágrafos 4º e 5º
	DETENÇÃO (FÂMULO DA POSSE) # POSSE
	Detentor (fâmulo da posse) é aquele que conserva a posse em nome de outrem ou em cumprimento de ordens ou determinações daquele em cuja dependência se encontre (art. 1.198, CC 2002). Também não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância (art. 1.208 CC 2002). Ex: Soldado em relação as armas, servidor público em relação aos móveis da repartição, do trabalhador em relação ao empregador, ocupação irregular de área pública.
	Enunciado 301 do CJF – Art.1.198. c/c art.1.204. É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.
	PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÕES DA POSSE
	POSSE DIRETA ou IMEDIATA – aquela que é exercida por quem tem a coisa materialmente, ex: locatário.exercida por quem tem a coisa materialmente, havendo um poder f
	POSSE INDIRETA ou MEDIATA – exercido por meio de outra pessoa, havendo mero exercício de direito, geralmente decorrente da propriedade. Ex: locador.
	ART. 1197 DO CC – ENUNCIADO 76 DO CJF: “O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este contra aquele”.
	POSSE JUSTA – é a que não apresenta os vícios da violência, da clandestinidade ou da precariedade.
	POSSE INJUSTA – apresenta os referidos vícios, pois foi adquirida por meio de ato de violência, ato clandestino ou de precariedade.
	POSSE VIOLENTA – é a obtida por meio de esbulho (toma de alguém), por força física ou moral. A doutrina tem o costume de associá-lo ao crime de roubo. Exemplo: integrantes de movimento popular invadem violentamente, removendo e destruindo obstáculos, uma propriedade.
	POSSE CLANDESTINA – é a obtida às escondidas, de forma oculta, à surdina. É assemelhada ao crime de furto. Exemplo: integrantes de movimento popular invadem, à noite e sem violência, uma propriedade.
	POSSE PRECÁRIA – é a obtida com abuso de confiança ou de direito. Tem forma assemelhada ao crime de estelionato ou apropriação indébita, sendo chamado de esbulho pacífico. Exemplo: locatário de um automóvel que não devolve o veículo ao final do contrato.
	De início, a posse, mesmo que injusta, ainda é posse e pode ser defendida por ações do juízo possessório, não contra aquele de quem se tirou a coisa, mas sim em face de terceiros. Isso porque a posse somente é viciada em relação a determinada pessoa, não tendo o vício efeitos contra todos (erga omnes).
	Além disso, segundo a visão clássica, e pelo que consta no artigo 1208, segunda parte, do CC, as posses injustas por violência ou clandestinidade podem ser convalidadas, o que não se aplica à posse injusta por precariedade (pois representa abuso de confiança). Acaba quebrando a regra pela qual a posse mantém o mesmo caráter com que foi adquirida (art. 1203 do CC).
	Enquanto perdura a violência e a clandestinidade não há posse, mas simples detenção. No momento em que cessam os mencionados ilícitos, nasce a posse, mas injusta. Diante dessa situação jurídica, conciliando-se o art. 1208 do CC com o art. 924 do CPC, após um ano e dia do ato de violência ou de clandestinidade, a posse deixa de ser injusta e passa a ser justa (Maria Helena Diniz). Venosa entende que a análise dessa cessação deve ser feita caso a caso, de acordo com o princípio da função social da posse (analisada de acordo com o meio que a cerca).
	Por fim, aquele que tem posse injusta não tem a posse usucapível.
	POSSE DE BOA-FÉ – é aquele que ignora os vícios que inquinam sua posse (art. 1201 do CC). Decorre da consciência de se ter adquirido posse por meios legítimos. O seu conceito, portanto, funda-se em dados psicológicos, em critério subjetivo.
	Discute-se, sobre a caracterização da boa-fé subjetiva, se basta a ignorância do vício (concepção psicológica), ou, em vez disso, é exigível que o estado de ignorância seja desculpável (concepção ética). O melhor entendimento, até para evitar que a pessoa mais previdente sofra as conseqüências negativas de conhecer aquilo que ignora o relapso, é somente o erro escusável é compatível com a boa-fé.
	Ademais, haverá posse de boa-fé havendo um justo título que o fundamente, o que conduz a uma presunção relativa, iuris tantum (parágrafo único, 1201, do CC).
Enunciado 302 do CJF – Pode ser considerado justo título para a posse de boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem, observado o disposto no art. 113 do Código Civil. Ex: compromisso de compra e venda.
	Enunciado 303 do CJF - Considera-se justo título para presunção relativa da boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse, esteja ou não materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da posse. Ex: contrato de locação, comodato, ainda que verbal.
	A posse de boa e a de má-fé geram efeitos quanto aos frutos, benfeitorias e a responsabilidade dos envolvidos.
	POSSE DE MÁ-FÉ – situação em que alguém sabe do vício que acomete a coisa, mas mesmo assim pretende exercer o domínio fático sobre esta. Neste caso, o possuidor nunca possui um justo título. De qualquer modo, ainda que de má-fé, esse possuidor não perde o direito de ajuizar a ação possessória competente para proteger-se de um ataque de terceiro.
	POSSE NOVA – é a que conta com menos de um ano e um dia, ou seja, é aquela com até um ano.
	POSSE VELHA – é a que conta com pelo menos um ano e um dia, ou seja, com um ano e um dia ao menos.
	Art. 924 do CPC.
	POSSE COM TÍTULO (POSSE CIVIL OU JURÍDICA – Carlos Roberto Gonçalves) – situação em que há uma causa representativa da transmissão da posse, caso de um documento escrito, como ocorre na vigência de um contratode locação, comodato, por exemplo. Ius possidendis.
	POSSE SEM TÍTULO (POSSE NATURAL) – situação em que não há uma causa representativa, pelo menos aparente, da transmissão do domínio fático. A título de exemplo, pode ser citada a situação em que alguém acha um tesouro, depósito de coisas precisas, sem a intenção de fazê-lo. Nesse caso a posse é qualificada como um ato-fato-jurídico, pois não há uma vontade juridicamente relevante para que exista um ato jurídico. Ius possessionis.
	POSSE “AD INTERDICTA” – constituindo regra geral, é a posse que pode ser defendida pelas ações possessórias diretas ou interditos possessórios. Essa posse não conduz à usucapião
	POSSE “AD USUCAPIONEM” – exceção à regra, é a que se prolonga por determinado lapso de tempo previsto na lei, admitindo-se a aquisição da propriedade pela usucapião, desde que obedecidos os parâmetros legais.
	POSSE “PRO DIVISO” – ocorre quando há uma divisão de fato, embora não haja de direito, fazendo com que cada um dos compossuidores já possua uma parte certa, se bem que o bem continua indiviso.
	POSSE “PRO INDIVISO” - quando as pessoas que possuem em conjunto o bem têm uma parte ideal apenas, sem saber qual a parcela que compete a cada uma. Ex: condomínio (1.199 do CC).
EFEITOS MATERIAIS DA POSSE
EFEITOS DA POSSE QUANTO À PERCEPÇÃO DOS FRUTOS E DOS PRODUTOS	
Fruto é uma utilidade que a coisa principal produz e renova, sem que se perca a sua substância. Exemplo: cacau; aluguel (fruto civil); entre outros. Já o produto não se renova, e a partir do momento em que o produto for extraído, a coisa irá perdendo, diminuindo a sua substância. Exemplo: retirada de carvão de uma propriedade.
Art. 1.214, CC - O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes (que estão no pé da árvore, bezerro que está sendo gerado pela vaca, etc.) ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação (que estão depositados em um armazém, por exemplo).
Art. 1.215, CC - Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia (também devem ser deduzidas as despesas, entende o Professor Pablo Stolze, como no regramento do artigo anterior).
	Observação: a lei nada diz sobre os frutos percipiendos que são aqueles que deveriam ser colhidos e não foram, e acabaram por perder-se; desta forma o possuidor de boa-fé não deverá restituí-los, por ausência de previsão legal.
Art. 1.216, CC - O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber (percipiendos), desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.
	O possuidor de má-fé terá de indenizar os frutos percebidos, os pendentes, bem como os percipiendos (aqueles que por sua culpa deixou de perceber). O Código Civil não tem piedade do possuidor de má-fé. Mas, terá ele direito às despesas da produção e custeio destes frutos, como forma de evitar-se o enriquecimento sem causa do verdadeiro proprietário da coisa.
	E o efeito quanto aos PRODUTOS obtidos pelos possuidores de boa e de má-fé, que não possui tratamento jurídico no Código Civil? Existem duas correntes na doutrina que tentam responder a esta questão:
1ª corrente
Partindo de uma interpretação literal do artigo 1.232, CC, considerando que o produto esgota a coisa principal, conclui que o verdadeiro proprietário tem o direito de ser indenizado.
Art. 1.232, CC - Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem (existem preceitos jurídicos especiais para os frutos, mas não existem para os produtos).
Não importa se a extração do produto foi de boa ou de má-fé. Com a extração do produto há diminuição da coisa, feita de forma gradativa. Deve-se preservar o direito do proprietário, neste caso. Professor Pablo Stolze não concorda com esta corrente, entendendo que a boa-fé deveria ser homenageada.
2ª corrente
Capitaneada por Clóvis Bevilaqua, esta corrente privilegia a boa-fé, e admite por aplicação analógica dos artigos 1.214 e 1.216, CC, que o possuidor de boa-fé tenha direito aos produtos extraídos até o dia em que tomar o conhecimento do vício da sua posse.
EFEITOS DA POSSE QUANTO À RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA
Art. 1.217, CC - O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa (responsabilidade subjetiva).
	Contrario sensu, diz a doutrina que nos termos do art. 1.217, o possuidor de boa-fé apenas é responsável pela perda ou deterioração da coisa, se atuar com dolo ou com culpa (responsabilidade subjetiva).
Art. 1.218, CC - O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.
 
	Enquanto a regra do possuidor de boa-fé é quanto a sua responsabilização subjetiva, para o possuidor de má-fé, o regramento é a verificação de sua responsabilização objetiva. 
	O professor Pablo Stolze diz que esta regra para o possuidor de má-fé é dada como se fosse uma responsabilidade baseada na teoria do risco integral. 
Salvo se provar o possuidor de má-fé que o dano teria ocorrido mesmo se estivesse na posse do reivindicante/proprietário, terá ele de arcar com quaisquer outros danos. Exemplo: se caísse um raio na fazenda e muito se deteriorasse sobre a coisa, não importaria na posse de quem ela estivesse, o dano ocorreria. 
EFEITOS DA POSSE EM RELAÇÃO À INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS
Art. 1.219, CC - O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
	Na forma do art. 1.219, CC, o possuidor de boa-fé tem direito de ser indenizado pelas benfeitorias úteis e necessárias que foram por ele realizadas, inclusive com o direito de retenção (que será esta defesa alegada em sua contestação).
	No que tange às benfeitorias voluptuárias, se não forem indenizadas ao possuidor de boa-fé, poderá ele exercer o direito de remoção (jus tollendi), desde que o faça sem prejuízo à coisa principal, como bem é exposto no artigo acima.
Art. 1.220, CC - Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias (não possui o “jus tollendi”).
	Já para o possuidor de má-fé, com base no art. 1.220, CC, haverá ressarcimento apenas quanto à realização das benfeitorias necessárias. Tem ele de devolver a coisa prontamente e depois, pelas vias ordinárias, reclamar a indenização por estas benfeitorias, não possuindo o direito de retenção que assiste ao possuidor de boa-fé.
	Não é concedido pelo legislador para este possuidor de má-fé qualquer direito quanto à indenização das benfeitorias úteis e das benfeitorias voluptuárias, muito menos o direito de retirá-las da coisa.
	Observação: no que tange ao contrato de locação, a lei do inquilinato 8245/1991 estabelece que o próprio negócio, firmado entre as partes, poderá conter regras específicas sobre benfeitorias realizadas e sobre a posterior indenização destas. 
Art. 35, lei 8245/1991 - Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. 
	A súmula 335, STJ vai mais além ao admitir inclusive que o contrato contenha cláusula de renúncia à indenização por parte do locatário/ inquilino,disposta no contrato elaborado pelo locador.
Súmula 335, STJ - Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção.
	Professor Pablo Stolze entende que este posicionamento jurisprudencial poderá ser modificado posteriormente, em razão dos princípios da função social da propriedade e da boa-fé do possuidor direto que é o locatário.
	EFEITOS PROCESSUAIS DA POSSE
INTERDITOS POSSESSÓRIOS (são as ações possessórias)
Três são as ações possessórias:
Reintegração de posse – no caso de esbulho – perda da posse (desapossamento)
Manutenção de posse – no caso de turbação – embaraço ao normal exercício (perturba ou dificulta o seu regular exercício)
Interdito proibitório – no caso de ameaça a posse – não há ofensa concreta, mas apenas probabilidade e iminência de sua ocorrência (risco de atentado a posse).
Legitimidade ativa e passiva
	A legitimidade ativa é do possuidor (art. 1.204 do CC).
	O possuidor indireto tem legitimidade ativa, inclusive para litigar contra o possuidor direito (ENUNCIADO 76 DO CJF: “O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e este contra aquele”.).
	O herdeiro e o sucessor a título singular podem utilizar ação possessória (art. 1.207 CC).
	Tem legitimidade passiva nas ações possessórias aqueles que praticaram a turbação, o esbulho ou a ameaça, assim como o terceiro que recebeu a coisa de má-fé, na forma do artigo 1.212 do CC.
	Contra terceiro que recebeu a coisa de boa-fé não cabe ação possessória (Enunciado 80 do CJF).
	A pessoa jurídica de direito privado pode ser ré. Também são legitimadas as pessoas jurídicas de direito público (OBS: desapossamento sem processo expropriatório – pratica esbulho – conversão ação possessória em desapropriação indireta, desde que haja pedido alternativo de indenização).
Fungibilidade (art. 920 do CPC)
	As ações possessórias são fungíveis, como prevê o art. 920 do CPC, sendo indiferente o ajuizamento de uma por outra, por exemplo manutenção em vez de reintegração de posse. Deve o juiz julgar de acordo com a agressão à posse provada nos autos. Não pode ser usado o princípio para uma ação petitória converter-se em possessória, ou vice-versa.
Cumulação de Pedidos (art. 921 do CPC)
	Comportam as ações possessórias cumulação de pedidos, na forma do art. 921 do CPC. Pode o pedido possessório ser cumulado com perdas e danos, cominação de pena e demolitório. A reparação abrange não somente os danos efetivos causados à coisa, como a destruição de cercas, mas também o lucro cessante pelo impedimento de seu uso.
Natureza Dúplice das ações possessórias (art. 922 do CPC)
	Tem as ações possessórias caráter dúplice, na forma do art. 922 do CPC, de modo que o réu pode, em contestação, pedir proteção possessória para si, sem necessidade de reconvenção, salvo se os pedidos forem diversos dos pedidos possessórios e das perdas e danos.
Proibição da exceptio proprietatis (art. 923 do CPC)
	Em ação possessória só se discute posse. È proibida em ação possessória se discutir propriedade. Vence a ação possessória quem tiver a melhor posse e não quem for o proprietário.
	O art. 505 do CC de 1916, 2ª parte, dizia que não se devia julgar a posse em favor daquele a quem evidentemente não pertencia o domínio. A jurisprudência dizia o seguinte, que esta 2ª parte só se aplicava em duas hipóteses: 1ª) quando o Autor da ação possessória movia a ação dizendo que tinha a melhor posse, porque ele era o proprietário (Súmula 487 do STF); 2ª) quando o juiz estava na dúvida sob quem tinha a melhor posse.
	No entanto, o CC de 2002 não trata o assim o assunto. Logo, para uma corrente as duas exceções estariam revogadas, não podendo mais o juiz julgar em favor do proprietário.
	A propósito, enunciados do CJF:
78 – Art. 1.210: Tendo em vista a não-recepção pelo novo Código Civil da exceptio proprietatis (art. 1.210, § 2º) em caso de ausência de prova suficiente para embasar decisão liminar ou sentença final ancorada exclusivamente no ius possessionis, deverá o pedido ser indeferido e julgado improcedente, não obstante eventual alegação e demonstração de direito real sobre o bem litigioso.
79 – Art. 1.210: A exceptio proprietatis, como defesa oponível às ações possessórias típicas, foi abolida pelo Código Civil de 2002, que estabeleceu a absoluta separação entre os juízos possessório e petitório.
	Mas ainda é razoável, e sustentável o entendimento de que é possível julgar ação possessória em favor do proprietário nas duas hipóteses acima ventiladas.
	Vale lembrar que o art. 923 do CPC diz que na pendência de ação possessória o réu não pode ajuizar ação petitória. Isto acaba violando o direito de ação que é garantido constitucionalmente. Por isto que a interpretação dominante artigo é o seguinte, no curso da ação possessória não pode o réu ajuizar ação petitória, nas duas exceções acima apontadas, logo em outras sim.
Ação de força nova e ação de força velha (art. 924 do CPC).
	A ação de força nova é quando o esbulho ou a turbação for inferior a ano e dia. Nesta ação é cabível a liminar. A ação de força velha é quando o esbulho e a turbação for superior a ano e dia, nesta não cabe liminar. Para uma corrente não seria sequer a tutela antecipada, pois a regra do artigo 273 do CPC é uma regra geral que não e aplica aos procedimentos especiais. Por outro lado, o Enunciado 238 do CJF inclinou-se em sentido contrário (238 – Art. 1.210: Ainda que a ação possessória seja intentada além de “ano e dia” da turbação ou esbulho, e, em razão disso, tenha seu trâmite regido pelo procedimento ordinário (CPC, art. 924), nada impede que o juiz conceda a tutela possessória liminarmente, mediante antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos autorizadores do art. 273, I ou II, bem como aqueles previstos no art. 461-A e §§, todos do CPC.).
	O Juiz, nas ações de força nova pode conceder a liminar de duas formas:
1ª) inaudita altera parte (sem ouvir o réu);
2ª) através de audiência de justificação prévia da posse.
	Vale lembrar que, quando o réu da ação possessória for o poder público, o juiz não pode conceder a liminar inaudita altera parte, mas tão somente mediante audiência de justificação (art. 928, § único, do CPC).
	Depois desta audiência segue o rito ordinário. O prazo para contestar começa da decisão de intimação da apreciação da liminar.
Exigência de caução (art. 925 do CPC)
	Se o réu provar, em qualquer tempo, que o autor provisoriamente mantido ou reintegrado na posse carece de idoneidade financeira para, no caso de decair da ação, responder por perdas e danos, o juiz assinar-lhe-á o prazo de 5 (cinco) dias para requerer caução sob pena de ser depositada a coisa litigiosa.
AÇÕES AFINS AOS INTERDITOS POSSESÓRIOS
NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA (art. 934 a 940 do CPC)
	É a que visa paralisar uma obra nova. Visa a suspender a obra do vizinho. Tem que ser uma obra em andamento, não concluída, pois se a obra já acabou, não cabe ação de nunciação de obra nova, mas ação demolitória. Se a obra nova invadir o terreno do vizinho, cabe também ação de reintegração de posse.
	A ação de nunciação de obra nova está fundada tanto na posse, como na propriedade.
AÇÃO DE DANO INFECTO
	É cabível quando ocorrer um justo receio de que o vizinho irá causar um dano por obra sua, que pode ser inclusive moral, como por exemplo, abrir um bordel. É ação preventiva para fazer cessar o mau uso da propriedade. É ação cominatória, pois a petição inicial prevê multa diária. Pode também cumular com ação de indenização, caso haja prejuízo.
EMBARGOS DE TERCEIRO (art. 1046 a 1.054 do CPC).
	A finalidade é a recuperação da posse de um bem que foi apreendido por ato do juiz. A diferença desta e a reintegração de posse é que na reintegração o esbulho (turbação) se dá por um ato particular, ao passo que, nos embargos de terceiro, o esbulho se dá por um ato do juiz.
AÇÕES DOMINIAIS
	Ações dominiais são aquelas que se instauram um juízopetitório. Juízo petitório é aquele que se discute propriedade.
	Portanto, o vencedor da ação dominial será aquele que comprovar que é o proprietário.
	As ações dominiais são:
	AÇÃO DE IMISSÃO DE POSSE – é proposta pelo proprietário que nunca teve posse. O objetivo é a aquisição da posse. Ex: arrematante de imóvel por meio de leilão. O compromissário comprador em compromisso de compra e venda não é proprietário, logo não tem legitimidade para propor esta ação.
	AÇÃO REIVINDICATÓRIA – é proposta pelo proprietário que visa recuperar a posse que ele perdeu. Caso o sujeito nunca tenha tido a posse e ingresse com esta ação, para uma 1ª corrente, o juiz deve extinguir o processo, mas para outra corrente, o juiz deve receber a ação como imissão de posse, pois não se deve apegar ao excesso de formalismo.
	AÇÃO PUBLICIANA – É a proposta pelo proprietário que não tem título de proprietário (isto é, o bem não está registrado em seu nome). Prova que é o proprietário do imóvel, demonstrando que completou o prazo para a usucapião, não obstante ainda não tenha proposta a ação de usucapião. É a reivindicatória do proprietário de fato. Mesmo que vença a ação publiciana, deve ingressar com ação de usucapião, pois não fornece o título de propriedade.
	AÇÃO NEGATÓRIA – É a proposta pelo proprietário que está sendo turbado, isto é, que está sofrendo perturbação de sua posse. Esta ação é similar a ação de manutenção de posse. A diferença entre as duas está em que, na ação negatória vence quem for proprietário, na manutenção de posse vence quem for o melhor possuidor.
	AÇÃO DECLARATÓRIA – pode ser positiva ou negativa. É a proposta pelo proprietário que tem dúvida sobre a autenticidade de seu título de propriedade.
PROPRIEDADE
É o direito que o proprietário tem de usar, gozar, dispor e reivindicar a coisa. Esse conceito parte da análise das faculdades inerentes a esse direito de propriedade. (Caio Mario).
Conceito moderno: É uma relação jurídica complexa que se forma entre o titular e o restante da sociedade tendo como objeto um dever jurídico genérico de abstenção. Traz a oponibilidade face a terceiros de um obrigação de não fazer. 
É relação jurídica complexa porque extrapola a idéia em que a propriedade é um simples direito: é conjunto de direitos, deveres, ônus, sujeições, poderes, faculdades que o proprietário terá que respeitar para que o ordenamento possa legitimar essa sua titularidade.
Continua a tratar a propriedade como sendo sinônimo ao domínio, porém, doutrinadores modernos entendem que é importante que façamos a distinção entre propriedade e domínio:
Domínio: seria a relação material de submissão direta e imediata da coisa ao poder de seu titular, sendo manifestada pelo exercício das faculdades jurídicas de usar, gozar e dispor. 
Propriedade: está relacionada à titularidade, à vinculação da coisa ao sujeito.
USAR (JUS UTENDI)
Usar é a faculdade que o proprietário tem de se servir da coisa e ter a mesma à sua disposição. Essa faculdade, segundo parte de doutrina, a possibilidade de extração dos frutos naturais. 
GOZAR (JUS FRUENDI)
É a faculdade que o proprietário tem de extrair os acessórios da coisa, principalmente os frutos e produtos. 
Fruto: há renovação periódica. Acessórios retirados da coisa com periodicidade. Por exemplo: alugueis, juros compensatórios, frutas, grãos. 
Produto: se esgotam. Por exemplo: pedreira, mina de ouro.
DISPOR (JUS DISPONENDI ou ABUTENDI).
Alterar a substancia da coisa seja através de sua disposição material ou jurídica.
Pode ser total ou parcial, mas em qualquer dos casos havendo disposição jurídica é sinal de que um negócio jurídico foi feito entre o proprietário e terceiro.
Total: alienação (exercício de disposição jurídica da coisa). Pode ser onerosa ou gratuita. Por exemplo: compra e venda e doação. 
Parcial: o proprietário insere sobre a sua propriedade cláusula restritiva. Por exemplo: cláusula de inalienabilidade ou quando institui sobre seu bem um direito real sobre coisas alheias (superfície).
Quando já disposição jurídica parcial o proprietário insere na coisa um gravame, conhecido como ônus real.
REIVINDICAR A COISA
A faculdade de reivindicar esta associada ao exercício do direito de sequela (ius persequendi). Essa faculdade nasce a partir do momento em que terceiro violar dever genérico de abstenção. Poder que o proprietário tem de reaver a posse da coisa de quem quer que injustamente a possua ou a detenha. 
Esta faculdade de reivindicar será o fundamento para propositura da chamada ação reivindicatória (a mais importante ação petitória).
A pretensão que nasce da violação do direito de propriedade em regra gera a reivindicatória. 
REQUISITOS:
 Título de propriedade: demonstração do ius possidendi.
Polêmicas acerca desse primeiro requisito: 
 o STJ admite que a promessa de compra e venda quitada quitada sirva de titulo de propriedade para propositura da reivindicatória. A propósito, Enunciado 253 do CJF (art. 1.225, VII e 1.417 CC).
 caso tenha ocorrido uma compra e venda a non domino (feita por quem não era dono) e o título representativo dessa obrigação tiver sido efetivamente registrado no Registro de Imóveis o verdadeiro proprietário prejudicado deverá primeiramente promover a ação desconstitutiva desse título cumulada com cancelamento do registro. Após esta, voltará a constar como proprietário e então poderá se valer da ação reivindicatória. 1245, §2º c/c 1247, par.único. 
A boa-fé do adquirente não irá impedir a retomada da coisa.
Posse injusta do réu
Posse injusta para fins de reivindicação é a posse sem causa jurídica. o conceito de posse injusta do 1228 é mais amplo que o conceito do art. 1200 (usado para fins de ação possessória). 
O 1228 pode abarcar as hipóteses do 1200. 
Se estiver em curso uma promessa de compra e venda e o promitente comprador estiver inadimplente não poderá ingressar com reivindicatória apesar de ser proprietário. Primeiramente deve-se entrar com ação de resolução do negócio jurídico pelo inadimplemento, rompendo-se assim com a posse justa até então exercida. É possível a cumulação da ação de resolução do negócio com a ação reivindicatória da coisa (STJ, Resp 556.620; 241.486).
Individualização do bem a ser reivindicado
Segundo a doutrina não é possível que o proprietário reivindique universalidade de bens, bem como, quando este não estiver absolutamente delimitado. Se houver impreciso em relação às divisórias do bem, enquanto não definidas as linhas delimitadoras do bem ele não poderá ser reivindicado.
Se não estiverem demarcadas as linhas o proprietário antes da reivindicatória entrará com ação demarcatória. 
Ver INF 392 STJ: 
alguns autores hoje entendem que a reivindicatória teria um quarto requisito: demonstração pelo proprietário reivindicante de que cumpria a função social da propriedade no momento em que perderá a posse. Demonstração pelo proprietário reivindicante que no momento da posse ela cumpria a função social da propriedade. 
Prazo de prescrição da reivindicatória, 3 correntes:
10 anos;
A reivindicatória poderia ser manejada a qualquer momento desde que o proprietário comprovasse que cumpre a função social. 
majoritária: a ação reivindicatória por estar ligada ao direito de propriedade será ação perpétua (ou imprescritível).
legitimidade passiva na ação reivindicatória: tradicionalmente será o possuidor injusto (sem causa jurídica) nos termos do 1228, CC. Porém, com a entrada em vigor do NCC surgiu uma dúvida quanto à legitimidade passiva no caso dela poder ser manejada contra o detentor.
 art. 1.228 CC - DETENTOR - 62, CPC: manda nomear à autoria. 
Correntes
 Alexandre Câmara Freitas, Fredie Didier Jr.: o 1.228 do CC, nessa parte final, deve ser declarado inconstitucional. Violação do devido processo legal – coisa julgada – 472 do CPC. 
 Humberto Theordoro Jr: se o detentor for demandado em nome próprio (1228) deve nomear à autoria o verdadeiro possuidor. Porém, havendo litisconsórcio passivo entre detentor e possuidornão há problema. O reivindicante pode colocar no pólo passiva o possuidor e o detentor para facilitar a execução da sentença (fase de cumprimento).
Se a ação for movida contra fâmulo da posse (caseiro) ai assim haveria necessidade de nomeação. Porém, se a ação for movida contra detentor que ocupa um bem a titulo de permissão ou tolerância do proprietário aquele poderá ser réu na ação reivindicatória movida por este (1208 c/c 1228).
Propriedade plena ou ALODIAL é aquela em que o proprietário guarda consigo todas as faculdades inerentes ao domínio. Propriedade sem ônus.
Propriedade limitada: o proprietário institui sobre ela novos direitos reais (direitos reais sobre coisa alheia). O proprietário não mantém consigo todas as faculdades inerentes ao domínio. Por exemplo: hipoteca, usufruto.
Nua-propriedade – corresponde à titularidade do domínio, ao fato de ser proprietário e de ter o bem em seu nome (senhorio direito ou proprietário direto).
Domínio Útil – corresponde aos atributos de usar, gozar e dispor da coisa. Ex: usufrutuário, promitente comprador, superficiário, usuário, etc.
CARACTERÍSTICAS: São as principais de características do direito de propriedade, sendo considerado ele um direito:
COMPLEXO
A Propriedade é complexa porque reúne uma série de poderes que o proprietário poderá exercer sobre a coisa: usar, gozar/fruir, dispor e reivindicar de quem quer que seja, onde quer que esteja.
ABSOLUTO
O direito de propriedade é absoluto, não porque o proprietário poderá fazer com a coisa o que bem entende (em razão das limitações), mas sim porque ela é oponível erga omnes.
PERPÉTUO
O direito de propriedade é perpétuo porque a propriedade não se extingue caso o proprietário não vier a usá-la por determinado período de tempo. E poderá a propriedade ser passada de geração para geração.
EXCLUSIVO 
O direito de propriedade será exclusivo de uma pessoa apenas, como regra, não podendo ser proprietário outra pessoa que simplesmente desejar tal fato.
ELÁSTICO
O direito de propriedade é elástico porque ele pode ser distendido ou até mesmo contraído, sem que haja a perda de sua essência.
Exemplo: o proprietário, possuindo a sua propriedade plena, poderá constituir outros direitos reais com base em seu poder de propriedade, como por exemplo, dar a outrem o poder também de usufruto.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
A função social da propriedade é a grande cláusula geral de direito real. Deve ser analisada no caso concreto.
A função social é um poder-dever do proprietário de dar ao objeto da propriedade determinado destino, de vinculá-lo a certo objetivo de interesse coletivo (parágrafo 1º, do artigo 1.228 do CC).
O proprietário tem elemento de controle: uso, fruição e disposição da propriedade só serão legítimos na medida em que é dada função social àquela propriedade. 
1.228, § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. SUBJETIVA
ANIMUS NOCENDI: intenção de prejudicar outrem.
Exerce a propriedade com intenção de prejudicar terceiros = TEORIA DOS ATOS EMULATIVOS ou TEORIA DOS ATOS CHICANEIROS. [1: CHICANEIRO: que ou aquele que faz chicana, que ou o que trapaceia, usa ardis; chicanista. CHICANISTA: manobra capciosa; trapaça, tramóia.]
Abuso do direito de propriedade começou de maneira subjetiva porque tinha que comprovar o animus nocendi: intenção deliberada de prejudicar outrem. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé (OBJETVA) ou pelos bons costumes. ABUSO DE DIREITO
ENUNCIADO 49 DO CJF - Art. 1.228, § 2º: a regra do art. 1.228, § 2º, do novo Código Civil interpreta-se restritivamente, em harmonia com o princípio da função social da propriedade e com o disposto no art. 187. (Art. 187: a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico.).
Ainda restringindo o direito de propriedade, o § 3º do art. 1.228 do CC trata da desapropriação por necessidade ou utilidade pública e da desapropriação por interesse social; e também do ato de requisição em caso de perigo público iminente.
DESAPROPRIAÇÃO JUDICIAL PRIVADA POR POSSE-TRABALHO E A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE (art. 1.228, § 4º e 5º do CC).
Não há dúvidas de que o instituto aqui estudado constitui uma modalidade de desapropriação não de usucapião, como pretende parcela respeitável da doutrina (Pablo Stolze). Isso porque o § 5º do art. 1.228 do CC prevê o pagamento de uma justa indenização, não admitindo o nosso sistema a usucapião onerosa.
	A propósito, Jones Figueiredo Alves e Mário Luiz Delgado elencam quatro diferenças entre essa forma de desapropriação e a usucapião coletiva urbana, prevista no art. 10 do Estatuto da Cidade (lei 10.257/2001), a saber:
na usucapião coletiva urbana, os ocupantes devem ser de baixa renda; na desapropriação judicial privada não há essa necessidade.
na usucapião coletiva urbana a área deve ter, no mínimo, 250 m2, exigência que não está presente na desapropriação judicial privada, bastando uma “extensa área”.
A usucapião coletiva somente se aplica aos imóveis urbanos enquanto a desapropriação judicial privada pode ser aplicada aos imóveis urbanos ou rurais.
Não usucapião não há direito há indenização, ao contrário da desapropriação judicial privada.
As tentativas de orientação da desapropriação judicial privada por posse-trabalho, pelos enunciados aprovados nas jornadas de direito civil, do Conselho da Justiça Federal e do Superior Tribunal de Justiça.
82 – É constitucional a modalidade aquisitiva de propriedade imóvel prevista nos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.
83 – Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.
Entretanto e em complemento, na IV Jornada de Direito Civil foi aprovado o Enunciado 304 – São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil às ações reivindicatórias relativas a bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil, no que concerne às demais classificações dos bens públicos. Essa tese é minoritária.
84 – A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da indenização.
Contudo, com a IV Jornada de Direito Civil fora aprovado o Enunciado 308 – A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5°) somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.
De acordo com o Enunciado 240 - A justa indenização a que alude o parágrafo 5º do art. 1.228 não tem como critério valorativo, necessariamente, a avaliação técnica lastreada no mercado imobiliário, sendo indevidos os juros compensatórios. O enunciado tende a afastar o artigo 14 da Lei 3.365/1941, dispositivo aplicável à desapropriação tradicional, pelo qual o juiz deve nomear um perito de sua escolha para proceder à avaliação do bem.
241 – O registro da sentença em ação reivindicatória, que opera a transferência da propriedade para o nome dos possuidores, com fundamento no interesse social (art. 1.228, § 5o), é condicionada ao pagamento da respectiva indenização, cujo prazo será fixado pelo juiz.
305 – Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art. 1.228 do Código Civil, o Ministério Público tem o poder-dever de atuação nas hipóteses de desapropriação, inclusive a indireta,que envolvam relevante interesse público, determinado pela natureza dos bens jurídicos envolvidos. Art. 82, III, do CPC.
306 – A situação descrita no § 4° do art. 1.228 do Código Civil enseja a improcedência do pedido reivindicatório.
307 – Na desapropriação judicial (art. 1.228, § 4º), poderá o juiz determinar a intervenção dos órgãos públicos competentes para o licenciamento ambiental e urbanístico.
309 – O conceito de posse de boa-fé de que trata o art. 1.201 do Código Civil não se aplica ao instituto previsto no § 4º do art. 1.228. Por tal conteúdo, a boa-fé da posse dos ocupantes na desapropriação privada não é a boa-fé subjetiva, aquela que existe no plano intencional; mas a boa-fé objetiva, relacionadas as condutas dos envolvidos.
310 - Interpreta-se extensivamente a expressão “imóvel reivindicado” (art. 1.228, § 4º), abrangendo pretensões tanto no juízo petitório quanto no possessório. O que se percebe é que não há absoluta e total separação dos juízos petitório e possessório, como propõe o enunciado 79 do CJF/STJ.
 
311 - Caso não seja pago o preço fixado para a desapropriação judicial, e ultrapassado o prazo prescricional para se exigir o crédito correspondente, estará autorizada a expedição de mandado para registro da propriedade em favor dos possuidores.
Um caso paradigmático: a prevalência da posse com função social sobre a propriedade sem função social na favela do Pullman, em São Paulo
Um caso paradigmático para a fixação das balizas do que seriam os fundamentos teóricos do direito de propriedade é o ocorrido na favela do Pullman, em São Paulo, em que o Tribunal de Justiça de São Paulo considerou que, naquele caso, haveria uma prevalência da posse com função social sobre a propriedade sem função social, decisão posteriormente confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça e transitada em julgado.
Na hipótese se propôs uma ação de reivindicação para obter a desocupação de vários lotes de terreno urbano ocupados, nos quais foram erguidas habitações e realizadas benfeitorias para fins de moradia. Eram objetos do direito de propriedade reivindicado nove lotes situados em uma favela consolidada, a chamada Favela do Pullman, cuja ocupação fora iniciada vinte anos antes. Esses terrenos estavam destinados originalmente para loteamento - Loteamento Vila Andrade - inscrito em 1955, com previsão de serviços de luz e água. Não se aplicava a esta situação jurídica a usucapião especial urbana porque, quando se instaurou a nova ordem constitucional, a ação reivindicatória já estava proposta havia três anos. No caso em questão, o juiz deveria analisar a demanda com fundamento no Código Civil de 1916, que estava em vigor à época. Não podendo excepcionar esgrimindo a futura usucapião especial, a lógica jurídica estritamente civil e exegética obrigou o juiz a emitir uma sentença para ordenar a desocupação do imóvel, somada ao pagamento relativo à indenização e sem que os destinatários tivessem o direito a transacionar as obras e melhoria que haviam realizado nos terrenos.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, não obstante, afastando-se do esquema jurídico civilístico tradicional, reformou a sentença e deu ganho de causa aos apelantes, argumentando:
Loteamento e lotes urbanos são fatos e realidades urbanísticas. Só existem, efetivamente, dentro do contexto urbanístico. Se são tragados por uma favela consolidada, por força de uma certa erosão social deixam de existir como loteamento e como lotes.
A realidade concreta prepondera sobre a 'pseudo realidade jurídico-cartorária'. Esta não pode subsistir, em razão da perda do objeto do direito de propriedade. Se um cataclisma, se uma erosão física, provocada pela natureza, pelo homem ou por ambos, faz perecer o imóvel, perde-se o direito de propriedade.
É o que se vê do art. 589 do Código Civil, com remissão aos arts. 77 e 78.
Segundo o art. 77, perece o direito perecendo o seu objeto. E nos termos do art 78, I e III, entende-se que pereceu o objeto do direito quando perde as qualidades essenciais, ou o valor econômico; e quando fica em lugar de onde não pode ser retirado.
No caso dos autos, os lotes já não apresentam suas qualidades essenciais, pouco ou nada valem no comércio; e não podem ser recuperados, como adiante se verá.
É verdade que a coisa, o terreno, ainda existe fisicamente.
Para o direito, contudo, a existência física da coisa não é o fator decisivo, consoante se verifica dos mencionados incisos I e III do art. 78 do CC. O fundamental é que a coisa seja funcionalmente dirigida a uma finalidade viável, jurídica e economicamente.
Pense-se no que ocorre com a denominada desapropriação indireta. Se o imóvel, rural ou urbano, foi ocupado ilicitamente pela Administração Pública, pode o particular defender-se logo com ações possessórias ou dominiais. Se tarda e ali é construída uma estrada, uma rua, um edifício público, o esbulhado não conseguirá reaver o terreno, o qual, entretanto, continua a ter existência física. Ao particular, só cabe ação indenizatória.
Isto acontece porque o objeto do direito transmudou-se. Já não existe mais, jurídica, econômica e socialmente, aquele fragmento de terra do fundo rústico ou urbano.
Existe uma outra coisa, ou seja, uma estrada ou uma rua, etc. Razões econômicas e sociais impedem a recuperação física do antigo imóvel.
Por outras palavras, o ius reivindicandi (art. 524, parte final, do CC) foi suprimido pelas circunstâncias acima apontadas. Essa é a doutrina e a jurisprudência consagradas há meio século no direito brasileiro.
O Superior Tribunal de Justiça, referendando a decisão da segunda instância paulista, considerou que o artigo 524 do Código Civil de 1916 tinha de ser interpretado em consonância com os artigos 589, 77 e 78 do mesmo Código, os quais prevêem que se perde a propriedade imóvel pelo abandono, arrecadando-se esse como bem vago, passando ao domínio do Estado em que se achar; e que perece o direito, perecendo seu objeto, entendendo-se que pereceu o objeto quando este perde suas qualidades essenciais ou o seu valor econômico.
Formas de aquisição da propriedade
1 - ORIGINÁRIA 
Na aquisição originaria não há qualquer relação jurídico entre o novo e o antigo proprietário, não haverá, portanto, transmissão das características. Por exemplo: a usucapião. Não há pagamento de ITBI (não há transcrição). 
Outras formas de aquisição: acessão, desapropriação (poder público). 
Pode usucapir um bem dado em hipoteca. Vai restar o direito sem garantia contra o devedor originário. 
2 - DERIVADA
Haverá relação jurídico entre o atual e o antigo proprietário, assim eventuais vícios que contaminavam a propriedade serão transmitidas ao adquirente. 
Por exemplo: tradição, registro, sucessão, casamento com comunhão universal de bens.
	ACESSÃO
Forma de aquisição da propriedade imóvel e pode ser dívida em:
Acessão natural: 1248 a 1252.
Art. 1.248, CC - A acessão pode dar-se:
I - por formação de ilhas (acessão natural);
	Observação: deverá haver um rio particular dividindo duas propriedades, de dois proprietários distintos.
Art. 1.249, CC - As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.
II - por aluvião (acessão natural);
	É uma forma lenta de adquirir a propriedade, formando-se a propriedade na margem do rio, pelo acúmulo de elementos e substâncias que para a margem são levados.
Art. 1.250, CC - Os acréscimos formados, sucessivae imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
	O que seria aluvião imprópria? A denominada aluvião imprópria decorre da retração de águas dormentes a exemplo de uma lagoa que começa a secar.
III - por avulsão (acessão natural);
Art. 1.251, CC - Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
	Avulsão está prevista neste artigo 1.251, CC, diferentemente da aluvião que é lenta, a avulsão se dá quando uma força natural destaca uma porção de terra de um imóvel agregando-a a outro.
IV - por abandono de álveo (acessão natural);
	Está no art. 1.252, CC a redação sobre o álveo abandonado. É o leito do rio que seca, “produzindo” uma nova propriedade. 
Art. 1.252, CC - O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
	A propriedade de “A” avança até o meio do rio, e ao mesmo tempo a propriedade de “B” (separadas por um rio). 
ACESSÃO ARTIFICIAL: 1253 e ss. Construção e plantação. 
Princípio da gravitação jurídica: o acessório deve seguir o destino do principal. Este princípio está no CC de maneira implícita no 92,CC. Tudo que se planta sobre o solo pertence ao dono do solo. 
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
Construções e plantações serão acessórios do principal que é o solo. Na doutrina ganha o nome de SUPERFÍCIES SOLO CEDIT = a propriedade da superfície irá ceder à propriedade do solo (essa é a regra geral). 
Dono do solo é S. Dono de materiais e da casa (construções) é C. 
A boa ou má-fé de C (construiu) interfere na propriedade da casa ou não? Não. C sempre será proprietário da casa. o dono do solo será dono da casa, não inverte a regra do superficie solo cedit. C terá direito de ser indenizado pelos materiais gastos na construção quando de boa-fé. 
C estava de má-fé, sabia que o terreno era de outrem e ainda assim constrói em terreno alheio a construção será o dono do solo, e a indenização? Arts. 1253 e 1254. Perde o direito à indenização. 
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
EXCEÇÕES AO SUPERFICIE SOLO CEDIT 
1º) deve haver boa-fé subjetiva e a construção ultrapassa em muito o valor do solo = pelo princípio da função social da propriedade a lei determina a inversão da regra da acessão artificial (superficie solo cedit) quando o que construiu em solo alheio estiver de boa-fé e o valor da construção ultrapassar consideravelmente o valor do solo. Dessa forma, presentes esses pressupostos o juiz fixará um valor de indenização a ser pago pelo construtor ao proprietário do solo. Temos uma verdadeira desapropriação judicial no interesse privado. O judiciário no interesse de particular pode desapropriar. Nesse caso temos a ACESSÃO INVERTIDA OU ACESSÃO INVERSA. ART. 1.255, par.unico.
1.255, Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
•Exceder consideravelmente o valor do terreno: conceito jurídico indeterminado Juiz preenche a vagueza e a lei dá o resultado. 
•Cláusula geral: juiz preenche a vagueza e a conseqüência. 
2ª) Segunda exceção ao superficie solo cedit direito real de superfície ou propriedade superficiária. Através de um contrato, posteriormente levado a registro, poderá o proprietário criar sobre seu solo uma propriedade independente da deste, desde que o faça nos termos do art. 1.369 por tempo determinado. Teremos duas propriedades superpostas. A propriedade superficiária será resolúvel, na que está submetida a uma data para sua extinção. 
Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão.
 Observações sobre direito de superfície
a) a quem caberão as obrigações propter rem quando instituída a superfície? Pela regra da lei caberá ao superficiário. 1371
Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.
Quem tem qualidade para instituir a qualidade de contribuinte? LC e esse 1.371 foi instituído pelo CC que é LO, assim o superficiário pode recusar-se ao pagamento sobre essa alegação.
As partes, pela autonomia privada, podem afastar a regra do 1.371,CC.
Enunciado 94 CJF.
b) o direito de superfície será remunerado ou gratuito? As partes irão decidir de acordo com 1.370CC.
Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente.
Se for onerosa, por convenção entre as partes, a doutrina o denomina de SOLARIUM. 
c) a superfície pode ser transferida. É direito real autônomo (propriedade autônoma) que pode ter poder de disposição seja por ato inter vivos ou causa mortis, porém em qualquer caso, deverá ser respeitado o prazo inicialmente estipulado. 
Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência.
d) a superfície pode ser dada em HIPOTECA. Art. 1.473,CC
Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:   
X - a propriedade superficiária. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)
Enunciado 342 CJF: 
e) pode ser criada superfície onde já haja uma construção. 
A superfície não ocorre somente em lote vago. Poderia haver um galpão e transfere superfície onerosa com direito de exploração do galpão. A doutrina admite este tipo de superfície chamando-a de SUPERFÍCIE POR CISÃO. Há uma cisão da propriedade (solo, superfície e subsolo). Enunciado 250 CJF.
REGISTRO
O registro imobiliário é modo de adquirir a propriedade, firmando como regra, presunção relativa de veracidade, nos termos do art. 1.245, CC:
Art. 1.245, CC - Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis (modo de aquisição da propriedade imobiliária).
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
	Parte-se da máxima tão conhecida da expressão “quem não registra não é dono da propriedade”.Para que seja dono de uma propriedade, não basta que o proprietário possua o título, ou seja, tenha a escritura lavrada no tabelionato (como no direito Francês), mas é preciso que haja o registro deste título no cartório de registro de imóveis.
Observação: existe um registro imobiliário que desde que constituído de forma regular, firma presunção absoluta de propriedade. É o denominado REGISTRO TORRENS, restrito a imóveis rurais (ver artigos 277 a 288 da lei de registros públicos, cercados de muitos requisitos).
Características do registro no Brasil
1ª) O registro está vinculado ao título que o fundamentou. Decorre do caráter derivado desta aquisição. Assim, se o titulo apresentado a registro contiver vícios o registro também estará viciado. 
2ª) Presunção relativa de propriedade. Quem registra é o dono. Iuris tantum (relativa), pode haver terceiro questionando esse direito de propriedade. Para registro não tem caráter absoluto no BR.
Quem questiona deve provar ônus da prova de quem alega (não é inversão). Em prova objetiva colocar que é inversão de ônus da prova. 
REGISTRO TORRENS: art. 277, LRP (6.015/73) forma de registro que possibilita ao proprietário ser titular de um direito inquestionável (iuri et de iuri) não se poderia alegar nada contra aquele proprietário. Esse registro é muito caro, muito burocrático e só pode ser feito para propriedade rural ele não é muito usado. 
Princípios informadores do registro imobiliário. 
 CONSTITUTIVIDADE. O registro é o ato que normalmente fará nascer o direito real, ou seja, ele irá constituir os direitos reais. 
Por exemplo: promessa de compra e venda deixa de ser direito obrigacional e passa a ser direito real com o registro em cartório (oponível erga omnes). O contrato de superfície passa a ser direito real quando registrado. 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
exceção: o registro terá caráter meramente declaratório nos casos de usucapião e sucessão. 
 PRIORIDADE de preferência: é a proteção concedida àquele que prenota o livro de protocolo em primeiro lugar. 
Ocorrendo o registro este retroagirá à data da prenotação. Art. 1246,CC c.c.188, 205, 191 e 192 da LRP.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
        Art. 188 - Protocolizado o título, proceder-se-á ao registro, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, salvo nos casos previstos nos artigos seguintes. 
        Art. 205 - Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se, decorridos 30 (trinta) dias do seu lançamento no Protocolo, o título não tiver sido registrado por omissão do interessado em atender às exigências legais. 
        Art. 191 - Prevalecerão, para efeito de prioridade de registro, quando apresentados no mesmo dia, os títulos prenotados no Protocolo sob número de ordem mais baixo, protelando-se o registro dos apresentados posteriormente, pelo prazo correspondente a, pelo menos, um dia útil. 
        Art. 192 - O disposto nos arts. 190 e 191 não se aplica às escrituras públicas, da mesma data e apresentadas no mesmo dia, que determinem, taxativamente, a hora da sua lavratura, prevalecendo, para efeito de prioridade, a que foi lavrada em primeiro lugar. 
 CONTINUIDADE: no registro imobiliário deve haver um perfeito encadeamento dos títulos, assim, aquele que constar como alienante deverá ser a pessoa em nome de quem o título está registrado. 
Esse princípio veda a quebra da cadeia dominial. 
Usucapião é uma exceção ao princípio da continuidade, até porque é forma de aquisição originária da propriedade. 
 ESPECIFICIDADE. Para haver o registro o imóvel deve ser um corpo certo, autônomo e plenamente identificável, dessa forma não se admite também o registro de uma universalidade de bens. 
 VERACIDADE. Caso o registro imobiliário não corresponda à realidade fática do imóvel o interessado poderá por via administrativa ou judicial requerer a retificação do registro. 
A ação retificatória não se presta à aquisição de propriedade, tem por finalidade apenas adequar a realidade fática com a realidade jurídica. não pode servir para aquisição de novas áreas. Tem objeto restrito para alterar o erro que consta do registro imobiliário.
 Art. 212. Se o registro ou a averbação for omissa, imprecisa ou não exprimir a verdade, a retificação será feita pelo Oficial do Registro de Imóveis competente, a requerimento do interessado, por meio do procedimento administrativo previsto no art. 213, facultado ao interessado requerer a retificação por meio de procedimento judicial. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
 Parágrafo único. A opção pelo procedimento administrativo previsto no art. 213 não exclui a prestação jurisdicional, a requerimento da parte prejudicada. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
Art. 213. O oficial retificará o registro ou a averbação: (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
I - de ofício ou a requerimento do interessado nos casos de: (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
a) omissão ou erro cometido na transposição de qualquer elemento do título; (Incluída pela Lei nº 10.931, de 2004)
b) indicação ou atualização de confrontação; (Incluída pela Lei nº 10.931, de 2004)
c) alteração de denominação de logradouro público, comprovada por documento oficial; (Incluída pela Lei nº 10.931, de 2004)
d) retificação que vise a indicação de rumos, ângulos de deflexão ou inserção de coordenadas georeferenciadas, em que não haja alteração das medidas perimetrais; (Incluída pela Lei nº 10.931, de 2004)
e) alteração ou inserção que resulte de mero cálculo matemático feito a partir das medidas perimetrais constantes do registro; (Incluída pela Lei nº 10.931, de 2004)
f) reprodução de descrição de linha divisória de imóvel confrontante que já tenha sido objeto de retificação; (Incluída pela Lei nº 10.931, de 2004)
g) inserção ou modificação dos dados de qualificação pessoal das partes, comprovada por documentos oficiais, ou mediante despacho judicial quando houver necessidade de produção de outras provas; (Incluída pela Lei nº 10.931, de 2004)
II - a requerimento do interessado, no caso de inserção ou alteração de medida perimetral de que resulte, ou não, alteração de área, instruído com planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no competente Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura - CREA, bem assim pelos confrontantes. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 1o Uma vez atendidos os requisitos de que trata o caput do art. 225, o oficial averbará a retificação. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 2o Se a planta não contiver a assinatura de algum confrontante, este será notificado pelo Oficial de Registro de Imóveis competente, a requerimento do interessado, para se manifestar em quinze dias, promovendo-se a notificação pessoalmente ou pelo correio, com aviso de recebimento, ou, ainda, por solicitação do Oficial de Registro de Imóveis, pelo Oficial de Registro de Títulos e Documentos da comarca da situação do imóvel ou do domicílio de quem deva recebê-la. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 3o A notificação será dirigida ao endereço do confrontante constante do Registro de Imóveis, podendo ser dirigida ao próprio imóvel contíguo ou àquele fornecido pelo requerente; não sendo encontrado o confrontante ou estando em lugar incerto e não sabido, tal fato será certificado pelo oficial encarregado da diligência, promovendo-se a notificação do confrontante mediante edital, com o mesmo prazo fixado no § 2o, publicadopor duas vezes em jornal local de grande circulação. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 4o Presumir-se-á a anuência do confrontante que deixar de apresentar impugnação no prazo da notificação. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 5o Findo o prazo sem impugnação, o oficial averbará a retificação requerida; se houver impugnação fundamentada por parte de algum confrontante, o oficial intimará o requerente e o profissional que houver assinado a planta e o memorial a fim de que, no prazo de cinco dias, se manifestem sobre a impugnação. (Redação dada pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 6o Havendo impugnação e se as partes não tiverem formalizado transação amigável para solucioná-la, o oficial remeterá o processo ao juiz competente, que decidirá de plano ou após instrução sumária, salvo se a controvérsia versar sobre o direito de propriedade de alguma das partes, hipótese em que remeterá o interessado para as vias ordinárias. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 7o Pelo mesmo procedimento previsto neste artigo poderão ser apurados os remanescentes de áreas parcialmente alienadas, caso em que serão considerados como confrontantes tão-somente os confinantes das áreas remanescentes. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 8o As áreas públicas poderão ser demarcadas ou ter seus registros retificados pelo mesmo procedimento previsto neste artigo, desde que constem do registro ou sejam logradouros devidamente averbados. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 9o Independentemente de retificação, dois ou mais confrontantes poderão, por meio de escritura pública, alterar ou estabelecer as divisas entre si e, se houver transferência de área, com o recolhimento do devido imposto de transmissão e desde que preservadas, se rural o imóvel, a fração mínima de parcelamento e, quando urbano, a legislação urbanística. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 10. Entendem-se como confrontantes não só os proprietários dos imóveis contíguos, mas, também, seus eventuais ocupantes; o condomínio geral, de que tratam os arts. 1.314 e seguintes do Código Civil, será representado por qualquer dos condôminos e o condomínio edilício, de que tratam os arts. 1.331 e seguintes do Código Civil, será representado, conforme o caso, pelo síndico ou pela Comissão de Representantes. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 11. Independe de retificação: (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
I - a regularização fundiária de interesse social realizada em Zonas Especiais de Interesse Social, nos termos da Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, promovida por Município ou pelo Distrito Federal, quando os lotes já estiverem cadastrados individualmente ou com lançamento fiscal há mais de vinte anos; (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
II - a adequação da descrição de imóvel rural às exigências dos arts. 176, §§ 3o e 4o, e 225, § 3o, desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 12. Poderá o oficial realizar diligências no imóvel para a constatação de sua situação em face dos confrontantes e localização na quadra. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 13. Não havendo dúvida quanto à identificação do imóvel, o título anterior à retificação poderá ser levado a registro desde que requerido pelo adquirente, promovendo-se o registro em conformidade com a nova descrição.(Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 14. Verificado a qualquer tempo não serem verdadeiros os fatos constantes do memorial descritivo, responderão os requerentes e o profissional que o elaborou pelos prejuízos causados, independentemente das sanções disciplinares e penais. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 15. Não são devidos custas ou emolumentos notariais ou de registro decorrentes de regularização fundiária de interesse social a cargo da administração pública. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
Art. 214 - As nulidades de pleno direito do registro, uma vez provadas, invalidam-no, independentemente de ação direta. 
§ 1o A nulidade será decretada depois de ouvidos os atingidos. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 2o Da decisão tomada no caso do § 1o caberá apelação ou agravo conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 3o Se o juiz entender que a superveniência de novos registros poderá causar danos de difícil reparação poderá determinar de ofício, a qualquer momento, ainda que sem oitiva das partes, o bloqueio da matrícula do imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 4o Bloqueada a matrícula, o oficial não poderá mais nela praticar qualquer ato, salvo com autorização judicial, permitindo-se, todavia, aos interessados a prenotação de seus títulos, que ficarão com o prazo prorrogado até a solução do bloqueio. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
§ 5o A nulidade não será decretada se atingir terceiro de boa-fé que já tiver preenchido as condições de usucapião do imóvel. (Incluído pela Lei nº 10.931, de 2004)
Art. 215 - São nulos os registros efetuados após sentença de abertura de falência, ou do termo legal nele fixado, salvo se a apresentação tiver sido feita anteriormente. 
Art. 216 - O registro poderá também ser retificado ou anulado por sentença em processo contencioso, ou por efeito do julgado em ação de anulação ou de declaração de nulidade de ato jurídico, ou de julgado sobre fraude à execução. 
 PUBLICIDADE: já que os direitos reais são oponíveis erga omnes toda a sociedade tem o direito de saber a quem pertence determinado direito real.
 LEGALIDADE do registro. Por ser forma de aquisição derivada o título apresentado deverá se revestir das exigências legais cabendo ao oficial do RI a verificação destas. 
Procedimento de suscitacao de dúvida. 
Em caso de exigências descabidas solicitará ao oficial do RI que este suscite duvida ao juiz. Será o procedimento de jurisdição voluntária de suscitação de dúvida que seguindo os arts. 198 e ss da LRP, com participação do MP, cabendo ao juiz decidir se a duvida é procedente ou não. Competência da vara de registros públicos onde houver. 
Se a dúvida for procedente 
Sendo a dúvida improcedente a exigência será considerada descabida tendo razão o particular, devendo neste caso o oficial registrar desde logo. 
se a dúvida for improcedente o oficial tem interesse em recorrer? Não. 
Já o particular pode apelar caso a dúvida seja procedente (tinha cabimento a exigência do oficial). 
 DÚVIDA INVERSA: parte da doutrina admite que em caso de inércia do oficial em suscitar dúvida ao juiz, o particular poderia apresentar o requerimento de dúvida diretamente ao poder judiciário, ou seja, a doutrina não quer que o particular vire refém do oficial. É o direito de acesso à jurisdição.
USUCAPIÃO
	Introdução
	Professor Pablo Stolze recomenda que seja utilizada a expressão no feminino, como é a usucapião utilizada no Código Civil. Embora haja muita discussão quanto ao gênero, sendo considerado como masculino a palavra, mostra-se de bom uso utilizá-la no feminino em uma prova de concurso público.
	A usucapião é o modo de adquirir propriedade imobiliária ou mobiliária (como será visto logo abaixo). Também a usucapião poderá servir para adquirir outros direitos reais que não a propriedade.
	Mas, neste estudo será abordada apenas a usucapião da propriedade imobiliária, regida pelo Código Civil. Professor Pablo Stolze recomenda a obra “Usucapião de bens móveis e imóveis” de José Carlos Moraes Sales para estudo mais aprofundado da matéria.
	Conceito de usucapião
	Trata-se de um modo originário de aquisição de propriedade (prescrição aquisitiva), por meio da posse contínua pacífica com animus domini e segundo o decurso do tempo estabelecido na lei.
	A teoria subjetiva de Savigny, não prevalece na sistemática dos direitos das coisas sendo sobrepujada sobre a teoria objetiva de Ihering, mas acaba influenciando certos pontos deste sistema e em especial no tocante ao regramento da usucapião.
	Requisitos
	São os requisitos gerais ou os elementos que devem ser preenchidos para que se dê a usucapião:
	
Coisa suscetível de ser usucapida

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