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Apicultura Perguntas e Respostas

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PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE APICULTURA
1.         A Abelha
1.19       Como podem os zangões nascer de ovos não fertilizados?
Trata-se de um fenômeno conhecido como partenogênese, comum também em vespas e formigas. O indivíduo resultante não tem pai e é haplóide, isto é, possui metade dos cromossomos de sua mãe - apenas 16. Essa situação curiosa determina que a rainha que gerou um zangão seja o "pai genético" das filhas desse zangão.
1.22       Zangões são sempre “puros”? [1]
Talvez em razão de os zangões serem haplóides, espalhou-se a crença de que eles são sempre de raça pura. O filho de uma rainha pura também será puro (embora possa ter características diferentes da sua mãe), e o filho de uma rainha mestiça poderá ser mestiço e, havendo coincidência, também poderá até ser puro (veja item 1.23). 
1.23       Os zangões irmãos são idênticos? [1]
Não necessariamente. Pode haver zangões irmãos idênticos, mas isso é apenas uma coincidência. Ocorre que uma célula comum da rainha possui 32 cromossomos ligados dois a dois (16 pares) e os óvulos produzidos possuem apenas 16 cromossomos, nenhum ligado a outro. Estes 16 cromossomos resultam da combinação aleatória de um dos cromossomos do par 1, mais um dos cromossomos do par 2, e assim por diante. Como em cada par de cromossomos a carga genética varia de um cromossomo para outro, cada óvulo produzido – e cada zangão, por conseqüência - carregará uma carga genética particular. Posto em números, uma rainha pode gerar 216 = 65.536 óvulos (zangões) diferentes, considerando-se apenas o agrupamento randômico dos cromossomos durante a meiose. Na verdade, este número pode ser muito maior, pois há um segundo fenômeno de variabilidade genética importante, conhecido por crossing over [ARM01].
 
Pela mesma razão, zangões não são idênticos à sua mãe. Uma característica qualquer (determinada por gene recessivo) que não se manifeste na rainha pode estar presente no zangão, se ele ficar com o cromossomo que carrega este gene.
1.35       Qual é a relação entre a idade das abelhas e as tarefas executadas?
Há uma grande variação na relação entre idade e atividades executadas. Há períodos de vida preferenciais para as abelhas executarem determinadas tarefas, mas eles podem mudar completamente em caso de necessidade. Além disso, a abelha pode executar diversas tarefas diferentes durante um dia. Uma relação comum, em situação normal da colméia é a seguinte [WIN03]:
 
 
	Tarefa
	Idade (dias)
	Limpeza de alvéolos
	0 a 8
	Operculação de cria
	2 a 9
	Atendimento de cria
	5 a 15
	Atendimento da rainha
	3 a 14
	Recebimento de néctar
	8 a 16
	Remoção de detritos
	7 a 21
	Compactação de pólen
	8 a 19
	Construção de favos
	11 a 22
	Ventilação da colméia
	13 a 22
	Guarda da colméia
	14 a 27
	Primeiro forrageamento
	18 a 28
1.37       Quantas abelhas vivem numa colméia?
O número real é extremamente variável, a cada época do ano, de colméia para colméia. No pico da safra, por exemplo, considere as seguintes hipóteses:
 
         Postura diária de 2 mil ovos
         Tempo de desenvolvimento ovo-adulto de 20 dias
         Viabilidade de 100% da cria
         Ciclo de vida de 38 dias para as operárias
 
Nesse caso, teoricamente, a colônia poderia crescer até chegar à população abaixo, permanecendo em equilíbrio enquanto a postura se mantivesse.
 
         1 rainha
         algumas centenas de zangões
         38 mil crias (ovos, larvas, pupas)
         44 mil operárias domésticas/campeiras (até 23 dias)
         32 mil campeiras
1.38       Quando as abelhas pilham as colméias vizinhas?
Geralmente quando a produção de néctar é baixa, e uma colméia vizinha tem mel em estoque e está desprotegida por falta de operárias. Esse comportamento freqüentemente é ativado pelo próprio apicultor que, durante o manejo, expõe o estoque de mel das colméias à investigação das vizinhas ou fornece alimentação artificial com xarope de forma descuidada ou em alimentadores deficientes (veja capítulo 6).
1.39       Como as abelhas se comunicam?
Principalmente, por meio de interações químicas. Essas interações se processam pela produção de feromônios, substâncias secretadas por diversas glândulas que são percebidas pelo olfato. Os feromônios são o principal meio de estimulação e coordenação de quase todas as atividades das abelhas. Os feromônios produzidos pela rainha, por exemplo, inibem a construção de realeiras pelas operárias, inibem o crescimento dos ovários das operárias, atraem zangões nos vôos nupciais, atraem as operárias em geral e particularmente as nutrizes, que alimentam a rainha com geléia real.
 
Feromônios de operárias estão muito ligados à defesa da colméia. A ferroada libera um feromônio que induz outras abelhas a atacarem. Por esta razão, é comum a ocorrência de várias ferroadas no mesmo local. Também por isso, é conveniente a limpeza freqüente das roupas de proteção. 
 
Um outro feromônio de operária é o de localização, usado para atrair ou orientar outras abelhas em direção ao alvado, água ou fonte de alimento. A liberação desse feromônio se dá numa posição bastante familiar aos apicultores: a abelha ergue o seu abdômen, expõe a glândula de Nasanov, localizada próximo à extremidade, e bate as asas para dispersar a substância.
 
As crias também produzem feromônios que estimulam as operárias a atendê-las e ajudam a inibir o desenvolvimento dos ovários das operárias.
1.40       E a dança das abelhas?
Feromônios são o principal, mas não único meio de comunicação. Interações táteis e sonoras, como o roçar de antenas ou as danças também são muito usadas. As danças são padrões de movimento, vibração, ruído e direção utilizados com diferentes propósitos, dos quais o mais conhecido é a passagem de informações sobre uma fonte de alimento. Nessa dança, por exemplo, a abelha percorre um trecho reto do favo "requebrando-se" e depois volta ao início desse trecho num trajeto de semicírculo. Em seguida, percorre de novo o mesmo trecho reto e volta em outro semicírculo, mas desta vez pelo lado oposto.
 
Para saber a qualidade e a distância dessa fonte, as abelhas levam em conta o entusiasmo da dançarina, o tempo gasto no trecho reto e o número de vezes em que os passos foram executados. Já a direção da fonte é passada como um ângulo, formado entre o trecho reto da dança e uma linha vertical. Este ângulo corresponde ao formado pelos pontos sol-colméia-fonte (a colméia no vértice).
 
Assim como o achado de alimento, o de novas casas no momento da enxameação também é comunicado por danças. Além disso, elas também estimulam determinadas atividades, como o forrageamento e a enxameação [WIN03].
1.41       Como elas fazem quando o sol não está visível?
O sol pode não estar visível para nós, mas estar para as abelhas. Ocorre que elas enxergam um espectro de luz diferente dos humanos, que não inclui as freqüências mais baixas (próximas do vermelho), mas inclui as mais altas, já na faixa ultravioleta. E as freqüências ultravioletas atravessam camadas finas de nuvens, de forma que o sol permanece visível para as abelhas mesmo em muitos dias nublados.
 
Mas é possível que a visualização do sol não seja tão importante. Acontece que as abelhas são capazes de se orientar após o pôr-do-sol e, eventualmente, até de forragear à noite. Para isso, elas consideram a posição exata do sol no momento, como se pudessem enxergá-lo através da Terra ou estimar a sua posição.
1.42       Como elas informam uma posição atrás de um obstáculo?
A direção é informada como se ele não existisse. Por exemplo, uma florada atrás de um morro é indicada na dança como se as abelhas tivessem de atravessá-lo para chegar lá. A distância informada, porém, corresponde ao gasto de energia necessário para alcançar o objetivo e ela, nesse caso, é maior do que seria se não houvesse morro. Na busca, as campeiras que assistiram a dança fazem as voltas que forem necessárias para alcançar o destino.
1.43       A que velocidade voauma abelha?
Em média, a 24 km/h.
1.44       Quanto tempo uma abelha leva para nascer?
Este tempo, ao contrário do que muitos imaginam, é variável. Temperaturas altas na área de cria podem acelerar o processo, enquanto que as temperaturas baixas retardam-no. O ciclo médio de desenvolvimento das abelhas européias, em dias, é o seguinte:
 
	Casta
	Ovo
	Larva
	Pupa
	Total
	Rainha
	3
	5,5
	7,5
	16
	Operária
	3
	6
	12
	21
	Zangão
	3
	6,5
	14,5
	24
 
Já as africanizadas são um pouco mais precoces, a rainha nasce em 15 dias, e a operária, em 19-20 dias.
1.45       O que as abelhas comem?
Resumidamente, néctar e mel, como fonte de carboidratos, e pólen, como fonte de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, além de água. As larvas de operárias e zangões, até 4 dias de vida, são alimentadas pelas abelhas com secreções nutritivas, produzidas pelas glândulas hipofaringeanas e mandibulares das operárias. Após o 4º dia, a alimentação das larvas muda para outros tipos de geléia e uma mistura de néctar, mel diluído e pólen. Após o nascimento, durante cerca de duas semanas, a operária consome muito pólen, pois depende dele para, nessa fase da vida, produzir as substâncias que alimentarão as larvas e a rainha. Gradualmente, a dieta da operária começa a mudar para néctar e mel, à medida que ela abandona o serviço de alimentação e assume outros serviços, como a coleta de água, néctar, pólen e própolis.
 
A rainha alimenta-se quase que somente de geléia real, tanto na fase larval quanto em toda a sua vida adulta. A geléia real é um produto semelhante à comida da larva, mas com uma proporção muito maior da secreção mandibular e, por essa razão, mais rica em algumas substâncias nutritivas.
 
Zangões adultos são alimentados pelas operárias nos primeiros dias, e depois se alimentam sozinhos, basicamente de néctar e mel.
1.49       Por que as abelhas às vezes matam a sua rainha?
Diversos fatores podem provocar a substituição da rainha. Quando ela já não produz feromônios em quantidade suficiente, as abelhas podem resolver trocá-la. Também quando o seu desempenho é baixo (postura deficiente) ou o seu estoque de esperma acaba (ela só consegue produzir zangões). Em alguns casos, as abelhas parecem culpar a rainha por algum distúrbio maior na colméia, e liquidam-na por "peloteamento" (formam uma bola em torno dela até sufocá-la). Em qualquer caso, o propósito parece ser sempre obter uma rainha nova, melhor que a atual.
1.50       Como as abelhas lidam com as variações de temperatura?
A capacidade de as abelhas lidarem com variações de temperatura está ligada ao tamanho do enxame. Uma abelha sozinha tem mínima proteção, uma colméia numerosa pode manter o seu centro a 35 ºC, em situações externas de extremo calor (até 70 ºC) e de extremo frio (até -80 ºC) [SOU92]. 
 
Para resfriar uma colméia, as abelhas utilizam a evaporação da água, um processo eficiente, porque absorve grande quantidade de calor ao ocorrer. Elas expõem a água, na forma de películas nas suas mandíbulas ou gotículas espalhadas pela colméia, a uma corrente de ar provocada por elas mesmas, com o bater de suas asas. Dessa forma, conseguem sobreviver em ambientes muito quentes, desde que haja água suficiente disponível.
 
Para esquentar uma colméia, as abelhas agrupam-se em torno do centro, onde estão as crias. Quanto mais baixa a temperatura, mais apertado será o agrupamento. As abelhas, nessa situação, assumem uma posição relativa que força o entrelaçamento dos seus pêlos torácicos, aumentando a capacidade de isolamento térmico das sucessivas camadas. Essas camadas são formadas por abelhas voltadas para o centro do grupo, e há um revezamento entre as que estão em posição mais externa e as que estão mais ao centro.
 
Elas também são ajudadas pela presença de alvéolos vazios, que formam câmaras de ar parado, que é um bom isolante. Se ainda assim a temperatura continuar caindo, as abelhas passam a produzir calor pela vibração da sua musculatura torácica. Nesse caso, porém, elas necessitam ingerir quantidades maiores de mel para repor a energia perdida. Em outras palavras, transformam-se em estufas movidas a mel.
1.53       Quanto pesa uma abelha?
Em média, uma abelha recém nascida (com o aparelho digestivo vazio) pesa cerca de 65 mg (africanizada) e 83 mg (européia). Isso dá 15.000 africanizadas/kg e 12.000 européias/kg, mas não use esses dados para calcular o peso de um enxame, pois nele, as abelhas possuem um conteúdo intestinal variável, que pode chegar a 80% do seu peso líquido. Em média, estima-se de 7.000 a 10.000 abelhas por quilograma.
1.55       Quanto néctar a abelha pode transportar?
Em média, a carga de néctar de uma européia situa-se entre 20 e 40 mg, podendo chegar, ocasionalmente a 80 mg. A carga média da africanizada é um pouco menor, e a máxima pode chegar a 60 mg ou um pouco mais.
1.56       A que distância uma abelha voa para colher néctar?
O mais próximo possível. Três quilômetros é uma distância máxima freqüentemente mencionada, mas as abelhas voarão mais do que isso se necessário. Economicamente, quanto mais próxima do apiário estiverem as flores, melhor, pois as abelhas consumirão menos mel durante a atividade da coleta.
 
Na prática, freqüentemente considera-se que a flora apícola útil ao apiário está circunscrita num raio de 1 a 1,5 km, o que corresponde a uma área circular de 300 a 700 hectares.
 
A certificação de apicultura orgânica exige que não haja cultura convencional (não orgânica) num raio de 3 km do apiário.
1.58       Como a abelha coleta própolis?
Com ajuda das mandíbulas e do primeiro par de patas, ela remove o material resinoso da planta. Depois, armazena-o na corbícula, de forma semelhante ao que faz com o pólen. Antes de usar a própolis, a abelha ainda mistura-a com cera, numa proporção que pode chegar a 30%, para tornar a sua consistência mais trabalhável.
1.60       O que estimula as abelhas para a colheita?
Basicamente, a necessidade das abelhas, a disponibilidade de espaço na colméia e a abundância local dos recursos. Num clima quente, por exemplo, a necessidade de refrigerar a colméia comanda a busca de água. Em floradas grandes, a necessidade por pólen e néctar e o espaço de armazenamento disponível orientam a sua colheita.
 
Em vários estudos, observou-se que a alocação de campeiras para colheita de um recurso específico estava relacionada à pronta aceitação deste recurso pelas abelhas domésticas na hora da chegada da campeira. Por exemplo, se uma campeira que coletou água é imediatamente aliviada da sua carga na chegada à colméia, ela provavelmente voltará para buscar mais água. Se, por outro lado, ela demora muito a conseguir livrar-se da sua carga, ela provavelmente dirigirá seus esforços a outro produto na próxima viagem.
1.62       Como as abelhas produzem cera?
Operárias, normalmente entre 8 e 17 dias de idade, secretam cera na forma de flocos, através de glândulas cerígenas, localizadas na parte frontal do abdômen. Para produzir cera, as abelhas precisam ingerir muito mel.
1.63       Quanto mel deve ser ingerido para a produção de 1 kg de cera?
Em média, as abelhas ingerem 8 kg de mel para produzir 1 kg de cera.
1.64       Que abelha devo criar, européia ou africanizada?
Pró Africanizadas:
         Estudos já confirmaram que a africanizada é uma abelha mais rústica, menos sujeitas a doenças. Por exemplo, a podridão de cria americana, que atinge colméias européias argentinas, nunca chegou aqui. 
         Talvez pelo mesmo motivo, o comportamento higiênico mais apurado, parasitas como a varroa, que infernizam as européias, não costumam causar maiores prejuízos às africanizadas. É verdade que o clima quente da maior parte do Brasil é desfavorável à varroa, mas alguns estudos já determinaram a superioridade das africanizadas em condições idênticas.
         Por essa razão, é possível manter-se um apiário de africanizadas mais natural, sem o uso de medicações, o que é uma grande vantagem. Pelo que se sabe de outrospaíses, essa é uma situação bastante incomum em colméias européias, que normalmente dependem de antibióticos e acaricidas para se manter produtivas. 
          A maior agressividade das africanas é às vezes uma aliada do apicultor, pois dificulta o roubo das colméias. 
         Diversos relatos informais de apicultores brasileiros dão conta que a produtividade das africanizadas é, quase sempre, muito maior do que a das européias.
 
Pró Européias:
         São muito menos agressivas. Demoram mais a iniciar um ataque, atacam com menos abelhas, perseguem a vítima por uma distância muito menor e recompõem-se em um tempo muito menor do que as africanizadas.
         Têm menor propensão a enxamear.
         Têm menor propensão a abandonar o ninho.
         Pilham menos.
         Quando um quadro é manipulado, comportam-se mais calmamente, sem correrias frenéticas de um lado para outro. Isso facilita muito o manejo em geral e a localização da rainha, especificamente.
         São maiores e carregam cargas maiores - precisam de menos viagens para colher a mesma quantidade de néctar, por exemplo.
         Vivem mais.
         Muitos países que usam apenas européias têm produtividades médias que chegam a três ou quatro vezes a do Brasil.
2.         A Colméia
2.9             Afinal, quantos quadros devem ser usados, 8, 9 ou 10?
Dez quadros é a capacidade normal, tanto das melgueiras quanto dos ninhos, e os espaçadores Hoffmann dos quadros são projetados para manter a distância de 35 mm entre os centros de dois favos contíguos. Em melgueiras e sobreninhos, porém, muitos apicultores removem um ou dois quadros, para que os favos de mel fiquem mais largos ("gordos"). Isso facilita muito a desoperculação com faca, economiza quadros e promove um melhor aproveitamento da caixa, já que um ou dois espaços vazios entre os favos são substituídos por mel. A remoção de quadros, porém, não pode ser feita a qualquer momento (veja item 8.14).
 
Em relação ao ninho, não há vantagem para as abelhas em usar-se menos de 10 quadros, porque elas não teriam o que fazer com o espaço excedente. Os alvéolos de cria têm um comprimento padrão, adequado para o seu desenvolvimento. No entanto, alguns apicultores recomendam a manutenção de 9 quadros no ninho para facilitar a retirada e reposição dos quadros durante o manejo.
 
É bom frisar que o transporte de caixas com menos de 10 quadros pode acarretar muitas quebras e esmagamentos de favos e abelhas, pelas colisões ocorridas em razão dos movimentos pendulares dos quadros.
2.10       O que são espaçadores Hoffmann?
São laterais de quadros mais largas na parte superior do que na inferior. O seu formato diminui a área propolisada entre dois quadros contíguos, facilitando a remoção do quadro. Ao mesmo tempo, o estreitamento curto e arredondado dos espaçadores facilita a inserção do quadro entre os demais.
2.11       Como as abelhas sabem onde devem colocar cada produto?
Não sabem. O apicultor apenas aproveita a sua tendência de organizar a colméia em camadas: primeiro crias, depois pólen, depois mel. Assim, se a primeira caixa (a mais de baixo) estiver bem, com favos em boas condições e com espaço sobrando, é muito provável que a rainha use esta área para pôr seus ovos.
 
Eventualmente, por falta de espaço ou de condições melhores, a rainha pode subir e fazer a postura numa melgueira. Para evitar isso, os apicultores às vezes usam telas excluidoras.
2.15       Por que as abelhas preenchem alguns espaços com cera e outros com própolis?
Essa foi talvez a maior descoberta da apicultura moderna, que possibilitou o desenvolvimento das colméias racionais. Não há uma razão conhecida, mas segundo as observações de Lorenzo Lorraine Langstroth, em 1851, as abelhas não fecham espaços maiores de 6,4 mm com própolis, nem constroem favos em espaços menores que 9,5 mm. Isso permitiu definir o espaço-abelha.
2.16       O que é o espaço-abelha?
É exatamente o intervalo de 6,4 a 9,5 mm que as abelhas sempre deixam livre. Conhecendo essas medidas, foi possível projetar a colméia racional, de quadros móveis, com a certeza de que as abelhas construiriam favos apenas nesses quadros, se corretamente induzidas, e não iriam colá-los entre si e nem às paredes das caixas. Essa é a dimensão mais conhecida na apicultura, mas há outras também importantes.
2.17       Quais são os outros espaços importantes?
Uma lista parcial, em milímetros, para abelhas européias, é a seguinte [CUS01]:
 
	Espaço (mm)
	Efeito
	0 a 4
	Insuficiente para passagem, geralmente é propolisado 
	4,3
	Impede a passagem de zangão e rainha
	5
	Adequado para grades de coleta de pólen
	5,2 a 5,4
	Impede a passagem de zangão (não de rainha)
	6
	Mínimo espaço deixado entre dois favos contíguos de mel
	9
	Espaço usual entre dois favos contíguos de cria
2.20       É melhor soldar a lâmina encostada na barra superior?
O melhor, na verdade, é usar lâminas que aproveitem ao máximo o espaço disponível no quadro. Isso poupará as abelhas de produzirem cera, permitindo-lhes uma produção maior de mel. Mas quando a lâmina de cera é menor (em altura) do que o espaço disponível no quadro, há duas indicações de soldagem. 
 
Quando o quadro for destinado à postura, é preferível soldar a lâmina encostada na barra superior. O espaço que sobrará entre a lâmina e a barra inferior normalmente não será puxado com alvéolos e, como vantagem, facilitará a movimentação da rainha e das operárias. 
 
Quando o quadro se destina à armazenagem de mel, o ideal é soldar a lâmina encostada à barra inferior. Nessa situação, as abelhas puxam o favo e estendem-no até a barra superior, promovendo um aproveitamento integral do espaço e uma solidez muito maior do favo. Isso se reflete num armazenamento maior de mel por quadro, otimizando a função da melgueira. Além disso, e talvez mais importante, a resistência muito maior do favo, quando soldado em cima e embaixo, permite uma colheita e uma centrifugação muito menos sujeitas a quebras e despedaçamentos. E isso é especialmente importante quando se usam oito ou nove quadros na melgueira, pois eles se tornam ainda mais pesados do que o normal.
2.21       Como se solda cera com corrente elétrica?
Primeiro, os quadros devem ser aramados. O ideal é quatro fios em quadro de ninho e três em quadro de melgueira. O arame deve ser ancorado no início, passado pelos furos e ancorado novamente no fim, sem cruzamentos e amarrações intermediárias. Ele deve ficar bem esticado, mas não em excesso, caso contrário, poderá causar deformações nas laterais do quadro.
 
Para arames galvanizados, use uma fonte de tensão entre 12 e 18 volts. Para arame inox, use uma fonte entre 24 e 30 volts. Coloque a lâmina sobre os arames (um peso em cima da lâmina, como um pedaço de tábua, ajuda bastante). Ligue cada pólo da fonte a uma extremidade do arame e observe a incrustação ocorrer até a metade, mais ou menos, depois desligue os pólos.
2.22       Que fonte é essa?
Uma fonte de 12V possível é a bateria do automóvel, mas não é recomendável. Usando-a, você pode causar curtos-circuitos que danifiquem a bateria ou outro sistema elétrico do seu automóvel, além de descarregá-la, naturalmente.
 
Se você tem experiência com ligações elétricas, o melhor é fazer o seu próprio incrustador, adquirindo um transformador de tensão numa loja de artigos eletrônicos. Forneça essa especificação:
 
Para arames galvanizados:
Tensão de entrada: 127 ou 220 volts (escolha a que corresponde à sua rede)
Tensão de saída:     12 volts 
Corrente de saída:    8 a 10 ampères
 
Para arames inox:
Tensão de entrada: 127 ou 220 volts (escolha a que corresponde à sua rede)
Tensão de saída:     24 a 30 volts
Corrente de saída:    8 a 10 ampères
 
Para qualquer tipo de arame:
Tensão de entrada: 127 V ou 220 V (escolha a que corresponde à sua rede)
Tensão de saída:     24 a 30 volts
Corrente de saída:    8 a 10 ampères 
Em série com a entrada, ligue um dimmer para lâmpadas incandescentes.Ao fazer a primeira incrustação, ajuste o dimmer para que a incrustação seja rápida, mas sem provocar muito centelhamento.
2.28       Por que o alvéolo é hexagonal?
Essa forma otimiza a construção, pois atende da melhor forma possível o compromisso entre economia de cera e trabalho versus a resistência mecânica final do conjunto. Naturalmente, esta não é uma decisão racional das abelhas; uma hipótese é que a seção hexagonal seja apenas o resultado final da tentativa de formar vários alvéolos contíguos de seção circular – uma forma muito mais comum na natureza. 
2.29       Qual é o tamanho do alvéolo?
As européias constroem 857 alvéolos de operária em 100 cm² (considerando-se as duas faces). A A.m.scutellata, menor, constrói 1000 alvéolos no mesmo espaço. Quando é fornecida cera alveolada às africanizadas no padrão europeu, elas mantêm as dimensões originais da lâmina. Alvéolos de zangão são maiores e perfazem cerca de 520 por 100 cm². Alvéolos usados para cria de operárias e armazenagem de pólen geralmente têm as mesmas dimensões. O armazenamento de mel pode ser feito em alvéolos de operária ou de zangão.
2.30       Quantos alvéolos há num favo?
Depende da área útil do quadro (as medidas mais rigorosas são as externas), mas pode-se estimar, arredondando, para 7.000 alvéolos de operária por quadro de ninho (3.500 por face), e 4.000 alvéolos por quadro de melgueira (2.000 por face).
 
No caso de favo de zangão, um quadro de ninho possui cerca de 4.200 alvéolos (2.100 por face), e, um quadro de melgueira, 2.400 (1.200 por face).
2.31       Existe cera alveolada para zangões?
É pouco comum aqui no Brasil, mas existe sim. Ela é usada principalmente por criadores de rainhas, que precisam produzir bons zangões também. Além disso, o uso favo de zangão na melgueira é muito usado por alguns apicultores de outros países.
 
As razões é que, primeiro, a extração de mel é muito acelerada pelo diâmetro maior dos alvéolos, o que facilita bastante o escoamento durante a centrifugação. Segundo, um favo de zangão utiliza apenas 78% da cera empregada num favo de operária do mesmo tamanho. Numa melgueira, a diferença de cera pode chegar a 130 g a menos com favos de zangão, o que, teoricamente, corresponde a cerca de 1 kg de mel economizado na produção de cera. Em outras palavras, o uso de favos de zangão na melgueira poderia aumentar a produção de mel em cerca de 9%.
2.41       Como se pinta uma colméia?
Somente as paredes externas da colméia devem ser pintadas. Cores claras ajudam a refletir melhor as radiações do sol e manter uma temperatura mais amena em dias quentes. Duas demãos de tinta esmalte brilhante sobre selador, aplicados em madeira bem seca, é uma fórmula de excelente durabilidade (o esmalte brilhante é mais resistente que o opaco). Alguns apicultores suspeitam que a tinta esmalte e a tinta a óleo podem contaminar os produtos da colméia com metais pesados, e recomendam apenas tinta látex, a mesma usada para alvenaria.
 
Diversos fabricantes de colméias não as pintam, mergulham-nas num preparado fervente de 70% querosene, 25% parafina, 2,5% cera de abelhas e 2,5% breu. As caixas devem ficar em local ventilado até que o cheiro desapareça. A durabilidade é boa, mas o processo é perigoso. Além disso, as caixas ficam altamente inflamáveis, podendo ser completamente destruídas por um incêndio de campo que ocorra no apiário.
 
Quem é certificado como apicultor orgânico não pode usar esses processos de impermeabilização. Uma receita "ecológica", divulgada no grupo de discussão da Apacame, é 8 litros de álcool, 1 litro de óleo vegetal e 1 kg de própolis (pode ser a borra ou raspagem de quadros). Tudo deve ficar bem fechado num tambor e ser mexido diversas vezes, durante um mês. Depois, deve ser coado numa meia de nylon e usado para pintura das caixas, em duas demãos. A pintura deve ser refeita a cada dois ou três anos. Desconheço a eficácia desta fórmula. Já ouvi elogios e contestações às proporções usadas. 
5.         Prática Básica
5.1             Quais são as principais ferramentas do apicultor?
Na hora do manejo, as ferramentas essenciais são o fumegador, o formão e o espanador.
5.2             Como é o fumegador?
É um cilindro metálico - a fornalha, acoplado a um fole. Há dois modelos básicos, o tradicional, usado no mundo inteiro, e um modelo brasileiro, conhecido como SC-Brasil. O modelo brasileiro é maior e mais apropriado para se trabalhar com africanizadas, pois essas abelhas requerem mais fumaça. Em contrapartida, o modelo tradicional geralmente pode ser utilizado com uma só mão, enquanto que o SC-Brasil precisa de duas mãos ou, pelo menos, de uma mão e de uma perna (ou barriga). 
 
Diversos apicultores usam o fumegador pendurado numa lateral da caixa, e aproveitam o "bico de pato" (um espalhador de fumaça) para fumegar o topo dos quadros usando uma só mão. A desvantagem desse método é que muita água com alcatrão pinga pelo bico, sujando os quadros e os favos.
5.3             Qual é o combustível ideal para o fumegador?
Há inúmeras fórmulas mirabolantes, geralmente inventadas por gente que acredita que as abelhas devem ser narcotizadas. Não falta também quem pense que o fumegador é um incinerador de lixo e jogue ali qualquer porcaria que esteja à mão. Mas é preciso lembrar que a fumaça entra em contato e deixa resíduo em toda a colméia, inclusive no mel. O melhor é usar apenas restos vegetais bem secos, como palha (restos de roçada de campo, por exemplo) ou maravalha de madeira bruta (restos de aplainamento de tábuas). Cuidado para não usar restos de compensados ou aglomerados, inclusive MDF, pois eles são produzidos com colas que, ao queimarem, podem produzir fumaça ainda mais tóxica do que o normal.
5.4             Como acender o fumegador?
Se o combustível estiver bem seco, não haverá problema. Coloque um pouco no fundo da fornalha e acenda com fósforo, ou, melhor ainda, com um daqueles acendedores a gás para fogões. Espere até formar algumas brasas, ajude um pouco com o fole. Depois vá colocando mais combustível, pouco a pouco, e acionando o fole até que uma fumaça branca, espessa e fria saia pela boca do fumegador. Recarregue-o com mais combustível sempre que a fumaça começar a escurecer um pouco ou sair acompanhada de fagulhas.
 
Se o combustível estiver um pouco úmido, uma pequena dose de álcool em gel resolverá o problema.
5.5             E como reacender o fumegador?
Se sobrar combustível na fornalha de um dia para outro, não tente acender o fumegador por cima, pois o resultado sempre será ruim. Se o combustível velho estiver muito carbonizado, jogue-o fora. Se ainda houver uma boa porção não queimada, despeje-o numa folha de jornal, inicie o fogo do fundo e recoloque-o aos poucos na fornalha. Depois, complete o nível com combustível novo.
5.6             Para que serve o formão?
As abelhas tendem a propolisar todas as frestas estreitas da colméia, a acabam assim colando todas as partes móveis da colméia. Por essa razão, a ferramenta mais importante do apicultor é o formão, uma barra chata de aço, dobrada em L, com as extremidades levemente afiadas (mas não cortantes). Esse formão é usado sempre como alavanca, para levantar a tampa, separar os quadros e descolar as caixas. Também é muito útil para raspar restos de cera e de própolis.
5.7             Como é o espanador?
O espanador (ou escova), apesar do nome, parece-se mais com um grande pente, porque possui apenas uma fileira de cerdas. Essas cerdas devem ser bem macias, para removerem as abelhas sem machucá-las ou danificar os favos. Também é importante que as cerdas sejam de cor clara, menos irritantes para as abelhas.
 
O espanador deve ser passado de forma a não irritar ou machucar as abelhas. 
5.8             Há outras ferramentas úteis para o manejo?
Uma lâmina afiada (faca, canivete ou estilete) é imprescindível no dia-a-dia do apicultor.
 
Um acendedor para o fumegador é necessário. Podem ser fósforos ou isqueiro, mas o melhor é um acendedor a gás para fogões, daqueles com uma hastecomprida.
 
Há um tipo especial de formão, com uma extremidade em forma de "J", que funciona muito melhor que o formão convencional na hora de retirar os quadros.
 
Uma outra ferramenta, de alguma utilidade, é o pegador (sacador) de quadros. Trata-se de uma espécie de alicate duplo, usado para retirar e segurar os quadros que serão examinados, com mínimo risco de danificar o favo ou machucar as abelhas. Alguns apicultores gostam do sacador, mas outros, depois de algum tempo, acreditam que podem trabalhar muito bem sem ele. Eu estou no segundo time.
 
Elásticos ou barbantes podem salvar o dia, caso você se depare com favos tortos ou quebrados.
 
Outras ferramentas podem ser importantes, mas de uso muito eventual, como alicate, martelo, arame, pregos. 
5.9             Como fazer para não perder essas ferramentas?
Nada mais fácil do que perder essas ferramentas num apiário. Para evitar isso, faça o seguinte: vá a uma ferragem e compre dois rolos de fita isolante, um vermelho e outro amarelo. Coloque uma ou duas fitas de cada cor em volta das suas ferramentas e nunca mais você as perderá. Se você for daltônico, escolha cores que você consegue distinguir perfeitamente no campo, em ambiente claro e quase escuro.
5.10       Com que freqüência devo examinar as colméias?
Depende da época e do tipo de manejo. Uma inspeção rápida pode ser feita a cada semana (ou duas, ou três), mas talvez não haja nenhum problema se você esperar um mês ou mais. Revisões completas podem ser feitas cerca de 2 a 4 vezes por ano.
 
Se você quiser usar alimentação estimulante antes da florada, o ideal será  fornecê-la com grande freqüência - dia sim, dia não, por exemplo. Se isso não for possível, procure fornecer uma quantidade maior de xarope em alimentadores lentos (veja o capítulo 6). 
 
Durante a safra, há duas abordagens antagônicas. A primeira é verificar a colméia freqüentemente para tentar conter alguma enxameação. No entanto, o controle de enxameação não é nada trivial nem 100% garantido, e muito melhor é fazer-se uma prevenção adequada (veja o capítulo 7).
 
A segunda abordagem, preferível na minha opinião, é mexer o mínimo possível na colméia, abrindo-a poucas vezes e rapidamente, apenas para verificar a acumulação de mel e colocar ou retirar melgueiras. Isso evita perturbações na que podem até significar perda de mel.
 
De qualquer forma, independentemente da abordagem adotada, é importante que 
As colméias não sejam abertas com temperatura ambiente muito baixa, da ordem de 10 ºC ou menos. Caso contrário, muitas crias poderão morrer.
 
5.11       Como é feita uma revisão completa?
Primeiro, ponha fumaça e abra a colméia, como mencionado acima. Se houver melgueiras, avalie o seu conteúdo retirando um ou dois quadros. Com o tempo, bastará dar uma olhada superficial e suspendê-la, para estimar bem a quantidade de mel armazenado. Verifique se há postura na melgueira. Faça o mesmo com todas as melgueiras e vá retirando-as até chegar ao ninho, usando um pouco fumaça sempre que necessário. Se houver mel desoperculado, use a fumaça lentamente, dirigindo-a apenas para o topo dos quadros. Se estiver ventando, direcione a fumaça para o lado da colméia que estiver recebendo o vento, diretamente na parede. A fumaça vai subir e apenas lamber a parte superior dos quadros.
 
No ninho, retire cada um dos quadros e examine-os Com o tempo, você será capaz de selecionar apenas alguns quadros bem representativos da situação do ninho, abreviando esse trabalho. No início, ajuda bastante remover o quadro mais vazio de uma das extremidades e pô-lo de lado, para ampliar o espaço de trabalho. Em seguida, faça as verificações e correções necessárias, recoloque todos os quadros, de preferência com a mesma orientação frente-fundo original, e recoloque as melgueiras, usando um pouco de fumaça para esmagar o mínimo de abelhas possível. 
 
Numa revisão de rotina, verificam-se diversos pontos:
 
         O enxame está bem desenvolvido para a época?
         Há reservas de mel suficientes até a próxima revisão?
         O tamanho do alvado é compatível com a temperatura média da estação e com o movimento de entrada e saída das abelhas?
         A rainha está presente e a postura é adequada?
         Há realeiras?
         As crias estão se desenvolvendo bem?
         Há espaço suficiente para aumentar a postura?
         Há espaço suficiente para armazenar mais mel?
         Há sinal de doença na colméia?
         Há sinal de ataque de formigas, traças ou outros animais?
         Há favos velhos ou quadros danificados a serem substituídos? 
         Há umidade condensada na colméia?
         Há sinais de excesso de calor dentro da colméia?
5.12       As colméias mais fortes devem ser examinadas primeiro?
Não. Em apicultura, muitas vezes a idéia de se fazer primeiro o trabalho mais complicado é impraticável. A razão disso é que mexer primeiro na colméia mais difícil pode significar problemas para o manejo de todas as outras. Isso acontece especialmente em dias desfavoráveis para o manejo, como os nublados, úmidos e ventosos. Fazendo sempre as revisões mais simples primeiro garante que, se você tiver de interromper o trabalho, uma boa parte dele talvez já esteja concluída.
5.13       Por que pode ser necessário interromper o trabalho?
Uma possibilidade é começar a chover. Outra é que a agitação e a agressividade das abelhas podem atingir um nível alto demais, atrapalhando muito o manejo e causando um número alto de ferroadas, além de saque generalizado e mortandade de abelhas. Isso não é comum, mas é bom acostumar-se com a idéia de que o apicultor nem sempre consegue fazer no apiário tudo o que foi planejado, especialmente quando a sua experiência ainda não muito grande.
5.14       Onde ponho as caixas que vão sendo retiradas?
Quando se retira uma caixa da colméia, muitas abelhas que estavam ali saem (caminhando) para fazer uma investigação do que houve. Quando essa caixa é posta diretamente no solo, as abelhas que saem podem ser pisadas pelo apicultor, atacadas por predadores ou, na melhor das hipóteses, demorar muito para retornar à casa, já que muitas delas são jovens que nunca voaram.
 
O que eu faço (e recomendo) é apoiar a caixa sobre a tampa, previamente largada no solo. A caixa pode ficar apoiada numa lateral menor, isto é, de tal forma que os quadros fiquem em sentido vertical ("de pé"). Fica melhor ainda se um canto dessa lateral ficar sobre um ressalto da tampa. Essa posição é confortável para o apicultor, evita que muitas abelhas saiam da caixa, evita que o mel escorra e evita que os quadros se inclinem, o que acontece quando a caixa é apoiada numa das laterais maiores. 
 
Após recolocar as caixas, basta varrer as abelhas que estão sobre a tampa para dentro da colméia, e a perda de abelhas é mínima.
5.15       Como retirar e examinar os quadros?
Se houver muitas abelhas sobre ele, ponha um pouco de fumaça para elas se afastarem. Depois, descole as laterais do quadro, usando o formão como alavanca. Fica mais fácil se um quadro da extremidade tiver sido retirado antes. A seguir,  suspenda um canto do quadro com o formão e segure esse canto com os dedos ou o quadro inteiro com o sacador de quadros. Depois solte o outro canto com o formão e retire o quadro.
 
Se houver muitas abelhas sobre o favo, e você precisar ter uma visão melhor, remova o excesso com um leve chacoalhar, bem acima do ninho. Se precisar remover quase todas as abelhas, use seguinte manobra: segure o quadro por um canto com uma das mãos e, com a outra mão, dê um golpe seco, de cima para baixo, na mão que está segurando o quadro. Dependendo da força que você usar, poderão se desprender as abelhas, os ovos, as larvas e o néctar; muito cuidado, portanto.
 
Em seguida, segure o quadro pelos cantos e analise a face do favo que está voltada para você. Se você estiver de costas para o sol, o quadro ficará mais bem iluminado. Para analisar a face oposta, vire-o de cabeça para baixo, girando-o com os dedos das duasmãos. Tenha cuidado para não expor as crias muito tempo ao sol (mais de alguns poucos segundos), pois elas são extremamente sensíveis.
 
Tenha muito cuidado também ao recolocar o quadro, para não esmagar outras abelhas e, principalmente, a rainha. 
 
Quando terminar de recolocar todos os quadros, aperte-os em direção a uma das extremidades, para que sobre o mínimo de folga entre eles, dificultando a propolisação das suas laterais.
5.16       Como saber se o enxame está bem desenvolvido?
Principalmente, por comparação com os demais. Mas a experiência ajuda muito.
5.17       Como saber se há mel suficiente até a próxima revisão?
Depende da temperatura média da época, do fluxo de néctar existente ou por iniciar, de quando será a próxima revisão e do tamanho do enxame. É um ponto em que a experiência do apicultor é muito importante para um bom julgamento.
 
Se as abelhas estiverem colhendo néctar, esse dado não é tão importante. Caso contrário, se houver um quadro de ninho com bastante mel ou várias coroas de mel sobre a área de cria, provavelmente você não precisará se preocupar por uma ou duas semanas, dependendo do tamanho do enxame. Na dúvida, sempre alimente a colméia.
5.18       Quais são os sinais de excesso de calor na colméia?
A presença de abelhas paradas no alvado, batendo as asas, significa que elas estão forçando a ventilação da colméia. Isso é normal, desde que não sejam muitas abelhas e que o zumbido interno (das que estão ventilando lá dentro) não seja muito forte.
 
Um indício forte de excesso de calor é o agrupamento de abelhas do lado de fora, formando uma "barba" perto do alvado. Embora seja às vezes entendido (corretamente) como prenúncio de enxameação, o mais provável é que as abelhas não estejam conseguindo refrigerar o interior da colméia quando todas elas estão lá dentro. Para resolver esse problema emergencialmente, podem-se colocar pequenos calços sob a tampa. Para resolvê-lo melhor, pode-se adotar um telhado maior, de cor clara, ou mover a colméia para um local mais sombreado. Uma boa alternativa é usar uma entretampa para ventilação (veja item2.37).
5.19       Por que os favos de cria devem ser substituídos periodicamente?
Há duas razões principais: Uma é evitar que o favo velho se transforme num veículo de contaminação, já que ele é sistematicamente exposto a dejetos das larvas. A outra é impedir que o estreitamente natural do alvéolo, provocado pelos restos de sucessivos encasulamentos, acabe influindo no desenvolvimento das crias, resultando em adultos menores. 
5.20       Quando os favos devem ser trocados?
A fórmula mais simples é substituir, numa das revisões anuais, aqueles que estiverem totalmente escuros, de forma que não se possa ver a luz do sol através dos alvéolos.
 
Outra recomendação comum é trocar-se cerca de 1/3 dos favos por ano, o que daria, em média, uma vida útil de 3 anos por favo.
5.21       Quando devem ser colocadas as melgueiras?
No início da safra, quando a movimentação do alvado começar a crescer. Nesse momento, interrompa a alimentação energética (veja o capítulo 6) e, se houver quadros do ninho com "mel" feito a partir do xarope, remova-os, centrifugue-os e devolva-os vazios à colméia. Isso é necessário por duas razões: primeiro, se este mel estiver desoperculado, ele pode ser relocado pelas abelhas para abrir espaço para a postura da rainha, e as melgueiras recém postas são um ótimo destino. Segundo, se o mel estiver operculado, ele pode bloquear o ninho, impedindo que a rainha aumente sua postura. Veja também o capítulo 8 para maiores considerações sobre a colocação de melgueiras.
5.22       É melhor fazer o manejo de dia ou à noite?
Isso é uma preferência bastante pessoal do apicultor. Acredito que a maioria prefira trabalhar à luz do dia, mas há alguns que não concordam. Quem trabalha à noite afirma que é mais fácil manejar os enxames muito agressivos, pois as abelhas voam muito pouco. Na minha opinião, o manejo à noite dificulta muito a inspeção visual, aumenta o risco de tropeços e quedas e causa muito mais mortes de abelhas, pois elas tendem a cobrir a caixa e os favos, numa atitude de defesa passiva (elas param com o ferrão voltado para cima, de modo a evitar o contato do "atacante" com a colméia). 
 
A fumaça também parece ser muito menos eficaz à noite. Elas não retornam rapidamente à colméia quando fumegadas, e permanecem cobrindo o topo dos quadros e as paredes das caixas. Por esta razão, A quantidade de abelhas esmagadas na reposição das caixas também é muito maior. As que voam até o apicultor agarram-se firmemente às suas vestes, todas tentando ferroar, e só podem ser removidas com o espanador. 
 
Uma vantagem é que o trabalho à noite é quase sempre mais fresco do que durante o dia.
5.23       Por que as abelhas voam pouco à noite?
Na verdade, elas voam se houver luz visível. O que os apicultores fazem é usar luz vermelha, que não é visível para as abelhas. Para isso, usam qualquer fonte de luz comum, como uma lanterna, e cobrem-na com papel celofane vermelho ou algo similar. Nessas condições, os objetos iluminados por essa luz não são bem visíveis para as abelhas, especialmente se a lua for nova ou estiver encoberta. Mesmo assim, elas conseguem fazer alguns vôos curtos e chegar ao apicultor, que, por essa razão, não pode prescindir do seu equipamento de proteção. 
6.         Alimentação
6.1             Como deve ser alimentada a colméia?
Por estranho que pareça, este é um dos assuntos mais polêmicos da apicultura nacional. Há dúzias de fórmulas, das mais simples às mais sofisticadas, cada uma defendida com unhas e dentes por seus simpatizantes. Também há diversas formas de fornecer o alimento e, de novo, há defensores fervorosos de um ou outro modelo. As próximas questões esclarecem alguns pontos básicos da alimentação artificial, como tipos, fórmulas e modos de fornecimento.
6.2             O que é alimentação artificial?
Alimentação artificial é o fornecimento de substâncias nutritivas para as abelhas. A alimentação pode ser de subsistência, quando não houver provisões suficientes na colméia para garantir a sua manutenção, ou estimulante, para induzir o crescimento da colméia antes de uma florada. Além disso, a alimentação artificial pode ser protéica (para substituir o pólen) ou energética (para substituir o mel).
6.3             Quando deve ser fornecida a alimentação de subsistência?
Quando não houver reservas suficientes até a próxima florada. Ela normalmente não é necessária quando o apicultor deixa uma boa quantidade de mel para as abelhas, mas isso nem sempre é feito, já que, economicamente, o mel vale muito mais que o açúcar. Além disso, há méis de cristalização rápida que não podem ser deixados na colméia, especialmente em climas frios, sob pena de as abelhas não conseguirem consumi-lo mais tarde.
 
Após a colheita, o início de uma entressafra longa (mais de dois meses) é um bom momento para fornecer a alimentação de subsistência. Uma possibilidade interessante é adiar um pouco o fornecimento, até que o enxame se reduza naturalmente, inclusive com a expulsão dos zangões. Nesse momento o xarope pode ser fornecido em quantidade grande o suficiente para toda a entressafra. Ou, ao contrário, essa alimentação pode ser fornecida aos poucos, de acordo com a percepção do apicultor.
 
O fornecimento de uma só vez reduz o trabalho, mas aumenta o risco de perda de alimento por deterioração, caso as abelhas não o aceitem ou demorem muito a recolhê-lo. Enxames pequenos, especialmente, têm dificuldade em esvaziar os alimentadores grandes.
6.4             Como é a alimentação energética de subsistência?
O xarope (substituto do mel) deve ser mais concentrado do que na alimentação estimulante, para que as abelhas não precisem gastar muita energia na sua desidratação.
 
Como xarope, alguns recomendam uma mistura de açúcar refinado comum em água, num proporção alta, como 2:1 (em peso), por exemplo. Isso significa 2 kg de açúcar em 1 l de água, ou um xarope com concentração de açúcar de 67%.Aquecer a água facilita bastante a mistura.
 
Outra proporção interessante é 1,5:1 (açúcar:água). Ela pode ser obtida enchendo-se um recipiente até a metade com água e completando-se com açúcar. Produz um xarope com concentração de 60% de açúcar.
 
Outros recomendam o uso de açúcar invertido. Outros ainda, especialmente quem produz mel orgânico, recomendam apenas o fornecimento de mel.
6.5             A alimentação de subsistência não pode ser sólida?
Alguns apicultores fornecem açúcar puro ou cândi às abelhas. Não é a melhor opção, pois exige que elas dissolvam o alimento antes de consumi-lo (num período frio isso pode ser muito difícil). Além disso, o açúcar puro muitas vezes é rejeitado por elas.
 
Uma alimentação pastosa, mista, energético-protéica, é uma alternativa possível.
6.6             O que é cândi?
É uma mistura de açúcar com mel. Para prepará-lo, peque uma porção de açúcar confeiteiro e vá acrescentando mel e amassando até formar uma massa flexível, que seja o mais seca possível, sem se esfarelar. É um tipo alimento muito usado em transporte e introdução de rainhas. 
6.7             Quando deve ser fornecida a alimentação estimulante?
Cerca de sessenta dias antes de uma florada intensa.
 
Uma consideração importante sobre a alimentação estimulante é que ela deve simular um fluxo de néctar na colméia e, portanto, deve ser fornecida freqüentemente. Nesse aspecto, as recomendações mais comuns para alimentadores rápidos vão de três a sete vezes por semana. Para alimentadores lentos, o fornecimento semanal ou ainda mais espaçado pode ser suficiente.
6.8             Quanto deve ser fornecido de alimentação estimulante?
Depende do tamanho do enxame. Cerca de 800 ml em dias alternados já dão uma resposta boa, mas o melhor é observar a acumulação do xarope, permitindo-a, mas não em excesso. Se essa acumulação for muito grande, vários quadros do ninho ficarão cheios de xarope, e a rainha não poderá fazer a postura. Essa é uma situação chamada de bloqueio do ninho, e leva a colméia, quase certamente, à enxameação.
 
Uma alternativa provavelmente melhor é alimentar as abelhas liberalmente, removendo os favos repletos de xarope sempre que necessário. Com isso, o espaço para a rainha estará garantido, ao mesmo tempo em o estímulo é máximo.
6.9             Como evitar o bloqueio do ninho?
Os quadros cheios de xarope devem ser removidos e substituídos por outros com favos vazios (em bom estado) ou lâminas de cera alveolada. Os favos com xarope podem ser distribuídos às colméias fracas, ou centrifugados, para que o seu conteúdo possa ser devolvido à colméia sob forma de mais alimento estimulante.
 
Uma alternativa possível, mas bem menos interessante, é deixar os favos por um dia a cerca de 100-200 metros do apiário, para que o xarope neles estocado volte a simular néctar para todas as colméias. Nesse caso, não apenas as suas colméias, mas todas as da região serão beneficiadas.
6.10       Como é a alimentação estimulante?
O xarope deve ser menos concentrado do que na alimentação de subsistência, para simular o néctar, que possui, em média, uns 30-35% de açúcar.
 
Para obter um xarope com aproximadamente 35% de açúcar, faça uma mistura na proporção de 4:7,5, por exemplo, 4 kg de açúcar em 7,5 l de água. Isso dá 11,5 kg de xarope, que ocupam uns 10 litros. Como a mistura é pouco saturada, ela pode ser feita facilmente com água fria e um pouco de agitação.
 
Da mesma forma que na alimentação de subsistência, há quem recomende o uso de açúcar invertido ou mel, mais diluídos.
6.11       Como calcular as proporções de açúcar e água?
A densidade do açúcar é 1,59, o que significa que cada quilograma contribui com 0,63 litros num xarope. Com este dado, você pode calcular qualquer proporção, mas eu vou facilitar-lhe a vida. 
 
Para produzir cerca de 10 litros de xarope (200 ml a mais ou a menos), use a tabela abaixo. Para volumes diferentes, apenas corrija as quantidades dos ingredientes na mesma proporção.
 
	Ingredientes
	Xarope
	Água (l)
	Açúcar (kg)
	Peso (kg)
	Volume (l)
	Açúcar
(%)
	Equivalente em mel (kg)
	A evaporar (l)
	8,5
	2,5
	11
	10,1
	23
	3
	8
	8
	3,5
	11,5
	10,2
	30
	4,3
	7,2
	7,5
	4
	11,5
	10
	35
	4,9
	6,6
	7
	4,5
	11,5
	9,8
	39
	5,5
	6
	6,5
	5,5
	12
	10
	46
	6,7
	5,3
	6
	6
	12
	9,8
	50
	7,3
	4,7
	5,5
	7
	12,5
	9,9
	56
	8,5
	4
	5
	8
	13
	10
	62
	9,8
	3,2
	4,5
	9
	13,5
	10,2
	67
	11
	2,5
 
As colunas de ingredientes referem-se às quantidades a serem misturadas. O peso do xarope é apenas ilustrativo, pois os alimentadores têm suas medidas em litros. A coluna "Açúcar (%)" indica a concentração do xarope. O peso equivalente em mel corresponde ao que sobra do xarope após a sua desidratação até o patamar de 18%. A coluna "A evaporar" mostra quanta água deve ser retirada do xarope para que as abelhas possam armazená-lo com 18% de umidade. A tabela foi ajustada para volumes e pesos de ingredientes que fossem múltiplos de 0,5. 
6.12       O que é açúcar invertido?
É um açúcar comum, sacarose, quebrado ("invertido") em açúcares mais simples, a frutose e a glicose. Há uma fórmula que se tornou popular no país, após a divulgação de alguns estudos de Sílvio Lengler, da UFSM. Trata-se de uma mistura de 5 kg de açúcar comum, 1,7 l de água e 5 g de ácido tartárico, tudo fervido por 40-50 min em fogo baixo [LEN99]. Eu tenho algumas reservas em relação a essa fórmula. Primeiro, ela consome muito tempo e combustível para ser feita. Segundo, há estudos que atestam que soluções de sacarose são mais atrativas para as abelhas do que as de frutose e glicose. Terceiro, é sabido que determinada concentração de HMF em xaropes, acima de 30 ppm, pode ser prejudicial às abelhas. Não conheço a concentração de HMF no açúcar invertido, mas o processo de obtenção sugere que ele deve estar presente. 
 
Indagado a respeito disto, Lengler afirmou já estar ciente deste perigo e já ter corrigido a sua fórmula para que o tempo de fervura fosse, no máximo, 3 minutos. Segundo um pesquisador austríaco, esse tempo limitaria a formação de HMF a 30 ppm, evitando problemas para as abelhas [LEN03]. Permanece a minha dúvida se, nesse tempo, é possível de fato ocorrer a inversão de uma quantidade significativa de sacarose, ou se o resultado será quase idêntico a uma solução comum de sacarose em água.
 
Por outro lado, o açúcar invertido é mais resistente à fermentação que a solução se sacarose, e pode ser administrado em volumes maiores sem que se estrague antes de as abelhas poderem colhê-lo.
6.13       O que HMF?
É uma sigla que corresponde a hidroximetilfurfural, uma substância produzida pela desidratação da frutose em meio ácido, numa velocidade que varia diretamente com a temperatura. O mel (e muitos outros produtos comestíveis) possui HMF, e o seu nível elevado é um indicativo de superaquecimento (cada 10ºC a mais aumenta a velocidade de produção de HMF 4,5 vezes), longa estocagem ou falsificação.
6.14       Mel velho pode ser usado na alimentação artificial?
Depende. Se ele for estocado em temperaturas baixas, o nível de HMF deve permanecer baixo; caso contrário, o mel velho pode até matar o enxame. Na dúvida, não o utilize.
6.15       Como resolver o problema de fermentação do xarope?
De duas formas: a primeira, quimicamente, acrescentando um preservativo de alimentos. Por exemplo, sorbato de potássio (1 grama por litro de xarope) ou benzoato de sódio (1,5 gramas por litro de xarope). O açúcar invertido também é menos propenso à fermentação.
 
A segunda forma é deixando que as próprias abelhas cuidem disso, tal como cuidam do néctar. Para tanto, é preciso fornecer quantidades modestas de xarope de cada vez, em alimentadores individuais rápidos.
6.16       Deve-se acrescentar sal ao xarope?
Na minha opinião, não há porquê. Se o argumento é deixar o xarope mais parecido com o mel no seu conteúdo nutritivo, não é a adição que um único composto mineral que vai fazer alguma diferença. Por outrolado, se a quantidade de sal for grande, o xarope poderá matar o enxame. Por exemplo, uma proporção de apenas 0,125% (ou seja, 14 mg de sal em 10 litros de xarope a 30%) já pode causar disenteria e mortalidade nas abelhas [BAR77].
6.17       Como o xarope é fornecido?
Há vários tipos de alimentadores, coletivos e individuais. Os coletivos facilitam o fornecimento, mas provocam lutas e até pilhagens entre as colméias, se o alimentador não estiver a uma distância razoável do apiário. Também fornecem alimento a todos os insetos da região, além das suas abelhas. Como se não bastasse, os enxames fortes, que não precisariam de alimentação, serão os que coletarão mais xarope, em detrimento dos menores. Alguns apicultores ainda os usam, e até o recomendam, mas eu não os acho aceitáveis.
 
Já os alimentadores individuais atendem uma única colméia cada um, e são muito mais eficientes. Eles podem ser externos ou internos.
6.18       Por que os alimentadores coletivos provocam pilhagem?
Quando uma fonte de alimento é encontrada nas proximidades das colméias, especialmente em época de carência, há uma boa probabilidade de as abelhas começarem a pilhar umas às outras. A provável razão disso é que recursos muito próximos da colméia são comunicados através de uma dança circular, que não informa distância e direção [WIN03]. As abelhas que assistem à dança saem depois para fazer uma pesquisa nas imediações da colméia, e pode ocorrer de algumas acharem uma colméia vizinha bem provida antes da fonte de alimento comunicada.
 
Em pouco tempo, principalmente em apiários com colméias próximas, muitas delas, às vezes todas, tornam-se saqueadas e saqueadoras. Para o apicultor, é uma situação completamente indesejável, pois a morte de muitas abelhas, talvez de algum enxame mais fraco, é certa. No caso do alimentador coletivo, depois de algum tempo, dependendo da resistência nas colméias, ele pode acabar sendo conhecido por todas as campeiras, e a pilhagem acabará.
 
O mesmo problema ocorre com manejos demorados durante a entressafra e com a devolução de melgueiras após a extração de mel, especialmente quando deixadas ao ar livre.
6.19       Como são os alimentadores individuais externos?
Os alimentadores de alvado são, em geral, menores e mais sujeitos a saque, por ficarem mais expostos, mas são mais fáceis de fornecer às abelhas, pois não exigem a abertura da colméia. 
 
O alimentador Boardman é o mais conhecido, um vidro com tampa furada que se encaixa e pinga sobre uma plataforma de madeira encaixada no alvado. As abelhas da colméia têm acesso privilegiado ao xarope, mas muitos saques ocorrem assim mesmo. Como os furos têm de ser pequenos, para que o xarope não saia mais rapidamente do que as abelhas podem colhê-lo, o Boardman acaba sendo um alimentador lento, que assim favorece ainda mais o saque e a fermentação do xarope. Hoje, existem plataformas que suportam uma garrafa PET de 2 litros.
 
Um modelo modificado do Boardman tem um desempenho melhor. Ao contrário de pingar sobre uma superfície de madeira, ele tem a saída de xarope mergulhada num cocho raso, como um bebedouro de aves. Isso evita o escorrimento do xarope e acelera o seu consumo pelas abelhas.
 
Para mim, o melhor modelo de alimentador de alvado é o cocho. A Apivac, Associação de Apicultores do Vale do Carangola (MG), comercializa um desses alimentadores, feito em ABS. Trata-se de um recipiente que fica pendurado à frente do alvado, preso por um suporte metálico facilmente adaptável. Sobre a boca do alimentador, corre uma tampa que forma um túnel de acesso ao alimento. Dentro do cocho, há um flutuador para as abelhas não se afogarem, mas isso não é suficiente: as paredes devem ser lixadas internamente, com lixa grossa, para que elas possam subir sem dificuldade. O cocho admite cerca de 1,5 litro e é esvaziado em poucas horas por um enxame médio. Quando carregado no final da tarde, ele é encontrado vazio pela manhã, evitando quase completamente o saque. A sua recarga é muito rápida, bastando levantar a tampa e despejar o xarope. Mesmo que haja abelhas lá dentro, elas não se afogarão se o flutuador estiver presente e as paredes bem lixadas.
6.20       Como são os alimentadores internos?
Há dois tipos principais. Um é o Doolittle, um cocho estreito, que substitui um quadro da colméia. Não é muito prático porque a sua colocação envolve manipulação do ninho, o que, além de trabalhoso, pode ser prejudicial às abelhas quando a temperatura é muito baixa.
 
O outro modelo é o de cobertura. É um recipiente de mesmas dimensões que as caixas, apenas mais baixo, e é colocado sobre elas. As abelhas entram no alimentador para remover o xarope por dentro da colméia, o que não dá muita margem a saques. É um alimentador rápido pela sua construção, mas que geralmente aceita volumes grandes de xarope, que pode fermentar se não for quimicamente tratado. Também é um alimentador que, freqüentemente, não chama a atenção das abelhas e pode ser rejeitado. Dependendo da sua construção, também pode provocar grande mortandade por afogamento.
6.21       E os alimentadores de balde?
Estes podem ser internos ou externos. Trata-se de alternativa barata ao alimentador de cobertura, e é feito com um recipiente plástico furado, como um balde de mel de 5 kg. Ele pode ser apoiado numa entretampa furada (veja o item 2.37) e colocado dentro da colméia, protegido por um ninho vazio, ou fora, devidamente imobilizado para não voar com o vento. 
 
Para construí-lo, basta fazer alguns furos na tampa com uma agulha incandescente. Depois, o balde deve ser emborcado sobre os quadros do ninho (apoiado em sarrafos ou na entretampa). Ao emborcar o balde, é possível que o xarope escorra por alguns instantes; por esta razão, é recomendável que ele seja comprimido antes de ser virado (para expulsão de uma parte do ar) ou que seja virado longe da colméia, para não encharcar as abelhas nem provocar saques.
 
Há variações deste modelo, inclusive usando garrafas PET.
6.22       O "mel" produzido com essa alimentação pode ser consumido?
O que as abelhas produzem com essa alimentação é um produto útil para elas, mas não é mel. Se for produzido higienicamente, sem aditivos tóxicos, ele pode ser consumido pelas pessoas, mas o seu sabor pouco lembrará o de algum mel legítimo. Aliás, esse produto é popularmente chamado de "mel expresso" e é eventualmente usado para incrementar a produção de forma fraudulenta. 
6.23       Quando deve ser fornecida a alimentação protéica?
Em relação à alimentação protéica (substituição do pólen), geralmente não se diferencia subsistência de estímulo, exceto em relação à quantidade fornecida. Durante a entressafra, o consumo protéico normalmente é menor, pois poucas ou nenhuma cria está sendo gerada. No entanto, quando o enxame começa a se desenvolver, por estímulo artificial ou natural, a escassez de pólen pode ser um fator limitante, causando um grande atraso no aumento populacional. Se não houver fonte de proteína disponível, nenhum tipo de estimulação à base de xarope funcionará, pois as abelhas jovens não terão como produzir as substâncias nutritivas para alimentar as crias e a rainha. 
 
Uma outra situação em que a alimentação protéica é obrigatória ocorre quando há uma florada de pólen tóxico na região. Um exemplo disso é a floração do barbatimão e do falso-barbatimão (Stryphnodendron spp. e Dimorphandra mollis), comum principalmente na região Sudeste [CIN02]. As flores dessas plantas produzem pólen tóxico, que causa alta mortalidade nas crias da colméia. Nesse caso, o recomendado é que a alimentação protéica inicie pelo menos 15 dias antes da florada, e seja mantida durante todo o seu período.
6.24       Como é a alimentação protéica?
Diversas fórmulas já foram testadas, com misturas em proporções variadas de farinha de soja, de milho e de trigo, levedo de cerveja, pólen, leite em pó. Atualmente, há duas fórmulas populares disponíveis comercialmente: a farinha, da Apivac, e o Pólemel (o acento extravagante é de responsabilidade do fabricante -a Avesul).
 
Ambos têm boa reputação, embora suspeite-se de que o Pólemel poderia ter a sua fórmula melhorada, se o fabricante suprimisse a lactose da sua composição. Este açúcar, encontrado no leite, é freqüentemente citado na literatura com tóxico para as abelhas. Por outro lado, a farinha da Apivac me parece ser menos atrativa para as abelhas do que o Pólemel.
6.25       Como a alimentação protéica é fornecida? [2]
Em alimentadores internos ou coletivos. Os internos devem ser de cobertura, de forma que o produto fique o mais próximo possível das crias. O Pólemel é fornecido no próprio saco em que é vendido, aberto (uma janela grande, na face superior do saco) e deve ser deixado próximo à área de cria, diretamente sobre os quadros do ninho ou logo abaixo deles. Para deixá-lo sobre os quadros, é preciso colocar sobre o ninho um "extensor", que pode ser um quadro feito com sarrafos de 1 x 2 cm, ou uma entretampa, ou até uma tela excluidora, dependendo do tipo de moldura usado, pois normalmente não há espaço suficiente. 
 
Mas uma maneira muito mais rápida e menos estressante para as abelhas é fornecê-lo pelo alvado. Para isso, deve-se usar o lado alto do fundo reversível, ou aumentar a altura das suas paredes com sarrafos, até que o saco possa ser introduzido pelo alvado. Caso as abelhas depositem própolis nessa entrada, basta removê-la com a ajuda do formão. Outra alternativa é levantar a colméia inteira pelo alvado, usando o formão como alavanca, introduzir o saco de Pólemel, e baixá-la novamente (antes, porém, deve-se usar um pouco de fumaça para afastar as abelhas do fundo da colméia e evitar esmagamentos).
 
 Um detalhe importante é que, se o Pólemel for posto longe dos quadros de cria (num alimentador de cobertura, por exemplo), há uma boa probabilidade de as abelhas rejeitarem-no.
 
Já a Apivac recomenda o fornecimento da sua farinha num alimentador coletivo, cujo modelo ela explica a quem quiser fazê-lo ou vende a quem preferir comprá-lo pronto.
7.         Enxames e Rainhas
7.1             Como se movimenta uma colméia para um lugar próximo?
Este pode ser um problema mais complicado do que parece à primeira vista. Acontece que as abelhas campeiras memorizam a localização da sua colméia, e quando ela é movida, as abelhas não aprendem imediatamente a nova localização. Como resultado, muitas campeiras (talvez a grande maioria), ao saírem da colméia recém movida, acabam voltando ao local original e perdendo-se.
 
Para evitar esse problema, há duas soluções eficazes: mover a colméia para longe, esperar duas semanas, e movê-la de volta ao local definitivo. Durante esse tempo, pelo menos a maioria das campeiras já morreu ou esqueceu seus pontos de referência, e não voltará ao local original.
 
Outra solução é mover a colméia cerca de um metro de cada vez, com a freqüência possível para o apicultor (1, 2, 3 vezes por semana, etc.) Com isso, as abelhas nunca chegam a se perder, pois conseguem identificar sem problemas a sua colméia, se ela estiver muito próxima do local original. Para usar esse método, um cavalete móvel é muito útil.
 
Uma outra solução recomendada por alguns é garantir a ventilação da colméia com uma tela, e fechar completamente o alvado com palha ou serragem molhada, para que as abelhas percebam a mudança. Infelizmente, tão freqüente quanto a recomendação dessa técnica são os relatos do seu insucesso.
 
Quando a colméia a ser movida para um local próximo tiver sido ocupada recentemente por um enxame voador, haverá dois momentos bons para movê-la diretamente para o local definitivo – na primeira noite e por volta do 30º dia (veja item 3.25).
7.2             O que fazer com as campeiras que voltam ao local de origem?
Quando não há alternativa para a movimentação curta de uma colméia, pode-se tentar um reaproveitamento das campeiras perdidas. Para isso, é preciso recolhê-las em um núcleo durante o dia e sacudi-las à tardinha na colméia deslocada. Há relatos de apicultores que repetiram esse procedimento por poucos dias, e as campeiras não retornaram mais ao local original.
7.3             A partir de que distância as abelhas não voltam mais ao local original?
Considerando-se a distância de vôo útil de 1,5 km, o transporte da colméia para além de 3 km não deve produzir um retorno significativo de campeiras.
7.4             Como se movimenta uma colméia para um lugar distante?
Distâncias grandes, que requerem o uso de um veículo, exigem a fixação das partes móveis da colméia e uma boa ventilação para as abelhas. A fixação pode ser feita com sarrafos e pregos ou grampos, de forma que nenhuma caixa, fundo ou tampa deslize sobre os demais. As melgueiras devem ser removidas, especialmente se tiverem mel, pois este pode vazar e afogar as abelhas. Para segurar somente a tampa, um elástico desses de prender carga em motocicleta (extensor) pode resolver.
 
A ventilação pode ser proporcionada por uma tela de alvado de escape invertido, se o tempo total for pequeno (2 a 4 horas, no máximo) e a temperatura não for muito alta, ou por uma tela plástica fixada no lugar da tampa. Eu prefiro montar a tela numa moldura e depois pregar a moldura na caixa. Apicultores de Santa Catarina, que trabalham com polinização de macieiras, relatam que o uso de escape invertido dispensa completamente a tela superior, desde que as caixas sejam alinhadas no sentido da carroceria do caminhão, isto é, com os alvados virados para a frente, de forma a melhorar a ventilação.
 
A colméia deve ser fechada para transporte no momento em que o mínimo de campeiras estiver fora. Isso pode se dar ao anoitecer ou mesmo durante o dia, com uso da tela de alvado com escape invertido, cerca de 1h30min após a sua colocação.
 
As colméias não podem ficar em ambiente quente demais. O vento, durante o deslocamento, também pode matar as crias e até as adultas. Quadros com muito mel podem se quebrar e causar o afogamento das abelhas. Muita vibração e quadros soltos podem causar o seu esmagamento. 
 
Como os movimentos horizontais mais bruscos e freqüentes ocorrem na direção do deslocamento, por acelerações e freadas, recomenda-se que as colméias sejam alinhas da mesma forma. Em outras palavras, o lado mais comprido das colméias deve ficar paralelo à lateral, com o alvado voltado para a frente ou para os fundos do veículo. Dessa forma, os favos dificilmente sofrerão o movimento de pêndulo, que pode ser fatal para muitas abelhas e para a rainha.
7.5             Como se faz a divisão de um enxame?
Há várias técnicas. A idéia básica é, a partir de uma colméia, formar duas ou três menores. Um critério possível é o do equilíbrio das colméias resultantes, que é obtido pela divisão aproximadamente justa das quantidades de cria, pólen e operárias. Os quadros são separados de acordo com o seu conteúdo e postos em outras caixas. As novas colméias são depois completadas com outros quadros, com lâmina de cera, favos vazios ou favos com cria, mel ou pólen de outras colméias. Os seus alvados devem ser diminuídos ao máximo.
 
Se uma das colméias for movida para um local próximo, ela deverá ficar com o mínimo de mel possível, dando preferência ao que estiver operculado. Isso vai diminuir a possibilidade de saque pelas ex-companheiras. Após alguns dias, essa colméia (e a outra também, se necessário) deve receber alimentação, em alimentador interno ou externo de consumo rápido. Para dificultar a pilhagem, o xarope deve ser fornecido à noite e em pequenas quantidades. Alimentação protéica também é muito importante nessa fase.
7.6             O que fazer com a rainha numa divisão?
Uma prática recomendável é capturar a rainha antes de se proceder à divisão, tanto para protegê-la quanto para reintroduzi-la numa colméia certa. Quando o enxame é muito grande e a identificação da rainha é muito difícil, pode-se usar o seguinte método para dividir uma colméia em duas:
 
1.      Se houver melgueiras, deve-se removê-las, cuidando para que a rainha não esteja nelas. Deixá-las fechadas por enquanto;
2.      Tirar metade osquadros do ninho original e transportá-los, sem abelhas, para o novo ninho;
3.      Completar os dois ninhos com novos quadros;
4.      Pôr uma tela excluidora sobre o ninho original e o ninho novo sobre a tela excluidora;
5.      Fechar a colméia e aguardar algum tempo (30 minutos).
6.      Remover o ninho superior e formar com ele a nova colméia (está será a colméia sem rainha).
7.      Redistribuir as melgueiras e mover a nova colméia ao seu local de destino. Cuidado neste ponto: o enxame movido pode tornar-se alvo de pilhagem severa, com as abelhas tentando levar o seu mel de volta ao local de origem. Uma saída possível é manter as duas colméias lado a lado, de forma que as campeiras confundam os alvados.
 
Na nova colméia, o apicultor pode introduzir uma rainha nova, ou deixá-la com cria e provisões suficientes para que possa produzir a sua. Caso ele opte pela produção natural de rainha, e se a separação das duas colméias resultantes for pequena, a colméia órfã provavelmente ficará melhor no local original, abastecida por todas as campeiras. A colméia com a rainha antiga perderá as campeiras, mas terá capacidade quase imediata de reposição.
7.7             O que fazer se houver saque entre as colméias?
Este problema é especialmente grave no final das safras, quando as populações estão fortes, mas não há mais néctar para colher. Nesse caso, um simples manejo mais demorado pode levar todas as colméias a entrarem em conflito. Isso ocorre porque abelhas de todas as colméias descobrem as provisões da colméia vítima e avisam as suas parceiras. No entanto, como a comunicação das abelhas não é muito precisa, as colegas tentam recolher qualquer possível fonte de mel nas imediações, o que inclui as colméias que não haviam sido abertas. Como resultado, têm-se todas as colméias tentando saquear quase todas as demais. Eventualmente, as mais fracas acabam sucumbindo.
 
Uma vez iniciado o saque, pará-lo é muito difícil. Quando o enxame é pequeno e suas provisões são grandes (pode acontecer com colméias sem rainha há bastante tempo), a destruição do enxame é quase certa. Fechar a colméia imediatamente e carregá-la para mais de 3 km pode ser a única saída.
 
Temporariamente, a pilhagem pode ser interrompida com o uso de escapes invertidos em todas as demais colméias do apiário, mas essa é uma solução emergencial, apenas para dar tempo ao apicultor realizar outros procedimentos. Quando os escapes forem retirados, se tudo permanecer como antes, o saque recomeçará.
 
Uma tentativa que pode funcionar para enxames médios ou grandes que estejam sob ataque é a fumegação pesada. O apicultor deve postar-se ao lado da colméia e fumegar abundantemente a região frontal ao alvado, sem deixar a fumaça entrar na colméia. Isso deve ser feito por vários minutos, sempre tentando repelir as saqueadoras, até que o movimento diminua bastante. Depois disso, muitas vezes o enxame agredido consegue se reorganizar e acabar com a pilhagem.
 
O melhor é sempre evitar a pilhagem, reduzindo o tempo de manejo ao máximo nas entressafras. Quando isso não for possível (no caso de troca de rainhas, por exemplo), podem-se colocar escapes invertidos em todas as colméias, aguardar algum tempo e só depois iniciar o manejo, tornando a colocar os escapes nas caixas já manipuladas e só retirando todos ao final do procedimento.
 
Um dispositivo freqüentemente recomendado na literatura é a tela anti-pilhagem, que é colocada à frente do alvado para enganar as abelhas saqueadoras. A entrada é por cima da tela, mas só as moradoras locais, já acostumadas, se dão conta. As saqueadoras tentem por algum tempo e depois desistem. Eu não tenho experiência com o uso desta tela e nunca consegui encontrar algum apicultor que a usasse e tivesse alguma opinião a respeito.
7.8             Para que serve uma união de enxames? [3]
Enxames são unidos, principalmente em duas ocasiões: por necessidade, quando um deles está fraco demais ou perdeu a rainha (e a chance de produzir uma nova), ou para aumento de produção.
 
Pelo menos em tese, um enxame grande deve produzir mais do que dois médios. A razão disso é que cada colméia requer um determinado número de operárias para trabalhos internos, que não varia muito com o aumento da população. Numa união, é como se todas as operárias ocupadas com o trabalho interno de uma das colméias fosse liberada para a coleta. É uma quantidade muito significativa: numa colméia de 15.000 a 30.000 abelhas, entre 60 e 80% da população (11 a 18 mil indivíduos) cuida dos trabalhos internos. Numa colméia de 60.000 abelhas essa quantidade se mantém, mas se torna muito menos significativa percentualmente (20 a 30%) [AMB92].
7.9             Então é melhor unir o máximo possível de enxames?
Em tese sim, mas é preciso tomar alguns cuidados. Uma união que resulte num enxame grande demais pode acarretar dois problemas: dificuldade de manejo para o apicultor e aumento do risco de enxameação (pela desagregação for falta de feromônio de rainha em quantidade suficiente). Na prática, talvez o melhor seja unir cada 3 ou 4 enxames pequenos, e cada 2 médios.
7.10       Qual é o melhor momento para fazer-se a união? [3]
Em caso de necessidade, a qualquer momento. Para aumento da produção, o melhor é no início de uma grande florada.
 
Uniões durante a entressafra só devem ser feitas para salvar algum enxame sem rainha ou pequeno demais. Os enxames muito pequenos às vezes demoram demais a se desenvolver, mesmo quando bem alimentados. Provavelmente, a pequena quantidade de operárias seja um fator limitante para o cuidado e o aquecimento da cria, impedindo uma postura abundante da rainha, ou inviabilizando o seu desenvolvimento. Isso acontece muitas vezes com enxames resultantes de divisões de outros; no entanto, enxames capturados (de enxameações naturais) muitas vezes não apresentam a mesma dificuldade de desenvolvimento, mesmo quando pequenos. É possível que essa diferença seja explicável pelo fato de que as enxameações naturais priorizam o abandono das abelhas mais jovens e, portanto, mais aptas a cuidar das crias. 
 
Fora essas duas situações (enxames muito pequenos ou sem rainha), não há nenhuma vantagem em se fazer uniões na entressafra. Ao contrário, quanto mais enxames houver, maior será o número de rainhas no apiário e maior será a quantidade de cria disponível no início da próxima safra. Só então, quando a postura de todas as rainhas tiver sido estimulada com alimentação energética e protéica, e houver bastante néctar disponível, podem-se unir todos os enxames pequenos e médios e preservar os que conseguiram crescer o suficiente para garantir uma boa colheita.
7.11       Como unir os enxames sem diminuir o número de colméias?
Durante o período de safra, um apiário menor e mais produtivo é mais vantajoso sob os aspectos de rendimento e mão-de-obra empregada. No entanto, é importante que o apicultor consiga repor pelo menos o mesmo número de enxames que foram subtraídos do apiário pelas uniões. Para isso, há duas alternativas.
 
Primeiro, a divisão ao final da safra. Todas as colméias fortes podem ser divididas, de forma a manter a lotação original do apiário. Nesse momento, podem ser adquiridas boas rainhas para os novos enxames. No entanto, é preciso ficar atento para o fato que no final da safra, freqüentemente é difícil encontrar rainhas à venda, especialmente se na sua região a safra é um pouco atrasada em relação às demais. Por outro lado, divisões de enxames que não sejam muito grandes podem resultar em frustração. Isso ocorrerá se os enxames resultantes forem muito pequenos, de modo que possam abandonar a colméia ou demorarem demais a se recuperar, mesmo sendo alimentados abundantemente,
 
Outra forma, na minha opinião muito melhor, é compensar as perdas das uniões com capturas de enxames, instalados na natureza ou com caixas-isca. Isso é preferível porque, ao mesmo tempo em que preserva a força de todos os seus enxames, ainda remove enxames da natureza que posteriormente fariam concorrência aos seus. Além disso,

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