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1 Universidade Salvador – UNIFACS Cursos de Engenharia - Equações Diferenciais e Séries / Cálculo III Profa: Ilka Rebouças Freire (Texto elaborado pelos professores Adelmo Ribeiro de Jesus e Ilka Rebouças Freire) Texto 03 Alguns Critérios de Convergência e Propriedades das Séries Numéricas Em geral é difícil decidir através do estudo das seqüências das somas parciais se uma série é convergente ou divergente, principalmente porque nem sempre é possível estabelecer uma expressão geral para sn. Vimos, até então, o caso da série geométrica, que sabemos através da sua razão se converge ou não e, no caso de convergir, qual é a sua soma. Calculamos também a soma de algumas séries em que a expressão de sn foi obtida com certa facilidade. Vamos apresentar alguns resultados e estudar alguns testes ou critérios que nos permitem decidir sobre a convergência de uma série, mesmo que no caso da série ser convergente não possamos dizer o valor da sua soma. Neste caso, podemos aproximar a soma por uma soma parcial com termos suficientes para atingir o grau de precisão desejado. Critério do Termo Geral ou Teste da Divergência Observações: 1. O resultado acima é também chamado de Critério do Termo Geral (CTG) para a convergência de série, ou condição necessária para a convergência de uma série. 2. Se ∑ 1 na converge então 0alim n n = +∞→ . 3. Através do resultado do limite do termo geral, podemos garantir a divergência de certas séries. Como dito acima, se 0alim n n = +∞→ nada podemos afirmar sobre a série ∑ 1 na . Ela pode ou não convergir. Ou seja, 0alim n n = +∞→ não conclui convergência!!! Teste da divergência • Se 0alim n n ≠ +∞→ então ∑ 1 na é divergente • Se 0alim n n = +∞→ então ∑ 1 na pode convergir ou divergir 2 Exemplos: 1) ∑ 1 n diverge, pois +∞= +∞→ nlim n . 2) ∑ +1 1n n diverge pois 01 1n nlim n ≠= ++∞→ A p- série Uma p- série, também chamada de série hiper-harmônica, é uma série da forma ∑ 1 pn 1 ( p > 0 ) Exemplos: 1) ∑ 1 n 1 ; p-série com p = 1. Também chamada série harmônica 2) ∑ 1 2n 1 ; p-série com p = 2. 3) ∑∑ = 1 2/1 1 n 1 n 1 ; p-série com p = ½ 4) ∑∑ = 1 2/3 1 n 1 nn 1 ; p-série com p = 3/2 Vamos assumir sem demonstração o seguinte resultado O resultado acima pode ser demonstrado através de um critério chamado de Critério da Integral através do qual podemos concluir que a convergência da série ∑ 1 pn 1 é equivalente à convergência da integral imprópria ∫ +∞ 1 px dx . A p-série ∑ 1 pn 1 ( p > 0 ) • converge se p > 1 • diverge se 0 < p ≤ 1 3 Exemplos 1) ∑ 1 n 1 diverge ( p = 1 ) 2) A série ∑ 1 2n 1 converge ( p = 2 ) 3) A série ∑ 1 n 1 diverge ( p = ½ ) Algumas Propriedades 1. A convergência ou divergência de uma série não é afetada pela retirada ou o acréscimo de um número finito de termos. Em outras palavras: “ Se ∑ 1 na converge ( diverge), a série ∑ 1 nb obtida de ∑ 1 na acrescentando-se ou suprimindo-se alguns termos também converge (diverge) .” . No caso de convergir, a convergência da nova série é para valor diferente da soma ∑ 1 na Exemplos: 1.1) As séries ∑ −1 12 1 n e ∑ −3 12 1 n são ambas convergentes, mas para valores diferentes. 1.2) As séries ∑ − 1 12n e .....1684211253b n +++++++−=∑ são ambas divergentes 2. Se ∑ 1 na e ∑ 1 nb são duas séries convergindo a S e R respectivamente, então i) A série ( )∑ ± 1 nn ba converge a S ± R. ii) A série ∑ 1 nka converge a kS., k ∈ R Exemplos: 2.1) A série ∑ 1 2n 3 é convergente pois é o produto de uma série convergente ∑ 1 2n 1 por uma constante k = 3 4 2.2) A série ∑ + 1 n2 2 1 n 1 converge pois é a soma de duas séries convergente: A p-série ∑ 1 2n 1 e a série geométrica ∑ 1 n2 1 2.3) A série ∑ + − 1 n1n 2 1 3 1 é convergente pois é a soma de duas séries geométricas de razão menor que 1. Podemos obter a soma da série separando as duas: 2 51 2 3 2 11 2/1 3 11 1 2 1 2 1 3 1 2 1 3 1 1n 11 1n 1 n1n =+= − + − = += + − −− ∑∑∑ 3. Se ∑ 1 na é convergente e ∑ 1 nb é divergente, então ( )∑ + 1 nn ba é divergente. Exemplo: 3.1) A série ∑ + 1 2n 1 n 1 é divergente pois é a soma de uma série divergente ∑ 1 n 1 com uma convergente ∑ 1 2n 1 4. Se ∑ 1 na é divergente e k 0≠ , então ∑ 1 nka é divergente. Exemplo: 4.1) A série ∑ 1 n 2 é divergente Observação: Se ∑ 1 na e ∑ 1 nb são duas séries divergentes nada se pode afirmar sobre ( )∑ + 1 nn ba . Pode divergir ou não. Exemplo: As séries ∑−∑ nn 2 e 2 divergem e ( )∑ − nn 22 converge a 0. 5 As Séries Alternadas Exemplos: 1) ... 4 1 3 1 2 11 n 1)( 1 1n +−+−= − ∑ + ; n 1 a n = 2) ... 8 1 4 1 2 1 2 1)( 1 n n +−+−=∑ − ; nn 2 1 a = 3) A série ∑ −− 1 1n senn)1( não é alternada pois senna n = não é positivo ou negativo para todo n. O resultado a seguir nos dá um teste para analisar a convergência das séries alternadas Exemplos: 1) A série alternada ... 4 1 3 1 2 11 n 1)( 1 1n +−+−= − ∑ + é convergente pois satisfaz ás condições do Critério de Leibniz: i) 0 n 1 lim n = ∞→ ii) A seqüência ,... 3 1 , 2 1 ,1 n 1 = é decrescente. Uma série alternada é uma série que se apresenta numa das formas • ∑ +−+−=− + 1 4321n 1n ...aaaaa1)( an > 0; ∀n ou • ∑ −+−+−=− 1 4321n n ...aaaaa1)( an > 0; ∀n Teste de Leibniz Se a série alternada ∑ +−+−=− + 1 4321n 1n ...aaaaa1)( (an > 0 ; ∀n ) é tal que i) 0alim n n = +∞→ ii) n aa n1n ∀<+ ( a seqüência é decrescente ) Então a série dada é convergente. 6 2) A série n π sen1)( 2 n ∑ − é convergente pois satisfaz ás condições do Teste de Leibniz: i) 0 n π senlim n = +∞→ ; ii) Para mostrar que a seqüência n π sen é decrescente, consideramos a função x π senf(x) = e calculamos a sua derivada. x cos x π(x)f 2 pi− =′ < 0 o que garante que a função é decrescente para x > 2. ( De fato: 2 π x π02x <<⇒> . O arco está no 1o quadrante e o cosseno é positivo ) Somas Aproximadas de Séries Alternadas Se uma série alternada ∑ +−+−=− + 1 4321n 1n ...aaaaa1)( satisfaz às condições do Teste de Leibniz e S é a sua soma temos o seguinte resultado: Observação: A desigualdade 1nn asS +<− significa que o erro que resulta em aproximar S por sn é menor que o primeiro termo que não foi incluído na soma parcial Com este resultado podemos avaliar somas de sériesalternadas com precisão de k casas decimais usando que “ Se ε é o erro de uma aproximação, então esta terá precisão de k casas decimais se k10x5,0ε −< .” “Se S for aproximada por sn, então o erro absoluto nsS −=ε é tal que 1nn asS +<− .” 7 Exemplo: Vimos que a série alternada ... 4 1 3 1 2 11 n 1)( 1 1n +−+−= − ∑ + é convergente satisfazendo as condições do Critério de Leibniz: Se considerarmos, por exemplo, a soma 4 1 3 1 2 114 −+−=s = 0,58333.. o erro cometido é menor que a5 = 1/5 = 0,2 De fato, veremos mais tarde que esta série tem por soma ln2. Se calcularmos ln2 = 0,69314718... e tomarmos a diferença 0,69314718... − 0,58333.... = 0,1098... que é menor que 0,2 Esta série não é uma boa série para aproximar ln2 pois a convergência é muito lenta. Só obtemos uma boa aproximação tomando um número muito grande de termos. Por exemplo, para conseguirmos precisão de uma casa decimal deveremos calcular a soma sn para n satisfazendo a condição 05,0 1n 1 ≤ + o que nos dá 19n ≥ !!! Exercícios: 1) Calcule o erro ε cometido quando a soma da série ∑ − − 1 5 1n n )1( é aproximada por s3. Solução: Observemos, inicialmente, que a série é alternada e satisfaz ás condições de Leibniz. Logo, ao aproximarmos a soma da série por s3, 55 3 1 2 11S +−= o erro é menor que o termo a4, isto é, 0009,0 4 1 5 =<ε 2) Dada a série ∑ − 0 n )!n2( )1( , determine a) A soma com precisão de 2 casas decimais. b) Qual a precisão se considerarmos a soma !6 1 !4 1 !2 11s3 −+−= Solução: a) Observemos, inicialmente, que a série é alternada e satisfaz ás condições de Leibniz. Para obtermos precisão de 2 casas decimais o erro 210.5,0 −<ε , ou seja, 005,0<ε 8 ... !10 1 !8 1 !6 1 !4 1 !2 11)!n2( )1( 0 n +−+−+−= − ∑ O termo 005,0...0013,0 720 1 !6 1 a 3 <=== . Logo, basta somarmos até a2. .!4 1 !2 11S +−= b) Se somarmos !6 1 !4 1 !2 11s3 −+−= o erro é menor do que 44 4 10.5,010.248,0...0000248,040320 1 !8 1 a −− <==== . Logo, esixte precisão em 4 casas decimais Observação: Existem outros métodos para avaliar erros nas aproximações de séries não alternadas Os testes da Razão e da Raiz Para enunciar os testes da Razão e da Raiz vamos introduzir o conceito de séries absolutamente convergentes Analisando exemplos vistos anteriormente podemos observar que A série ∑ − + 1 1n n 1)( é convergente e a série ∑=∑ − + 11 1n n 1 n 1)( é divergente A série ∑ − + 1 2 1n n 1)( é convergente e a série ∑ − + 1 2 1n n 1)( = ∑ 1 2n 1 também é convergente Temos a seguinte definição: Exemplos: 1) A série ∑ − + 1 1n n 1)( é condicionalmente convergente 2) A série ∑ − + 1 2 1n n 1)( é absolutamente convergente Dada a série ∑ 1 nu temos que: 1) Se a série ∑ 1 nu converge dizemos que a série ∑ 1 nu é absolutamente convergente 2) Se a série ∑ 1 nu converge e ∑ 1 nu diverge dizemos que ∑ 1 nu é condicionalmente convergente. 9 3) A série n π sen1)( 1 n ∑ − é condicionalmente convergente Observações: 1) Temos que se ∑ 1 nu converge, então ∑ 1 nu converge. A recíproca não é verdadeira. O fato de ∑ 1 nu convergir não implica que ∑ 1 nu também converge. Exemplo: ∑ − + 1 1n n 1)( converge e ∑ 1 n 1 diverge 2) Se ∑ 1 nu diverge nada podemos afirmar sobre ∑ 1 nu . Pode convergir ou divergir. 3) Se ∑ 1 nu diverge podemos garantir que ∑ 1 nu diverge pois, caso contrário, ∑ 1 nu seria convergente. Toda série absolutamente convergente é convergente, ou seja: Se ∑ 1 nu converge então ∑ 1 nu também converge Teste da Razão para a Convergência Absoluta ( TRZ) Seja a série ∑ 1 nu e considere o limite k u ulim n 1n n = + +∞→ • Se k < 1 a série ∑ 1 nu é absolutamente convergente, logo convergente • Se k > 1 ( ou ∞) a série ∑ 1 nu diverge • Se k = 1 nada podemos concluir por este critério Teste da Raiz para a Convergência Absoluta ( TRI ) Seja a série ∑ 1 nu e considere o limite kulim n n n = +∞→ • Se k < 1 ∑ 1 nu é absolutamente convergente, logo convergente • Se k > 1 ( ou ∞) a série ∑ 1 nu diverge • Se k = 1 nada podemos concluir 10 Observações: 1) Os Testes da Razão e da Raiz são gerais podendo ser aplicados em qualquer série. Garantem a convergência absoluta ( k < 1 ) ou a divergência da série ∑ 1 nu ( k >1 ). 2) Tanto no Teste da Razão quanto no Teste da Raiz podemos concluir a divergência se os respectivos limites forem +∞ 3) Se k = 1 no Teste da Razão então k = 1 no Teste da Raiz. Ou seja, se encontrarmos k = no Teste da Razão, não é mais necessário testar com o outro critério. Exemplos: 1) ∑ 1 n n! 2 Em geral quando a expressão do termo geral da série envolve fatorial o critério mais indicado é o da razão 1n 2 1)n!(n 2n! 2 n! 1)!(n 2 u u n! 2 u n 1n n 1n n n + = + = + =⇒= + + ⇒ 0 1n 2 lim u u lim nn 1n n = + = ∞→ + ∞→ . Concluímos então que a série é convergente 2) ∑ + 1 2n n 12n Vamos usar o teste da raiz: 4 n 1n2 lim n 12n limulim 2 n n 2n n n n n = + = + = +∞→+∞→+∞→ . Portanto, a série diverge Referências Bibliográficas: 1. O Cálculo com Geometria Analítica, vol II – Louis Leithold 2. Cálculo – Um Novo Horizonte, vol II – Howard Anton 3. Cálculo – vol II – James Stewart
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