Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso Técnico em Química 2 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA Título: Módulo 08- Metrologia Organizadora: Karine Alves da Silva Marcelo Batista Marco Aurélio Maurício Revisão: Thalita Geralda Borges Design de Página: Ricardo Pereira da Costa Welcimar Souza Agradecimento: Aos autores responsáveis pelas obras que foram utilizadas neste material didático e citadas nas referências bibliográficas. Coordenação: Elida Cristina Silva França Supervisão Pedagógica: Ellen Cristina de Castro Nogueira Mendonça Direção: Paulo Roberto Paulino Santos Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA Rua VP 04 – Quadra 8 A– Módulos 03 a 06. Distrito Agroindustrial de Anápolis – DAIA Fone: (62) 3328-2476/ 3328-2477/ 3328-2478 Site: www.cepeduc.com Curso Técnico em Química 3 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 5 CAPÍTULO I .................................................................................................................. 7 1 CONCEITOS GERAIS................................................................................................ 7 1.1 METROLOGIA .................................................................................................... 7 1.2 MEDIÇÃO ............................................................................................................ 7 1.3 TÉCNICAS .......................................................................................................... 8 1.4 LEGAIS ............................................................................................................... 8 1.5 CIENTÍFICA ........................................................................................................ 8 2 EXERCÍCIOS ............................................................................................................. 9 CAPÍTULO II ............................................................................................................... 10 1 GRANDEZA ............................................................................................................. 10 1.1 UNIDADE DE MEDIÇÃO ................................................................................... 10 1.2 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI) ............................................ 10 1.3 REPRESENTAÇÃO DO NOME DAS UNIDADES ............................................ 12 1.4 REPRESENTAÇÃO DO PRODUTO E DA DIVISÃO DE UNIDADES ............... 12 1.5 REPRESENTAÇÃO DE MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DAS UNIDADES ... 13 2 EXERCÍCIO .............................................................................................................. 14 CAPÍTULO III .............................................................................................................. 15 1 PADRÃO .................................................................................................................. 15 1.1 PADRÕES DE MEDIÇÃO ................................................................................. 15 1.2 RESULTADO DA MEDIÇÃO ............................................................................. 16 1.3 ERRO OU INCERTEZA .................................................................................... 20 1.4 FONTES DE ERROS ........................................................................................ 21 1.5 FATORES INTERNOS AO SISTEMA DE MEDIÇÃO........................................ 21 1.6 FATORES EXTERNOS AO SISTEMA DE MEDIÇÃO ...................................... 22 1.7 INTERAÇÕES E RETROAÇÕES ...................................................................... 22 1.8 A INFLUÊNCIA DO OPERADOR ...................................................................... 22 1.9 EFEITOS DA TEMPERATURA NA METROLOGIA DIMENSIONAL ................. 23 CAPÍTULO IV .............................................................................................................. 24 1 CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DOS INSTRUMENTOS .................................... 24 1.1 EXATIDÃO E PRECISÃO ................................................................................. 24 1.2 EXATIDÃO ........................................................................................................ 24 1.3 PRECISÃO ........................................................................................................ 25 1.4 INCERTEZA NA MEDIÇÃO .............................................................................. 26 Curso Técnico em Química 4 1.5 PRINCÍPIOS GERAIS ....................................................................................... 27 1.6 MÉDIA ............................................................................................................... 28 1.7 DESVIO PADRÃO ............................................................................................. 28 2 EXERCÍCIOS ........................................................................................................... 29 CAPÍTULO V ............................................................................................................... 31 1 APLICAÇÕES .......................................................................................................... 31 1.1 ABRANGÊNCIA DAS AÇÕES METROLÓGICAS ............................................. 32 1.2 QUEM PODE FAZER CALIBRAÇÕES? ........................................................... 33 1.3. O SISTEMA METROLÓGICO BRASILEIRO .................................................... 33 1.4 CONMETRO ..................................................................................................... 34 1.5 INMETRO .......................................................................................................... 34 1.6 LABORATÓRIO NACIONAL DE METROLOGIA .............................................. 34 1.7 REDE BRASILEIRA DE CALIBRAÇÃO ............................................................ 35 1.8 REDE NACIONAL DE METROLOGIA LEGAL E QUALIDADE ......................... 36 1.9 CALIBRAÇÕES DO DISPOSITIVO DE MEDIÇÃO ........................................... 37 1.9.1 Calibração ..................................................................................................... 37 1.10 MÉTODOS DE CALIBRAÇÃO ........................................................................ 38 1.10.1 Calibração direta ........................................................................................ 38 1.10.2 Calibração indireta ..................................................................................... 39 1.10.3 Calibração in-loco ...................................................................................... 39 2 EXERCÍCIOS ........................................................................................................... 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 44 Curso Técnico em Química 5 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 5 INTRODUÇÃO A medição é uma operação antiga e de fundamental importância para o desenvolvimento da humanidade. Diariamente efetuamos naturalmente mediçõesem praticamente todos os ramos da atividade humana, como por exemplo:o tempo e a temperatura de cozimento de um pão, o volume de leite em uma embalagem, a pressão nos pneus, o valor pago por uma mercadoria em um supermercado, as contas de água e luz, a pureza e a quantidadede matéria prima. Medir é uma forma de descrever o mundo, e a metrologiaé a ciência da medição e se refere à medição de qualquer grandeza física. A importância da metrologia é evidente, pois ela é uma ferramenta absolutamente essencial para a garantia da qualidade de qualquer produto ou serviço. Enfoca os aspectos técnicos, físicos e matemáticos da medição da grandeza física. Inicialmente na antiguidade usavam-se as medidas chamadas de “medidas naturais de comprimento”, como mostra nas figuras abaixo: Figura 1 – medidas naturais de comprimento Mão Palmo Palma Polegada Pé Curso Técnico em Química 6 Jarda Passo Fonte: 1º Seminário de metrologia – Aula: Metrologia. Aspectos Básicos. Com o passar do tempo, estudos e pesquisas foram aperfeiçoando o ato de medir. Com isso nos foi apresentado o Sistema Internacional de Unidades (SI), com sua história, características e as regras para a escrita correta de nomes, símbolos, prefixos e múltiplos das unidades das grandezas físicas. Mas afinal, por que medir?Alguns autores afirmam que a medição pode ser empregada para monitorar, controlar e/ou investigar processos ou fenômenos físicos. Neste módulo são demonstrados os conceitos básicos da Estatística da Medição para tratar corretamente os erros aleatórios, conceituando médias, desvios, distribuições e intervalos de confiança da medição. As quantidades medidas são definidas e classificadas sob diferentes enfoques e são apresentados os conceitos, unidades, formas e padrões das sete quantidades de base, e suas derivadas, nas áreas da física, química, eletrônica e instrumentação. A seguir são vistas os Instrumentos de Medição, onde são apresentados os diferentes métodos de medição, as aplicações da medição na indústria e os diferentes tipos de instrumentos usados nas medições. O desempenho do instrumento é analisado e são apresentadas as especificações típicas e os parâmetros da precisão e da exatidão. Os erros aleatórios, sistemáticos e grosseiros da medição são conceituados e apresentados os meios para eliminar, diminuir ou administrar tais erros, considerando sua fonte de origem. Finalmente, é analisada a Confirmação Metrológica da medição, onde são definidos os conceitos de calibração e ajuste, os diferentes tipos de padrões, as abrangências das normas e a situação dos laboratórios nacionais (INMETRO) e internacionais. Curso Técnico em Química 7 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 7 CAPÍTULO I 1 CONCEITOS GERAIS Para compreendermos melhor a metrologia temos que nos atentar a alguns conceitos fundamentais como: Metrologia, Medição, Grandeza, Unidade de Medição, Padrão, Método de Medição e Resultado da Medição. 1.1 METROLOGIA Definição literal da palavra: Metrologia = metron + logos ciências das medições 1.2 MEDIÇÃO Lord Kelvin afirmou, em 1883, que: “O conhecimento amplo e satisfatório sobre um processo ou um fenômeno somente existirá quando for possível medi-lo e expressá-lo por meio de números”. A partir desta afirmação fica claro que palavras e impressões não são suficientes para descrever de forma clara um fenômeno ou um processo. É necessário expressá-lo de modo quantitativo; é necessário medi-lo. Medir é comparar uma grandeza com outra, de mesma natureza, tomada como padrão. Medição é, portanto, o conjunto de operações que tem por objetivo determinar o valor de uma grandeza. Existe uma imensa variedade de coisas diferentes que podem ser medidas sob vários aspectos. Imagine uma lata de refrigerante, você pode medir a sua altura, sua massa, e seu volume. Cada um desses aspectos (comprimento, massa, volume) implica numa grandeza física diferente. Medida Ciência Curso Técnico em Química 8 Uma medição é uma série de manipulações de objetos ou sistemas físicos de acordo com um protocolo definido que resulta em um número. O número é reportado para representar unicamente a magnitude ou intensidade de alguma satisfação de que dependem as propriedades do objeto sob teste. Este número é desenvolvido para formar a base de uma decisão afetando algum objetivo humano ou satisfazendo alguma necessidade humana, a satisfação de que dependem das propriedades do objetivo sob teste. Estas necessidades podem ser vistas de modo útil como requerendo três classes gerais de medição: Técnicas, Legais e científicas. 1.3 TÉCNICAS Esta classe inclui as medições feitas para garantir a compatibilidade dimensional, conformação a especificações de projeto necessárias para uma função apropriada ou em geral, todas as medições feitas para garantir adequação para uso pretendido de algum objeto. 1.4 LEGAIS Esta classe inclui as medições feitas para garantir cumprimento da lei ou regulação. Esta classe se refere a instituições de pesos e medidas, inspetores e aqueles que devem fazer cumprir as leis. As medições são idênticas em espécie às da metrologia técnica, mas são revestidas de uma estrutura mais formal. A metrologia legal tem como objetivo proteger o consumidor tratando das unidades de medidas, métodos e instrumentos de medição, de acordo com as exigências técnicas e legais obrigatórias. Com a supervisão do governo, o controle metrológico estabelece adequada transparência e confiança com base em ensaios imparciais. A exatidão dos instrumentos de medição garante credibilidade nos campos da economia, saúde, segurança e meio ambiente. 1.5 CIENTÍFICA Esta classe inclui as medições feitas para validar teorias da natureza do universo ou para sugerir novas teorias. Estas medições, que podem ser chamadas de metrologia científica. Curso Técnico em Química 9 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 9 2 EXERCÍCIOS 1- Identifiquem no seu cotidiano três exemplos de medições que são utilizadas para monitorar e três exemplos, para controlar. 2- Descreva dois exemplos em que medições são usadas na pesquisa tecnológica. 3- Cite quatro fatores que podem dar origem a erros de medição. 4- Através de exemplos e conceituação explique por que é importante que a unidade de medição seja amplamente reconhecida? Curso Técnico em Química 10 CAPÍTULO II 1 GRANDEZA O conceito de grandeza é fundamental para se efetuar qualquer medição. Grandeza pode ser definida, resumidamente, como sendo o atributo físico de um corpo que pode ser qualitativamente distinguido e quantitativamente determinado, genericamente determinado por um sistema de medição (SM). A altura, por exemplo, é um dos atributos utilizados para definir a grandeza comprimento, que é qualitativamente distinto de outros atributos (diferente de massa, por exemplo) é quantitativamente determinável (pode ser expresso por um número). Ver tabela 1. Ex.: Comprimento de uma barra de ferro: 4,26m ou 426 cm Massa de um corpo: 2,59kg ou 2590g 1.1 UNIDADE DE MEDIÇÃO Para determinar o valor numérico de uma grandeza, é necessário que se disponha de outra grandeza de mesma natureza, definida e adotada por convenção, para fazer a comparação com a primeira. Para saber uma altura qualquer, por exemplo, é preciso adotar um comprimento definido para ser usado como unidade. O comprimento definido como unidade de medida pelo Sistema Internacional de Unidades- SI, é o Metro, seus múltiplos e submúltiplos. É importante lembrar que o metro é definido como sendo o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante um intervalo de tempo de 1/299.792. 458 de segundo. 1.2 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI) Foi sancionado em 1960 pela Conferência Geral de Pesos e Medidas e constitui a expressão moderna e atualizada do antigo Sistema Métrico Decimal, ampliado de modo a abranger os diversos tipos de grandezas físicas, compreendendo não somente as medições que ordinariamente interessam ao comércio e à indústria (domínio da metrologia legal), mas estendendo-se completamente a tudo o que diz respeito à ciência da medição. Curso Técnico em Química 11 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 1 1 O Brasil adotou o Sistema Internacional de Unidades - SI em 1962. A Resolução nº 12 de 1988 do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - CONMETRO ratificou a adoção do SI no País e tornou seu uso obrigatório em todo o território nacional. No nosso dia-a-dia expressamos quantidades ou grandezas em termos de outras unidades que nos servem de padrão. Um bom exemplo é quando vamos à padaria e compramos 2 litros de leite ou 400g de queijo. Na Ciência de forma geral é de extrema importância a utilização correta das unidades de medida. Existe mais de uma unidade para a mesma grandeza, por exemplo, 1metro é o mesmo que 100 centímetros ou 0,001 quilômetros. Em alguns países é mais comum a utilização de graus Fahrenheit (°F) ao invés de graus Celsius (°C) como no Brasil. Isso porque, como não existia um padrão para as unidades, cada pesquisador ou profissional utilizava o padrão que considerava melhor. O grande problema estava nas comunicações internacionais. Como poderia haver um acordo quando não se falava a mesma língua. Para resolver este problema, a Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) criou o Sistema Internacional de Unidades (SI). O Sistema Internacional de Unidades (SI) é um conjunto de definições, ou sistema de unidades, que tem como objetivo uniformizar as medições. Na 14ª CGPM foi acordado que no Sistema Internacional teria apenas uma unidade para cada grandeza. No Sistema Internacional de Unidades (SI) existem sete unidades básicas que podem ser utilizadas para derivar todas as outras. Os símbolos e nomes de unidades formam um único conjunto básico de padrões conhecidos, aceitos e usados no mundo inteiro. Estas sete unidades são: Tabela 1 - As Sete Unidades Básicas do SI GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO Comprimento Metro m Massa Quilograma kg Tempo Segundo S Corrente elétrica Ampère A Temperatura termodinâmica Kelvin K Quantidade de matéria Mol mol Intensidade luminosa Candela Cd Fonte: http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/Si.pdf Curso Técnico em Química 12 Tabela 2 - Unidades derivadas GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO Superfície Metro quadrado m 2 Força Newton N Energia, trabalho Joule J Aceleração Metro por segundo ao quadrado m/s 2 Volume Metro cúbico m 3 Velocidade Metro por segundo m/s Fonte: http://www.inmetro.gov.br/infotec/publicacoes/Si.pdf 1.3 REPRESENTAÇÃO DO NOME DAS UNIDADES Os nomes das unidades devem ser escritos com caracteres minúsculos, mesmo que derivem de nomes de cientistas. Ex.: metro, segundo, ampere, watt, hertz Exceção: grau Celsius Os nomes das unidades admitem plural (segundo o Bureau Internacional de Pesos e Medidas - BIPM), só passando ao plural a partir de dois, inclusive. Ex.: 0,47 metro; 1,99 joule; 2 miliamperes; 8x10 -4 segundo; 5,2 metros por segundo. Os símbolos das unidades são escritos em caracteres minúsculos. No entanto, se o nome da unidade deriva de um nome próprio, a primeira letra do símbolo será maiúscula. Ex.: m (metro); s (segundo); W (watt); N (newton); Pa (pascal). Os símbolos das unidades são invariáveis, mesmo no plural, e não são seguidos de um ponto, exceto no caso da pontuação normal. Ex.: 12 m e não 12 m.; nem 12 ms; nem 12 mts. 1.4 REPRESENTAÇÃO DO PRODUTO E DA DIVISÃO DE UNIDADES O produto de duas unidades c e d pode ser representado por uma das notações seguintes: c.d ; c.d ; c d ; c´d mas não cd O quociente de duas unidades c e d pode ser representado por uma das notações seguintes: Curso Técnico em Química 13 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 1 3 c/d ; ; c.d -1 (ou por qualquer das notações que indicam o produto de c por d -1 ). 1.5 REPRESENTAÇÃO DE MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DAS UNIDADES O SI define os seguintes prefixos para múltiplos e submúltiplos das unidades: Tabela 3 – Múltiplos e submúltiplos das unidades O nome de um múltiplo (ou submúltiplo) de uma unidade obtém-se acrescentando o nome da unidade ao nome do prefixo apropriado. Ex.: centímetro (10 -2 m); quilowatt (10 3 W) ; microampere (10 -6 A) O símbolo de um múltiplo (ou submúltiplo) de uma unidade forma-se acrescentando o símbolo da unidade ao símbolo do prefixo apropriado. Ex.: cm ; kW ; µA Os símbolos dos prefixos SI, quando impressos, escrevem-se em caracteres seguidos. Não sedeve deixar espaço entre o símbolo do prefixo e o símbolo da unidade. Ex.: Deve-se escrever-se km e não k m para indicar 103 m Não se deve, igualmente, deixar espaço entre o nome do prefixo e o nome da unidade,quando se escreve o nome do múltiplo (ou do submúltiplo). Ex.: Deve-se escrever microampere e não micro ampere Curso Técnico em Química 14 2 EXERCÍCIO 1- Segundo as regras de grafia estabelecidas para as unidades e para os símbolos das unidades do Sistema Internacional, identifique se há erros nas seguintes expressões e proponha a forma correta quando for o caso: a) 210 K = duzentos e dez graus Kelvin b) 10°C = dez graus centígrados c) 5,0 kg = cinco quilos d) 2,0 N = dois Newton e) 220 Vts = duzentos e vinte volts f) 34,7 m/s = trinta e quatro vírgula sete metros por segundos g) 180 mm/m h) 12,5 m/s/h i) 45,7 mm/km j) 12.312,4 m k) 0,000 0124 3 s l) 35 nm = trinta e cinco nanômetros m) 1615,4g Curso Técnico em Química 15 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 1 5 CAPÍTULO III 1 PADRÃO Seria bem complicado medir uma altura usando apenas a definição do metro. Para isso existem os Padrões Metrológicos. Um padrão metrológico é, em resumo, um instrumento de medir ou uma medida materializada destinada a reproduzir uma unidade de medir para servir como referência. O padrão (de qualquer grandeza) reconhecido como tendo a mais alta qualidade metrológica e cujo valor é aceito sem referência a outro padrão, é chamado de Padrão Primário. Um padrão cujo valor é estabelecido pela comparação direta com o padrão primário é chamado Padrão Secundário, e assim sucessivamente, criando uma cadeia de padrões onde um padrão de maior qualidade metrológica é usado como referência para o de menor qualidade metrológica. Pode-se, por exemplo, a partir de um Padrão de Trabalho, percorrer toda a cadeia de rastreabilidade desse padrão, chegando ao Padrão Primário. O valor do mensurando é determinado comparando-o com um artefato cujo valor de referência é muito bem conhecido. Figura 2 - método de comparação padrão. Fonte: Fundamento da Metrologia Científica e Industrial – capitulo 4- (Slide 4/42) 1.1 PADRÕES DE MEDIÇÃO Mesmo na medição mais corriqueira adotamos, de maneira consciente ou inconsciente, um métodode medição e um procedimento de medição. Métodos e procedimentos de medição são adotados em razão da grandeza a ser medida, da exatidão requerida e de outros condicionantes que Curso Técnico em Química 16 envolvem uma série de variáveis. Vamos supor que você queira determinar o volume de 200 mL de óleo comestível. Se você não necessita grande exatidão (você vai usar o óleo para fazer uma receita culinária) então o método escolhido pode ser, simplesmente, verter o óleo em uma medida de volume graduada (uma proveta, por exemplo). Porém, se o resultado exigir maior exatidão (um ensaio em laboratório), será necessário utilizar outro método que leve em considerações outras variáveis, como a temperatura do óleo, sua massa, sua massa específica e por ai vai, uma vez que o volume do óleo varia em razão da temperatura que este apresenta no momento da medição. Como tudo que fazemos em nosso redor temos a certeza da incerteza das medições, por isso através de conceitos metrológicos para tentar padronizar e calcular essas incertezas e erros de medição. 1.2 RESULTADO DA MEDIÇÃO Após medir uma grandeza, devemos enunciar o resultado da medição. Parece coisa simples, mas não é. Em primeiro lugar, ao realizar uma medição, é impossível determinar um valor verdadeiro para a grandeza medida. Vamos supor que você mediu a massa de um corpo em uma balança eletrônica e a indicação numérica que apareceu no visor foi 251g (duzentos e cinquenta e um gramas). Na verdade, um possível valor verdadeiro da massa daquele corpo estaria próximo da indicação obtida, embora este seja, por definição, indeterminável. Os parâmetros dessa aproximação são dados pela incerteza da medição. Como nos exemplos anteriores, se essa medição destina-se a fins domésticos, não é necessário qualquer rigor ao expressar o seu resultado. Entretanto, quando se trata de medições para fins científicos ou tecnológicos, será preciso deixar claro se o resultado apresentado refere-se àquela indicação, ou ao resultado corrigido, ou ainda à média de várias medições. Deve conter ainda informações sobre a incerteza de medição, ser expresso utilizando-se o nome e a simbologia da grandeza de forma correta e levar em consideração os algarismos significativos que compõem o valor numérico. Nesse material estudaremos dois tipos de erros mais comuns no nosso cotidiano que são: Erro absoluto Erro aleatório Curso Técnico em Química 17 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 1 7 Erro de medição é a divergência entre o valor medido e o valor real da grandeza medida. Por maior que seja o esmero (cuidado extremo, perfeição) na medição sempre existirá um erro de medição. Este erro pode ser devido à utilização de métodos e equipamentos impróprios ou defeituosos, às variações nas condições de medição, entre outras causas. O valor real da grandeza medida é sempre uma incógnita, e por isto só podemos obter uma avaliação aproximada do erro de medição. Muitos autores preferem o termo "incerteza" ao erro neste caso. Erro sistemático ou absoluto:Os erros sistemáticos são entre outros, normalmente decorrentes de má condução da experiência, má calibração dos instrumentos, descuidos de planejamento. Em qualquer dos casos resultam na distorção da medição, alterando todos os resultados causando um desvio acentuado do valor correto. Suponhamos que uma dada experiência é conduzida em diversos dias e o resultado depende das condições atmosféricas, como por exemplo a umidade. Não sendo esta constante é natural que não estando este fator controlado contribua para a distorção dos resultados. Outro exemplo pode ser considerado pensando numa análise onde uma dada mistura é feita num recipiente, sendo a experiência replicada para uma mesma amostra, a não limpeza do recipiente pode contribuir para a alteração da concentração dos reagentes, provocando sucessivas distorções nos resultados. Erro aleatório:Erros aleatórios são naturalmente decorrentes da própria experiência, uma vez que o rigor absoluto ou reprodução exata dos valores em sucessivas medições não são de esperar. Praticamente todo o trabalho experimental, ainda que muito dele automatizado, está sujeito a pequenas variações, pois mesmo a instrumentação tem limites quanto ao número de dígitos significativos do valor que pretende quantificar. Assim o tratamento dos erros deve começar pela distinção entre erros aleatórios e sistemáticos. Do exposto pode estabelecer-se desde já alguma distinção entre os efeitos destes dois tipos de erros. Os erros aleatórios afetam a precisão e a reprodutibilidade dos dados. Os erros sistemáticos produzem distorções que alteram a acuracidade. Mais do que estabelecer diferenças baseadas em termos ,que na linguagem corrente têm o mesmo significado, é necessário compreender a diferença entre os dois tipos de erros em termos da forma como alteram os dados em relação ao seu valor correto. Para os erros aleatórios é de esperar que os dados se dispersem em relação ao seu valor correto simetricamente, enquanto que os erros sistemáticos conduzem a um enviesamento distinto, provocando um desvio em relação a valor exato. Curso Técnico em Química 18 Tabela 4 - Tipos de erros Tipos de erros Aleatórios Sistemáticos Afetam a precisão dos dados Afetam a acuracidade Dispersão simétrica Dispersão tendencial. Erros indeterminados Erros determinados Tomemos como exemplo uma experiência realizada por quatro alunos numa análise com 10.00 ml de 0.1 M de hidróxido de sódio titerado com 0.1M de acido hidroclórico. Cada estudante realizou cinco replicadas tendo-se obtido os resultados: Tabela 5 – Média dos resultados obtidos com respectivo desvio padrão Alunos A B C D 10,08 9,88 10,19 10,04 10,11 10,14 9,79 9,98 10,09 10,02 9,69 10,02 10,10 9,80 10,05 9,97 10,12 10,21 9,78 10,04 Média 10,10 10,01 9,90 10,01 Desvio Padrão 0,0158 0,1718 21,0500 0,0332 O valor correto seria de 10 mL, o que nos permite com este conjunto de dados fazer uma distinção entre precisão e exatidão, caracterizando assim o tipo de erro inerente. Para os estudantes A e D verificamos que os dados são precisos, com uma dispersão pequena, erros aleatórios reduzidos. No entanto, enquanto que para o aluno D eles são também exatos, o mesmo não se pode afirmar para A. Neste conjunto de dados, existe um nítido desvio relativamente ao valor correto 10, ou seja um erro sistemático evidente. Para os alunos B e C os erros aleatórios são de uma ordem de grandeza superior aos de A e D, portanto menos precisos, mas para o aluno B são exatos enquanto que para C são inexatos, o desvio em relação ao valor 10 é de 0.01 enquanto que para C este valor é 0.1. O quadro seguinte dá-nos essas mesmas indicações graficamente. Curso Técnico em Química 19 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 1 9 Podemos desta forma classificar os dados relativos a cada aluno da seguinte forma: Tabela 6 – Classificação dos resultados obtidos pelos alunos Tipo de Erro Aluno< Aleatório< Sistemático A Precisos Inexatos B Imprecisos Exatos C <imprecisos< td=""></imprecisos<> Inexatos D Precisos Exatos Como conclusão, podemos afirmar que os dados obtidos pelo aluno c são inaceitáveis, e os de D os mais aceitáveis. A classificação de A e B em termos de aceitabilidade é no entanto mais delicada. Os erros sistemáticos podem ser corrigidos e aproximados os dados ao valor correto, se por exemplo tiverem origem numa errada calibração dos instrumentos No entanto, ao contrário do exemplo apresentado, na prática normalmente os valoresexatos não são conhecidos, não havendo portanto possibilidade de os identificar. Nestes casos, evitar erros sistemáticos só é possível eliminando à partida a possibilidade da sua ocorrência, com uma cuidadosa preparação e análise dos métodos utilizados. De uma forma geral os erros aleatórios são mais difíceis de controlar, mas uma técnica cuidadosa pode minimizá-los. A repetição da experiência, o número de replicadas pode ajudar a quantificar e avaliar a sua amplitude. Nenhum ramo da ciência ou da técnica, da indústria ou do comércio pode se organizar sem a existência de medições que determinem as dimensões ou características do produto. O resultado de qualquer medição de uma grandeza física resulta sempre em três fatores: Curso Técnico em Química 20 1. O valor numérico da grandeza 2. A unidade da grandeza. 3. A incerteza da medição, associada a uma probabilidade de que o valor medido caia nos intervalos da incerteza. A importância da incerteza ou erro da medição é que obscurece a habilidade de se obter a informação que se quer: o valor verdadeiro da variável medida. Por causa dos erros, a exatidão de uma medição nunca é certa. A estatística mostra que o valor verdadeiro conseguido em um conjunto de medições é dado por sua média aritmética e a incerteza neste valor é: Onde: X = valor medido X= média das medições da amostra UX = incerteza da medição P = probabilidade que a medição esteja dentro do intervalo (x - ux) e (x + ux) O resultado da medição do comprimento de uma peça pode ser, por exemplo. (8,0 ± 0,2)m onde, 8,0 é o valor provável do comprimento 0,2 é a incerteza da medição, feita por um instrumento real e há uma probabilidade de 95% que o valor 8,0 medido esteja entre o intervalo 7,8 e 8,2 esta informação deve ser dada pelo fabricante do instrumento e informada no catálogo do instrumento que fez a medição do comprimento. m é o símbolo da unidade de comprimento metro. Afirmar simplesmente que o resultado é 8 não tem nenhum significado, a não ser que se complete a informação com a unidade metro, a incerteza 0,2 e a probabilidade associada com esta incerteza. Há várias grandezas sem unidades, dentre elas: densidade relativa, índice de refração, coeficiente de atrito, título. 1.3 ERRO OU INCERTEZA Erro de medição e incerteza de medição não são sinônimos. É necessário deixar claro as diferenças. O erro de medição é o número que resulta da diferença entre o valor indicado por um sistema de medição e o valor verdadeiro do mensurando. Por meio de uma calibração e do levantamento da curva dos erros, é possível estimar aproximadamente o valor da parte sistemática Curso Técnico em Química 21 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 2 1 (previsível) do erro de medição e estimar a faixa dentro da qual se situará a parte aleatória (imprevisível). Como não é possível conhecer e corrigir totalmente o erro de medição, uma parcela de dúvida sempre estará presente em qualquer medição efetuada. A dúvida associada a uma medição é denominada de incerteza de medição. A palavra incerteza significa dúvida. De forma ampla, incerteza de medição significa dúvida acerca do resultado de uma medição. 1.4 FONTES DE ERROS As imperfeições do sistema de medição são talvez as causas mais evidentes dos erros de medição. São fatores internos ao sistema de medição que, em maior ou menor grau, podem dar origem a erros sistemáticos e/ou aleatórios. O operador, o procedimento de medição, a forma como o mensurando é definido, as condições ambientais do local e o momento em que a medição é realizada são outros fatores que independem do sistema de medição, mas também geram erros. São, portanto, fontes de erros. Denomina-se fonte de erros qualquer fator que, agindo sobre o processo de medição, dá origem a erros de medição. 1.5 FATORES INTERNOS AO SISTEMA DE MEDIÇÃO Não há sistema de medição perfeito. Limitações tecnológicas e econômicas levam à construção de sistemas de medição não-ideais. Há imperfeições nas partes que os compõem, nas conexões, nos conjuntos, nos circuitos e nos demais módulos. O próprio princípio físico de operação do sistema de medição pode dar origem a erros de medição. Nos sistemas de medição mecânicos, erros de geometria nas partes e mecanismos são as principais fontes de erros internos. Por limitações tecnológicas e de custos, a qualidade das partes e dos componentes utilizados e o rigor com que são montados e alinhados os mecanismos se afastam do ideal. Com o uso contínuo, as peças mecânicas, expostas a movimentos relativos, tendem a se desgastar, intensificando as folgas e piorando o desempenho do conjunto. Quando molas e outros elementos que se deformam são envolvidos, o comportamento não perfeitamente elástico dos materiais é outro fator que pode dar origem a erros de medição. Curso Técnico em Química 22 1.6 FATORES EXTERNOS AO SISTEMA DE MEDIÇÃO O ambiente no qual o sistema de medição está inserido pode influenciar o seu comportamento. A presença de vibrações mecânicas e as variações de temperatura podem provocar erros de medição expressivos nos sistemas de medição mecânicos. Já a presença de fortes campos eletromagnéticos, flutuações da tensão e variações na frequência da rede elétrica e da temperatura são fatores que podem afetar o comportamento dos sistemas de medição elétricos. Variações da temperatura, umidade do ar e pressão atmosférica podem induzir erros nos sistemas ópticos de medição com maior ou menor intensidade. Para obter resultados confiáveis de medições, é necessário tomar alguns cuidados. A forma mais segura é manter estáveis e controladas as condições ambientais que têm maior influência sobre o processo de medição. O uso de salas de medição climatizadas, fontes de tensão elétrica estabilizadas e blindagens eletromagnéticas são práticas comuns em laboratórios de medição onde é importante obter melhores incertezas de medição. 1.7 INTERAÇÕES E RETROAÇÕES Um sistema de medição ideal não deve provocar nenhuma alteração no mensurando. Entretanto, a grande maioria dos sistemas de medição existentes interage em maior ou menor grau com o mensurando, podendo modificar o seu valor. Esse efeito indesejado é uma fonte de erros denominada retroação. A detecção dos erros de retroação nem sempre é simples, podendo exigir um profundo conhecimento sobre o processo de medição. 1.8 A INFLUÊNCIA DO OPERADOR Os diferentes níveis de habilidade, a acuidade visual, a correta aplicação da técnica de medição e os cuidados do operador em efetuar a medição podem produzir, em maior ou menor grau, erros de medição. Alguns sistemas de medição são construídos de forma que seu desempenho é muito pouco dependente das habilidades do operador. Uma balança eletrônica digital é um exemplo de sistema de medição em que o operador tem pouca ou nenhuma influência sobre o seu desempenho. Um micrômetro digital é outro exemplo: um dispositivo especial, denominado “catraca”, mantém Curso Técnico em Química 23 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 2 3 a força de medição constante e repetitiva. O indicador digital evita erros de leitura. A possibilidade de interfaceamento com computadores praticamente elimina erros que poderiam ter sido provocados por anotações incorretas. Não é muito fácil quantificar os níveis de erros de medição introduzidos pelo operador. Para detectar se a influência do operador é grande, é comum avaliar as variações obtidas quando diferentes operadores são envolvidos para medir o mesmo mensurando com o mesmo sistemade medição. Essas variações são comparadas com as variações obtidas quando um único operador mede repetidamente o mesmo mensurando com o único sistema de medição. A influência do operador será grande se as variações obtidas para diferentes operadores forem muito superiores às variações calculadas para um operador apenas. 1.9 EFEITOS DA TEMPERATURA NA METROLOGIA DIMENSIONAL A quase totalidade dos materiais muda suas dimensões em função da temperatura. Essa propriedade é denominada dilatação térmica. A variação das dimensões lineares é proporcional à variação de temperatura. O fator de proporcionalidade é denominado coeficiente de dilatação térmica, frequentemente representado pela letra grega α (alfa). Dilatação térmica é a proporcionalidade de os materiais modificarem suas dimensões em função das variações de temperatura a que são sujeitos. Curso Técnico em Química 24 CAPÍTULO IV 1 CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DOS INSTRUMENTOS Na metrologia aplicada usam-se algumas características fundamentais para uma medição confiável que é: Exatidão, Precisão e Variação. 1.1 EXATIDÃO E PRECISÃO É tentador dizer que se uma medição é conhecida com precisão, então ela é também conhecida com exatidão. Isto é perigoso e errado. Precisão e exatidão são conceitos diferentes. A precisão é uma condição necessária para a exatidão, porém, não é suficiente. Pode-se ter um instrumento muito preciso, mas descalibrado, de modo que sua medição não é exata. Mas um instrumento com pequena precisão, mesmo que ele forneça uma medição exata, logo depois de calibrado, com o tempo ele se desvia e não mais fornece medições exatas. Para o instrumento ser sempre exato, é necessário ser preciso e estar calibrado. 1.2 EXATIDÃO Grau de concordância entre o resultado de medição e um valor verdadeiro de um mensurado. É um conceito qualitativo, uma medição é dita mais exata quando é caracterizada por um erro de medição menor. A exatidão medida é expressa pelo desvio máximo observado no teste de um instrumento sob determinadas condições e através de um procedimento especifico. É usualmente medida como uma inexatidão e expressa como exatidão. Curso Técnico em Química 25 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 2 5 Figura 3 - Exatidão de medição. Fonte: 1º Seminário de Metrologia - Aula: Metrologia. Aspectos Básicos. Existe diferença entre exatidão de medição para exatidão de instrumento de medição? Aptidão de um instrumento de medição para dar respostas próximas a um valor verdadeiro. O valor verdadeiro é o valor real atribuído à quantidade. O valor verdadeiro da quantidade nunca pode ser achado e não é conhecido. O valor atribuído a uma quantidade somente será conhecido com alguma incerteza ou erro. Na prática, o valor verdadeiro é substituído pelo valor verdadeiro convencional, dado por um instrumento de medição padrão disponível. O objetivo de toda medição é o de obter o valor verdadeiro da variável medida e o erro é tomado como a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro. A exatidão é a habilidade de um instrumento de medição dar indicações equivalentes ao valor verdadeiro da quantidade medida. A exatidão se relaciona com a calibração do instrumento. Quando o instrumento perde a exatidão e deixa de indicar a média coincidente com o valor verdadeiro, ele precisa ser calibrado. 1.3 PRECISÃO Precisão é o grau de concordância mútua e consistente entre várias medições individuais, principalmente relacionadas com repetitividade e reprodutibilidade. A precisão é uma medida do grau de liberdade dos erros aleatórios do instrumento. A precisão é a qualidade que caracteriza um instrumento de medição dar indicações equivalentes ao valor verdadeiro da quantidade medida. A precisão está relacionada com a qualidade do instrumento. Quando o instrumento deteriora a sua precisão, alargando a dispersão de suasmedidas do mesmo valor, ele necessita de manutenção. Curso Técnico em Química 26 A manutenção criteriosa do instrumento, utilizando peças originais e conservando o projeto original não melhora a precisão nominal do instrumento, fornecida pelo fabricante quando novo, mas evita que ela se degrade e ultrapasse os limites originais. Figura 4 – Exatidão e precisão Fonte: http://www.ufpa.br/quimicanalitica/precisaoexatidao.htm 1.4 INCERTEZA NA MEDIÇÃO Todas as medições são contaminadas por erros imperfeitamente conhecidos, de modo que a significância associada com o resultado de uma medição deve considerar esta incerteza. Incerteza é um parâmetro, associado com o resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem razoavelmente ser atribuídos à quantidade medida. Há problemas associados com esta definição de incerteza de medição, que é tomada do Vocabulário de Metrologia da ISO. O que é a dispersão de se o valor verdadeiro não pode ser conhecido? Ela também implica que incerteza é somente relevante se várias medições são feitas e ela falha - por não mencionar valor verdadeiro para invocar o conceito de rastreabilidade. Uma definição mais prática, mais usada porque ela mais exatamente satisfaz as necessidades da metrologia industrial e não é consistente com a anterior, é a seguinte: Incerteza é o resultado da avaliação pretendida em caracterizando a faixa dentro da qual o valor verdadeiro de uma quantidade medida é estimado, Curso Técnico em Química 27 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 2 7 geralmente com uma dada confiança. Os laboratórios credenciados devem ter uma política definida cobrindo a provisão de estimativas das incertezas das calibrações ou testes feitos. O laboratório deve usar procedimentos documentados para a estimativa, tratamento e relatório da incerteza. Os laboratórios devem consultar seu corpo de credenciamento para qualquer orientação específica que possa estar disponível para a calibração ou teste. Os meios pelos quais os laboratórios credenciados devem tratar as incertezas das medições são definidos em detalhe na ISO Guide: Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement. 1.5 PRINCÍPIOS GERAIS O objetivo de uma medição é determinar o valor de uma quantidade específica sujeita à medida (mesurando). Para laboratórios de calibração, isto pode ser qualquer parâmetro da medição dentro de campos reconhecidos da medição - comprimento, massa, tempo, pressão, corrente elétrica. Quando aplicado a teste, o termo genérico mesurando pode cobrir muitas quantidades diferentes, a resistência de um material, a concentração de uma solução, o nível de emissão de ruído ou radiação eletromagnética, a quantidade de microorganismos. Uma medição começa com uma especificação apropriada da quantidade medida, o método genérico de medição e o procedimento específico detalhado da medição. Na prática, existem muitas fontes possíveis de incerteza em uma medição, incluindo: Definição incompleta do mensurando; Realização imperfeita da definição do mensurando; Amostragem não representativa - a amostra medida pode não representar o mensurando; Conhecimento inadequado dos efeitos das condições ambientais sobre a medição ou medição imperfeita das condições ambientais; Erro de tendência pessoal na leitura de instrumentos analógicos; Resolução finita do instrumento ou limiar de mobilidade; Valores inexatos dos padrões de medição e materiais de referência; Valores inexatos de constantes e de outros parâmetros obtidos de fontes externas e usados no algoritmo deredução de dados; Aproximação e suposições incorporadas ao método e procedimento de medição; Variações nas observações repetidas do mensurando sob condições aparentemente idênticas. Curso Técnico em Química 28 1.6 MÉDIA A média mais usada é a aritmética, que é calculada matematicamente como a soma de todas as medidas de um conjunto dividida pelo número total de medidas. A média aritmética de um conjunto de medidas é dada por: X = X1 +X2 + X3 + Xn N Onde: X = valor médio ou a média x1, x2, ... xn = valor de cada medição n = número de leituras. Através do conceito dos mínimos quadrados do erro pode-se demonstrar matematicamente que a média aritmética é a melhor estimativa do valor verdadeiro de um dado conjunto de medições. 1.7 DESVIO PADRÃO O desvio padrão (raiz quadrada da variância) é uma medida de dispersão.Ele dá uma ideia de como os valores de uma amostra (ou de uma variável aleatória) estão dispersos em relação à média. Quanto maior o desvio padrão, maior é a dispersão dos valores em relação à média. Um desvio padrão igual a zero indica que todos os valores são iguais à media. Como ocorre com as médias, há também vários tipos de desvios, embora o mais usado seja o desvio padrão. O desvio padrão da amostra com pequeno número de dados (n ≤ 20 ou para alguns, n < 30) ou desvio padrão ajustado é dado por: 1 2 n XX S Curso Técnico em Química 29 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 2 9 2 EXERCÍCIOS 1- Para avaliar o desempenho metrológico de um voltímetro portátil, uma pilha -padrão de (1,500+- 0,001) V foi medida repetidamente.As indicações obtidas estão apresentadas na tabela abaixo, todas em volts. Com esses dados, determine: a) O valor do erro da primeira medição; b) A tendência e a correção do voltímetro; c) A incerteza-padrão e a repetitividade do voltímetro. Indicações em volts de uma pilha-padrão Nº Indicação (V) 1 1,580 2 1,602 3 1,595 4 1,570 5 1,590 6 1,605 7 1,584 8 1,592 9 1,598 10 1,581 11 1,600 12 1,590 2- Para avaliar os erros de um termômetro de bulbo, ele foi mergulhado em uma mistura de água destilada e gelo em constante agitação. Devido ao grau de pureza da água destilada e à homogeneidade da mistura, é possível assegurar que a temperatura da mistura é de (0,000 ± 0,001)ºC. Cinco minutos foram aguardados após a inserção do termômetro na mistura antes de a leitura da temperatura ser efetuada. Dez medições repetidas da temperatura da mistura foram efetuadas, levando os valores da tabela abaixo. Para esse termômetro, determine: a) A tendência e a correção para medir temperaturas próximas ao zero grau Celsius; b) As respectivas indicações corrigidas; c) A incerteza padrão e a repetitividade; Curso Técnico em Química 30 d) Represente graficamente as indicações obtidas, a tendência e a faixa correspondente a repetitividade. Dez medições repetidas da temperatura de uma mistura de água destilada e gelo em constante agitação. -0,10°C -0,10°C -0,10°C -0,05°C -0,10°C -0,05°C 0,15°C -0,15°C -0,10°C -0,15°C 3- A distância entre as e estações rodoviárias de Florianópolis e Curitiba foi medida por meio do odômetro de um automóvel, cujo erro máximo é de ± 0,2 % do valor medido. Qual o resultado da medição sabendo que a indicação obtida foi de 311,2 km? 4- Considere a medição da temperatura corporal de uma criança por meio de um termômetro clínico. Enumere pelo menos cinco fontes de erros presentes nesse processo de medição. 5- Um termômetro clínico caseiro possui faixa de medição de 35 a 42°C. Seu fabricante especifica m o erro máximo, em termos fiduciais, é de apenas 1,0%. Qual o valor do erro máximo em termos absolutos? Curso Técnico em Química 31 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 3 1 CAPÍTULO V 1 APLICAÇÕES Metrologia Científica Metrologia Industrial Metrologia Legal Metrologia Científica trata, fundamentalmente, dos padrões de medição internacionais e nacionais, dos instrumentos laboratoriais e de pesquisas e método científico relacionados ao mais alto nível de qualidade metrológica, exemplo: Calibração de pesos-padrão Balanças analíticas para laboratórios A Metrologia Industrial abrange os sistemas de medição responsáveis pelo controle dos processos produtivos e pela garantia da qualidade e segurança dos produtos finais, exemplo: ensaios em produtos certificados, tais como brinquedos, fios e cabos elétricos, entre outros. A Metrologia Legal é responsável pelos sistemas de medição utilizados nas transações comerciais e pelos sistemas relacionados às áreas de saúde, segurança, meio ambiente e etc. Ex.: verificação de bombas de abastecimento de combustível. Com a globalização e o estímulo do comércio mundial, a metrologia tem se tornado ainda mais importante, considerando sua estreita relação com o controle da qualidade, laboratórios, certificação e rastreabilidade das medições. No cenário produtivo, a metrologia é peça fundamental para a competitividade das empresas, pois contribui para a produção de itens sem defeito e dentro das especificações ou regulamentos técnicos, sejam estes de origem nacional ou internacional. Assegurar qualidade, comprovar eficiência, apresentar resultados confiáveis, são algumas das atitudes cobradas em nossas atividades diárias que também fazem parte dos fatores relevantes ao atendimento das exigênciasinternacionais, principalmente as relacionadas ao comércio, indústria e meio ambiente. Se fizermos uma análise ao longo da história, verificaremos que o progresso dos povos pode ser relacionado com os seus avanços nas medições. E neste sentido, estamos constantemente à procura de novos modelos e formas de medir, como parte de nosso progresso e evolução. Curso Técnico em Química 32 1.1 ABRANGÊNCIA DAS AÇÕES METROLÓGICAS A elaboração da regulamentação técnica metrológica vem se pautando em diretrizes que permitam o alinhamento da regulamentação a parâmetros internacionais, bem como a aplicação do controle metrológico, nas áreas da saúde, da segurança, meio ambiente, industrial, comercial e pesquisas. Balanças Pesos Bombas medidoras de Combustíveis Veículos-tanque (caminhão e vagão) Carrocerias para carga sólida Taxímetros Medidas de capacidade para líquidos Medidas materializadas de comprimento (metros, trenas) Termômetros para derivados de petróleo e álcool Densímetros para derivados de petróleo e álcool Termômetros clínicos Medidores de energia elétrica eletromecânicos Hidrômetros (medidores de água fria) Medidores de gás domiciliares Sistemas de medição de líquidos criogênicos Sistemas de medição de gás combustível comprimido Cronotacógrafos (tacógrafo) Medidores de velocidade Medidores de gás tipo rotativo e tipo turbina Analisadores de gases veiculares (aprovação de modelo) Etilômetros (bafômetro) Medidores de pressão sangüínea(esfigmomanômetros) Opacímetros (medidor de fumaça preta dos caminhões) Medidores de energia elétrica eletrônicos Sistema de medição utilizado para líquidos e gases Produtos pré-medidos submetidos ao controle metrológicodentre outros, estão submetidos ao controle metrológico os seguintes produtos: Alimentícios Têxteis Medicamentos Higiene e limpeza Material escolar Materialde escritório Cosméticos Material para construção Curso Técnico em Química 33 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 3 3 Químicos Combustíveis 1.2 QUEM PODE FAZER CALIBRAÇÕES? Do ponto de vista técnico, as calibrações podem ser efetuadas por quem dispuser dos conhecimentos e meios necessários para efetuá-las. Realizada com o devido rigor metrológico, respeitando as exigências requeridas para os padrões, feitas em condições bem definidas e por um procedimento muito claro, os resultados da calibração serão tecnicamente válidos. Existem razões para que as calibrações sejam preferencialmente efetuadas por entidades especializadas e independentes. Por um lado, o grande investimento necessário em padrões, instalações laboratoriais e treinamento do pessoal seria mais facilmente amortizado pelo intenso uso com a prestação de serviços para terceiros. Por outro lado, calibrações feitas por entidades independentes e neutras são mais facilmente aceitas pelas partes envolvidas numa transação comercial ou, principalmente, quando há algum tipo de disputa envolvida. Por exemplo, os resultados de uma calibração podem apontar se um novo sistema de medição, adquirido por um cliente insatisfeito, atende ou não às especificações técnicas alegadas pelo seu fabricante, o que poderia, ou não, anular uma compra. O parecer de uma entidade neutra e competente seria muito mais aceito pelas partes envolvidas. Para que uma entidade independente seja considerada oficialmente apta a realizar calibrações, é necessário que ela atenda uma série de exigências técnicas e organizacionais. Instalações laboratoriais, padrões, pessoas treinadas, procedimentos claramente definidos e bom sistema de gestão do laboratório são alguns exemplos de exigências. A entidade deve ser submetida a uma severa auditoria. Se aprovada, é oficialmente acreditada e passa a pertencer a uma rede oficial de laboratórios de calibração. Certificados de calibração emitidos por laboratórios de calibração oficialmente acreditados são amplamente aceitos e possuem validade legal. 1.3. O SISTEMA METROLÓGICO BRASILEIRO No Brasil, as questões da metrologia estão bem definidas e oficialmente organizadas. Instituído em 1973, o Sistema Nacional de Metrologia, normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro) tem a missão de formular e executar a política nacional de metrologia, normalização e qualidade. É composto por dois órgãos: um normativo, o Conmetro, e outro executivo, o Inmetro. Curso Técnico em Química Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 3 4 1.4 CONMETRO O conselho de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) é o órgão normativo do Sinmetro. É responsável por assegurar a uniformidade das unidades de medidas utilizadas no país, fixar critérios e procedimentos para certificação de qualidade de produtos industriais e também por aplicar penalidades nos casos de infração à legislação. 1.5 INMETRO O órgão executivo da política nacional de metrologia é o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), vinculado ao Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo (MICT). As componentes de metrologia do Inmetro estão agrupadas em duas grandes diretorias: Diretoria de Metrologia científica e industrial e Diretoria de Metrologia legal. No âmbito de sua ampla missão institucional, o Inmetro objetiva fortalecer as empresas nacionais aumentando sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados à melhoria da qualidade de produtos e serviços. Sua missão é trabalhar decisivamente para o desenvolvimento socioeconômico e para a melhoria da qualidade de vida da sociedade brasileira, contribuindo para a inserção competitiva, para o avanço científico e tecnológico do país e para a proteção do cidadão, especialmente nos aspectos ligados à saúde, segurança e meio ambiente. 1.6 LABORATÓRIO NACIONAL DE METROLOGIA Vinculado à Diretoria de Metrologia Científica e Industrial do Inmetro, o Laboratório Nacional de Metrologia é a entidade responsável pela guarda e manutenção dos padrões nacionais. Entre as suas atividades, oferta serviços de calibração de melhor exatidão no país em praticamente todas as grandezas, usando como referência os padrões nacionais. Seu campus principal está instalado em Xerém, município de Duque de Caxias, nas vizinhanças do Rio de Janeiro. Curso Técnico em Química 35 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 3 5 1.7 REDE BRASILEIRA DE CALIBRAÇÃO Embora o Laboratório Nacional de Metrologia possua condições técnicas para efetuar calibrações em praticamente todas as grandezas, não tem capacidade para atender toda a demanda do país. O número de calibrações que devem ser realizadas nos vários setores industriais, no comércio e nos meios científicos em um país do tamanho do Brasil não pode ser atendido por apenas um laboratório para cada grandeza. O Inmetro possui autonomia para acreditar outros laboratórios de metrologia existentes no país para, em seu nome, poder efetuar calibrações oficialmente reconhecidas. Para estar apto, o laboratório postulante à acreditação deve atender a uma série de requisitos demonstrando capacidade técnica e organizacional para efetuar calibrações dentro de níveis definidos de incertezas. Esses laboratórios podem estar vinculados a indústrias, universidades, institutos tecnológicos, de pesquisa ou organizações independentes. No conjunto, os laboratórios acreditados pelo Inmetro para efetuar calibrações constituem a Rede Brasileira de Calibração (RBC). O Inmetro coordena e supervisiona a atuação dessa rede de laboratórios. Formadas por unidades espalhadas em todos os Estados, essa rede continha 268 laboratórios acreditados em 2010. Os certificados de calibração emitidos pelos laboratórios da Rede Brasileira de Calibração são acompanhados do selo reproduzido na Figura x. Esse selo torna o certificado de calibração oficialmente reconhecido em todo o país e nos países signatários de acordo com o reconhecimento mútuo. Certificados de calibração oficiais são exigidos de empresas que pretendem se credenciar pelas normas da série ISO 9000. Figura 5 – Selo emitido pelos laboratórios da Rede Brasileira de Calibração. Fonte: Fundamentos da Metrologia Científica e Industrial Curso Técnico em Química Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 3 6 1.8 REDE NACIONAL DE METROLOGIA LEGAL E QUALIDADE Transações comerciais frequentemente envolvem medições. São exemplos: ao comprar um peixe, uma dona de casa deverá pagar um preço justo com base na medição feita por uma balança; a corrida de um táxi deve ser paga em função do valor indicado no taxímetro; o volume de combustível efetivamente transferido para o tanque de um automóvel deve corresponder à indicação da bomba de combustível. É necessário garantir que os sistemas de medição envolvidos em transações comerciais estejam funcionando em boas condições. Os erros apresentados devem estar dentro de níveis aceitáveis para que nenhuma das partes envolvidas em uma transação comercial seja significativamente lesada. O principal papel da Metrologia Legal é proteger o consumidor. Deve assegurar que as unidades de medida, métodos e sistemas de medição usados em transações comerciais estejam em conformidade com as exigências técnicas e legais obrigatórias. São também abrangidas pela Metrologia Legal as medições que interessam ao bem estar das pessoas na área da saúde, da segurança e do meio ambiente e os produtos pré-medidos. No Brasil, as atividades da MetrologiaLegal são uma atribuição do Inmetro, que também colabora para a uniformidade da sua aplicação no mundo, para sua ativa participação no Mercosul e na Organização Internacional de Metrologia Legal (OIML). As atividades da Metrologia Legal estão concentradas em duas categorias: ações preventivas de proteção ao consumidor e ações fiscalizadoras de proteção ao consumidor. Com ações preventivas de proteção ao consumidor podem ser citadas: a) Edição de regulamentos técnicos e normas visando à garantia da qualidade metrológica dos sistemas, medidas, meios e métodos de medição; b) Verificação inicial e anual desses sistemas e medidas; c) Padronização das quantidades em que são acondicionados os produtos pré-medidos; Entre as ações fiscalizadoras para a proteção ao consumidor estão: a) Inspeção metrológica para verificação do correto funcionamento e adequado uso dos instrumentos e medidas; b) Perícia metrológica em produtos pré-medidos para verificação da correspondência entre a quantidade nominal e a quantidade efetiva; c) Aplicação de penalidade de multa, apreensão e interdição de instrumentos e produtos que se encontrem em desacordo com a legislação metrológica; d) Renovação de aprovação e/ou suspensão da verificação inicial de um modelo que venha a permitir, quando em utilização, facilidade a fraudes contra o consumidor. Curso Técnico em Química 37 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 3 7 1.9 CALIBRAÇÕES DO DISPOSITIVO DE MEDIÇÃO Sistemas de medição sempre apresentam erros, em maior ou menor grau, erros sempre agindo sejam eles originados internamente ao sistema de medição ou decorrentes da ação de várias grandezas de influências externas. Com o uso, há uma tendência do sistema de medição em degradar seu desempenho ao longo do tempo. Para manter a confiabilidade dos resultados de medições, o desempenho do sistema de medição deve ser verificado periodicamente. A plena caracterização dos erros sistemáticos e aleatórios, apresentados nas condições em que o sistema de medição é utilizado, é uma condição necessária para que os resultados obtidos sejam mais confiáveis. A forma usual de caracterizar o desempenho metrológico de um sistema de medição é pelo procedimento denominado calibração. 1.9.1 Calibração É o conjunto de operações que estabelecem, sob condições específicas, a relação entre os valores indicados por um instrumento ou sistema de medição ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referência e os valores correspondentes das grandezas estabelecidas por padrões. Essa calibração é realizada em laboratório, no qual as condições de referência são estabelecidas. Na área da metrologia dimensional, por exemplo, as calibrações são sempre realizadas em ambiente cuja temperatura é mantida muito próxima dos 20°C. Sistemas de medição de grandezas elétricas são normalmente realizados em ambientes protegidos contra campos eletromagnéticos. O resultado de uma calibração permite tanto o estabelecimento dos valores do mensurado para as indicações como a determinação das correções a serem aplicadas. Uma calibração também pode determinar outras propriedades metrológicas como: os efeitos das grandezas de influência sobre a indicação, ou o comportamento metrológico de sistemas de medição em condições adversas de utilização (temperaturas elevadas ou muito baixas, na ausência de gravidade, forte radiação nuclear, etc.) Curso Técnico em Química Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 3 8 1.10 MÉTODOS DE CALIBRAÇÃO Fundamentalmente, a calibração consiste em submeter um sistema de medições a valores conhecidos do mensurado, em condições bem definidas, e avaliar sua resposta. O número de repetições é o número de diferentes valores do mensurado podem cariar conforme a finalidade da calibração. Porém, o valor do mensurado deve ser conhecido com incertezas sempre melhores que as incertezas esperadas para o sistema de medição que está sendo calibrado. Normalmente são usados padrões. Os tipos de padrões e a maneira de empregá-los determinam alguns diferentes métodos de calibração apresentados a seguir. Calibração direta Calibração indireta Calibração in loco 1.10.1 Calibração direta É diretamente aplicado sobre o sistema de medição a calibrar (SMC). A figura abaixo representa esquematicamente as relações desse tipo de calibração. Figura 6 - Sistema de medição a calibrar Fonte: Fundamentos da Metrologia Científica e Industrial - Capitulo 5 – (slide 13/40) 100 g 102,4g Comparação 100 g 102,4 g Curso Técnico em Química 39 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 3 9 1.10.2 Calibração indireta É quando a grandeza a medir é gerada por meio de um dispositivo auxiliar que é usado como referência. A medição da grandeza é feita pelo sistema de medição a calibrar (SMC) e, simultaneamente, por outro sistema de medição, usado como referência, o sistema de medição- padrão (SMP). As indicações de ambos os sistemas são comparadas. As incertezas do sistema de medição-padrão são de forma a serem cerca de dez vezes melhores que a do sistema de medição a calibrar, de tal forma que as diferenças encontradas entre as indicações possam ser atribuídas aos erros do sistema de medição a calibrar. A calibração do velocímetro de um automóvel é um exemplo de calibração que só pode ser efetuada pelo método indireto. A Figura 7 ilustra essa situação. Figura 7 - Calibração do velocímetro de um automóvel pelo método indireto modelo quinta roda Fonte: Fundamentos da Metrologia Científica e Industrial - Capitulo 5 – (slide 16/40) 1.10.3 Calibração in-loco É quando os padrões são levados até o local do equipamento a ser calibrado (nessas condições é mais representativo do que a calibração realizada em laboratório). O Controle Metrológico compreende: O Controle dos Instrumentos de Medição ou Medidas Materializadas. Apreciação técnica de modelo; 80,0Km/h 82,5Km/h Comparação Curso Técnico em Química Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 4 0 Verificação; Inspeção. Novos instrumentos de medição devem ter seu modelo aprovado pelo Inmetro, que examina, ensaia e verifica se ele está adequado para a sua finalidade. Após a fabricação, cada instrumento deve ser submetido à verificação inicial para assegurar sua exatidão antes de seu uso. Verificação inicial é aquela efetuada em um instrumento de medição ou medida materializada logo após sua construção e antes de sua instalação e/ou utilização. Esta planilha apresenta a quantidade de instrumentos de medição, agrupados por famílias, submetidos à verificação inicial, no ano em curso e no anterior, valores estes que são alimentados pela RBMLQ (Rede Brasileira de Metrologia e Qualidade). Na linha “No Mês”, consta a quantidade verificada no mês em foco. Na linha “Acumulado”, está registrada a quantidade verificada desde o início do ano até a data considerada. A Supervisão Metrológica, que é constituída pelos procedimentos realizados na fabricação, na utilização, na manutenção e no conserto de um instrumento de medição ou medida materializada para assegurar que estão sendo atendidas as exigências regulamentares; esses procedimentos se estendem, também, ao controle da exatidão das indicações colocadas nas mercadorias pré-medidas. A Perícia Metrológica, que é constituída por um conjunto de operações que tem por fimexaminar e certificar as condições em que se encontram um instrumento de medição ou medida materializada e determinar suas qualidades metrológicas de acordo com as exigências regulamentares específicas (por exemplo: emissão de um laudo para fins judiciais). Curso Técnico em Química 41 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 4 1 Figura 8 – modelo do certificado de calibração Fonte: Fundamentos da Metrologia Científica e Industrial - Capitulo 5 – (slide 38/40) Curso Técnico em Química Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 4 2 Figura 9 – Resultado do certificado de calibração. Fonte: Fundamentos da Metrologia Científica e Industrial - Capitulo 5 – (slide 39/40) Curso Técnico em Química 43 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 4 3 2 EXERCÍCIOS 1- Por que é necessário calibrar um sistema de medição? 2- Vamos supor que um equipamento foi calibrado em março de 2009. Este equipamento ficou armazenado em condições recomendadas durante um ano, para então ser utilizado. A data inicial para controle do período de calibração deve ser 2009 ou 2010. Nós consideramos a data da calibração, e não a data do início de utilização. 3- Diferença entre calibração e verificação. Quais as diferenças no processo? 4- Pretende-se calibrar um micrômetro cuja incerteza expandida esperada é de 5µm. Dispõe-se de um conjunto de blocos-padrão com incertezas expandidas de 0,8 µm. É possível fazer essa calibração? Faço os comentários adicionais necessários. 5- Que critérios devem ser usados para definir o intervalo entre calibrações que deve ser praticado para um certo sistema de medição? 6- Para cada uma das situações abaixo, identifique o ramo da metrologia que melhor se ocupa na solução problema em questão (Científica, Industrial ou Legal): Garantia da qualidade da produção de sacos de café de 500g. Comercialização de sacos de café de 500g. Desenvolvimento de um novo método para medir a massa de café que seja pouco afetado pela umidade. 7- O que é o Laboratório Nacional de Metrologia e quais são seus principais papéis? 8- O que é a Rede Nacional de Metrologia Legal e Qualidade e qual sua principal função? Curso Técnico em Química Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 4 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS JUNIOR, A. A. G. & SOUSA, A. R. de. Fundamentos da Metrologia Científica e Industrial. 1 ed. São Paulo: Manole, 2008. RIBEIRO, Marco Antônio. Fundamentos da Confirmação Metrológica. 6 ed. Salvador: 2004. SIANGA, A. Conceitos Básicos Para Resultado de Medição e Expressão de Incertezas. Disponível em: http://qualymed.com.br/?p=695 acesso em 10/11/2011 as 18h40mim. Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São PauloDisponível em:http://www.ipem.sp.gov.br/5mt/medir.asp?vpro=abe. Acesso em 10/11/2011 as19h30mim. SPMET – Sociedade Portuguesa de Metrologia Disponível em: http://www.spmet.pt/conceitos%20basicos.pdf. Acesso em 11/11/2011 as 18h10mim SOUSA, C. CATIM – Centro de Apoio Tecnológico à Industria Metalomecânica. 2008. Disponível em: http://www.catim.pt/Catim/PDFS/erros-conceitos-elementares.pdf. Acesso em 14/11/2011 as 19h00mim. LULAI. Metrologia Dimensional. Capítulo 1. Disponível em: http://www.salulai.com.br/Ftp/EMPRESA_302%2F423656643MetroInd_Cap01_Introducao_rev_ 0.pdf. Acesso em 15/11/2011 as 18h40mim. Prof. Fábio Evangelista Santana, MSc. Eng. Metrologia. Disponível em: http://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/e/e6/Aula_14-11_TEM221.pdf. Acesso em 16/11/2011 as 20h45mim. Prof. Luiz Fernando Barca. Metrologia, Estatística Aplicada, Processos de Fabricação. Disponível em: http://www.barca.unifei.edu.br/metrologia.html. Acesso em 25/11/2011 as 19h15mim. Prof. Luiz Fernando Barca.Avaliaçãoda Incerteza de Medição na Metrologia Dimensional.Disponível Curso Técnico em Química 45 Centro de Educação Profissional de Anápolis – CEPA 4 5 em:http://www.barca.unifei.edu.br/download/Incerteza%20da%20medicao_Exemplo%20Medidas %20Diretas.PDF. Acesso em 28/11/2011 as 18h45mim. Prof. Paulo César C. Pinheiro. Noções Gerais Sobre Metrologia. Curso de Pós Graduação em Energia Nuclear. UFMG. Disponível em: http://www.demec.ufmg.br/disciplinas/ema103/NocoesMetrologia.pdf. Acesso em: 28/11/2011 as 21h00mim INMETRO. Verificação Inicial de Instrumentos de Medição. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/verifica_instrumento. acesso em 30/11/2011 as 20h50mim.
Compartilhar